Debates sobre História Moderna e as Américas Coloniais: os 20 anos do Antigo Regime dos Trópicos em Perspectiva | Ars Historica | 2022

… difícil sustentar, a partir do quadro descrito, a tradicional imagem de um Império centrado, dirigido e drenado unilateralmente pela metrópole.”1

Foi com grande satisfação que aceitei o convite para redigir a apresentação do dossiê “Debates sobre História Moderna e Américas coloniais” que se insere no conjunto de celebrações do 20º aniversário da publicação do livro “O Antigo Regime nos Trópicos. A dinâmica imperial portuguesa” 2 . Essa obra teve uma forte influência na minha formação acadêmica desde graduação e marcou gerações. Logo após a primeira leitura, percebi que os estudos desenvolvidos pelos autores da coletânea iriam contribuir para o desenvolvimento da minha pesquisa sobre o governo da justiça, que começava a ganhar os primeiros apontamentos pouco tempo depois do lançamento da primeira edição. Além disso, tive o privilégio de ser orientada por uma das organizadoras, a Professora Maria Fernanda Bicalho (Universidade Federal Fluminense), ao longo da minha trajetória acadêmica na pós-graduação.

O livro, muito inovador na ocasião, suscitou intensos debates nos anos seguintes e até hoje é revisitado em debates historiográficos sobre o período colonial. A obra coletiva revelou novas abordagens possíveis para as dinâmicas econômicas, políticas, culturais e religiosas no âmbito da América lusa, propôs alternativas para superar a dualidade metrópole e colônia presente em modelos explicativos até então dominantes e forjados a partir de análises macroestruturais. Entre os muitos méritos da obra, os ensaios foram elaborados com fontes depositadas em arquivos nacionais e internacionais e destacaram as conexões entre diferentes partes espalhadas pelo globo. Como destacou A. J. R. Russell-Wood, autor do prefácio, fazia parte do livro uma geração de brasileiros que concluíram seus doutorados desde 1989, que juntos reavaliam o Antigo Regime e como o Brasil e outras partes do império encontravam-se perpassados por suas práticas e mentalidades. Essas novas formas de entender o universo colonial deram particular atenção as negociações que marcaram as relações no âmbito do império português. Leia Mais

Regimes autoritários e totalitários em perspectiva histórica (séc. XIX, XX e XXI) | Ars Historica | 2021

1984 Regimes Autoritários
Detalhe de capa de 1984, de George Orwell | Cia das Letras, 2009

… porque o país se calava, não podia fazer outra coisa,

senão calar, e enquanto isso as pessoas morriam e a polícia

mandava e desmandava. Pereira começou a suar, porque

pensou novamente na morte. E pensou: esta cidade fede a

morte, a Europa toda fede a morte.

Antonio Tabucchi em Afirma Pereira

Regimes autoritários e totalitários. Parece que não conseguimos nos esquivar desses temas – alguns poderiam dizer que temos mesmo uma certa obsessão por eles. Mas não é de se espantar que esses temas, em suas variações nacionais ou transnacionais, tenham uma presença constante na historiografia.2 Afinal, se há algo que as pesquisas e os estudos sobre o tema demonstram é que a democracia só está segura enquanto o autoritarismo não se torna uma opção aceita por parte considerável da população. No momento em que posicionamentos autoritários são reconhecidos como soluções possíveis, ou que a nostalgia por tempos de repressão se torna um sentimento comum, é o momento em que os fantasmas do autoritarismo não estão mais nos rondando, mas já se encontram sentados à mesa, na sala de decisões, bebendo de nosso café. Daí a perene urgência de desenvolvermos esses estudos. Leia Mais

História e mundos do trabalho no Brasil: desenvolvimento, paradoxos e desafios | Ars Historica | 2019

“O século XX foi a era da classe trabalhadora”, lembrou recentemente o sociólogo sueco e professor da Universidade de Cambridge, Goran Therborn. Para ele, foi nesse período que, em escala global, “pela primeira vez, as pessoas que trabalham e que não têm propriedade tornaram-se uma força política fundamental”.1 Também foi assim no Brasil. Se os legados seculares da escravidão e os impactos das imensas assimetrias econômicas e exclusão política marcaram a “questão social”, também é possível dizer que os embates contra essas desigualdades foram decisivos para a construção de uma linguagem de classe e de valorização do mundo do trabalho que colocaria os setores populares no centro da arena política ao longo daquele século. Leia Mais

História do trabalho e dos trabalhadores: dimensões políticas, econômicas e sociais | Ars Historica | 2020

Organizadores

Millena Souza Farias

Mareana Barbosa Gonçalves Mathias da Silva

Referências desta apresentação

FARIAS, Millena Souza; SILVA, Mareana Barbosa Gonçalves Mathias da. Editorial. Ars Historica. Rio de Janeiro, v. 19, n.2, jan./jun. 2020. Sem acesso ao original [DR]

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História e mundos do trabalho no Brasil: desenvolvimento, paradoxos e desafios | Ars Historica | 2019

“O século XX foi a era da classe trabalhadora”, lembrou recentemente o sociólogo sueco e professor da Universidade de Cambridge, Goran Therborn. Para ele, foi nesse período que, em escala global, “pela primeira vez, as pessoas que trabalham e que não têm propriedade tornaram-se uma força política fundamental”.1 Também foi assim no Brasil. Se os legados seculares da escravidão e os impactos das imensas assimetrias econômicas e exclusão política marcaram a “questão social”, também é possível dizer que os embates contra essas desigualdades foram decisivos para a construção de uma linguagem de classe e de valorização do mundo do trabalho que colocaria os setores populares no centro da arena política ao longo daquele século.

É verdade que os sindicatos e as movimentações coletivas dos trabalhadores e das trabalhadoras têm sido, desde há muito, objeto de escrutínio e análise acadêmica. Embalada pelas ideias de modernização — entendida como urbanização e industrialização —, a pioneira sociologia paulista dos anos 1950 e 1960, por exemplo, teve no sindicalismo e na formação social da classe operária alguns dos seus principais objetos de estudo.2 O impacto do golpe de 1964, articulado segundo muitos de seus perpetradores, contra uma suposta “República Sindicalista” que dominaria o país, estimulou uma série de avaliações de estudiosos, em particular cientistas políticos, interessados nos potenciais limites e deficiências dos chamados sindicatos “populistas” instaurados na “Era Vargas”.3 Por sua vez, a eclosão de uma onda grevista e do chamado “novo sindicalismo” que marcaria a redemocratização do país no final dos anos 1970 geraria uma enorme onda de interesse e estudos sobre os trabalhadores e movimentos sociais, onda essa bastante influente nas ciências sociais brasileiras ao longo dos anos 1980.4 Leia Mais

História das Mulheres e Estudos de Gênero: novas questões e abordagens / Ars Historica / 2019

Obs.: Apresentação indisponível na publicação original.

[História das Mulheres e Estudos de Gênero: novas questões e abordagens]. Ars Historica, Rio de Janeiro, v.18, n.1, 2019. Acessar dossiê [DR]

História das mulheres e estudos de gênero: novas questões e abordagens | Ars Historica | 2019

Neste primeiro semestre de 2019, o Comitê Editorial da Ars Historica, revista discente do Programa de Pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS-UFRJ) vem apresentar, na sua 18ª edição, o Dossiê História das mulheres e estudos de gênero: novas questões e abordagens.

Em época de cortes e contingenciamento é preciso renovar o fôlego diariamente para conseguir dar continuidade aos trabalhos acadêmicos. Vive-se um momento de grande tensão política e um crescimento do conservadorismo, das estatísticas de violência contra as mulheres, de casos de homofobia, entre outras formas de violência física e simbólica. Fazer história social das mulheres ou história das categorias de gênero é, portanto, um exercício de engajamento diário. Leia Mais

História das mulheres e estudos de gênero: novas questões e abordagens | Ars Historica | 2019

Neste primeiro semestre de 2019, o Comitê Editorial da Ars Historica, revista discente do Programa de Pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS-UFRJ) vem apresentar, na sua 18ª edição, o Dossiê História das mulheres e estudos de gênero: novas questões e abordagens.

Em época de cortes e contingenciamento é preciso renovar o fôlego diariamente para conseguir dar continuidade aos trabalhos acadêmicos. Vive-se um momento de grande tensão política e um crescimento do conservadorismo, das estatísticas de violência contra as mulheres, de casos de homofobia, entre outras formas de violência física e simbólica. Fazer história social das mulheres ou história das categorias de gênero é, portanto, um exercício de engajamento diário. Leia Mais

Áfricas: um continente, múltiplos olhares | Ars Historica | 2018

A área de História da África cresceu muito nos últimos anos no Brasil. Aqueles que, como eu, pesquisam e são docentes nesse campo há mais de duas décadas podem com certeza reconhecer a expansão vivida e o adensamento das pesquisas e debates. A legislação incidindo sobre o currículo de História na Educação Básica e nos cursos de formação de professores contribuiu de forma inegável, com a lei 10.639/2003 e as diretrizes curriculares originadas no parecer do Conselho Nacional de Educação (2004). Mas, também concorreu para tal a ampliação das demandas e interesses do público estudantil, reivindicando cursos menos eurocêntricos e a inserção de temas e discussões que trouxessem referências sobre a história da África e da diáspora africana, bem como leituras da produção intelectual daquele continente. O movimento negro, em suas diversas formas de expressão, agente fundamental nesse processo, junto aos NEAB (Núcleos de Estudos Afro-brasileiros) e, em tempos mais recentes, os coletivos negros estudantis, se tornaram uma força de pressão positiva que veio a intensificar esse crescimento. E a continuidade dessa demanda, com a consequente sofisticação e diversificação do universo temático das pesquisas, a qualidade da produção científica no campo e o vigor dos debates, fizeram com que o campo de estudos se afirmasse e se consolidasse cada vez mais no nosso espaço acadêmico. Leia Mais

História Medieval | Ars Historica | 2017

 

Organizadores

Maria Beatriz de Mello e Souza

Gabriel de Carvalho Godoy Castanho


Referências desta apresentação

SOUZA, Maria Beatriz de Mello e; CASTANHO, Gabriel de Carvalho Godoy. Apresentação. Ars Historica. Rio de Janeiro, v.15, jul./dez. 2017.  Sem acesso ao original [DR]

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História, Áudio e Visual | Ars Historica | 2017

História e Arte. Quais as possibilidades de pesquisa em história social e da cultura que aproximam o sonoro e o visual? Vivemos hoje a primazia da imagem. E a imagem constrói história e memória e vice-versa. Imagens fixadas no instante da fotografia, talhadas em marfim, esculpidas em mármore ou bronze, pintadas com tintas de variados matizes, e ainda imagens em movimento, correndo no tempo pelas telas do cinema e outras mídias. Há ainda sons e gestos que também são fazeres, saberes e expressões que compõe o que chamamos de cultura – de arte – e que precisam ser narrados pelos historiadores. São também imagens sonoras do vasto universo musical, como o samba, que tem uma rica história. Ou a dança, moda, corpos em performance que falam de outras experiências no contemporâneo. Bem como existe a literatura, os textos sobre as imagens, as artes cênicas e cinematográficas: é a crítica de arte. É com imenso prazer que apresento ao leitor interessado este Dossiê História, Áudio & Visual da Ars Historica que perpassa um caleidoscópio de novas abordagens sobre o saber histórico, demonstrando o vigor de pesquisas em temporalidades e espaços distintos em termos da História Social e Cultural produzida nas universidades brasileiras. Leia Mais

Império Português em Perspectiva: Sociedade, Cultura e Administração (XVI-XIX) | Ars Historica | 2016

Para um pesquisador da história do império português é difícil imaginar um prazer maior do que fazer a apresentação de um dossiê de uma revista discente sobre o tema. E isso porque a própria existência desse dossiê é a comprovação cabal de como o estudo do “Mundo Português” se espraiou na academia, um quadro quase inimaginável há pouco mais de duas décadas atrás, quando surgiram os primeiros trabalhos realizados no Brasil. O próprio termo “império”, hoje absolutamente consolidado em nossa historiografia, foi por muito tempo objeto de questionamento.

Nesse número de Ars Histórica encontramos uma produção historiográfica extremamente diversificada, tanto em termos temáticos quanto geográficos e temporais, sinal inequívoco da vitalidade dessa área de pesquisa. Leia Mais

Historiografia | Ars Historica || Estudo do Oitocentos | Ars Historica | 2015

A Ars Histórica tem o prazer de lançar sua décima primeira edição, trazendo dois dossiês temáticos: Historiografia e Estudo do Oitocentos. A escrita é a operação máxima do fazer histórico, que circunda todo um processo de análise e construção do objeto. Neste sentido, os dossiês que apresentamos dialogam e se apresentam como boa contribuição à comunidade científica nacional, na medida em que trazem em seu escopo, análises do procedimento de escrita da história no primeiro, e a aplicabilidade dos mesmos para a interpretação de um período no segundo.

O dossiê Historiografia representa a arte de escrever e dedicar-se à História, celebrando Clio em artigos sobre o conceito de identidade e etnicidade para entender a história indígena; o exercício de conservação do poder na modernidade através dos clássicos da Teoria Política e a análise da estrutura estatal portuguesa, além do o discurso de Platão na música de Marco Schacchi em 1649. E por fim, a aplicabilidade do “paradigma indiciário” do historiador Calo Ginzburg na obra referência Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Leia Mais

Ars Historica | UFRJ | 2009

ARS3 Regimes Autoritários

Ars Historica (Rio de Janeiro, 2009-) é uma publicação científica discente do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS – UFRJ).

Ela é online de acesso aberto (open access), avaliada como Qualis B4 (quadriênio 2013-2016) na área de História e áreas correlatas. A revista trabalha com avaliação por parecer duplo-cego (peer review) e submissão gratuita.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2178-244X

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