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A Dimensão Biográfica como Processo de Formação e de Compreensão de Si e do Mundo | Educar em Revista | 2021
Detalhe de capa de Einstein- uma biografia, de Jürgen Neffe
Narrar a experiência supõe agenciar temporalmente a experiência, encontrar as palavras para dizer e configurar os momentos e períodos de vida em uma história. Assim, para que os processos de compreensão e de formação de si possam emergir, a experiência deve se tornar dizível e, posteriormente, formar uma unidade histórica que pareça verdadeira e completa do ponto de vista do narrador. Essa passagem da experiência à linguagem, das palavras aos textos, do discurso à narrativa supõe que o narrador se volte para sua experiência, agencie-a temporalmente e configure-a logicamente a fim de que uma coerência surja pelo trabalho de escrita de si. O processo pelo qual a experiência emerge do trabalho no e para o texto se acompanha de um movimento: o de uma dinâmica, a da compreensão, que se inicia pela disposição, em escala individual, do vivido em uma narrativa e se desdobra quando as narrativas biográficas acessam a comunidade.
O exame dos processos pelos quais o narrador, configurando sua experiência no momento de dispor os elementos em uma narrativa, produz fenômenos de compreensão em escala individual e coletiva constitui o eixo principal deste dossiê. Como mostrou Baudouin (2010) a partir da noção de “prova autobiográfica” [épreuve autobiographique], as narrativas autobiográficas, biográficas, de vida correspondem a um gênero de textos cuja força provém da expressividade inerente à experiência vivida, que encontra espaço para ser dita no decorrer da escrita de si. Essa dimensão foi caracterizada exemplarmente por Bakhtin (1984) na obra “Estética da criação verbal”. A narrativa de si é, com efeito, regida por uma força, a do “querer dizer”, que deve, para acontecer, compor com as estruturas da linguagem e as leis de composição da narrativa. Leia Mais
Beatriz Ana Loner: mundos do trabalho e pós-abolição | Mundos do Trabalho | 2019
A análise das associações negras mereceu um estudo à parte. Isso porque, em razão do forte preconceito e discriminação que enfrentavam na sociedade, os negros foram obrigados a desenvolver uma rede associativa completa e diferenciada das demais. Eles formaram desde entidades recreativas até entidades de classe, para organizarem-se na luta pelos seus direitos como trabalhadores e de resistência contra o preconceito e a dominação branca. Nesse processo, provaram possuir um alto grau de criatividade e determinação que a simples enunciação de suas entidades deixa entrever.1
Embora o fragmento disposto acima evoque uma epígrafe, damos início à apresentação explicitando que ele é bem mais que isso. Aquilo que entendemos como a síntese da unidade entre o campo de estudos dos Mundos do Trabalho e aquele que viria a se constituir como campo de estudos sobre as Emancipações e o Pós- -Abolição, foi escrito pela pesquisadora e professora que dá nome ao dossiê, Beatriz Ana Loner. O excerto foi retirado de seu livro, “Construção de Classe: operários de Pelotas e Rio Grande, 1888-1930”, de 2001, com segunda edição em 2016. O livro é oriundo de sua tese de doutorado, defendida em 1999, junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Leia Mais
“As gentes no Atlântico”: biografias e histórias conectadas (séculos XVII a XIX) / Revista de História da UEG / 2018
Lançada em 2013, a coletêna The Sea: Thalassography and Historiography (2013), organizada por Peter Miller, numa perspectiva ampla e metodológica, tenta compreender exatamente o desafio que lançamos aqui para os autores deste dossiê da Revista de História da UEG, a qual agradecemos a equipe de editores: em que medida os mares e oceanos podem ser tomados como espaço de questionamento historiográfico e mesmo da definição de novos conceitos. Com um posfácio de Sanjay Subrahmanyan, autor de Explorations in Connected History (2011), a coletânea não somente apresenta um conjunto de artigos com estudos de caso sobre o tema como sugere o conceito de thalassography, como um campo de estudos dentro da área.
Subrahmanyan também é autor do ensaio Connected Histories: Notes towards a Reconfiguration of Early Modern Eurasia (1997), que lançou uma profunda discussão no sentido das limitações impostas por uma história nacional, encapsulada. Sugere em uma ampla e reconhecida obra, dentre outras coisas, uma maior atenção a esses fios que conectam o globo apresentando, também, ensaios de biografias de sujeitos envolvidos no processo de expansão e exploração do império português na Asia.
Essas pesquisas também podem ser inscritas no que se configurou chamar história do Atlântico. Indiscutivelmente, nas últimas três décadas, esse campo de reflexão vem desenhando um importante espaço de trabalho, não somente na História, mas nas demais ciências sociais e seus domínios; o crescente número de programas de pós-graduação, no Brasil e no exterior, que incorporam o termo às suas propostas de trabalho e pesquisa é destacável. Distante de leituras que privilegiavam centros e periferias como centros únicos de poder, leituras globais, conectadas, que tomam o Atlântico, o Índico ou o Báltico como centro de dinâmicas individuais e coletivas têm-se popularizado entre investigadores de todos os tempos históricos, tendo em vista relações transnacionais, transimperiais e multiculturais.
A perspectiva aqui lançada, no entanto, vale-se de experiências pessoais, coletivas e institucionais no sentido de compreender, no curto tempo de uma vida, como trajetórias de personagens pouco conhecidos podem e devem ser objetos de estudos dentro de um espaço geográfico e social tão amplo e múltiplo como o Atlântico. Essas “vidas atlânticas”, que Mark Meuwese (2014) descreve como profundamente envolvidas e marcadas pelo desenvolver de um capitalismo mercante a partir do Seiscentos, não podem ser restringidas a figuras da alta burocracia, exploradores ou mercadores. Um dos resultados desses de questionamentos de Meuwese pode ser consultado na coletânea Atlantic Biographies: Individuals and Peoples in the Atlantic World, editado por ele e por Jeffrey A. Fortin (2014) que nos serve aqui de inspiração e contraponto.
Os cinco artigos que aqui apresentamos à comunidade académica leitora da Revista de História da UEG, cujos autores agradecemos pelo desafio aceito, se aproximam não somente no vocabulário empregado – conexões atlânticas, atlântico sul, movimentações pelo atlântico, bordas e fios pelo espaço desuniforme de um oceano. Esta entidade, geográfica por natureza, mas social nas suas produções de sentido, não é compreendida nos estudos aqui publicados como espaço vazio ou apenas como um obstáculo aos objetivos dos sujeitos ou grupos estudados: o Atlântico é, antes de tudo, um passivo cercado, senão imerso, em dinâmicas; estas são resultado da confluência entre o que se pensou sobre ele e das experiências (literárias, políticas, religiosas) registradas nas tentativas de sua exploração e domínio. A este respeito, a título de exemplo, o trabalho biográfico sobre Matthew Fontaine Maury (1806-1873) assinado por Chester G. Hearn (2002), questiona não somente as movimentações e estudos do americano no Oitocentos no sentido de mapeamento das correntes marítimas e de ventos, mas dos usos desses conhecimentos para a constituição de circuitos de circulação mais rápidos e com menos perdas de embarcações e pessoas, aspecto constantemente ignorado em estudos sobre o Atlântico.
Essas e outras experiências são apresentadas aqui pelos autores por meio de estudos biográficos. Estes são, portanto, uma dimensão capaz de superar as ilusões e os problemas inerentes ao campo de trabalho, seja pela relação entre estruturas e agentes ou pelo cuidado em evitar a supervalorização de trajetórias e biografias, em amplas dimensões comparativas e que estabeleçam conexões.
Nesse sentido, os artigos presentes neste dossiê estão organizados com uma preocupação propriamente cronológica, não por uma sequência temporal, mas pelas próximidades dos contextos históricos dos seu objetos de análises. Helidacy M. M. Corrêa apresenta no estudo Gaspar de Sousa e o Maranhão “Ibérico”: Impactos da política filipina no norte do Brasil uma espécie de ponto de partida oportuno para este número especial. Ao se perguntar sobre os impactos das políticas filipinas no processo de conquista e ocupação no norte do Brasil, tema que há décadas vem produzindo importantes obras nas historiografias brasileira e portuguesa, onde o contexto do Maranhão “Ibérico”, conforme destaca a autora, tem pouca visibilidade.
Ainda dentro deste cenário do Maranhão colonial, o artigo intitulado Conexões Atlânticas: famílias de cristãos-novos no Maranhão colonial e suas redes de sociabilidades, escrito por Eloy Barbosa de Abreu, analisa, pelo viéis biográfico, a formação de redes sociais entre indivíduos comestigma de cristão-novo, a partir da imigração de casais oriundos de Portugal. A suposta condição de cristão-novo de Gregório de Andrade da Fonseca fez dele um indivíduo forjado pela sociedade que lhe foi contemporânea.
No estudo Ignacio António da Silva Lisboa: um português entre Lisboa e São Luís nas primeiras décadas do Oitocentos, desenvolvido por Marcelo Cheche Galves, o sujeito aqui é investigado pelos rastros que deixou pela documentação preservada e demonstra como o personagem se movimentava entre as tensões geradas por polos políticos divergentes em lados oposto do Atlântico.
Do mesmo modo, Luisa M. S. Cutrim em Negócios além-mar: a Casa comercial de António José Meirelles nas bordas do Atlântico (c. 1820 – c. 1840), vai de um personagem pouco conhecido apresentado no texto anterior, ignorado pela historiografia até o momento, para um negociante de grande trato. António José Meirelles, como o estudo apresenta, tinha sobre si um variado leque de fios que conectavam esse oceano e seus pontos de contato.
O dossiê é finalizado por Romário Sampaio Basílio com o artigo A Castro e a morte da memória: Joaquim José Sabino, poeta e burocrata em circulação pelo Atlântico (c. 1790 – c. 1840). Da burocracia cotidiana aos usos de versos e memórias, o sujeito biografado circulou pelo Atlântico em busca de reconhecimento e cargos, tendo chegado as mais altas instâncias administrativas.
Finalizamos esta apresentação ressaltando que todos os escritos expressos neste dossiê convergem para um ponto: a análise de trajetórias de sujeitos dentro de um cenário Atlântico, a partir de questões gerais sobre temáticas diversas. Portanto, para além do estilo biográfico indiciados nos textos apresentados, há a preocupação em contriubuir com o estado da arte dos estudos sobre o Mundo Atlântico.
Eloy Barbosa de Abreu – Doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); docente da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). E-mail: eloyabreuclio@gmail.com
Romário Sampaio Basílio Doutorando em Estudos sobre a Globalização pela Universidade Nova de Lisboa (NOVA). E-mail: rsb@campus.fcsh.unl.pt
ABREU, Eloy Barbosa de; BASÍLIO, Romário Sampaio. Editorial. Revista de História da UEG, Morrinhos – GO, v.7, n.2, jul / dez, 2018. Acessar publicação original [DR]
História e linguagens: biografia – ficção – teoria da história / Revista de Teoria da História / 2018
Desde que Hans Robert Jauss, em sua conferência O que é e com que fim se estuda história da literatura? (1967), lançou o desafio de pensar a contribuição da literatura para a construção das percepções do mundo social, inúmeros esforços têm sido feitos por pesquisadores comprometidos em superar “o abismo entre literatura e história, entre o conhecimento estético e o histórico”. Os debates e reflexões acadêmicas em torno das relações entre História e Linguagens, em especial a partir de um eixo teórico em diálogo incessante com a Teoria da História, tem se expandido de modo significativo nas últimas décadas, reorientando os olhares da produção historiográfica recente às articulações entre expressões estético-culturais e a experiência temporal. Muitas das questões levantadas concernem, de um lado, às marcas da historicidade inerente às linguagens, ao exemplo da ficção, da autoficção ou da (auto)biografia, e, de outro, às contribuições das linguagens literárias para pensar os elementos constitutivos do fazer historiográfico: suas escritas, seus lugares, suas práticas. Estas e outras indagações norteiam as linhas centrais deste dossiê. Nele, reúnem-se pesquisadores e pesquisadoras de diversas áreas das humanidades, em especial da História e da Crítica Literária, interessados em dialogar com o referencial de pensamento proposto abaixo; com o fito de ampliar os domínios teóricos no interior da instabilidade que tem se formado na dimensão interdisciplinar dos estudos. Leia Mais
Biografia e História do Trabalho | Mundos do Trabalho I |2016
Organizadores
Benito Bisso Schmidt
Aldrin Castellucci
Referências desta apresentação
SCHMIDT, Benito Bisso; CASTELLUCCI Aldrin. A título de apresentação: biografia e história do trabalho. Mundos do Trabalho. Florianópolis, v. 8, n. 15, p. 5-8, jan./jun. 2016. Acesso apenas pelo link original [DR]
Biografia e História do Trabalho II | Mundos do Trabalho | 2016
Organizadores
Benito Bisso Schmidt
Aldrin Castellucci
Referências desta apresentação
A título de apresentação: biografia e história do trabalho. Mundos do Trabalho. Florianópolis, v. 8, n. 16, p. 5-7, jul./dez. 2016. Acesso apenas pelo link original [DR]
Biografia e Indivíduos na História | Ars Historica | 2015
Biografias, Memórias e Trajetórias / História (Unesp) / 2014
O presente fascículo da revista História (São Paulo) é iniciado pelo dossiê Biografias, Memórias e Trajetórias, organizado pelo professor Wilton Carlos Lima da Silva, do Departamento de História da Unesp / Assis. Esse dossiê é composto por autores do Brasil e de Portugal interessados no estudo dos condicionamentos políticos e culturais que incidem na construção dos relatos biográficos, na busca por fontes inovadoras para a pesquisa biográfica, assim como na reflexão do ofício do historiador dedicado à biografia.
Iara Lis Schiavinatto analisa o papel desempenhado pela imagem na consagração pública dos governantes luso-brasileiros, especialmente os participantes das Cortes Constituintes de 1820, a partir do exame de coleções de retratos confeccionados para fixar a memória oficial. A pintura também é tema do texto de Cristina Meneghello, a qual se debruça sobre a obra do pintor paranaense Eugenio de Proença Sigaud, com o propósito de reavaliar o legado de Sigaud pela confrontação da tradicional crítica artística com novos elementos aportados pela pesquisa histórica. A questão do exílio português é o centro dos dois textos seguintes. Heloísa Paulo discute as dificuldades e armadilhas metodológicas envolvidas na pesquisa biográfica dos exilados portugueses durante o Salazarismo e aponta para a necessidade de superar os relatos lineares e as memórias estabelecidas. Em seguida, Luiz Nuno Rodrigues analisa o exílio do general Antonio de Spinola, primeiro presidente da República de Portugal após a Revolução dos Cravos, que se refugiou no Brasil depois de se demitir do cargo e tentar voltar ao poder por meio de um frustrado golpe de Estado. Portugal ainda comparece em outro texto, de Elsa Lechner, dedicado a relatar a pesquisa biográfica de imigrantes que vivem atualmente nesse país e a refletir sobre as potencialidades e limites deste tipo de investigação. Quanto à Argentina, país prolífico na construção de mitos históricos, tem dois destes, dos mais proeminentes – Eva Perón e Ernesto Che Guevara – , examinados por Cecília López Badano, a qual procura compreender como a ficcionalização das suas biografias reconfigurou a percepção social, transformando-os em heróis martirizados. O dossiê é finalizado pela estimulante reflexão de Benito Bisso Schmidt a respeito das implicações éticas do trabalho do historiador biógrafo.
A seção de artigos livres traz duas contribuições relativas à história da administração da monarquia portuguesa. Armando Norte examina a formação do estamento burocrático nos séculos iniciais do Reino de Portugal, ao passo que Francismar Lopes de Carvalho se detém nas tensas relações dos funcionários e colonos da capitania de Mato Grosso com a Coroa portuguesa. Os setores populares são tematizados sob duas diferentes perspectivas. Beatriz Ana Loner estuda como a primeira extração da Loteria do Ipiranga, em 1880, incidiu sobre a vida de um conjunto de escravos e trabalhadores livres rio-grandenses. Por sua vez, Luis Reznik e Rui Aniceto Fernandes examinam as instituições que recebiam os imigrantes nas Américas, dedicando especial atenção ao Rio de Janeiro, em fins do século XIX. O Chile merece a atenção de dois autores. Manuel Loyola focaliza a chamada Buena Prensa, uma iniciativa do Vaticano para modernizar a imprensa católica no mundo, e analisa os seus desdobramentos na sociedade chilena. Por sua vez, Carlos Dominguez Ávila propõem uma original interpretação da repercussão internacional do golpe contra o governo de Salvador Allende, com base na documentação diplomática do Ministério de Relações Exteriores do Brasil. A seção é encerrada pelo artigo de Carimo Mohomed, dedicado a explorar o complexo papel desempenhado pelas correntes islâmicas na formação do estado paquistanês.
Este número é completado por uma resenha de livro a respeito da Espanha visigótica e por uma tradução de artigo do historiador espanhol Jaume Aurell, o qual dialoga com a temática do dossiê, em sua reflexão, a respeito das autobiografias elaboradas pelos historiadores.
Agradecemos pelo apoio do CNPq, da Pró-Reitoria de Pesquisa e dos Programas de Pós-Graduação em História da UNESP, que viabilizaram a tradução dos artigos e as diversas fases da editoração deste número.
José Luis Bendicho Beired
Jean Marcel Carvalho França
Editores
BEIRED, José Luis Bendicho; FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Apresentação. História (São Paulo), Franca, v.33, n.1, 2014. Acessar publicação original [DR]
História e biografia / História Social / 2013
O que significa uma existência? O que supõe o ato de narrar uma vida descrevendo seus contornos, iluminando aspectos que, em um primeiro-olhar, poderiam parecer desinteressantes e fornecendo sentido ao que parece se esvair com o tempo? Tais questões receberam distints respostas ao longo do tempo, ligadas a modalidades escriturárias diversas e a diferentes regimes de verdade e historicidade. (HARTOG, 2003). Como em outros momentos, nosso gosto pela biografia ancora-se num extenso leque de interesses pelo “outro”, por suas experiências de vida, sua exemplaridade, curiosidade essa não isenta de voyeurismo. O vivo interesse por trabalhos biográficos – refletindo-se numa pluralidade de públicos, leitores e audiência – talvez exceda a simples lógica de mercado ou os apelos que sempre parecem exercer os personagens notáveis. A multiplicação de relatos autobiográficos, entrevistas, perfis e escritas de vidas de personagens ilustres ou não pode ser indicativa de uma “tonalidade particular da subjetividade contemporânea” (ARFUCH, 2010). O mercado editorial de obras biográficas atesta a vitalidade do gênero em nossos dias.
Entretanto, podem nos causar alguma estranheza as reivindicações de um retorno da biografia, pois ela nunca deixou de ter o seu lugar entre um público leitor ávido por conhecer os caminhos e descaminhos de trajetórias singulares. Ainda que adicionemos o adjetivo histórica a essa escrita biográfica que parece retornar triunfante, poderíamos chegar à curiosa indagação: existe algo como uma biografia não histórica, ou seja, há a possibilidade de narrar uma vida abstraindo-se de alguma modalidade de ordenamento cronológico que nos situe, ainda que perifericamente, no interior de um conjunto de experiências históricas?
O problema, desse modo, pode ser mais bem situado se pretendermos considerar as mudanças pelas quais as biografias escritas por historiadores têm passado ao longo dos últimos anos. A cisão da história e da biografia em regimes discursivos distintos operada pelos gregos foi um marco importante para os rumos futuros dos dois gêneros que, desde então, mantiveram relações de afastamento / aproximação, ao passo que os relatos de experiências individuais foram se tornando cada vez mais populares, sobretudo pela sua imersão na ideia de exempla. São bem conhecidas as palavras de Plutarco, quando, no prefácio de “Vidas de Alexandre”, parte de sua conhecida obra Vidas Paralelas, afirma que “não escrevemos histórias, mas vidas”. Ao contrário dos historiadores, não era dever dos biógrafos a exatidão documental, a clareza do detalhe ou a precisão empírica. Sua escritura dever-se-ia concentrar na produção de narrativas exemplares – ainda que desafiando as evidências – que pudessem instruir os homens do presente. Ao longo do período medieval, a biografia como repositório de virtudes pedagógicas não perdeu sua função, e os relatos hagiográficos, nos lembra François Dosse, inscreviam-se em um discurso distante daquilo que se esperava do historiador, ou seja, do pacto de verdade instaurado pela obra de história. As vidas dos santos, portanto, deveriam edificar o leitor e não revelar a veracidade do passado. (DOSSE, 2009, pp. 137-138).
A constituição da história como um campo cientifico não trouxe bons ventos ao gênero biográfico, ainda que diversos tenham sido os autores que se dedicaram a perscrutar a dimensão individual do conhecimento histórico. (LORIGA, 2011). Vemos em Carlyle o lamento de que, no século XIX, a experiência heroica tenha sido vista com reservas pelos intelectuais daquele tempo. “Nossa época”, afirmava, “parece negar a existência dos grandes homens e negar até mesmo que sua existência seja desejável”. Talvez Carlyle estivesse se referindo ao tipo de pensamento professado por Buckley que, sem grandes temores, afirmava que os homens não deveriam deixar a escrita da história a cargo de “biógrafos, genealogistas, contadores de anedotas, cronistas de corte, esses bons divulgadores de mundanidades”. De modo oposto, os experimentos literários do romance moderno já promoviam os questionamentos sobre a identidade do sujeito que marcariam a new biography do final do século XIX e início do século XX. (LEVI In: AMADO; FERREIRA, 1996) Sob um ponto de vista mais estritamente historiográfico, contudo, os avanços da disciplinarização não tiveram “na biografia um dos seus eixos principais, preferindo investir em entidades despersonalizadas e / ou coletivas ao indicar os sujeitos e formular os nexos causais de suas narrativas: a nação, o Estado, a civilização, o povo, o meio geográfico, a raça” (SCHMIDT In: CARDOSO; VAINFAS, 2012, p. 191). A pouca relevância da biografia histórica resistiria mesmo aos ataques mais virulentos dos Annales contra a historiografia do século XIX. (GUIMARÃES In: SOUZA, 2008).
Crise e retorno são palavras que, não raramente, aparecem associadas ao debate recente sobre as transformações ocorridas no campo da historiografia nas últimas quatro ou cinco décadas. Viveríamos uma crise dos grandes modelos de explicação histórica, com o descrédito do marxismo, dos Annales e dos estruturalismos de diversos tipos, cada vez menos capazes de darem respostas à diversificação das perguntas feitas pelos historiadores contemporâneos. (CHARTIER, 1994). Por outro lado, assistiríamos à proliferação de abordagens de escala reduzida com maior apelo às ações humanas e às estratégias de grupos ou indivíduos em meio a sistemas norma” vos mais ou menos totalizantes. A biografia situar-se-ia na confluência desses dois movimentos: ela seria um dos sinais mais evidentes da desconfiança dos pra” cantes do campo historiográfico a respeito da vitalidade dos grandes esquemas interpreta” vos fundados na longa duração e, simultaneamente, atestaria a emergência de uma nova conjuntura intelectual definida pela crescente presença de uma guinada subjetiva (SARLO, 2005), fomentadora de uma miríade de gêneros discursivos caracterizados pela presença proeminente da primeira pessoa.
A importância e vitalidade do gênero biográfico tornaram-se uma evidência nas últimas décadas, e certamente a questão colocada por Revel (2010) a respeito da possibilidade de a biografia se tornar um problema historiográfico deverá ser respondida de modo afirmativo. Poucos historiadores, hoje, parecem reiterar as posições de Knecht, para quem os parâmetros da biografia são evidentes e, portanto, é inútil imaginar uma intriga ou estrutura narrativa biográfica. (KNETCH, 2000, pp. 172-173). Para além das recorrentes aporias que opõem indivíduo / meio e ação / contingência, podemos nos indagar a respeito dos sentidos de enfrentar a perenidade da experiência humana delimitada no espaço de uma vida. Recuperar do passado os traços, mais ou menos visíveis, de uma existência requer do historiador o exame de um amplo conjunto de evidências. Os desafios lançados pelas fontes reveladoras dos enigmas de um indivíduo são o tema das importantes reflexões de Ana Carolina Maciel. A interface entre a finitude da vida e a manutenção – historicamente constituída – dos seus vestígios materiais forma o cerne das indagações do texto que, de forma sintética, poderiam ser articuladas a uma pergunta, enunciada pela própria autora: seriam as “ilusões de eternidade” que determinam a preservação da vida individual por meio de seus objetos?
A preservação dos objetos de alguém que se foi passa a constituir uma espécie de biografia material que pretende, ao contrário da existência humana, conservar-se indefinidamente, alimentando a ilusão de resistência ao tempo e adquirindo uma trajetória particular. A cultura material deve, deste modo, fornecer o atestado da prova da presença dos indivíduos, a evidência da trajetória de homens e mulheres do passado. Lembra-nos Maciel, entretanto, que, paradoxalmente, esses vestígios remetem à obsolescência, e o que se coloca em jogo é a possibilidade de o historiador extrapolar os limites do papel e da pena sem que, com isso, as histórias dos seus personagens se tornem menos fiáveis. Essas preocupações ganham forma na pesquisa de pós-doutoramento da autora, na qual determinados sujeitos testemunham não apenas sobre fatos de suas próprias vidas, mas também acerca de seu legado material. O conjunto de fontes reunidas, de documentais a audiovisuais, permite a construção de narrativas sobre o passado acolhido e preservado.
O percurso biográfico como possibilidade de acesso a contextos sociais ampliados em diferentes tempos e espaços é o fio condutor do texto de Katani Maria Nascimento Monteiro. O personagem enfocado, o político e professor Celeste Gobato, que fez carreira no estado do Rio Grande do Sul, permitiu à autora escapar de um dos usos mais comuns da biografia: aquele cujo valor do biografado está na possibilidade de sintetizar várias outras trajetórias, iluminando, desse modo, aspectos mais gerais da formação social. Para evidenciar o caráter não só individual como também social de uma vida, Katani Monteiro recorre à noção de rede de funções, de Norbert Elias, pela qual as ações humanas são relacionadas aos instrumentos de poder dentro de uma rede caracterizada pelo funcionamento de funções interdependentes, na qual as margens de intervenção individual são sempre limitadas pela própria rede, mas que podem ser muito variáveis em sua natureza e extensão.
Os espaços de atuação de Celeste Gobato, nas tribunas políticas e nas salas de aula, configuram determinadas redes de sociabilidade que foram importantes no acúmulo de “capital simbólico” por parte do personagem e que o levaram a ser indicado para a intendência da cidade de Caxias do Sul, em 1924, ainda que nunca lá ” vesse residido. A autora demonstra como o domínio de um saber específico – Gobato era conhecido agrônomo – significava a aquisição de uma consagração simbólica legitimadora de determinadas posições sociais em um processo no qual o personagem construía sua trajetória pública em meio às idiossincrasias e tensões dos campos pelos quais transitava. O recurso à obra de Bourdieu é passo indispensável na análise, pois fundamenta as incursões de Katani Monteiro pelo jogo dos “capitais” acumulados e reconvertidos por Gobato.
Em anos recentes, a produção biográfica alimentou-se do alargamento dos interesses de pesquisa dos historiadores, num diálogo que se estendeu por diversos campos do conhecimento. O caráter transversal do gênero biográfico é o objeto do artigo de Lilia Moritz Schwarcz. O tom quase confessional do texto é assumido pela revelação dos impasses com os quais a autora se deparou ao longo de suas pesquisas sobre personalidades tão controversas quanto distintas, como Lima Barreto, Pedro II ou o pintor Nicolas-Antoine Taunay. Em primeiro lugar, a velha tentação de produzir uma narrativa unificadora e contínua para a trajetória dos indivíduos estudados que, por muitas vezes, insistem em não se comportar como gostaríamos de imaginar. Em segundo, a tendência de selecionarmos indivíduos proeminentes ou de buscarmos “conferir evidências a sujeitos que em seu contexto possuíram pouco destaque”, transformando-os, deste modo, em figuras de proa. E, em terceiro lugar, na preocupação de defendermos nossas obras, lembra a autora, acabamos criando heróis, “paladinos em sua coerência”, ignorando, muitas vezes, as ambivalências tão caras aos nossos personagens e também a nós.
Esses impasses caracterizam todo empreendimento biográfico que, por excelência, constitui uma complexa relação entre o autor e seu personagem. Não raramente, a identificação do biógrafo com seu biografado assume contornos quase próximos de uma relação familiar. Esperamos de nossos sujeitos que eles se enquadrem em nossos modos de ver e sentir o mundo e, como quase sempre isso não ocorre, não ocultamos nossas decepções. Schwarcz não esconde suas angústias de pesquisadora no cotidiano de suas incursões biográficas, mas também oferece modelos para aqueles que decidem conviver com um determinado passado: “um personagem que passa, com o tempo, a se comportar como amigo (ou inimigo íntimo) ”. Tais modelos, inspirados em autores diversos como Bourdieu e Carl Schorske, por exemplo, não são esquemas interpreta” vos excludentes, mas que, em conjunto, podem ser úteis para o enfretamento dos impasses de uma modalidade de escrita biográfica que viu no voluntarismo individualista o seu foco central, sem desviar para um contextualismo mecânico e excessivo que explica qualquer ação humana e seus resultados.
O artigo de Regina Célia Lima Xavier vem ao encontro dessas preocupações com base no exame da trajetória de Mestre Tito, um escravo que, depois de liberto, tornou-se bastante conhecido em Campinas, no século XIX, por seus dotes de curandeiro. A questão premente é: o que a trajetória de um indivíduo comum, como o estudado por Xavier, poderia dizer sobre a história? O relato pormenorizado, e muitas vezes linear, de uma vida fora alvo de inúmeras desconfianças em função, em tese, da sua incapacidade de oferecer respostas para problemas historiográficos de mais longo alcance. Essa incerteza agravar-se-ia ainda mais no caso particular de Tito de Camargo, personagem sobre o qual a documentação disponível era bastante escassa e indireta. Seus passos foram sendo reconstruídos por meio dos papéis encontrados em acervos judiciários, em registros municipais, em notícias de jornal e em fontes da Igreja. O trabalho de investigação, deste modo, não poderia partir de uma “escrita de si” ou de alguma outra forma de narrativa essencializadora do personagem. Suas configurações identitárias comportavam significados múltiplos que foram sendo atribuídos e agregados à sua existência ao longo dos anos. O seu próprio nome já assinalava um processo complexo e delicado de construção de sua individualidade, distante da constância nominal sobre a qual se poderia suspeitar de algum indício de coerência ou organicidade.
As nominações atribuídas ao escravo sem pátria, Tito, Mestre Tito, Tito de Camargo Andrade, revelam elementos constitutivos de sua personalidade que são tecidos em distintos momentos de sua trajetória. Do escravo “sem nação” ao reconhecimento de suas habilidades de curandeiro, o personagem forjou a singularidade de suas experiências em meio aos limites e possibilidades advindos da relação com o seu tempo. Ao final, a individualidade de Tito, constituída de múltiplas formas, revela a possibilidade de uma reflexão historiográfica mais atenta ao entrelaçamento dos temas e não simplesmente à sua fragmentação ou ênfase monográfica. A operação narrativa aqui é modelada em função de uma relação dialógica e recíproca entre indivíduo e contexto, escapando tanto às abordagens que tentam compreender o sujeito nas distintas manifestações de sua performance singular quanto àquelas que concedem às formas sociais e culturais a capacidade de moldar as ações humanas.
Os textos integrantes do dossiê fornecem uma significativa variedade de abordagens e questões que, ademais, traduzem alguns dos problemas mais comuns encontrados no debate teórico recente sobre a biografia histórica, bem como nos estudos de corte biográfico realizados por historiadores ao longo das últimas décadas. Ao leitor resta, portanto, o convite para envolver-se nos dilemas e possibilidades de algo demasiadamente humano: a esperança de narrar e compreender o outro.
Referências
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CHARTIER, Roger. A história hoje: dúvidas, desafios, propostas. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, p. 100-113, 1994.
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GUIMARÃES, Manoel Salgado. Prefácio: a biografia como escrita da história. In: SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do monumento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
HARTOG, François. Régimes d´historicité: présentisme expériences du temps. Paris: Le Seuil, 2003.
KNECHT, Robert J. La biographie et l´historien. Cahiers de l´Association international des etudes françaises. Paris, n. 52, p. 169-181, 2000.
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REVEL, Jacques. A biografia como problema historiográfico. In: História e historiografia: exercícios críticos. Curitiba; Editora da UFPR, 2010.
SARLO, Beatriz. Tiempo pasado: cultura de la memória y giro subjetivo. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argen” na, 2005.
SCHMIDT, Benito Bisso. História e biografia. In: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS. Novos domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
Alexandre de Sá Avelar – Professor do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia.
AVELAR, Alexandre de Sá. Apresentação. História Social. Campinas, n.24, 2013. Acessar publicação original [DR]
História e biografia: aproximações, desafios e implicações teóricas no campo historiográfico / História da Historiografia / 2012
“A distinção entre biografia e história é tão antiga quanto a historiografia grega”. A frase sintetiza o estudo célebre em que Arnaldo Momigliano (1971) demonstra como tal diferenciação originária, ao contrário de interditar, possibilitou as relações de proximidade e / ou de distanciamento entre ambas. Na conformação da história e da biografia como gêneros discursivos, entre a Antiguidade clássica e a atualidade, tal distinção tornou-se uma de suas decorrências, carreando consigo debates e tensões acerca de suas idiossincrasias e interseções.
Se, por um lado, a biografia por vezes carregou o estigma – ou, quem sabe, a virtude – de se apresentar como uma narrativa híbrida ou “bastarda”, como ponderou Virgínia Woolf e outros que apostaram no valor cognitivo de narrativas vivenciais, no alvorecer do século XX; por outro, como sabemos, a história não perdurou como modalidade discursiva “pura” e inalterável, desde que começou a ser escrita entre os antigos. Leia Mais
História & Biografia | ArtCultura | 2011
Pode causar estranheza a um leitor menos familiarizado com os debates de Clio o fato de a biografia ter sido vista, por muito tempo e por muitos estudiosos, com declaradas reservas e mesmo com olhos implacavelmente censores. Tomando-se em conta a máxima de Marc Bloch de que a história não passa de uma “ciência dos homens no tempo”, narrar vidas deve soar quase como um truísmo. Haveria possibilidade de se escrever história abstraindo-se dos homens e de seus feitos?
Porém, é forçoso reconhecer que as várias querelas entre os historiadores a respeito da legitimidade da narrativa biográfica quase sempre ignoravam a aparente simplicidade da pergunta feita linhas acima. Chegava-se mesmo a cristalizar a idéia da pouca importância dos indivíduos no curso do processo histórico. Apenas os sujeitos coletivos eram capazes de agir sobre as estruturas e conjunturas. Aos homens e mulheres, tomados em suas singularidades, restavam os acontecimentos, estas “perturbações superficiais, espumas de ondas que a maré da história carrega em suas fortes espáduas”.1 Leia Mais
Sandra Jatahy Pesavento: a historiadora e suas interlocuções | Fênix – Revista de História e Estudos Culturais | 2009
Sandra Jatahy Pesavento foi uma mulher de desafios e inovadora. Inovadora no que pensou, no que fez, no que trouxe para o mundo da História neste espaço acadêmico do sul do país. E suas idéias atravessaram as fronteiras gaúchas, inspirando e ganhando interlocutores em vários circuitos acadêmicos nacionais e internacionais.
Em palestra proferida no Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, em outubro de 1997 (quando ela mesma organizou a I Jornada de História Cultural, trazendo o historiador François Hartog, da École des Hautes Études em Sciences Sociales de Paris), a historiadora lançou a “pedra fundamental” do que seria o mote de sua vida profissional daí em diante: os pressupostos da História Cultural. Ela relacionou sete desafios e três impasses referentes a este novo campo historiográfico. Um destes desafios é a reafirmação da dúvida, enquanto princípio de todo o conhecimento, o que abre espaço para a incerteza, o desafio. É a História e suas várias interpretações; a possibilidade de contá-la sem antecipar a conclusão, a História como versão do que se passou, relativizando o contexto científico da mesma. Para Sandra Pesavento, a História Cultural veio firmar-se em uma nova postura epistemológica e em uma nova estratégia metodológica, apontando para um caminho de complexificação da História e refinamento da análise. Leia Mais
Tempos de Vieira e de Machado | ArtCultura | 2008
Como Deus por natureza seja eterno, é excelência gloriosa, não tanto de sua sabedoria, quanto de sua eternidade, que todos os futuros lhe sejam presentes; o homem, filho do tempo, reparte com o mesmo a sua ciência ou a sua ignorância; do presente sabe pouco, do passado menos e do futuro nada.1
– Mas, dirás tu, como é que podes assim discernir a verdade daquele tempo, e exprimi-la depois de tantos anos?
Ah! Indiscreta! ah! ignorantona! Mas é isso mesmo que nos faz senhores da terra, é esse poder de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das nossas impressões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Leia Mais
Mulheres do Brasil: Beja, Carmen e Dolores | ArtCultura | 2005
Organizadora
Kátia Rodrigues Paranhos – Editora.
Referências desta apresentação
PARANHOS, Kátia Rodrigues. Apresentação. ArtCultura. Uberlândia, v.7, n. 10, jan./jun. 2005. Acesso apenas pelo link original [DR]
Biografia, biografias / Revista Brasileira de História / 1997
Conselho editorial. Apresentação. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.17, n.33, 1997. Acesso apenas pelo link original [DR]