Arqueologia, Patrimônio e Gênero: provocações feministas | Revista Arqueologia Pública | 2021

O contexto atual tem sido marcado por retrocessos nas políticas públicas voltadas ao setor educacional, cultural e patrimonial, por manifestações reacionárias frente aos debates sobre identidades de gênero e diversidade sexual e pelo escancaramento do racismo que caracteriza, historicamente, a sociedade brasileira e tantas outras. Tal conjuntura traz, portanto, desafios específicos para pesquisadoras/es e profissionais do campo da Arqueologia e do Patrimônio. Não por acaso, exemplos mundo afora têm evidenciado tensões e descontentamentos vinculados a essas áreas. Insurgências contra monumentos masculinistas e que representam figuras responsáveis pela colonização e escravização de povos indígenas e africanos têm provocado debates acerca da retirada dos mesmos, evidenciando a luta pelo patrimônio e pelo direito à memória.

Este número da Revista de Arqueologia Pública reúne reflexões que, de diferentes formas, demonstram o papel da crítica feminista e dos debates em torno da historicidade das identidades de gênero no campo da Arqueologia, do patrimônio cultural e da memória, bem como refletem a multiplicação de abordagens, inspiradas sobretudo pelas discussões feitas por feministas negras, lésbicas e trans, em diálogo com os marxismos, os estudos culturais, pós-coloniais e decoloniais. Em decorrência disso, variáveis como raça, classe, sexualidade, geração, dentre outras, aparecem como eixos incontornáveis, analisados de forma interseccional ao gênero. Leia Mais

Arqueologia – FUNARI (VH)

FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2010, 125p. ALMEIDA, Fábio Py Murta de. Varia História. Belo Horizonte, v. 28, no. 47, Jan./ Jun. 2012.

O livro Arqueologia, do professor doutor Pedro Paulo Funari, livre docente de História da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), é uma composição ímpar, indicado especialmente aos cursos introdutórios de História, Arqueologia e de História da Literatura do Antigo Oriente Próximo. Seu texto tem forma agradável e objetiva; mérito do autor, fruto dos anos de atividade profissional e dedicação ao estudo arqueológico. Assim, pela larga experiência na temática, Pedro Funari busca objetivamente apresentar a Arqueologia tendo em vista o ramo da história cultural, isso com uma linguagem fácil e direta; aponta logo no início da obra que a arqueologia não se compreende apenas pelas descobertas das figuras e das imagens, mas institui-se num campo muito reflexivo, envolvendo tanto a leitura, quanto a prática nos sítios arqueológicos.

Olhando mais detidamente sua obra, Pedro Funari começa informando basicamente o “estado da questão” da ciência arqueológica, definindo seu objeto de estudo e a evolução do pensamento. Para ele, a arqueologia consiste nos conhecimentos dos primórdios, dos relatos das coisas antigas. Só mais recentemente, por conta do campo de atuação e de envolvimento (diálogo) com ciências sociais, é que a arqueologia vem se traçando de forma interdisciplinar. Com ela, não se visa revelar apenas o sentido das coisas e dos artefatos desenterrados, mas configurar que os “ecofatos e biofatos são vestígios do meio ambiente e restos dos animais que passaram sobre apropriação do ser humano”, o que retira a limitação do estudo arqueológico apenas ao passado, mas, também, liga-o ao presente, como o é na arqueologia industrial. Mesmo assim, pensando especificamente na idealização do passado, indica-se que esse pensamento é metodologicamente pautado nas etapas arqueológicas, sempre olhando dados e artefatos. Materiais entre os quais podem ser vistos indicativos das relações sociais que foram produzidos, uma vez que atuam como mediadores das atividades humanas, determinando estereótipos e comportamentos de uma sociedade. Para a atividade é fundamental entender que a partir da “reintegração dos artefatos a um contexto cultural como o nosso e em um invólucro da relação de poder que o artefato produz, o mesmo adquire importância crucial”, portanto, o arqueólogo tem que inserir tais objetos no interior das relações sociais em que foram produzidos, fazendo-os exercer novas funções de mediações. Portanto, é dentro da cultura,1 como desenvolvimento e criação humana, que o objeto transforma-se em artefato, recebendo uma formulação junto à humanidade.

Outro nicho de saberes destacado pelo autor são as formas de pesquisa na arqueologia: indicando um “complexo de técnicas utilizadas pelo arqueólogo, formulações não neutras, que se inserem num complexo de questões metodológicas que derivam das políticas do arqueólogo”. Técnicas, por exemplo, como o desenterramento e a escavação estratificada. Elas teriam evoluído ao longo do tempo dividindo-se em três importantes fases: a primeira, a preocupação com a superposição de níveis de ocupação e com datação relativa aos artefatos; a segunda, com o estudo e registro dos estratos; e a terceira, com a escavação de amplas superfícies, preocupada com o estudo do funcionamento da sociedade que ali viveu. Infelizmente, no Brasil, inicialmente, houve uma “desvalorização do contexto histórico devido às grandes importações de técnicas e ideologias (no caso, arqueológicas), advindas da Europa, ou seja, a valorização de um passado externo ocasionou a desvalorização da memória nativa (indígena)”. Ainda sim, apesar do desenvolvimento exemplar que a arqueologia vem tendo no Brasil, ela está longe de ser valorizada. Percebe-se que recentemente está ocorrendo uma grande reviravolta na pesquisa brasileira e internacional, trazendo um diálogo entre a arqueologia brasileira e a mundial, o que dinamiza o estudo nacional. No detalhe da relação entre a arqueologia e as outras áreas do conhecimento, Pedro Funari mostra que essa ciência não pode ser desarticulada das outras disciplinas. Deve estar relacionada com as demais ciências (como a história, a antropologia, a biologia, a geografia, a física, a arte, a arquitetura, a filosofia, a linguística e a museologia), pois elas são e foram fundamentais para sua evolução, como já indicamos.

No fim, a obra Pedro Funari faz uma explanação e um convite ao aprendizado arqueológico no Brasil. Indica, antes de qualquer coisa, que o arqueólogo deve ter o compromisso com a burocracia regional e responsabilidade social. Também, aponta que deve haver respeito para com a sociedade no todo, desde grupos majoritários até os minoritários. Para ele, a arqueologia é uma ação política2 que, por isso, tem algumas dificuldades de inserção no Brasil, até mesmo por que, como profissão, tem um difícil reconhecimento por não haver uma graduação específica na área. Mesmo assim, existe pós-graduação nessa área de atividade profissional, e pode-se atuar como professor, pois em museus, laboratórios, arqueologia (setor burocrático) de contrato, como maneira de proteger o patrimônio arqueológico, e na gestão turística do patrimônio arqueológico brasileiro. Enfim, algumas áreas podem servir como convite ao estudo e trabalho arqueológico. Merece destaque a gama de projetos e novos horizontes arqueológicos, pois nosso território é um vasto campo de pesquisa sobre as comunidades que aqui habitaram no passado.

Por fim, com vasto conhecimento acerca da ciência arqueológica, não só no Brasil, mas também, em outros países em que realiza suas pesquisas, Pedro Paulo Funari expõe de maneira singular, sucinta e principalmente realista uma ampla visão acerca da arqueologia e do seu desenvolvimento ao longo dos últimos séculos. Sobre a abordagem dos conceitos e objetos de estudos, o livro Arqueologia pode ser encarado como um belo convite ao seu estudo como disciplina acadêmica. Caso os leitores queiram aprofundar os apontamentos apresentados pelo autor, vale a pena à consulta de obras, como, por exemplo, a História do pensamento arqueológico de Bruce G. Trigger3 e algumas obras da vasta bibliografia do professor Pedro Funari.4 Ao fim da resenha, destacamos a admiração pelo esforço do autor que, mesmo em um texto relativamente pequeno, consegue ter riqueza de detalhes e não deixa de enaltecer as questões histórico-metodológicas da disciplina. Por isso, pensamos que cumpriu o objetivo de explorar de forma suscita questões que vem levantado a arqueologia nos últimos anos, bem como exauriu o intento de introduzir suas questões de forma geral. Assim, em termos de historiografia, o autor faz uma aproximação da disciplina de arqueologia junto a um ramo da história, a luz dos termos e conceitos reconhecidos na história cultural. Propriamente, aproxima a variante da nova história cultural, principalmente a estilizada por Roger Chartier, com as questões que vêm levantado os embates da cultura material escavada como as: representações, poder e práticas culturais – ajudando no diálogo história e arqueologia sobre o prisma do conceito simbólico de cultura de Clifford Geertz e de Marshall Sahlins.5 Agora, pensando mais longe, é urgente que as editoras se preocupem em produzir livros desse tipo, sendo relevantes ao nicho dos alunos e aos cursos introdutórios de nível superior. Assim, fica aqui o apelo para a produção de livros e materiais que sejam sucintos e que possam da melhor forma introduzir o estudo dos discentes às cadeiras acadêmico-científicas.

1 A noção de cultura utilizada pelo autor é ligada á história cultural, vista em FUNARI, Pedro Paulo A. e PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. Quando Pedro Funari utiliza da contribuição decisiva de Roger Chartier, autor que aponta a história cultural relacionada com a “noção de ‘representação’ e de ‘práticas’ (…) tanto os objetos culturais seriam produzidos ‘entre as práticas e representações’, como os sujeitos produtores e receptores da cultura circulariam entre esses dois pólos, que de certo modo corresponderiam respectivamente aos ‘modos de fazer’ e aos ‘modos de ver'”, como cita BARROS, José D’Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2004, p.76.
2 Sobre ação política e seu destaque dentro da história política, vide a descrição de Marieta de Moraes Ferreira quando comenta a obra de René Rémond: “Nova História Política (…) ao se ocupar do estudo e da participação na vida política (…) integra todos os atores, mesmo os mais modestos, perdendo assim o caráter elitista e individualista e elegendo as massas como seu objeto central”, RÉMOND, René. Por uma história política.Rio de Janeiro: FGV, 2003, p.7. Assim, a ação política permeia o respeito aos atores sociais de diferentes grupos ligados as redes de poder que constituem a sociedade.
3 TRIGGER, Bruce G., História do pensamento arqueológico. Tradução de Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odysses Editora, 2004.
4 Citamos aqui, por exemplo, as duas obras: FUNARI, Pedro Paulo A. Arqueologia e patrimônio, Erechim: Habilis, 2007; e FUNARI, Pedro Paulo A. (org.). Cultura material e arqueologia histórica. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1999.
5 Assim para Clifford Geertz e Marshall Sahlins o conceito de cultura pode ser definido como um conjunto de sistemas de signos e significados constituídos pelos grupos sociais. Portanto, para interpretar as culturas, no caso do antropólogo Clifford Geertz significa interpretar: símbolos, mitos, ritos. Agora, partindo de Clifford Geertz, Marshall Sahlins defende que os grupos de uma cultura também “representam” suas interpretações do passado no presente. Vide para isso, GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1978; e SAHLINS, Marshall. Ilhas de história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.

Fábio Py Murta de Almeida – Historiador e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professor de História da Faculdade Batista do Rio de Janeiro (FABAT) e pesquisador do grupo de Arqueologia do Mundo Bíblico ligado a UMESP Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Rua Jose Higino 416, Tijuca, Rio de Janeiro. CEP: 20510-412. pymurta@gmail.com.

 

 

 

 

 

Arqueología de la costa del Golfo: Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica – BUDAR et al (CA)

BUDAR, Lourdes; VENTER, Marciel L.; GUEVARA, Sara Ladrón. Arqueología de la costa del Golfo: Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica. Facultad de Antropología/Universidad Veracruzana. Administración Portuaria Integral de Veracruz, 2017. Resenha de: LARA, Pedro Jimenez. Clio Arqueológica, Recife, v.35, n.1, p.228-233, 2020.

Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica, publicado por la Universidad Veracruzana y coordinado por la Dra. Lourdes Budar Et. Al pone en relieve desde una perspectiva distinta al área conocida como la Costa del Golfo una de las 9 componentes de la macro región conocida como Mesoamerica. En este volumen participan diversos investigadores que presentan avances de sus pesquisas en esta área conocida como La Costa del Golfo. En ella quedan vertidas sus posturas y visiones ante esta rica y diversa región mesoamericana abarcando aspectos que les permitieron una aproximación a los grupos que aquí se desenvolvieron y la forma como interactuaron abarcando aspectos de la vida cotidiana, sociales, económicas, administrativas, religiosos (rituales). Como lograr implantar y forjar aspectos de su desarrollo tanto interna como externamente.

En esta obra quedan plasmadas diversas miradas y postura de los que escriben los resultados de sus investigaciones del crisol cultural que representa la Costa del Golfo de México. Otros de los aspectos a resaltar es que aquí se presentan temas desconocidos de algunas de las tres regiones geográficas, norte, centro y sur, que integran esta área cultural. Se enfatiza el centro-sur.

Aparte de la nueva información vertida en muchos de los artículos publicados en esta edición llamada Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica corresponden al Clásico sin olvidar los antecedentes y datos posteriores, continuidades y discontinuidades en algunas de las regiones estudiadas.

Abordar el paisaje como parte de la dinámica establecida en los diversos grupos que se desarrollaron en esta región fue otro de los retos, muchas veces los sitios se ven de forma aislada cuando no fue así, tuvieron ejes articuladores que fueron más allá de ser simples ocupaciones incomunicadas y tomar como referente el paisaje fue y es importantísimo para el establecimiento y que ha sido la pauta para entender las dinámicas de los diversos asentamiento que aquí se establecieron y desarrollaron. El espacio geográfico fue vital para estos grupos y lo sigue siendo para el desarrollo de la humanidad.

Es claro que los resultados presentados en esta publicación se demuestra que hay una articulación contemporánea de sitio a sitio según la fase en que se desarrollaron, hablando cronológicamente. Si bien en la composición y tamaño de cada asentamiento hay variaciones eso no impidió su relacionamiento a veces por el comercio o el simple conocimiento entre ellos, las ideas viajaron y quedaron plasmada ideológica y materialmente Otro de los hilos conductores es la arquitectura sus diferentes objetivos para las cuales surgieron y el lugar que ocuparon algunos edificios según su estructuración, van de estructuras dedicadas a lo sagrado, orientaciones especificas a los más común y espacialmente más grandes que son las áreas habitacionales. Poco se sabe del habitad, pocos investigadores se han interesado por estudiar estos espacios y muchos los sitios que se han registrado y que siguen apareciendo en su forma típica mesoamericana o algunos ya destruidos y solo se evidencian los cimientos de los mismo. Sumados todos estos elementos los articulista de Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica nos muestras la configuraciones y articulaciones que tuvieron estos asentamientos durante el periodo Prehispánico. El intento de mostrar la integralidad de estas regiones con una visión más amplia y aguda otra forma de mostrar la nueva arqueología que se practica en esta región y mesoamericana.

Algunos de estos arqueólogos abordan los temas en cuestión de forma simple, dejando de lado las formalidades que impone lo académico, el marcaje de las diversas corrientes teórico metodológicas. Es decir la reseña, en algunos casos es de manera más simple y sencilla. Haciendo las descripciones tal cual de la estructuración de los sitios, si bien hay hilos conductores, razón de más para ver como las formas que guardaron entre si los asentamientos y como las ideas viajaron y quedaron plasmadas como parte de los diversos componentes de estos.

Así como hay patrones en los diversos componentes de los sitios estudiados, donde se determina la función de la constucción de acuerdo a su ubicación y los materiales de construcción utilizados, haciendo la diferenciación entre área nuclear y periferia, es decir, estructuras que cumplieron un rol en la parte central o nuclear, también están áreas habitacionales como parte integral del asentamiento. Aquí el fenómeno se torna más interesantes y profundo cuando se logran determinar actividades específicas.

Plenamente identificados los hilos conductores que hace afín esta área con otras mesoamericana, uno de ellos son las conflictos sociales y rituales plenamente identificados con la muerte y asociados a costumbre violentas como sería el sacrifico humano, el caso del Juego de Pelota por decapitación o abrir el pecho para arrancar el corazón del sacrificado en una acción de saciar la sed de sangre de los dioses. El espacio sagrado queda estructurado con dos construcciones con dos o un cabezal, según la tipología de “I” o “T”. Las representaciones quedan plasmada de diversa formas en tableros, pintura mural, esculturas, cerámica y figurillas.

Asociados a lo anterior existió la tradición de los entierros o ritos funerarios fue una práctica muy recurrente en los grupos mesoamericanos indistintamente de la fase o  cronológico. La forma de entierro dependió del status socio económico. Así queda manifestado por algunos de los arqueólogos que participan como articulista de este volumen Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica.

Tratándose de la Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica, según la división cultural y no política es incuestionable no hablar de la Huasteca esta región como un componente de esta área multicultural. Sin restarle importancia a su desarrollo es claro que sabemos poco por el desapego y desinterés de la investigación científica.

Se trata de un grupo con matices distintos pero no desarticulados del contexto cultural mas amplio, hablando regionalmente, un ejemplo seria su particular escultura donde queda de manifiesto el manejo diestro de la piedra.

Las aportaciones y resultados es la radiografía presentada, por cierto muy bien recibida de los Wastecos, el recorrido cronológico y linguistico es meritorio. Sin embargo es necesario atender esta región desde el punto de vista científico y así poder tener una visión más completa y no fragmentada como la que existe.

La extensión territorial, la complejidad del tiempo largo cronológico, los diversos grupos aquí asentados hace más difícil tener una historia más fácil de digerir. Los diversos rasgos existentes no se le pueden endilgar a un solo grupo.

Lo que si queda claro y sin una frontera política asible esta región convivio y se retroalimento con diversos grupos que existieron más al norte y occidente de esta macro región llamada Mesoamerica La novedad es el Puerto Marítimo o los puertos marítimos a algo parecidos identificados como tal en la esta región de la Costa del Golfo. Si bien es cierto la escases de información relacionado con el tema por el poco interés mostrado por investigadores. La existencia de estos Puertos, atracaderos, muelles, existieron gracias al comercio a larga y corta distancia. En este región es novedad sin embargo hay áreas donde hay más información al respecto como la zona maya.

Interesante el planteamiento que se hace que no solo toca a los litorales, también tierra adentro hay grandes cuerpos de agua que sirvieron de vehículo para las actividades cotidianas y el traslado de diversos productos y claro para el comercio.

Pedro Jimenez Lara – Universidad Veracruzana. Facultad de Antropología E-mail: pejila@hotmail.com

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The Clay World of Çatalhöyük. A fine-grained perspective – DOHERTY (DP)

Catalhoyuk Anatolia Turquia Experimental firing of an oven inside a reconstructed building Photo Jason Quinlan Catalhoyuk com The clay World of Çatalhöyük
Experimental firing of an oven inside a reconstructed building. Çatalhöyük/Turquia. Photo: J. Quinlan. Catalhoyuk.com.

DOHERTY C The clay world of catalhoyuk The clay World of ÇatalhöyükDOHERTY, Chris. The Clay World of Çatalhöyük. A fine-grained perspective. Oxford: BAR Publishing, 2020. Resenha de: GASPARIC, Zibrat. Documenta Praehistorica, v.42, 2020.

Chris Doherty’s study focuses on the role of clay in the development of Çatalhöyük, the famous and largest Neolithic settlement in the Konya Plain in central Anatolia. The author offers a holistic approach to understand the interrelationship between all clay materials used at the site and the landscape. Çatalhöyük lies on the clay-rich bed of the former Pleistocene Lake Konya, which lacked local sources of stone, and this makes its position interesting as clay plays a dual role here, i.e. as the main landscape component and a raw material for different types of material culture at the site. The book is divided into 10 chapters and is supported with many illustrative figures and tables.

In the first chapter, The clay world of Catalhoyuk, Doherty first introduces the questions regarding the need to study clay in the Neolithic and presents the analysed archaeological site and its regional context.

At Çatalhöyük, the community was clearly familiar with the use of clay from the earliest building levels, and could skilfully exploit clay for a wide variety of domestic and symbolic uses. A lot of the related issues have already been studied in detail, but Doherty attempts to combine this data and answer a series of questions on topics such as: How was clay used at the site? What were the resources and how did these change? What was the nature of the landscape around the site? What was the relationship between the material culture and landscape? Was the site successful due to its clays? The research also is framed by Tim Ingold’s term taskcape, i.e. a socially constricted space defined by related human activities (Ingold T. 1993. The Temporality of the Landscape. World Archaeology 25(2): 152–174), although Doherty proposes a new term and tries to work with a ‘clayscape’, i.e. a clay-oriented taskscape for Çatalhöyük.

In the second chapter, Clay-based material culture studies at Catalhoyuk: a review, the author presents us with a brief review of publications that relate to the four main aspects of living with clay at Çatalhöyük: materials (clay artefacts), the technology of production, the resources available, and the clay-rich landscape of the site. Here, details on artefacts and materials such as mudbricks, plaster, pottery, clay balls, geometric clay objects, stamp seals, and figurines are presented with information and results on studies that focused on these individual types, as well as with a comment on problems that arouse from them. Doherty sees the major problem with these studies in the fact that each of these materials was researched singularly, and the clay material culture was mostly interpreted without any consideration of the raw materials and their distribution in the landscape.

In the third chapter, titled The clay landscape of Catalhoyuk, the author presents the results of landscape studies at the site and focuses mostly on the multi-year KOPAL project and its results (e.g., Roberts N. et al. 1999. Chronology and stratigraphy of Late Quaternary sediments in the Konya Basin, Turkey: Results from the KOPAL Project. Quaternary Science Reviews 18(4–5): 611–630). The project proposed a view of Çatalhöyük and its surrounding that were in stark contrast to Mellaart’s (Mellaart J. 1967. Catal Hoyuk: a Neolithic town in Anatolia. McGraw- Hill) and Cohen’s (Cohen H. R. 1970. The palaeoecology of south central Anatolia at the end of the Pleistocene and the beginning of the Holocene. Anatolian Studies 20: 119–137) visions of the site as centred on a grass steppe. The KOPAL project envisioned an area filled with backswamps and river channels in the Neolithic, and a drier landscape only at the end of the Neolithic, with the nearest area suitable for agriculture more than 10km away from Çatalhöyük. These results prompted Ian Hodder (Hodder I. 2006. The Leopard’s Tale: Revealing the Mysteries of Catalhoyuk. Thames & Hudson. New York), the excavator of the more recent excavations, to suggest that the site was chosen for its availability to clay more than for its agriculture potential.

The KOPAL project results were mostly disproven with archaeobotanical, faunal and other biogenic studies, as well as from clay studies conducted in previous work by Doherty (Doherty C. 2013. Sourcing the Lower Alluvium) to re-interpret Çatalhöyük’s local environment and that of the Southern Konya Plain. The alluvial system proposed by the KOPAL project is inappropriate for this physiographic setting.

An alternative alluvial system is thus proposed which, together with an acknowledgment of changes due to soil formation, presents a truer picture of the landscape context for the Neolithic clay deposits.

Here a view emerges that the landscape around the site was much drier than that proposed by the KOPAL model, and brings the narrative back to the wellwatered grassland setting already proposed by Mellaart and Cohen.

In chapter six, The Holocene alluvium – a clay for all purposes, the Holocene alluvium, i.e. a silty calcareous clay, is explored in more detail. Special focus is put on early mudbricks vs. mudbricks in the later occupation phases. The alluvium was used initially as it was a readily available surface clay, and as such an attractive raw material. After the South M phase these dark alluvial clays were no longer used for mudbricks, and the conflict arising between the continued use of this material and its corresponding fertile soils is seen as the probable cause for the sudden abandonment of dark clay mubricks.

In chapter seven, A common ground: the white marls and lake clays of the Konya Plain, the white marls are explored in more detail. This material was used for the final plaster layers of floors and walls and has already been extensively studied, but the burnt lime plaster technology, an obvious PPNB connection, that was proposed for the earliest layers at Çatalhöyük is questioned here. Doherty presents firm evidence that burnt lime plaster was more labour intensive to produce and complicated to use compared to the readily available white marl (which is strikingly obvious from the comparison of the operational sequences of both processes in Figure 7.5).

Next a micro-textural analysis is presented that proves the use of softlime, found in weathered Neogene limestone outcrops west and southwest of the settlement, was present at Çatalhöyük from the formation of the site onwards. As such, there is no solid archaeological evidence for burnt lime technology at Çatalhöyük.

Additionally, non-white marls are also presented in this section of the book, and these became more important after the South M phase, with the author arguing that the diversity of clays around the site was more important than white marl availability alone, as argued by Hodder (2006).

Çatalhöyük’s Clays. In I. H. Hodder (ed.), Substantive technologies at Catalhoyuk: reports from the 2000–2008 seasons. Cotsen Institute of Archaeology Press: 51–66). These results suggest that Çatalhöyük was located in a landscape with localized wetlands, not in a continuous seasonal wetland with only a few dry areas.

The fourth chapter, Establishing the sequence of clay use, presents the clays identified by the artefact timelines to reconstruct the actual clay deposits that might have been present in Çatalhöyük’s landscape or have been brought from elsewhere. The main observed patterns of clay use include the use of alluvial dark clays in the earliest levels (i.e. Lower Alluvium in the KOPAL stratigraphy) for making mudbricks, and this then changes in the South M phase.

A similar observation can be made for mortars and plasters, clay balls, pottery, and geometric clay objects.

Only figurines were made from whatever clay was available at all occupation layers, while stamp seals show a lack of fabric variations and have a fixed composition.

Doherty also proposes using clay colour as a useful investigative approach as people at Çatalhöyük made full use of this in their material culture. Although colour is systematically recorded in excavation and post-excavation, it has not been interpreted in landscape terms (except in the KOPAL stratigraphy). Clay colour, as argued by Doherty, can provide the essential link between clay material culture, raw materials and landscape that allows clay use to be examined on all levels of engagement.

The author then presents the four fundamental clay groups identified at Neolithic Çatalhöyük, of which the first three are local materials (the dark alluvial clays, the white marls and the local calcareous red clays as a continuous sedimentary sequence, the colluvial clays), but the fourth is of non-local character (non-local non-calcareous red clays) and implies the transport of clays or finished artefacts. As these four groups also have different temporal ranges they provide the most logical framework for exploring life with clay at Çatalhöyük.

The following five chapters deal with these four clay groups and their interpretation in more detail.

Starting with Reinterpreting the Holocene alluvium: challenging Catalhoyuk’s clay foundation (Chapter 5), the author details the first of these four fundamental clay groups, the Holocene dark clays (i.e.

Chapter eight, Colluvium: the rise of new clay, looks at a new clay source recognized at Çatalhöyük, i.e. the colluvium which is an unconsolidated earth material that has been transported down the tell by gravity and accumulates at its base. The composition of the colluvium is a direct reflection of the material brought onsite, as it is a mixture of degraded mudbricks, plaster and mortar. This type of material, as argued by Doherty, was not only the dominant clay for mudbrick building after the South M phase at Çatalhöyük, but also had beneficial effects on the local landscape. The concept of a clay cycle is proposed and explored in more detail, as the dynamic link between clay material culture and landscape was fully developed only with the colluvium phase.

The proposed ‘clay cycle’ explains most of the high volume clay transitions at Neolithic Çatalhöyük.

In the ninth chapter, Arrivals from a distant clayscape, the only non-local clays used at Çatalhöyük are presented. These were used only for a single group of artefacts, specifically the pottery that appeared at South M and which then dominated until the later levels. These clays are the only departure from a full reliance of the Çatalhöyük people on nearby local clays. This change corresponds to the first use of mineral-rich ‘gritty’ clays that were first recorded by Mellaart, but their non-local character was not appreciated until the Hodder excavations.

Doherty presents the pottery forms as well as the full fabric sequence, established after petrographical examination of thin sections. Here convincing results are presented as the mineral inclusions in gritty wares clearly point to the use of non-local noncalcareous raw materials, as these inclusions are not present in the local calcareous clays. However, it is not clear whether clay or readily made pottery was transported to Çatalhöyük.

The final chapter, Conclusions, brings together the main topics discussed in the book as well as all the results which provides a more holistic approach to the clay-based material culture at Çatalhöyük and its place in the context of the local landscape. Even more importantly, Doherty shows how the site’s favoured location on the Konya Plain afforded both raw materials and an environment suitable for early farming, against the view presented by the prevailing KOPAL landscape model. This change to the landscape model will of course have major implications on how all aspects of life at Çatalhöyük are seen, as rightly pointed out by the author.

The factors behind non-local clay use have not been clearly established by this research, as Doherty notes himself, and it is therefore not clear whether pottery made from gritty clays was appreciated because it fitted a new preferred style, or whether technological superiority was a factor – only further work will be able to fully interpret what this variation points to. Nevertheless, Doherty’s book is an interesting multidisciplinary view of clay, clay material culture, and landscape, as well as the different variations that bind them. The book would benefit from some more figures of higher quality, but apart from this it is a well-researched, well-documented, thought-provoking, and inspiring book for any researcher dealing with clay raw materials, pottery, and landscape studies.

Andreja Zibrat Gasparic – Faculty of Arts, University of Ljubljana.

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Paradis du Nouveau Monde | Nathan Wachtel

As associações interdisciplinares entre os campos historiográficos e antropológicos parecem render grandes contribuições para o entendimento da História, como é possível de se perceber, por exemplo, pela abordagem histórico-cultural da Arqueologia, segundo a apresentação de Bruce Trigger (2004). É, pois, a partir dessa rica relação com a Antropologia que Wachtel, historiador nomeado à Cátedra de História e Antropologia das sociedades meso e sul-americanas do Collège de France em 1992 e grande expoente em seus “estudos marranos”, elabora os capítulos de seu livro2. Sendo dividida em duas grandes partes, separadas em um total de cinco seções, ademais de introdução e conclusão, a obra congrega suas considerações sobre algumas das concepções paradisíacas colocadas sobre a América. Desse modo, em sua Avant-propos, o pesquisador, tratando das principais questões historiográficas da atualidade, situa este livro como parte de suas análises marranas, apoiando-se em uma bibliografia embasada nas discussões sobre os pensamentos ocidentais e sobre a aculturação, bem como em documentos de trabalhos teóricos e de campo, históricos e antropológicos. Portanto, conclui que sua denominação de “Paraíso”, como resposta a eventos traumáticos, surge mais enquanto vocábulo contraditório, ao passo que recupera, pelas comparações paradisíacas, os terrores infernais vivenciados pelo continente americano.

Diante dessas primeiras considerações, o autor dá início à primeira parte de seu texto, denominada “Fables D’Occident”, nela assinalando os impactos do encontro do novo continente sobre o mundo ocidental. Assim sendo, ao inaugurar o primeiro capítulo de sua produção, intitulado “Le paradis en Amérique”, remete à extensa bibliografia dedicada à localização dos paraísos terrestres, um debate renovado com as descobertas de Cristóvão Colombo. Inserindo nesse cenário a obra de Antonio de León Pinelo, erudito e cristão-novo, o percebe alinhado cronologicamente à narrativa barroca, atribuindo a suas observações sobre o continente americano os preceitos e reafirmações de sua fé cristã e mariana. Nelas, coloca, em termos geográficos, e não metafóricos, o paraíso terrestre nas porções de terra centrais americanas, pensando, ainda, sobre questões como as origens do mundo, a presença e a chegada das populações das Américas, a remota existência de gigantes, a presença da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e dos rios paradisíacos no recém conhecido continente. Por esse modo, teria ele principiado um pensamento racional e, tal qual outros cristãos-novos, o advento da Modernidade Ocidental. Para além do literato espanhol, Wachtel atenta-se para o jesuíta português Simão de Vasconcelos, sobretudo por sua colocação metafórica do Paraíso em solo brasileiro. Dessa maneira, assevera a concretização do comum trato narrativo das maravilhas americanas, igualmente que as constatações comparativas entre o Novo Mundo e as qualidades paradisíacas. Leia Mais

Thinking through the body: Archaeologies of corporeality – HAMILAKIS (CA)

HAMILAKIS, Yannis; PLUCIENNIK, Mark; TARLOW, Sarah. Thinking through the body: Archaeologies of corporeality. New York: Kluwer Academic / Plenum Publishers, 2002, 262 p. Resenha de: SILVA, Sergio Francisco Serafim Monteiro da. Clio Arqueológica, Recife, v.34, n1, p.194-201, 2019.

Conforme os editores, o livro está baseado na oficina Thinking through the Body, ministrada na Universidade de Wales, Lampeter, em junho de 1998. Com o mesmo nome da oficina, este volume apresenta o potencial de novas contribuições interdisciplinares para o estudo do corpo e da corporeidade, ilustradas pelos estudos teóricos e filosóficos reunidos nas “arqueologias do corpo”, similarmente ao que ocorreu com a antropologia e a história nos seus vieses de “antropologia do corpo” e “história do corpo”, que dispensam apresentações neste espaço de resenha. Pensar através do corpo pode ser similar ao pensar através dos objetos de cultura material, dentro da produção do conhecimento arqueológico.

O livro trata do “corpo”, considerado aqui como um tópico ou tema que tem dispendido debates e discussões nas humanidades e nas ciências sociais, contando com a influência de expressivos teóricos, como Bourdieu, Merleau-Ponty, Foucault, Douglas e Butler, entre outros. Os capítulos apresentam diferentes (mas relacionáveis) abordagens sobre o corpo, como por exemplo, o significado cultural do corpo humano, como um símbolo, artefato, meio ou uma metáfora.

Este volume apresenta três seções. A primeira seção, Bodies, subjects and selves, apresenta exemplos voltados ao significado do corpo e sua relação com o [eu], o self, sujeito ou, mais especificamente, com o indivíduo – já que estas são ideias relacionadas ao conceito de pessoa. O corpo, como proposto por Sarah Tarlow em Bodies, selves and individuals, pode ser compreendido de variadas formas. No caso dos corpos dos mortos, estes providenciam aos arqueólogos uma aparente fundamentação para interpretar as sociedades antigas.

O tratamento dado ao corpo do morto por sociedades do passado pode ter sido análogo ao tratamento dispensado ao mesmo em vida, representando um ‘status terminal fossilizado’ de um indivíduo. O tratamento do cadáver contém elementos relacionados ao status, saúde ou religião do morto, sobre identidade e enculturação do corpo. De várias maneiras, nesta seção, busca-se desfamiliarizar e problematizar o corpo quanto a sua constituição, seus limites e suas capacidades.

Uma dessas problematizações pode ser encontradas no texto de Foucault, ‘Neitzsche, genealogy, history’, de 1971, p. 153: nada no homem, nem mesmo o seu próprio corpo, é suficientemente estável para servir como base para o autoreconhecimento ou para compreender outro homem. O passado e os corpos do passado, estudados pelos arqueólogos, diferem das ideias modernas que temos sobre os corpos.

Torna-se um desafio aos arqueólogos pensar que a decomposição do corpo possa ter sido mais perturbadora em alguns contextos históricos que em outros.

Provenientes de tempos muito antigos, os corpos não aparentam ser mais pessoas, de algum modo, familiares a nós. O corpo humano, dentro da arqueologia, o ser humano, tem sido sinônimo de ‘pessoa’, ‘indivíduo’, ‘sujeito’ e ‘self’, termos utilizados de forma intercambiável. Mas estes termos podem ser discutidos de forma adequada na arqueologia, em consonância mínima com os pressupostos do antropólogo e sociólogo francês Marcel Mauss e da antropóloga britânica Jean Sybil La Fontaine sobre as noções de pessoa e self e de pessoa e indivíduo.

Nesta primeira seção, as arqueologias interpretativas, pós-processuais, são entendidas como incapazes de se livrar do legado do humanismo, sob o argumento de que isso é violentar a humanidade e as pessoas do passado e do presente. Nesse aspecto, Julian Thomas trata das arqueologias humanistas – pós-processuais, do anti-humanismo e os corpos neolíticos. As partes corporais, segundo Chris Fowler, funcionam como indicadoras de personalidade e de materialidade, simultaneamente, durante o neolítico de Manx. As vestimentas são tratadas como detentoras de moralidades e as usadas pelos mortos na Europa medieval são objeto de estudo de Jos Bazelmans. Ainda, a estética corporal durante o século XIX na Grã-Bretanha é estudada por Sarah Tarlow.

O alarido em torno do corpo nas várias disciplinas do conhecimento refere-se à ideia moderna de corpo como projeto dentro dos estudos sociológicos – o corpo instrumentalizado; do desenvolvimento significativos na filosofia, humanidades e ciência sociais da crítica feminista e dos estudos de gênero – a historicização do corpo, o corpo sexual; do interesse pelo corpo dentro da significância dos aspectos experimentais do passado humano, como a alimentação observada como forma de subsistência dentro de um dado contexto ecológico, como a significância social e política do consumo de alimentos.

Na arqueologia, o estudo do corpo humano se dá mediante a) a antropologia física – situada dentro do guarda-chuva paradigmático da atual bioarqueologia – voltada desde o séc. XIX ao estudo da evolução humana, das categorizações dos “tipos raciais humanos”, aspectos demográficos, de “saúde”, modificações corporais ao longo da pré-história e os estudos em paleopatologia, incluindo traumas, violência e desnutrição; b) representações das formas visuais humanas: nesse sentido, o primeiro texto, mais simples, sobre o corpo humano na arqueologia deriva de uma conferência sobre gênero e arqueologia – Reading the body: Representations and Remians in the Archaeological Record, de Rautman (2000) – , com influência do feminismo e das representações e remanescentes de corpos humanos; c) a fenomenologia aplicada ao estudo do corpo – a arqueologia fenomenológica, arqueologia dos sentidos – com os estudos de experiências rituais em paisagens monumentais a partir de dispositivos corporais sensoriais e do estudo de aspectos integrativos da experiência humana, como a emoção, memória, identidade e experiências corporais particulares como beber, comer, dar a luz, fazer sexo, praticar violência e a guerra.

A segunda parte trata da experiência e corporeidade. O gesto é estudado na arqueologia como um meio de compreender o sentir através do corpo e isso é apresentado por Christine Morris e Alan Peatfield nos estudos sobre a Idade do Bronze em Creta. Ainda a arqueologia dos sentidos relaciona o passado com a história oral no estudo de Yannis Hamilakis. Os modos de comer e de ser no epipaleolítico de Natufian foram discutidos por Brian Boyd. Um estudo de John Robb sobre o tempo e a biografia traz em discussão a osteobiografia da vida útil – vida cotidiana – dos italianos neolíticos.

Na última seção do volume, os corpos são discutidos na e como cultura material. Objetos de cultura material em folhas de ouro da Idade do Ouro na Escandinávia, associados a um gênero específico, podem ser questionados, conforme Ing-Marie Danielsson. A cova de Oseberg, em Vestfold, um dos mais conhecidos casos da Escandinávia, cuja escavação resultou na recuperação de esqueletos femininos, posteriormente reinumados, foi apresentado e discutido por Elisabeth Arwill- Nordbladh. Mark Pluciennik relaciona arte, artefato e metáfora na análise de registros rupestres da Grotta Addaura II (10.000 a 12.000 anos atrás) e cenas da Grotta dela Cala dei Genovesi, em Levanzo. Trata de estética e representação de corpos humanos e não humanos e artefatos no epipaleolítico e neolítico do sul da Itália. Em Marking the body, marking the land, Paul Rainbird estuda similaridades e continuidades temporais nas tatuagens, pinturas nas cerâmicas e gravuras rupestres na Oceania, Pacífico.

Seus modos de interação entre as comunidades insulares incluíam as tatuagens corporais e tatuagens nas rochas e nos artefatos. As futuras agendas sobre o corpo incluem a ideia da sua incorporação à arqueologia, pela historicização do corpo: este passou por mudanças e reconfigurações ao longo da história humana, incluindo a formulação de certos códigos e normas de comportamentos e performances corporais, nos espaços públicos e privados, certos hábitos de alimentação, as várias genealogias da formação do corpo e sua instrumentalização.

As fenomenologias do corpo na arqueologia são desenvolvidas pelas noções de Heidegger de habitação e de ser no mundo, da Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty ou o desenvolvimento no âmbito da geografia: incluem-se, também as categorias culturalmente influenciadas ou determinadas pelos espaços perceptivo, existencial, arquitetônico e cognitivo dos seres humanos. O biopoder e as biopolíticas do corpo, cujos conceitos são provenientes de Foucault, são importantes para o desenvolvimento das arqueologias da corporeidade. Práticas e processos concretos e materiais atuam sobre o corpo humano: práticas biopolíticas, tecnologias e instituições instrumentalizam os movimentos, a forma de alimentação e a visão dos seres humanos, por meio de gastropolíticas, por exemplo. Também, o corpo fisiológico, como simbolismo e metáfora, pode ser usado para compreender as várias características do mundo natural e cultural: os corpos compreendidos como ‘cultura material’. Os corpos de pessoas vivas podem ser mercantilizados e objetivados em trabalho, materiais, arte, prazer sexual.

Corpos inteiros ou suas partes podem ser mais artefatos do que indivíduos, podem ser fetichizados, como os corpos preservados nos museus, relíquias de santos. Produtos corporais e suas partes podem ser segregados, tabu, usados em magias, trocados, consumidos ou empregados em tratamentos de beleza.

As ‘deformações’ corporais incluem aqui a deformação do crânio e dos pés, avulsões, tatuagens, escarificações: corpos como veículos de identidade e expressão. Os remanescentes humanos, conforme as crenças religiosas, podem ser extensivamente tratados e manipulados post-mortem. Nesse sentido, os corpos e os outros aspectos da personae podem sofrer mudanças nas suas biografias quanto ao poder e suas referências simbólicas. As figuras femininas paleolíticas e os registros rupestres são exemplos de como os corpos humanos ─ suas representações ─ tem sido claramente importantes referências em vários períodos e em várias sociedades.

Existiriam numerosas formas pelas quais os arqueólogos poderiam pensar sobre o passado através do corpo. Essas formas estão representadas pelas novas oportunidades de integração por meio de recentes desenvolvimentos teóricos sobre a corporalidade e a sua importância para as interpretações sobre o passado e os modos de vida. Sobre esse aspecto, o livro editado por Robert Schmidt e Barbara Voss, Archaeologies of Sexuality, em 2000, estabelece relação profícua com Thinking through the Body. Indica parâmetros que direcionam os estudos sobre sexo e sexualidade – e sua linguagem e conceitos – na produção do conhecimento arqueológico vinculado à solução de problemas científicos voltados ao corpo, em primeiro lugar.

Sergio Francisco Serafim Monteiro da Silva – Departamento de Arqueologia, UFPE. E-mail: sergioarqueologiaforense@gmail.com

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[MLPDB]

Ingesta | USP | 2019

Ingesta The clay World of Çatalhöyük

A Revista Ingesta (São Paulo, 2019-) é uma publicação eletrônica de periodicidade semestral, editada por alunos de pós-graduação em História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, membros do Laboratório de Estudos Históricos das Drogas e Alimentação (LEHDA), fundado em 2016 na mesma instituição.

Nosso objetivo é publicar artigos, resenhas e dossiês temáticos (em português, inglês ou espanhol) produzidos por pós-graduandos e pesquisadores pós-graduados, que possam contribuir com o desenvolvimento dos estudos históricos sobre alimentação e drogas, em seus amplos aspectos.

Textos relacionados ao campo da História serão privilegiados, mas aqueles que abordarem a temática e estiverem relacionados a disciplinas afins, como a Antropologia, a Sociologia, a Arqueologia, entre outras, também serão considerados para avaliação do Conselho Editorial e do Conselho Científico da revista.

[Periodicidade semestral].

Acesso livre

ISSN 2596-3147

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HAWÒ | UFG | 2019

Hawo The clay World of Çatalhöyük

Hawò (2019-) é uma revista científica, publicada na versão eletrônica pelo Museu Antropológico da Universidade Federal de GoiásTem como objetivo fomentar e divulgar a produção científica realizadas por pesquisadores de instituições reconhecidas, nacional e internacionalmente, que venham contribuir para a geração, preservação e difusão de novos conhecimentos nas áreas relacionadas à Antropologia Social e Cultural, Antropologia Biológica, Arqueologia, Etnolingúistica, Museologia, Arte e Cultura Popular, Patrimônio Cultural, Educação e Etno-História, em seu caráter interdisciplinar.

A revista Hawò, desde sua criação, adotou a modalidade anual de publicação contínua. Essa modalidade permite a publicação dos artigos conforme sua aprovação, agilizando assim  o processo de comunicação e divulgação das pesquisas. Não há fascículos ou periodicidade definidas.

A revista Hawò oferece acesso online e aberto a todo o seu conteúdo, o que significa que todos os artigos estão disponíveis na internet para todos os usuários após sua publicação, sendo os autores responsáveis pelo conteúdo de seus artigos. Segue o princípio de disponibilizar gratuitamente as informações científicas ao público, de forma a contribuir com maior democratização ao conhecimento.

Acesso livre

Periodicidade contínua

ISSN  2675-4142

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Human Bones and arqueology – UBELAKER (CA)

UBELAKER, Douglas. Human Bones and arqueology. Washington: Cultural Recourses Management Series, Interagency Archeological Service, Heritage Conservation and Recreation Service, Department of the Interior, 1980. Resenha de: SILVA, Sergio Francisco Serafim Monteiro da. Clio Arqueológica, Recife, v.33, n.1, p.209-215, 2018.

O livro Human Bones and Archeology, de Douglas Ubelaker, foi publicado inicialmente em 1980, com a preparação conjunta do U.S Department of the Interior, e do Heritage Conservation and Recreation Service e a Interagency Archeological Services, em Washington, D.C, nos EUA. Voltado ao problema dos ossos humanos na arqueologia, em especial aqueles relacionados aos primeiros habitantes da América do Norte, estudados por arqueólogos, antropólogos e bioarqueólogos ainda hoje produtivos, como William Bass, Don R. Brothwell, Jane Buikstra e o próprio Douglas H. Ubelaker, o texto expõe estudos de casos que possibilitam ao leitor perceber os principais aspectos relativos à produção de conhecimento científico em arqueologia quando são escavados sítios com presença de remanescentes humanos.

A análise do contexto arqueológico tem sido de fundamental importância para a compreensão primeira dos processos formadores do registro arqueológico, sendo possível a reconstrução de perfis funerários de populações do passado. Os dados mortuários de natureza biológica, como o sexo, idade, estatura, ancestralidade, doenças, traumas e anomalias, constituem importantes recursos para a reconstrução de perfis biológicos dessas populações, auxiliando nos processos de interpretação arqueológica sobre os seus modos de vida.

Entre 1906 e 1979, pelo menos no período em que Ubelaker escreve Human Bones and Archeology, uma série de documentos legais estabeleceram regras para o tratamento do patrimônio cultural dos EUA, incluindo o arqueológico.

Diferentemente, no Brasil, verifica-se que na Constituição Federal de 1988, art.216, são descritos os bens que constituem patrimônio cultural. Também a Lei Federal No. 3.924, de 26 de julho de 1961, no seu art. 2º estabeleceu como monumentos arqueológicos ou pré-históricos, entre outros, os poços sepulcrais, os cemitérios e sepulturas nos quais se encontrem vestígios humanos de interesse arqueológico ou paleoetnográfico. Ainda, o Cap. II, item 1 do decreto-lei no. 25/37, art. 2º da lei federal 3.924/61 e a portaria IPHAN no. 230/02, em relação aos sítios históricos, inclui os cemitérios antigos nesse rol do patrimônio arqueológico brasileiro.

Human Bones and Archeology, remete o leitor aos problemas relativos às pesquisas com sepulturas e os remanescentes humanos também para o caso especificamente brasileiro na atualidade: as intervenções de salvamento; as questões indígenas e quilombolas de territorialidade e identidade; a urgência de órgãos gestores da administração pública e privada em resolver problemas com ossos humanos em terrenos de empreendimentos e frente a obras de arquitetura, que irão impactar o registro arqueológico com presença de remanescentes ósseos humanos e outros vestígios de interesse arqueológico.

Estudar ossos humanos na arqueologia constitui um fazer restrito a nichos universitários e de difícil acesso à sociedade de maneira geral, mesmo aos agentes sociais vinculados com a indústria cultural. A exposição museológica de remanescentes humanos em instituições e eventos dentro do Brasil é relativamente rara, encontrando exemplos nas exposições temporárias de corpos humanos dissecados e plastinados provenientes da Alemanha e China e exposições temporárias e permanentes em museus estaduais, municipais, institutos de pesquisa e bienais de arte sobre temas relacionados à evolução humana, a arqueologia e etnologia.

A perspectiva da biocultura, conceito/fenômeno da sociobiologia humana, sob os auspícios do do guarda-chuva paradigmático da Bioarchaeology, iniciado nos anos 1940 e extensivamante propagado por Jane Buikstra e Clark Spencer Larsen desde a década de 1960 nos EUA, prevalece nos dias atuais sob várias formas de abordagens teórico-metodológicas, em interdisciplinaridade com as ciências sociais, a medicina, as ciências forenses e correlatas (as Bioarqueologias social, da tuberculose, da violência, da infância, entre outras). Interessa a reconstrução do comportamento de populações do passado.

A abordagem comportamental em arqueologia moderna encontra expressividade neste trabalho visionário de Douglas Ubelaker. A atualidade do tema tratado mostra a pertinência da sua tradução no Brasil. Aqui, sítios arqueológicos históricos e pré-históricos, sob a responsabilidade do IPHAN e dos arqueólogos, tem sido sistematicamente destruídos no âmbito das reformas e empreendimentos urbanos e rurais. A participação de empresas de arqueologia nesse processo se dá de forma a cumprir as exigências da legislação federal, sendo recorrente a ausência de produção científica relacionada aos remanescentes humanos escavados nos projetos de intervenção e a ausência de profissionais capacitados para a escavação sistemática de estruturas arqueológicas contendo remanescentes de esqueletos humanos.

Douglas Ubelaker, cuja produção bibliográfica contínua em Antropologia Biológica, Forense e Arqueologia é suficientemente extensa, descreve de forma clara e sintética os métodos e técnicas sobre como os sepultamentos e esqueletos humanos devem ser analisados, como determinar o sexo, a idade, a estatura, evidências de doenças e as modificações artificiais dos ossos. Em seguida, ilustra com casos em Maryland, na Costa do Equador, Illinois e Columbia Britânica, enfocando a complexidade do contexto arqueológico de deposições funerárias nos cemitérios pré-históricos, as possibilidades interpretativas sobre nutrição, história das doenças, estrutura social, estatura e status social, acompanhamentos funerários inusitados e o desgaste dentário de origem artificial.

No livro podemos encontrar referências comparadas entre problemas enfrentados por nossos antepassados e aqueles que enfrentamos hoje quanto a nossa alimentação, doenças e modos de adaptação humana ao ambiente. As respostas oferecidas no passado, diante das que oferecemos hoje aos problemas de convivência entre nós mesmos e entre o ambiente, incluindo os seus agentes patogênicos, os recursos alimentares e a devastação antrópica crescente, por exemplo, podem servir de inspiração para podermos amenizar o impacto que causamos às nossas sociedades e ao ambiente em que vivemos.

Para Bennie C. Keel, consultor de arqueologia, que faz um prefácio para o texto de Douglas Ubelaker, os estudos dos remanescentes ósseos humanos na arqueologia são um dos mais provocativos e menos compreendidos aspectos dessa ciência. Esses estudos possuem motivos e métodos que foram apresentados por Ubelaker neste livro (ou livreto) com a finalidade de esclarecer o público, reduzindo os equívocos sobre essa área da Arqueologia.

Embora os ossos humanos representem uma parte diminuta do patrimônio cultural norte americano, alguns possuem importantes significados que somente poderão ser compreendidos considerando-se os seus contextos arqueológicos. Os vestígios arqueológicos são portadores de importantes informações sobre o passado, constituindo materiais frágeis e insubstituíveis, segundo Bennie Keel. Portanto a proteção desse patrimônio – registro do passado – constitui uma missão conjunta entre o Heritage Conservation and Recreation Service (HCRS) e o público. Assim como no Brasil, nos EUA existia, nos anos 1980, o problema da proteção e conservação dos sítios arqueológicos – que, evidentemente, tem se estendido até os dias atuais.

Portanto, aquelas pessoas que conhecem algum sítio arqueológico, podem ajudar na sua proteção e conservação, entrando em contato com uma Secretaria de Preservação Histórica da Capital do seu estado ou, no caso do Brasil, com as superintendências regionais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), distribuídas em todos os estados do país desde 2009. A partir do registro e da proteção e em relação a possíveis perturbações de sítios arqueológicos, com presença de remanescentes ósseos humanos, são extremamente necessários aqueles profissionais experientes nas técnicas de escavação – os arqueólogos, cuja profissão foi reconhecida em abril de 2018 no Brasil. Somente com essas iniciativas, as gerações futuras, tanto nos EUA, quanto no Brasil, poderão ter conhecimento sobre o seu próprio passado.

Lembramos somente ao leitor que este texto foi produzido em 1980 e que algumas considerações devem ser feitas em relação à cultura, política e mentalidade nos EUA naquele período, em especial aos parâmetros de cientificidade então aceitos pelo Smithsonian Institution e ao autor, cuja obra científica, ainda em construção, é merecedora de respeito e inspiração.

Ainda, o caráter extremamente atual do texto, especialmente em correlação com os eventos de descaso e vandalismo sistemático e contínuo em relação aos sítios arqueológicos com presença de ossos humanos no Brasil, especialmente na Região Nordeste, onde esses vestígios extremamente frágeis são sinônimo de crime e de perda da propriedade para as instituições governamentais, torna a leitura e divulgação desta publicação, por enquanto esgotada, emergencial.

Sérgio Francisco Serafim Monteiro da Silva – Departamento de Arqueologia, UFPE. E-mail: sergioarqueologiaforense@gmail.com

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1499: o Brasil antes de Cabral – LOPES (RMAE)

LOPES, Reinaldo José.  1499: o Brasil antes de Cabral. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2017. 246 p. Resenha de: CAVLAC, Carolina Limonge. Uma incursão à pré-história brasileira. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, v.31, p.131-134, 2018. LOPES, Reinaldo José.

Este livro do jornalista Reinaldo José Lopes, publicado em 2017, é uma incursão ao universo pré-histórico da região hoje chamada Brasil. Ele publicou outros livros de divulgação científica: Além de Darwin (2009), Os 11 maiores mistérios do universo (2014), Deus: como Ele nasceu (2015), Luz, ciência e muita ação (2016) e Darwin sem frescura (2019). Lopes é também repórter, colunista e blogueiro do jornal Folha de S.Paulo. É autor do blog Darwin e Deus e youtuber, com o canal “Reinaldo José Lopes – Darwin Deus Tolkien Mozart”. Além de escrever sobre história e pré-história, Lopes tem grande interesse por narrativas de ficção com temas medievais e as influências histórico-culturais que as permeiam.

Nesta obra, Lopes traz informações para um público abrangente, que vai de curiosos não acadêmicos a estudiosos de várias áreas de conhecimento – arqueologia, história, antropologia, sociologia, paleontologia, biologia, geologia, geografia etc. Ele oferece um texto de leitura fluida, com muito bom humor e embasamento científico. Com incursões explicativas, nas seções explicação técnica” aborda assuntos específicos, como datação radiocarbônica, análise genética e isotópica, e deriva linguística, incluindo ainda assuntos mais complexos e que não são o tema central da narrativa, deixando o leitor inteirado do que há por vir.

Na introdução “O passado não é mais como era antigamente”, o autor trata brevemente de alguns dos principais temas abordados no livro: a chegada dos seres humanos nessa região onde é hoje o território brasileiro, as hipóteses sobre essa chegada e as descendências dos povos nativos atuais, a famosa Luzia (nome dado ao fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul, de uma mulher, que foi descoberto numa gruta da Lapa Vermelha/MG), as comunidades criadoras dos sambaquis, o surgimento da agricultura da Amazônia, a chamada “terra preta de índio”, algumas sociedades pré-históricas que se estenderam da Amazônia central até o litoral oceânico e em direção ao Alto Xingu, a complexidade linguística registrada nesse território e uma contextualização do limiar entre a pré-história e a história propriamente dita. O autor trata de uma questão genética, comentando algumas pesquisas que abordam a descendência da população brasileira atual, incluindo a dos povos nativos, mostrando que no Brasil também ocorreu o padrão de colonização humana amplamente difundido no mundo: os homens dos grupos vencidos são mortos ou escravizados, e as mulheres viram concubinas.

[…] Para ser mais exato, entre 20% e 30% dos brasileiros vivos hoje descendem de uma tataravó índia, como mostra o mtDNA (DNA mitocondrial). Enxergar com mais clareza a ascensão e queda de povos e culturas do Brasil pré-histórico abre, portanto, uma janela com vista para o passado familiar remoto de quase todos nós (Lopes 2017: 23).

Finaliza a introdução trazendo uma questão para seus leitores: como o que está sendo descoberto sobre a pré-história do antigo território do Brasil pode ter implicações no modo de vida que temos hoje? No capítulo um, “Quem é você, Luzia?” o autor traça um contexto “pré-histórico” faunístico da cena sul-americana há cerca de 12 mil anos, quando viveu Luzia. Ossadas de muitos exemplares da megafauna extinta encontradas nessa região e em outros locais do Brasil, como as preguiças gigantes (Catonyxcuvieri, Eremotheriumlaurillardi), o dente-de-sabre (Smilodonpopulator), os tatus gigantes, conhecidos como gliptodontes, os toxodontes, parecidos com o hipopótamo, e macrauquênias, parecidas com lhamas de tromba. O autor foi bem feliz na contextualização da megafauna, mas o achei bem diplomático ao tratar da extinção desses grandes mamíferos, mantendo-se longe da discussão atual da ciência: mudanças climáticas versus ação antrópica/caça. Ele comenta também a colonização das Américas por (outros) primatas e roedores, e o intercâmbio faunístico entre as Américas do Norte e do Sul.

Grande parte da discussão sobre Luzia gira em torno da polêmica sobre os traços africanos de seu rosto. Lopes mostra informações de pesquisas genéticas com dados moleculares de outros paleoíndios, de populações pré-históricas nativas com morfologia mongoloide e dos povos nativos atuais, e esmiúça as hipóteses da origem dos paleoíndios e desses traços, que apresentam morfologia autralomelanésia (negra) em contraste com a morfologia mongoloide (traços asiáticos) dos nativos atuais e de nativos pré-históricos mais recentes. Justifica ter mantido a narrativa na região de Lagoa Santa por ter mais informações diretas e dados mais consensuais. Lopes comenta ligeiramente os vestígios dos sítios arqueológicos encontrados no Parque Nacional da Serra da Capivara/PI e a contradição entre as possíveis datações desses sítios, propostas por diferentes pesquisadores.

Porém, a enorme coletânea de sítios que apresentam inscrições rupestres e material lítico atualmente no Brasil me deixa a sensação de que Lopes poderia ter explorado o assunto muito mais.

No capítulo dois, “As conchas e os mortos”, Lopes discute a cultura e os modos de vida dos antigos habitantes do litoral brasileiro, os criadores dos “morros de conchas” conhecidos como sambaquis. Para que serviam? Que tamanho têm? Em quanto tempo esses povos os construíam? De que são feitos? Quão abrangente se tornou essa cultura na costa do Brasil? O autor tenta responder essas e outras perguntas citando pesquisas atuais, que curiosamente se valeram da exploração mineradora irregular dos séculos anteriores, que usou os sambaquis como matéria-prima para a construção civil. Sem querer, essa exploração revelou (juntamente com pesquisas arqueológicas) informações cruciais sobre a cultura e ecologia dos povos dos sambaquis.

O capítulo três, “Revolução agrícola made in Brazil”, funciona como uma coletânea de informações sobre a temática do manejo e cultivo de vegetais nativos da região amazônica.

Trata do surgimento de florestas antropogênicas e das plantas nativas domesticadas, como a mandioca, a pupunha, o abacaxi e o cacau, e traça algumas possíveis rotas de domesticação, como a difusão da mandioca da Amazônia até o Pacífico, e do milho, domesticado na região do México e espalhado pelas Américas.

Os modos de vida dessas sociedades, que passam a ter uma diversidade de alimentos manejados ou cultivados, formam um elo com as informações e hipóteses abordadas sobre a “terra preta de índio” encontrada em muitos locais da Amazônia.

Nos capítulos quatro (“Os filhos da serpente”) e cinco (“No reino das Amazonas”) o autor trata das culturas dos antigos marajoaras, povo que residiu na Ilha de Marajó e dos povos de diversos outros locais na Amazônia, respectivamente. De cerca de 2 mil a.C. aos primeiros séculos da Era Cristã, o autor identifica o crescimento da densidade populacional como indicador para tratar da complexidade social, política e cultural dessas sociedades estabelecidas ao longo do Rio Amazonas. Os antigos marajoaras aproveitavam as condições do ambiente, como a topografia, o clima, o solo e a maré, para criar intervenções em seu ambiente natural, como os Carolina Limonge Cavlac 133 tesos, morros artificiais criados para formarem lagos rasos que armadilhavam uma grande variedade de peixes nas “cheias”. A complexidade das intervenções do ambiente natural e da produção da cerâmica marajoara marcou a cultura e o modo de vida desse povo.

Nos arredores da atual Santarém se estabeleceu o domínio dos Tapajós. Descritos como um povo guerreiro e com uma poderosa chefia ribeirinha, os Tapajós também possuíam ampla diversidade de cultura material, abrangendo artefatos em madeira, algodão e cerâmica, como os muiraquitãs, estatuetas replicadas e bem conhecidas hoje. No atual território do Amapá, a cultura Maracá tem instigado pesquisadores, tanto por conta do sítio com estruturas megalíticas quanto das grutas descobertas com grandes quantidades de urnas funerárias antropomórficas ricas em detalhes. Utilizadas em cerimônias religiosas, tal como os artefatos das culturas Tapajó e Marajoara, essas cerâmicas podem ser indicadores da complexidade econômica e social desses povos.

No Alto Xingu, as estruturas das aldeias pré-históricas descritas eram compostas de enormes áreas circulares, algo em torno de dez vezes maior que as aldeias atuais da mesma região. Elas possuíam áreas com lavouras de milho, mandioca, pequi e outros cultivos, assim como florestas manejadas nas proximidades da região habitada. Os antigos xinguanos dispunham de lagos artificiais e armadilhas nos cursos dos rios.

Pontes, muralhas, grandes fossos e estradas largas e limpas que cortavam as aldeias e as conectavam, também faziam parte da exímia organização estrutural que comportava milhares de moradores. Na região da atual Manaus os pesquisadores identificaram uma grande variedade de tradições de produção cerâmica, pois esses objetos são os mais preservados naquelas condições de clima.

O texto descreve algumas poucas características dos sítios associados à fase Manacapuru, à fase Paredão, à fase Axinim e à fase Guarita. Lopes menciona sítios com estruturas de defesa, como valas, paliçadas e trincheiras, que datam da mesma época em que as aldeias circulares são substituídas por povoados lineares à beira dos rios. Essas mudanças levaram pesquisadores à hipótese da ocorrência de importantes alterações socioculturais. A mais recente incógnita da Amazônia pré-histórica são os geoglifos (estruturas geométricas no solo) encontrados no atual território do Acre e do Amazonas. Essas estruturas foram descobertas recentemente por conta da intensificação do desmatamento na região. Cerca de trezentas estruturas identificadas até agora foram feitas provavelmente em uma época em que o território era muito mais densamente habitado e a floresta era manejada, com forte presença de espécies nativas úteis ao consumo humano.

Apesar de dar grande ênfase à Amazônia e deixar de trazer informações importantes de sítios das áreas abertas, o autor alcança muitas “Amazônias”, como citado neste trecho: “Não existe ‘uma’ Amazônia, mas uma imensa variedade de florestas ditas ‘de terra firme’ e alagadas, áreas de savanas e de campos abertos, matas mais ou menos sujeitas à seca e até uma ou outra região montanhosa” (Lopes 2017: 86).

No capítulo seis, “Tupi or not tupi”, o autor descreve a diversidade linguística dos povos nativos, quão diversa pode ter sido a árvore linguística dessa região no passado e como ela está representada hoje. É estimado que, no contato inicial com os europeus, havia cerca de 1.500 línguas nessa região. Essa diversidade se expressa atualmente em 108 famílias linguísticas sul-americanas (de um total de 420 no mundo). Essa diversidade é inigualável em qualquer outra região do planeta. Os principais grupos linguísticos tratados nesse capítulo são: (1) o Aruak, com aproximadamente sessenta línguas atuais, espalhadas na América Central, Pantanal e Chaco, além da Amazônia; (2) o Tupi, com perto de quarenta línguas, ocupando áreas enormes do Brasil, em especial no litoral e na Amazônia; (3) o Carib, com cerca de trinta línguas, espalhadas pela parte norte da Amazônia, Xingu e algumas ilhas do Caribe; e (4) o Macro-Jê, que soma entre vinte e trinta línguas, que hoje ocupam regiões abertas (o Cerrado) ao sul da Amazônia e áreas de mata de araucária de São Paulo e da Região Sul do Brasil. O autor relata um pouco da cultura e distribuição dos povos falantes dessas línguas, as relações entre eles, com o ambiente e com os europeus. Comportamentos diplomáticos, com relativo pacifismo, habilidades de navegação, boas redes de trocas, alianças matrimoniais intergrupos, generosidade e habilidade de fala se contrapõem a comportamentos de agressividade, com ideologia bélica, rituais antropofágicos, dominação de novos territórios com ciclos intermináveis de vingança. Esses são comportamentos culturais descritos de alguns povos nativos da época da colonização, que representam as extremidades de uma palheta muito diversa e complexa da estrutura cultural dessa grande quantidade de povos.

Por fim, no epílogo, “Por que o Brasil préhistórico foi derrotado”, o autor conta como uma região habitada por cerca de 8 milhões de pessoas não impediu a colonização ou por que essa colonização não ocorreu de outra forma. Entre os maiores culpados desse roteiro, estão as reações biológicas que levaram às epidemias. A falta de contato dos nativos com muitos dos micro-organismos trazidos pelos europeus e seus animais causou devastações populacionais generalizadas nos grupos nativos, muito mais do que a presumível superioridade bélica dos portugueses e espanhóis e o uso da cavalaria.

Também foi marcante a desconexão da comunicação e a (des)organização entre as chefias dos grupos nativos, quando havia chefias, frente à organização estatal dos europeus ao longo do processo. Assim, a dominação e a expansão das áreas conquistadas pelos europeus foram aumentando, como mostra nesse trecho: “muitas das sociedades ameríndias do litoral ficavam cada vez mais desarticuladas diante das epidemias, da conversão religiosa e das exigências de mão de obra dos colonizadores – uma desarticulação demográfica, política e cultural que provavelmente foi sendo transmitida pouco a pouco” (Lopes 2017: 227).

O livro de Lopes aborda a arqueologia do território brasileiro e cumpre muito bem o seu papel de obra de divulgação científica, com a explanação das muitas pesquisas que envolvem o tema. Como não poderia deixar de ser, traz muito mais dúvidas do que certezas, de forma elegante. Apesar de ter deixado de abordar centenas de sítios com inscrições rupestres e com material lítico de que temos registros hoje, a obra contribui muito para a importância da arqueologia dessa parte do mundo, ainda tão pouco explorada. Prova disso é a frase final do livro:

“A pré-história é a chave para entender a importância dessas condições iniciais e para demonstrar – como espero ter demostrado – que o passado profundo do Brasil é tão rico e complexo quanto o do Velho Mundo. Em nome dos que são herdeiros dele, convém não esquecê-lo” (Lopes 2017: 232).

Lopes finaliza assim o livro, mostrando mais uma vez, com excelência, que debruçar o olhar curioso e metódico sobre o passado pode também apontar direções para o futuro.

Referências

Lopes, R.J. 2017. 1499: o Brasil antes de Cabral. Harper Collins, Rio de Janeiro.

Carolina Limonge Cavlac – Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável, no Centro de Desenvolvimento Sustentável, da Universidade de Brasília. E-mail: ina.cavlac@gmail.com.

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Menorca entre fenicis i púnics / Menorca entre fenicios y púnicos – PRADOS et al (PR-RDCDH)

PRADOS, F.; JIMÉNEZ, H.; MARTÍNEZ, J. J. (Eds.). Menorca entre fenicis i púnics / Menorca entre fenicios y púnicos. Murcia: Centro de Estudios del Próximo Oriente y la Antigüedad Tardía de la Universidad de Murcia. 2017. 320p. Resenha de: MISSINGHAM, P. Panta Rei. Revista Digital de Ciencia y Didáctica de la Historia, Murcia, 179-182, 2018.

Menorca, as its name implies, is the ‘small’ island of the Balearics, easily overshadowed by Mallorca, and when it comes to Phoenician and Punic affairs, also and especially, by Ibiza. This has resulted in an unfair knowledge ‘vacuum’ surrounding the island of Menorca. In a similar vein, the archaeology of the Talaiotic culture, subject of a submission to UNESCO, has distracted attention away from the other archaeology present on the island. This book seeks to address this issue. A team of archaeologists lead by Fernando Prados, from the University of Alicante, have been at work since 2014 in an effort to elucidate the presence and status of any Phoenicio-Punic archaeology. This book has the feeling of a once-in-a-generation event and sets a high standard for future Menorcan archaeology books to be measured against.

Of the eleven articles published here, seven are in Spanish and four are in Catalan, with possibly a few Menorquí terms for good measure. A few linguistic tips for the foreign reader, the mysterious oval object on page 163 helpfully labelled ‘mac de la mar’ is a beach pebble, and the ‘denes’, subject of the article starting on page 219 are beads. Otherwise, the only terms likely to cause any real difficulty are chronological references based on the local indigenous culture, the Talaiots or Talayots. The introduction conveniently defines ‘postalaiotic’ as circa 550-123 bc, which effectively covers the entire Punic period, with a little overlap, looking at Carthage here, at each end.

Menorca, as Maria i Ballester, the Conseller de Cultura i Educació, tells us in his Presentació, has been chosen to host the XVI International Dry Stone Walling Congress in autumn 2018. This effort reflects the efforts of the Balearic Islands to have dry stone construction seen by UNESCO as an intangible heritage. The timing of the archaeological work undertaken in Menorca coincides with the candidature of the Talaiotic culture to World Heritage status.

González Wagner sets the scene in his Prólogo by reminding us that the archaeology of Menorca has to be seen as a continuous fluctuating cultural interchange between the Talaiotic culture, the Punics (whether from Ibiza or elsewhere), and the other ‘extra-menorcan’ artefacts in which they trade. In their opening passage, Introducción – Del gris al blanco. La isla de Menorca en el mapa fenicio y púnico, Prados, Jiménez & Roca state that while the Phoenicio-Punic archaeology of Ibiza and Mallorca can be shown in its multicoloured glory, that of Menorca, until this monograph anyway, remained a hazy blur being barely covered in any publications. Which means that the heavy burden of introducing this topic properly, with a solid foundation, falls on the current authors. This new knowledge could form part of a heritage management plan, along the lines of The Route of the Phoenicians, or the Path of Hannibal. Many have contributed to this volume, thank you!

The first article proper by Domínguez Monedero, El ejército de Aníbal, una fuerza de mercenarios, follows the mention of the Path of Hannibal in the introduction, to provide an account of the rise of the Carthaginian practice of employing foreign mercenaries, and how this may be reflected in the archaeological record, typically by the deposit of coinage such as the 56 coins found at Castillo de Doña Blanca probably struck in Melilla. Other evidence may include the construction of S’hospitalet Vell on Mallorca, or Son Catlar on Menorca. The third possible thread of evidence is the number of small bronze figurines, Mars Balearicus, which appear to derive from southern Italian influence, and deposited perhaps as ex voto offerings.

Ramon, in the next article, Pecios y ¿colonias? materiales púnicos en las Islas Baleares, examines 8 Balearic shipwreck sites, four each off Mallorca and Menorca, and also a brief mention of one off Corsica, along with two ‘anchorages’ and finds the maritime ceramic assemblages broadly similar to those found at terrestrial sites. The high percentage of Ibizan goods can be read as an indicator of local suzerainty. The enclosure of Na Galera shows Ibizan construction techniques, while also eschewing the use of Talaiotic pottery. Na Guardis may have been permanently occupied by Ibizans but probably from the 6th century onwards was used as a neutral trading place. In both Mallorca and Menorca, there was a low uptake of Punic technologies such as writing, wheel thrown pottery and coinage. Only Na Galera and Na Guardis show clear Punic control. Colonisation models used elsewhere don’t really seem to apply; Ibizan Punic influence seems to result from commercial activity.

Niveau de Villedary provides the next article, Nuevos datos sobre la evolución formal y estilística de los “pebeteros en forma de cabeza femenina”. A propósito del ejemplar de Torralba d’en Salord (Alaior, Menorca). Of all the perfume burners ever found in Menorca, this article examines the best documented, and accessible, example available – the example from Torralba d’en Salort. This burner is compared against other possible parallels across the Punic world, noting stylistic differences and similarities. The goddess depicted may have originated with the Eleusian mysteries, but she is easily and often modified to conform with local religious practice. The earlier burners found in coastal sites, with closer links to Carthage, may reflect Astarte, or later Tanit.

The fourth, and titular paper is by Prados & Jiménez and is entitled Menorca entre fenicios y púnicos: una aproximación arqueológica desde la arquitectura defensiva. The Talaiotic period can be defined as running from circa 850 – 550, although the start of the period is slowly drifting earlier. The arrival of the Phoenicians, can be seen by the Egyptian Imhotep figurine from Torre d’en Galmés, along with the introduction of fish and other marine products to the existing foodways, along with a rise in violence visible in human skeletal remains. There is also a rise in the number of walls built, still in a Talaiotic architectural tradition, although the only concluded example appears to be Son Catlar, along with a corresponding increase in burning and destruction of habitations. Punic architectural influence may have been recently detected underneath Magon. At Trepucó, there exists defensive structures far beyond the needs to defend against the locals; their stature may possibly a result of the Punic wars. These defensive elements, evidently ultimately from Syracuse, can be seen at Son Catlar, with parallels across the Hellenistic world, although the Punic cubit, rather than a Greek measure, was the unit used during construction. The ceramics from Son Catlar are practically the same as those from Cartagena. In contrast, those from Torrellafuda present a mixture of Talaiotic and Punico-Hellenistic styles.

The next article by Anglada, Ferrer, Plantalamor & Ramis is the first in Catalan – Continuïtat cultural en època de canvis: la producció i preparació d’aliments a Cornia Nou (Maó, Menorca) durant els segles IV-III aC. At the site of Cornia Nou are two edifices, dated to 1100/600 and 400/200 respectively. The close proximity of the two settlements allows direct comparison of their foodways. Of the two, the elder has by far the larger bone assemblage. Of interest here is not only the new presence of dog bones (perhaps as a food source), equines, and turtles, but a doubling by proportion of cattle bones, incidentally much smaller cattle than those from contemporary Tharros, Sardinia. Disappointingly, the ceramics from the older edifice are not discussed, but from the newer, two clear preferences can be discerned – a clear preference for Punic vessels for liquids, but with an almost exclusive use of indigenous wares for cooking. Although lithics, particularly quern stones are discussed, the diminutive size of the artefact labels on figure 13 render the discussion difficult to follow. The evidence for the consumption of dogs is discussed briefly in the later Ramis article.

De Nicolás, Gornés & Gual examine cult objects in Indicis d’un santuari púnico-talaiòtic en el poblat de Biniparratx Petit (Sant Lluís, Menorca). Two bronze figurines (perhaps representing Odysseus and Isis) and some terracotta ceramics were found in the late 19th century near Sant Lluis. Unfortunately, there was some confusion of place names making the source of the artefacts subject to doubt even before the damage caused by the construction of the airport. Excavations on the north-west edge found a Naviform settlement datable to 1500 bc, and on the south-east edge a settlement from the 8th century was found. At the later settlement, with two houses, an out-of-context terracotta figurine sherd was found during investigations. The southernmost house, number 1, produced a beach pebble complete with an inscribed Tanit symbol, leading to ideas of the reutilisation of previous funerary spaces for storage. House 2 has two small chambers which could be interpreted as altars, possibly naiskoi. The ceramics inside the house date from the 4th and 2nd centuries, the house itself suffering minor destruction, before continuing through to the 1st century AD. The Roman phase produced some 40,000 sherds, or 1.5 tonnes, comprising a minimum of 665 amphorae. The archaeology, taken as a whole, shows the three crises typical of eastern Menorca – the overwintering of the Carthaginian fleet, the Roman invasion, and the rise of Roman urbanisation. The male bronze figurine has been identified as Odysseus, or perhaps Philoctetes, while the female one is probably that of Isis, possibly modelled on a 2nd century original from the Greek colony of Rhodes in Spain.

The seventh article, a group effort by Jiménez, Prados, De Nicolás, Adroher, Torres, Martínez, García, López, Expósito & Carbonell is titled, Prospección arqueológica en Torrellafuda (Ciutadella, Menorca). Al encuentro de la Menorca púnica. The enclosure of Torrellafuda appears to have been built in two phases, an earlier cyclopean phase followed by a typically Punico-Hellenistic pattern of architecture, smaller than the original construction perhaps reflecting a defensive stance. Place-name analysis may indicate a Berber origin for the site. The enclosed village was heavily modified in the late 19th century, although the walls are largely recognisable. Aerial photos from 1956 show potential features, and future lidar may be interesting, but for now the features have been located and mapped using GPS. The most promising result has been the discovery of a right angled stone structure. In the intramural area, Campanian and Punico-Ibizan ceramics were found dating from the 3rd and 2nd centuries. Surface collection was done on three transects to the south, and another three, shorter, to the north, with all materials once analised returned to their original location. The majority of the fragments, some 57%, date to the 3rd century BC to the 1st century AD representing the likely date of the settlement. The number of republican Italian amphorae almost matches the quantity from Ibiza, but are twice the number from Tarragona. Coupled with the pertaining coarsewares, the presence of the amphorae indicates the presence of wine, and the inclusion of Menorca in the Mediterranean economy.

Back to Catalan for a discussion by Ramis of, Evidències de contactes exteriors al món talaiòtic a partir de l’estudi del registre faunístic. Almost all the animals in the Balearics have been introduced by humans, not all at once, but gradually over centuries, giving rise to new methods of exploitation and incidentally allowing the later evaluation of the exterior influence involved. The time period involved ranges from the end of the 2nd millennium BC to perhaps the 1st century when true Romanisation can be determined, and geographically covers Mallorca and Menorca. The animals considered are the deer, rabbit, equines, chickens, weasels, cats, turtles, and snails. While it is possible to demonstrate an increase in size for sheep, that for goats and cattle is more problematic, although an introduction of cattle from Tharros, Sardinia, would have been desirable. Changes of exploitation can be seen with the introduction of consumption of dogs, and of fishing, fish here including cetaceans.

The last Catalan article, Denes púniques de pasta de vidre a Menorca: el conjunt del cercle 7 de Torre d’en Galmés by Ferrer Rotger & Riudavets González concerns the discovery of glass and faïence beads at Cercle 7. The abrupt abandonment of the site has provided archaeologists with an unusual opportunity to explore an almost intact settlement, leading to the discovery of 42 beads of probable Ibizan origin and some cockle shells. These beads may have been regarded as status objects, as they accompanied their owners after death, frequently being found in necropoli with possible apotropaic function, with until now only small numbers found in domestic settings. At Cercle 7, the clustering of the finds suggests a perishable material was used to link them together, and their location inside the cercle could indicate they were elements in daily life.

Staying with cercles, Torres Gomariz in, Cercles menorquins: aproximación a la influencia de la arquitectura púnica en las viviendas postalayóticas de Menorca, examines the living quarters. From the 6th century, changes can be seen in the Menorcan way of life, in particular in housing, due to the increasing Punic-Ibizan influence. Menorcan cercles have been a subject of intense interest to antiquarians and archaeologists for 200 years, being finally recognised as ‘standardised domestic units’ in the early 1960s. The model for this standardisation can be matched against other Punic examples in Sicily and North Africa, some Menorcan examples even adopting the opus africanum method of wall construction. The layout of the house, with rooms around a central ‘patio’ reflects the newly fragmented social structure. The unequal commercial exchanges with the Phoenicians may have been the catalyst behind the formation of an hierarchical society.

The last article of this book by Torres, Obrador & De Nicolás called Ba’al-Hammon, Caelestis y el dios del plenilunio en el santuario con taula de Son Catlar (Ciutadella) demonstrates the continuing polyglot nature of life in Menorca. Two stones bearing inscriptions in the Latin script were found in the 1920s at Son Catlar. A further stone with Latin script, but Punic content, and a fourth stone with a 2nd century Punic inscription have since been found. Tanit, renamed as Caelaes(tis), through a last minute correction has been dated to the 2nd century AD. The first two inscriptions mentioned reading LACESE and LACESEN respectively could be interpreted as being addressed, in Punic with Latin letters, to the moon god. Besides these four inscriptions on stone, is another written in the Punic script on an ostracon, and in the Greek alphabet dedicated to Diodorus, perhaps to be interpreted as ‘Gift from Baal’. Examples of the name, Caelaestis, in mainland Spain, appear in fully Romanised urban settings. Associated with the sanctuary at Son Catlar is a cistern perhaps for ritual use. Secondary symbols of the gods, bulls for Baal and perfume burners for Tanit, appear in numerous other places in Menorca, showing the importance of Punic religion there.

Pete Missingham – University of Bristol.

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Breve contextualização arqueológica e etnohistórica de Porto Alegre e região | Fabrício José Nazzari Vicroski

Fabrício José Nazzari Vicroski é arqueólogo com doutorado em História pela Universidade de Passo Fundo e atualmente desenvolve seu pós-doutorado como pesquisador bolsista PNPD Capes. O atual livro tem como principal objetivo a divulgação científica da pesquisa arqueológica centrada em Porto Alegre e região metropolitana, e a delimitação temporal são os períodos pré-colonial e colonial com enfoque nos povos indígenas e afrodescendentes. O livro, assim como a pesquisa levantada para sua produção, são advindos da empresa Sírius Estudos e Projetos Científicos LTDA, com suporte do Núcleo de Pré-História e Arqueologia vinculado ao PPGH da Universidade de Passo Fundo.

A obra é dividida em duas partes, sendo a primeira sobre “O conhecimento arqueológico”. No início desse primeiro capítulo, o autor trata sobre a diversidade de fauna e flora na região, que propicia uma alta quantidade de sítios arqueológicos devido a grande movimentação sazonal desses grupos pesquisados. Pelo alto número de sítios arqueológicos na região (Vicroski dimensiona um número próximo a cem), o autor já levanta a pauta da importância da preservação dos mesmos pelas políticas públicas, questão levantada diversas vezes ao longo do livro.

Colocada a importância da preservação, o pesquisador demonstra a gama variada de pesquisas desenvolvidas por inúmeros colegas de ofício, delineando as que são de maior notoriedade: Gislene Monticelli, Júnior Domiks, Francisco Silva Noelli e outras instituições que apoiam e produzem pesquisas arqueológicas em Porto Alegre. A defesa do patrimônio arqueológico em conjunto com órgãos de fomento a cultura é um assunto extremamente importante levantado e defendido por diversos estudiosos da área, como Ulpiano Meneses (2007) e Ana Flávia Sousa Silva (2014), e também é uma discussão importantíssima dentro dos estudos históricos e percepção temporal, como escreve François Hartog (2006).

Vicroski indica que essas descobertas apontam para assentamentos humanos de ao menos 9000 anos de idade. Com essa grande periodicidade de tempo também é necessária uma divisão e classificação dos diferentes materiais a partir da cultura material, o que é feito em seguida. A distância temporal é utilizada para formular esta parte: o autor cita primeiro as mais distantes (com povos nômades caçadores e coletores) e por último as mais próximas, fazendo com que, no final do capítulo, o autor consiga estabelecer algumas trocas e relações culturais com o período colonial e com as culturas que perduram até os dias atuais, tal qual a cuia de chimarrão, que é uma herança do estilo de cerâmica e do consumo da erva de tribos jê e guarani.

Ademais, demonstra-se a disposição e movimentação geográfica destes povos nômades, posto que, a partir da organização e catalogação da cultura material, podemos identificar as informações necessárias através da cerâmica produzida e comparar com outras áreas e localidades onde peças com a mesma estrutura no formato e arte são encontradas. Desta forma, o autor cita povos indígenas de diversas áreas como a Argentina, Uruguai e até mesmo Amazônia, tornando explícitas as razões da região de Porto Alegre abrigar a vasta variedade arqueológica já citada anteriormente.

A segunda parte, “O conhecimento etnohistórico”, introduz questões acerca dos povos indígenas, africanos e afrodescendentes no período colonial, já se utilizando da história oral e escrita histórica preservada por esses povos ou relatos de contato com os mesmos. O autor deixa claro como os saberes indígenas foram de extrema importância para o início da colonização do local, já que tais populações possuíam vasto conhecimento da região que, por possuir extensa malha hidrográfica, necessitava de guias para a navegação fluvial.

A relação de conquista e demarcação territorial fez com que os grupos indígenas e europeus entrassem em conflito direto por todo o período colonial. Os indígenas se movimentaram sazonalmente e os colonizadores em contato acreditavam que eles estavam abandonando tais localidades e que não voltariam mais. Este desentendimento, assim como diversos outros problemas, provocou a guerra guaranítica, que levou vários indígenas à situação de cativeiro em missões sob regime de escravidão. Contudo, o pesquisador alerta que até hoje, através de resistências diversas, os indígenas nunca deixaram de frequentar a região de Porto Alegre e seus entornos. Logo, essa permanência pode ser traçada como contínua até os dias atuais, como exemplificado pelo artesanato e agricultura.

Os povos africanos e afrodescendentes também são apresentados, já no final do livro, como essenciais para um entendimento etno histórico mais aprofundado não somente da região porto alegrense, mas também do próprio estado do Rio Grande do Sul, posto que são encontrados quilombos em diversas regiões.

O autor explora como esses grupos resistiram e se apresentam até os dias atuais como produtores essenciais nos inúmeros setores econômicos da cidade, como as atividades domésticas nos meios rural e urbano. O autor ainda salienta que a luta de tais grupos tem sido frutífera, já que através delas conquistaram suas terras historicamente ocupadas. Vicroski dá enfoque ao Quilombo da Anastácia, pioneiro na luta pelos direitos a posse de propriedade quilombola e auxiliou diversos quilombos vizinhos a se estabelecerem formando uma cadeia de suporte mútuo.

A conclusão do livro se propõe a arrematar as reflexões e destacar a diversidade da região, além de ressaltar a etno-história, em conjunto com a arqueologia, como campos do conhecimento chaves para revelar essa diversidade, que torna não somente a sociedade mais tolerante por reconhecer seus traços culturais, históricos e genéticos, como mais perceptiva com sua própria história, reconhecendo esses grupos indígenas e afrodescendentes.

Vicroski obtém sucesso com o objetivo deste livro, demonstrando conhecimento da produção acadêmica sobre o assunto e explicando suas ideias com linguagem didática, lançando mão de imagens e raciocínios leves, para que quem não tem contato com o trabalho desenvolvido tenha um vislumbre básico, mas repleto de conteúdo substancial. O pesquisador se debruça sobre uma importante tarefa, cada vez mais necessária nos dias atuais: a divulgação das ciências humanas e a reafirmação da importância desses saberes. Em momentos não tão otimistas como os quais se vive atualmente, em que bolsas de estudo são cortadas (PORTARIA…, 2020) sem motivo justificável ou em que autoridades se manifestam contra a preservação de sítios arqueológicos em tom jocoso (SPERB, 2019), divulgar a importância da pesquisa na construção de um país mais igualitário é essencial.

Referências

HARTOG, François. Tempo e Patrimônio. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 22, n. 36, p. 261-273, 2006.

SILVA, Ana Flávia Sousa. Complexo Arqueológico Serra do Morcego, Caxingó (PI): proteção, conservação e manejo de sítios arqueológicos de registros rupestres. 2014. 150 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia e Arqueologia) – Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2014.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. Premissas para a formulação de políticas públicas em Arqueologia. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 33, p. 37-57, 2007.

PORTARIA da Capes corta bolsas de diversos programas de pós-graduação. Andes, 24 mar. 2020. Acesso em: 08 jul. 2020.

SPERB, Paula. Cocozinho petrificado de índio barra licenciamento de obras, diz Bolsonaro. Folha de S. Paulo, 12 ago. 2019. Acesso em: 08 jul. 2020.

Bruno Stori –  Estudante do 5º período do curso de História (Licenciatura e Bacharelado) na Universidade Federal do Paraná. É bolsista do PET História UFPR.

Helena Putti Sebaje da Cruz – Estudante do 3º período do curso de História (Licenciatura e Bacharelado) na Universidade Federal do Paraná. É bolsista do PET História UFPR.

Kauana Silva de Rezende – Estudante do 7º período do curso de História (Licenciatura e Bacharelado) na Universidade Federal do Paraná. É bolsista do PET História UFPR.

Walter Ferreira Gibson Filho – Estudante do 7º período do curso de História (Licenciatura e Bacharelado) na Universidade Federal do Paraná. É bolsista do PET História UFPR.


VICROSKI, Fabrício José Nazzari. Breve contextualização arqueológica e etnohistórica de Porto Alegre e região. Porto Alegre: Sírius Estudos e Projetos Científicos, 2020. Resenha de: STORI, Bruno; CRUZ, Helena Putti Sebaje da; REZENDE, Kauana Silva de; GIBSON FILHO, Walter Ferreira. Cadernos de Clio. Curitiba, v.9, n.1, p.144-149, 2018. Acessar publicação original [DR]

A escola como cultura: experiência, memória e arqueologia – BENITO (RBHE)

BENITO, Augustin Escolano. A escola como cultura: experiência, memória e arqueologia. Campinas: Alínea, 2017. Resenha de: MAGALHÃES, Justino. Revista Brasileira de História da Educação, n.18, 2018.

Este livro é uma tradução do título La escuela como cultura: experiencia, memoria, arqueologia, de Agustín Escolano Benito. A tradução foi feita por Heloísa Helena Pimenta Rocha (UNICAMP) e Vera Lucia Gaspar da Silva (UDESC). No Prefácio, Diana Vidal adverte o leitor que, pelo tema, pela escrita do autor e pelo enlevo da leitura, está perante um livro ‘inescapável’. Na Apresentação, as tradutoras previnem que, na migração entre as duas línguas, a tradução foi por elas pensada como interpretação e adaptação consciente, no esforço de “[…] compreender as reflexões do autor e torná-las compreensíveis” (Escolano Benito, 2017, p. 18).

O livro é composto por Introdução – A escola como cultura– e quatro capítulos: Aprender pela experiência; A práxis escolar como cultura; A escola como memória; Arqueologia da escola. Termina com Coda: cultura da escola, educação patrimonial e cidadania.

Qual é o objecto do livro que Agustín Escolano agora publica? Em face do título enunciado, através da comparação A escola como cultura, o que fica de facto resolvido no livro – o assunto escola ou o objecto cultura? E o que contém o subtítulo Experiência, memória e arqueologia, que relação há entre estes enunciados? Mais: Que relação entre o subtítulo e o título? O subtítulo reporta à escola ou à cultura? Ou aos dois termos, estabelecendo dialéctica através de ‘como’, ou seja, dando curso à comparação? Experiência, memória e arqueologia não são termos de igual natureza, nem de igual grandeza. Reportarão a um mesmo referente? A escola é parte da vida e foi experienciada ou mesmo experimentada pelos sujeitos, individuais ou colectivos. Daqui decorrem marcas que constituem memória – a experiência. A arqueologia reporta à materialidade e simbologia que ganham significado a partir de um olhar externo, deferido no tempo. A operação arqueológica permite a (re)significação de marcas que sejam apenas reminiscências.

A interpretação mais subtil para o título reside porventura na capacidade ardilosa e densa de Agustín Escolano em conciliar educação e história através da escola como cultura. A substância e o sentido da escola residem na cultura. Em cada geração, foi como cultura que a escola se substantivou, e foi como experiência que se tornou significativa. Para as gerações actuais, a escola é cultura e experiência, mas é também memória e arqueologia. Como refere o autor, a escola-instituição foi por diversas vezes questionada, mas a educação precisou (e precisa) da escola, como fica assinalado pela confluência de diferentes variações pedagógicas.

A história e a historiografia acautelaram essencialmente o institucional. Agustín Escolano entende, todavia, que é fundamental e significativo no plano educacionale de cidadania salvaguardar o cultural. A cultura escolar apresenta materialidade e historicidade, constituindo uma fenomenologia do educável e desafiando a uma hermenêutica como currículo e como representação. Dialogando com uma constelação de disciplinas é na etno-história que o autor encontra a ‘episteme’ e a matriz discursiva para o estudo que apresenta.

Pode aventar-se que este livro é um ensaio-manifesto. Agustín Escolano procura dar nota de uma genealogia e de uma evolução da cultura e da forma escolar, compostas por distintas dimensões processuais e orgânicas, e comportando descontinuidades, contextualizações, adaptações que não comprometeram o que frequentemente designa de ‘gramática da escola’ ou de ‘forma escolar’. Refere que esse historial está plasmado nas narrativas sobre experiências e modalidades orgânicas, nos restos materiais e arqueológicos sobre a realização escolar, nas memórias individuais e colectiva, enfim, na arqueologia como substância e método para a reconstituição e a interpretação do passado. Tal como a entende Escolano, a etno-história congrega estas distintas instâncias, devidamente apoiada na arqueologia, na fenomenologia e iluminada por um labor hermenêutico, aberto à complexidade e à interdisciplinaridade.

A escola como cultura: experiência, memória e arqueologia contém uma história da escola, mas é sobretudo uma argumentação sobre a articulação entre escola e cultura e sobre a (re)significação da história-memória da escola como cidadania.

Na Introdução, o autor procura justificar o título do livro focando-se no enunciado ‘a escola como cultura’. Incide fundamentalmente sobre as práticas, posto que são inerentes ao escolar e, em seu entender, não têm sido objecto de um labor apurado por parte da teoria educativa e da história. Tal vazio constata-se no que reporta aos fundamentos, mas torna-se sobretudo notório no que respeita à recepção, seja esse vazio alocado às instituições ou à mediação e adaptação de conteúdos e práticas por parte dos professores, ou seja, por fim, às práticas incorporadas e apropriadas enquanto pragmática da educação. O autor chama a si o ensejo de dar a conhecer como a práxis escolar se constituiu em cultura.Inerente à práxis, sua evolução e sua conceitualização, está uma praxeologia resultante de uma depuração e de uma espécie de darwinismo que intriga o autor. Se em cada momento a pragmática educativa foi um habitus, há que analisar a evolução semântica desta constante.

No primeiro capítulo ‘Aprender pela experiência’, Agustín Escolano coloca a inevitabilidade da inscrição espacial e temporal das práticas, mas admite também a linha de continuidade, sem o que não será possível uma racionalidade inerente à prática. Partindo da figura do professor, reforça a noção de experiência como contraponto à focalização externa. Recorrendo a Michel de Certeau, refere que as circunstâncias não actuam fora de um racional. A constituição da práxis em cultura e da cultura em experiência são inerentes ao escolar – “Como instituição social, a escola abriga entre seus muros situações e ações de copresença, que resultam em interações dinâmicas” (Escolano Benito, 2017, p. 77). A cultura escolar congrega aspectos vários, incluindo a dimensão corporativa e a grande parte das práticas escolares integram um “[…] regime de instituição” (Escolano Benito, 2017, p. 88). A cultura empírica da escola constitui uma ‘coalizão’ nomeadamente entre ideais, reformas educativas, ritos e normas, práticas experiências profissionais.

No segundo capítulo ‘A práxis escolar como cultura’, o autor procura inquirir em que medida a pedagogia como ‘razão prática’ poderá explicar ou governar a esfera empírica da educação, pois que, como disciplina formal e académica, tem permanecido associada aos sectores político-institucional. Nesse sentido, a cultura empírica afigura-se como ingénua e não científica, e o seu valor etnográfico reside no plano descritivo, a que foi sendo contraposta uma racionalidade burocrática. Numa perspectiva sócio-histórica, a escola é uma construção cultural complexa que seleciona, transmite e recria saberes, discursos e práticas assegurando uma estabilidade estrutural e mantendo uma lógica institucional. Mas, para Agustín Escolano, em articulação com a cultura empírica da escola desenvolveram-se duas outras culturas: “[…] uma que ensaiou interpretá-la e modelá-la com base nos saberes (cultura académica) e outra que intentou governá-la e controlá-la por meio dos dispositivos da burocracia (cultura política)” (Escolano Benito, 2017, p. 119). Na sequência, retoma vários contributos que convergem na centralidade da cultura empírica associada ao ofício docente, seja referindo-se-lhe, entre outros aspectos, como arte e ‘tato’/ prhónesis, seja referindo-se à formalidade escolar como gramática e ao recôndito da sala de aula como ‘caixa-negra’. Centra-se, por fim, no binómio hermenêutica/ experiência, associado à narratividade dos sujeitos, para sistematizar o que designa de etno-história da escola, cujas orientações metódicas resume a: estranhamento, intersubjectividade, descrição densa, triangulação, intertextualidade.

O capítulo 3, ‘A escola como memória’, permite ao autor glosar o que designa de hermeneutização das memórias – assim as dos professores, quanto as dos alunos. São diferentes quadros em que o material e o simbólico se cruzam, permitindo sistematizar o que Agustín Escolano designa de ‘padrões da cultura escolar’: atitudes, gestos, formas retóricas, formas de expressão matemática. “A escola foi das instituições culturais de maior impacto no mundo moderno” (Escolano Benito, 2017, p. 202), pelo que a memória escolar é interpretação e pode ser terapia. Hermeneutizar as memórias escolares é retomar as pautas antropológicas de pertença e é valorizar uma fonte de civilização.

Se toda a obra vai remetendo para o CEINCE – Centro Internacional de la Cultura Escolar – do qual Agustín Escolano é fundador-director –, o quarto capítulo, ‘Arqueologia da escola’, é um modo sábio e fecundo de apresentar, justificar e conferir valor patrimonial e significado educativo a um Centro de Cultura e Memória da Escola, na sua materialidade e na profunda razão de ser como lugar de história e antropologização da história, e como fonte de subjectivação. Repegando a arqueologia como desígnio, são ilustradas de modo singular as virtualidades do CEINCE.

Em modo de epílogo, o autor escreve ‘Coda – cultura da escola, educação patrimonial e cidadania’, na qual dialoga com a moderna museologia, buscando lugar, sentido e significado para a preservação do passado. Que fazer com os testemunhos do passado? Agustín Escolano, com legitimidade e com a propriedade que lhe assiste, não hesita em contestar a estreiteza da memória oficiosa da escola, que poderá servir objectivos de governabilidade da educação e até alguns ensejos patrimoniais, mas o Museu investe-se de novo sentido na medida em que combine o racional e o emocional, tornando possível uma educação patrimonial. A memória escolar é pertença de todos e a todos respeita.

Por onde viajam o pensamento e a escrita de Agustín Escolano? Como constrói o discurso, alimenta o texto, fundamenta o argumento? Que unidade no diverso? Que dialéctica? Ensaio, manifesto, narrativa? Originalidade, glosa, réplica?

Este livro é formado por textos que têm um mesmo quadro de fundo. Há referências de assunto e de autores que se repetem, dando a cada capítulo uma unidade. Mas há uma trama, uma unidade de conjunto, uma sequência e uma ordem que consignam o livro. O argumento evolui para a arqueologia como materialidade-testemunho e como ciência-tese. Preservar e hermeneutizar – eis dois verbos-chave para (re)significar a memória escolar. A história da escola é formada por permanência e mudança.

Agustín Escolano dialoga antes de mais consigo próprio, gerando enigmas, esboçando uma trama, fazendo evoluir uma tese. Os autores que revisita (e são muitos – porventura todos os que, domínio a domínio, podem ser tomados como principais) são interlocutores cujos enunciados servem o texto do autor, sem prevalências nem rebates desnecessários. São personagens de uma peça maior, quiçá interdisciplinar, que é a cultura escolar, ou melhor, a escola como cultura. Agustín Escolano escreve sem reservas. Referenciou os principais autores e compendiou os assuntos nucleares. Mas, sobretudo, escreve com a propriedade que lhe advém de uma tão ampla como aprofundada cultura erudita e pedagógica. Escreve com a soberania que lhe assiste enquanto senhor de uma materialidade e de uma cartografia representativas do institucional escolar, tal como foi sendo constituído, concretizado, globalizado desde a Antiguidade Clássica.

A escola como cultura: experiência, memória e arqueologia é fundamental e disso se apercebe o leitor desde a primeira página. Não é necessariamente um livro consensual, mas um bom mestre é-o enquanto senhor de uma verdade que serena e fomenta novas questões. Agustín Escolano é mestre-exímio. Assim o presente livro seja acolhido com as virtualidades que lhe cabem.

Justino Magalhães – Historiador de Educação. Professor Catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Investigador Colaborador do Centro de História da Universidade de Lisboa. E-mail: justinomagalhaes@ie.ulisboa.

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Castillos de Teruel. Historia y Patrimonio – ARCT (C-HHT)

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Castillo de Mora de Rubielos./ Imagen cedida por Shutterstock. https://www.lugaresconhistoria.com/

ASOCIACION 2018 Castillos de Teruel1 The clay World of ÇatalhöyükASOCIACIÓN para la Recuperación de los Castillos Turolenses [ARTC]. Castillos de Teruel. Historia y Patrimonio. (Actas de las I Jornadas Castillos de Teruel: de la puesta en valor a la didáctica). Mora de Rubielos:  Qualcina, 2018. 95p. Resenha de: JIMÉNEZ, Miguel Ángel Pallarés. Clío – History and History Teaching, Zaragoza, n.44, 2018.

La provincia de Teruel, la más meridional de las tres que conforman la Comunidad Autónoma de Aragón, ha sido escenario de numerosos conflictos bélicos desde la Alta Edad Media hasta la última Guerra Civil, por lo que la arquitectura defensiva ha sido una constante de su paisaje humano; de hecho, están documentadosen su territorioalrededor de 600 puntos fortificados datados entre el siglo X al XIX, desde la época andalusí hasta las Guerras Carlistas. Son por tanto uno de los elementos más característicos del patrimonio histórico y cultural turolense, y en su restauración y conservación se ha realizado un gran esfuerzo en las últimas décadas, con vistas a su preservación y a su rentabilización como recurso económico, dado el interés que estas construcciones suscitan en la sociedad actual.

De ahí que la Asociación para la Recuperación de los Castillos Turolenses (ARCATUR), Qualcina. Arqueología, Cultura y Patrimonio, y Acrótera Gestión del Patrimonio, promovieran las “I Jornadas Castillos de Teruel”, celebradas en la fortaleza de Mora de Rubielos los días 19 y 20 de octubre de 2018, para tratar sobre la puesta en valor de estos edificios, que suponen los principales recursos turístico-culturales de las localidades donde se levantan; de manera muy acertada, las actas de dicho encuentro fueron distribuidas allí entre los asistentes, de manera que éstos pudieron contar in situ con el material expuesto en las ponencias, reunido en el libro que aquí reseñamos. Esto es algo muy a tener en cuenta, puesto que estamos acostumbrados a que los trabajos presentados a coloquios o congresos relacionados con las Ciencias Sociales tarden en ser publicados un tiempo(a veces más dilatado que lo que sería recomendable), por lo que se pierde frescura y novedad cuando pueden ser por fin leídos.

Además, Castillos de Teruel. Historia y Patrimonio, libro que recoge dichas actas yque ha sido editado con la ayuda del Gobierno de Aragón, la Diputación de Teruel, el Grupo de Investigación ARGOS de la Universidad de Zaragoza y los distintos entes municipales que poseen fortificaciones y aparecen en el libro, cuenta con un formato muy manejable y atractivo, con una tipografía amable y un destacado apartado gráfico, con numerosas fotografías actuales a color, mapas de situación del Instituto Geográfico Nacional; y cartografía base, planos y plantas de las distintas fortalezas, materiales que en algunas ocasiones son antiguos, como lo son algunos grabados y fotografías en blanco y negro que se incluyen. Para una mayor utilidad de la publicación, se han incluido al final de cada capítulo dos prácticos apartados: “Para saber más”, donde se cita una sucinta bibliografía relacionada con cada castillo; e “Información útil”, donde se muestran los horarios de apertura para visitar dichos edificios y los teléfonos de contacto de quienes se encargan de mostrarlos.

Tras una breve presentación a cargo de Rubén Sáez Abad, presidente de ARCATUR, donde se advierte del variado origen y tipología de la arquitectura castral turolense, y se confirma la aspiración de que sean motor de desarrollo en los lugares donde se asientan; se da paso a una visión de conjunto firmada por dicho autor, Jesús Franco y Javier Ibáñez, profesores de Didáctica de las Ciencias Sociales e Historia del Arte de la Universidad de Zaragoza, respectivamente; en este capítulo se hace un repaso de las distintas fortificaciones turolenses, agrupados por comarcas, según la relación de castillos y su localización, registrada en la Orden de 17 de abril de 2006 del Departamento de Educación, Cultura y Deporte del Gobierno de Aragón.

Se ofrece a continuación una visión actualizada de la información histórica, patrimonial y turística de nueve fortalezas punteras de la provincia, que tienen en común que son visitables tras dicho esfuerzo restaurador y el pertinente acondicionamiento de sus instalaciones: a cargo del citado Javier Ibáñez, los castillos de Mora de Rubielos y Alcalá de la Selva, en el segundo caso en colaboración de José F. Casabona; el dePuertomingalvo, de estos dos autores y Ruben Sáez; el de Castellote, firmado por Casabona; el de Albarracín, de Antonio Jiménez Martínez; el de Peracense, de Jesús Franco y Antonio Hernández Pardos; el de Alcañiz, de José Antonio Benavente; el de Albalate del Arzobispo, de Marta Clavería; y el de Valderrobres, de Manuel Siurana.

Cierra el libro un capítulo que redondea la obra, “Interpretación y didáctica en recintos fortificados”, escrito por Jesús Franco y Darío Español, también profesor de Didáctica de las Ciencias Sociales de la Universidad de Zaragoza. Exponen estos autores que se lleva un tiempo trabajando en la dinamización de una serie de castillos de Teruel y, para que el esfuerzo sea óptimo, el patrimonio ha de ser gestionado correctamente (sea desde ámbitos públicos o privados), sin perder el hilo de la definición de los objetivos que se pretenden, a saber: la investigación, la conservación y la comunicación global del patrimonio, punto último que pretende la notoriedad (que nos conozcan y sepan qué actividades realizamos), influir en la imagen mental que los demás tienen de nuestro patrimonio y un interés comercial.

Aparte del esfuerzo divulgador, que no asegura la asimilación de la información, la educación patrimonial tiene que basarse en la interpretación y la didáctica. El hecho de poder visitar una de estas fortalezas ya tiene un potencial didáctico muy potente,pero no suficiente, por lo que se deberían establecer actividades interpretativas que permitieran ampliar conocimientos, a la vez que aportaran valores de conservación y respeto al patrimonio; de hecho, los recursos informativos pasivos (paneles, maquetas, visitas o recursos audiovisuales o informáticos en lo que no hay opción de interacción) son mucho menos efectivos que los activos (talleres, recreación de procesos, juegos de simulación, representaciones, realidad virtual, etc.). Por ello, Franco y Español proponen dos de los activos como herramientas poderosas de dinamización e interpretación de los recintos fortificados turolenses: la recreación histórica (o “reenactment”) y los recursos digitales, que permitan la reconstrucción de escenas históricas, la recreación y restitución de espacios patrimoniales, geolocalizadores, etc.; siguiendo el modelo estadounidense de los museos al aire libre, que fue adoptado muy pronto en Centroeuropa. Para los autores, la didáctica del patrimonio tiene que considerar a los castillos una fuente primaria a analizar, con una carga de valores identitarios y empáticos vinculada a la localidad donde se halla, lo que es palpable en el territorio turolense; siendo la interpretación el instrumento adecuado para decodificar la realidad patrimonial. Si los modelos son adecuados y creativos, bien diseñado el programa didáctico y la difusión, la atracción turística estaría asegurada, además de servir de acicate a la investigación y divulgación de la historia de dichos castillos y su territorio.

Miguel Ángel Pallarés Jiménez – Universidad de Zaragoza, Grupo de investigación ARGOS. E-mail: miguelap@unizar.es

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Fundamentos da Paleoparasitologia – FERREIRA et al (CA)

FERREIRA, Luiz Fernando; REINHARD, Karl Jan; ARAÚJO, Adauto (Orgs.). Fundamentos da Paleoparasitologia. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 483 páginas, 2011. Resenha de: MARTIN, Gabriela. Clio Arqueológica, Recife, v. 32, n. 1, p. 189-191, 2017.

A Paleoparasitologia tem-se desenvolvido amplamente no Brasil nas últimas décadas, e esse avanço deve-se em grande parte aos trabalhos dos pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, sediada no Rio de Janeiro.

Desde o edifício de arquitetura eclética, conhecido como Castelo Mourisco e que se destaca na paisagem de Manguinhos, na cidade do Rio de Janeiro, os pesquisadores que organizaram a obra que aqui resenhamos foram pioneiros no Brasil ao tratar de uma ciência que hoje representa um pilar inamovível no estudo da Pré-história. Das ciências propedêuticas da Arqueologia, é a Paleoparasitologia a disciplina que, junto à Antropologia Física, mais auxilia no estudo e no conhecimento do homem antigo.

Trinta e um autores participam de Fundamentos da Paleoparasitologia, que, com 28 trabalhos de síntese, compõe a coletânea mais completa já publicada sobre o tema no Brasil e extrapola o conhecimento puramente parasitológico para adentrar nas origens e nos caminhos seguidos pelo Homo sapiens no povoamento das Américas.

O livro está dividido em quatro partes claramente diferenciadas. Na primeira, os oito artigos incluídos no item Os Parasitos, Hospedeiros Humanos e o Ambiente apresentam um viés histórico, que se completa com o artigo Parasitos como Marcadores de Migrações Pré-históricas, de autoria de Adauto Araújo, Karl Jan Reinhard, Scott Gardner e Luiz Fernando Ferreira, trabalho especialmente importante para os arqueólogos.

A Parte II versa sobre Vestígios de Parasitos Preservados em Diversos Materiais, Técnicas de Microscopia e Diagnóstico Molecular, com 11 artigos que nos informam sobre os diversos materiais onde os parasitos são detectados, âmbar incluído. A Parte III, denominada O Encontro de Parasitos em Material Antigo: Uma Visão Paleogeográfica, relaciona os mais importantes achados arqueológicos nos cinco continentes. Finalmente, essa importante obra encerra-se na Parte IV, intitulada Estudos Especiais e Perspectivas, com trabalhos sobre documentação histórica e métodos em Paleoepidemiologia.

Fundamentos da Paleoparasitologia é sem dúvida um dos grandes logros da Fiocruz e uma obra que não deve faltar na biblioteca de pré-historiadores e arqueólogos em geral.

Gabriela Martin – Programa de Pós-graduação em Arqueologia e Preservação Patrimonial, UFPE. E-mail: gabrielamartinavila@gmail.com

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[MLPDB]

Roman Temples, Shrines and Temene in Israel – OVADIAH; TURNHEIM (Topoi)

OVADIAH, Asher; TURNHEIM, Yehudit. Roman Temples, Shrines and Temene in Israel. Roma: Giorgio Bretschneider Editore, 2011. 155páginas e 78 pranchas. Resenha de: BASTOS, Marcio Teixeira. Espaços sagrados na Palestina romana: arqueologia, imperialismo e a multiplicidade ritual no Oriente Médio. Topoi v.17 n.32 Rio de Janeiro Jan./June 2016.

Asher Ovadiah e Yehudit Turnheim oferecem um trabalho pioneiro de pesquisa que contribui amplamente para o estudo da arquitetura e da cultura material associada aos lugares de culto em Israel; assim como para a investigação das distintas manifestações daquilo que foi considerado sagrado no período romano e a ocupação das múltiplas topografias na região. Este é o primeiro livro a tratar da arquitetura dos templos erigidos em Israel e da cultura material associada a ocupação dos templos, santuários e témenos no período romano (em seu contexto maior, a parte sul da extensa Província da Síria Romana e suas consequentes transformações). O estado de conservação dos sítios arqueológicos, o número limitado de escavações e a escassez de publicações sobre templos romanos escavados nessa parte do império são obstáculos que limitam a imagem e abrangência do esforço de abordagem feito pelos dois arqueólogos da Universidade de Tel Aviv na tentativa de reconstrução de práticas e lugares de culto em Israel durante esse período. A faixa cronológica dos templos, santuários e témenos discutidos neste livro se estende ao longo de um período que compreende desde o reinado de Herodes até o início da dinastia Dioleciana (primeiro século AEC até terceiro século EC).

Os autores decidiram não separar a discussão entre santuários e templos, e em alguns casos eles são apresentados conjuntamente. Um olhar apurado sobre a lista apresentada na obra mostra claramente quão variado e diferentes entre si são estes complexos. O livro é dividido em duas partes distintas: na primeira, são abordados onze sítios arqueológicos e seus respectivos santuários e templos; na segunda parte, é apresentada uma discussão de treze outros lugares, baseada essencialmente em fontes históricas, literárias, epigráficas e numismáticas, mais do que em vestígios das edificações nos sítios arqueológicos na região. Convém salientar que alguns dos sítios abordados nunca foram escavados, como é o caso da Caverna de Elijah, no Monte Carmelo; e outros sítios arqueológicos escavados não têm até hoje seus resultados completos de escavação publicados. Esse é o caso do santuário de Paneas (Banias), e dos três templos localizados em Citópolis (Beth Shean), que foram escavados há mais de dez anos e ainda aguardam a publicação completa e resultados finais dos trabalhos executados.

Nesse mesmo sentido, os autores apresentaram crítica ao trabalho desenvolvido pela Universidade de Minnesota no templo de Omrit, na Alta Galileia, salientando que até aquele momento nenhum resultado havia sido publicado sobre o sítio. Contudo, durante o mesmo ano de edição do livro aqui resenhado, Andrew Overman e Daniel Schowalter publicaram os resultados preliminares das escavações no templo de Omrit (J. Andrew Overman e Daniel N. Schowalter, The Roman Temple Complex at Horvat Omrit: An interim report, BAR International Series 2205). A crítica de Ovadiah e Turnheim não ficou sem resposta. Dois anos depois, Andrew Overman em resenha para o Journal of Roman Archaeology (2013, vl. 26, p. 877-878) procurou rebater as assertivas analisando o livro dos autores. Por sua vez, Arthur Segal, da Universidade de Haifa, em resenha publicada em 2011 (Roman Temples, Shrines and Temene in Israel, Israel Exploration Journal, v. 61, n. 2, p. 242-246) já havia alertado para a dificuldade que os autores enfrentaram na tentativa de proporcionar uma imagem balanceada do que foi denominado como “Arquitetura do Culto Romano em Israel”. Apesar de tais críticas, é preciso salientar que, em função do quadro variado e obstáculos de acesso à informação, Ovadiah e Turnheim chegaram à conclusão de que não é aconselhável, para o momento, estabelecer uma tipologia de construção para as edificações dos templos e santuários romanos em Israel.

Na primeira parte do livro (que corresponde a onze sítios arqueológicos) são abordados: 1 – Paneas-Banias / Cesareia Philippi; 2 – Horvat Omrit; 3 – Templo de Baal Shamin, em Kedesh; 4 – Beth Shean / Citópolis; 5 – Caverna de Elijah, Monte Carmelo; 6 – Dor; 7 – Cesareia Marítima; 8 – Samaria-Sebaste; 9 – Templo de Zeus Hypsistos, Monte Gerizim; 10 – Jerusalem / Aelia Capitolina; 11 – Témenos de Elonei Manre e Me’arat Hamachpelah / Tumba dos Patriarcas, em Hebrom. Já na segunda parte os treze lugares que compõem a obra são apresentados sob o título “Varia“. São eles: Keren Naphtali / Khirbet Harrawi; Bethsaida; Hippos / Sussita; Tiberíades; Beset; Acre (Akko) / Ptolemais; Antipátrida (Aphek) / Antipatris; Jaffa / Jope; Beth Guvrin / Eleutheropolis; Ascalon / Askelon; Gaza; e Elusa / Halutza. O Epílogo finaliza o livro e um apêndice sobre as fontes literárias, bem como a reprodução das fotos dos sítios arqueológicos, são providos no final da obra.

Os templos e santuários dedicados a Pan e outros deuses, situado no sopé da caverna de Paneas em Banias, na Alta Galileia, é um local que formou, na Antiguidade, um fascinante complexo religioso. Porém, como referido, poucos resultados das escavações foram publicados em mais de dez anos após o fim das atividades. Nesse sentido, merece destaque o estudo da cerâmica ritual encontrada no sítio. O estudo feito por Andrea Berlin, da Universidade do Minnesota, em The Archaeology of Ritual: The Sanctuary of Pan at Banias/Caesarea Philippi apresenta excelente descrição das possíveis atividades realizadas no local. Nesse contexto de escassez de publicações, a descrição do sítio apresentada por Ovadiah e Tunheim é uma fonte essencial para compreender o espaço, uma vez que tem por base, principalmente, os relatórios preliminares de escavação, além da obra de Zvi Uri Ma’oz, Baniyas in the Graeco-Roman Period: A History Based on the Excavations. No livro é possível encontrar uma análise das fontes escritas, epigráficas e numismáticas relacionadas com o sítio. Os autores procuraram utilizar toda a informação disponível, a fim de proporcionar, na medida do possível, uma imagem objetiva dos templos e santuários descritos nessa obra.

Santuário de Omrit Alta Galileia Foto Marcio Teixeira Bastos The clay World of Çatalhöyük

Figura 1 Santuário de Omrit, Alta Galileia (Foto: Marcio Teixeira Bastos)

No santuário de Omrit, que ainda passa por escavações realizadas pela equipe da Universidade de Minnesota (Macalester College), foram descobertos três templos romanos. O templo mais antigo foi erguido no primeiro século AEC, talvez nos tempos de Herodes. O segundo, que teve um plano tetrastilo períptero, foi construído no final do primeiro século AEC ou início do primeiro século EC, enquanto o terceiro templo, com um plano hexastilo períptero, seria uma expansão de seu antecessor e teria sido construído no decorrer do segundo século EC. Mesmo que a escavação ainda esteja em curso, não há dúvidas de que este sítio é um dos mais impressionantes templos romanos encontrados em Israel. A respeito de Horvat Omrit, os autores inferem que possivelmente o sítio serviu como um claro referencial paisagístico, assim como para propósitos eróticos e orgásticos de culto. Contudo, nada em Omrit parece sustentar essa especulação e mais evidências são necessárias para tal inferência.

As escavações no magnífico templo de Hippos/Sussita e algumas recentes publicações têm consideravelmente impactado o modo como tem sido entendido e abordado o leste do mar da Galileia e as cidades da Decápolis, brevemente abordadas pelos autores no livro. Arthur Segal e uma equipe de pesquisa da Universidade de Haifa têm publicado consistentemente sobre o tema nos últimos anos (SEGAL, Arthur et al. Hippos-Sussita of the Decapolis. The first twelve seasons of excavations 2000-2011. v. I, Haifa: The Zinman Institute of Archaeology, University of Haifa, 2013 ).

Ainda na primeira parte do livro, uma detalhada descrição do Templo de Baal Shamin em Kedesh (escavado por Ovadiah, Fischer e Roll em 1984) é apresentada. Sem dúvida um trabalho de fôlego sobre um templo romano preservado em estado satisfatório (os resultados das escavação desse sítio foram publicados amplamente). A respeito da caverna no Monte Carmelo, o questionamento de Overman sobre a estrutura ali existente é válido: trata-se de templo, santuário ou témenos? Provavelmente nenhuma dessas opções, como Ovadiah e Turnheim afirmam, tendo em vista que não existe evidência da ocupação da caverna em período romano. Assim, as duas páginas sobre esse sítio dependem em maior medida de algumas fontes literárias, notadamente Tácito (Hist. 2.78), que também afirma não haver um templo no lugar, mas considera que a “tradição da Antiguidade” reconhecia no local a presença de um altar e associação sagrada.

Assim, conforme salienta Mircea Eliade em O sagrado e o profano: a essência das religiões, dentro das práticas de consagração dos espaços, a valorização e a desvalorização de locais sagrados organiza uma hierarquização dos lugares e dos territórios. Isto contribui para o fortalecimento e/ou enfraquecimento do referencial de territórios ocupados na composição dos espaços. A seleção e consagração dos lugares depende em maior medida da capacidade que uma dada modalidade do sagrado tem de criar tipos de associação e uma rede de memórias atreladas à irrupção do sagrado naquele determinado contexto. As edificações sagradas e, portanto, os lugares em que elas se encontram, contribuem para a inteligibilidade associativa do que é considerado sacro e do que é considerado profano.

Entre os capítulos VII e VIII, Ovadiah e Turnheim descrevem dois templos erigidos sob a patronagem de Herodes durante o primeiro século AEC em honra e culto ao imperador Augusto. Estes são o Augusteum de Cesareia Marítima e o Augusteum de Samaria-Sebaste. Contudo, as publicações sobre Cesareia Marítima são mais consistentes para os estudiosos que procuram aprofundar o entendimento a respeito do sítio (ver HOLUM, Kenneth et al. Caesarea reports and studies: excavations 1995-2007. Oxford: Archaeopress, 2008 e PATRICH, Joseph. Studies in the archaeology and history of Caesarea Maritima. Leiden; Boston: Brill, 2011). Apesar dos poucos itens de decoração arquitetônica desenterrados e dos comprometidos segmentos das paredes das fundações do templo, o esforço de pesquisa dos autores proporciona uma imagem crível do santuário, construído sobre uma plataforma artificial na costa do Mediterrâneo, a alguns metros do porto da cidade (nominado de Sebastos). Melhor preservado estava o Augusteum em Samaria-Sebaste, localizado no ponto mais alto da cidade, como parte de outro magnífico santuário. Embora escavado na primeira metade do século XX por equipes norte-americanas e britânicas, as pesquisas estão ainda em desacordo a respeito dos estágios de construção e do plano do templo (REISNER, George Andrew; FISHER, Clarence Stanley; LYON, David Gordon. Harvard Excavations at Samaria, 1980-1910. Cambridge: Harvard University Press, 1924, 2v.; CROWFOOT, John Winter; KENYON, Kathleen Mary; SUKENIK, Eleazar Lipa. The Buildings at Samaria I. London, Palestine Exploration Fund, 1942; Netzer, E. The Augusteum at Samaria-Sebaste: A New Outlook. Eretz-Israel, v. 19, 1987, p. 97-105). O livro de Ovadiah e Turnheim oferece aqui um excelente material comparativo e elucidativo para compreender a questão.

Pouco restou do templo de Zeus Hypsistos, escavado em Tell er-Ras em Monte Gerizim. Entretanto, a escavação e a riqueza de informações numismáticas e das fontes históricas permitiram uma reconstrução dos planos do santuário e do templo (MAGEN, Yitzhak. Mount Gerizim; MAGEN, Yitzhak. Flavia-Neapolis, Shekhem in the Roman Period. Jerusalém: Israel Exploration Society, 2005). O templo teria um plano tetrastilo períptero, com o santuário retangular construído em dois níveis. Esse templo contava com uma via de procissão (a via sacra) que consistia basicamente em uma longa escada sobre a íngreme encosta da montanha conduzindo diretamente ao santuário no topo do monte. A via sacra ramificava-se a partir da principal via colunata da cidade. No que diz respeito aos quatro templos erigidos em Jerusalém, após ser refundada e renomeada como Élia Capitolina (Aelia Capitolina) em 130 EC, estes lugares foram dedicados às divindades de Zeus/Júpiter, Aphrodite/Venus, Asclepius/Serapis e Tyche/Fortuna, respectivamente. A informação sobre estes templos deriva essencialmente de fontes históricas, literárias e numismáticas, uma vez que pouquíssimos vestígios arqueológicos restaram destas edificações, em grande medida devido ao processo de cristianização da Palestina a partir do quarto século EC. Nesse sentido, assim como a Caverna de Elijah, no Monte Carmelo, seria mais apropriado alocar estes lugares na segunda parte do livro.

A primeira parte do livro encerra-se com a discussão dos dois témenos encontrados nas imediações de Hebron: o témenos de Elonei Mamre e o de Me’arat Hamachpelah (Tumba dos Patriarcas). As edificações foram construídas no final do primeiro século EC, ao que parece no mesmo período em que foram construídos o Augusteum de Cesareia Marítima (e também o de Samaria-Sebaste). Porém, não existe uma relação objetiva entre estas edificações. Os témenos claramente possuem inspiração Oriental e consistem em duas praças retangulares abertas, formada por paredes com sólidos blocos de rocha. Nestes espaços reuniam-se os participantes das cerimônias comunais e ritualísticas. Novamente se torna pertinente a pergunta: como podemos diferenciar estas estruturas? Basicamente, a origem de témenos está associada à escrita micênica Linear B e seu conceito surge associado a um terreno delimitado e consagrado a um deus, portanto, excluído dos usos seculares. O conceito também pode aplicar-se ao topos do bosque sagrado, ou, de modo genérico, à sacralização de uma dada paisagem (Carl Jung em Psicologia y alquimia associa o termo ao conceito do circulo mágico, que atua como um espécie de “lugar seguro”, onde se pode “trabalhar” mentalmente). Contudo, o sentido atribuído a témenos pelos autores está ligado a uma porção de terra em um domínio oficial, especialmente separada para um basileo (soberano) ou anax (rei supremo). Cabe dizer que tal definição necessitaria estar mais evidente no texto.

Muito foi feito em relação ao estudo dos sítios arqueológicos na transição do período Helenístico para o período romano na região e um número cada vez mais elevado de publicações pode ser consultado pelos estudiosos que se dedicam a este amplo e importante tópico de pesquisa. Bem como todos os que pretendem aprofundar seus conhecimentos no tema. Dessa forma, o livro de Ovadiah e Ternheim fornece uma abordagem holística singular sobre o tema que habilita os estudiosos a traçar seus próprios caminhos de pesquisa. No entanto, entre os importantes sítios não contemplados neste livro, merece menção Sepphoris-Zippori, escavado por Zeev Weiss da Universidade Hebraica de Jerusalém, e a publicação do templo romano From Roman temple to Byzantine church: a preliminar report on Sepphoris in transition.

Na segunda parte do livro, treze lugares são abordados de maneira concisa. Embora breves, todas as descrições são baseadas em evidências históricas, epigráficas e numismáticas, com suas respectivas correspondências nos vestígios das edificações, quando presentes. O livro termina com um epílogo. A importância desta breve conclusão, de apenas seis páginas, reside principalmente na análise dos diferentes tipos de fontes empregadas pelos autores na pesquisa. São listados os nomes das dezoito divindades às quais os santuários e templos foram dedicados em Israel e a bibliografia é acompanhada na sequência pela organização de pranchas com ilustrações dos sítios arqueológicos abordados.

Ao final desta resenha é importante relembrar uma das observações presente no prefácio do livro: os sítios da região passaram por profundas modificações materiais ao longo dos séculos. De fato, a deterioração dos templos e santuários pela erosão e outros agentes naturais (entre os quais terremotos que atingiram a região), e a destruição causada por roubo e pilhagem na Antiguidade, bem como o surgimento e o crescimento do cristianismo, são fatores capitais de mudança. A paisagem da Palestina foi radicalmente transformada com a ascensão do cristianismo no Oriente, apropriando sítios, destruindo e reconstruindo templos e santuários, promovendo, assim, a ressacralização dos lugares. Alguns destes complexos religiosos foram deliberadamente “esquecidos” e/ou destruídos na Antiguidade Tardia (quinto e sexto séculos EC) por ordem das autoridades cristãs e imperadores bizantinos, ou convertidos em igrejas e monastérios. Outros tantos foram demolidos pelas gerações posteriores, ou passaram por distintos processos pós-deposicionais (desastres naturais, incêndios, conquistas etc.). Como afirmou Lucrecio, uma faísca aqui e outra ali provoca um incêndio generalizado.

O número residual de templos romanos sobreviventes em Israel é muito pequeno se comparado à evidência e à preservação dos templos no Líbano, Jordânia e na Síria. A razão para esta discrepância parece ser evidente: as montanhas pouco povoadas e de difícil acesso do Líbano, o tamanho e a distância destas áreas na Síria e Jordânia, além da perda do controle da região durante a Idade Média. No entanto, as fontes literárias, as analogias arqueológico-arquitetônicas e as evidências circunstanciais, fornecem informações suficientes para a compreensão dos contextos e das transformações ocorridas na Antiguidade nessa região. As percepções culturais evidenciadas nestes lugares sagrados e os complexos religiosos do período romano em Israel demonstram como o imperialismo romano atuou eficazmente através da religião e como a veneração e adoração de muitas e variadas divindades dos panteões orientais e greco-romanos foram combinadas e consubstanciadas, fomentando a multiplicidade ritual do período. Além disso, é permitido supor que estes sítios arqueológicos, templos e santuários, demonstram não somente a realidade arquitetônica, mas também a atmosfera religiosa-cultual do período.

Entretanto, não é possível encerrar essa resenha a respeito dos templos romanos em Israel sem a profunda lástima sobre a destruição dos templos de Baal-Shamin (convertido em igreja no quinto século EC) e Baal (Bel) em Palmyra. Assim como sobre o descalabro que foi acometido o arqueólogo sírio Khaled al-Asaad da Universidade de Damasco, brutalmente assasinado pelo extremismo monoteísta islâmico do grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) ou Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS). O mundo contemporâneo testemunha mais uma onda de destruição de sítios arqueológicos, considerados Patrimônio da Humanidade, e a supressão intencional da memória coletiva. E assim, assistimos mais uma versão escabrosa de extremismo monoteísta e fundamentalismo religioso, que insiste em não saber conviver com a multiplicidade ritual presente em todas as sociedades do globo. Quando o objetivo de um grupo social atenta contra a vida e a memória dos povos, é nesse momento que se tornam mais significativas as palavras de Peter Burke: a função do Historiador (e essencialmente do Arqueólogo) é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer.

Marcio Teixeira Bastos – Doutorando cotutela em Arqueologia do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), São Paulo, SP, Brasil e da Universidade de Tel Aviv (TAU), Israel, com período de pesquisa na Universidade de Durham, Reino Unido (2013-2014 – bolsa Bepe-Fapesp). Bolsista Fapesp. E-mail: marcio_quisleu@yahoo.com.br.

El Pucara del Cerro La Muralla: Mapuches, Incas y Espanoles en el Valle del Cachapoal – SEPÚLVEDA et al (RCA)

SEPÚLVEDA, Jairo; SAN FRANCISCO, Alex; JIMÉNEZ, Bruno; PÉREZ, Sebastián. El Pucara del Cerro La Muralla: Mapuches, Incas y Espanoles en el Valle del Cachapoal. Santiago: Mutante Editores, 2014. 250p. Resenha de: FAULBAUM, Felipe Vargas. Revista Chilena de Antropología, n.31, p. 127-128, ene./jun., 2015.

Con una prosa ágil, coloquial y resuelta, considerada para privilegiar su lectura por un público masivo, este libro publicado por Mutante Editores nos adentra en los múltiples recovecos de una investigación que busca aclarar uno de los mayores misterios de la Historia Americana. ¿Cuál es el límite meridional del Imperio de los Incas? ¿Cómo eran las poblaciones que resistieron el avance y conquista incaica en Chile Central? ¿Qué dinámicas sociales se desarrollaron en esta región fronteriza? ¿Cuáles fueron las continuidades que permitieron sostener posteriormente una heroica y cruel resistencia a la conquista hispana? Es a través de la investigación arqueológica de una olvidada construcción en la cima de un cerro en las cercanías de San Vicente de Tagua Tagua.

Desde los ruinosos muros abandonados del Cerro La Muralla, en el valle del Cachapoal, se rastrean las últimas huellas que el fabuloso y enigmático “Imperio de los Incas” o Tawantinsuyu dejo en su avance de conquista del sur de Chile.

Las excavaciones arqueológicas realizadas, por los autores, en el Pucará del Cerro La Muralla durante la realización del Proyecto FONDART 18.291 “Por la senda del Inca en el valle del Cachapoal”.

Junto a la revisión erudita de los demás vestigios materiales del período incaico de la IV Región de O’Higgins y Chile Central, son hábilmente utilizadas como una certera herramienta para visibilizar la tenaz lucha de resistencia de las poblaciones mapuche frente a las campañas de conquista inca y su posterior continuidad en la resistencia anti hispana.

Con una copiosa y muy actualizada bibliografía histórica y arqueológica se presentan los distintos procesos que enfrentaron las poblaciones de la región. A partir de una acabada síntesis de largo alcance, que nos adentra a la prehistoria regional, los autores recorren la cronología precolombina y los elementos claves del cambio cultural, resaltando en este sentido, el proceso de andinización preincaico de Los Andes Meridionales. Finalizan presentando con detalles los prolijos documentos y vestigios atribuidos al período incaico.

Luego del desempolvo de los jarrones, sitios y construcciones del lejano tiempo inca la investigación avanza en el esclarecimiento de los procesos históricos y dinámicas sociales acontecidas por los habitantes locales. Clarifican la denominación promaucaes o “gente salvaje” como una definición incaica, reflejo de su incapacidad política en una coyuntura histórica particular, por sobre una realidad cultural y étnica en sí misma. Reforzando así las fuertes conexiones culturales de las poblaciones locales o “promaucaes” con el mundo mapuche.

Con el correr curioso de las páginas se va visualizando el rostro histórico de los mapuches o picunches, que habitaron esta convulsionada región durante los siglos XV y XVI. Las dinámicas que permitieron el levantamiento frente a los distintos invasores, las frágiles alianzas que sostuvieron con los conquistadores cuzqueños y españoles durante la vida de frontera, la derrota y sometimiento luego del fracaso de las estrategias de resistencia.

Revista Chilena de Antropología 31/1er Semestre 2015 127-128 128/ Dione da Rocha Bandeira La continuidad fragmentada del mundo mapuche de Chile Central en las reducciones indígenas y pueblos de indios de la colonia, junto a las sobrevivencias de esos fragmentos en la vida del mestizo chileno hasta la actualidad presionan por la necesidad de visibilizar y reavivar en la memoria social esas continuidades presentes en distintas actividades comunitarias contemporáneas. Tal como la actual procesión y celebración a la Virgen Nuestra Señora de Fátima anualmente realizada entre las murallas derruidas del pasado incaico.

Situado en el valle del Cachapoal.

Observando minuciosamente los acontecimientos desde los antiguos ayllus y tribus del valle, el arribo del Tawantinsuyu a la región y posterior debacle del Imperio Inca por las huestes españolas, este libro es un real aporte al dar cuenta de la riqueza histórica y cultural del valle del Cachapoal. Situando con justicia al valle del Cachapoal en una de los más importantes problemáticas y enigmas de la gran historia americana.

Felipe Vargas Faulbaum – Licenciado en Arqueologia, Universidad de Chile. E-mail: feliperplexo@gmail.com.

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Classificação em Arqueologia – DUNNELL (CA)

DUNNELL, Robert C. Classificação em Arqueologia. Trad. Astolfo G. M. Araujo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 264 p. Resenha de: CISNEIROS, Daniela. Clio Arqueológico, Recife, v.29, n.2, 2014.

Araujo, ganha em sua apropriada tradução um título mais abrangente: Classificação em Arqueologia. Porém, é importante lembrar que Dunnell referese durante todo o texto à Pré-História.

Com a primeira edição datada de 1971, continua atual. É a expressão de um trabalho meticuloso que pretende analisar e esclarecer os princípios da classificação e formação de unidades dentro da ciência arqueológica. No atual cenário acadêmico brasileiro, com a ampliação de cursos de Graduação e Pós-graduação em Arqueologia, o livro ganha singular relevância, ao trazer um conjunto de refexões de complexas abordagens para o tratamento do problema científico que abrange o artefato e a cultura.

O livro traduzido está estruturado a partir do prefácio, seguido por uma introdução e um texto decomposto em duas partes: Parte I – Sistemática Geral, composta por quatro capítulos de abordagens conceituais (Definições versus descrição, Classificação, Tipos de classificação e Arranjo não classificatório), abrange sistemáticas gerais e tipos de sistemas classificatórios; e Parte II – A Sistemática na Arqueologia, composta por mais quatro capítulos de abordagens específicas e exemplificações (Arqueologia, Classificação em Arqueologia, Agrupamento em Arqueologia e Resumo), em que apresenta um conjunto de termos e procedimentos a serem aplicados em Arqueologia Pré-histórica. Traz ainda uma pequena, mas importante seção com noções ou termos definidos que foram apresentados nos capítulos; e, por )m, referências bibliográficas. No corpo do livro, estão apresentados quadros e diagramas que têm o objetivo de sintetizar a discussão processada.

A obra tem início com um prefácio, em que o autor de)ne a quem se destina o conteúdo da obra e os porquês na abordagem de um tema que muitas vezes é varrido para debaixo do tapete acadêmico em favor de aspectos mais atrativos e fascinantes da disciplina (p. 13).

Assim, são expostos os temas a serem discutidos no livro ciência, teoria, explanação, hipótese e métodos. Na introdução, o autor expõe a disciplina arqueológica e sua trajetória de mudanças quanto à abordagem e natureza. Trajetória essa marcada muitas vezes por sinais de rivalidades entre a Arqueologia Tradicional e a Nova Arqueologia. Apresenta aqui as competências de cada natureza e a clara distinção entre o que chamará de arqueografia e disciplina acadêmica – Arqueologia (Pré-História).

A primeira parte do livro, Sistemática Geral, traz o capítulo Noções Preliminares, que visa fornecer os métodos para a construção da base formal de compreensão para disciplinas cientí)cas. São apresentados conceitos e pressupostos teóricos que se iniciam com a discussão de ciência e sistemática. Seguido da explanação de conceito, teoria, método, técnica e hipótese.

No capítulo Classificação, essa é vista e descrita como um tipo de arranjo que leva à sistemática na ciência. Esse arranjo deve ser realizado necessariamente de maneira explícita para que possa ser transmitido, não apenas o modo como foi realizado, mas a sua razão. Para tanto, define classificação, seus agrupamentos e produtos, discutindo classe e grupo. O autor expõe algumas afirmações axiomáticas de forma pormenorizada para a apreciação da classificação.

No capítulo Tipos de Classificação, estabelece uma relação crítica à tendência em tratar todos os tipos de classificação como sendo a mesma coisa, propondo uma classificação das classificações, expostas a partir de dois tipos de significata (condições necessárias e suficientes para associação em uma classe (p. 83)): classificação taxonômica e classificação paradigmática.

Nessa primeira parte da obra, Dunnell, apresenta ainda um capítulo Arranjo Não Classificatório, que, para o próprio autor, resulta-se deslocado a partir da abordagem principal, mas que pretende expor a relação que esse tipo de arranjo mantém com a classificação.

Na segunda parte da obra, a Sistemática na Arqueologia, no capítulo Arqueologia, o autor cita em essência sua definição de Arqueologia como ciência dos artefatos e das relações entre artefatos, conduzida em termos dos conceitos de cultura (p. 152). A partir dessa apresentação, estipula para Arqueologia e seu tipo de estudo (ciência) o principal componente conceitual: cultura e a maneira com que os fenômenos devem ser concebidos 171 (artefatos). Assim, segue-se o exame conceitual pormenorizado de ciência, artefato e cultura sobre o véu da Arqueologia.

Para o capítulo Classificação em Arqueologia, Dunnell aborda a sistemática comum a todas as ciências, porém a torna específica nas unidades empregadas. Assim, os tipos de escolhas e tomadas de decisões são diferentes para as ciências. O problema aqui relacionado está em como os dados são estruturados para serem tratados pela Arqueologia. Explora, por conseguinte, três aspectos: o locus, os meios e a escala.

Em Agrupamento em Arqueologia, discute grupos foco do estudo científico, deixando explícito que suas considerações estão relacionadas a agrupamentos utilizados ou sugeridos na Arqueologia para criar unidade, apresentando quais as características do seu uso e os problemas resultantes.

No Resumo, ao fim, volta à discussão entre Arqueologia Tradicional e Nova Arqueologia, em que tanto a tradicional quanto a nova são acusadas de desvio de processo classificatório.

Para a tradicional, os créditos são por essa ter fornecido mais do que sabemos sobre a Pré- História. Para a nova, os créditos são para as tentativas de explicar a Pré-História. Assim, reflete e discute suas relações no que tange aos componentes da ciência e aos problemas contraídos ao seguir um modelo para uma ciência do Homem.

A proposta desse livro é não apenas apresentar a sistemática e a classificação como recursos essenciais para a disciplina arqueológica, como também analisar a construção do pensamento científico. As diferentes acepções dos conceitos de ciência, teoria, sistemática e classificação são trabalhadas em profundidade.

Classificação em Arqueologia não pretende ser uma obra de fácil abordagem, trata-se de um livro denso pela quantidade de informações e conceitos, exigindo uma constante atenção do leitor. Porém, Dunnell, com seu caráter didático, impõe ao leitor o desejo de avançar e alcançar as ferramentas necessárias para fazer uma boa arqueologia e ser um bom arqueólogo.

Uma leitura cuidadosa e crítica de Classificação em Arqueologia é indispensável para o conhecimento dos novos questionamentos científicos que se apresentam hoje para a Arqueologia. Os conceitos abordados em profundidade, relacionando razão e sistemática, ecoam sobre as definições superficiais e as terminologias confusas.

Por mais familiarizados que possamos estar com algumas das definições em Arqueologia, a leitura de Classificação em Arqueologia amplia os horizontes para uma discussão do papel da Arqueologia Pré-histórica como ciência. Dunnell expressa que a compreensão 172 dos artefatos é o objetivo da Pré-História. Os artefatos devem ser explicados em termos de cultura como um dado adquirido, o que nos permite discutir a explicação de artefatos como objeto de estudo da Arqueologia ou como dados para explicar a cultura. Assim, leitura indispensável a estudantes de Graduação e Pós-graduação e a todos os arqueólogos que apreciam a construção do método científico.

Um pouco sobre o autor: Robert Chester Dunnell (1947–2010) foi um arqueólogo conhecido por sua contribuição em Systematics in Prehistory (Classicação em Arqueologia). Seu interesse pela teoria explicativa originou em parte de uma insatisfação com entendimentos tradicionais da Arqueologia Pré-histórica. Dedicou grande parte da vida acadêmica às abordagens evolucionárias na Arqueologia, defendendo o modelo evolucionista para explicar variação. Expôs os perigos do uso de analogia para explicar eventos históricos. Porém, suas contribuições para Arqueologia estão além da arqueologia teórica. Seus interesses se estendiam à metodologia de trabalho de campo e a análises laboratoriais. Defendia que a compreensão completa dos artefatos requer o conhecimento de física e química, o que o levou a abraçar o campo de Arqueometria.

Outros livros recomendado do mesmo autor: Dunnell, Robert C. Style and Function: A Fundamental Dichotomy. American Antiquity, n. 43 (2), 1978, p. 192–202.

Dunnell, Robert C. Evolutionary Beory and Archaeology. Advances in Archaeological Method and %eory, n. 3, 1980, p. 35–99.

Dunnell, Robert C. Systematics in Prehistory. Caldwell, NJ: Blackburn Press. 2002.

Daniela Cisneiros – Departamente de Arqueologia, UFPE.

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Reproducción social y creación de desigualdades – discusiones desde la antropologia y la arqueologia suramericanas – HENDERSON; BERNAL (RAP)

HENDERSON, Hope; BERNAL, Sebastián Fajardo (comp.). Reproducción social y creación de desigualdades – discusiones desde la antropologia y la arqueologia suramericanas. Cordoba: Encuentro Grupo Editor, 2012. 232 p. Resenha de: SILVA, Bruno Sanches Ranzani. Revista de Arqueologia Pública, Campinas, n.8, dez., 2013.

O livro compilado por Hope Henderson e Sebastián Bernal trata de um tema candente na arqueologia contemporânea. Pensar em agência tem sido uma alternativa conceitual para desalinhar as propostas estruturalistas que permeavam a interpretação arqueológica, tanto de aspectos funcionais como de aspectos simbólicos da cultura material.

Os textos compilados nesta obra tentam mostrar as possibilidades e desafios do uso deste conceito na América Latina.

Os compiladores introduzem a temática e os artigos do livro com um pequeno texto de sua autoria. Nele, definem como objetivo do livro tratar os processos de reprodução social em sociedades pré-hispânicas, históricas e contemporâneas. O conjunto de trabalhos compilados faz jus à proposta geral da obra, defendendo casos em que determinados indivíduos ou setores sociais logram (ou não) intervir na ordem das coisas. 1) Papel social do(a) investigador(a) e relações sociais contemporâneas; 2) Sociedades históricas e relações sociais coloniais; 3) Os agentes, as desigualdades e as mudanças sociais em sociedades préhispânicas. Os artigos seguem a ordem temática proposta pelos compiladores, e darei sequência a essa ordem por julgá-la apropriada.

A primeira série de artigos, de Myriam Jimeno, Andres Salcedo e Alejandro Haber, contempla a arqueologia e seu papel social na Colômbia e Argentina. Se preocupam em esclarecer a subjetividade inerente ao trabalho de investigação eos consequentes problemas gerados por cartografias étnicas desenhadas pela suposta neutralidade científica.

Myriam Jimeno apresenta o desenvolvimento da antropologia como ciência acadêmica na Colômbia, tentando resumir, com êxito, 60 anos de uma disciplina em algumas páginas. Seu percurso tem três momentos: o surgimento da antropologia na Colômbia, vinda do estrangeiro, como uma disciplina de densas descrições etnográficas; o choque geracional entre a primeira geração de antropólogos colombianos e seus mestres estrangeiros; a institucionalização da disciplina e sua participação mais ativa em causas indígenas e diversidade nacional.

De acordo com a autora, a antropologia colombiana passou de atividades de “salvaguarda” de culturas a serem extintas pelo avanço da civilização ocidental, com etnografias meramente descritivas nos anos 1940, para uma postura mais engajada de defesa dos direitos das populações tradicionais. Nos anos 1970 e 1980, as comunidades indígenas constituíram canais de interação diretos com o governo colombiano, e o fortalecimento dos exércitos paramilitares fizeram com que os antropólogos buscassem outras áreas de atuação (especialmente as comunidades rurais).

A principal bandeira daantropologia colombiana contemporânea, ressalta Myriam, é a ampliação da cidadania – entender os indígenas e comunidades tradicionais em seus próprios termos, ensinando o Estado a respeitar e reconhecer a diversidade de modos de viver. O que ela chamou de naciocentrismo marcou o surgimento da antropologia na Colômbia e a empreitada das novas gerações tem sido guiada rumo ao multicentrismo, no engajamento da disciplina com a causa libertária e representativa de diferentes grupos sociais, procurando a constituição de uma condição civil cada vez mais democrática.

Andrés Salceda, em seu artigo, comenta o mesmo processo de conformação da nacionalidade, só que mais preocupado com a cartografia. As políticas segregacionistas com raízes coloniais se materializam na segregação espacial promovida pelo governo colombiano ainda nos dias atuais.

Durante o período colonial, Salceda fala do deslocamento compulsório de indígenas para trabalhar nas encomiendas mineiras, da dependência administrativa de aldeias a centros coloniais maiores e do esvaziamento de territórios não ocupados por colônias espanholas (independente de sua ocupação por povos nativos). Ou seja, os territórios não ocupados por colonos espanhóis eram considerados como baldíos, sujeitos a exploração com respaldo governamental. Essa política continuou após a independência do país em 1821, com a Lei 61 permitindo a colonos e fazendeiros tomarem posse de baldios para extração de recursos e empreendimento da colonização (assim se fez colonização da Antioquia e LlanosOrientales).

Os embates legais pela posse de terra, direitos de exploração de recursos e mão de obra colocou em choque diversos setores constituídos durante o período colonial e que tentavam manter seus privilégios na nova ordem (especialmente conflitos entre republicanos iluministas e católicos monarquistas). No entanto, esses conflitos deixaram de lado os interesses de grupos indígenas e trabalhadores rurais mestiços, maioria da população, explorada como arrendatários ou em trabalhos semiescravos.

Os conflitos agrários se intensificaram no país, e a conformação de forças armadas rebeldes seguiu uma onda de revoltas camponesas a partir dos anos 1940 (com maior intensidade nos anos 1970 e 1990). As FARC, entre outros grupos, se dizem bolivaristas defensoras do campesino contra a opressão do estado e dos grandes fazendeiros. No entanto, muitas comunidades rurais saem lesadas dos embates entre forças rebeldes, governo e forças paramilitares (sob custódia dos grandes fazendeiros do vale do Magdalena).

A situação atual é a de um Estado que o autor chama de multicultural. Por um lado, reconhece e redefine a identidade e direitos de comunidades indígenas e tradicionais, com base em sua comprovada ancestralidade. Por outro, falha nas negociações de paz com os grupos militares rebeldes e se propõe a defender os direitos dos cidadãos ao “combater a violência com violência”. Seu propósito, como defende o autor, não é aparecer como o “defensor do ilusório interesse comum da sociedade” (p. 34). “Ele surge como um intermediário que legaliza e legitima formas de extração e acumulação de riqueza e formas de estatalidade privativas, mercenárias e corruptas” (Aretxaga 2003 apud p. 34).

Os trabalhos anteriores mostram não só a relação conflituosa entre o estado e comunidades tradicionais sobre os direitos por terra e vida, mas mostra também como as ciências humanas se prestam a essa relação conflituosa. Alejandro Haber reflete sobre o aparato conceitual e teórico que guia a arqueologia e antropologia. Seu artigo interpreta os sítios arqueológicos de Ingaguassi e Tebenquiche Chico, no altiplano de Catamarca, Argentina, pela perspectiva do uywaña, palavra indígena que indica, grosso modo, uma relação constitutiva baseada na reciprocidade entre os agentes (humanos ou não humanos).

Em seu caso, as relações humanas e não humanas envolvidas no cultivo da terra, construção de moradias e canais de irrigação. Sua escolha conceitual reforça o caráter agentivo da população local e, de fato, possibilita uma arqueologia descolonizadora, uma vez que Haber desqualifica as interpretações estruturalistas e hierarquizantes para a existência dos canais.

Por meio da etnoarqueologia e de plantas arquitetônicas, o autor procura enxergar a intencionalidade cotidiana dos indígenas na interação com o poder colonial. Inclusive, tenta subverter a historiografia corrente ao atribuir o fim do assentamento de Ingaguassi, a mais rica mina do altiplano durante a colônia, ao abandono voluntário dos indígenas após uma revolta fracassada contra o governo colonial durante o carnaval – eles foram embora para suas aldeias de origem porque preferiam não mais se submeter às demandas e relações insanas do poder colonial com a terra e com o ouro. A “vitória colonial” não foi o decisivo na história do assentamento, assim com a “vitória” norte-americana no Vietnam prova-se mais sobre o papel que sobre suas perdas.

Além da agência das populações no passado, a abertura conceitual ao uywaña possibilita a simetria interpretativa com saberes não-arqueológicos. Ao perguntar para o autor  “se ele achava que a vala crescia durante a noite”,um morador local pode buscar a validação científica de seu conhecimento, ou por apenas estar colocando esse conhecimento estrangeiro à prova (nada impede que a resposta “não” seja motivo de chacota do pesquisador). No entanto, há o ponto de encontro cosmológico entre o estrangeiro e o local, um momento de interação de saberes. Haber, e isso é importante, não apenas usa a palavra indígena, mas sim o conceito, sua forma viva e cotidiana (como uma possibilidade, claro, do passado). E a questão está colocada: porque nosso aparato teórico é mais apropriado para lidar com o passado de grupos indígenas do que o “aparato teórico” (enfim, os modos de pensar sobre o empírico) dos próprios grupos indígenas? Esses trabalhos defendem claramente e com fortíssimos argumentos e casos estudados, que a preocupação sobre os modos de vida de povos nativos e minorias sociais não é uma questão de boa-vizinhança e humanidade, mas sim de políticas nacionais e acessibilidade a recursos naturais (especialmente a terra). As ciências humanas, antropologia, arqueologia, história, que são os casos, têm um papel fundamental na orientação dessas políticas públicas ao serem contempladas com o direito de argumentar pela veracidade, qualidade e merecimento dessas populações quase “depositárias” de culturas ditas milenares. Exigir a ancestralidade de populações que foram compulsoriamente desalojadas de suas terras de origem pelo processo colonizador seria cômico, se não fosse cruel.

Vale observar, brevemente, que o Brasil possui uma história similar aos parceiros latino-americanos. Lucio Menezes Ferreira (FERREIRA 2005a, 2005b, 2009, 2010)analisa o surgimento da arqueologia e antropologia ainda no Brasil imperial, com pesquisadores naturalistas associados aos três principais museus do então Império – Museu Nacional, Museu Paulista e Museu Paraense. Nos três casos, as discussões eram claramente orientadas para a avaliação das possibilidades de ingresso dos indígenas brasileiros como cidadãos da nova nação (recém-independente).

O artigo de Pedro Paulo Funari nos ajuda a pensar essa seara de possibilidades interpretativas na arqueologia e seus fundos políticos. Funari menciona três estudos diferentes sobre o mesmo sítio, o Quilombo de Palmares. Estudararqueologicamente esse importante lugar da história nacional pode tomar diversas vias: pensá-lo como um ponto local de conexão entre diferentes redes constituintes do mundo moderno global, pensá-lo a partir de uma etnogênese própria da miscigenação colonial ou pensá-lo como uma exacerbação da lógica colonial, chegando a ameaçar as colônias portuguesas como entreposto comercial é jogar com as estruturas sociais e os agentes que nelas participam. O autor vai além ao nos lembrar das preferências e usos distintos dessas interpretações por parte de múltiplosagentes sociais no presente (Movimento Negro, mídia independente, poder público), embora não se detenha nesse tema.

Esse trabalho coloca em pauta a segunda temática anunciada pelos compiladores do livro: Os problemas de pensar os enfoques relacionais para contextos específicos como os de contato colonial (Brasil, Colômbia e Argentina). Pedro Paulo Funari, Alejandro Bernal Velez, Silvana Buscaglia e Marcia Bianchi Villella trazem estudos de caso nos quais Pierre Bourdieu, Anthony Giddens e Michel Foucault são referencias constantes no exercício de compreensão das subjetividades em atuação direta nas estruturas, seja para tentar modificá-las, seja para tentar tomar proveito delas. Quais seriam os limites das estruturas estruturantes e estruturadas? Alejandro Bernal Velez, por exemplo, trabalha com inventários e apelos às ouvidorias reais da Argentina colonial no século XVI, para entender como os caciques de Don Juan e Don Pedro foram bem sucedidos no manejo das instituições coloniais para enriquecer.

A tese de Alejandro pretende fugir da dicotomia “dominador/dominado”, pois reconhece a possibilidade de transgressão, e observa como a própria estrutura colonial, enquanto nega a autenticidade do exótico, se assenta sobre ele. Se, por um lado, as encomiendas eram divididas entre os espanhóis mais ricos, por outro, os encomenderos precisavam manter uma relação de certa parceria com as lideranças indígenas das comunidades em território de sua posse, de modo a garantir acesso a recursos e mobilização de mão de obra. Por outro lado, os caciques reconheciam sua posição política estratégica, e muitas vezes usavam métodos coercivos e fraudulentos para ganho de causa de encomenderosmais promissores aos seus interesses. E, a meu ver, aí reside uma contrapartida importantíssima no argumento de Velez.

Ele deixa claro que a aproximação dos caciques aos colonizadores não representa um ganho sem perdas, uma vez que os abusos registrados do poder cacical entre os seus deslegitimava a liderança e crescia o desgosto entre os camponeses pela chefia corrompida. Ao mesmo tempo, muitas lideranças indígenas viam na ouvidoria real uma instituição colonial que valia o risco (e o custo) na tentativa de criminalizar os excessos dos encomenderos em defender seus benefícios.

A institucionalização do cacicado e criação de capitanias familiares nas comunidades indígenas destroem as relações de reciprocidade antes existentes e estabelece uma série de interesses acumulativos típicos do capitalismo moderno. O autor defende que agência é justamente o modo como os indivíduos testam a elasticidade das estruturas presentes.

Seguindo a mesma proposta, Silvana Buscagliaapresenta parte dos estudos arqueológicos desenvolvidos em Floridablanca, um dos primeiros assentamentos da Coroa Espanhola no deserto Patagônico, durante o século XVIII (na Baia de San Julian, atual província de San Julian, Argentina). O malgrado assentamento durou quatro anos apenas, sendo desmantelado e queimado por ordem real, após considerar que seus colonos não tinham meios para viverem por si próprios. Floridablanca possuía mais que um propósito agrícola e ocupacional, seu planejamento, como nos mostra a documentação oficial, previa uma colônia moldada pelas normas do iluminismo patriarcal, igualitária, pacífica e geradora de cidadãos úteis. Munida de Bourdieu (1977), Lightfoot (1998) e Sahlins (1981, 1985 e 1995) na compreensão teórica dos espaços criados pelos encontros coloniais, a autora pretende aguçar a percepção das formas cotidianas e “subliminares” do habitus colonial, debruçando-se no material arqueológico. Em poucas palavras, é possível ver como se constitui, no dia-a-dia, o esquema colonial e as tentativas de subvertê-lo.

O corpo documental analisado é composto, basicamente, pelas cartas escritas pelo superintendente da colônia, Don Antonio de Viedma, à Coroa Espanhola. Entre escritos e omissões, a autora faz três observações: 1) o único contato interétnico que se afirma é daquele entre o superintendente e o cacique (Julián); 2) O fluxo de bens é registrado como indo dos espanhóis aos indígenas (em sua maioria bens recebidos da metrópole), enquanto que dos indígenas só se registra a entrada de “favores” (força de trabalho, carne de guanaco); 3) Não há menção sobre o mundo lúdico (consumo de álcool ou participação de jogos) em nenhum dos lados. A documentação constrói a imagem de uma sociedade pautada pelas normas cristã, produtiva e civilizadora.

Para os propósitos deste pequeno artigo, Buscagliaanalisa a indústria lítica do sítio, e, para tanto, nos dá três razões: 1) O material é resultado de diversas práticas cotidianas das populações indígenas (de práticos a lúdicos); 2) Seria uma novidade para os colonos espanhóis, e aposta no argumento de Pfaffenberger (1988) de que a circulação desses materiais seria acompanhada de relações e interações sociais; 3) Nesse momento de interações é possível expressar, construir e negociar identidades. A distribuição do material lítico pelo sítio e sua qualidade é base para seu argumento pela interação entre os colonos e a população indígena em torno da tecnologia de lascamento. Das casas e do forte, o segundo é o que apresenta uma quantidade maior de materiais líticos, seguido pela (suposta) casa do soldado casado e as casas dos colonos civis. Sua interpretação é de que os militares, responsáveis pela proteção do bem-estar e ordem da colônia, teriam tido um contato mais direto, e talvez mais livre, com os indígenas que circundavam a exótica colônia.

Ainda em Floridablanca, Marcia Bianchi Villelliargumenta sobre as mesmas condições normativas documentadas, mas tenta analisar sua subversão pela arquitetura e organização espacial. Partindo da teoria da estruturação social de Giddens, trabalha com a ideia de que a ocupação é planificada seguindo pautas de interação social. Sendo assim, é relevante perguntar quais são os comportamentos previstos nas edificações existentes, quais foram efetivamente desenvolvidos e quais foram executados além da previsão (e por quê?).

Ou seja, analisar os processos de criação, reprodução e transformação da ordem social, percebendo que as estruturas sociais não são entidades acima do comportamento humano, pelo contrário, são resultado de práticas do dia-a-dia (e aqui aparece o conceito de habitus de Bourdieu).

Sobre essa teoria, Floridablanca nos brinda com um excelente exemplo ao revelar, nas escavações, estruturas que não estavam previstas no plano oficial da coroa. Além dos vestígios de consumo de álcool em uma delas e do cuidado estético na construção da soleira em outra, a própria existência dessas estruturas já nos permite pensar sobre os limites de alcance dos interesses estruturadores no cotidiano.

Até este momento do livro, os trabalhos têm sido felizes e positivos no uso do conceito de agência como categoria analítica para pensar o poder individual e coletivo de mudar a sociedade em que vivem. Victor Gonzáles Fernandés, Hope Henderson, Andrea H.

Cuéllar, Carlos Sanchéz, autores na sequência da obra, discutem problemas conceituais e teóricos de pensar agência em sociedades pré-hispânicas. As principais questões giram em torno da visibilidade da intenção humana no registro arqueológico (choque entre correntes funcionalistas e simbólicas) e mesmo a permeabilidade dos sistemas culturais para tais atos de subversão.

Retomando o tema da hierarquização social, brevemente levantado pelo artigo de Alejandro Haber, Victor González Fernandés propõe que a complexificação social não partiu de elementos externos às sociedades (ele retoma as propostas de Elman Service, Robert Carneiro, Boserup, Cohen, e Reichel-Dalmatoff e as discussões entre 1960 e 1980), tampouco por dinâmicas que enfatizam o exercício de poder de poucos sobre muitos (proposições trazidas por Timothy Earle e Charles Spencer entre 1970 e 1990). Citando o caso de San Agustín, Huila, região de Mesitas (ocupada desde 1000 a.C.) e o gradual aglomeramento populacional em torno de tumbas monumentais.

Estruturas existentes nos sítios estudados mostram certa igualdade produtiva (ausência de diferenciação de materiais) que teria durado cerca de 2000 anos. Segundo o autor, a quantidade de vestígios encontrados durante todo o Formativo 1 ao 3 (1000 a.C. e 1º século d.C.) cresceu proporcionalmente à população e não parece haver distinção quanto ao acesso nos modos de produção, e as aglomerações parecem ser feitas em torno de centros/famílias cerimoniais. Durante o clássico regional (1000-900 d.C.) esses centros cerimoniais e suas famílias regentes parecem ganhar importância com a construção de tumbas monumentais, acompanhado do crescimento populacional em seu entorno e uma marcada distinção de vestígios presentes nos sepultamentos associados aos monumentos, daqueles não associados.

A tese do autor é de que as elites religiosas não teriam se conformado por nenhum tipo de grande diferenciação nas atividades de produção nem em acesso aos recursos. Sua única diferença seria um poder ritual concebido pela tradição (tendo em vista a longevidade do processo de complexificação aqui exposto). A fonte de mudança parece estar, defende Fernandés, na própria estruturação e repetição de atividades religiosas durante 80 gerações, e não no acesso exclusivo de uma elite aos excedentes ou modos de produção.

Essa proposta me parece instigante, mas fica a dúvida sobre o papel da intencionalidade e da complexificação social em seu texto. Primeiro, seu argumento parece atribuir agência nem a indivíduos nem ao coletivo, mas à própria estrutura (a repetição de atividades rituais). Nesse contexto, o coletivo teria angariado a estabilidade dos sistemas rituais por uma política de taxação baixa e receptiva. Não há uma relação bem estabelecida entre como a elite religiosa teria ponderado sobre a manutenção de seu poder, o controle simbólico e a política de taxas. Ou seja, há uma superestrutura que organiza as funções sociais e há uma população que a repete, com pequenas doses de reformulação, uma premissa inquestionada. O que tem força, assim me parece que conclui o autor, é a estrutura social e não os seres humanos.

Segundo, nem ele, nem os autores que seguem, explicitam o que querem dizer por “sociedades complexas” e “complexificação social”. Uma sociedade complexa é uma sociedade hierarquizada? No texto de Victor, ficamos com essa impressão. Apesar de derrubar barreiras sobre as origens da complexificação social, não faz uso crítico desse conceito. A divisão de papeis sociais indica a existência de categorias sociais? Seriam todas as formas de prestígio igualmente formas de hierarquização? Não seria hora de repensar o uso do adjetivo “complexo” para sociedades humanas? Afinal, é preciso ser hierárquica e desigual para ser complexa? Em suma, seria interessante fugir também das categorias evolucionistas de classificação social se quisermos alcançar formas menos colonialistas de interpretação arqueológica.

Hope Henderson vai um pouco mais além ao procurar em Eric Wollf as reflexões sobre diferentes graus de acesso ao poder social. Para ela, há que desarticular as capacidades de agenciamento das imagens de grandes chefias políticas. Em seu estudo de caso sobre a antiga ocupação Muisca, no Vale do Leiva, Colômbia, entre os séculos XI e XVI da era cristã, percebe que o possível surgimento de categorias sociais distintas (marcada pela leve predominância de cerâmica em algumas residências, combinado com seu cercamento) não impediu que a ocupação territorial ocorresse de maneira independente. Ou seja, em todo o processo de ocupação Muisca no Vale de Leiva, a organização dos assentamentos parecia obedecer a parâmetros não associados com os de uma elite que surgira desde o quarto século antes da chegada dos espanhóis. Sua sugestão é de que o status social não era suficiente para limitar os campos de ação dos demais setores da sociedade.

Por essa razão, a autora defende as formas de exercício de poder delimitadas por Wollf e acredita que o poder organizativo (capacidade de controlar os contextos que permitem criar as organizações e expressões das pessoas) e o poder estrutural (capacidade de gerar configurações sociais que permitem as possibilidades e limites de atuação) podem ser mais úteis em contextos pré-hispânicos que as reflexões sobre agenciamento centradas no poder individual (capacidades pessoais de influência sobre os demais) e poder de mandar (capacidade de forçar obediência).

Os casos de agenciamento individual que aqui foram contemplados não puderam ser pensados sem as referências documentais a indivíduos específicos, além de ser mister pensarmos nas possibilidades de vontade coletiva como importante agente na condução e modificação da sociedade.

Andrea M. Cuellartoca na questão da visibilidade individual versus visibilidade coletiva no registro arqueológico de populações pré-históricas; e como é possível combinar os interesses trazidos pela agência com as conquistas teóricas de proposições clássicas como a do cacicado. Seu estudo de caso é no Vale de Quijos, a partir do quinto século a.C., e argumenta contra o rechaço do conceito de cacicado e sua referência à centralização social. Se, por um lado, o crescimento populacional não teve aparente relação com a distribuição de recursos (assentamentos estudados mantinham uma aparente independência na produção de gêneros alimentícios – preponderando aqueles adequados ao ambiente local – e de ferramentas líticas de obsidiana), por outro é evidente a tendência ao agrupamento em torno de centros específicos. Ou seja, pode ser que a centralização não tenha ocorrido por razões econômicas, mas não há por que ignorar os indícios de centralização geográfica, indicando alguma forma de centralidade política.

O artigo da autora não apresenta nenhum argumento contra a proposição de agenciamento. No entanto, está mais preocupada em defender a hierarquia como princípio organizativo do que efetivamente refletir sobre as capacidades individuais ou coletivas de mudança social.

Finalmente, o artigo de Carlos Augusto Sanchéz é um ataque direto ao conceito de agência ao propor que ele nos traz uma visão ilusória de mobilidade social, enganando-nos quanto aos reais efeitos da hierarquia social. O poder não é uma inerência a todas as relações humanas, como o querem Giddens, Bourdieu e Foucault, mas “outorgado pelo controle econômico da sociedade” (p. 210). Em um projeto de arqueologia regional pelo alto do Magdalena, Colômbia, o autor vê a transição de uma sociedade agrícola sedentária com independência produtiva, para uma sociedade centralizada em torno de centros políticos, com claras delimitações de paisagem, construção de canais não-comunitários (associados a umas poucas casas) e tumbas megalíticas a partir do primeiro século a.C. Para ele, fica clara a relação entre a centralidade e o controle econômico dos meios de produção (agricultura), com respaldo de instâncias da vida religiosa (tumbas monumentais). Os dados etnohistóricos mencionam sociedades indígenas centralizadas já no século XVI e reafirma a estabilidade e força dos mecanismos de controle da produção e subordinação dos “caciques secundários” aos “caciques principais”.

O trabalho de Carlos Sanchéz aborda o registro arqueológico por uma perspectiva marxista e acredita que dotar os protagonistas históricos de liberdade de atuação é deixar para segundo plano as forças coercivas e constritoras da estrutura social. Em poucas palavras, lhe parece uma proposta interpretativa viciada na pretensa liberdade empreendedora típica da sociedade capitalista, que discursa pelo liberalismo meritocrático enquanto esconde seus mecanismos de controle da produção.

Esse último artigo parece fechar o livro como um ciclo que percorre as vantagens e desvantagens interpretativas de pensarmos o conceito de agência. De sua liberdade ao seu liberalismo, do rompimento das correntes forçosas do estruturalismo para a ilusão traiçoeira do capitalismo. As discussões propostas neste livro deixam clara a carência epistemológica que ainda cerca o uso das teorias de agência em arqueologia. Ao mesmo tempo em que não parece mais viável buscarmos respostas atemporais apenas nos mecanismos coletivos previstos pela sociologia, história e antropologia, devemos tomar cuidado para não desbancar no livre-cambismo de forças. Se não podemos perder de vista as pautas vivas dos movimentos de minorias sociais, perceber o poder de mudança e manejo que reside nos indivíduos ou em determinados setores além das elites é politicamente reconfortante. Embora a vida em coletivo não seja suficiente para impedir o desvio de conduta e a subversão da ordem imposta, não podemos dedicar toda a história de um povo a breves figuras exaustivamente historiografadas.

Pensar agência é pensar em atuação, nas forças que constroem as normas sociais e naquelas que tentam alterá-las.

Vale observar, ainda, que há uma lacuna geral entre os artigos de arqueologia – os métodos, descrições de materiais e imagens ilustrativas deixam muito a desejar. Entendo que a ideia central desta obra não seja uma apresentação precisa das coleções e métodos de campo, mas os argumentos dos autores, quando tem como objeto os vestígios arqueológicos, devem ser mais explícitos nos modos de registro e coleta de dados. Os mapas costumam ser de baixa resolução e pouco ilustrativos dos argumentos, e há poucas (quando há) imagens dos artefatos descritos. Particularmente frustrante é a pouca reflexão e descrição dos métodos de campo.

Como encontrar a intencionalidade no registro arqueológico? Como fazer uma arqueologia que escape dos moldes colonialistas nos quais a disciplina foi engendrada? Essas questões são centrais no desenvolvimento de uma arqueologia mais democrática e diversificada. O único artigo que me pareceu ponderado na apresentação dos materiais, imagens ilustrativas, planos claros e legíveis e descrição dos métodos foi o de Silvana Buscaglia.

De todos os artigos de arqueologia, os métodos de escavação, ou o que foi possível conceber deles, não parecem se distanciar muito do que usamos cotidianamente. A chave parece residir na própria escolha teórica. Se compararmos dos dados apresentados por Carlos Sanchéz, Hope Henderson, Andre Cuellar, por exemplo, podemos ver que todos trabalham projetos de escala regional, tratando de populações pré-hispânicas, discutindo o surgimento de hierarquias sociais, mas com resultados analíticos muito diferentes. Certamente que são diferenças oriundas de múltiplos contextos (populações distintas, regiões distintas), mas a similaridade dos dados apresentados (crescimento populacional, vestígios de tecnologias produtivas e simbólicas, diferenciação social) deixa claro que muito do que foi entendido parte das escolhas dos próprios autores.

Referências

FERREIRA, Lucio Menezes. “Diálogos de arqueologia sul-americana: Hermann von Ihering, o Museu Paulista e os museus argentinos no final do século XIX e início do XX.” Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia Vol. 19 (2009): 63-78.

FERREIRA, Lucio Menezes. “Footsteps of the American Race: archaeology, ethnography and romanticism in imperial Brazil.” In: Global Archaeology Theory: contextual voices and thoughts, por Pedro Paulo A. FUNARI, Andrés ZARANKIN e Emily STOVEL. New York: Springer, 2005b.

FERREIRA, Lucio Menezes. “Solo civilizado, chão antropofágico: a arqeuologia imperial e os sambaquis.” In: Identidades, discursos e poder: estudos da arqueologia contemporânea, por Pedro Paulo A. FUNARI, Charles E. ORSER Jr. e Solange Nunes de O. SCHIAVETTO.São Paulo: Annablume/PAFESP, 2005a.

—. Território Primitivo – A institucionalização da arqueologia no Brasil (1870-1917). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.

Bruno Sanches Ranzani da Silva – Doutorando em Arqueologia pelo MAE/USP.

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Rapa Nui y la Compañía Explotadora 1895-1953 – FUENTES (RCA)

FUENTES, Miguel. Rapa Nui y la Compañía Explotadora 1895-1953. Santiago: Rapanui Press, 2013. 408p. Resenha de: GONZÁLEZ, Paola. Revista Chilena de Antropología, n. 28, p.105-106, jul./dic.. 2013.

Este libro es resultado del proyecto de investigación “El Fundo Vaitea. Patrimonio y Memoria en Rapa Nui durante el período de la Compañía Explotadora” y constituye un homenaje al próximo cumplimiento de los 100 años de la rebelión dirigida por María Angata y Daniel Teave en 1914. El volumen se divide en seis secciones que poseen diversos artículos temáticos elaborados por distintos investigadores y académicos de diverso origen (chileno, rapanui, extranjero) que tratan, desde diversos enfoques provenientes de la Arqueología, Historia, Antropología y los Estudios Patrimoniales, el periodo de desarrollo de la llamada “Compañía Explotadora”, una empresa ganadera que se instaló en Rapa Nui entre fines del siglo XIX y mediados del siglo pasado. Estas secciones se articulan al modo de una reflexión amplia que gira alrededor de tres ejes: producción académica, reflexión patrimonial y discusión política, abarcándose desde aquí a un público diverso que incluye tanto a académicos (arqueólogos, historiadores, antropólogos, etc.) así como a las propias organizaciones sociales rapanui y la comunidad rapanui y chilena.

En cuanto al primero de los ejes de esta publicación: discusión académica (Secciones I, II y III), se desarrolla al comienzo del libro una contextualización histórica del llamado “ciclo ganadero” en Isla de Pascua, abordándose luego una serie de temáticas procedentes de la Arquitectura, Arqueología, Antropología e Historia. En esta línea se encuentran los trabajos de Rolf Foerster, Flora Vilches, Francisco Rivera, María Francisca Ramírez y Valentina Fajreldin, girando estos últimos alrededor de las siguientes problemáticas: la evolución de la economía interna de la Compañía y su relación con el Estado chileno y la comunidad isleña; el desarrollo de nuevos patrones alimentarios en Rapa Nui durante el periodo de la CEDIP y su impacto sobre el marco social y cultural de la isla; la relación existente entre los restos materiales de la Compañía y los sucesivos contextos coloniales y neocoloniales establecidos en Pascua a partir de esos años; las características y dilemas del posible proceso de “patrimonialización” y puesta en valor de sitios históricos en Rapa Nui (por ejemplo en el caso del complejo industrial de Vaitea), etc.

Surge en este punto la interesante problemática de definir lo patrimonial en el caso del pasado reciente isleño, tema sensible al momento de la definición de esferas de protección del patrimonio histórico en la isla. En el caso del artículo de 106 Miguel Fuentes Flora Vilches, esta arqueóloga aborda el estudio de las “pircas” (o muros de piedra) alrededor de la isla como una vía para entenderlas como evidencias materiales del colonialismo y subordinación a que se vio sometida la comunidad rapanui frente a la actividad industrial (con la anuencia del Estado chileno). Estos trabajos se complementan además con un importante registro arquitectónico y espacial del complejo industrial Vaitea y de las pircas de la “Compañía Explotadora de Isla de Pascua”, las cuales ocasionaron una profunda alteración espacial de la isla durante el período de operación de la CEDIP, aquello con graves efectos para la cultura rapanui.

Posteriormente, este volumen se centra en la discusión del concepto de “patrimonio histórico” (Sección IV), considerándose aquí los distintos “intereses patrimoniales” involucrados desde un punto de vista social y legal. Se abordan en esta sección los conflictos de interés relativos a la administración del patrimonio histórico de la isla, resultando evidente la existencia de una importante tensión entre el Estado chileno y la comunidad rapanui. Un ejemplo de estas reflexiones lo encontramos, por ejemplo, en el artículo de la antropóloga Riet Delsing, quien hace hincapié en el desconocimiento que ha hecho el Estado chileno de la propiedad ancestral de los rapanui sobre las tierras de la isla y de sus derechos como pueblo indígena, existiendo además una disociación entre el pasado lejano de la cultura rapanui y las evidencias históricas (traduciéndose esto en una escasa protección de los propios vestigios históricos rapanui). En la misma línea se encuentran los trabajos de Cristián Moreno Pakarati (historiador rapanui), Georgianna Pineda (conservadora-restauradora) y Francisco Torres (arqueólogo y director del Museo Antropológico P. Sebastián Englert).

Finalmente se recogen los planteamientos de distintos académicos y actores sociales y políticos de la comunidad rapanui, llevándose a cabo un giro en la reflexión de índole más propiamente política. Se discuten en esta sección algunas de las principales problemáticas del actual conflicto étnico rapanui, reflexionando además en algunas soluciones para la misma. Esta sección es coherente, de esta manera, con el hilo conductor de este libro: lograr una vinculación entre la academia, los proyectos de investigación y los procesos sociales, reemplazando así el quehacer “aséptico” de la investigación científica por un quehacer científico comprometido con las luchas sociales.

Paola González – Arqueóloga, Sociedad Chilena de Arqueología. E-mail: paoglez@gmail.com.

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La espacialidad en Arqueología. Enfoques, métodos y aplicación – GORDILLO; VAQUER (A-UBA)

GORDILLO, Inés; VAQUER, José María (Ed). La espacialidad en Arqueología. Enfoques, métodos y aplicación. Quito: ABYA YALA, 2013. 389p. Resenha de: QUESADA, Marcos N. Arqueología, Buenos Aires, v. 19, n. 1, p.211-213, 2013.

No muchas líneas de investigación han cobrado el impulso que en las últimas décadas tuvieron aquellos enfoques interesados en comprender las lógicas de las formas espacia­les de la cultura (o mejor, de las formas culturales de la espacialidad), que solemos eng­lobar bajo la denominación de Arqueología del Paisaje. Ya se sabe que se trata de una denominación que aporta poco para definir una línea de trabajo homogénea, al contra­rio, más bien esconde una notable variedad de aproximaciones teóricas, metodológicas y técnicas, y por supuesto, que están animadas desde distintos posicionamientos ideológicos y políticos. Esa variedad es precisamente una de las primeras impresiones que provoca la lectura del volumen que estoy Reseñando.

Se trata de una cuidada edición a cargo de Inés Gordillo y José María Vaquer que reúne trabajos que habían sido presentados en el marco de un simposio organizado por ellos mismos en el XVII Congreso Nacional de Arqueología Argentina realizado en octubre de 2010 en la ciudad de Mendoza. Tuve la oportunidad de participar en ese simposio y recuerdo el notable grado de interés y parti­cipación que los temas presentados desperta­ban en los participantes. El libro es igual de convocante.

Inicia con un capítulo introductorio de los editores que propone un breve relato de los principales aportes de distintos autores, principalmente anglosajones, a la configuración actual de la arqueología del paisaje y una presentación general de los nueve capítulos que integran el volumen. El libro está organizado en tres grupos de trabajos. Los dos primeros se relacionan a la espacialización de ciertas representaciones plásticas en dos casos muy diferentes. En primer lugar, Natalia Carden explora a través de las condiciones de empla­zamiento y visibilidad de dos grupos de dise­ños rupestres -curvilíneos y manos negativas- las lógicas implicadas en la producción del espacio ritual hacia el final del Holoceno me­dio y el tardío en un sector de la meseta pata­gónica. En el tercer capítulo Alexandre Guida Navarro destaca las diferencias en las formas de representación del motivo de la serpiente emplumada en Chichén Itzá y nota la vincu­lación de esta variabilidad con la organización arquitectónica de la ciudad maya. La princi­pal hipótesis de Navarro para comprender esta distribución es que las distintas formas de representación de la serpiente codificaron sentidos particulares para los diferentes sec­tores de la ciudad al tiempo que expresaron la autoridad política de un importante rey maya siendo metáfora del nuevo orden social que este encarnaba.

Los siguientes cuatro capítulos están des­tinados al estudio de los paisajes agrarios. Alejandro Díaz, autor del cuarto capítulo del volumen, se interesa por el grado de autono­mía que las familias campesinas de Laguna Blanca (Catamarca) mantuvieron sobre la or­ganización del trabajo agrícola durante el pri­mer milenio de nuestra era. Para ello adapta eficazmente el estudio del diseño de las redes de riego a su caso lo que le permite propo­ner que la gestión de la tecnología agrícola se realizó a escala doméstica en un contexto sociopolítico descentralizado. En el capítulo cinco Alina Álvarez Larraín y Sonia Lanzelotti se concentran en los paisajes arqueológicos de Mesada de Agua Salada y Terraza de Andalhuala-Banda en el sur de Yokavil (Catamarca) que registran ocupaciones agrícolas y residenciales a los largo de los períodos agroalfareros temprano y tardío. Su análisis busca desagregar las racionalidades subyacentes a la construcción de los paisajes a lo largo del tiempo y en efecto, en base a la sistematización de diversa información de campo su­gieren la existencia de una racionalidad tem­prana, orientada a una apropiación doméstica de la producción, que es luego reemplazada, durante el período tardío, por una racionalidad orientada a la generación de excedentes. Trabajando también en espacios arqueológicos de larga duración, Martín Orgaz y Norma Ratto caracterizan distintos paisajes agrícolas de la región de Fiambalá (Catamarca) que se remontan a los primeros momentos del pe­riodo agroalfarero pero que, algunos de ellos, fueron luego ocupados durante los periodos tardío e inca. El interés de los autores está en incorporar en estas caracterizaciones elemen­tos del paisaje que, proponen, se vinculan a la construcción de la memoria social y la apro­piación de los espacios de producción. Así, piedras grabadas, cerros y tumbas, elementos significativos de las geografías andinas, son pensados en términos de ancestralidad, cosmología y materialización de la apropiación. En alguna medida el siguiente capítulo, a cargo de Juan Pablo Guagliardo, retoma estos temas. El autor propone una metodología de análisis locacional basada en el empleo de SIG para reconstruir los paisajes agrarios de Villa Candelaria (Lípez, Bolivia) y reconocer cambios y continuidades en su configuración a través de los periodos prehispánico tardío, inca y colonial. Encuentra que existió en tiempos prehispánicos cierta continuidad en una lógica de construcción del paisaje orientado a una administración colectiva de los medios de producción, lo que le sugiere la perdura­ción de códigos compartidos en relación a la autoridad de los ancestros materializados en las chullpas. En cambio, propone una marca­da ruptura en el período colonial cuando los espacios agrícolas comienzan a subdividirse y delimitarse de modo individual.

Un tercer grupo de capítulos está destinado a comprender la organización de los espa­cios aldeanos y de las prácticas sociales que tomaban lugar allí. José María Vaquer, autor del octavo capítulo del volumen, se pregunta de qué modo pudo reproducirse un habitus corporativo, como propone que se organiza­ba la sociedad de Cruz Vinto (Lipez, Bolivia) en un espacio arquitectónico que parece es­tar organizado por la agregación de unida­des domésticas. Encuentra la respuesta con el descubrimiento de que algunas activida­des domésticas, particularmente el consu­mo de alimentos, tomaban lugar en espacios con mínimas restricciones a la percepción y acceso de otros pobladores del pukara y de los ancestros-chullpas, lo cual, postula el autor, les permitía participar directa o indi­rectamente de esas comidas generando me­diante la repetición de esas prácticas un ha­bitus corporativo. Luego, Adriana Callegari, María Elena Gonaldi, Gisela Spengler y Eugenia Aciar analizan la arquitectura de La Cuestecilla (La Rioja, Argentina) distin­guiendo los espacios públicos, domésticos y productivos. Centrándose en los primeros, en su organización espacial, arquitectura mo­numental y relaciones con otras aldeas más menos próximas, interpretan La Cuestecilla como un centro de culto regional. El último capítulo del volumen cuya autoría es de Inés Gordillo aborda un tema relativamente poco tratado: los procesos de abandono. La autora es convincente cuando destaca la importan­cia histórica de estos procesos y por lo tanto de su estudio arqueológico y aún más cuando lo ejemplifica con los notables contextos de abandono de los sitios Aguada del valle de Ambato (Catamarca, Argentina).

Debo advertir que el lector no tendrá en sus manos un libro de teoría, aunque ningún capí­tulo carece de esta. Ni será un libro de meto­dología y técnicas para el análisis del espacio, aunque todos los capítulos dan cuenta de una notable creatividad para el desarrollo, incor­poración y adaptación de distintos enfoques y estrategias de observación para el estudio de la espacialidad. Tampoco se trata de una compilación de casos de estudio, aunque los autores se esfuerzan en informar sobre la im­portancia del caso para la comprensión de las respectivas historias regionales. En cambio, los distintos trabajos incluidos en el volumen pueden ser considerados ensayos que atravie­san todos estos niveles de análisis problema­tizando, en relación a los lugares y momentos históricos particulares, diferentes aspectos o concepciones de ese fenómeno que llamamos espacio, muchas veces complejizándolo me­diante la incorporación de otros procesos y conceptos como tiempo, memoria, ancestrali­dad, apropiación, etc., explorando, con mayor o menor éxito, formas de aproximarse a su caso de estudio e implementando estrategias y técnicas de observación en distintas mate­rialidades y, muchas veces, sugiriendo temas y problemas para futuras agendas. A mi juicio es justamente esta transversalidad lo que man­tiene la vitalidad de esta línea de investigación, la arqueología del paisaje, en estas latitudes.

Pienso en lo frustrante que resulta terminar una lectura con la sensación de que nada ha pasado. No es este el caso. Personalmente, La Espacialidad en Arqueología. Enfoques, Métodos y Aplicación me resultó una lectu­ra estimulante. Me llevó a distintos lugares y momentos del continente. Me acercó resul­tados de investigaciones sobre temas a los cuales no estoy muy vinculado y me permitió profundizar en otros que me son más próxi­mos. Me sugirió repensar temas y problemas asumidos y, ya sea por acuerdo o disenso, me inspiró nuevas formas de acercarme a aspec­tos de mi propia investigación. No puedo de­jar de recomendar su lectura.

Marcos N. Quesada – CONICET  Escuela deArqueología  Universidad Nacional deCatamarca  Av. Belgrano300 (CP K4700AAP)  SanFernandodel ValledeCatamarca. E-mail:  mkesada@yahoo.com.ar

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Deixe estar: patrimônio, arqueologia e licenciamentos ambientais – MONTICELLI (CL)

MONTICELLI, Gislene. Deixe estar: patrimônio, arqueologia e licenciamentos ambientais. [Sdt.].   Resenha de: MACIEL, Letícia Nörnberg. Cadernos do LEPAARQ – Textos de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio, Pelotas, v. 10, n.19, 2013.

Deixe estar: Patrimônio, Arqueologia e Licenciamentos Ambientais procura trazer à tona a discussão que há anos ocorre dentro da arqueologia brasileira sobre a chamada, dentre outros nomes, Arqueologia por Contrato. Monticelli faz inicialmente uma macroanálise do contexto histórico, político e econômico da implementação de grandes obras no Brasil, valendo-se também de exemplos internacionais.

No primeiro capítulo, chamado “Os contextos e a Crítica”, a autora procura justificar a pesquisa em cima da Arqueologia de contrato a partir da Escola de Frankfurt, berço da Teoria Crítica.

Teoria essa que defende uma releitura das disciplinas feita pelos próprios pesquisadores, visando a refletir sobre o que vem sendo feito e no que as pesquisas vêm sendo usadas, principalmente, as suas consequências para a sociedade. Outro ponto importante levantado é que os pesquisadores assumam seus posicionamentos, valores e influências políticas, partindo do pressuposto de que a ciência não é neutra. Torna-se necessária então a análise dos contextos em que se encontram os arqueólogos. Ou seja, chegou o momento em que a Arqueologia deve refletir sobre si mesma e sobre o que o conhecimento gerado tem sido utilizado: “A Arqueologia e seu pensamento também se desenvolvem de acordo com o contexto histórico que é encontrado (e construído) pelos pesquisadores no exercício da profissão, que, por sua vez, é condicionada pelas leis do mercado e assim por diante” (Monticelli, 2010, p. 36).

A seguir, no segundo capítulo, chamado “Uma crítica aos contextos”, a autora trata do contexto econômico e político em que se deu o surgimento das grandes obras – como usinas, hidrelétricas, rodovias, entre outros – no Brasil e no mundo. Foram criados ciclos viciosos, onde a Arqueologia entrou com os licenciamentos e trabalhos de resgate. Na medida em que aumentava a capacidade industrial de países do hemisfério norte, mais especificamente, Europa e Estados Unidos, bem como a matéria-prima tornava-se escassa, aumentava a necessidade de encontrar mercados de escoamento para estes produtos, bem como encontrar mais fontes desta matéria-prima.

“O comércio cresceu na medida em que aumentaram os mercados consumidores, internos e externos (considerem-se aqui as invasões, os ‘descobrimentos’, a criação de colônias). A metalurgia auxiliou na mecanização das lavouras. Assim aumentaramse a produção e a produtividade” (Monticelli, 2010, p. 46).

Além de encontrar mercado consumidor fora do seu país, foi indispensável a criação de padrões de consumo, assemelhando a capacidade de adquirir com o status social, implicando assim em um prestígio ao modelo capitalista.

Trata-se a seguir sobre como ocorreu a implantação das grandes obras no Brasil, focando-se no exemplo da exploração de gás com a criação de gasodutos e na exploração da Amazônia. A autora finaliza o capítulo com o caso do Estado do Rio Grande do Sul, onde, na segunda metade do século XX, houve uma grande movimentação para a construção de rodovias – contudo, apenas em 1999, salienta Monticelli, a pesquisa arqueológica apareceu no Estado como uma condicionante para a implantação ou não de uma obra.

O capítulo terceiro trata das legislações ambientais no Brasil e em países como Venezuela, Portugal, Uruguai, Estados Unidos e Inglaterra, bem como a apresentação das legislações de Arqueologia em áreas impactadas por obras. Delimitam-se também, em alguns países europeus, convenções sobre o trabalho de contrato do arqueólogo, com artigos como “só exercerão sua atividade em assuntos de seu conhecimento e competência” ou “evitarão conflitos de interesse entre a prática das funções administrativas do trabalho arqueológico e a assunção (ou oferta) de compromissos comerciais”. A autora entende então que muitos dos parâmetros em vigor em outros países podem ser utilizados para análise do caso brasileiro, seja para auxílio da solução da problemática ou com a forma em que as legislações são adotadas.

Quanto à legislação brasileira, o grande motivador para a sua criação é justamente o boom das obras públicas e privadas, visto que essas incentivaram de certa forma a criação de legislações ambientais – e destas que derivam as legislações arqueológicas.

Conforme a autora: “(…) a influência do Estado na elaboração das leis e na relação estabelecida com o patrimônio arqueológico em diferentes momentos político-sociais, distinguindo três momentos: os anos de 1937, 1961 e 1979” (Monticelli, 2010, p. 100).

Esses três momentos citados são, respectivamente, a criação do SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) juntamente com a assinatura do Decreto-Lei nº 25, resultantes de uma política nacionalista e conservadora da Era Vargas; promulgação da Lei nº 3924 por Jânio Quadros sobre monumentos arqueológicos e pré-históricos, os quais seriam então considerados bens patrimoniais da União; e a Lei nº 6766 sobre o parcelamento de solo urbano, determinando que loteamentos localizados em área de interesse especial e aquelas com patrimônio arqueológico deverão ser examinados e ter anuência prévia do Estado antes da aprovação da obra.

A seguir, cita-se o que são impactos ambientais e trabalhos que tratem da legislação ambiental. Por fim, a autora cita e comenta portarias do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e documentos emitidos pelo governo quanto à defesa do patrimônio cultural.

No quarto capítulo, chamado “Tão igual, tão diferente”, há a caracterização da atuação da Arqueologia em obras de engenharia.

Inicialmente há uma exaustiva discussão das nomenclaturas que permeiam a Arqueologia de Contrato. Contudo, mais importante do que despender tempo dialogando sobre com qual nome a arqueologia que não é resultante de pesquisas da academia será batizada, é a discussão sobre o que, de fato, ela deve ou não fazer, tal como a autora argumenta: “A terminologia é importante porque pode ser esclarecedora das intenções ou características, mas a prioridade ainda é: o que temos feito com ela, quais seus objetivos ou pretensões, que resultados estão sendo alcançados?” (Monticelli, 2010, p. 128).

A despeito da terminologia, a autora traça uma projeção de relação entre a arqueologia de contrato e a acadêmica, criando a seguir um quadro dos anos 2000 da situação brasileira neste aspecto – o qual, aparentemente, não mudou muito nos últimos anos quanto às críticas que os trabalhos de contrato sofrem. De qualquer forma, uma arqueologia não está desassociada da outra.

“Schmitz (2001, p. 58-59), ao criticar o que tem sido feito, afirma que esses trabalhos não trazem contribuição científica imediata direta, mas os dados produzidos podem dar origens a teses, dissertações ou comunicações, mais do que apenas a um relatório, geralmente muito volumoso e ricamente ilustrado, que atende apenas às exigências legais” (Monticelli, 2010, p. 139).

Por fim, no penúltimo capítulo, intitulado, “Quem vai defender o patrimônio?”, a autora trata finalmente do engajamento político dos arqueólogos a partir dos impactos ambientais causados pelas grandes obras.

Quando há obras que despendem de grandes orçamentos e que gerarão um retorno tecnológico de grande impacto na população, ou mesmo em uma parcela dela, geralmente o âmbito arqueológico passa a ser ignorado. Por outro lado, obras pequenas também ignoram sítios arqueológicos, uma vez que se entende que essas não demandam de licenciamento. Comumente, altera-se um grande projeto visando o número de pessoas que serão afetadas – buscando sempre ser o menor possível -, mas o mesmo não ocorre por motivos arqueológicos ou ambientais. Assim, Monticelli cita diversos exemplos onde o interesse econômico é colocado acima dos interesses patrimoniais. Porém, por pressão de movimentos ambientalistas internacionais, aos poucos foram sendo incorporadas legislações pró-meio ambiente, e, dessa forma, o patrimônio arqueológico ganhou força.

Gostaria de concluir com uma citação das considerações finais da própria obra, que exprimem muito claramente o posicionamento de Monticelli quanto a Arqueologia de Contrato: “O patrimônio precisa ser preservado dos impactos. E alguém precisa estar disposto a realizar essa tarefa. Os arqueólogos prestadores de serviço, oriundos todos da academia, a ela ainda vinculados ou não, exercendo a profissão de forma liberal ou autônoma, estão condicionados, como todos os demais profissionais, às leis de um mercado capitalista, no qual as noções de progresso e desenvolvimento soam mais alto e as políticas e atuações preservacionistas são consideradas entraves ou obstáculos ao futuro” (Monticelli, 2010, p. 208 – grifo meu).

Letícia Nörnberg Maciel – Acadêmica do curso de Bacharelado em Antropologia com ênfase em Arqueologia pela Universidade Federal de Pelotas, (UFPel), Brasil.

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[MLPDB]

 

Mundo Antigo | UFF | 2012-2017

Revista Mundo Antigo The clay World of Çatalhöyük

A Revista Mundo Antigo (Campos dos Goytacazes, 2012-2017) é um periódico científico e de acesso aberto (Open Access Journal). A revista é especializada em  História Antiga, História Medieval e Arqueologia, e é publicada pelo  Núcleo de Estudos em História Medieval, Antiga e Arqueologia Transdisciplinar (NEHMAAT) subordinada ao Departamento de História de Campos dos Goytacazes – Universidade Federal Fluminense. Este periódico tem por objetivos:

  • Promover o intercâmbio entre pesquisadores, professores e pós-graduandos do Brasil e do exterior.
  • Disseminar pesquisas de professores e pós-graduandos do Brasil e do exterior.
  • Permitir acesso mais ágil e fácil a produção acadêmica de modo a ser usada em pesquisas futuras por discentes e docentes.
  • Estimular a produção de conhecimento sobre a História Antiga, História Medieval e Arqueologia Antiga.
  • Divulgar publicações, eventos, cursos e sites, quando possível, de modo a contribuir com a pesquisa docente e discente.
  • Estabelecer uma relação entre mundo antigo e mundo contemporâneo, quando possível, para uma melhor compreensão dos processos históricos.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2238-8788

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The Nation and its Ruins: Antiquity, Archaeology, and National Imagination in Greece / Yannis Hamilakis

Eu vos saúdo, ruínas solitárias, túmulos santos, muros silenciosos! É a vós que invoco; é a vós que dirijo minhas preces. Sim! Enquanto vossa aparência afasta com pavor secreto os olhares do vulgo, meu coração encontra, ao vos contemplar, o encanto de sentimentos profundos e altos pensamentos. Quantas úteis lições, reflexões tocantes ou fortes não ofereceis ao espírito que sabe vos interrogar! (Volney, Les ruines, ou Méditations sur les révolutions des empires, 1791)

Volney, no famoso livro Les ruines, ou Méditations sur les révolutions des empires, mostra-nos seu fascínio pela imagem das ruínas. Para este historiador e filósofo francês, as ruínas significam os escombros de um mundo que não existe mais; são testemunhas mudas de um passado, esfinges que merecem a atenção do presente e que nos lembram do caráter efêmero de nossas conquistas.

As ruínas, principalmente as gregas, serviram de diferentes formas para representações na modernidade, foram inspiração para a arquitetura no período pós Revolução Francesa e tema para poetas românticos. Consciente desse poder estético das ruínas e preocupado com a identidade nacional da Grécia moderna, o autor grego Yannis Hamilakis escreveu seu livro The Nation and its Ruins: Antiquity, Archaeology, and National Imagination in Greece, publicado em 2007 pela Oxford University Press, ganhador do Edmund Keeley Book Prize, da Modern Greek Studies Association.

O livro é dividido em oito capítulos, nos quais Hamilakis estuda as relações entre Antigüidade clássica e imaginário nacional. O autor levanta uma série de questões que se interligam para formar a problemática da pesquisa: Por que o imaginário nacional precisa de vestígios do passado? Como esses vestígios se interligam no processo de formação imaginária de uma nação? Como a antigüidade pode contribuir para a formação do topos imaginário de uma nação? Como a arqueologia, um dispositivo da modernidade ocidental, auxilia na produção da materialidade de uma nação?

As perguntas ambiciosas que formam a problemática de Hamilakis se enquadram naquilo que François Hartog e Jacques Revel chamaram de “les usages politiques du passé.” Uma das maneiras de fazer uso político da história é a deformação da mesma por motivos nacionalistas, ou seja, a necessidade de formar uma imagem da nação coesa faz com que se excluam certos fatos e acontecimentos para favorecer a idéia de nação (Hartog; Revel, 2001: 08). O uso da história é tão importante para uma nação que Hobsbawm afirma que “nações sem um passado são uma contradição nos termos. O que faz uma nação é o passado, o que justifica uma nação contra outras é o passado, e os historiadores são as pessoas que o produzem.” (Hobsbawm, 1992: 03)

De acordo com Anne-Marie Thiesse (2001/02), existem elementos que permeiam um discurso nacionalista e podem ajudar a sustentar uma pseudo-unidade nacional como a idéia de ancestrais fundadores, uma história que tenha continuidade através de vicissitudes, podendo formar a saga de um povo, uma galeria de heróis que povoam essa história, uma língua e lugares de memória. No caso do livro The Nation and its Ruins, também são elementos importantes a paisagem e os monumentos culturais. No caso da nação grega, nada mais emblemático do que as ruínas arqueológicas como as do Parthenon ou a Acrópoles de Atenas.

O título do primeiro capitulo, “Memories cast in marble: introduction” (pp. 1-33), é uma referência ao clássico de David Sutton, Memories Cast in Stone: The Relevance of the Past in Everyday Life. Hamilakis começa a sua análise refletindo sobre os ícones referentes à Antigüidade presentes na abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas no ano de 2004. Para o autor a abertura dos Jogos Olímpicos colocou em evidência para toda a comunidade internacional os símbolos do imaginário da nação grega, especialmente as ruínas arqueológicas da Antigüidade. Utilizando fotografias do evento, o autor nos mostra que reproduções vivas das ruínas, animadas por atores, desfilaram como emblemas nacionais gregos. O uso das ruínas também é comum como recurso da publicidade de empresas tanto nacionais como multinacionais. O autor discute também os avanços da relação entre a questão do nacional e a arqueologia, colocando as bases teóricas para seu livro na leitura das idéias de Eric Hobsbawm, Benedict Anderson, Ernest Gellner e arqueólogos como Nadia Abu El-Haj:

Neste estudo, valho-me de escritos que vêem o nacionalismo como um sistema cultural, uma ideologia e uma ontologia, como um conjunto de idéias que define o ser-no-mundo das pessoas, organiza a sua existência social corporal, a sua imaginação e mesmo os seus sonhos sociais (cf. Kapferer 1988, 1989; Anderson 1991[1983]; Herzfeld 1992; Gourgouris 1996). Eu vejo o nacionalismo como um quadro de referência organizatório, sempre em processo de construção de si mesmo, do seu objeto (a nação) e dos seus agentes sociais. As suas raízes históricas estão bem documentadas (cf. Gellner 1983; Hobsbawm 1992) e as suas ligações com as tecnologias da modernidade como a tipografia, o mapa, o censo e o museu, bem expostas (cf. Anderson 1991[1983]). A conhecida frase de Anderson sobre a nação como uma comunidade imaginada está agora nos lábios de todos, embora raramente haja qualquer reflexão sobre o que esta afirmação acarreta. (Pg. 15)

Depois de assim estabelecer as suas bases conceituais, no segundo capitulo, “The ‘Soldiers’, the ‘Priests’, and the ‘Hospitals for Contagious Diseases’: the Producers of Archaeological Matter-realities” (pg. 35-56), Hamilakis dedica-se a uma discussão crítica sobre as estruturas e as políticas das produções arqueológicas na Grécia, enfocando os órgãos oficiais que desenvolvem as principais escavações, sendo os principais o State Archaeological Service e o Athens Archaeological Society. Hamilakis defende a idéia de que a arqueologia em solo grego está ligada a uma idéia de “missão nacional”, colocando os museus dedicados à Antigüidade como templos nacionais de uma cultura que às vezes se associa à confusa idéia de uma idade de ouro.

Assim o autor desenvolve uma teoria da arqueologia grega, colocando-a em um cenário religioso, realizada dentro da religião secular da nação, ou seja, a Antigüidade. Os arqueólogos, na interpretação de Hamilakis, atuam como sacerdotes dessa religião, sendo mediadores entre o passado e o presente, enquanto as ruínas ou os monumentos são os seus ícones. A importância da arqueologia como religião secular da nação é atribuída ao seu papel como um provedor de argumentos para a defesa do que é considerado nacional.

No terceiro capítulo, “From Western to Indigenous Hellenism: Antiquity, Archaeology, and the Invention of Modern Greece” (pg. 57-123), há um exame genealógico de como surgiram as estreitas relações entre as antigüidades e a imaginação nacional helênica no século XIX. Hamilakis sustenta que antes da consolidação da idéia de nação, as antigüidades eram vistas pela maioria dos gregos como feitos admiráveis do passado, porém alheios a eles. Ao final do período, contudo, elas haviam tornado-se um recurso simbólico chave da imaginação nacional, essencial à construção do novo Estado-nação grego após a guerra da Ásia Menor. O autor também defende que a Antigüidade, apesar de ter seu uso e significado fomentados pela concepção ocidental do helenismo, foi reformulada por intelectuais gregos em uma nova síntese local, chamada por ele de “helenismo nativo” (Indigenous Hellenism), que envolvia a reabilitação de Bizâncio e o estabelecimento de uma continuidade histórica nacional, além da fusão do nacionalismo com a Ortodoxia Grega.

O capítulo seguinte (“The Archaeologist as Shaman: the Sensory National Archaeology of Manolis Andronikos” pp. 126-167) trata de Manolis Andronikos (1919-1992), considerado o arqueólogo nacional por excelência na Grécia, elevado ao status de grande “xamã” da nação. Andronikos defendia uma praxis arqueológica que enfatizava a ligação emocional com o passado e as propriedades sensoriais e mnemônicas dos artefatos e sítios arqueológicos. A sua filosofia combinava a modernidade da narrativa arqueológica nacional com as visões “pré-modernas” de encontros corpóreos com os ancestrais mortos, os quais eram vistos como tendo uma ligação genealógica direta com as pessoas de hoje. Para o autor, Andronikos é a expressão arqueológica do Helenismo nativo que constrói uma modernidade seletiva, muito diferente de algumas formas da modernidade ocidental.

Em “Spartan Visions: Antiquity and the Metaxas Dictatorship” (pp. 169-204), o autor examina os papéis e significados da Antigüidade durante a ditadura de Metaxas (1936-1941). Nela, buscou-se estabelecer uma nova narrativa nacional, aspirando a uma sociedade utópica chamada “A Terceira Civilização Helênica”, sendo a primeira a Antigüidade clássica e Bizâncio a segunda. Esta narrativa idealizava a Esparta clássica devido aos seus supostos militarismo e austeridade social. Algumas novidades introduzidas no período persistem até a atualidade, como o uso ideológico da antigüidade como ferramenta educacional e as evocações cerimoniais e performáticas do passado e da sua materialidade.

O sexto capítulo, “The Other Parthenon: Antiquity and National Memory at the Concentration Camp” (pp. 205-241), trata dos campos de concentração estabelecidos pelo governo na ilha de Makronisos, conhecida como o “Novo Parthenon”, para onde foram enviados os soldados e cidadãos de esquerda durante a Guerra Civil Grega, com o propósito de reabilitá-los pela doutrinação ideológica. A Antigüidade clássica era usada nessa doutrinação, havendo tentativas de convencer os presos de que o seu destino como descendentes dos gregos antigos era incompatível com ideologias “estrangeiras” como o comunismo. Os presos “redimidos” eram encorajados a construir réplicas de monumentos clássicos como o Parthenon, encenar peças e compor poesia evocando a Antigüidade clássica. O autor contrapõe esta tentativa com as memórias dos presos, que expõem a brutalidade do “experimento”, mas também invocam a Antigüidade clássica – ambos os lados retiram das ruínas o que lhes convêm ideologicamente. Hamilakis sustenta que uma vez estabelecido o mapa mítico nacional, ele se torna o quadro aceito, dotado de suprema autoridade moral, dentro do qual todos os nacionais operam, apesar das suas divergências.

No sétimo capítulo, “Nostalgia for the Whole: the Parthenon (or Elgin) Marbles” (pp. 243-286), a questão dos mármores do Parthenon, atualmente no Museu Britânico de Londres, é analisada tendo em vista superar algumas idéias sobre a restituição cultural e discutir a produção e reprodução da imaginação nacional, as ligações entre os nacionalismos e o colonialismo e as noções de alienabilidade e inalienabilidade.1 O autor sustenta que atualmente os mármores são como os membros exilados e aprisionados do corpo nacional e personificam um elemento chave para a imaginação nacional: a nostalgia pela totalidade. Os mármores são como uma manifestação material do desmembramento e da fragmentação, processos que ameaçam a completude do nacional, cujo discurso baseia-se na unidade e na coesão.

Por fim, no oitavo e último capítulo, “The Nation in Ruins? Conclusions” (pp. 287-301), o autor resume e reitera as questões discutidas previamente sobre as relações entre as antigüidades e a imaginação nacional. Então, Hamilakis parte para uma análise sobre as perspectivas futuras da nação, debate em que freqüentemente se prevê um enfraquecimento ou mesmo fim da nação em conseqüência do fenômeno da globalização. O autor, ao contrário, acredita que esta possa levar ao fortalecimento da nação, pois a incerteza gerada requer a ilusão de permanência e o sentimento de enraizamento proporcionados pela idéia de nação e singularmente presentes na materialidade das ruínas incorporadas à imaginação nacional.

O livro de Hamilakis é uma importante contribuição para os estudos de recepção e apropriação da Antigüidade, da arqueologia e das suas utilizações, assim como para os estudos sobre os usos políticos do passado e sobre a nação, o nacionalismo e a identidade nacional. Por lidar com o caso específico da Grécia moderna de forma tão profunda e variada, The Nation and Its Ruins é esclarecedor para a discussão sobre a construção da nação e dos seus símbolos e sobre os papéis e significados do passado no imaginário nacional. As ruínas acabaram sendo protagonistas na construção da identidade nacional grega – como Volney, permanecemos deslumbrados diante desses restos de pedra.

Referências

HARTOG, François; REVEL, Jacques (Orgs.). Les usages politiques du passé. Paris: Éditions de l’EHESS, 2001.

HOBSBAWM, Eric. Ethnicity and Nationalism in Europe Today. In: Anthropology Today, v.8, n. 1, Feb. 1992

THIESSE, Anne-Marie. Ficções criadoras: as identidades nacionais. In: Anos 90. Porto Alegre: UFRGS, n. 15, 2001/2002.

VOLNEY, Constantin-François. Les ruines, ou Méditations sur les révolutions des empires. Paris: Bossanges Frères, 1821 [1791].

Notas

1 Os conceitos de “alienabilidade” e “inalienabilidade” são construídos em torno do caso do Friso do Párthenon, atualmente pertencente ao British Museum e reivindicado pela Grécia, com constantes protestos e processos internacionais. Hamilakis discute como certos artefatos arqueológicos ganham conotação de alienabilidade, dentro da idéia de trocas simbólicas de Pierre Bourdieu, assumindo valores nacionais e econômicos (Hamilakis, p. 275). Tanto a Alienabilidade e Inalienabilidade estão em uma “symbolic arena” (p. 274), em que são disputados na construção de sentidos nacionais. Tais sentidos não são dados, mas processos de significações.

Mateus Dagios – Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGHIS/UFRGS).


HAMILAKIS, Yannis. The Nation and its Ruins: Antiquity, Archaeology, and National Imagination in Greece. (Classical Presences). Oxford University Press, 2007. 352p. Reeditado em 2009. Resenha de: DAGIOS, Mateus. As ruínas e a modernidade. Em Tempo de Histórias, Brasília, n.20, p.183-188, jan./jul., 2012. Acessar publicação original. [IF].

La Arqueología y la Etnohistoria. Un Encuentro Andino – TOPIC (C-RAC)

TOPIC, John R. (Ed). La Arqueología y la Etnohistoria. Un Encuentro Andino. Lima: Instituto de Estudios Peruanos e Institute of Andean Research, 2009. 369p. Resenha de: MILLONES, Luis. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.43, n.2, p.323-326, dic. 2011.

John Topic nos entrega un nuevo texto guiado por la idea de presentar un retrato sobre los estudios andinos en nuestros días. En su introducción, menciona a varios autores que destaca por su capacidad de pasar por encima de las fronteras de las disciplinas comprometidas en este libro (antropología, arqueología, historia) para acercarse al objetivo de sus investigaciones. Son esas las pautas de la publicación: el estado del trabajo interdisciplinario en los estudios andinos en el primer decenio del año dos mil.

En las mismas páginas da cuenta del esfuerzo que ha tenido que desplegar hasta que la publicación llegue a nuestras manos. No lo dudamos. Convertir una reunión académica en un libro que incluya los debates grabados de los participantes es algo que pocos colegas se atreverían a hacer. No siempre el resultado refleja lo que pudo ser una controversia vivaz e interesante, con aportes que justifiquen el trabajo realizado. En este caso, el editor intenta trasmitir ese quehacer íntimo del evento, con las dificultades que menciona y las que podemos adivinar a través de experiencias parecidas.

A lo dicho se suma la ausencia del trabajo de Idilio Santillana, participante de la reunión, cuya tesis doctoral sigue esperando su turno en el editorial de su universidad, lo que decidió a Idilio a dejarnos sin su contribución, lo que lamentamos. Actuó de madrina nuestra hermanita mayor, María Rostworowski, cuya participación es siempre un lujo. El evento recordó a Craig Morris, cuya muerte en el 2006 es una pérdida notable en los estudios andinos.

Dividido en cuatro rubros, el que se dedica a Mitos y Cosmología, tiene un solo expositor, Segundo Moreno, que eligió un tema importante y complejo, el Chimborazo como ancestro. El autor nos dice al final de su artículo que carece de fuentes escritas similares a las que pueden encontrarse en las visitas de los extirpadores de idolatrías del arzobispado de Lima. Pero exprime con mucha habilidad la documentación y la tradición oral recogida en la época colonial y republicana, en las faldas del volcán. Moreno nos recuerda que el Chimborazo era una de las huacas relacionadas con los seguidores del Taki Onqoy, justamente la que se encontraba en el extremo norte de las que fueron convocadas para derribar a los dioses cristianos. Posteriormente esta visión cambia y la montaña restablece su calidad de apu (señor) exigente, al que no satisfacían los rebaños que le estaban consagrados (camélidos y posteriormente ovejas), a ellos agregaba en sus demandas el sacrificio de niños y niñas, como otros nevados a lo largo de la cordillera de los Andes. El autor nos entrega desde el folklore los relatos sobre la condición masculina del Chimborazo y los enredos de su “pareja”, Tungurahua, cerro al que se feminiza, quizás “porque su influjo climatológico es lejano”.

La Segunda Parte está dedicada a la etnicidad e identidad, y empieza con un caso paradigmático, Sechura (Departamento de Piura, al borde del Océano Pacífico) en el Norte del Perú. El conocimiento del tema está garantizado por el autor, Lorenzo Huertas, que habiendo nacido en la región, es un hurgador de documentos que ha trabajado en localidades distritales (el Perú se divide en departamentos, éstos a su vez en provincias, que están compuestas por distritos) con el apoyo de los municipios de cada jurisdicción, y es autor de un libro sobre Sechura. Esta vez prefiere viajar en el tiempo, analizando la conservación de los espacios sechuranos en manos de sus habitantes originales. Usando el nombre que se le dio en la Colonia, Huertas concluye que “San Martín de Sechura resultó en un pueblo monoétnico, de allí su uniformidad cultural y homogeneidad genética y lingüística; además tuvo una estructura política policuracal”. Si así sucedió, esto fue el resultado de diversas estrategias de sus habitantes: aun los que vivían fuera del perímetro urbano regresaban para las festividades, incluso después de muertos para ser enterrados en su cementerio. Más tarde, en el siglo XIX, se crearon “fronteras vivas”, es decir se levantaron caseríos en zonas en conflicto con hacendados u otras comunidades calificadas de invasores. Esta solidaridad con su suelo se alimentaba en un parentesco endogámico que hasta hace muy poco tiempo hacía posible descubrir a sus pobladores o descendientes por sus apellidos.

Para el mismo rubro de identidad y etnicidad, cuatro autores (Santoro, Romero, Standen y Valenzuela) eligieron el valle de Lluta, al norte de Chile como caso de estudio. Muy centrados en el viejo esquema de verticalidad, predicado por John Murra en la década del sesenta, se proponen a estudiar los cambios en la estructura económica y política en el período que va del Intermedio Tardío a la intervención del estado incaico. El espacio señalado es “una cuenca hidrográfica de más de 150 km de largo y comprende una hoya de 3.450 km2″ que ha sido objeto de interés en la bibliografía chilena desde varios años. Esta vez, los autores basan su análisis en “muestreos de superficie aleatorios y estratificados de los 29 sitios arqueológicos habitacionales y funerarios, algunos ya conocidos en inventarios regionales”. Para su estudio han clasificado el espacio en tres tipos de valles: costero, intermedio y fértil.

Su primera conclusión es que en el Intermedio Tardío “el sector del valle costero y del valle fértil fueron controlados por población de origen local”. Por el momento se desconoce el carácter de su estructura política, pero se puede decir que en el valle intermedio, el control de las tierras es compartido por poblaciones de origen altiplánico.

El tema se replantea con la irrupción del Estado incaico que se hará visible en la cerámica cuya presencia y variaciones, a decir de los autores, puede reflejar “arreglos políticos y económicos” que se constituyen “para administrar la población y los territorios de los valles”, tal sería el caso de Arica.

Buscando la colaboración del dato histórico, el artículo nos recuerda las hazañas atribuidas a Tupac Yupanqui “quien después de conquistar a los grupos altiplánicos del área circum-Titicaca, separó específicamente para los pacajes algunas tierras de cultivo de maíz… en las costas de Arica y Arequipa”. A continuación queda planteado el dilema de la articulación de la zona de los valles y costa de Arica (Lluta y Camarones) que pudo ser multiétnica, con pacajes y carangas compartiendo el control; o bien reafirmando a los pacajes como dominantes en el período incaico y a los carangas como presencia colonial.

Jorge Hidalgo se suma al tema en debate desde una perspectiva diferente, en lugar de fijar un espacio geográfico para discutir sobre su identidad, prefiere contrastar las comunidades de pescadores y agricultores que habitaron la región que María Rostworowski llamó Colesuyo (desde Camaná hasta Tarapacá).A continuación Hidalgo, basado en una copiosa documentación, trata sobre el intercambio entre estos habitantes yungas.

El punto de partida del trabajo de Hidalgo es la propuesta de Rostworowski que los habitantes del Colesuyo al carecer de un centro de poder estuvieron dominados por la gente serrana desde el período que los arqueólogos llaman Intermedio Tardío, que precedió a los Incas. Para Hidalgo, tal supremacía recién se logra en la última etapa prehispánica. Para demostrar su propuesta recurre a tres casos significativos: Ilo, Tacna y Arica. Su argumentación concluye estableciendo que Ilo era un cacicazgo de pescadores, Tacna era un escenario compartido por agricultores y pescadores y Arica (como Tacna) aun sin conclusiones definitivas, muestra una población multiétnica con territorios interdigitados.

Jorge Hidalgo utiliza la documentación que acompaña el estudio de Efraín Trelles sobre el encomendero Lucas Martínez Vegazo, cuyos tributarios pertenecían a las actuales jurisdicciones de Tarapacá, Arica, Ilo y Arequipa. A ello suma un juego comparativo entre las informaciones que proceden de las visitas de Pedro de La Gasca y de Francisco de Toledo. Como se sabe, luego del primer intento del reparto de encomiendas, bolsa de pensiones y distribución de yanaconas, el licenciado La Gasca se vio obligado, en 1548, a realizar una inspección de los repartimientos indígenas de todo el virreinato, a partir de las declaraciones de los curacas y los encomenderos de cada jurisdicción con datos específicos de población (originales y forasteros), tipo de cultivos, productos de cada región (textiles, ganados, etc.) y en especial de los tributos que proporcionaban al encomendero, e incluso antes de la Conquista a las autoridades incaicas o jefes locales. Con mucho mayor detalle dado que las circunstancias políticas eran otras, el virrey Toledo, entre 1570 y 1575, instruyó a sus funcionarios de tal forma que los propios encomenderos asegurasen la veracidad de los resultados. Esto quiere decir que los datos estadísticos obtenidos permitieron analizar desde la composición familiar hasta el nivel productivo de cada región. Además, detrás de esta propuesta demográfica y económica, estaba la necesidad de describir al imperio de los Inca como una tiranía que se redimía con la administración hispana y por supuesto, con la catequización cristiana.

El resultado está volcado en cuadros comparativos que también incluyen la información de Lucas Martínez Vegazo (1540) y que servirán de fuente para futuros estudios. Hidalgo concluye que el cacicazgo de Ilo aparece en las fuentes como una comunidad de pescadores, que además practicaba la agricultura. Al contrario, en el de Tacna no parece haber mucho contacto con la ribera marítima. Cuando aparecen quienes practican la pesca, son mitimaes que terminan siendo parte de este cacicazgo.Aun así es difícil pensar que las actividades se mantuvieron separadas. Esta división es notoria entre los aymaras, lo que contrasta con la población original. Finalmente, tenemos el caso de los caciques e indios uros en Lluta y Azapa y de los indios camanchacas con tierras de cultivo en la ciénaga de Ocurica… que se vieron obligados a vender sus tierras para satisfacer el impuesto reclamado por Toledo. En conclusión, Hidalgo propone que la ausencia de diferencias entre pescadores y agricultores, encontradas en la tradición cultural de la costa, habría tenido sus orígenes en la tradición cultural alto andina.

En su Tercera Parte el libro trata del siempre espinoso tema de las fronteras del Imperio. El primer trabajo de este rubro pertenece a Sonia Alconini que reabre el estudio de los límites con el Chaco boliviano, lo que tiene una larga historia, en especial por su relación con las tribus chiriguanas de filiación guaraní.Alconini centra su trabajo en dos zonas: Oroncota al oeste y Cuzcotuyo al este de los piedemonte del Chaco, ambas en la Cordillera Oriental de los Andes.

El artículo empieza con una provocadora cita del Inca Garcilaso de la Vega, en la que el cronista muestra el estereotipo usual que desplegaban incas y europeos con respecto a las sociedades más allá de su territorio conocido. Llega a decir: “Y no solamente comían la carne de los comarcanos que prendían, sino también la de los suyos propios cuando se morían…” También los cronistas españoles repiten sus prejuicios: “los Chiriguanas que es una nación de montaña desnudos y que comen carne humana…” a decir de Pedro Sarmiento de Gamboa. Como nos recuerda la autora, esta percepción de los “bárbaros” es común en todas las historias oficiales de los imperios que se encuentra en varios continentes. Pero si bien estas calificaciones son repetitivas, los límites físicos entre sociedades diferentes, propician opciones de investigación que suelen ser novedosas, y ayudan a comprender al propio estado expansivo, de mejor manera.

Alconini proporciona dos fórmulas fronterizas: la militar y la cultural. Al obvio despliegue de barreras y soldados de una de ellas, la otra sería el de Incanizar a las poblaciones externas (bárbaros), a través de las poblaciones que habitaban dentro de sus límites. Para ello se centra en los datos de arquitectura, prospección y distribución de cerámica incaica. A los que suma la documentación histórica, que a su juicio refleja la perspectiva incaica, en la que las tribus chiriguanas figuran como invasores, por lo que el espacio fronterizo sería una zona militarizada a partir del gobierno de Tupac Yupanqui. Esta versión no coincide con la que procede de la arqueología: el sistema de caminos, el muro en la cima de la montaña Cuzcotuyo y las colinas amuralladas adyacentes, en lo que se refiere a la arquitectura, y la distribución de la cerámica guaraní-chiriguana que también se encuentra en espacios de ocupación incaica.

Sonia Alconini concluye que la frontera debe pensarse como un espacio de interacción, no como una línea demarcatoria. Dentro de esta perspectiva pudieron existir espacios militarizados como el complejo Cuzcotuyo y también centros provinciales como Oroncota, de larga inversión de trabajo en su infraestructura. Esto nos está diciendo que al lado de la construcción de lo que sería una frontera militarizada coexistían fórmulas de jugar con los límites como espacios de interacción con los grupos étnicos locales. Esta relación era también una forma de frontera que hacía de aquellas tribus parte del Imperio.

Las contribuciones preparadas para este rubro continúan con el trabajo de Verónica I. Williams sobre la dominación incaica en el noroeste argentino (NOA). En su artículo analiza la fórmula de ocupación incaica en los espacios que comprende el valle de Calchaquí, el de Yocavil-Santa María, la quebrada de Humahuaca y en el bolsón de Andalgalá. La pregunta pendiente sigue siendo la naturaleza de esta dominación. En algunos casos, la arquitectura prueba la presencia de los especialistas imperiales para la construcción de obras de naturaleza variada, en otras ocasiones, a partir de la alfarería se puede hablar de asentamientos mixtos (incaicos y santamarianos).

Williams enfatiza la variedad de estrategias usadas por los señores del Cusco para marcar su presencia en un espacio codiciado. Un Estado en expansión necesita en primer lugar una red de caminos, que en su fase inicial pudo ser heredada de los waris, en lo que se ha llamado “primer round” del imperio. A continuación, una vez establecidos los espacios y habitantes a ser dominados, se procedía a la instalación de centros estatales a lo largo de las vías. Dichos centros, o nichos provinciales, cubrían varias urgencias, entre ellas, presencia política, áreas de intercambio económico y ceremonial, pero sobre todo tenían la función de convertir a los sorprendidos habitantes, en miembros del Tahuantinsuyu. Parte importante en este afán era la determinación de las cumbres que se convertían en santuarios incaicos, confirmados con el sacrificio de niños y jóvenes, cuyas momias cargadas de ornamentos se siguen encontrando en el sur del Imperio.

No fue tarea fácil, el territorio prehispánico del NOA fue un mosaico de etnias, muchas de ellas alojadas bajo la cómoda denominación de calchaquíes. Esta fragmentación de etnias trajo consigo que en el aspecto militar (si es que la hubo) se diera un mayor avance, mientras que en el aspecto productivo el desarrollo fue más lento y complejo. Este panorama cambió en cuanto los hijos del sol implementaron la organización social incaica.

Es interesante descubrir esta voluntad incaica de construir estos complejos habitacionales en lugares poblados y despoblados, lo que implica consideraciones geopolíticas de larga duración que ahora escapan de nuestro conocimiento. En todo caso Willliams encuentra dos patrones generales: aquellos poblados integrados por varios sectores, como podría ser un cerro con defensas, barrios residenciales y zonas públicas; un poblado al pie del cerro y conjuntos arquitectónicos dispuestos en forma aislada, vinculados a unidades domésticas, talleres artesanales y terrazas agrícolas. El otro patrón se caracteriza por centros ubicados en terrazas o mesetas altas y relativamente planas.

Para concluir Williams propone que las diferentes formas de ocupación del Estado incaico “pudieron responder a un control territorial de tipo directo o indirecto, confluyendo en los asentamientos estatales los centros de poder y de intercambio”. Aun así, es difícil saber los criterios incaicos de ocupación, que debieron variar de acuerdo a la reacción de los pobladores originales.

Culminan los trabajos en este rubro con el artículo de Ana María Lorandi, maestra de larga e importante trayectoria en las ciencias sociales argentinas. El tema de su trabajo tiene que hacer con las relaciones centro-periferia del Tahuantinsuyu, usando como ejemplo el NOA. Se interesa especialmente en la producción de bienes y servicios a favor del Estado incaico, usando como herramienta las acciones de los mitimaes o poblaciones desplazadas con ese propósito. Como en el trabajo anterior, los calchaquíes son protagonistas en este juego de intereses, su aceptación o rechazo a estos colonos forzados es el eje de las preocupaciones de Lorandi y otros especialistas.

Lorandi empieza analizando el rol de mitimaes y yanaconas en el desarrollo del Tahuantinsuyu. Estas poblaciones cuya función y estilo de vida era transformada por decisión estatal, por mucho tiempo fueron considerados como serviles, sin que se determinasen las especificidades de su accionar, lo que incluía, en algunos casos, privilegios con respecto al hatun runa. Ubicarlos en el NOA no fue fácil, Lorandi nos dice que aun bajo el gobierno español, la región fue frontera de guerra, lo que a ella le permite extrapolar la situación para épocas prehispánicas, concluyendo que “los incas controlaron más fácilmente a las jefaturas más septentrionales que a las del centro y sur de la región”.

Superada la fase guerrera, lo que se conoce en las crónicas como etapa de pacificación imperial o pax incaica, debió involucrar un cuidadoso manejo de los mitimaes. Si la distancia con sus pueblos de origen no era superior a unos días de camino, la estrategia debió ser muy diferente si los desplazados terminaban ocupando espacios a muchos kilómetros. Y por más que se guardasen sus privilegios en los pueblos de sus padres, la reubicación implicaba situaciones de adaptación para los pueblos originales y para los forzados migrantes. Concluye su trabajo con una pregunta que resume el estado actual de nuestro conocimiento sobre el tema, ¿Cuáles eran los límites de la capacidad del Estado para movilizar miles de personas a cientos o a más de mil kilómetros, sin provocar resistencias activas o pasivas, o sin provocar un agotamiento que conspirase con los objetivos políticos y económicos para los cuales se implementaban estas prácticas?”

La Cuarta Parte, en manos de Rostworowski, es una reflexión sobre la necesidad de enfatizar el carácter interdisciplinario de los estudios andinos. Temas diversos como los mitos de Huarochirí, el santuario de Pachacamac o las peregrinaciones precolombinas, etc., que corresponden a temas investigados por ella misma y que forman parte de sus obras completas, dan ejemplo a seguir en la necesaria interacción de las disciplinas. María, nuestra hermana mayor, caminó por los espacios del valle de Lurín siguiendo los pasos de las deidades de Huarochirí y de los peregrinos de Pachacamac. Su síntesis es un ejemplo de la mirada que abarca las disciplinas sociales.

Reseñado por Luis Millones – Profesor Emérito, Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Lima, Perú.

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Develando Órdenes y Desatando Sentidos. Un Atado de Remedios de la Cultura Tiwanaku – LOZA (C-RAC)

LOZA, Carmen Beatriz. Develando Órdenes y Desatando Sentidos. Un Atado de Remedios de la Cultura Tiwanaku. La Paz: Instituto Boliviano de Medicina Tradicional Kallawaya, 2007. 153p. Resenha de: BISONARD, Rosana Patricia. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.43, n.especial, 609-610, 2011.

Las investigaciones sobre atados medicinales prehispánicos son escasas, de tal suerte que el libro de Carmen Beatriz Loza sobre un atado del período Tiwanaku viene a enriquecer la literatura especializada en etnomedicina andina desde su vertiente arqueológica. La historiadora y demógrafa-médica boliviana, a través del Instituto Boliviano de Medicina Tradicional Kallawaya, realizó un notable esfuerzo editorial por ofrecer a los lectores un texto en castellano e inglés, sobre el análisis detenido de un atado de remedios encontrado fortuitamente en Pallqa, provincia Larecaja del Departamento de La Paz. Se trata de un pequeño fardo envuelto en cueros de ciervo que contenía pequeños objetos utilizados por un religioso/ médico de la época de Tiwanaku, aproximadamente del año 900 de nuestra era.

La autora inmersa en la cultura Kallawaya pudo realizar una catalogación completa y un desciframiento del significado de cada uno de los objetos por muy extraños que se presenten ante nuestros ojos. En realidad, esto se consiguió gracias a un proceso basado en la contrastación de resultados de numerosas investigaciones arqueológicas y etnográficas andinas con los testimonios de los herbolarios y médicos Kallawayas y K’awayus en un “intrincado proceso de elucidar la antigua ciencia de sanar que era practicada por los tiwanakotas”. Dicho proceso lo desarrolla a través de cinco capítulos documentados por hermosas fotografías que dan sustento a un primer capítulo destinado a la “descripción y evaluación de estudios sobre atados en contextos andinos”. Este tema permite abordar las circunstancias históricas del descubrimiento; las características en términos andinos para describir la evidencia arqueológica y la aprehensión del modelo cognitivo que prima en el orden del atado. El segundo capítulo trata de la “distribución jerárquica de contenidos” a través de la comprensión de la organización, almacenamiento y ordenación de los remedios, lo cual derivó en el planteo del modelo cognitivo que lo sustenta. Mientras que el “análisis de los cordajes finos” forma parte de un tercer capítulo donde se presentan como componentes claves para la comprensión de las actividades curativas del religioso/médico de Pallqa. Se realza en este capítulo la relación existente entre los cordajes y algunos aspectos del funcionamiento de los quipus. El cuarto capítulo trata de “la jerarquía de objetos animados e inanimados” mostrando una coincidencia con la propuesta teórica del antropólogo y filósofo francés Phillipe Descola sobre la ausencia de división tajante entre naturaleza y cultura (cf., Descola, 1993, 2005). Finalmente, el quinto capítulo acerca del “contexto del ajuar inhalatorio” (microcontextos) enfatiza en los aspectos desechados precedentemente por otros estudiosos para describir la parafernalia inhalatoria la cual no era necesariamente para consumir psicotrópicos.

Los cinco capítulos completan la visión panorámica amplia del contenido y su relevancia arqueológica, a pesar de la existencia de un trabajo preliminar incompleto sobre esas mismas evidencias arqueológicas (Capriles Flores, 2002: 23-50). De ahí que se hizo necesario “complejizarlo”, para lo cual trabajó desde el enfoque “etno-arqueológico”, debido a la distancia cultural y temporal que nos separa del atado. La analogía etnográfica utilizada a lo largo del texto apunta hacia el “reconstruccionismo arqueológico”, privilegiada como metodología empleada por la autora. Metodología que además permite el acercamiento a las evidencias arqueológicas del período Tiwanaku y su relación a las culturas Kallawaya y K’awayu mediante el estudio de los restos materiales de la cultura médica prehispánica. En esa línea, reúne elementos para la mejor comprensión de la tumba multifuncional de Niñokorin recogida parcialmente por el etnólogo Henry Wassén en (1971) (cf., Wassén 1972). La autora, siempre retomando en el marco conceptual desarrollado por Philippe Descola, se adentra en la comprensión del empleo de los cueros y sus funciones medicinales, desechando parcialmente la idea de que sólo servían como recipientes. De hecho, la propuesta de una clasificación de los cueros por parte de los Kallawayas y K’awayus contribuye a comprender los sistemas de pensamiento andino, mediante el análisis de la ordenación de una diversidad de objetos de diferente naturaleza correspondientes a la cultura Tiwanaku, estableciendo la matriz ontológica que la sustenta.

En suma, del análisis se desprende, que el “modelo cognitivo de organización simbólica de pensamiento secuencial”, utilizado por Carmen Beatriz Loza, permite afirmar que el atado de Pallqa responde a una estructura de pensamiento secuencial, eficaz y operativo, basado en un modelo cognitivo de organización simbólica llamado también modelo simbólico de representación del conocimiento. Esto nos lleva a encuadrarnos en un paradigma que permite ver entre los médicos/religiosos de Tiwanaku una forma particular de ensamblaje y sistema de organización de almacenamiento de las medicinas. Todas ellas ordenadas acorde a una jerarquía de cueros y a una asociación de elementos de distintos materiales y de peculiar naturaleza animal, destinados a la fabricación de remedios. Este paradigma representa un modelo simbólico de representación de conocimiento, ya que entraña un valor, en tanto significación de un acto de codificación de la información a través de símbolos externos. Los mismos no pueden ser comprendidos al margen del marco de las operaciones simbólicas, ya que los diferentes tipos de cueros no son sólo reservorios, sino que tienen funcionalidad específica. En el atado moran los espíritus de los animales domésticos y silvestres, de los que provienen los cueros, que eran activados por el religioso/médico de Pallqa, quien los manipulaba, para las curaciones, reproduciendo atributos de poder inherentes a las especies. En otros términos, el atado se metamorfoseaba convirtiéndose en sujeto animal, entramando esta metamorfosis a diversas escalas de organización de los cueros/contenedores estudiados por la autora.

El proceso de investigación científica que utilizó Carmen Beatriz Loza representa un desafío digno de destacar. En primer lugar, planteando una relación intrínseca entre epistemología y metodología, no reducidas ambas a un simple tecnicismo, sino a una reflexión sobre la teoría del descubrimiento. La autora en cada momento del proceso de investigación estableció y desarrolló áreas temáticas con selección específica del campo de trabajo, lo que le permitió establecer en cada aproximación el objeto de investigación, planteando claramente problemas e interrogantes resueltos durante el proceso de investigación y otros planteados para un posterior trabajo. Además, en el momento lógico-epistemológico precisó correctamente el objeto, por lo cual se abocó a la construcción del marco teórico, reflexionando sobre las categorías teóricas que le permitieron el abordaje del objeto, delimitando clara y específicamente los propósitos de la investigación. En esa línea, el modelo etno-metodológico le permitió abordar el estudio del fenómeno social que rodeaba al atado de Pallqa, reforzando así las interacciones de los individuos con su medio, y las ideas que el mundo social está compuesto de significado y puntos de vista compartidos. Considero que el aporte del libro evidenció, por primera vez, que los remedios/cueros/contenedores, del atado del período Tiwanaku, intervinieron en el proceso curativo porque son portadores de poderes en sí mismos. Aporte que sólo fue posible por el conocimiento cercano del mundo de los especialista médicos Kallawayas y K’awayus con quienes ha sabido compartir, discutir y descubrir los secretos de un atado del período Tiwanaku.

Referencias

Capriles, J.M. 2002. Intercambio y uso de fauna por Tiwanaku. Análisis de pelos y fibras de los conjuntos arqueológicos de Amaguaya, Bolivia. Estudios Atacameños 23:33-50.         [ Links ]

Descola, P. 1993. Les Lances du Crépuscule: Relations Jivaros. Haute-Amazonie. Plon, Paris.         [ Links ]

—2005. Par-delà Nature et Culture. Éditions Gallimard, Paris.         [ Links ]

Wassén, S.H. 1972. A Medicine-man’s Implements and Plants a Tihuanacoid Tomb in Highland Bolivia. Göteborgs Etnografiska Museum, Goteborg.         [ Links ]

Rosana Patricia Bisonard – Programa “Doctorado en Cultura y Sociedad”, CONICET, Salta, Argentina. E-mail: rosanabiso@yahoo.com.ar

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Trilhas da História | UFMS | 2011

Trilhas de Historia2 The clay World of Çatalhöyük

Trilhas da História (Três Lagoas, 2011-) foi pensada e elaborada com o objetivo de promover o debate acadêmico, tendo o propósito de enriquecer as pesquisas em andamento, tal como agregar produções de outros lugares, instituições e sujeitos.

Com esse objetivo, esperamos alcançar, além de professores da universidade e da rede pública e privada de ensino, alunos graduandos de nosso curso [de História – Três Lagoas/MS] e de outras universidades, tendo por intuito incentivar novas pesquisas e a busca por conhecimentos produzidos pela História e áreas afins.

Se a proposta é interdisciplinar, disciplinas como a Filosofia, Geografia, Ciências Sociais, Antropologia, Arqueologia, entre outras, encontrarão espaço para veicular as suas produções, desde que concernentes aos temas sugeridos pela Revista. A Revista se constitui de Dossiês; Artigos livres; Ensaios de Graduação; Resenhas e Fontes.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2238 1651

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Monuments, Empires, and Resistance: The Araucanian Polity and Ritual Narratives – DILLEHAY (C-RAC)

DILLEHAY, Tom D. Monuments, Empires, and Resistance: The Araucanian Polity and Ritual Narratives. Nueva York: Cambridge University Press, 2007. 484P. Resenha de: Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.42 n.2, p.539-540, dic. 2010.

Este libro ofrece una nueva mirada sobre la organización sociopolítica y religiosa de los Araucanos en la región central sur de Chile entre 1550 y 1850, a través del análisis arqueológico de paisajes sagrados, fuentes etnohistóricas y las narrativas rituales de chamanes (machi) contemporáneos. Dillehay aborda los amplios contextos regionales, intelectuales y materiales del monumentalismo araucano desde diferentes ángulos, incluyendo la economía política, la historia cultural, el materialismo cultural, la ideología, la teoría de la práctica, el simbolismo y el significado. Los montículos de tierra ceremoniales (kuel) son monumentos estéticos, líneas temporales, monumentos conmemorativos, identidades e ideologías arquitectónicas. Ilustran cómo se desarrollaron los paisajes sociales como parte de una nueva organización política, muestran cómo los líderes políticos tradicionales y los chamanes sacerdotales habitaban espacios sagrados y cómo les conferían valor a estos espacios para articular sistemas ideológicos dentro de la sociedad en general. El mapa araucano de rutas y lugares sagrados conecta los kuel con el mundo espiritual, cosmológico y natural así como con la historia de estos lugares en un recorrido topográfico sagrado. La articulación del poder ritual, social y del conocimiento era, por lo tanto, esencial para la construcción y expansión de la organización política regional araucana. Esta organización resistió eficazmente el avance extranjero durante tres siglos -primero de los españoles y luego de los chilenos-, hasta su derrota definitiva en 1884. Dillehay demuestra cómo los Araucanos manipulaban los conceptos de espacio, tiempo, memoria y pertenencia para oponerse a los intrusos y expandir su poder geopo-lítico en una organización política unificada, a medida que cambiaban las relaciones interétnicas a lo largo de la frontera española.

Dillehay cuestiona las percepciones anteriores de los Araucanos como grupos patrilineales descentralizados de cazadores y recolectores enfrentados unos con otros. Muestra que los valles de Purén y Lumaco utilizaron modelos andinos de autoridad estatal y su propio esquema cosmológico para desarrollar una organización política agrícola regional compuesta por patrilinajes dinásticos confederados con un alto grado de complejidad social y poder político. Esta confederación de organizaciones geopolíticas cada vez más amplias se constituyó en primera instancia en el nivel local de multipatrilinaje (ayllarehue) y, finalmente, en el nivel interregional (butanmapu). Dillehay sostiene que la organización política era jerárquica, aunque al servicio de un sistema religioso y sociopolítico heterárquico horizontal en el que los líderes compartían posiciones de poder y autoridad. Dillehay cuestiona la idea de que el control político esté ligado a la acumulación de riqueza material y poder ritual. Los Araucanos apreciaban y rivalizaban en gran medida por el prestigio y el respeto y el control del pueblo, pero existían muy pocas diferencias materiales entre los distintos líderes araucanos hasta fines del siglo XVIII. El período de uso del kuel dependía de la capacidad de liderazgo y de la sucesión de linajes dinásticos. Hoy en día las alianzas entre los kuel establecidas a través del matrimonio y su distribución en los valles de Purén y Lumaco emulan la organización espacial y de parentesco de los linajes que habitan el valle.

Los montículos interactivos de aspecto humano construidos por los Araucanos entre 1500 y 1850 requerían rituales para apaciguar, ofrendas de chicha y sangre de oveja, y obediencia a la ideología panaraucana a cambio de bienestar, protección, fertilidad agrícola y predicciones futuras. Los montículos, volcanes y montañas son equivalentes conceptuales y están asociados con las necesidades araucanas de defensa, territorio, refugio, contención e identidad relacional con volcanes y espíritus ancestrales. Los kuel son parientes vivos que unen a los Araucanos de diferentes regiones y promueven la soberanía étnica. Los kuel eran enterratorios de chamanes y jefes, monumentos conmemorativos de ancestros y genealogía, señales de estatus para líderes de linaje y lugares de ceremonias, festividades y poder político. Los sacerdotes chamanes (machi) realizaban rituales colectivos en los kuel para obtener consuelo, curación y bienestar. Los líderes políticos y militares (Ulmén, longko toqui) utilizaban los kuel para sus discursos políticos. Estas performancias públicas reorganizaban los conceptos araucanos de culto a los ancestros, religión e ideología comunitarios en un marco más amplio y complejo para brindar apoyo a la organización política, y servían para reclutar mano de obra y soldados.

Si bien con Dillehay hemos documentado anteriormente y en forma independiente la práctica de los chamanes sacerdotales araucanos en los valles centrales del sur de Chile en el siglo XVII y en contextos contemporáneos, este libro es el primero en vincular las prácticas rituales sacerdotales de las machi con los montículos sagrados. El libro detalla cómo las machi contemporáneas se comunican con los montículos a través de ñauchi (alfabetización de montículos) y ofician de mediadores entre el montículo, la comunidad y otras deidades y espíritus. Los montículos son espíritus parientes que interactúan con machi contemporáneos, lugares de conocimiento donde las comunidades recuerdan su historia y expresiones materiales de la cosmología araucana. Los Araucanos contemporáneos de los valles de Purén y Lumaco continúan utilizando montículos para mantener relaciones entre pratilinajes y entre los vivos y muertos, el pasado, el presente y el futuro. Queda por ver el rol que los montículos y sus marcos sociopolíticos desempeñan en los movimientos contemporáneos de resistencia panaraucana.

Monuments, Empires and Resistance es un texto importante para arqueólogos y antropólogos interesados en los procesos demográficos, ideológicos y sociopolíticos asociados con el monumentalismo.

Ana Mariella Bacigalupo – State University of New York En Buffalo, USA. E-mail: anab@buffalo.edu

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How do the Media Represent Archaeology, What is at Stake? – LEMAITRE; SCHALL (A-UBA)

LEMAITRE, Serge; SCHALL, Céline (Ed.). How do the Media Represent Archaeology, What is at Stake? Bruxelles: Musées Royaux d’Art et d’Histoire, Bruxelles. Asbl Kineon, 2009. 149 pp. Resenha de: SALERNO, Virginia. Arqueología, Buenos Aires, v.16, p.283-285, 2010.

Durante las últimas décadas, el estudio sobre las formas en que la arqueología y la sociedad se interrelacionan ha atraído la atención de muchos investigadores. Entre los distintos aspectos que este campo presenta, resulta de interés indagar los modos en que el conocimiento y los materiales arqueológicos se convierten en objeto de apropiación y resignificación con diversos propósitos en el presente. En estos procesos, los medios masivos de comunicación tienen un rol importante como formadores de opinión y como dispositivos de educación informal. Haciendo eco de esas tendencias se realizó un encuentro internacional sobre arqueología y medios de comunicación en el Musées Royaux d’Art et d’Histoire de Bruselas (Bélgica), en el que tuve la oportunidad de participar gracias a la colaboración de los organizadores del evento (Kinéon Asbl y Archaeology in Contemporary Europe) y de los proyectos PICT 0717 (2006) y UBACyT F026 (2008-2010). El encuentro ocurrió durante el 5 de noviembre del 2009, como parte de las actividades del 8vo. Festival Internacional de Películas Arqueológicas, evento que se organiza cada dos años desde el año 1994 (Kinéon Asbl y Archaeology in Contemporary Europe). El intercambio desarrollado puso en evidencia la necesidad de continuar profundizando el estudio de la dimensión pública de la arqueología y por ello se propuso para el próximo festival la realización de un encuentro que aborde la relación entre arqueología y política.

Los trabajos presentados fueron compilados en la obra que reseño en este espacio: How do the Media Represent Archaeology, What is at Stake?. El libro está compuesto por la introducción de Serge Lemaitre, coordinador del encuentro, y por 13 artículos que abordan distintos aspectos relacionados con la representación de la arqueología en medios masivos de diferentes lugares (Alemania, Argentina, Australia, Austria, Bélgica, Francia, Estados Unidos y Reino Unido). Así, y sin buscar ser un compendio exhaustivo, esta obra da cuenta de la inclusión de la arqueología en diversos contextos sociales y nos permite considerar la manera en que las situaciones concretas afectan tanto su representación pública como su puesta en práctica.

Una parte de los trabajos compilados estudian los discursos de medios de comunicación audiovisuales y escritos. Entre ellos, el trabajo de Peter Hiscock propone una revisión del cine hollywoodense y reflexiona sobre los riesgos y beneficios de las representaciones estereotipadas de los “arqueólogos”.

Proponiendo un enfoque diacrónico, Tom Stern y Thomas Tode examinan películas alemanas sobre arqueología y las representaciones que sustentan. El formato televisivo es puesto en cuestión con la revisión que Greg Bailey, Don Henson y Angela Piccini hacen de la serie inglesa Bonekickers. A partir de este caso, los autores se preguntan sobre el alcance de las representaciones que se difunden a través de la televisión, las implicancias que las mismas tienen para los arqueólogos y la forma de concebir y ejercer su propia práctica.

Finalmente, en esta línea de análisis el trabajo de Danièle Alexandre-Bidon ofrece una interesante reflexión filosófica sobre el modo en que la arqueología y la ciencia ficción se interpelan mutuamente.

Otra parte de los artículos del libro centra la atención en la forma en que se producen materiales para difundir los conocimientos arqueológicos al público general. La variedad de formatos discursivos analizados incluye series de televisión (Faye Sympson), documentales (Joel Sperry), artículos en la prensa escrita (Joel Sperry, Virginia Salerno) y exhibiciones museográficas (Valerie Morisson, Damien Glad). En esta línea, Ruth Tringham describe la base de datos de películas sobre arqueología de la Universidad de California, Berkeley, usualmente utilizada como recurso educativo. Esta base de datos tiene más de 600 películas y puede consultarse en la página de Internet de dicha universidad.

Si bien en todos estos trabajos se reconoce la relación entre los discursos producidos con objetivos de entretenimiento y los discursos producidos con objetivos educativos, las formas que adquiere esta relación no son mayormente exploradas. Una excepción es el artículo de Easton J. Anspach, este autor centra su atención en el uso de la metáfora arquetípica entre arqueología y detectives de ficción tanto en ámbitos recreativos (uso de video juego) como en ámbitos académicos (en la biografía del egiptólogo Alfred Lucas) y educativos estadounidenses (en textos de educación no formal).

Con todo, esta compilación resulta substanciosa para comparar y discutir las recurrencias y especificidades de las representaciones sociales sobre los conocimientos arqueológicos y sobre la arqueología. Entre las recurrencias observadas en los trabajos puede mencionarse que ciertas representaciones de la arqueología son transversales a los distintos recursos literarios (novelas) y medios escritos y audiovisuales analizados (televisión, cine, diarios) así como a los distintos contextos socioculturales donde esos productos culturales circulan. Las mismas forman una imagen estereotipada de la arqueología cuyo acento se pone en el estudio del pasado, la aventura y el misterio. Al respecto, Céline Schall propone que este tipo de representaciones transversales pueden estar asociadas a un abordaje ontológico de la arqueología sustentado en ciertos imaginarios científicos (pp. 141-142). En búsqueda de respuestas para las mismas preguntas, Faye Simpson hace una reflexión interesante al señalar que estos estereotipos son construidos a través de los medios masivos en un proceso de disneyficación, cumpliendo una doble función: por una parte, estos lugares comunes dotan a la arqueología de fantasía y atractivo, constituyéndola en un producto deseado por el público. Por otra parte, este autor observa que las mismas representaciones permiten construir una distancia prudencial entre el público y la arqueología profesional, identificada con el ejercicio de sujetos responsables y preparados para tal fin.

En el otro extremo, los trabajos de este libro también nos permiten poner la atención en las especificidades socio-históricas que convergen en la construcción de determinadas representaciones. Así, puede considerarse el rol que los conocimientos y materiales arqueológicos tienen en la legitimación de ciertas visiones del pasado en función del presente.

Por ejemplo, en el trabajo de Joel Sperry (pp. 53-61) se analiza la asociación que los medios ingleses establecieron durante la década de 1980 entre el retorno a las Malvinas y la representación de una excavación arqueológica de un barco inglés construido en 1511 y hundido por los franceses en 1545. La autora observa la manera en que esas representaciones permitieron reinterpretar la realidad del pasado para establecer asociaciones entre la arqueología, la acción naval y la imagen de Gran Bretaña ruling the waves (pp. 54). De esa manera, concluye la autora, se reinventó y legitimó en el discurso mediático, el nacionalismo inglés.

Un interrogante tímidamente explorado en esta compilación refiere a la manera en que las representaciones sobre la arqueología intervienen en la construcción del conocimiento arqueológico. En esta línea, es inspirador el trabajo de Easton J. Anspach (pp. 81-91), quien analiza los mecanismos por los que la reiterada metáfora entre la arqueología y los detectives de ficción influye en la percepción de la práctica arqueológica. Lo interesante de este trabajo es que el autor observa que a partir de la misma metáfora se construyen imágenes diferentes que circunscriben y definen a la disciplina en el contexto norteamericano.

Por una parte, la analogía entre detectives de ficción y la arqueología da pie a la imagen romántica de la disciplina, estereotipo instalado en la cultura general que describe a la arqueología como una peligrosa aventura realizada por hombres blancos. En cambio, en el ámbito académico, esta metáfora funciona acentuando el carácter racional de la disciplina, contribuyendo a que los propios arqueólogos se perciban a si mismos (y de esta manera circunscriban su práctica) como emprendedores de un noble proyecto cuyo objetivo es preservar la vida y la cultura.

Para finalizar, quisiera subrayar que desde una perspectiva metodológica, los trabajos de este compendio también invitan al lector a discutir y considerar la utilización de categorías y recursos para el estudio de la dimensión pública de la arqueología, así como de estrategias concretas para comunicar la disciplina.

Entre las primeras pueden mencionarse la utilización de la categoría de representación social (Virginia Salerno, pp. 61-71) y la base de recursos audiovisuales presentada por Ruth Tringham (pp. 21-31). Entre las segundas, varios autores reconocen las ventajes del uso de historias de vida como forma de establecer conexiones emocionales entre historias del pasado y del presente. Pues a través de ellas es posible generar la empatía suficiente para pensar la posibilidad de una realidad social diferente (Damien Glad, pp. 96). Otros aspectos que se mencionan como exitosos para construir propuestas de comunicación efectivas que interesen al público son: la combinación entre ciencia, entretenimiento y ficción y la elaboración de muestras que interpelen al público invitándolo a participar de una experiencia sensorial múltiple (Valerie Morisson).

Virginia Salerno – CONICET Instituto de Arqueología, FFyL, UBA 25 de Mayo 217, 3er piso (C1002ABE) CABA. E-mail: vmasalerno@yahoo.com.ar

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Past Bodies. Body-Centered Research in Archaeology – BORIC; ROBB (DP)

BORIC, Dusan; ROBB, John (Eds). Past Bodies. Body-Centered Research in Archaeology. Oxford: Oxbow Books; The Cromwell Press, 2008. Resenha de: BUDJA, Mihael; PETRU, Simona. Documenta Praehistorica, v.37, 2010.

The body in archaeology is both omnipresent and invisible.” (Bori! and Robb, p.1) The book is a collection of essays resulting from two symposia, ‘Past Bodies’ in Cambridge in 2006, and ‘Acting and Believing: An Archaeology of Bodily Practices’, held at the Society for American Archaeology meetings at San Juan, Puerto Rico in 2006. The book is in four sections, with papers grouped by general theme or approach in order to draw attention to cross-disciplinary linkages. The first section presents a general introduction to social theories of the body and an overview of relevant archaeological methodologies.

The second presents studies of the represented body, and the third, studies of the body in death. The fourth section contains studies which cut across traditional domains of study such as representation and burial, and focus upon the socially contextualised body at particular historical moments.

The articles range from the hunter-gatherers of the Upper Palaeolithic through modern British populations. The majority refers to the European sequence, but there are discussions of Near Eastern, North American and Mesoamerican cases. The book offers three theoretical implications: (i) it underscores the productive richness of the concept of the body in archaeology; (ii) it shows that the archaeology of the body is not the monopoly of a single province of archaeology, particularly data-rich regions; (iii) it goes beyond such stereotypes and prejudices as ‘symbols, gender, agency, social relations and ritual experience, etc., are all very well, but you can only do them where you have texts’.

The book’s most significant contribution is its evidence and argumentation highlighting the partiality of the, traditionally Western, homo clasus conception of the embodied being. It accomplishes this through various demonstrations of the ‘relationality of embodied subjects’ and ‘fractal thinking’. It also addresses issues relating to questions of epistemology (knowledge and representation of the body), phenomenology (lived representations of the body), and ontology (the material bodily properties and capacities of our antecedents). The case studies provide explorations of corporeal knowing, sensing and being, and archaeology’s concern with the ‘open’ and varied relationships that exist between embodied subjects and the social bodies of tribe and society.

Mihael Budja and Simona Petru

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Archaeology and Memory – BORIC (DP)

BORIC, Dusan (Ed). Archaeology and Memory. Oxford: Oxbow Books, 2010. 210p. Resenha de: PRIJATELJ, Agni. Documenta Praehistorica, v.37, 2010.

Stimulated by a growing interest in the issue of memory, remembering and forgetting in the various fields of humanities and social studies, this volume illuminates the relationship between archaeology and memory. In doing so, it raises some perennial but also novel questions. What is the relationship between materiality and memory? What diverse mnemonic systems for inscribing the ‘past in the past’ can be discerned through archaeological records? How does archaeology understand time and, consequently, represent the past? What are the consequences of the interplay between the uses of memory and archaeological practice? Varied answers are provided by eleven contributors from the fields of archaeology, anthropology and the arts. As far as the organisation of the volume is concerned, twelve papers are organised into three sections. Following a theoretical introduction that gives an historical overview of the development of the concept of memory in philosophy (Bori!), there are seven papers (Whittle, Bori!, Tringham, Jones, Hanks, Boozer and Gutteridge) which are concerned with the theme of the ‘past in the past’. Six of these elaborate on diverse prehistoric and classical case studies from the Eurasian regional contexts. The seventh, on the other hand, is written as a personal recollection of how the creation of the archaeological record has changed through time with the development of digital media (Tringham). The final section in the book comprises four papers which explore the archaeologies and memories of the contemporary past, three of them through selected case studies (Filippucci, Weiss, Baji!) and the fourth from a theoretical perspectives (Buchli).

A number of key points arise throughout the twelve chapters. First, memory which can be seen as a curated and fragmented past embedded in the present is expressed through incorporated bodily actions and performances. However, it can be also inscribed as a text into material objects, monuments, landscapes and places by the practical engagements of people with the world. Several philosophical concepts, particularly concepts of trace, citation and repetition/recapitulation (Bori! p. 16–21, 24–26) which are of practical relevance for examining the relation between remembering, forgetting, and materiality, allow the contributors to present a number of case studies of materialised memories embodied in the forms of dwelling structures (Whittle, Bori!, Boozer), monumental public architecture (Gutteridge), burial structures (Whittle, Bori!, Jones, Hanks), votive offerings (Jones), landscapes of conflict, violence and war (Filippucci, Weiss), as well as digital archaeological archives (Tringham) and virtual museum (Baji!).

Second, singularity is not in the nature of time – on the contrary, it is inherent to each segment of time to be composite. Hence, the present (also the present in the past) is formed as a palimpsest, consisting not only of the present time, but also of fragments of different pasts. This phenomenon is most readily observed in our physical environment, as is shown by an illustrative case study by Gutteridge. The author describes the locale of the Arch of Constantine as a place where past and present conjoin in the form of historical topography, peopled by tourists, street merchants and men dressed as gladiators and centurions equipped with 21st century gadgets such as mobile phones. Similarly, the distinction between the past and the present is dissolved in the Arch itself: spoliated reliefs from at least three older monuments are used intentionally to achieve an effect of timelessness along with the elision of biographical and cosmic time. As Gutteridge stresses, this principle of selective curation negates the linear temporal principle of historic time and instead creates a bricolage of events and their material manifestations that are “moved, shuffled, and relocated in the spatial and temporal landscape, … never fully out-oftime” (p. 168).

Third, following the sociological distinction between individual and collective memory, the majority of authors seek to examine diverse engagements with the world that are involved in creating collective identities and collective memories. When, for example, Whittle (p. 38) writes on dwelling and the everyday activities of “building structures, herding animals, tending crops, procuring raw materials, interacting with co-residents, neighbours and others, and attending to the level of floodwaters when they came” that came about in the Neolithic settlement of Ecsegfalva 23 in the Great Hungarian Plain, he brings to the forefront social knowledge and collective memories as preconditions for daily life. On the other hand, as shown by Boozer, archaeology is able (in particular instances) also to touch upon the topic of memory in relation to personal identity construction and maintenance. The case study of an elite male who decorated his Roman Egyptian house in Amheida by the end of third century with Homeric mythological scenes reveals the particular strategies used by a wealthy individual to define his position within the imperial framework.

Fourth, the past living on in the form of materialised memories returns and is never completely gone. Weiss’s paper, which explores the landscapes of conflict and violence created in the 1990s Balkan wars, presents the immense power of mutilated landscape and how these are able to pull victims into a loop of reliving past atrocities. The author asks that a more equitable role for material evidence be given in relation to written documents and witness testimonies in international criminal tribunals, since “there is a profound tenacity inherent in certain objects, markers and monuments in the landscape – a tenacity tending towards the continual recapitulation of the intentions and agendas of power” (p. 192).

Fifth, similar to memory itself, archaeological objects, places and landscapes often convey traces of repetition/ recapitulation. This is illustrated by two Meso/ Neolithic contexts of the Danube gorges (Bori!): in the case of Lepenski Vir, older, Early Mesolithic hearths were (partially) superimposed by later trapezoidal structures; while in the case of Vlasac, burials were superimposed at the same location for several generations. According to the author, both examples convey the principle of reproduction which enables the past to live on in disguised form in the present, yet, on the other hand, this brings with it – besides tradition – innovation and change.

Sixth, the nature of historical time is dissimilar to the nature of archaeological time: while the former consists of dates and chronologies which arrange singular events into a unilinear sequence, the latter represents the fusion of fragmented and materialised pasts and the present entwined in a continual dialogue.

Gutteridge brilliantly illuminates this point by comparing the nature of archaeological narratives with the principle of spoliation:

“In archaeology, this spoliation, … The repetitive rhythmic movement between the past and the present, the removal of individual instants from their embedded layers of context, the shuffling of our kaleidoscopic attempts to combine different pasts to speak to the present, and our refusal to let these fragments fall away silently from the future, all play a role in the ways in which we create and interpret our cacophonous spoliated memorials to the archaeological past” (p.168).

These are the highlights of this book. Yet I would also like to point out to some of the difficulties that arise when the concept of memory is applied to archaeological discourse. The biggest hindrance stems from the fact that memory is primarily a psychological process and therefore difficult to trace in archaeological records. While the premise of memory embedded in materiality creates a bridge between the material and the immaterial, it does not necessarily help to recognise the fundamental distinctions between influence and memory or repetition/replication and continuity in the archaeological material itself. Indeed, dwellings were built on older dwellings; burials were reused or superimposed over older burials. Yet how can we penetrate behind the general statement that this was a meaningful reuse of space and grasp the actual meanings behind it? Even more so, since the psychological, social and cultural experience behind these acts belongs to a world and time of ‘others’. As exemplified by case studies of prehistoric burials (cf. Whittle, Bori!, Jones, Hanks), a vast range of speculations and unknowns is involved in interpreting archaeological traces of past commemorative acts. It is not uncommon that authors adhere to very general statements: a long barrow in Southern Britain is seen as a “loci of diverse remembrance” (p. 43); a superposition of burials at the site of Vlasac “evokes strict rules and closely- followed observances of the ‘ancestral’ ways” (p. 64); in North-western Scotland “the deposition of grave goods impress themselves upon memory” (p.114); in Iron Age Eurasia “elaborate tombs, … provided important physical contexts for both inscribed and embodied memory practices surrounding the lifestyle of the warrior” (p. 134). This kind of ambiguity in formulations originates from the constraints of archaeological material that inhibit the recognition of a particular and intentional commemorative significance in preserved traces. What becomes obvious when reading through the book is that the concept of memory is used to much greater effect in the case studies of explicit intentionality of monumental public architecture, textual narratives (in this volume, Documenta Praehistorica 2010 book reviews 341 presented by studies of figurative depictions, digital archives and virtual museum) and our contemporary pasts which allow us to recognise our intense psychological, social and cultural engagement with them.

Archaeology and Memory contains a wealth of interesting case studies and ideas. While the theoretical chapters (Boric, Buchli) are challenging, the book’s subject matter and its interdisciplinary scope make reading highly rewarding. This book should be an indispensable read for anyone ready to expand the range of questions on the past and to reflect on the ethical responsibilities of archaeological narratives.

Agni Prijatelj – Durham University

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Arqueologia Hoje  / Especiaria / 2009

Especiaria – Cadernos de Ciências Humanas comemora, com este número, sua vigésima edição, que representa uma caminhada importante para sua continuidade enquanto revista científica voltada para a grande área das ciências humanas. Publicada ininterruptamente nesse período, os desafios não têm sido pequenos, porém, o constante reconhecimento da qualidade dos artigos e textos apresentados credencia a revista a continuar na direção trilhada.

A revista Especiaria-Cadernos de Ciências Humanas destaca, na presente edição, a arqueologia como objeto de análise de pesquisadores e estudiosos, brasileiros e estrangeiros, que se propõem a desvendar costumes, identidades e práticas culturais. “Arqueologia Hoje” é o sexto tema apresentado pela revista desde que assumiu o formato de dossiê, como parte principal de suas edições.

A publicação de um número voltado para o tema Arqueologia revela uma fina sintonia do conselho editorial da Revista Especiaria com o crescimento significativo das pesquisas arqueológicas em solo brasileiro, a necessidade de preservação do nosso patrimônio cultural e o potencial que essa ciência tem para auxiliar a construção das identidades sociais.

Em alguns textos, são lembrados instituições, cientistas pioneiros ou programas de pesquisa; em outros, fica evidente o quanto a diversidade das pesquisas desenvolvidas de norte a sul do Brasil tem revelado sobre o presente e o passado do continente americano. Os textos dos autores revelam o amadurecimento da própria disciplina em nosso país, intimamente relacionado ao maior contato entre as instituições de pesquisa nacionais e internacionais, à solidificação da Arqueologia no cenário nacional.

Dentro desse escopo, o primeiro artigo do Arqueologia Hoje é de Elvis Barbosa, professor da UESC e co-coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Bahia (NEPAB / UESC). Em Arqueologia na Bahia: uma História em construção, o autor nos oferece um histórico das pesquisas, pesquisadores e instituições que, ao longo do século XX e começo do XXI atuaram e atuam no Estado da Bahia. No transcorrer da leitura, surgem nomes de pioneiros como Vital Rego, Thales de Azevedo, Carlos Ott e Valentin Calderón, e de instituições tradicionais de pesquisa dentro do Estado, como o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (MAE / UFBA), em Salvador, ao lado de outras mais recentes, como o já citado Núcleo de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Bahia (NEPAB / UESC) em Ilhéus, a ONG Acervo – Centro de Referência em Patrimônio e Pesquisa, localizada em Porto Seguro, e as pesquisas que têm sido realizadas na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em Vitória da Conquista.

Na sequência, temos dois artigos voltados para a antiguidade da ocupação do território brasileiro e o grau de complexidade social das populações que aqui viviam antes da chegada dos europeus. A fim de comprovar a presença humana na América para além dos limites da transição final entre o Pleistoceno e o início do Holoceno, há 12.000 anos antes do presente, foram convidados Águeda e Denis Vialou, do Muséum National D’Histoire Naturelle de Paris. No artigo Dos primeiros povoamentos às ocupações ceramistas em abrigos rupestres do Mato Grosso, os Vialou apresentam datações de até 25.000 anos antes do presente que corroboram os dados de outros pesquisadores que argumentam que a ocupação do continente americano é mais antiga do que supunham as teorias tradicionais. Obtidas em contextos crono-estratigráficos rigorosos, onde vestígios da presença humana estão associados à megafauna extinta, os resultados oferecidos nessas escavações realizadas no centro geodésico da América do Sul são de fundamental importância para aqueles interessados na antiguidade e nos processos de povoamento do continente americano.

No campo da valorização de sistemas de ocupação regionais, suas articulações sociopolíticas e crescente complexidade em tempos anteriores à colonização européia, estão os textos de Denise Pahl Schann, de Paulo De Blasis e Maria Dulce Gaspar e de Marisa Afonso Continho. No artigo A Amazônia em 1491, de Denise Pahl Schaan, presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira e professora da Universidade Federal do Pará, a autora sintetiza a história da ocupação indígena na Amazônia por meio de uma bibliografia atual, focada na discussão sobre a alta densidade populacional da região, sua significativa diversidade étnica e a complexidade social existente antes do ano 1491. Nesse percurso, perpassa uma ocupação humana que se iniciou há pelo menos 11.000 anos com pequenos grupos caçadores, coletores e pescadores, sociedades horticultoras de floresta tropical e os cacicados que surgiram em regiões como as dos rios Trombetas e Tapajós e a Ilha de Marajó.

Já Paulo De Blasis e Maria Dulce Gaspar, professores do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, respectivamente, com Os sambaquis do Sul catarinenses: retrospectiva e perspectivas de dez anos de pesquisas primam por oferecer um balanço das pesquisas sobre as populações sambaquieiras que ocuparam o litoral Sul de Santa Catarina entre 7.500 e 1.500 anos antes do presente. Ancorados em mais de dez anos de pesquisa que coordenam na citada área, os autores discutem aspectos sobre a formação dos sambaquis e o sistema de assentamento em torno do complexo lagunar do litoral sul catarinense, revelando resultados que evidenciam a paulatina complexidade social e demográfica ao longo do período e apontam, segundo os autores, que as práticas rituais funerárias teriam tido um papel estrutural nas formas de organização social dessas populações.

Em Um painel da arqueologia pré-histórica no Estado de São Paulo: os sítios cerâmicos, a professora Marisa Continho Afonso, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, reúne informações que permitem caracterizar o Estado de São Paulo como um território singular por reunir testemunhos arqueológicos de outras regiões do país. Para tanto, utiliza o estudo de sítios-chave para a discussão de fronteiras culturais entre os grupos ceramistas associados às grandes tradições arqueológicas conhecidas na literatura especializada como Tupiguarani, Itararé / Taquara, Aratu e Uru.

Os textos seguintes, de Loredana Ribeiro, de Flavia Prado Moi e Walter Fagundes Morales, de Andrés Zarankin e Melisa Anabella Salerno e de Cristoban Gnecco, apesar de fundamentados em contextos e situações bem distintas, são claros exemplos da crescente inserção política e social da atividade do arqueólogo, a cada dia mais consciente de que sua profissão, antes estritamente dedicada à construção (ou reconstrução) do passado, não pode estar dissociada do engajamento político e social dos pesquisadores nem dos desdobramentos e consequências que podem resultar de suas atividades.

No artigo Sobre pinturas, gravuras e pessoas – ou os sentidos que se dá à arte rupestre, Loredana Ribeiro, pesquisadora do Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais, apresenta uma síntese sobre a influência das duas vertentes interpretativas incorporadas aos estudos da arte rupestre em solo brasileiro nas últimas quatro décadas – a perspectiva Estruturalista das missões francesas, e a Classificatória, ancorada no difusionismo cultural europeu – e discute as possibilidades interpretativas dos registros rupestres na prática da Arqueologia e na vida cotidiana das comunidades atuais, indígenas e caboclas. Dentro desse escopo, Loredana Ribeiro percorre um caminho que mostra como os significados e os sentidos dos grafismos podem receber novas significações dentro dos novos contextos culturais a que são submetidos no campo das identidades sociais.

No texto Arqueologia e Gestão de Recursos Culturais entre os Paresi da Chapada dos Paresi, MT, Flavia Prado Moi e Walter Fagundes Morales utilizam um estudo de caso, sobre os Paresi do Mato Grosso, para apresentar questões que vêm surgindo nas diferentes realidades dos povos indígenas brasileiros, que estão adquirindo crescente autonomia no manejo e gerenciamento dos recursos à sua disposição nos campos político, social, econômico e ambiental, e que envolvem uma crescente preocupação com o patrimônio arqueológico, por vezes identificado como herança cultural deixada por seus ancestrais.

Andrés Zarankin, professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG, e Melisa Anabella Salerno, professora do Departamento de Investigaciones Prehistóricas y Arqueológicas (IMHICIHU / CONICET), Argentina, tratam de um tema que tem despertado crescente interesse dentro da Arqueologia: a questão do gênero. Nesse trabalho, os autores oferecem um panorama dos estudos conhecidos como “Arqueologia de gênero”. Para tanto, em um primeiro momento discutem as origens desse campo de estudo e suas conexões com o movimento feminista para, na parte final do artigo, caracterizar os estudos de gênero e seu papel na ciência arqueológica, demonstrando como é possível pesquisar a pluralidade de identidades dentro de recortes de uma mesma sociedade.

O último artigo é de Cristoban Gnecco, professor da Universidad del Cauca, Colômbia. Em Arqueologias Latino Americanas: de la modernidad a los Estados multiculturales, Gnecco descortina as trajetórias das arqueologias na América Latina. Seu ponto de partida é histórico e descreve a rígida estrutura social e racial herdada de espanhóis e portugueses na formação dos estados nacionais e as formas de apropriação e valorização de um passado ancestral conforme os interesses de época. Nesse caminho, discorre sobre a modernidade nacionalista, a nova ordem multicultural e os papéis que a Arqueologia, o arqueólogo e outros atores sociais podem representar nesse processo de construções do passado a partir das realidades do presente.

Na sessão Artigos, André Ribeiro, da UESC, investiga como, no período que compreende o final do século XIX e a primeira metade do Século XX, foram construídas, na região Sul Baiana, relações da representação da morte como elemento importante da memória coletiva. André desenvolve uma análise que utiliza estudos necrológicos e de anúncios de funerais em jornais locais da época.

O número se completa com a resenha realizada por Marcélia Marques, professora da Universidade Estadual do Ceará, do livro Brasil Rupestre: arte pré-histórica brasileira, de Jorge Marcos, André Prous e Loredana Ribeiro, e com uma tradução do artigo de Thomas F. King Environmental Impact Assessment, Cultural Resource Management and Historic Properties: Learning from the Errors of United States, realizada por Rafael Brandi, mestrando da Universidade Federal de Santa Catarina.

Paulo Cesar Pontes Fraga – Editor.

Walter Fagundes Morales – Organizador.

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Stable Isotopes and Archaeology in Southern South America. Hunter-Gatherers, Pastoralism and Agriculture – BARBERENA (IA)

BARBERENA, R. (Ed.). Stable Isotopes and Archaeology in Southern South America. Hunter-Gatherers, Pastoralism and Agriculture. A. Gil, G. Neme y R. Tykot. International Journal of Osteoarchaeology, 19, p. 127-343. Resenha de: UGAN, Andrew. Intersecciones en Antropología, Olavarría, v.10 n.2, jul./dic., 2009.

El uso de los isótopos estables en la arqueología ha aumentado dramáticamente en la última década y la arqueología latinoamericana no ha sido la excepción. En la edición de marzo-abril del International Journal of Oestoarchaelogy, Ramiro Barberena y colegas presentan una colección de artículos fruto de la conferencia “Isótopos estables y arqueología en el sur de Sudamérica” realizada en el año 2005. Estos artículos se enfocan en el uso de isótopos estables para explorar cambios en la dieta y la adopción de la argricultura, el pastoralismo, la explotación de recursos marinos, la movilidad residencial, la biomecánica y la fi togeografía. De alcance internacional, estos artículos serán de interés para investigadores que estén trabajando en tópicos similares, en las mismas regiones, y para aquellos interesados en métodos de isótopos estables en general. El volumen, como un todo, será también de interés para aquellos que se encuentren buscando datos isotópicos en humanos y recursos consumidos por ellos en el cono sur.

Los artículos en este volumen se pueden dividir en cuatro grupos principales. Un primer grupo evalúa el consumo humano de recursos vegetales C4, particularmente en el contexto de la adopción de la agricultura del maíz. La presentación más completa es la de Tykot et al., que evalúa la dieta prehistórica en el centro de Chile usando datos de isótopos de C y N de colágeno y apatita. Su trabajo es el fruto de una extensa colaboración y usa una completa base de datos para discutir los problemas y el potencial del uso de isótopos estables de carbono para la reconstrucción de dietas. Los autores resaltan la gran variabilidad que se puede encontrar en los datos de isótopos humanos, la necesidad de tener suficiente información sobre los valores isotópicos de las fuentes, y discuten problemas de interpretación. Este artículo también está fortalecido por la cantidad de trabajo isotópico publicado por el autor y sus colaboradores en la región. Es por lo tanto un recurso valioso no sólo para aquellos interesados en la dieta humana en Chile central, sino también para aquellos involucrados en las aplicaciones de los estudios de C y N a las dietas en otras regiones.

Los otros tres artículos dentro de este tema, escritos por Gil et al., Calo y Cortés, y Laguens et al., son más variables en su presentación. Todos estudian diferencias en la composición de 13C de restos humanos para inferir la dependencia con respecto a la agricultura de maíz en el Holoceno tardío. Aunque estos artículos consideran tres regiones diferentes y muestran diferentes tendencias en el consumo del maíz, llegan a un consenso en que los valores isotópicos de carbono en humanos indican mucha más variabilidad espacial y temporal en el uso de la agricultura de maíz de lo que se pensaba anteriormente. Gil et al. profundizan más en esta inferencia al analizar la muestra más grande de restos humanos y proveer datos isotópicos para un conjunto de recursos animales y vegetales alternativos del sur de Mendoza. Asimismo, comparan sus resultados con datos bioarqueológicos de cambios de frecuencia de caries dentales.

El segundo grupo de artículos trata sobre diferentes aspectos de la explotación de recursos marinos. El artículo de Tessone et al. muestra que los valores humanos de C y N en la Patagonia y Tierra del Fuego pueden interpretarse en términos de la proporción de recursos terrestres y marinos consumidos. Las muestras de diferentes regiones (Península Valdés, Península Mitre, Canal de Beagle, etc.) forman un continuum entre los extremos de recursos marinos y terrestres. Más interesante aún, las muestras de la cuenca del lago Salitroso en el interior no solamente tienen la mayor influencia terrestre, sino que también caen en la misma línea. Borrero et al. proveen un análisis complementario al investigar los factores que determinan el consumo de recursos marinos en el sur de Patagonia. Basado en datos líticos e isotópicos de la costa Atlántica y el estrecho de Magallanes, los autores sugieren que las restricciones en la movilidad limitan el acceso a los recursos marinos y resultan en diferentes niveles de su uso. Finalmente, Martínez et al. consideran un contraejemplo de la costa sur de la provincia de Buenos Aires. Los datos isotópicos de humanos en sitios a lo largo del río Colorado y del río Negro difieren de los datos isotópicos terrestres, pero aún así muestran poco uso de recursos marinos. Al evaluar las causas de este patrón, se enfocan en la falta de pinnípedos y cetáceos en la dieta en esta zona y en el hecho de que la gente pudo haber explotado peces de hábitats estuarinos con valores de δ13C menos enriquecidos.

El tercer grupo de artículos incluye los trabajos de Llano e Izeta et al., quienes consideran la distribución de plantas C3 y C4 en el oeste argentino. Como estos dos grupos de plantas tienen señales de δ13C muy diferentes, las diferencias en su consumo influyen en los valores isotópicos de consumidores y se debe considerar su contribución potencial en cualquier estudio de dieta. Ambos autores proveen datos de presencia y ausencia de taxa de plantas comunes de ambos tipos de fotosíntesis, pero Llano agrega más detalles. Ella también explicita las distribuciones de plantas en una transecta altitudinal y provee información sobre qué plantas consumen los guanacos (Lama guanicoe) y el ñandú (Pteronemia pennata), componentes importantes en la dieta prehistórica de la región. Al reunir y presentar estos datos, los autores proveen un recurso útil para quienes trabajan en la dieta y la distribución del carbono en redes alimenticias terrestres. Esto incluye a aquellos investigadores trabajando en el oeste de Argentina y en otras áreas donde se encuentran las mismas especies de plantas.

El resto de los artículos constituye el grupo final. Estos incluyen un trabajo en patrones de residencia y movilidad en los Andes centrales por Knudson, la explotación de camélidos por Yacobaccio et al. e Izeta et al., la ecología isotópica del oeste de las Pampas por Berón et al., la dieta del Holoceno medio en las Pampas por Politis et al., y la biomecánica y dieta marina por Suby y Guichón. El trabajo de Knudson es parecido al de Tykot et al. en alcance. Tiene una base de datos muy amplia, pone atención a la variabilidad en el registro isotópico, enfatiza la necesidad de información sobre los valores isotópicos de los fuentes que contribuyen a la señal final (en este caso O y Sr de aguas y regiones geológicas), y considera problemas de interpretación. Por esto, también merece una atención cuidadosa.

Los otros trabajos son más preliminares. Todos presentan datos nuevos e identifican puntos o tendencias interesantes. Sin embargo, en la mayoría de los casos las muestras de taxa clave son demasiado pequeñas para inferir diferencias o tendencias seguras o hacen falta suficientes datos comparativos en los estudios para interpretar las tendencias observadas. Estos problemas conciernen a casi todos los trabajos, pero simplemente afectan a este último grupo en mayor grado. Casi todos los autores reconocen esta insuficiencia. No obstante esta observación, recomendamos la lectura de todos los trabajos, especialmente para aquellos investigadores que estén trabajando en áreas ligadas. Estos artículos subrayan la cantidad de trabajo interesante que se ha hecho hasta el momento, la potencialidad que tiene. Recomiendo que los lectores revisen el volumen para ver por qué.

Andrew Ugan – Museo de Historia Natural de San Rafael y Department of Anthropology, University of Utah. Email: andrew.ugan@anthro.utah.edu

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Carnívoros y huesos humanos de Fuego Patagonia: aportes desde la Tafonomía Forense – MARTIN (IA)

MARTIN, Fabiana María. Carnívoros y huesos humanos de Fuego Patagonia: aportes desde la Tafonomía Forense. Buenos Aires: Sociedad Argentina de Antropología, Buenos Aires, 2006. 204p. Colección Tesis de Licenciatura. Resenha de: MARTÍNEZ, Gustavo. Intersecciones en Antropología, Olavarría, v.10 n.2, jul./dic., 2009.

Recientemente se ha ejemplificado y discutido con casos de estudio concretos si los enfoques tafonómicos desarrollados en el marco de programas de investigación arqueológicos ofrecen una voz más a la hora de las interpretaciones arqueológicas o si ejercen una suerte de tiranía que tira por tierra todo aquello que hemos defendido como producto de la conducta humana (Gutiérrez 2009).

Dentro de este planteo, me interesa resaltar de donde surge el problema o la elección del tema de estudio llevado a cabo por Fabiana Martin: de un proyecto arqueológico con una fuerte preocupación por entender la tafonomía en varios de sus aspectos. La premisa, en este caso, es entender el uso de los cuerpos humanos por carroñeros como recursos alimenticios y sus consecuenciasconsecuencias tafonómicas. A la aplicación de metodologías propias de estudios contemporáneos y fósiles de casos arqueológicos la autora suma los resultados de las investigaciones desarrolladas en el campo de la Tafonomía Forense, introduciendo así variables de estudio que complejizan las historias tafonómicas de los restos humanos. En este sentido, la introducción de la Tafonomía Forense al campo de aplicación arqueológica, en tanto marco de referencia, es una innovación metodológica importante que implicó sumergirse en la teoría y metodología de los análisis forenses para derivar expectativas de modificaciones causadas por carroñeros sobre huesos humanos, tanto en contextos naturales como arqueológicos. Sin duda, esta no es una tarea menor, ya que obligó a la autora a considerar y trabajar fuertemente en la adecuación de resultados y escalas de aplicación al registro arqueológico a través de la búsqueda de análogos modernos derivados de la Tafonomía Forense (e.g., enfoques tafonómicos experimentales y naturalistas). En esta adecuación escalar, el tiempo, la resolución e integridad resultaron variables importantes cuando se consideran los objetivos forenses y los arqueológicos. El foco principal de la Tafonomía Forense es dilucidar las causas de muerte en contextos actuales en tanto que, desde una perspectiva arqueológica, uno de los intereses principales es tratar con la contemporaneidad de los huesos que componen un entierro o un depósito arqueológico y registrar los grados y modos de destrucción de las unidades óseas involucradas. La discusión y análisis por parte de la autora del denominado Locus E3, en la localidad Tres Arroyos, es un caso paradigmático de esta tarea: aquello que originalmente había sido considerado como un entierro secundario fue reinterpretado como un depósito causado por la acumulación de huesos pertenecientes a un cuerpo que se desplazó naturalmente hacia una trampa natural. En este caso, los elementos óseos presentan numerosas marcas de carnívoros producidas antes de su depositación final. Como menciona la autora, los tafónomos forenses se concentran en la acción de carnívoros que “modifican la escena del crimen”, en un tiempo inmediato. Sin embargo, como arqueólogos también estamos interesados en ver cómo los carnívoros enmascaran otras marcas o alteraciones en restos óseos humanos que se producen en instancias antemortenperimorten y postmorten. En otras palabras, desde una perspectiva tafonómica, los arqueólogos nos interesamos más en la destrucción y dispersión de las unidades, que en las causas de muerte de los individuos. Así, el lector encontrará en este libro cómo se entrelazan coherentemente análisis tafonómicos de restos óseos humanos desde marcos forenses, arqueológicos, paleontológicos y paleoecológicos.

En este sentido, la autora analiza variables y efectos tafonómicos (e.g., estudio longitudinal de carcasas, datos y modelos de carroñeos de cánidos, meteorización, geoformas y potencial de entierro, estabilidad, marcas de roedores, carnívoros, raíces, abrasión, presencia de líquenes, de manchas de manganeso, etc.) cuyos resultados se combinan con evidencia estratigráfica, experimental, conservacional, etnográfica, etc. Sobre esta base, se suman aquellas evidencias derivadas de los estudios forenses como estadios de desarticulación y dispersión de restos óseos humanos, consumo de tejidos blandos humanos y patrones de marcas producidos en huesos humanos por diferentes carroñeros.

Desde el punto de vista de la aplicación de esta metodología, una de las virtudes de este trabajo es la variabilidad de casos elegidos para su aplicación. El rango de los mismos va desde huesos humanos cuidadosamente enterrados y/o protegidos hasta huesos sueltos en sitios diversos de Argentina (e.g., Frailes) y Chile (e.g., Cerro Johnny, Cerro Tetera, Cueva de los Chingues, Tres Arroyos). En otras palabras, se toma ventaja del estudio de huesos humanos en diferentes situaciones, tanto de hallazgo como de completitud, sin descuidar ningún tipo de evidencia, con un tratamiento sistemático de la misma que disminuye la posibilidad de sesgos en la interpretación. Los siguientes casos ejemplifi can este proceder.

En el Cerro Johnny, en el campo volcánico de Pali Aike, se registró un entierro primario en excelentes condiciones de preservación, con tejidos blandos, con segmentos articulados, envuelto en un quillango y que, a pesar de estas condiciones, presentó intensas modifi – caciones efectuadas por carroñeros (zorros grises). Sin embargo, a pesar de la intensidad de estos procesos, no se detectó dispersión de restos óseos. Esta situación habría sido favorecida por el hecho de que el sitio funcionó también como una madriguera y esto explica el carroñeo pasivo de los carnívoros sobre estos huesos enterrados, sin generar la dispersión de los mismos.

En el Cerro Tetera, también en el campo volcánico Pali Aike, se registraron unos pocos huesos dispersos y desarticulados, tanto en superficie como semienterrados y con mala preservación. Se trata de una madriguera de carnívoros pero, paradójicamente, los huesos que se esperaría posean mayor frecuencia de marcas (e.g., fémur, coxal, tibia, etc.) no muestran evidencias de carroñeo.

Estos dos casos muestran claramente la variabilidad de situaciones a la que se enfrentó la autora a través de la aplicación sistemática de la metodología ya apuntada a todos los casos por igual, mas allá del origen, grado de completitud y conservación de los contextos analizados. La variabilidad de casos investigados mostraron que esta metodología es un instrumento valioso y útil a la hora de inferir historias tafonómicas sin asumir a priori estados naturales o situaciones arqueológicas.

Fabiana Martin nos informa también que algunos mamíferos como los zorros excavan y carroñean entierros humanos que yacen hasta 30 cm de la superfi cie del terreno, exponiendo cuerpos completos, partes de estos, tejidos blandos, etc., y que estos carroñeros son capaces de mover pequeñas rocas en cuevas para acceder a los esqueletos humanos.

Son variadas e importantes las implicaciones de los contenidos de este libro para la Arqueología y Tafonomía en general y, sobre todo, para la interpretación de sitios donde se registran restos óseos humanos. En primer lugar, la diversidad de situaciones enfrentadas por la autora mostró variabilidad de situaciones de carroñeo, a pesar de que los mismos agentes (e.g., zorros) estuvieran envueltos en ellas. Independientemente de la información sobre las marcas producidas y la intensidad del daño, son destacables los aspectos relacionados al transporte hacia madrigueras solapadas espacialmente con sitios de entierro. En segundo lugar, este trabajo muestra que los estudios tafonómicos de restos óseos humanos, concretamente referidos al carroñeo y a la acción de ciertos carnívoros, poseen un importante potencial para realizar inferencias paleoecológicas, de interacción entre carnívoros y humanos en ecosistemas determinados tales como el del caso de estudio, Patagonia Meridional y Tierra del Fuego durante los últimos 2000 años. Asimismo, estos resultados fueron integrados con otros contextos de Patagonia, como el caso del Lago Salitroso, donde también los esqueletos humanos fueron carroñados por zorros. En tercer lugar, el enfoque novedoso de la aplicación de la Tafonomía Forense a estos casos de estudio no sólo cobra relevancia en sí mismo, sino que puso de manifi esto el enorme potencial del sistemático trabajo actualístico llevado a cabo durante casi 25 años en el área. Claramente, los seguimientos tafonómicos en Patagonia meridional y Tierra del Fuego mostraron su utilidad y su versatilidad para ser combinados en forma coherente con líneas de investigación generadas en otras disciplinas, como los estudios forenses.

En cuarto lugar, este trabajo es aplicado a variadas situaciones donde se entrelazan esferas ligadas a la etología de ciertos predadores y a ciertas dimensiones de la conducta humana, como las prácticas mortuorias. El complejo manejo de los cadáveres evidenciado arqueológicamente en las regiones Pampeana y Patagónica incluye desde la exposición de los cuerpos a las condiciones atmosféricas, su entierro, en algunos casos el desentierro de los mismos, descarne, armado de fardos funerarios en modalidades secundarias, etc. El trabajo de Fabiana nos muestra cómo, en cualquiera de estas instancias, los carnívoros pueden estar presentes y nos alerta sobre la importancia de tener en cuenta su acción. Pero además se observa, como en el caso de Cerro Johnny, cómo la conducta humana (e.g., modalidad de inhumación) también condiciona el accionar de estos predadores y las trazas que fi nalmente dejan sobre los restos óseos humanos.

El punto de partida de este trabajo (una necesidad arqueológica y no tafonómica en sí misma), el recorrido seguido (una metodología plural, con base en analogías relacionales coherentemente aplicadas) y los resultados a los que arriba Fabiana Martin en este libro hacen que esta suerte de paradoja multivocal y/o tiránica se desvanezca.

Referências

Gutiérrez, M. A. 2009 Tafonomía ¿tiranía o multivocalidad? En Perspectivas Actuales en Arqueología Argentina, editado por R. Barberena, K. Borrazzo y L. A. Borrero. CONICET, Buenos Aires. En prensa.

Gustavo Martínez – CONICET, INCUAPA. Facultad de Ciencias Sociales (UNCPBA). Avda. del Valle 5737, B7400JWI, Olavarría, Buenos Aires, Argentina. E-mail: gmartine@soc.unicen.edu.ar

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La Sanctuaire secret des Bisons – BÉGOUËN et al (DP)

BÉGOUËN, Robert; FRITZ, Carole; TOSELLO, Gilles; CLOTTES, Jean; PASTOORS, Andreas; FAIST, François. (With the collaboration of François Bourges, Philippe Fosse, Sébastien Lacombe and Mathieu Langlais). La Sanctuaire secret des Bisons. Il y a 14 000 ans, dans la caverne du Tuc d’Audoubert. Paris: Somogy éditions d’art, 2009. 415p. Resenha de: BUDJA, Mihael; PETRU, Budja. Documenta Praehistorica, v.36, 2009.

Tuc d’Audoubert – with Les Trois Frères and Enlène – is part of the cave system of the River Volp, and best known for its bison sculpted in clay. The monograph ‘La Sanctuaire secret des Bisons’ is the result of intense scientific research between 1992 and 2004 on the cave and its Pleistocene art. The important part of the research was the re-examination of the archaeological material from earlier excavations.

The book begins with the exciting story of the discovery of Tuc d’Audoubert in 1912 and the subsequent research of the cave’s chambers and galleries, which are decorated with numerous paintings and engravings.

The geographical position of the cave, the genesis of the cave system and landscape are then described, and environmental facts, and the cultural characteristics of the Magdalenians in the Pyrenees region are presented. The reasons for the excellent preservation of the cave art are also emphasised. The methods of research and various techniques for documenting parietal art are presented and some terminological problems explained. The main part of the book is dedicated to the cave art of Tuc d’Audoubert.

The reader encounters various motifs and representations in a voyage through the cave chambers and galleries from the entrance to its deepest recesses, where the journey ends with the most spectacular find – sculptures of bison. The Magdalenians did not visit the cave only to create images – they also lived in it for short periods, and left artefacts and animal bones in some parts. Among the more enigmatic finds are objects pushed into fissures in the cave walls. Similar objects have been found in other caves and might be interpreted as offerings of some kind, which connected people with the cave and underground world. There are numerous impressions of human feet in the cave. It is interesting that there are adult and children’s impressions deep inside the cave, so at least one child accompanied adults to the Gallery of the Clay Bison. In the final chapters, the authors explain the chronology of the art in Tuc d’Audoubert. They discuss the figurative and non-figurative themes of the art, the art techniques, the distribution of the images and the relation between the mundane and symbolic or “sacred” spaces of the cave. The cave and its art are set in the context of the Magdalenian cultural region of the Pyrenees and the wider south-western European region.

The book ends with an attractive epilogue, in which imagination takes wings in a story about the life and creativity of the Magdalenian people who visited Tuc d’Audoubert. “La Sanctuaire secret des Bisons” is an extensive work, which systematically presents a Palaeolithic cave art site. The numerous illustrations contribute to the general attractiveness of the book.

Mihael Budja and Simona Petru

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Alfareros del Imperio Huari. Vida Cotidiana y Áreas de Actividad en Conchopata – PARAVICINO (C-RAC)

PARAVICINO, José Ochatoma. Alfareros del Imperio Huari. Vida Cotidiana y Áreas de Actividad en Conchopata. Lima: Facultad de Ciencias Sociales, Universidad Nacional de San Cristóbal de Huamanga, 2007. pp. 328p. Resenha de: LOZA, Carmen Beatriz. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.40, n.2, p.235-237, dic. 2008.

La reciente aparición del último libro del arqueólogo y antropólogo peruano José Ochatoma Paravicino ofrece numerosas pistas de investigación futuras al haber presentado un enfoque novedoso sobre la vida cotidiana y las áreas de actividad de Conchopata (Andes Centrales). Se trata de un conocido centro secundario Huari, en Perú, cuya principal actividad estuvo concentrada en la producción especializada de cerámica fina con iconografía y acabado magistral, la cual fue posible de producir dentro de un patrón jerárquico. El esfuerzo investigativo del autor consistió en proponer la comprensión de la utilización del espacio, la organización de la producción y los sistemas de creencias y rituales entre los Huari durante el siglo IV. Todo esto planteando la discusión de categorías arqueológicas y antropológicas que se redefinen y aclaran a la luz de los datos empíricos de Conchopata, sitio arqueológico situado al noroeste de la Plaza Mayor de la ciudad de Ayacucho, pero cuyas evidencias se dispersan hasta las inmediaciones del aeropuerto.

Este libro fue escrito a partir de la redacción de su tesis para obtener el grado de Doctor en la Universidad Nacional Autónoma de México, bajo la dirección de la arqueó loga mexicana Linda Manzanilla Naim. La estructura del libro refleja una arquitectura de un trabajo académico desarrollado en siete capítulos (incluidas las consideraciones finales). La elección del terreno de investigación no fue hecha al azar, más bien se funda en apreciaciones anteriores que caracterizaban el sitio de Conchopata como un gran centro de producción cerámica, excavado por el propio autor en distintas oportunidades.

Apoyado en esos antecedentes, se propuso excavar y analizar la evidencia arqueológica considerando diversas escalas de análisis. Así, “la unidad mínima es el área de actividad, luego la unidad doméstica y, en una escala jerárquica mayor estaría la vida cotidiana”. Su objetivo principal consiste en comprender el ámbito de la organización social ligada a la subsistencia y la reproducción familiar. En esa línea se centró en el análisis de la producción de cerámica ahondando en todas sus etapas, observando paralelamente la ideología de la fabricación y distribución tanto en las áreas ceremoniales y las tumbas, como en los depósitos de ofrendas.

El primer capítulo es esencial porque sirvió de piedra angular para plantear la discusión sobre los linea-mientos teóricos que servirán de lazos con los capítulos siguientes, donde se utilizó la información arqueológica a la luz de muchas de las nociones claves y elecciones metodológicas utilizadas a lo largo del texto. De este modo, presenta el corpus teórico donde se discuten conceptos centrales. Por un lado, aquéllos que están muy relacionados con el análisis del espacio: áreas de actividad, unidades domésticas y espacio social. Por el otro, conceptos más técnicos como especialización artesanal y taller. El conjunto de esas nociones es revisado tomando en cuenta tanto la bibliografía internacional como aquella producida localmente a partir de evidencia arqueológica de Conchopata.

Mientras que en el segundo capítulo se muestra el entorno ambiental complementado con la descripción geomorfológica que sirve de sostén para el análisis de los recursos no metálicos como la arcilla y sus bancos que servían para la producción de la cerámica en gran escala. Téngase presente que la especialización se debe a que los pobladores de Conchopata tenían dificultades para dedicarse a la agricultura, pero supieron sacar partido de la abundancia de mantos arcillosos convirtiéndose en eximios especialistas alfareros. Dentro de este mismo capítulo se repasan, en una perspectiva de larga duración, las visiones sobre el sitio desde 1492 hasta las investigaciones anteriores al 2007. Justamente, gracias a ese balance bibliográfico se revela que esos análisis se habrían centrado en la taxonomía descriptiva de cerámica, aislando el contexto social de producción.

El tratamiento de la esfera de reproducción familiar se desarrolla, ampliamente, en el tercer capítulo apoyado en la cerámica “doméstica” o “utilitaria” como una fuente sin parangón para entender la reproducción social, a pesar de lo subestimada que estuvo por los estudiosos de Conchopata. Por esa razón, fue necesaria una propuesta de clasificación morfológica de los diversos tipos de vasijas a fin de distinguir: la preparación de alimentos, el servicio y consumo de alimentos, el transporte y entrenamiento. También, la evidencia arqueológica permitió distinguir fuera del área de la cocina otras más: la del descanso, almacenamiento, patios y basurales.

El cuarto capítulo está dedicado a la esfera de la producción cerámica. Dos dimensiones bien definidas lo caracterizan: Por un lado, una presentación del espacio arquitectónico mostrando las áreas definidas de producción alfarera y grandes concentraciones de herramientas y desgrasantes. Por el otro, la tecnología para la producción, aspecto que es tratado de manera más extensa. Por ejemplo, se precisa el empleo de azadas y azadones multifuncionales, las porras discoidales perforadas y los batanes. Apoyado en esa información, nos introduce al manejo de la preparación arcillosa y su amasado. El autor muestra claros ejemplos del empleo de moldes que servían para dar cuerpo a las cerámicas cocidas en hornos cerrados ubicados al interior de las unidades habitacionales. Importante evidencia de la utilización de un alto nivel tecnológico.

El quinto capítulo reconstruye la arquitectura de las unidades domésticas dentro de un contexto urbanístico cuyo estilo correspondería a “horizonte arquitectónico ortogonal celular”. Mostrándonos que Conchopata fue “sede de una ciudad muy importante que al parecer, en sus primeras fases, competía con la metrópoli Huari”. Justamente en ese momento de pugna se produjo la especialización cerámica. Para entender mejor los patrones arquitecturales se presentan las características de muros, pisos, accesos, hornacinas, áreas abiertas, banquetas y canales de drenaje.

El sexto capítulo está relacionado a la esfera ideológica de la cotidianidad. Se identifican los diversos contextos: las áreas ceremoniales, las ofrendas y los sistemas de entierros. Para estos últimos se propone una tipología a partir de los componentes básicos. Uno de los indicadores más valiosos es el análisis de la cerámica en particular de las vasijas rituales y votivas. Estos temas son complementados por la información arquitectónica sobre los entierros dentro de las unidades domésticas, lo cual es un elemento importante de la cosmovisión de los habitantes de Conchopata. Este dato es esencial porque nos permite ampliar las informaciones sobre los espacios ceremoniales cerrados y abiertos.

Finalmente, el séptimo capítulo de manera sintética presenta los logros de la excavación dando coherencia a la diversidad de temas desarrollados en los seis capítulos precedentes. Reafirma su idea de que las condiciones ambientales fueron esenciales para la ocupación de Conchopata. Plantea que se produjo en “una etapa previa al Estado Huari donde el crecimiento de la población habría generado el desplazamiento de algunos agricultores hacia las zonas de baja productividad agrícola, quienes en su afán de obtener los recursos necesarios para su subsistencia, se habrían especializado en la producción de cerámica”. Posteriormente se dedicaron tiempo completo a esa actividad bajo el mando de las élites dominantes Huari.

El autor nos propone la noción de vivienda-taller alfarero como un espacio aislado si no más bien conectado con otros espacios habitacionales y ceremoniales. Esto significa que existía una multifuncionalidad de los sitios donde se desarrollaban diversas actividades domésticas o rituales. Existían algunos talleres donde se producía cerámica a tiempo completo y otros a tiempo parcial, pero sea cual fuere la modalidad parecería que sirvió para pagar tributo entre otros productos manufacturados.

Algunas habitaciones guardaban secretamente a los muertos (con quienes convivían), pero también se construían mausoleos para éstos. El culto a los antepasados fue central, al igual que el denominado “Dios de los Báculos y otras deidades”. El estudio de la ideología religiosa se constituyó en una clave para entender el posterior abandono de Conchopata.

En suma, el libro de Ochatoma Paravicino, a diferencia de muchos trabajos donde la teoría no se armoniza con los datos empíricos, es un caso donde existe una buena sincronización. Además, el libro tiene el mérito de presentar una revisión bibliográfica exhaustiva de un arco temporal bastante amplio: desde 1927 hasta 2007, sobre los trabajos realizados en Conchopata y en torno al sitio. El examen pasa obligatoriamente por los estudios locales peruanos y los resultados obtenidos por los investigadores extranjeros interesados por Conchopata. Señalo esto como algo provechoso, pues en algunos estudios internacionales se prescinde de los trabajos arqueológicos andinos locales, sin que ello problematice a los autores sobre lo fragmentario de sus estados de arte. En todo caso, la presentación cronológica de la bibliografía debió ser mejor articulada en la narrativa del autor porque se presenta como una sucesión de fechas, cuando sabemos que reflejan cambios teóricos o metodológicos que se fueron produciendo en la ciencia arqueológica.

El centro de la reflexión estuvo claramente explicitado al recrear la cotidianeidad que, como lo reconoce el autor, ha sido una temática sumamente compleja para su estudio. Al igual, que la demostración de la especialización jerarquizada de la producción alfarera que habría permitido la definición y la legitimación de las élites locales Huari.

Queda claro a través del libro que las élites Huari organizaban el trabajo de los alfareros, logrando que algunos se especialicen en la producción de bienes utilitarios de amplia distribución. Mientras que otros vendrían a ser “especialistas agregados” encargados de prestar servicios a un patrón. El autor ahonda en el aspecto de la especialización gracias a las excavaciones de los sitios habitacionales y deja claro que existía un pequeño grupo de especialistas en cerámica fina con rica iconografía. Al respecto, es importante señalar que en el último capítulo la problemática de la cerámica es abordada de manera dispersa y redundante, lo cual habría podido evitarse con una puntualización temática en uno solo de los apartados.

Algo semejante sucede a nivel narrativo con la problemática de los rituales domésticos cuya evidencia material -en restos de camélidos, cuyes o conchas enterrados en pequeñas fosas cavadas en las paredes- merecería alguna comparación y una mayor profundización. En todo caso, este y otros aspectos forman parte de los avances, y nuevas propuestas para la comprensión de la sociedad Huari, dignos de dilucidarlos, debatirlos y problematizarlos en el futuro a la luz de esta importante publicación sobre Conchopata.

Carmen Beatriz Loza – Directora de Investigación INBOMETRAKA, La Paz, Bolivia.

E-mail: lozaquipu@yahoo.es

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Arquaeology and Colonialism. Cultural contact from 5000 BC to the present – GOSDEN (V-RLAH)

GOSDEN, Chris. Arquaeology and Colonialism. Cultural contact from 5000 BC to the present. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. Resenha de> FUNARI, Pedro Paulo A. Vestígios- Revista Latino-Americana de Arqueologia Histórica, v.2, n.2, jul./dez. 2008.

Pedro Paulo A Funari

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Brasil rupestre: arte pré-histórica brasileira – JORGE et al. (E-CHH)

JORGE, Marcos; PROUS, André; RIBEIRO, Loredana. Brasil rupestre: arte pré-histórica brasileira. Curitiba: Zencrane Livros, 2007. Resenha de: MARQUES, Marcélia. Especiaria – Cadernos de Ciências Humanas, Ilhéus,  vs. 11 e 12, ns. 20 e 21, p.309-316, jul./dez. 2008 e jan./jun. 2009.

Em Brasil rupestre: arte pré-histórica brasileira, as palavras que descrevem e interpretam o acervo de arte rupestre se aliam à imagem fotográfica numa afirmação eficaz da interrelação entre os “sentidos visuais e verbais”. A composição gráfica do livro é primorosa; destaque especial para caixas de texto onde são apresentadas especificidades dos sítios, de estilos, de técnicas e de instrumentos de elaboração da arte rupestre. Nas páginas iniciais, as fotografias de estradas recortando paisagens e um mapa do Brasil (apontando os 32 municípios brasileiros visitados) anunciam o longo trajeto realizado pela expedição. Na primeira parte do livro, o arqueólogo Pedro Ignácio Schmitz, numa narrativa poética na primeira pessoa, e o fotógrafo Marcos Jorge relembram e revelam vivências e paisagens nos cenários recriados com a arte rupestre. Pessoas no passado e no presente, ao seu modo, teriam encontrado refúgio nestes ambientes que persistem.

No primeiro capítulo, a diversidade da arte rupestre brasileira é constatada e a análise estilística se apresenta como recurso de entendimento; as semelhanças e as diferenças são passíveis de reconhecimento mediante a identificação de estilos, que adquirem expressão em figuras ou formas representadas (seres humanos, animais, plantas, objetos e figuras geométricas), segundo a particularidade das regras de cada grupo. As representações humanas estão presentes em todo o país, assumindo diferentes maneiras de composição. O potencial interpretativo destas figuras sugere posições de status (relacionadas ao gênero e à idade) e, ainda, é passível situar o papel social do indivíduo. As especificidades gráficas de todas as demais representações documentadas são também detalhadas de acordo com os elementos de composição das figuras. Prous e Ribeiro despertam um olhar relacional entre a arte rupestre e as experiências etnográficas convocando, de certo modo, o leitor a adentrar o mundo das concepções pré-históricas possíveis. Ao longo de quase todos os escritos, a analogia etnográfica é solicitada para aclarar manifestações gráfico-culturais do mundo pré-histórico. Estas possibilidades interpretativas também se estendem para figuras, a princípio, irreconhecíveis. Tais perspectivas conferem singularidade a esta obra, na medida em que se ampliam as análises que recaem, frequentemente, sobre o estudo taxonômico das tradições da pintura rupestre em regiões brasileiras (GUIDON, 1992; PESSIS; GUIDON, 2000; PROUS, 2007).

A duração da arte, a expressão dos grafismos gravados e sua autoria, especialmente no sul do país, são temas centrais do segundo capítulo. O suporte da arte rupestre é considerado no âmbito das escolhas e do seu grau de resistência às intempéries. Na extensão do Planalto Meridional sul-rio-grandense, as “pisadas”, grafismos que sugerem rastros de animais, são recorrentes. Se até o momento, as considerações acerca da arte rupestre versavam sobre “o quê, como, e onde faziam?”, as reflexões sobre as gravuras da costa de Santa Catarina se tornam bastante instigantes, na medida em que ampliam as indagações para “quem fazia?” As escolhas do posicionamento dos painéis e a localização dos sítios são relacionadas às ocupações dos guarani históricos e sambaquieiros.

No entanto, algumas argumentações não sustentam estas autorias artísticas. Por outro lado, é sugerido que os “letreiros” insulares, especificamente, tenham sido concebidos pelos habitantes dos pequenos sambaquis que, ao marcarem graficamente os rochedos, estariam afirmando a posse territorial.

Antes de apresentar a arte rupestre do Centro e do Nordeste do Brasil, Prous e Ribeiro, no quarto capítulo, fazem alusão especialmente às ocupações e à cultura material destes territórios num horizonte cronológico de 12.000 a 9.000 anos atrás (sugiro consultar uma escala esquemática, nas páginas 110 e 111, intitulada: linha do tempo da pré-história brasileira). Os vestígios mais antigos de arte rupestre foram datados entre 9.000 e 7.000 anos atrás, em um painel de pintura, no Piauí, e num bloco desabado com gravuras em Minas Gerais. No entanto, a crescente correspondência de aumento de pigmentos e de objetos coloridos ocorre entre 7.000 e 4.000 anos atrás; nesse período, pode ser observada uma variação de estilos na pintura rupestre. No início, as formas animais predominam diante da pouca representatividade das figuras geométricas e, posteriormente, este estilo irá ser mais evidenciado juntamente com as representações alusivas a corpos celestes. A partir de 2.000 anos atrás, em diversas áreas, grupos agricultores representaram figuras relativas aos vegetais cultivados nas paredes de abrigos. Nesse percurso temporal, algumas das pinturas (machados de pedra semilunares) podem ser atribuídas às populações indígenas tardias, os antepassados de grupos Jê do Brasil Central; neste caso, não se trata de analogia etnográfica, mas de autoria artística.

Após este panorama cronoestilístico geral do Centro e Nordeste do Brasil, as regiões que concentram possivelmente a maior diversidade de arte rupestre na extensão do continente, Prous e Ribeiro apresentam particularidades de sítios de alguns estados (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Tocantins, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte e Minas Gerais).

As abordagens dos sítios estão centradas, principalmente, nos aspectos geomorfológicos, na antiguidade da ocupação na região e, pontualmente, na visibilidade segundo a localização na paisagem. Para alguns dos abrigos, são atribuídos o uso e a função.

No que diz respeito às representações gráficas, propriamente, são ressaltados os temas, os estilos e, em alguns casos, a sucessão de pinturas segundo a autoria de diferentes grupos. As considerações acerca da coexistência de vários estilos num mesmo painel redimensionam o termo “superposição”, referido na literatura sobre arte rupestre brasileira para indicar autorias em diferentes períodos. Neste sentido, Prous e Ribeiro apontam a “interação” entre figuras (novas e antigas) e combinações gráficas respeitando espaços previamente pintados ou, ainda, com superposições harmônicas (segundo observado no sítio Fonte Grande, na Bahia e em sítios localizados na Serra do Lajeado, em Tocantins). Os contatos intertribais e as retransmissões gráficas entre grupos distintos que se deslocavam nos compartimentos ambientais locais (na região da Serra do Lajeado) podem ser considerados a partir de grafismos intrusivos, aos quais os autores se referem como redes de “conversações” da pré-história. No Estado de Minas Gerais, o estudo cronoestilístico se torna mais amplo devido à considerável variedade de estilos das pinturas rupestres que foram mudando ao longo do tempo.

Alcançando o norte do Brasil, arqueólogos e fotógrafos revelam a arte rupestre amazônica no quinto capítulo. A apresentação inicial da pré-história daquela região, assim como de outras áreas abordadas neste livro, se deteve nas ocupações mais antigas e em vestígios da cultura material. No que diz respeito à arte rupestre, há especificidades estilísticas ao longo do rio Amazonas e de seus afluentes; na porção setentrional, predomina a figura humana em pinturas e gravuras, com especial representação do rosto, enquanto que a noroeste do rio Amazonas sobressaem as figuras geométricas, e ao longo dos afluentes ao sul do rio Amazonas, as pinturas mantêm semelhança ou “parentesco” com estilos rupestres do Brasil Central. Esta correlação estilístico-espacial é passível de ser mais bem visualizada pelo leitor graças à abrangência territorial e à vasta documentação fotográfica desta obra. Prous e Ribeiro, em mais uma feliz interrelação entre as expressões arqueológicas e etnográficas, consideram semelhanças entre os motivos rupestres e os elaborados na cerâmica de algumas populações indígenas. Penso que tal perspectiva possa ser inspiradora para os leitores que buscam ampliar o entendimento das representações gráficas rupestres a partir do modo e dos instrumentos de elaboração, da autoria e, ainda, da configuração dos sistemas semióticos. Outra relação pode ser apontada entre povos indígenas e sítios arqueológicos no plano da reconfiguração da identidade étnico-territorial. Em Roraima, algumas populações indígenas elegeram os sítios de arte rupestre como marcos ou sinais que conferem legitimidade à antiguidade de ocupação da região.

Reflexões: eis a tônica da conclusão do livro. Indagações sobre o “por quê” e “para quem” seriam realizadas, e as representações artísticas rupestres são dimensionadas em dois modelos de explicação revisitados: a “magia simpática” e a “experiência xamânica”. No que diz respeito à autoria da arte rupestre (“por quem?”), as relações de gênero e os papéis sociais em algumas sociedades indígenas são considerados e repensados quanto aos autores (homens e/ou mulheres) da arte rupestre. Após estas reflexões iniciais, Prous e Ribeiro dedicam atenção ao potencial do universo de significação e à busca de explicações para as semelhanças e diferenças entre os grafismos (alertando para a precipitação em explicações difusionistas e para a projeção de categorias do próprio pesquisador). Dando prosseguimento a esta percepção relacional, são apontadas as tradições da arte rupestre brasileira (Planalto, São Francisco, Nordeste, Guyano- -Amazônica, Litorânea e Agreste), cuja definição está relacionada aos “atributos temáticos, técnicos e morfológicos das figuras”.

As palavras finais do livro são instituídas de sentido humanista e preservacionista. Embora alguns sítios tenham sido tombados e outros se encontrem em áreas de preservação, ainda são pouco representativos diante da quantidade de sítios a serem protegidos. As maiores ameaças são decorrentes das minerações industriais, usinas hidrelétricas, rodovias e linhas de transmissão.

Diante deste potencial de interferências, são avaliados os processos dos licenciamentos públicos e o reconhecimento da necessidade de políticas públicas eficazes para a proteção de sítios arqueológicos. O espaço museológico de exibição, e as relações entre as populações tradicionais e os bens patrimoniais devem ser redimensionados e respeitados para que haja reconhecimento no horizonte de significações do passado, do presente e das gerações futuras.

Brasil Rupestre: arte pré-histórica brasileira é um livro que, a todo momento, se reporta ao geral e ao particular – os sítios são relacionados a contextos nacionais e a alguns países da América do Sul. Imagens e palavras, numa aliança de sentidos, reforçam mutuamente as representações estilísticas, as temáticas gráficas e os contextos geoambientais. As interpretações decorrentes de analogias etnográficas detêm um forte potencial de ampliação, “tanto do concebido quanto do vivido” nas sociedades pré-históricas.

A atenção dedicada às análises estilísticas demonstra que os universos das formas de representar desvendam um “mundo pré-histórico da arte rupestre” marcado pela diversidade.

Referências

GUIDON, Niéde. As ocupações pré-históricas do Brasil (excetuando a Amazônia). In: CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos índios do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

PESSIS, Anne-Marie; GUIDON, Niéde. Registros rupestres e caracterização das etnias pré-históricas. In: VIDAL, Lux (Org.). Grafismo indígena. São Paulo: EDUSP, 2000.

PROUS, André. Arte pré-histórica do Brasil. Belo Horizonte: C/Arte, 2007. (Coleção Didática).

Marcélia Marques – E-mail: marceliamar@terra.com.br

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Tramas en la Piedra. Producción y Usos del Arte Rupestre – FIORE; PODESTÁ (C-RAC)

FIORE, Dánae; PODESTÁ, María Mercedes. Tramas en la Piedra. Producción y Usos del Arte Rupestre. Buenos Aires: AÍNA (Asociación Amigos del Instituto Nacional de Antropología), WAC (World Archaeological Congress) y Sociedad Argentina de Antropología, Altuna Impresores, 2006. 278p. Buenos Aires. Resenha de: OLIVERA, Daniel E. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.39, n.2, p. 287-290, dic. 2007.

El libro Tramas en la Piedra reúne una serie de trabajos presentados en las Secciones 3 y 4 del VI Simposio Internacional de Arte Rupestre (29 de noviembre al 4 de diciembre del 2003, Jujuy, Argentina), coordinadas por Dánae Fiore y Agustín Llagostera, respectivamente. Este Simposio, una de las más importantes reuniones científicas de la especialidad, convoca a especialistas del tema de todo el mundo, pero muy especialmente de Latinoamérica y constituye un campo fértil para debatir ideas y actualizar el estado de las investigaciones en arte rupestre.

Es auspicioso que se hayan editado estos trabajos, cuyos 26 autores poseen reconocida trayectoria en el tema y son verdaderos referentes para todo aquel que desee incursionar en el apasionante universo del Arte Rupestre.

Existen diversos aspectos a destacar sobre la obra. En primer lugar, que se trata de versiones de las ponencias revisadas y corregidas por los autores y evaluadas por destacados especialistas previo a su publicación. Por otra parte, la variedad de las temáticas tratadas convierten a esta obra en elemento de consulta permanente, con especial referencia al tema de producción y usos del arte rupestre. Finalmente, la cuidada edición, la prolijidad de los gráficos y fotos y la rica bibliografía citada en los trabajos son un mérito incuestionable que debe asociarse a buena medida a la seriedad y capacidad de las editoras Dánae Fiore y María Mercedes Podestá.

Desearíamos detenernos algo más en los contenidos de los diferentes aportes, ya que existen abundantes motivos de interés que merecen destacarse.

En primer lugar, la Introducción escrita por las editoras posee dos aspectos importantes. Primero realizan un apretado y profundo resumen histórico de las tendencias teóricas que sirvieron de marco a las investigaciones en arte rupestre en arqueología. Es destacable la rigurosidad, análisis crítico y capacidad de síntesis puesta de manifiesto por las autoras en este punto. A continuación, esbozan los contenidos de los diferentes capítulos destacando los aspectos más relevantes de cada uno de ellos.

Debido al comentario anterior, evitaremos ser reiterativos en la descripción de los contenidos de cada capítulo, ya que estos han sido resumidos brillantemente por las editoras. Sin embargo, realizaremos algunas reflexiones generales que consideramos pertinente destacar sobre el valor de los mismos.

El primer bloque de tres capítulos se dirige a analizar producción y uso del arte en función de su relación profunda con el proceso creativo. Martí Mas Cornelia es el único autor que trata una temática europea sobre la andaluza Cueva del Tajo de las Figuras en Cádiz (España). Sin embargo, su aporte metodológico es muy valioso, ya que reúne diferentes vías analíticas combinando técnicas de campo, laboratorio y experimentales, consiguiendo aportar una proposición hipotética novedosa y sugerente: el interés de los autores del arte rupestre por comunicar información faunística que, además, muestra cierta diacronización en relación a los cambios de la misma en el ambiente. Dejamos a lectores más especializados la discusión sobre las interesantes implicancias de esta hipótesis.

El trabajo de Fiore acerca de la distribución espacio-temporal nos plantea interesantes reflexiones sobre cómo el análisis tecnológico y distribucional de sitios con arte pueden aportar importantes resultados para evaluar aspectos procesuales y poblacionales en el caso particular de la Patagonia Argentina, pero con implicancias metodológicas y teóricas que pueden ser útiles en su aplicación a otras áreas diferentes. Es llamativa la conclusión de la autora respecto de que técnicas distintas (pintura y grabado) mostrarían transmisión y reproducción espacio-temporal diferencial de acuerdo a sus características materiales y cualidades visuales.

Eminentemente relacionado en su orientación con el anterior, el trabajo de Crivelli Montero también apunta a considerar las diferencias en el aumento de sitios a través del tiempo y sus variaciones estilísticas en la cuenca media y superior del Río Limay Nordpatagonia, como relacionadas con diferentes intencionalidades en el mensaje al observador del arte. Al principio estarían orientados a ser compartidos por miembros corresidenciales para promover aspectos de cohesión social, mientras posteriormente se dirigirían hacia miembros de otros grupos con las implicancias étnicas y territoriales que ello conlleva. Es sugestivo el uso de variables cronológicas y cuantitativas en los trabajos de Fiore y Crivelli para su análisis, lo que, en mi opinión, abre perspectivas importantes acerca de la relación entre el arte rupestre y otros aspectos del registro arqueológico para analizar cuestiones de poblamiento, funcionamiento y territorialidad en los procesos sociales arqueológicos.

Los siguientes diez capítulos presentan una variada gama de intereses que tienen que ver con la producción de arte rupestre en relación al uso del arte y dinámica social. El primero de ellos, de Fernández, apunta al análisis del estilo de grecas en la misma área anterior (Cuenca del Río Limay) para discutir cronología a través de distintos indicadores incluyendo fechados radiocarbónicos de sitios unicomponentes, proponiendo la fecha más antigua para ese estilo (700 años a.p.) documentada en la región.

El trabajo de Belardi y Goñi, por su parte, aporta una rica discusión sobre la utilización de un modelo de circulación y uso del espacio entre las cuencas altas y bajas de la región de los lagos Strobel-Cardiel (Santa Cruz, Patagonia Argentina). El modelo utiliza el arte rupestre como un elemento central de evidencia, combinado con la tecnología lítica y equipamiento del espacio. El trabajo es realmente sugerente en lo que respecta a la interpretación de la estructuración logística de espacios diferentes por parte de las poblaciones y donde las imágenes del arte habrían sido usadas como mecanismos de circulación de información. Siguiendo la misma línea, Ferraro y Molinari analizan los componentes del arte rupestre de dos sitios en la meseta del Lago Strobel, y basándose en criterios estilísticos, tecnológicos y estructurales de los paneles rupestres concluyen que a partir de los últimos 2.500 años el espacio de la meseta sufre una jerarquización manifestada en el uso reiterado por parte de los grupos cazadores-recolectores durante la transición Holoceno Medio a Tardío.

Los siguientes tres trabajos tienen una relación importante entre sí, no sólo porque corresponden a la misma región, Antofagasta de la Sierra (Puna de Cata-marca, Argentina), sino porque se orientan teórica, metodológica y analíticamente dentro de los mismos parámetros claros y precisos que tienen que ver con la interacción entre las poblaciones humanas, su paisaje y los recursos de subsistencia con indudables repercusiones sociales y simbólicas. El primer trabajo, de Aschero, apunta al estudio de varios sitios que cubren un lapso de 4.500 a 2.500 años a.p. y cree notar la relación entre el arte y las crecientes actividades patoriles cuando aún continúan las de caza recolección. Estas modalidades parecen estar buscando su coexistencia frente al posible conflicto en un proceso inicial de mayor complejidad social y creciente circunscripción espacial.

A continuación, el mismo Aschero junto a Martel y López Campeny, presentan una propuesta audaz y novedosa respecto de ciertos motivos rectangulares con diseños geométricos internos en la misma región anterior. Estos denominados “cartuchos” los ubican entre el 0 y los 500 años a.p. en virtud de variadas evidencias contextúales y los relacionan a diversos aspectos de la vida social y económica de los grupos agropastoriles tempranos de la región. La sugestiva propuesta apunta a que dichos motivos, disímiles en cuanto al diseño, pero idénticos técnicamente, no solamente establecerían límites físicos de espacios (productivos, domésticos, funerarios, etc.), sino que estarían estableciendo diferencias identitarias de linajes sociales e, incluso, elementos simbólicos de vinculación con los ancestros. Agregan a la información arqueológica elementos etnográficos del mundo andino actual, lo que incrementa el interés de la propuesta.

Finalmente, también para Antofagasta de la Sierra, Martel propone una relación entre sectores con recursos básicos para las prácticas socioeconómicas y la producción de arte rupestre, para el período Formativo (3.000 a 1.500 años a.p.). Martel observa que existiría una relación proporcional entre la densidad de sitios con arte y la oferta de recursos entre las quebradas altas y los sectores intermedios de la cuenca. Debido a que los sectores intermedios serían los más ricos propone, apelando a conceptos de disminución del riesgo ambiental, que su control social sería más proclive a situaciones de conflicto. Los motivos de enfrentamiento en el arte rupestre, más abundantes allí que en las quebradas altas, avalarían esta proposición. La riqueza del trabajo se manifiesta en proponer una relación firme entre aspectos comunicativos del arte y variables socioeconómicas.

El siguiente trabajo, de Podestá et al., resulta novedoso en su tratamiento de evidencias rupestres históricas en Ichigualasto (San Juan, Argentina) relacionadas con el arreo de vacunos, actividad muy común a fines del siglo XIX y principios del XX. Esta actividad fue de gran importancia no sólo para las regiones del NOA, sino que establecía vínculos trasandinos con Chile. La información de los grabados asociados a los arrieros, donde sobresalen las marcas de ganado, se enriquece con el aporte de la documentación histórica y los relatos de los informantes que sobreviven de esa época. Los autores consideran a los grabados no sólo con aspectos de identidad, uso de caminos e información para los arrieros, sino incluso lo consideran una supervivencia de una expresión simbólica que los liga a una larga tradición indígena de más de 10.000 años de realizar grabados en las rocas.

El trabajo de Núñez et al. retoma el apasionante tema del arte rupestre como vinculado de manera directa con los contextos socioeconómicos del pasado. Analizan la variación en el uso del arte entre los períodos Arcaico Tardío (ca. 4.815-3.950 años a.p.) y el Formativo Temprano (ca. 3.200-2.400 años a.p.) en la Puna de Atacama (Chile). A partir de múltiples líneas de evidencia, que no excluye el cambio ambiental, analizan la variación desde el primer contexto cazador-recolector hacia las sociedades pastoriles formativas donde se evidencia una indudable complejización sociopolítica. Encuentran que las asociaciones entre los estilos representativos de ambos momentos muestran una serie de elementos transicionales que indican la derivación del uno al otro, donde se incrementa el carácter público de la representación icónica en los momentos pastoriles.

A continuación, el trabajo de Valenzuela et al. indaga en el vínculo entre el uso del arte rupestre y sus lugares de emplazamiento para los petroglifos y geoglifos del Valle de Lluta en el Norte de Chile. A través del análisis detenido de 29 sitios, correspondientes a los períodos Intermedio Tardío y Tardío (ca. 1.100-1.550 d.C), notan que el emplazamiento y las actividades desarrolladas varían según las dos modalidades de arte. Los geoglifos estarían orientados a una expresión pública asociada a zonas de tránsito este-oeste conectadas a redes de intercambio regional e interregional. Los petroglifos, por el contrario, se asocian a caminos locales de caravanas, contextos domésticos y ceremoniales con baja visibilidad y escasa exposición pública. Esto se altera en sólo dos casos donde se ubican en sectores polifuncionales que articulan áreas productivas, domésticas y caminos, lo que los lleva a la conclusión de que estas expresiones actuarían en la marcación y sacrali-zación de espacios sociales, al mismo tiempo que denotarían la jerarquización y el prestigio que adquirieron estos lugares.

El mismo apasionante tema del caravaneo andino abordan Núñez y Cartajena en su trabajo sobre el sitio Purilacti 1 y su arte rupestre. Asocian directamente este sitio con las rutas caravaneras que conectaban el oasis de San Pedro de Atacama con el sector del Río Loa durante el desarrollo de la cultura San Pedro (400-1.200 d.C). Son importantes las evidencias que asocian al sitio a la funcionalidad caravanera y a la tradición San Pedro. Pero más interesante aún es el vínculo con el sitio Inca e histórico Purilacti 2 que no sólo indicaría la continuación del uso de las rutas preincaicas, sino que la presencia de motivos grabados coloniales e históricas (siglos XIX y XX) muestran, más allá de la lógica variación icónica, la continuidad del uso de los sitios cuyo emplazamiento espacial ocupaba un lugar principal en el entramado de rutas y funcionalidades de la práctica caravanera a través del tiempo.

Los tres trabajos que cierran el volumen, referidos al ámbito de la Patagonia Argentina, son una conclusión importante del mismo, en relación a los usos que pueden tener las manifestaciones rupestres en el presente.

El primero de ellos, de Belelli y Podestá, aborda el tema de cómo los circuitos eco turísticos implementados en el valle del Río Manso Inferior incluyen el sitio “Paredón Lanfré”, el cual se convierte en un foco de atracción para los visitantes. Las autoras destacan cómo la intervención científica asegura tanto el respaldo de la información para el turista como los recaudos para la preservación del sitio. Asimismo, destacan al sitio como parte de la reconversión económica regional y auguran que en el futuro la incorporación de nuevos sitios abrirá excelentes perspectivas de desarrollo para la zona.

Contrasta en parte con lo anterior el caso presentado por Belelli en el siguiente trabajo, referido a los sitios del Valle Medio del Río Chubut, donde la fuerte presión para la incorporación de los sitios con arte a los circuitos turísticos se realiza sin la suficiente planificación ni tomando las medidas adecuadas de protección del ambiente y el registro arqueológico y paleontológico. Los numerosos años de investigación en la región autorizan a la autora a llamar la atención sobre el rol jugado en este proceso por los diferentes actores sociales en el uso del patrimonio. Más allá de los intentos de los investigadores y algunas autoridades provinciales por implementar una gestión sustentable, la autora advierte que la falta de control adecuado pone en riesgo el patrimonio del arte rupestre al acelerarse los procesos de degradación del mismo.

Finalmente, el trabajo de Onetto analiza el proceso que se desarrolló en el sitio Cueva de las Manos (Río Pinturas, Santa Cruz, Argentina) que a través del interés científico inicial y los prolongados esfuerzos del recordado arqueólogo Carlos Gradín, llevó a la puesta en valor del sitio y a su uso como atracción turística al ser declarado Patrimonio Mundial por la UNESCO debido a sus cualidades excepcionales. La autora, partícipe directa de las actividades de manejo implementadas, relata los mitos y realidades resultantes de las tareas de gestión y administración de Cueva de las Manos, que se convirtió en un sitio de alto valor tanto social como académico.

El apretado resumen de las páginas anteriores es sólo un pálido reflejo de las emociones y el interés que recibí al leer esta obra. Fue para mí una oportunidad excelente para poner al día mis informaciones e ideas sobre la problemática y redescubrir su importancia como registro para la interpretación acabada de los procesos sociales y económicos del pasado.

No me caben dudas que se ha de convertir en una lectura imprescindible tanto para los expertos en el arte rupestre, en especial de la región andina y patagónica, como para todo arqueólogo que indague en sus investigaciones sobre el pasado prehispánico de Sudamérica.

Las cualidades de este volumen son variadas y todas de gran importancia, pero deseo destacar muy especialmente dos de ellas. Primero, la contribución al terreno metodológico, que muestra el avance permanente en metodologías cada vez más confiables para el estudio del arte rupestre indígena donde confluyen aportes que van desde la arqueología a la etnografía y, en segundo término, la riqueza de ideas que a través de contribuciones hipotéticas sólidas apuntan a jerarquizar la discusión científica sobre las sociedades prehis-pánicas. Esto muestra que la tantas veces sostenida y controvertida afirmación de acusar a los estudios de arte de estar al límite de la especulación y carecer del rigor científico necesario, si es que alguna vez tuvo sustento, hoy está lejos de reflejar la realidad de este tipo de estudios.

Los colegas que han aportado sus esfuerzos para conformar esta obra echan definitivamente por tierra esa veleidosa afirmación anterior y colocan al arte rupestre como un registro riguroso y fundamental para aportar a los estudios del pasado humano. Se trata de un libro que no sólo aporta utilidad científica, sino que produce un innegable placer en su lectura. Recorriendo sus páginas recordé al autor Henry James, ya que sentí que iba atravesando ese entramado pétreo del título para ir descubriendo esa evasiva “figura en el tapiz” que sólo se hace visible cuando se posa en ella la mirada constante y sistemática.

Daniel E. Olivera – CONICET-INAPL y Universidad de Buenos Aires; Buenos Aires. E-mail: deolivera@gmail.com

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Actas del Primer Simposio Nacional de Arte Rupestre (Cusco, noviembre 2004) – HOSTNIG; FUFFROY (C-RAC)

HOSTNIG, Matthias Strecker; FUFFROY, Jean (Editores). Actas del Primer Simposio Nacional de Arte Rupestre (Cusco, noviembre 2004). Lima: Instituto Francés de Estudios Andinos, tomo 12 de la “Collection Actes et Mémoires” de l’Institut Francais d’Études Andines, 2007. 473p. Resenha de: SEPÚLVEDA, Marcela. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.39, n.2, p.291-292, dic. 2007.

La publicación de las Actas del Primer Simposio Nacional de Arte Rupestre de Perú, realizado en Cusco en noviembre de 2004, se inserta en la continuidad de una reciente y creciente realización de congresos y simposios relativos al estudio del arte rupestre sudamericano, y en este caso más precisamente del Perú. Frente a la monumentalidad de otras manifestaciones arqueológicas del pasado, el arte rupestre aparecía, hasta ahora, como un testimonio menor de las prácticas y de los modos de vida de los antiguos habitantes de estos territorios, tendencia que está siendo remediada.

Las Actas reúnen 21 trabajos ordenados en cuatro secciones según las áreas geográficas a las que se refieren: norte, centro, sur del Perú y otros países, haciendo eco del interés de investigadores de otras regiones por participar en dicho evento. La riqueza de las manifestaciones rupestres existentes en estas regiones concierne grabados, pinturas y geoglifos en toda su magnificencia, deleitándonos con una impresionante variedad de técnicas, formas, imágenes y composiciones.

Los trabajos abarcan distintas y variadas temáticas: desde recientes descubrimientos, como en el caso de los grabados de la región de Amazonas presentados por Arturo Ruiz Estrada; los de la Amazonia cusqueña, descritos por Henry Gamonal y Alberto Pineda; o los de Cerro Negro en la cuenca de Chicama ilustrados por Daniel Castillo; hasta aproximaciones funcionales, ilustradas por ejemplo en el trabajo sobre las lajas pintadas del sur del Perú de Renata Faron-Bartels; o la aproximación sintética sobre la funcionalidad de los sitios con grabados del Perú, con base en las evidencias provenientes del sitio de Checta, en el Departamento de Lima de Jean Guffroy; o el trabajo de Percy Paz Flores sobre los camélidos descubiertos en unas terrazas de cultivos del importante sitio de Choquek’iraw; o en el proyecto sobre los grabados de la meseta del Lago Strobel en Patagonia Argentina los cuales definirían un espacio de convergencia, presentado por Rafael Goñi y colaboradores. Se incluye en esta línea funcional el trabajo de Thomas Heyd sobre unas estructuras de cantos rodados en Norteamérica interpretadas como “ruedas medicinales”.

La prolija descripción de la relación entre un grabado y su soporte nos otorga también interesantes evidencias para su interpretación, como en el caso del “prisionero del tiempo”, un grabado del sitio Alta Las Guitarras, en el Río Moche al norte del Perú presentado por Cristóbal Campana. Un único trabajo de índole estilístico es dedicado a la reevaluación de los estilos de los geoglifos del Valle de Lluta en Chile presentado por Luis Briones y colaboradores. Otros trabajos sobre geoglifos de la costa sur del Perú de Markus Reindel y colaboradores y de la costa norte de Daniel Castillo y Victor Corcuera, nos recuerdan la necesidad de efectuar nuevas labores de documentación sobre este tipo de manifestaciones. De manera similar, un proyecto de documentación y registro de arte rupestre en Ecuador presentado por Diego González, nos recuerda su riqueza y la necesidad de generar un mayor interés por este tipo de manifestaciones en ese país.

Un interesante proyecto relacionado con la conservación de los sitios de arte rupestre y la geología de los soportes es ilustrado en el trabajo de Raúl Carreño y colaboradores. El estudio integra un análisis geológico de los soportes utilizados para la realización de arte rupestre en el área del Cusco. La relación entre los sitios de arte rupestre, la conservación y el turismo es también discutida a través de la elaboración de planes de manejo presentados en los trabajos de Mercedes Podestá y Diana Rolandi, y Teresa Vega en diferentes sitios de Argentina, y por Jesús Gordillo en el conocido sitio de Miculla, en el extremo sur del Perú. Cronológicamente, los trabajos abordan diferentes momentos de la historia andina desde períodos formativos, como los estudios de Ignacio Alva y Renzo Ventura, referente a los grabados de Cerro La Cal, en el norte del Perú, hasta el período colonial, que incluye los trabajos de Rai-ner Hostnig y César Del Solar sobre grabados del Cusco. En este contexto, Matthias Strecker y Freddy Taboada presentan un sugestivo ensayo sobre el arte rupestre de la cuenca del Lago Titicaca, demostrándonos la trascendente continuidad de una práctica que perduró por varios milenios.

La edición de las Actas por el Instituto Francés de Estudios Andinos (IFEA) es una garantía adicional respecto de la calidad y originalidad de los manuscritos. La obra se integra a la “Collection Actes et Memoir es” que reúne publicaciones de trabajos presentados en coloquios organizados por el Instituto. De la edición en particular vale destacar sus textos bien impresos con ilustraciones claras y de buen tamaño, lo que representa un complemento fundamental para la lectura de los capítulos. Esto permite que un lector no familiarizado con los temas presentados pueda asombrarse ante tanta variedad de manifestaciones rupestres presentes en Perú y en otras regiones, mientras que el especialista podrá encontrar valiosa información gráfica para fines comparativos o de otra índole.

La realización de este simposio y el consecuente encuentro entre investigadores que se destacan por su trayectoria en el estudio de estas temáticas desde diferentes experiencias, sin duda, permitirá que en el futuro se vayan madurando nuevas aproximaciones, abordando otras temáticas como la construcción del paisaje, los contextos de uso y producción asociados a los sitios de arte rupestre, además de su relación con determinadas prácticas, ceremonias u otros definidos por un particular contexto histórico social y cultural. Las Actas nos recuerdan la complejidad del arte rupestre, recalcando la necesidad de reflexionar también sobre los problemas teórico-metodológicos que acompañan su estudio. Siendo las primeras actas de un simposio dedicado entera y exclusivamente al estudio del arte rupestre peruano, sin duda, éstas marcarán un precedente para futuros simposios, tal como el realizado en noviembre de 2006 en Trujillo.

La originalidad e interés de estos trabajos radica en la necesidad de recordar cuan valioso puede ser el estudio del arte rupestre para la comprensión de las sociedades pasadas del Perú. Finalmente, quisiera agradecer a los organizadores y diferentes participantes por la iniciativa de realizar y publicar los resultados de este amplio simposio sobre arte rupestre peruano, considerando que su estudio ha sido por mucho tiempo margi-nalizado a pesar de las obras inspiradoras como las de Eloy Linares Málaga, Antonio Núñez Jiménez, Jean Guffroy, Hans Niemeyer y Rainer Hostnig, quienes han permitido dar a conocer internacionalmente su presencia. Espero, sinceramente, que se sigan realizando nuevos encuentros, incentivando la investigación y la necesidad de proteger un patrimonio complejo y frágil.

Marcela Sepúlveda – Departamento de Antropología, Universidad de Tarapacá, Arica. E-mail: msepulveda@uta.cl

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Arqueologia | Pedro Paulo Funari

O livro de síntese e divulgação de alto nível é fundamental para o desenvolvimento científico. Por um lado, contém os recortes didáticos dos conteúdos teóricos e metodológicos mais significativos da sua época. Por outro, pode atrair novos adeptos, ajudando a ampliar a comunidade acadêmica. Também é importante para informar o público leigo, contribuindo para disseminar o conhecimento e para reduzir os mal-entendidos e as distorções corriqueiros ao senso comum.

Com a publicação de Arqueologia passamos a ter no Brasil o mais completo e atualizado manual de divulgação da disciplina. Ele preenche uma lacuna importante, pois são raros os manuais em português, sem contar com as dificuldades existentes no país para a tradução/publicação ou para importar de obras similares escritas em outros idiomas. Aliás, em meio século de profissionalização, é apenas o terceiro trabalho do gênero publicado por brasileiros, sendo precedido pelo Manual de Introdução à Arqueologia, de Pedro Augusto Mentz Ribeiro (Sulina, 1977) e pelo Arqueologia, do próprio Pedro Paulo Funari (Ática, 1988). Apesar do mesmo título de 1988, a obra em questão não é uma reedição ou simples ampliação, mas um novo livro com uma seleção de tópicos que se destacam por apontar com precisão qual é o campo mais contemporâneo de atuação do arqueólogo. O sumário, em suas oito partes, logo apresenta os propósitos da obra: 1) O que é arqueologia?; 2) Como pensa o arqueólogo; 3) Como atua o arqueólogo; 4) Formas de pesquisa; 5) A arqueologia e as outras áreas do conhecimento; 6) Arqueologia e poder; 7) Ser arqueólogo no Brasil; 8) Questões profissionais. No fim sugere leituras, filmes, sites e cds. Leia Mais

Historias del Desierto: Arqueología del Norte de Chile – RIVERA (C-RAC)

RIVERA, Mario. Historias del Desierto: Arqueología del Norte de Chile. La Serena: Editorial del Norte, 2002. 238p. Resenha de: BAIED, Carlos A. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.39, n.1, p. 135-136, jun. 2007.

Northern Chile and the Atacama Desert, in particular, has long been recognized as rich repositories of well-preserved archaeological remains and for its diversity in material culture. Conceptualizing this richness, however, became a major task for archaeologists who eagerly introduced John V. Murra’s vertical archipelago model as the preferred explanatory paradigm. Once transferred from the ethnohistorical to the archaeological context this model provided the much needed theoretical framework for understanding the variety of archaeological finds, and the tools to look into past resource exploitation practices and systems. Today, we know that the coast and valleys of southern Peru and north Chile were settled by multiple ethnic groups that displayed exchange-based mechanisms responsible for trans-Andean movement of a large variety of natural resources. Indeed, understanding Chilean coastal and hinterland archaeology north of the Loa River -particularly when looking at similarities in artifact assemblages- heavily relies, at least for the Andean Formative, on the existence of a core upland polity that was in need of and accessing maritime, coastal, and valley resources west of the Andes.

Over the past thirty years, Mario Rivera, has been one of the leading advocates of this explanatory paradigm. Historias del Desierto, a timely synthesis of the prehistory of the Chilean desert north, follows up on this line of thought incorporating an up to date discussion of what we currently know about coastal adaptations, highland developments, and the wide-range of valley-oases settlement patterns present in the Atacama Desert. Totaling some 198 pages of text, this book is organized into eight chapters preceded by a brief introduction. Informative figures, tables, and color photographs add to the extensive bibliography that represents almost the full bag of references to the most important works on the archaeology of north Chile.

Historias del Desierto opens with three exquisite quotes of Chilean poets followed by a brief summary on the history of archaeological research and a discussion of the geographic background and a culture history of the Chilean north. Past this section, the first two chapters of the book address early and Archaic upland and coastal adaptations. A brief look into the early upland hunters reveals that only a few archaeological localities have been systematically excavated and that most of our current knowledge relies on the analysis of surface reconnaissance, limited test-pits, and occasional excavations. Rivera’s presentation and discussion of this evidence is cautious in interpretative comments, a fact that points to the weaknesses in the proxy data. The book continues in its second chapter with a comprehensive chronology of the Chinchorro tradition that includes a brief discussion of the distribution of coastal sites with close attention given to maritime-coastal adaptations and their material culture. Here, mortuary practices take a leading role at the time of defining culture change. What I perceive is missing in these two chapters is a presentation and further discussion of the archaeological evidence provided by upland and coastal southern Peruvian sites. Early fish-shellfish gathering-oriented settlements such as those evidenced at Quebrada Jaguay, Quebrada Tacahuay, and Quebrada de los Burros in the nearby Tacna area are absent in the discussion. In all, a missed opportunity to integrate findings and explanations beyond borders, even in a book that is perse bounded by its title: The Archaeology of North Chile.

The third chapter deals with Mario Rivera’s area of exceptional expertise: the Formative of North Chile. Here is where the author focuses on what appeals most to him bringing to the project much of his own experience of working along the eastern escarpment and coastal areas of the north. The work he started in the 1970’s and has continued for more than three decades led him to define and characterize the Alto Ramirez Phase, a local development neatly tight through exchange and interaction to Wankarani (early Formative) and Pukara (full Formative), two contemporaneous upland developments in the nearby area of Lake Titicaca. Abundant and well-preserved surface evidence of human habitation and of highly-developed land use practices -that were already in place by approximately 2,800 B.P-are evident almost everywhere in north Chile. Two coastal localities, Camarones and Pisagua are treated extensively and a large number of radiocarbon age determinations are provided. At the core of Rivera’s argument is the existence of a transitional phase in which the Chinchorro Tradition coexists with an emergent Andean Tradition along the coast.

Chapter four includes the most recent information available for Ramaditas, a Late-Formative village-farming site in the Quebrada de Guatacondo. In many ways, Ramaditas and the group of sites in the Guatacondo archaeological district are unique because of excellent preservation of architectural features, the presence of a vast network of irrigation canals and agriculture fields, fabric, basketry, and macro-botanical remains. The settlement area -including structures and agricultural fields- has been estimated in approximately 600 hectares. Radiocarbon age determinations place occupation at this site within the Alto Ramirez II Phase, between 2,500-2,000 years B .P., a time span when large village-farming communities first appear in this sector of the Andes. Indeed, Ramaditas represented one of the earliest occupations in the Guatacondo District, a series of six roughly contemporaneous village-farming sites and associated structures arranged along the present-day Guatacondo gully. Archaeobotanical samples from Ramaditas provide evidence of Prosopis, Zea, and Chenopodium among the edible plants and the analysis of human feces suggests that wild algarrobo pods may have been at the core of the community diet. In addition, the combined study of pollen, starch, and phytoliths shows a diet that included Chenopodium, potato, algarrobo pods, and maize. Protein residue analysis of feces also suggests reliance on small mammals and fish for meat. In all, this chapter wraps up a little more than ten years of work by Mario Rivera at this site and lays the groundwork for the years to come in which remaining questions on water availability, irrigation, cultigens, and agriculture practices are certainly going to be addressed. The text in this chapter is supported by useful in-text tables and by exceptional color photos such as air-views of the site and agriculture fields.

Chapters five and sixth address the periphery, specifically the areas of Tiwanaku expansion in the lower valleys of Arica and San Pedro de Atacama. The chronological sequences developed by M. Uhle, J. Bird, and P. Dauelsberg for Arica are discussed and reinterpreted by Rivera as he stresses the impact of Chiribaya and Tiwanaku on the Azapa sequence. The periphery role is also addressed, more extensively, when looking at the Inka State and its political area of influence. A few sites are discussed and a long list of localities ascribed to this time-period is given.

Chapter seven moves beyond the realm of archaeology and into the field of ethnohistory as it addresses Colonial north Chile. Trade, exchange, and the role of ethnic groups in pursuing this practice are at the core of this section that also includes the reproduction of old Colonial-era maps that help stress the economic and political meaning of this otherwise marginal area of the Chilean north. Here too, trans-Andean commerce and interaction plays a leading role in understanding this time-period.

The last chapter of this book provides space for reflection on the legacy and withstanding of adaptive strategies in this part of the Andes. The archipelago model is by all means a compelling paradigm for addressing the long occupation sequence that spans for more than 10,000 years. Indeed, following Mario Rivera’s line of thought, the two Traditions, Chinchorro and Andean, trace back their roots to the Amazon lowlands and the Titicaca uplands respectively. My feeling here is, however, that little emphasis is placed in addressing alternative explanatory models, such as horizontal-type movements along the coast, which could also account for similarity -and divergence- in material culture and settlement patterns.

The chronological and geographic focus of this book provides for both strength and weakness. Strength because Mario Rivera fluidly brings to the project much of his own experience of working along the eastern escarpment and coastal areas of north Chile, a work that in the 1970’s took him to define and characterize the local Alto Ramirez Phase. Weaknesses because of the major task of producing a synthesis that starts more than 10,000 years ago and ends with the Colonial history of the region, an endeavor that, although magnificently done by Rivera, does not allow for the discussion of specific site characteristics, site formation processes, and for addressing thoroughly the enormous amount of data that each locality provides to the archaeologist. Because of this, it is a short book, but, by no means, a book short of ideas.

For those with specialized interest either in the prehistory of South America or the archaeology of the Atacama Desert, Historias del Desierto is unavoidable. Beyond a few production flaws in editing, Mario Rivera succeeds quite nicely in achieving a well thought synthesis of the archaeology of north Chile.

Carlos A. Baied – Latin American Studies Program, The University of Montana, Missoula, USA, and Instituto de Arqueología y Museo, Universidad Nacional de Tucumán, Argentina. E-mail: cbaied@yahoo.com

Notas

Esta reseña fue publicada previamente en Latin American Antiquity, vol. 18, num. 1, 2007.

Carlos A. Baied – Latin American Studies Program, The University of Montana, Missoula, USA, and Instituto de Arqueología y Museo, Universidad Nacional de Tucumán, Argentina. E-mail: cbaied@yahoo.com

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Urbanismo e preservação em Triunfo, Pernambuco – SOUTO MAIOR (CA)

SOUTO MAIOR, Paulo M. Urbanismo e preservação em Triunfo, Pernambuco. Recife: Editora da UFPE, 2007. 129p. Resenha de: BARBOSA, Bartira Ferraz. Clio Arqueológica, Recife, n.22, p.249-250, 2007.

Bartira Ferraz Barbosa

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The Agricultural Revolution in Prehistory. Why did Foragers become Farmers – BARKER (DP)

BARKER, Graeme. The Agricultural Revolution in Prehistory. Why did Foragers become Farmers. Oxford: Oxford University Press, 2006. 598p. Resenha de: BUDJA, Mihael. Documenta Praehistorica, v.34, 2007.

The Agricultural Revolution in Prehistory addresses some of the most debated questions as to why, how, when and where foraging societies decided that Ôthe advantages of food production outweighed the options available to them as foragersÕ. Graeme Barker first discussed these questions in his Cambridge PhD on the transition from hunting to farming in central Italy. Some years later he focused on the evolution of farming in Europe. His recent book is an attempt to bring to bear a global holistic approach to the problem of why foragers became farmers. The book is in ten parts: (1) Approaches to the Origins of Agriculture, (2) Understanding Foragers, (3) Identifying Foragers and Farmers, (4) The ÔHearth of Domestication Õ? Transitions to Farming in South-West Asia, (5) Central and South Asia: the Wheat/Rice Frontier, (6) Rice and Forest Farming in East and South-East Asia, (7) Weed, Tuber, and Maize Farming in the Americas, (8) Africa: Afro-Asiatic Pastoralists and Bantu farmers?, (9) Transitions to Farming in Europe: Ex Oriente Lux?, and (10) The Agricultural Revolution in Prehistory: Why did Foragers become Farmers?

In the context of a short review, the range and rich detail of this book precludes further summary, and to engage in debate on any one section would be invidious. Suffice to say that the author believes that the process of transition to farming demands a regionally comparative approach. For every region, he suggests, we need to understand Òchanges in climate and environment, the nature of the plant and animal resources available, and how they were exploited by people on either side of the presumed transitional phase(s) from foraging to farming”. And, that “if we are to understand why prehistoric foragers become farmers” we have to “imagine how they must have viewed their world and the challenges and choices available to them”. There is no reason not to agree with these postulates.

The author develops a strong case for the development of agricultural systems in many regions as transformations in the life-styles of indigenous forager societies, and hypothesises that these were as much changes in social norms and ideologies as in ways of obtaining food. He argues at the same time that the transition to farming was a process consisting of many unwise, foolish and fatal decisions, and that what actually happened was not the discovery nor the invention of food production, but a by-product of decisions made without an awareness of their consequences (p. 392, quoting J. M. Diamond).

The author surprises us by reviving two old concepts and models, agricultural revolution (cf. V. G. Childe) and acculturation (cf. S. Piggott [Ancient Europe. 1965], missing from the bibliography). He argues strongly against the concept of demic diffusion and/or the wave of advance model (cf. A. J. Ammerman and L. L. Cavalli-Sforza). For him, the main problem with the demic diffusion model is Òits focus on the transition to farming as some kind of unique sequence of movements in an otherwise static world.Ó (p. 413).

By adopting a global perspective, the author integrates in the book a series of general and basic data that were discussed in the eighties and nineties in archaeology, anthropology, botany and zoology, climatology, and archaeogenetics. Unfortunately, he overlooks relevant information as much as the recent discussions of origins and diffusions of “Mesolithichic” and “Neolithic” Y-chromosomes and mitochondrial DNA haplogroups, and global human population trajectories in the context of the processes of the transition to farming. Human genetic studies show that the modern European paternal and maternal genetic landscape was not the result of farmers invading from the Near East, and that demic diffusion is not a realistic scenario for interpreting the transition to farming in either Europe or Central Asia. The lively debate on the “8.200 calBp climate event” Ð which undoubted correlates chronologically with the transition to farming on a global scale, and certainly affected environmental conditions Ð is not taken into account. How the event affected contemporary hunter-gatherers and farmers and the transition to farming still awaits an answer.

There is no question, however, that The Agricultural Revolution in Prehistory is a big step towards an unbiased interpretation of the processes of transition to farming in prehistory both regionally and globally.

Mihael Budja –  University of Ljubljana.

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Parts and Wholes: Fragmentation in Prehistoric Context – CHAPMAN; GAYDARSKA (DP)

CHAPMAN, John; GAYDARSKA, Bisserka (with contributions from Ana Raduntcheva and Bistra Koleva). Parts and Wholes: Fragmentation in Prehistoric Context. Oxford: Oxbow Books, 2007. 233p. Resenha de: MLEKU, Dimitrij; BUDJA, Mihael. Documenta Praehistoricav.34, 2007.

The book Parts and Wholes is in many ways a supplement to Chapman’s previous book, The Fragmentation in Archaeology (2000), but it is also a new, highly innovative and interesting book. It is an ambitious attempt to write an integrated study which combines archaeology, social anthropology and material culture studies.

Chapman’s study focused on the complementary practices of fragmentation and accumulation, processes which link people to objects through production, exchange and consumption. He adopted an anthropological model of personhood, derived mainly from ethnographic analyses of Melanesian societies, where people are made up of the totality of their relations: they are not “individuals” but “dividuals”, made up of their relations and transactions with each other, places and material culture.

This study was founded upon the “fragmentation premise “, an idea that many artefacts in the past were deliberately broken and then re-used as fragments after that break. A crucial practice connected with the creation of personhood is “enchainment”, a social relationship between people and people and objects which emerges from the exchange of fragments. A related, complementary process is “accumulation”, which creates a hoard of objects.

Fragments are tokens of relations between people, places and objects, and thus create personalities. This model of personhood seems to fit the evidence of fragmented objects, hoards and partial deposits of human bone from southeastern Europe.

In the present book Chapman and Gaydarska elaborate on many points and arguments from Chapman’s previous book. In fact, the book addresses many criticisms of the first book and provides many case studies which support the theoretical issues raised in the both volumes.

The first two case studies are examples of the culturally specific creation of personhood, the first using whole pots and the principle of “categorisation” (Chapter 1). The second study discusses the anthropomorphic figurines from Hamangia (Chapter 3). Observation of the various biographies of Hamangia figurines, which were androgynous when whole, but change their rendered identity to male, female or genderneutral, or no-gender following the fragmented life history of the figurines. However, in graves, either complete figurines or fragments, which can be refitted to whole figurines, were deposited, which characterise Òa return to androgynous whole at death. “Two methodological studies focus on the correspondence between the mobility of objects and fragDocumenta Praehistorica 2007 book reviews 314 ments and the archaeological record. The first one Ð wittily named “Schiffer visits the Balkans” Ð discusses “rubbish” , the importance of deposition and disposal for the objects” biographies, the mobility of the fragments, the creation of context and the definition of “activity areas” (Chapter 4).

Meanwhile, the second approach mobilises the re-fitting studies and chine op.ratoire approach to answer the key question in fragmentation studies: “Where are the missing parts?” The study traces the dispersion of fragments both on-site and off-site (Chapter 5).

The final two studies combine a biographical approach with re-fitting studies. The first approaches the large assemblage of fragmented figurines from the Final Copper Age layers of the Dolnoslav tell (Chapter 6). The complex pattern of deposition at Dolnoslav seems to suggest that the tell was an accumulation site for the fragments, while the pattern reflects diverse principles of personhood, and thus offers an interesting contrast to the study of Hamangia figurines in the third chapter.

The second traces the ch.ine op.ratoire of Spondylus rings based on refitting studies of three sites (Chapter 7).

Chapman and Gaydarska succeed in demonstrating that the Ôfragmentation premiseÕ is well founded. The high level of object and fragment mobility Ð up to 80 % of objectsÕ mass is missing on some sites Ð suggest that fragments travel across sites and landscapes. Even more, they show that fragmentation studies can offer an insight into the creation of personhood and identity.

What we miss in the book is an acknowledgement of the social importance of the act or performance of deliberate breaking. Deliberate breaking is first an extremely important event in the biography of the object, not just “ritual killing”. It is an act of transformation, when a whole object is transformed into something other. The act of transformation Ð due to its visual or aural qualities Ð can bring people together and make the event an social one. Obvious examples are the “ritual explosions” of figurines at Dolni V.stonice, Balkan celebrations involving the ÔritualÕ breaking of glass against walls, or Leslie GrinsellÕs funeral cited in the introduction to the book. In such events it is the performance of deliberate fragmentation which has important social implications; it binds people together, the resulting fragments make those relations merely visible and tangible.

All in all this is a mind-boggling book. Chapman and Gaydarska’s study is a highly innovative and stimulating one. It opens completely new lines of enquiry into Balkan (and wider) prehistory.

Dimitrij Mleku and Mihael Budja – University of Ljubljana .

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Prehistoric Herders of Northern Istria: the archaeology of Pupicina Cave – MIRACLE; RORENBAHER (DP)

MIRACLE, Preston T.; FORENBAHER, Staso (Ed.). Prehistoric Herders of Northern Istria: the archaeology of Pupicina Cave, Volume 1\Pretpovjesni stocari sjeverne Istre: arheologija Pupicine peci, 1. svezak (Monografije i katalozi 14). Pula. Arheoloski muzej Istre, 2006. 560p. Resenha de:  MLEKUZ, Dimitri. Documenta Praehistorica, v.34, 2007.

This monograph documents the results of the excavation of the post-Mesolithic layers in Pupi²ina Cave in Northern Istria. Pupi²ina Cave contains a deep, albeit interrupted sequence, which covers the last 12 000 years of occupation, with significant Neolithic and Bronze Age deposits. This is the first volume in a series of monographs which is intended to cover the whole occupational sequence of the Cave.

This substantial monograph is a very welcome contribution to studies of the Neolithic and Bronze Age in the Northern Adriatic, which has been relatively intensively researched, but lacks well- excavated and dated assemblages, and which is plagued by a lack of detailed publications.

The most obvious contribution of the monographs lies in the detailed specialist studies of the whole line of evidence, both ÔartefactualÕ and ÔecofactualÕ, including stratigraphic, micromorphological, taphonomical, palaeobotanical etc. data. Thus, aside from an introductory article (Miracle) and two overview contributions, the monograph consists of a series of detailed specialist reports covering different lines of evidence.

Miracle and Fornbaher describe the methodology of excavation and the stratigraphy of the post-Mesolithic layers in the cave in full detail. The sequence of five occupation horizons is dated with eight radiocarbon dates. Particularly interesting is the geoarchaeological report (Boschian), which clearly demonstrates that the stratigraphic sequence is almost entirely the result of anthropogenic processes, mainly the periodic burning of animal dung and cleaning of cave floors. The micromorphological data provide clear evidence that the cave was used as a sheep pen. The pottery analysis (Forenbaher and Kaiser) provides evidence of sharp contrast in the use of pottery at the site between the Bronze Age and Neolithic, while the analysis of stone artefacts (Forenbaher) questions previous assumptions that the Neolithic lithic industry in the region is based on a prismatic blade technology industry. An important observation is the intensification of long-distance interactions during the Neolithic, which can be clearly seen in an expanded range of raw materials. Different uses of raw materials can be seen in a small collection of bone and antler artefacts (Amatt and Miracle).

The report on vertebrate fauna (Miracle and Pugsley) clearly shows the major role in subsistence of herds of ovicaprines, thus complementing the micromorphological and stratigraphic evidence. The paper reveals substantial changes in cave use, animal management, during the Neolithic and Bronze Age.

The very small mollusc assemblage provides more evidence of site formation and taphonomical processes than of dietary or palaeo-environmental processes (Laurie, Miracle and Poje). The charcoal and phytolites analysis offer evidence of the utilisation of the landscape in the immediate enivrons of the cave (Fletcher and Madella) and thus complements a pollen analysis from an offsite core (Andri­), while the analysis of small vertebrate remains (Steward and Parfitt) focuses more on the formational processes which could have led to their accumulation in the cave. The specialist reports often include regional comparisons and set data within a wider regional context. Especially worth mentioning is the report on faunal assemblages (Miracle and Pugsley), which summarises zoo-archaeological data from the whole of the eastern Adriatic.

The last two chapters summarize the different lines of evidence and provide an overview and conclusion about the cave itself and its environment, and its position in the spread of farming in the eastern Adriatic.

The first synthetic contribution summarise changes in the activities in the cave and its immediate environs (Miracle and Forenbaher). Pupi²ina was a seasonally visited site, with changing patterns and intensity of use and occupation. It was used as a seasonal camp, with major periods of relatively intensive occupation during the second half of the 6th and the beginning of the 5th millennium BC (Middle Neolithic) and mid-second Millennium BC (Bronze Age).

The Middle Neolithic occupations were short; shepherds lived in the cave with their herds; animals were slaughtered and consumed on site. Although the authors admit that the data fits fairly well with J.-.. BrochierÕs Ôhabitat bergerieÕ, an occupational site used by shepherds and their herds, they anyway conclude Ð in my opinion too hastily Ð that ÒPupi²ina may have been a special-purpose site attached to the nearby villageÓ, and was therefore more a Ôgrotte bergerieÕ, a seasonal transhumance site linked to the (hypothetical) lowland village. This might be true of the Middle Bronze Age, with the appearance of fortified hill-forts in northern Istria and the immediate vicinity of the site.

An important observation is the existence of ÔgapsÕ in the deposition, a major one between the Mesolithic and Neolithic, and another between the Neolithic and Bronze Age, along with several others. These ÔgapsÕ also occur in other caves in the region. Unfortunately, the research does not provide a final answer to this problem, although it seems to be crucial for understanding the transition from the Mesolithic to the Neolithic in the cave and the wider region, which is the topic of the second synthetic contribution (Forenbaher and Miracle). There is a hiatus in occupation of around 1800 years between the Mesolithic and Neolithic occupations of the cave, therefore the evidence of a Mesolithic-Neolithic transition and the transition to farming has not survived. Unfortunately, this renders the cave less suitable for a discussion of the process of neolithisation. The earliest Neolithic layers in Pupi²ina are at least a few hundred years younger than the first Neolithic evidence in the region. Therefore, we might not agree with the authorsÕ conclusion that ÒPupi²ina has some of the strongest and clearest evidence of a new population of herders/farmers coming to the site in the Middle NeolithicÓ. Absence of evidence is not necessarily evidence of absence of absence of huntergatherers in the cave during the transitional period, especially when other lines of evidence (exclusive use of local lithic raw materials in the oldest Neolithic horizon) may suggest local ancestry of the first herders in the cave.

The first monograph in the series is a colossal contribution to Neolithic and Bronze Age studies in the area and sets high standards for future research and publications on the area. It is to be hoped that the quality of the research and publication seen in this monograph will be also reflected in publications by other researchers working in the area. I eagerly await further volumes from the series.

Dimitrij Mlekuz – University of Ljubljana

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Hippone Aix-en-Provence – DELESTRE (RHAA)

DELESTRE, Xavier (Ed.). Hippone Aix-en-Provence. [Sn]: Édisud, 2005. 471p. Resenha de: OLIVEIRA, Julio Cesar Magalhães de. Revista de História da Arte e Arqueologia, n.7, p.113-116, jan./jun., 2007.

Fruto de um trabalho coletivo de historiadores, arqueólogos e conservadores, esse livro é o primeiro resultado da recente cooperação científica e cultural franco-argelina para o estudo e a valorização do sítio arqueológico de Hipona (a antiga Hippo Regius, atual Annaba, na Argélia). Hipona é conhecida, sobretudo, por ter sido a cidade em que Santo Agostinho exerceu seu ministério como bispo, de 395 até sua morte em 430 d.C. Mas o sítio é também importante por se tratar de uma das principais cidades portuárias do Magreb antigo.

Fundada provavelmente pelos fenícios, Hipona tornou-se, desde o século II a.C., residência ocasional dos reis númidas, donde o epíteto de Regius associado ao seu nome púnico. Anexada à província romana da África Nova no final da República, a cidade foi promovida ao status de municipium já sob Augusto e de colônia romana honorária antes do final do século I d.C. Essa rápida promoção política refletia em grande medida a enorme importância econômica que a cidade conservaria durante todo o período romano como um dos principais portos exportadores das produções africanas.

Sede de um destacamento militar encarregado da guarda do litoral, residência de funcionários imperiais e de um dos legados do governador da província da Proconsular até o século V, Hipona tornar-se-ia, nos primeiros anos da conquista da África pelos Vândalos, a capital do novo reino até a tomada de Cartago em 439, conservando mesmo depois uma enorme importância estratégica para os conquistadores. A história de Hipona a partir da reconquista bizantina, em 533, é pouco conhecida, mas é certo que a cidade continuou sendo habitada por uma população, sem dúvida, reduzida. Após sua conquista pelos árabes, a cidade sobreviveu em seu sítio antigo pelo menos até o século XI, quando começou a ser abandonada em beneficio da aglomeração vizinha de Nova Bûna, que se tornaria a moderna Annaba.

A redescoberta do sítio antigo ocorreria apenas no século XIX, já sob a dominação francesa da Argélia, com as descobertas ocasionais de mosaicos e inscrições romanas. As primeiras escavações realmente importantes começaram em 1895, com o desenterramento das luxuosas casas do litoral. A maior parte dos trabalhos de escavação, porém, seria levada a cabo de 1947 a 1963 sob a direção de Erwan Marec, um oficial aposentado da marinha francesa. Os trabalhos arqueológicos desse período tiveram o mérito de trazer à luz os principais monumentos da cidade antiga e de salvaguardar o sítio em face do avanço progressivo do distrito industrial de Annaba. No entanto, o objetivo dos primeiros escavadores de expor a rede viária da cidade antiga e de desenterrar os monumentos públicos, as casas da elite e os edifícios cristãos contemporâneos de Santo Agostinho implicou necessariamente na perda de informações preciosas, uma vez que a estratigrafia foi completamente ignorada e os níveis mais tardios, simplesmente destruídos. Além disso, a tentativa de interpretar os vestígios materiais à luz dos princípios da arquitetura clássica definidos por Vitrúvio ou das informações contidas na documentação agostiniana sobre os edifícios cristãos levou freqüentemente a restaurações abusivas e a reconstituições equivocadas dos monumentos.

As primeiras sondagens estratigráficas em Hipona foram conduzidas apenas em 1963-1964 por Jean-Paul Morel, o que permitiu, sobretudo, uma datação segura do muro litorâneo (construído, sem dúvida, no século I a.C.) e das residências vizinhas.

A partir dos primeiros anos da independência da Argélia, porém, nenhuma pesquisa arqueológica realmente importante foi desenvolvida em Hipona. Na última década do século XX, a própria conservação do sítio viu-se prejudicada pelos anos de continuada guerra civil no país: abandonados, os monumentos de Hipona foram tomados pela água e pela vegetação.

Daí a importância da recente campanha de estudos arqueológicos patrocinada por autoridades francesas e argelinas e conduzida, de 2002 a 2005, pela equipe de Xavier Delestre, da Direção Regional dos Assuntos Culturais da Região da Provença, Alpes e Côte d’Azur.

Na expectativa de um trabalho mais aprofundado de escavações e prospecções arqueológicas, o presente projeto tem o grande mérito de promover uma releitura cuidadosa de muitos monumentos de Hipona e de lançar as bases para uma conservação perene de seus vestígios arqueológicos, hoje ameaçados.

O livro expõe os resultados preliminares desses estudos, mas é também muito mais que isso. Ao apresentar uma suma do conhecimento atualmente disponível sobre o sítio, ele se constitui numa obra de referência indispensável e no ponto de partida obrigatório para todo estudo futuro sobre Hipona. O livro está organizado em cinco partes, precedidas de uma introdução geral por Xavier Delestre e Marcel Tavé. A primeira parte apresenta um “Quadro histórico”, que resume a história da cidade a partir, sobretudo, das fontes textuais. Claude Lepelley discute a história social e política de Hipona nos períodos númida e romano.

Serge Lancel apresenta brevemente a carreira de Santo Agostinho em Hipona e trata dos mosteiros e igrejas da cidade, mencionados pelo bispo em seus textos, bem como das paróquias rurais de sua diocese. Sabah Ferdi estabelece uma relação interessante (embora deslocada em relação ao tema dos demais capítulos desta parte) entre um texto de Agostinho e um mosaico encontrado em uma das casas de Hipona. Jean-Pierre Laporte retoma em seguida a evolução geral da cidade, discutindo sua história política nos períodos vândalo e bizantino.

Saïd Dahmani trata das referências a Hipona nas fontes árabes e discute as condições de sua ocupação até o século XI. Abderrahman Khelifa conclui esta parte com uma discussão sobre a história política de Annaba durante a Idade Média.

A segunda parte, constituída de um único capítulo, redigido por Xavier Delestre, trata da história das pesquisas arqueológicas sobre o sítio de Hipona, do século XIX aos dias atuais. Na terceira parte, são reunidos capítulos sobre “Os monumentos públicos e a arquitetura privada”. Philippe Leveau discute o urbanismo de Hipona no contexto mais amplo da evolução geral das cidades africanas até o final do período romano. Frank Suméra faz uma excelente discussão sobre o esquema urbanístico de Hipona, a partir do levantamento topográfico efetuado pela recente campanha.

Xavier Delestre apresenta os materiais e as técnicas de construção empregados na cidade. Frank Suméra, novamente, expõe os resultados dos estudos recentes sobre o fórum, ao passo que Jean-Marc Mignon apresenta uma discussão mais específica sobre a colunata dessa praça. Bruno Bizot, David Lavergne e Jean-Marc Mignon discutem a planta e o estado atual do teatro. Xavier Delestre trata das características gerais do mercado, e Jean-Marc Mignon tece observações mais detalhadas sobre o pórtico desse edifício.

Nos dois capítulos seguintes, Xavier Delestre descreve o plano dos dois grandes edifícios termais revelados pelas escavações e discute brevemente o abastecimento hidráulico da cidade antiga, bem como os riscos representados pelas constantes infiltrações e inundações à conservação atual dos vestígios arqueológicos. David Lavergne apresenta uma discussão detalhada da evolução (entre os séculos III e V d.C.) de uma das luxuosas casas do litoral de Hipona, acompanhada de novas plantas elaboradas a partir das recentes observações.

Esse estudo é completado pela discussão de Michèle Blanchard-Lémée sobre os mosaicos das diversas fases de ocupação dessa propriedade. Xavier Delestre conclui esta parte com uma discussão sobre a conservação preventiva dos mosaicos de Hipona no próprio sítio.

A quarta parte reúne capítulos bastante diversos sobre “A arte e a vida quotidiana” em Hipona. François Baratte, tratando da escultura antiga, constata a raridade das obras descobertas durante as escavações, resultado da reutilização do mármore e dos metais durante a longa história da cidade após o período romano.

Xavier Delestre traça um quadro bastante impressionista da “vida quotidiana” em Hipona, onde os raros vestígios materiais do quotidiano da própria cidade servem mais de exemplos do que de base à discussão.

David Lavergne, numa brevíssima contribuição, apresenta um inventário dos marcos miliários presentes no museu de Hipona. Finalmente, Michel Bonifay tece considerações interessantes sobre a minúscula coleção de cerâmicas do museu, notando, mesmo nessa amostra reduzida, um padrão muito semelhante ao que é revelado pelas escavações em Cartago.

A quinta e última parte, intitulada “Os homens, os deuses, a morte”, trata da epigrafia, das sepulturas, dos vestígios materiais da vida religiosa e dos edifícios do culto cristão. Jean Gascou discute a importância da epigrafia do período imperial para a compreensão de diversos aspectos da história, da organização e das funções administrativa e econômica da cidade durante o Império Romano. Jean-Pierre Laporte trata da epigrafia da época vândala e bizantina e de suas particularidades gráficas. Bruno Bizot apresenta uma releitura minuciosa da basílica cristã e de seu entorno, fruto da pesquisa recente. David Lavergne trata dos cultos representados em Hipona em inscrições, placas votivas e outros ex-votos. Por fim, Xavier Delestre trata do “mundo dos mortos”, inventariando os epitáfios e os tipos de sepultura identificados no sítio de Hipona. Uma breve conclusão do editor encerra o volume, que inclui ainda, em apêndice, um catálogo do acervo arqueológico do museu.

Por se tratar de uma obra de síntese, o livro naturalmente não apresenta interpretações inéditas, exceto nos capítulos que resumem os resultados da recente campanha, e, mesmo neste caso, a natureza da intervenção e o estado atual de conservação do sítio não permitiram mais que uma releitura relativamente modesta dos vestígios materiais. Apesar disso, algumas conclusões novas devem ser mencionadas. No estudo dos cerca de 7 hectares do tecido urbano de Hipona já escavados, Frank Suméra constata certa especialização das insulae, ou, pelo menos, uma diferenciação social das habitações entre os diferentes bairros da cidade, com uma maior concentração das habitações populares nas partes mais antigas, na proximidade do fórum, e das luxuosas casas da elite nos bairros mais distantes, próximos ao mar. O estudo do pavimento do fórum permite também observar alguns elementos de cronologia relativa que revelam uma construção complexa da esplanada, em diversas etapas, ao passo que a ausência de estruturas destinadas ao comércio e ao artesanato e o isolamento da praça em relação ao seu entorno implicam uma especialização estrita do fórum na época imperial em sua função cultual e política. Ao mesmo tempo, a pesquisa levada a cabo na basílica cristã e em seu entorno, apresentada por Bruno Bizot, permitiu a identificação de três grandes conjuntos topográficos originais (senão propriedades particulares) nessa insula, amputados pela construção da igreja. A planta publicada por Marec pôde também ser questionada, limitando-se os supostos anexos da basílica ao batistério e a um edifício vizinho.

Esse trabalho minucioso de releitura limitou-se, porém, nesta campanha, ao fórum, à basílica cristã, ao teatro e a algumas casas de elite, o que apenas retoma as prioridades dos primeiros escavadores. Não há no livro nenhuma contribuição, nem mesmo superficial, para uma melhor compreensão das casas mais modestas, dos locais profissionais ou da vida econômica de Hipona. É verdade que as condições de escavação impedem atualmente um estudo aprofundado dessas questões, mas os vestígios materiais conservados não são completamente silenciosos a esse respeito. Xavier Delestre cita, por exemplo, à p. 169, uma “possível oficina de molhos de peixe (garum)” na proximidade do mercado, mas esse estabelecimento não é sequer situado num mapa. Da mesma forma, a provável tinturaria identificada por Marec na vizinhança da basílica não foi objeto de nenhuma discussão particular e nem mesmo de uma nova planta. Esperemos que as campanhas futuras possam responder a esse desafio.

O livro é abundantemente ilustrado com belas fotos do sítio de Hipona. Fotos aéreas e reproduções de mapas, plantas e notas dos primeiros escavadores facilitam também a compreensão do texto, tornando acessível uma documentação de outro modo dispersa.

Enfim, os novos mapas e plantas elaborados durante a campanha constituem um instrumento de trabalho inestimável para todo estudo futuro sobre o sítio. Obra de referência indispensável sobre Hipona, esse livro será certamente do interesse de todos os estudiosos da África do Norte na Antigüidade e, de um modo mais geral, de todo interessado na história urbana do mundo antigo.

Julio Cesar Magalhães de Oliveira – Doutor em História Antiga pela Universidade de Paris X Nanterre. Pesquisador associado ao Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE/Unicamp).

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From Stonehenge to las Vegas; Archaeolog y as Popular Culture – HOLTORF (RHAA)

HOLTORF, Cornelius. From Stonehenge to las Vegas; Archaeolog y as Popular Culture. Oxford: Altamira Press, 2005. 185p. Resenha de: ZARANKIN, Andrés. Revista de História da Arte e Arqueologia, Campinas, n.6, p.176-177, dez., 2006.

Por que la popularidad y la atracción que la arqueología ejerce en nuestra sociedad? Esa es una de las preguntas de partida del libro compuesto por un Prologo y 9 capítulos, que le permiten a Holtorf un recorrido por algunas cuestiones centrales de la practica arqueológica, y los estudios que tienen eje en el pasado y sus vestigios. Sus propuestas resultan polémicas, pero al mismo tiempo permiten al lector reflexionar de una manera diferente sobre el tema. Por este motivo este trabajo resulta de interés especial para estudiantes y profesores en arqueología o antropología así como a profesionales que trabajan con patrimonio.

Holtorf, ya en el prologo nos muestra que estamos ante un libro diferente, que se opone a los convencionalismos a los que estamos acostumbrados en cualquier trabajo académico. En la misma el autor efectúa una auto-presentación que permitirá, según él, entender quién es, y por lo tanto la naturaleza de su trabajo.

Dónde nació, sus estudios, sus profesores, así como algunos aspectos de su vida sentimental, dan a la obra un toque informal y diferente. Al mismo tiempo Holtorf elige escribir su trabajo en primera persona del singular.

De esta manera queda claro que no intenta ofrecer una visión escencialista y verdadera del problema tratado, sino por el contrario, su enfoque particular.

Precisamente la estética y la organización del libro también son novedosas. Además de fotos de obras de arte, de sus vacaciones, de casinos en las vegas o dibujos hechos por él, utiliza continuamente para reforzar sus argumentos comparaciones y ejemplos que a simple vista poco tienen que ver con la arqueología (Zoológicos, parques de diversiones, casinos, biología, cine, TV entre otros). También cada capitulo posee una o más ideas centrales (o tesis) que Holtorf destaca, incluso colocándolas en apartados.

A lo largo de los primeros 7 capítulos – (1) Archaeology as popular culture, (2) Below the surface, (3) The archaeologist in the field, (4) Interpreting traces, (5) Past meanings, (6) Contemporaneous Meanings, (7) Authenticy –, Holtorf desarrolla una discusión general sobre algunos conceptos centrales de la arqueología y su practica. A través de la misma cuestiona algunos de los principios sagrados de la disciplina, tales como que es le pasado, como es construido y por tanto como estudiarlo, cuales son sus significados, a que llamamos autentico, el rol del arqueólogo entre otros puntos.

En estos capítulos Holtorf’s, siguiendo algunos de los planteos de su maestro Michael Shanks y de la arqueología radical, asume y explicita cuestiones como por ejemplo, que el pasado es construido en cada presente y por lo tanto es relativo. También que las personas participan activamente en la construcción de sentidos y significados asociados a la cultura material – y por lo tanto estos significados también son relativos.

Para justificar estas ideas utiliza casos de todo el mundo, aunque especialmente de la prehistoria europea y de sus própios trabajos de campo en Alemania.

Dentro de estas discusiones destaco 3 cuestiones:

A) Su análisis sobre la “biografía de los objetos y los sitios arqueológicos” y como su sentido y significado se transforma a través del tiempo (utiliza como ejemplos el caso de las hachas de piedra, y los monumentos megalíticos – capítulo 5).

B) Su propuesta sobre los significados actuales que los sitios arqueológicos tienen para el publico (diferencia 14, entre ellos recuerdos (rembrance), identidad (identity), reflexiones (reflections), aventuras (adventures), lugares mágicos (magical Places), entre otros – Capítulo 6.

C) La discusión del concepto de “autenticidad” (Aura de W. Bejamin) y como en realidad tiene una base subjetiva que lo transforma en algo dinámico y cambiante a través del tiempo – Capítulo 7.

Los últimos 2 capítulos resultan los más provocativos y originales. Sus propuestas permiten una reflexión profunda sobre las propias bases de la arqueología y la naturaleza del pasado en nuestra sociedad.

Básicamente para Holtorf la popularidad de la arqueología tiene que ver con que posee todos los elementos tradicionales, para despertar el interés de las personas comunes (misterio, exotismo, tesoros, peligro, entre otros). Esto le otorga a la disciplina una “Archeoappeal” y la transforma en “cultura popular”. Lo que importa es el significado del pasado en el presente y la manera en que la gente le da un sentido particular, no necesariamente coincidente con el de los arqueólogos.

De esta manera si el pasado, y sus vestigios “auténticos”, son construidos por las personas en cada presente, entonces éste se transforma en un “recurso renovable”, lo que le permite a Holtorf afirmar: “A certain amount of destruction of archaeological resources is not only unavoidable but can indeed be desirable in order to accommodate fairly as many genuine claims to ancient sites and objects as possible” (p. 148)… “If archaeology is popular culture, then we are all archaeologists” (p. 160).

Salvando las diferencias, este libro tiene mucho en común con “Reconstructing Archaeology” de Shanks y Tilley (1987), sus propuestas radicales invitan a la reflexión. Al cuestionar muchos de los supuestos de la practica arqueológica la primera reacción del lector es sentirse incomodo. Pero es precisamente esta insatisfacción con lo evidente que permite a la arqueología seguir avanzando en un camino sin final.

“Experiencing archaeological practice and imagining the past constitute the magic of archaeology” (p. 155).

Andrés Zarankin – Docente no Depto de Sociologia e Antropologia/ FAFICH-UFMG Doutor em História pelo IFCH-UNICAMP.

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Arqueología y Sociedad. Luis Guillermo Lumbreras – CARRÉ; Del ÁQUILA (C-RAC)

CARRÉ, Enrique González; Del ÁGUILA, Carlos. Arqueología y Sociedad. Luis Guillermo Lumbreras. Lima: Instituto de Estudios Peruanos, Museo Nacional de Arqueología y Antropología, INDEA, 2005. 320p. Resenha de: IBÁÑEZ, Francisco Gallardo. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.38 n.1, p.150-151, jun. 2006.

Este libro reúne diversos textos sobre teoría y método en arqueología publicados con anterioridad. Su introducción es confesional, auténtica y autocrítica. En ella, Lumbreras describe con sinceridad su propio desarrollo político e intelectual, en especial aquel referido al marxismo y la arqueología. Hay importantes pasajes en la nota introductoria y otros ensayos donde expone su permanente incomodidad con el concepto de cultura que, luego de haber suscrito la propuesta de Felipe Bate, opta ahora por su abandono en beneficio de una categoría instrumental: la unidad arqueológica socialmente significativa (Bate 1978:37-38). El título del libro no es casual, nos habla sin rodeos de su rechazo sobre tal concepto.

En mi opinión, los libros son buenos por las ideas nuevas que promueven o por las polémicas que provocan. Este libro como otros del Profesor Lumbreras satisface ambos requerimientos. Para quienes no lo conocen, hay que decir que su categoría de Profesor le viene de una cualidad única y personal, es acogedor, con mucha experiencia en el oficio, sabe escuchar y no pierde ocasión para animar el debate. Algo que como él sabe bien, yo tampoco puedo evitar. En particular, si el tema es la arqueología, la cultura y la concepción materialista de la historia (rótulo acuñado por Engels luego de la muerte de Marx). Su abandono del concepto de cultura no es un capricho, sino un acto que arroja sobre la mesa el viejo dilema de ¿qué es la realidad?, asunto que para nosotros los “marxistas leninistas” (como gustaba llamarnos el general), es una oferta que no podemos rechazar.

En este campo de problemas, es imposible escribir sin aludir a la arqueología social, de la cual soy un simpatizante, pero no un militante. En lo medular estaré siempre de acuerdo con sus promotores, pues todos hemos leído a Marx, Engels y Lenin; creemos que “la explotación del hombre por el hombre” es un hecho injusto y vergonzoso; participado en movimientos revolucionarios durante el siglo XX; sufrido la persecución derechista casi tanto como hemos vivido y en lo general lucimos bastante saludables, pero estoy convencido que en esta corriente algo anda mal, pues es evidente que existe un desequilibrio de proporciones entre las innumerables proposiciones y los escasos resultados, cuestión que debería hacernos sospechar que es probable haya un muerto en el ropero. Sin embargo, sería poco honesto no reconocer la contribución de Felipe Bate (1978), en cuanto a que la cultura no es más que la expresión fenoménica de una formación social. Este fue el segundo punto de inflexión en este movimiento intelectual, el primero y originario: La Arqueología como Ciencia Social (Lumbreras 1974).

Apariencia y Esencia, Cultura e Infraestructura

Respecto al concepto de realidad, podemos decir que es algo que se presenta ante los sujetos como el campo donde ejercen su actividad práctico sensible y sobre la cual surge la intuición práctica inmediata de ella (ver Kosik 1967). En el mundo de las relaciones efectivas entre las personas sean estas de carácter formal o informal, profanas o sagradas, económicas o artísticas, es que cultivamos y maduramos nuestra conciencia ordinaria del mundo, el sentido común y el conocimiento. Este conjunto de prácticas humanas y significados, que es particular y concreta a un lugar, una época y una historia, es lo que hace distintivo a un pueblo de otro. Básicamente es a esto lo que -con mayor o menor fortuna- apuntan las definiciones de cultura en antropología, normas y valores, saberes y prácticas que pertenecen al reino del fenómeno o las apariencias, al mundo sensible y significativo en el que vivimos todos, nosotros y los otros, los del presente y los del pasado.

El registro arqueológico no es más que el resultado intencional (la manufactura de un instrumento de trabajo) y no intencional (el mismo instrumento, pero extraviado) de este conjunto de prácticas que atribuimos al mundo fenoménico, superestructural o cultural. Para el marxismo, descontado aquel naturalista ingenuo propio de Bujarin y Plejanov, la realidad es concebida como un claroscuro de verdad y engaño:

Su elemento propio es el doble sentido. El fenómeno muestra la esencia y, al mismo tiempo, la oculta. La esencia se manifiesta en el fenómeno, pero sólo de manera inadecuada […] El fenómeno indica algo que no es el mismo, y existe sólo gracias a su contrario (Kosik 1967:27).

Este mundo superestructural de lo vivido y experimentado tiene sus propias reglas (desde las tecnologías de producción cerámica a la decoración de la cestería, desde las formas de cooperación productiva a los protocolos de un jefe de Estado), pero estas reglas sólo pueden ser comprendidas en tanto revelamos su esencia o estructura. En este sentido, el marxismo es un tipo de estructuralismo (Lévi Strauss lo dijo con propiedad), pues distingue con claridad la diferencia entre fenómeno y esencia, entre representación y concepto, entre movios

miento visible y movimiento real interno, entre superestructura e infraestructura. Ambos aspectos constitutivos están contenidos en el mundo de lo real, pero sólo a través del análisis es que podemos capturar la esencia de las cosas, el concepto que le corresponde, su movimiento real interno, su infraestructura. De aquí que Marx haya tenido el cuidado de prevenir a sus lectores en el primer Prólogo de su obra El Capital.

Dos palabras para evitar posible equívocos. No pinto de color de rosa, por cierto, las figuras del capitalista y el terrateniente. Pero aquí sólo se trata de personas en la medida en que son la personificación de categorías económicas, portadores de determinadas relaciones e intereses de clase. Mi punto de vista, con arreglo al cual concibo como proceso de historia natural el desarrollo de la formación económico-social, menos que ningún otro podría responsabilizar al individuo por relaciones de las cuales él sigue siendo socialmente una criatura por más que subjetivamente pueda elevarse sobre las mismas (Marx 1987:8).

El Profesor Lumbreras lleva razón al afirmar que los contextos arqueológicos son el producto de acciones sociales concretas:

Los restos arqueológicos organizados en contextos determinados constituyen unidades arqueológicas socialmente significativas, que no son otra cosa que testimonios de eso: actividades de individuos o grupos de personas cuyos actos -de orden social o humano- dejaron testimonios materiales cognoscibles (p. 73).

Sin embargo, para respetar en sentido estricto la fórmula de Marx (al menos como yo la entiendo), tales contextos no son más que el resultado de las acciones de los sujetos en el mundo de lo sensible, lo vivido, imaginado y experimentado, contienen su esencia pero no la revelan (función de ocultamiento y disimulo que opera a nivel de la ideología) sino por los modelos infraestructurales que, en última instancia, nos hacemos a partir de ellos.

Epílogo

Ninguna ciencia social que yo conozca ha invertido tanto tiempo y esfuerzo en develar los misterios de la cultura como la antropología (por colonialista que sea su origen), y tan sólo por eso, siempre me ha hecho sentido ese viejo aforismo acuñado por Willey y Phillips de que la arqueología es antropología o nada (Gallardo 1983), sin embargo, dudo que todos los antropólogos estén dispuestos a suscribir la idea de la cultura como superestructura e ideología, por consiguiente, y ya que el marxismo no es algo que se encuentre en algún lugar preciso en el mapa del pensamiento y prácticas de quienes lo profesan o lo han profesado (incluido Marx a quien disgustaban los sistemas filosóficos), tal vez el dictamen más apropiado sea finalmente que la arqueología es arqueología o nada, una disciplina que trata con la superestructura de manera crítica en tanto es capaz de vulnerar sus ideologías para revelar su infraestructura, no simplemente por definirla sino para darle sentido a la vida ordinaria, para adquirir conciencia de aquello de lo que somos víctimas y no lo sabemos. Nadie eligió ser campesino o sacerdote, esclavo o señor, explotado o explotador.

 

Referencias Citadas

Bate, F. 1978 Sociedad, Formación Económico-Social y Cultura. Ediciones de Cultura Popular, México.

Gallardo, F. 1983 La arqueología ¿una ciencia social? En Arqueología y Ciencia: Primeras Jornadas, editado por L. Suárez, L. Cornejo y F. Gallardo, pp. 90-102, Museo Nacional de Historia Natural, Santiago de Chile.

Kosik, K. 1967 Dialéctica de lo Concreto. Editorial Grijalbo, México.

Lumbreras, L.G. 1974 La Arqueología como Ciencia Social. Ediciones Histar, Lima.

Marx, K. 1987[1867] El Capital. Tomo I / Libro Primero, El Proceso de Producción del Capital. Siglo Veintiuno Editores, México.

Francisco Gallardo Ibáñez – Museo Chileno de Arte Precolombino. E-mail: fgallardo@museoprecolombino.cl

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Palmares, ontem e hoje | Pedro Paulo Funari

Escrito a quatro mãos, o ensaio Palmares, ontem e hoje é mais uma das primorosas narrativas da coleção Descobrindo o Brasil, editada pela Jorge Zahar Ed. Calcado num dos temas mais consagrados da nossa historiografia, o texto de Pedro Paulo Funari e Aline Viera de Carvalho aborda com maestria e originalidade as principais questões que envolvem a saga palmarina desde o período de formação do quilombo até as descobertas mais recentes no campo da arqueologia.

Fugindo das tradicionais e – por que não dizê-lo? – esquemáticas abordagens introdutórias aos episódios marcantes da nossa história, os autores apresentam o quilombo de Palmares como um problema historiográfico, ou seja, um fato histórico que foi e continua sendo constantemente reescrito por historiadores, sociólogos, arqueólogos e antropólogos. Tal honestidade profissional demanda naturalmente um convite ao leitor a compreender os meandros da escrita da história e a produzir suas próprias idéias sobre os fatos tratados. É isso que os autores literalmente fazem ao mostrar como o estudo da história implica na discussão da relação passado e presente, dado que dela resulta o discurso do historiador. Leia Mais

Envisioning the past. Archaeology and the image – SMILES; MOSER (RAP)

SMILES, Sam; MOSER, Stephanie (Eds.). Envisioning the past. Archaeology and the image. Blackwell Publishing. Malden: Oxford y Carthon. 246 páginas. Resenha de: CASTAÑO, Ana Maria Mansilla. Revista Arqueologia Pública, São Paulo, n. 1, 2006.

Este livro, co-editado por uma das pioneiras dos estudos das imagens na arqueologia, oferece uma interessante coletânea de trabalhos sobre a análise do discurso visual em arqueologia. Envisioning the Past foi também a primeira Conferência Internacional sobre o tema na Southampton University (2000). Não foram publicadas as atas daquela conferência, o que atualiza e valoriza ainda mais a temática com esta nova publicação.

A articulação do livro em doze breves capítulos permite ter uma boa panorâmica dos principais objetos de estudo neste novo campo de pesquisa arqueológica. Analisa-se o papel das imagens na construção do conhecimento arqueológico: as imagens sobre as origens da humanidade, o papel do imaginário pré-histórico na construção das identidades identidades, as diferentes fontes do repertório iconográfico arqueológico, o destaque das imagens na arqueologia contemporânea tanto no trabalho de campo quanto na divulgação popular ou formal, sem esquecer as nuances que a introdução das novas tecnologias implica. No entanto, visando uma melhor aproximação a este tipo de estudos, a ordenação temática dos diferentes capítulos teria sido uma opção adequada. Assim mesmo, a própria brevidade dificulta o passo entre a proposta teórica e a amostra analisada.

Mesmo sendo as imagens o fio condutor do livro, os diferentes capítulos sugerem outras interessantes linhas de pesquisa no âmbito da antropologia do patrimônio, da divulgação arqueológica e da construção da comunidade e a cultura arqueológica.

Ana Maria Mansilla Castaño – Escola Oficina de Restauro de Salvador. E-mail: anamansillac@oi.com.br

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Les Lacustres. Archéologie et mythe national | Marc-Antoine Kaeser

A coleção “Le savoir suisse” (www.lesavoirsuisse.ch ) conta atualmente 34 títulos dedicados a tornar acessíveis ao grande público as pesquisas universitárias da área francófona suíça, com temas históricos e questões pertinentes à identidade nacional da Confederação Helvética – mas, por estranho que pareça, não há ainda um volume dedicado aos helvécios. A presente obra, n. 14 da coleção, tem por objetivo refazer e criticar o mito da origem dessa mesma identidade nacional: os povos lacustres, os habitantes pré-históricos cujas características peculiares teriam marcado o ponto de partida da cultura alpina nessa região de montanhas e lagos que hoje se conhece pelo nome de Suiça.

Marc-Antoine Kaeser tem um perfil que o assinala como um cientista que há tempos vem se debruçando sobre o tema: entre suas publicações estão as que versam sobre a ideologia do suposto pacifismo lacustre (1997), a busca de antepassados operacionais (1998), o mito do fantasma lacustre (2000), as representações coletivas e construção da identidade nacional (2002) – temas que se destacam nos títulos que já publicou, e que mostram uma intenção clara de corrigir o discurso e a mentalidade políticas alimentadas por teorias científicas mais idealistas do que realistas. A frase com que abre este volume é bem explícita: “Há um século e meio a aldeia lacustre ocupa um lugar privilegiado na representação coletiva do passado pré-histórico da Suíça” (p. 9). E, contudo, hoje em dia os suíços se perguntam: esse povo lacustre existiu mesmo, dessa maneira como nos descrevem os historiadores? E eles são de fato os nossos antepassados? A resposta vem logo (ib.) radical: “A arqueologia contemporânea responde simplesmente com uma negação categórica – porém circunstanciada”. De fato ao longo do livro M.A. Kaeser tempera bastante essa negação: os povos pré-históricos alpinos não viviam em aldeias lacustres de palafitas, mas as povoações construídas nas margens dos lagos tinham algumas casas edificadas sobre postes dentro de água. Não existiram aquelas grandes plataformas que avançavam lago adentro, suportadas por colunas de madeira, e por sua vez suportando toda a aldeia. No sentido tradicional do termo não houve povo lacustre nem civilização lacustre entre as montanhas alpinas, mas houve uma população dispersa e variada, subsistindo com diversos tipos de economia além da pesca no lago, que construiu aldeias junto aos lagos – não sobre eles.

O autor passa a descrever a origem e evolução da “mitologia nacionalista”, começando pela grande seca de 1853/54 que, tendo posto a descoberto extensos trechos nas margens dos lagos, permitiu aos estudiosos identificar e reconstituir as populações ditas lacustres; e coube ao Presidente da Associação dos Antiquários de Zurique, Ferdinand Keller, iniciar uma série de publicações que constituíram o início da construção desse mito da origem nacional suíça. Numa época em que, após os tumultos das invasões francesas, a consciência nacional se afirmava por toda a Europa, a descoberta de que a Suíça também tinha um passado pré-romano, e que esse passado era digno de memória, dava aos suíços antepassados dos quais podiam se orgulhar. Daí até à representação gráfica idealizada das aldeias lacustres foi um passo. Kaeser ilustra a sua obra com muitos desenhos desse período, quando os “proto-helvécios” apareciam como vivendo em paz e harmonia com a natureza. Inspirados em Rousseau os historiadores suíços discípulos de Ferdinand Keller repassaram para esses ancestrais imaginários as virtudes que os suíços contemporâneos se atribuem: austeridade, pureza, não contaminação pelos males da civilização, cultivo da paz; o povo lacustre teria ainda sido o criador da linguagem, e, portanto, seria a sociedade humana mais antiga – um oásis de tranqüilidade no meio do mundo agitado (p. 62), um paraíso perdido para os demais, mas preservado para os suíços.

O autor vai descrevendo a construção popular dessa identidade nacional, mostrando o papel político da arqueologia. Contudo na década de 1920 os arqueólogos alemães, na seqüência dos trabalhos de Hans Reinerth, iniciaram o combate à “ideologia lacustre suíça”, negando a originalidade dessa sociedade e até sua existência; os suíços viram na destruição da representação dos lacustres uma agressão não só à pré-história nacional, mas à própria identidade nacional suíça, e, portanto, um atentado perpetrado pelo imperialismo alemão, secundado pelas ambições nazistas. A reação nacionalista não se fez esperar, mas a retomada das pesquisas arqueológicas sob outras perspectivas acabou dando razão, parcial, às críticas. Concluiu-se que os povos pré-históricos que ocuparam o atual território da Suíça viviam em diversos tipos de meios físicos (não só nos lagos), portanto em culturas diferenciadas (não homogêneas), e apenas alguns deles construíram algumas casas sobre plataformas de palafitas. As pesquisas arqueológicas de Emil Vogt na década de 1950 estabeleceram novos parâmetros de investigação que foram se afirmando até hoje, e que o autor vai apresentando numa narrativa acessível mesmo para quem não conhece arqueologia nem está a par dos embates doutrinários do nacionalismo suíço; mapas, gráficos, uma breve cronologia (desde o fim da glaciação de Würm até à submissão dos helvécios em 58 a.C.) além de uma bibliografia sucinta ajudam o leitor a acompanhar a argumentação de Marc-Antoine Kaeser.

A obra termina com algumas considerações e retrospectivas: por um lado o “mito da civilização lacustre” persiste, mas, menos ingênuo e menos “crença” adaptou-se eficazmente a idéias recentes incarnando o ideal de uma Suíça “harmoniosa, pacífica, igualitária e solidária”: mais ainda, a aldeia lacustre passou a ser uma referência para a doutrina ecológica (p. 132). Por outro lado, a arqueologia tomou suas distâncias com respeito a essa representação coletiva: “a arqueologia deve reconhecer e assumir o fato de que a interpretação do passado comporta quase inevitavelmente uma dimensão ideológica”; porém onde essas representações incluem visões errôneas e imaginações fictícias o arqueólogo tem obrigação de intervir e desmenti-las. Deve fazê-lo, contudo, de maneira pontual, e não atacar o mito como um todo, pois este é um saber que dá significado ao presente. O arqueólogo, ao contrário, deve abster-se do presente e dos saberes não científicos “para interrogar e compreender o passado” (p. 133).

João Lupi – Departamento de Filosofia UFSC. E-mail: lupi@cfh.ufsc.br


KAESER, Marc-Antoine. Les Lacustres. Archéologie et mythe national. Lausanne: Presses polytechniques; Universitaires romandes, 2004. Resenha de: LUPI, João. Povos lacustres: arqueologia, história ou mito? Brathair – Revista de Estudos Celtas e Germânicos. São Luís, v.6, n.1, p. 55-56, 2006. Acessar publicação original [DR]

Excavating Jesus: Beneath the Stones, Behind the Texts – CROSSAN (RHAA)

CROSSAN, John Dominic; REED, Jonathan L. Excavating Jesus: Beneath the Stones, Behind the Texts: Revised and Updated. Sn.: Harper Collins,  2009. 368p. Resenha de: FUNARI, Pedro Paulo A. Revista de História da Arte e Arqueologia, Campinas, n.5, dez., 2005.

Paulo Paulo A Funari

Acesso somente pelo link original

Los Cazadores Después del Hielo – MASSONE (C-RAC)

MASSONE, Mauricio. Los Cazadores Después del Hielo. Santiago: Centro de Investigaciones Diego Barros Arana, 2004; pp. 173, Santiago. Resenha de: PÉREZ, Christian García.. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.37, n.2, p.272-274, dic. 2005.

Después del retiro de los hielos durante el Pleistoceno final y antes de que se formara completamente el estrecho de Magallanes por el alza de los niveles marinos, animales y seres humanos alcanzaron Tierra del Fuego y dejaron trazas materiales de su paso en la cueva de Tres Arroyos 1, ubicada en el norte de la actual Isla Grande. Hasta esta apartada región arribó, en 1981, el arqueólogo Mauricio Massone Mezzano, entonces parte del Instituto de la Patagonia, con la esperanza de elegir un área de la isla y un tema de investigación. Estas tareas lo llevaron a realizar prospecciones en la estancia Tres Arroyos, cerca de la localidad fronteriza de San Sebastián, lugar que le depararía años de fructíferas investigaciones, cuyos resultados más importantes se entregan en el libro que aquí reseñamos.

Organizada en diez capítulos, esta obra es el resultado de la tesis de Magíster en Arqueología (Universidad de Chile) del autor, quien a través de sus páginas nos presenta las evidencias e interpretaciones que señalan que los materiales arqueológicos de Tres Arroyos 1 son una manifestación cultural de la modalidad de cazadores tempranos, denominada Fell 1, originalmente descubierta en la zona volcánica oriental de Pali Aike por Junius Bird y más tarde en la provincia de Última Esperanza por Hugo Nami.

Tal como se explica en el capítulo I, las excavaciones arqueológicas llevadas a cabo en 1983 y más tarde en 1986 en Tres Arroyos 1, proporcionaron al autor las primeras dataciones radiocarbónicas para un contexto arqueológico de cazadores tempranos en Tierra del Fuego, así como evidencias que podían relacionarlo con otros sitios arqueológicos de Patagonia meridional. De paso, los resultados obtenidos renovaron el interés por discutir el cambio cultural y la continuidad, en un ambiente donde la existencia de un antes y un después en la formación del estrecho y de la isla de Tierra del Fuego, ofrece un laboratorio para la puesta a prueba de diferentes hipótesis.

Producto de la importancia de los hallazgos y comprendiendo que había pesquisado los restos materiales de una antigua curva en el tiempo, el autor interrumpió los estudios de campo por diez años, a la espera de constituir un proyecto de investigación integral sobre el hombre temprano y el paleoambiente, reunir un equipo de investigadores y gestionar los recursos necesarios. Dicho proyecto, que fue llevado a cabo entre 1996 y 1999, generó resultados que permitieron no sólo entregar una interpretación del contexto de la ocupación inicial del sitio, sino también inscribirlo dentro del proceso de poblamiento temprano de América y puntualmente de Patagonia, tal como se expone a lo largo de toda esta obra.

Una muestra del papel que le caben a las ocupaciones tempranas de Tres Arroyos 1 en el proceso del poblamiento inicial del territorio patagónico, puede obtenerse de la lectura del capítulo 2, donde se ofrece al lector una actualizada síntesis de la historia de la investigación paleoambiental y arqueológica del Pleistoceno final en Magallanes y Tierra del Fuego, con especial referencia a la modalidad de cazadores tempranos Fell 1. De particular interés para el autor son los avances en la investigación arqueológica y paleoambiental de la zona durante la década de los ochenta y noventa del siglo recién pasado, debido a que permitieron el planteamiento de nuevos temas de investigación, como la exploración de la presencia de fauna pleistocénica extinguida y grupos paleoindios en Tierra del Fuego. Sin embargo, el escaso acercamiento existente entre los estudios paleoambientales y arqueológicos, hacía necesario establecer puentes que aproximaran ambos conocimientos con el objeto de emprender la exploración del poblamiento temprano de la región, labor que llevaría a cabo el autor con su proyecto de investigación entre los años 1996 y 1999 sobre “Hombre temprano y paleoambiente en Tierra del Fuego”.

Una revisión de las posiciones teóricas y de los conceptos utilizados en la arqueología americana en la investigación del poblamiento temprano del continente, se entrega en el capítulo III, con el objeto de situar la discusión acerca de este proceso en Tierra del Fuego. Teniendo presente que las ocupaciones humanas de las que trata esta obra se circunscriben al período anterior a la formación del estrecho de Magallanes, en algún momento de la transición Pleistoceno-Holoceno, la elección del autor de algunos tópicos teóricos resultan interesantes de considerar, debido a que plantean nuevas interrogantes para futuras investigaciones. Entre estos destacan la discusión en torno a si el poblamiento de Tierra del Fuego resultado del arrinconamiento de las poblaciones en el extremo del mundo o de la elección a través de decisiones adaptativas, o si las ocupaciones de Tres Arroyos 1 se inscriben en la dinámica de territorios de borde.

Considerando que el objetivo central de este libro es dar cuenta del contexto cultural y paleoambiental de las primeras ocupaciones del sitio Tres Arroyos 1, en el capítulo IV, el autor expone sus objetivos específicos de investigación, su estrategia de estudio y la conformación de un equipo multidisciplinario que estuvo a cargo del análisis e interpretación de los materiales culturales y de la evaluación de las condiciones paleoambientales, elementos que le permitieron a la postre plantear dicho contexto en este libro.

El capítulo V sobre los cazadores tempranos de Tres Arroyos 1, constituye la exposición sintética de los antecedentes ambientales y culturales relacionados a las ocupaciones tempranas del sitio, los que son más tarde expuestos con mayor detalle por el autor. Particularmente, los datos arqueológicos aquí presentados sobre fogones, artefactos líticos y óseos, restos faunísticos y de materiales colorantes, sus características y el conjunto de dataciones radiocarbónicas a los que están asociados, constituyen el núcleo de la argumentación en relación a su participación en la modalidad cultural de cazadores tempranos Fell 1.

El capítulo VI, titulado “En torno al fuego”, presenta un análisis espacial intrasitio basado en cinco estructuras de combustión registradas en Tres Arroyos 1, el que sin duda representa el aspecto más relevante y novedoso del libro. Relevante, por los alcances interpretativos que su ejercicio permitió al autor, así como por la información inédita que se entrega, y novedoso, debido a que los análisis de las plantas de excavación de los fogones tienen el mérito de ensayar una metodología imaginativa (definiendo áreas de influencia cercana, radios intermedios y zonas alejadas), para vislumbrar qué tipo de actividades se llevaron a cabo en torno al fuego y cómo se estructuran espacialmente los restos culturales en relación a cada uno de los fogones. Los análisis espaciales en los planos vertical y horizontal de los materiales culturales asociados a las estructuras de combustión, plantean, a su vez, elementos para discutir la conservación y alteración de los depósitos, las asociaciones de artefactos y basuras con los fogones, así como vislumbrar muy someramente la segregación de actividades temporalmente diferenciadas y múltiples ocupaciones, aun cuando el autor descarta la posibilidad de identificar eventos singulares en el tiempo. Finalmente, estos análisis son complementados con la integración y comparación con datos arqueológicos sobre los fogones de otros sitios tempranos participantes de la modalidad cultural Fell 1, como son Fell, Pali Aike, Cueva del Medio y Lago Sofía 1, ofreciendo la posibilidad de observar similitudes y diferencias en estos rasgos arqueológicos.

En el capítulo VII, se exponen los resultados de los análisis de los artefactos líticos y óseos, así como de restos de colorantes. De particular importancia resultan los análisis de la industria lítica, labor realizada por el arqueólogo Donald Jackson, debido no sólo a que proporcionan antecedentes sobre fragmentos de puntas del tipo cola de pescado (reconocidas como indicadores diagnósticos del Paleoindio sudamericano y de la modalidad cultural Fell 1), sino que muestran la presencia en las ocupaciones de aprendices de talla lítica y la utilidad del análisis de remontado de piezas líticas para la inferencia de las actividades en el espacio interior del alero.

Igualmente importante, la información respecto a los artefactos óseos, muestra una temprana producción de adornos, como cuentas de collar, lo que, sumado al registro de colorantes, ofrece una mirada a posibles prácticas de ornamentación, las cuales tendrían entonces una larga presencia en la zona.

El capítulo dedicado a los materiales arqueológicos no sólo informa y discute la organización espacial de los materiales al interior del sitio, sino también los pone en el contexto de los datos arqueológicos obtenidos en otros sitios relacionados a la modalidad Fell 1 de Magallanes y de la provincia de Santa Cruz en Argentina, ofreciendo de esta manera una visión general de las similitudes y diferencias en la cultura material de estas poblaciones.

Por otra parte, el capítulo VIII, donde se exponen los resultados de los análisis faunísticos, no sólo resulta interesante por la presencia de fauna extinguida, como el caballo (Hippidion saldiasi) o el milodón (Mylodon sp.), sino también por la presencia de otros animales menos conocidos pero igualmente extinguidos, como una especie de zorro (Dusicyon avus) y un camélido de mayor tamaño que el guanaco actual (Paleolama sp.). En este sentido, resulta muy valiosa la presentación de fechas taxón en varias de estas especies, debido a que permiten precisar no sólo su relación con el contexto cultural, sino también su posición cronoestratigráfica en Tierra del Fuego. Igualmente interesante resulta la discusión con respecto a la posibilidad de caza del milodón, que se opone a otras opiniones (como la de Saxon y Borrero) y plantea una alternativa de caza y consumo de este animal.

En el siguiente capítulo IX, una vez que se ha revisado los antecedentes arqueológicos de Tres Arroyos y las posibles relaciones con otros sitios de Patagonia meridional, se da cuenta de los elementos que componen la tradición cultural Fell 1 en Magallanes y Tierra del Fuego. Probablemente, este es otro de los grandes méritos de este libro, el definir geográfica, temporalmente y materialmente una tradición cultural temprana de cazadores recolectores en Patagonia y Tierra del Fuego.

La definición de esta unidad cultural, más allá de las diferencias de los contextos arqueológicos, permite generar expectativas sobre el registro arqueológico, así como plantear nuevas hipótesis sobre diferentes aspectos de esta tradición cultural que deberían incidir, desde mi opinión, en la incorporación y explicación de la variabilidad de estas poblaciones tempranas, tema que no es abordado en este libro.

Finalmente, en el capítulo X se exponen las proyecciones futuras de investigación, particularmente relacionadas con la investigación de temas sobre los cuales no se dispone de mucha información en la actualidad, tal como la complementación alimenticia por medio de la recolección de vegetales y moluscos, el papel de los roedores en la dieta, la necesidad de contar con sitios abiertos que muestren la variabilidad de las actividades de las poblaciones tempranas, la discusión de cuáles son los criterios para abordar el poblamiento de una zona de borde, la necesidad de contar con técnicas de excavación y registro de grano fino que puedan ser comparables, etc.

Tal vez el único tema futuro no sugerido por el autor sea el relacionado a la calibración de las dataciones radiocarbónicas con el objeto de normalizar el tema de la temporalidad en los estudios de la prehistoria patagónica. En síntesis, se trata de una obra que expone claramente los procesos naturales y culturales que han actuado en la formación del sitio de Tres Arroyos 1, entregándonos los elementos para juzgar como lectores los alcances de las interpretaciones del autor. En este sentido, constituye un aporte al conocimiento y discusión sobre las poblaciones de cazadores recolectores tempranos de Patagonia, así como del poblamiento americano. Sólo resta felicitar al autor por su trabajo y recomendar la lectura de esta obra a todos aquellos interesados en el proceso de poblamiento humano de este confín de la Tierra.

Christian García Pérez – Programa de Magíster en Antropología, Universidad de Tarapacá-Universidad Católica del Norte, Arica, Chile. E-mail: korgull69@yahoo.es

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Monte Verde. Un Asentamiento Humano del Pleistoceno Tardío en el Sur de Chile – DILLEHAY (C-RAC)

DILLEHAY, Tom. Monte Verde. Un Asentamiento Humano del Pleistoceno Tardío en el Sur de Chile. Santiago: Colección Serie Universitaria, LOM Ediciones, Universidad Austral de Chile, 2004. 173p. Resenha de: POLITIS, Gustavo G. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.37, n.2, p.275-276 dic. 2005.

Este libro es una síntesis de las investigaciones llevadas a cabo por Tom Dillehay y un numeroso grupo interdisciplinario de científicos en el sitio Monte Verde, en el sur de Chile. Es la versión reducida de los dos volúmenes publicados en inglés por la Smithsonian Institution Press en 1989 y 1997. Ambos volúmenes causaron un alto impacto en el debate sobre el poblamiento americano y sentaron las bases para una renovada discusión que giró sobre dos ejes: una antigüedad mayor a 12.000 años a.p. y una forma de vida distinta de la inferida para los cazadores Clovis. Si bien para el primer tema ya habían suficientes datos de otros sitios como para proponer una antigüedad pre-Clovis en América del Sur (como lo refleja una discusión ya clásica, ver por ejemplo Bryan 1973, 1975; Bryan et al. 1978; Cardich et al. 1973; Haynes 1974; Lynch 1974; Ochsenius y Gruhn 1979); el segundo aspecto tuvo un aporte significativo con los datos obtenidos en Monte Verde. En este sitio se evidencia que hace unos 13.000 años a.p. algunos de los grupos humanos que habitaban América del Sur tenían una economía generalizada basada tanto en la recolección de plantas como en la caza de grandes animales. Y que además ocupaban sus campamentos durante períodos mucho más largos que los inferidos para otros sitios contemporáneos.

Los dos volúmenes en inglés estuvieron acompañados de un duro debate en diferentes ámbitos (congresos, revistas científicas de primer nivel, ver por ejemplo entre muchos otros, Adovasio y Pedler 1997; Anderson 1999; Fiedel 1999; Meltzer 1999; West 1993) y hasta se organizó una visita de expertos al sitio que pretendió resolver la polémica in situ y llegar a una especie de acuerdo final (ver Gore 1997; Meltzer et al. 1997). Como ya he expuesto en otro artículo (Politis 1999) la sola opinión de un puñado de expertos no parece ser la manera más adecuada de validar hallazgos ni de confirmar hipótesis. El consenso sobre la aceptación de las hipótesis y modelos propuestos por Dillehay y colaboradores debe llegar de la lectura detallada, objetiva y desapasionada de las evidencias, las que, afortunadamente están pormenorizadas en los dos volúmenes en inglés y resumidas en el texto en castellano.

Sin embargo, una de las principales discusiones se produjo cuando Fiedel (1999), luego de una lectura crítica del segundo libro (el de 1997), notó una serie de inconsistencias que lo llevaron a plantear serias dudas sobre el sitio y a reactivar nuevamente el debate. Debido a esto, Dillehay, Collins y el resto de los investigadores del proyecto se dieron cuenta que las correcciones que los diferentes autores de los capítulos habían realizado a las pruebas de imprenta, en el examen final del libro, nunca habían sido incorporadas a la versión impresa. Afortunadamente, Smithsonian Institution Press publicó un tercer texto de “Erratas” en donde se subsanaron más de 950 errores grandes y se clarificaron las principales dudas de Fiedel.

En el libro en español, objeto de este comentario, se explica todo este proceso y, aunque el detalle de la información presentada es mucho menor, se aclaran los principales errores que tenía el segundo volumen. Ese es uno de los aportes originales de la obra ya que presenta un producto compacto, resumido y corregido de los dos libros originales en inglés. La otra contribución de esta síntesis en castellano es que pone a disposición de un público más amplio la información relevante del sitio y las hipótesis centrales generadas por el equipo multidisciplinario de investigación. Esto entonces tiene un doble valor: llegar más allá de los especialistas (lo que es cada vez más necesario en la arqueología contemporánea) y a la vez poner en español, a disposición de estudiantes e investigadores, los resultados obtenidos en uno de los sitios más importantes para discutir el poblamiento americano.

Este libro resume los aspectos más relevantes de Monte Verde: los patrones arquitectónicos, los rasgos culturales, los análisis líticos y faunísticos, el paleoambiente y la cronología. De esta manera, se puede acceder a descripciones relativamente completas y amenas sin tener que internarse en los capítulos originales de los volúmenes en inglés que, a veces, son demasiado detallados y asequibles sólo para superespecialistas.

Otro punto importante del libro es que está muy bien ilustrado. Las fotos son abundantes, a color y se notan muy bien los detalles. Esto es particularmente significativo en un sitio como Monte Verde, con un registro atípico, porque permite evaluar las características de los rasgos arquitectónicos, del material lítico y de los instrumentos de madera. Así, las ilustraciones son de gran ayuda para que el lector pueda evaluar por sí mismo las interpretaciones de Dillehay y colaboradores. Hay también mapas, perfiles y croquis que completan la información presentada. Por último, debe remarcarse que la traducción y edición en español de esta síntesis estuvo a cargo de la arqueóloga uruguaya Cecilia Mañosa, quien figura como colaboradora. El trabajo de Mañosa es muy bueno y el texto no tiene errores. La lectura es ágil y se han traducido adecuadamente los términos técnicos que frecuentemente se prestan a confusión.

Para terminar con esta reseña deseo expresar que quienes quieran conocer en detalles aspectos específicos de la investigación de Monte Verde deben ir a los dos volúmenes en inglés. Este libro en español no los reemplaza. Sin embargo, es una muy buena síntesis de uno de los sitios más importantes para entender el poblamiento americano. Y el hecho de que esté en español y en un lenguaje ameno y accesible permite su discusión en clases y lo proyecta hacia un público más amplio. De alguna manera, contribuye a disminuir esa brecha que existe entre América del Norte y América del Sur en la generación, difusión y validación de la información arqueológica.

Referencias

Adovasio, J. y D. R. Pedler 1997 Monte Verde and the antiquity of humankind in the Americas. Antiquity 71:573-80.

Anderson, D. 1999 Monte Verde and the way american archaeology does business. Discovering Archaeology 1 (6). Special report 19-20.

Bryan, A. 1973 Paleoenvironmental and cultural diversity in Late Pleistocene South America. Quaternary Research 3:237-256.

Bryan, A. 1975 Paleoenvironmental and cultural diversity in Late Pleistocene South America. A rejoinder to Vance Haynes and a reply to Thomas Lynch. Quaternary Research 5:151-159.

Bryan, A., R. Casamiquela, J. M. Cruxent, R. Gruhn y C. Ochsenius 1978 An El Jobo mastodon kill at Taima-taima, Venezuela. Science 200:1275-77.

Cardich, A., L. A. Cardich y A. Hajduk 1973 Secuencia arqueológica y cronología rediocarbónica de la Cueva 3 de Los Toldos (Santa Cruz, Argentina). Relaciones de la Sociedad Argentina de Antropología 7 (n.s.):85-123.

Dillehay, T. 1989 Monte Verde. Late Pleistocene Settlement in Chile. Volume 1. Paleonvironment and Site Context. Smithsonian Institution Press, Washington and London.

Dillehay, T. 1997 Monte Verde. A Late Pleistocene Settlement in Chile. Volume 2. The Archaeological Context and Interpretation. Smithsonian Institution Press, Washington and London.

Fiedel, S. 1999 Artifact provenience at Monte Verde: Confusion and contradictions. Discovering Archaeology 1(6). Special Report: Monte Verde Revisited: 1-12.

Gore, R. 1997 The most ancient americans. National Geographic 192:92-99.

Haynes, C. V. 1974 Paleoenvironment and cultural diversity in the Late Pleistocene South America: A reply to A. L. Bryan. Quaternary Research 4:378-382.

Lynch, T. 1974 Early man in South America. Quaternary Research 4:356-377.

Lynch, T. 1990 Glacial-age man in South America: A critical review. American Antiquity 55:12-36.

Meltzer, D. 1999 On Monte Verde. Discovering Archaeology 1(6). Special Report: Monte Verde Revisited: 16-17.

Meltzer, D., D. Grayson, G. Ardila, A. Barker, D. Dinkauze, C. V. Haynes, F. Mena, L. Núñez y D. Stanford 1997 On the Pleistocene antiquity of Monte Verde, Southern Chile. American Antiquity 62:659-63.

Ochsenius, C. y R. Gruhn, editores 1979 Taima-taima. A Late Pleistocene Paleo-Indian kill site in Northwestern South America -Final Reports of the 1976 Excavations-. South American Quaternary Docummentation Program. República Federal Alemana.

West, F. 1993 Review of palaeoenvironment and site content at Monte Verde. American Antiquity 58:166-167.

ANDROS IMPRESORES www.androsimpresores.cl

Gustavo G. Politis – CONICET- Universidad Nacional del Centro de la Pcia. de Buenos Aires y Universidad Nacional de La Plata, Argentina. E-mail: gpolitis@fcnym.unlp.edu.ar

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Arqueologia dos buracos de bugre: uma Pré-História do Planalto Meridional | José Alberione dos Reis

O ponto de partida de José Alberione dos Reis, uma proposta que ganha força entre os arqueólogos que estão revisando e reorganizando dados acumulados por décadas em diversas regiões do Brasil, visa realizar “um trabalho de propostas, de sugestões, de sistematização, de apontar problemáticas”. O cumprimento deste objetivo foi possível graças a uma ampla organização e sistematização das informações contidas nos trabalhos sobre os sítios arqueológicos do tipo “buracos de bugre”, incluídos nas tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra presentes na Região Sul. O resultado é uma síntese balizada com rigor pelos parâmetros da Arqueologia Processual, que ordena os dados publicados e que realmente aponta para novos caminhos, a partir de uma minuciosa análise das informações coletadas desde a década de 1960. Ao mesmo tempo, o livro apresenta de forma didática os conceitos e a seqüência de passos necessários para análise de aspectos ambientais, tecnológicos, econômicos e sociais a partir da abordagem processual. Além disso, também mostra um histórico das pesquisas realizadas, examinando os itinerários intelectuais de onde saíram as idéias e as práticas daqueles que formataram a maior parte do conhecimento arqueológico sobre o sul do Brasil. Leia Mais

Arqueologia dos buracos de bugre: uma Pré-História do Planalto Meridional | José Alberione dos Reis

O ponto de partida de José Alberione dos Reis, uma proposta que ganha força entre os arqueólogos que estão revisando e reorganizando dados acumulados por décadas em diversas regiões do Brasil, visa realizar “um trabalho de propostas, de sugestões, de sistematização, de apontar problemáticas”. O cumprimento deste objetivo foi possível graças a uma ampla organização e sistematização das informações contidas nos trabalhos sobre os sítios arqueológicos do tipo “buracos de bugre”, incluídos nas tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra presentes na Região Sul. O resultado é uma síntese balizada com rigor pelos parâmetros da Arqueologia Processual, que ordena os dados publicados e que realmente aponta para novos caminhos, a partir de uma minuciosa análise das informações coletadas desde a década de 1960. Ao mesmo tempo, o livro apresenta de forma didática os conceitos e a seqüência de passos necessários para análise de aspectos ambientais, tecnológicos, econômicos e sociais a partir da abordagem processual. Além disso, também mostra um histórico das pesquisas realizadas, examinando os itinerários intelectuais de onde saíram as idéias e as práticas daqueles que formataram a maior parte do conhecimento arqueológico sobre o sul do Brasil. Leia Mais

LEPAARQ | UFPEL | 2004

Lepaarq The clay World of Çatalhöyük

O periódico Cadernos do LEPAARQ (2013) é uma publicação semestral eletrônica do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia, do Instituto de Ciências Humanas, mantido pela Universidade Federal de Pelotas (LEPAARQ/ICH/UFPEL). Seu escopo é a divulgação científica nas áreas de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio, publicando as seguintes sessões: (1) artigos, (2) relatórios e notícias institucionais, (3) resenhas, (4) notas de pesquisa, (5) ensaios visuais, (6) Traduções e (7) Dossiês.

Os Cadernos do LEPAARQ é uma publicação semestral, portanto cada volume anual corresponde a dois números. A data de submissão dos manuscritos será 31 de dezembro para a primeira edição (janeiro a junho) e 30 de junho para a segunda edição (julho a dezembro).

Atualmente os Cadernos não adotam limites, mínimos ou máximos, para número de artigos por edição. Por ser um periódico de fluxo contínuo, o número de artigos publicados em cada edição corresponderá sempre ao fluxo editorial da revista.

Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que fornecer conhecimento científico gratuito ao público proporciona maior democratização global do conhecimento.

Periodicidade semestral

ISSN 1806 9118 (Impresso)

ISSN 2316 8412 (Online)

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O objeto de estudo da Museologia – MENSCH (C-RMAX)

MENSCH, Peter van. O objeto de estudo da Museologia. Tradução de Débora Bolsanello e Vânia Dolores Estevam de Oliveira. Rio de Janeiro: Uni-Rio/UFG, 1994. 22p. Resenha de: SANTOS, Fabrícia de Oliveira. Canindé – Revista do Museu de Arqueologia de Xingó, Xingó, n.2, dez. 2002.

Fabrícia de Oliveira Santos – Mestranda em Geografia na Área de Concentração II – Formas e Processos Tradicionais de Ocupação Territorial – Estudos Arqueológicos.

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Recherches archéologiques Franco-Tunisiennes à Bulla Regia, II, Les architectures, 1. Les thermes memmiens – BROISE; THÉBERT (RHAA)

BROISE, Henri; THÉBERT, Yvon. Recherches archéologiques Franco-Tunisiennes à Bulla Regia, II, Les architectures, 1. Les thermes memmiens. Tunis: Institute National d’Archéologie et d’Art de Tunis; ROME: École Française de Rome, 1993. 386p. Resenha de: MIERSE, Willian. Revista de História da Arte e Arqueologia, Campinas, n.4, p.127-129, ago., 2000.

William E. Mierse – Department of Art – University of Vermont. Burligton, VT 05405.

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Pré-História do Brasil: As origens do homem brasileiro; O Brasil antes de Cabral; Descobertas arqueológicas recentes | Pedro Paulo Funari e Francisco Noelli

Até princípios do século XX, a história das populações pré-históricas aborígenes que habitaram o atual território brasileiro era um tema pouco conhecido e sobre o qual não existia interesse maior. Afortunadamente, estas concepções, que silenciavam a rica e complexa História desses povos, paulatinamente foram ficando para trás. Precisamente, “Pré-história do Brasil…”, escrita por dois importantes arqueólogos brasileiros, resulta ser uma obra clara e simples que permite ao leitor obter uma idéia geral sobre o processo de ocupação humana do território onde hoje está o Brasil. Por sua vez, possui uma linguagem amena, que evita terminologias complexas, próprias do jargão arqueológico, fazendo com que o livro possa chegar a um público amplo e heterogêneo. Leia Mais

Paleoclimatology, reconstructing climates of the quaternary – BRADLEY (C-RMAX)

BRADLEY, Raymond S. Paleoclimatology, reconstructing climates of the quaternary. International Geophysics Séries. Volume 64. Second Edition. Massachusetts: Amberst, 1996. Resenha de: PINTO, Josefa Eliane Santana de Siqueira. A importância da Paleoclimatologia para os estudos arqueológicos. Canindé – Revista do Museu de Arqueologia de Xingó, Xingó, n.1, dez. 2001.

A Paleoclimatologia é o estudo do clima no período anterior as medidas instrumentais. Os registros instrumentais dão uma cobertura apenas de uma pequena fração da história do clima da terra, promovendo uma perspectiva inadequada na evolução do clima atual. Uma longa perspectiva na variabilidade do clima pode ser obtida através do estudo de fenômenos naturais dependentes ou relacionados com o clima, por aproximação.

Na flutuação climática a possibilidade de identificar causas e mecanismos de variações do clima é aumentada. Assim os dados de Paleoclimatologia promovem a base para testes de hipóteses sobre as causas de mudanças do clima. Somente quando as causas da variação passada dos climas forem entendidas será possível prever antecipadamente o clima do futuro.

É nesta perspectiva que a obra Paleoclimatologia, Reconstruindo Climas do Quaternário, de Raymond S. Bradley, em sua segunda edição, se propõe a discutir as inferências da pesquisa paleoclimatológica, em doze capítulos, explorados em 613 páginas, volume 64 da Série Internacional de Geofísica Bradley prefacia sua obra justificando a ampliação da segunda edição, pela explosão de interesses pela matéria e o avanço das pesquisas. É interessante acreditar que no início dos anos oitenta, a datação de carbono era usada com dificuldade e pouco se conhecia sobre a circulação atmosférica do Atlântico Norte. As primeiras medidas do dióxido de carbono e gelo foram formadas e depois não permaneceram mais da mesma forma. Os modelos de circulação geral eram primários e a simulação paleoclimática era rara. Em contrapartida, hoje é um campo de grande pesquisa sobre o sistema da terra e de vital importância para permitir esta possibilidade de mudanças futuras globais. Como resultado, a literatura sobre o assunto tem crescido imensamente e tem se tornado abundante. Isso é muito difícil no topo de todo o tempo no campo de pesquisa.

Nesta edição, o autor promove uma visão geral e contemporânea do campo, mas reconhece que, inevitavelmente haverão tópicos que ele possa não ter revisado adequadamente. Afirma que certamente existem tópicos que não foram debatidos e representados devidamente. Alguns outros tópicos foram omitidos ou tratados de forma superficial, apenas numa introdução, tais são os perigos de tentar cobrir sobre este enorme campo. Contudo, acredita que existem vantagens em ter uma lente através da qual envolva o campo que está sendo visto.

Inicia a Reconstrução Paleoclimática, com uma introdução, informações sobre a origem do Paleoclima; análises sobre os níveis paleoclimáticos; pesquisa de modelos em paleoclimas. O capítulo dois aborda o clima e as variações climáticas e trata da natureza do clima e suas variações, sistema climático, mecanismos de trocas, balanço de energia entre a superfície e atmosfera, variação climática e variações dos parâmetros orbitais da Terra.

Nos capítulos três e quatro, são discutidos os princípios, as aplicações, alguns problemas e erros dos métodos de datação. Em seguida, dedica um capítulo à contribuição das análises da criosfera para a reconstrução da Paleoclimatologia. Informações paleoclimáticas sobre os sedimentos marinhos e corais mereceram um capítulo, incluindo um levantamento a respeito de estudos sobre materiais biológicos nos oceanos, com referências ao Atlântico Norte, Pacífico e Índico. Aborda outrossim as informações sobre os materiais inorgânicos dos oceanos, importantes registros dos climas passados.

Os capítulos sete e oito exploram as evidências geológicas não marinhas, pelos solos, espeleologia, distribuição e formas de vegetação, fósseis.

Estudos dos pólens também foram contemplados com um capítulo, introduzindo as bases de análise e os métodos, reconduzindo à Paleoclimatologia de registros longos de pólens no quaternário na Europa, nas Savanas de Bogotá, na Colômbia, Amazônia, na África Equatorial e na Flórida.

O décimo capítulo introduz os fundamentos da Dendroclimatologia, evoluindo, no capítulo seguinte, para o registro histórico e sua interpretação. Conclui com modelos climáticos, tipos, simulações e experimentos, relações oceano-atmosfera.

Deve-se considerar que o autor, Raymond S. Bradley, ao apresentar discussão de métodos e técnicas propícias para a Paleoclimatologia, tenta desvendar os segredos da previsão eficaz dos climas atuais e futuros, contemplando uma expressiva gama de tópicos, incluindo novas referências que deve inspirar obras similares de interesse específico ao sul dos Equador. Espera-se que os especialistas saibam como trabalhar e também o que fazer com os objetivos gerados pelo livro em mente, sem substitutos originais.

Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto – – 1 Professora do NPGEO/UFS.

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Geologia do quaternário e mudanças ambientais – SUGUIO (C-RMAX)

SUGUIO, Kenitiro. Geologia do quaternário e mudanças ambientais. São Paulo: Editora Paulo’s Comunicações e Artes gráficas, 1999. 366p. Resenha de: FONTES, Aracy Losano. Estudos arqueológicos e do quaternário. Canindé – Revista do Museu Arqueológico de Xingó, Xingó, n.1, dez., 2001.

O desenvolvimento das geociências no Brasil ganhou intensidade maior com a instalação dos cursos de Geologia, a partir do segundo lustro da década de 50. A formação de sucessivas turmas de geólogos propiciou pessoal habilitado para acelerar o conhecimento sobre o território brasileiro e favorecer a expansão da dinâmica Sociedade Brasileira de Geologia (SBG).

Os estudos do Quaternário embora fossem realizados em algumas áreas específicas das geociências, como a geomorfologia e a geotecnia, as primeiras tentativas de integração dessas pesquisas foram iniciadas com o Primeiro Simpósio do Quaternário do Brasil que ocorreu juntamente com o XXV Congresso Brasileiro de Geologia, em 1971 na cidade de São Paulo.

O Professor Doutor kenitiro Suguio é conhecido como autor de vários livros, docente e conferencista de temas ligados às geociências. O compêndio intitulado “Geologia do Quaternário e Mudanças Ambientais” oferece ampla revisão sobre os vários registros do Quaternário – paleoclimático, geológico, geomorfológico, biológico e arqueológico, e apresenta considerações específicas do período em termos de Brasil. Ao tratar do passado e do presente, o Professor se remete a considerações acerca do futuro neste último período do Cenozóico.

A seqüência de treze capítulos trabalhados com a necessária individualidade e a devida interdependência abordam, didaticamente, um Quaternário geológico e antrópico, não descuidando das bases científicas que suportam os fatos ocorridos nesse período da história recente da Terra.

Dando ênfase ao “Período Quaternário”, o autor inicia a obra com noções gerais sobre os seus vários significados a partir do século XVI, subdivisão e duração. Observa-se o cuidado do autor em assinalar as técnicas e os métodos de estudo do Quaternário. A teoria do uniformitarismo, cujo enunciado “O presente é a chave do passado” e a pesquisa integrada são consideradas básicas para estabelecer o elo de ligação entre o passado geologicamente pouco remoto e o presente levando, em situações favoráveis, a tentar estabelecer cenários futuros. Ainda no primeiro capítulo fez um retrospecto histórico dos estudos do Quaternário no Brasil desde a sua descoberta até os dias atuais. Neste item, o enfoque está em apresentar fatos cronológicos ligados ao desenvolvimento dos trabalhos de pesquisadores estrangeiros e nacionais de cunhos multi e interdisciplinar, que constituem uma das características marcantes dos estudos do Quaternário.

“As Grandes Glaciações , os Seus Depósitos e as Suas Causas” constituem o tema do segundo capítulo. Após breve caracterização sobre os processos de formação e os tipos principais de geleiras, com indicação de algumas terminologias mais comumente utilizadas, são sucessivamente analisados a topografia glacial (fiordes, circos glaciais, estrias glaciais), os depósitos sedimentares (till, morenas, drumlins e eskers) e a distribuição das geleiras no presente e no passado atribuídas, principalmente, a expansão e retração das geleiras Escandinava, Cordilheirana, Laurenciana e Alpina. São analisados os efeitos múltiplos das variáveis de Milankovitch nas mudanças paleoclimáticas que deixaram inúmeras evidências sobre a Terra.

Assim, segue-se o capítulo III sobre as “Mudanças Paleoclimáticas Quaternárias e os Seus Registros”. Ao lado das glaciações quaternárias outros fenômenos periglaciais pretéritos foram relatados como permafrost, crioturbação molde de cunha de gelo e solifluxão, assim como evidências de fases pluviais na África e no Oeste dos Estados Unidos . As pesquisas biológicas dos estádios glaciais e interglaciais do Quaternário, onde incluem-se as mudanças florísticas e faunísticas, constituem temas de subitens. O autor finaliza o capítulo demonstrando as evidências utilizadas na reconstituição dos climas passados, que vão desde os registros históricos até às feições geomórficas e discorrendo sobre o clima no Holoceno e as questões relativas ao futuro do Homem e de outras espécies de seres vivos quanto ao clima global.

O capítulo IV “As Mudanças de Nível do Mar no Quaternário e os Seus Registros” explicita as bases conceituais – eutasia, isostasia, movimentos crustais – para analisar as variações de nível do mar desde o Último Máximo Glacial (UMG) no Pleistoceno, passando pela fase tardiglacial e terminando no pós-glacial. Focaliza as regiões do mar das Caraíbas onde foram obtidas numerosas datações situadas no intervalo entre 60.000 e 66.000 anos A.P da série de urânio e o litoral da Península de Huon (Nova Guiné) onde foram também reconstruídas as variações dos paleoníveis do mar durante os últimos 120.000 anos, baseadas nas faciologias de recifes de coral. Finaliza díscutindo os indicadores de níveis do mar pretéritos – geológicos, biológicos e arqueológicos.

Ao tratar da “Geomorfologia e dos Depósitos Quaternários” no capítulo V, a preocupação inicial é conceituar e classificar as superfícies geomorfológicas de acumulação e de erosão, enfatizando os processos fluviais e marinhos na formação dos terraços. Mostra que a classificação morfoestratigráfica é uma metodologia muito importante nos estudos estratigráficos do Quaternário porém adverte que se não for devidamente acompanhada por dados fornecidos pelas camadas – chave e informações geocronológicas, pode-se chegar a um quadro equivocado da evolução geomorfológica da área. Finaliza mostrando a relevância da aloestratigrafia na identificação e classificação dos dépositos quaternários.

O capítulo VI versa sobre a “Neotectônica e a Tectônica Quaternária”, iniciando pela exploração dos conceitos do termo neotectônica. Considerações são apresentadas sobre os cinturões móveis, ou seja, as áreas de rochas geologicamente mais novas onde os movimentos crustais pósterciários são intensos, núcleos continentais, fundos submarinos e cadeias mesoceânicas A seguir são discutidas as peculiaridades dos movimentos crustais quaternários em faixas móveis, as fontes de dados para estudos da neotectônica de natureza geológica, geomorfológica, geodésica e histórica ou arqueológica e os métodos de datação usados em estudos neotectônicos.

O capítulo VII direciona-se para a “Estratigrafia do Quaternário”, iniciando por analisar as técnicas de datação relativa – estudo paleontológico, técnicas geomorfológicas e grau de intemperismo químico – e as de datação absoluta – dendocronologia, varvecronologia e radiocronologia. O autor focaliza, ainda nas correlações estratigráficas, a tefrocronologia, a edafoestratigrafia, a bioestratigrafia baseada em microorganismos e a estratigrafia isotópica. Os problemas dos limites estratigráficos do Quaternário são discutidos no final do capítulo.

A temática relacionada com a “Reconstituição de Cenários do Quaternário” ocupa o capítulo VIII. Iniciando por tratar dos registros de fundos submarinos de águas profundas, o autor prossegue analisando a estratigrafia do loess e as pesquisas ambientais desenvolvidas pelo Projeto CLIMAP (Climate Long Range Investagion Mapping and Prediction), a partir de 1971.

O capítulo IX sobre “Relevo Cárstico e a Geoespeleologia”, transmite ensinamentos básicos como definições, tipos de carstes, condições para formação do relevo cárstico e morfologias características. A inserção deste capítulo encontra-se justificada por chamar a atenção para as mudanças paleoambientais, principalmente as de natureza paleoclimática, durante o Quaternário.

“As Mudanças do Nível Relativo do Mar e Paleoclimáticas Durante o Quaternário Tardio no Brasil e a Neotectônica” são temas dos três capítulos seguintes, em 81 páginas. No capítulo X ganham realce as variações relativas do nível do mar e suas conseqüências na sedimentação costeira, as reconstruções e evidências de paleoníveis marinhos na costa brasileira. Os principais estágios da construção das planícies da costa brasileira encerram o capítulo. As mudanças paleoclimáticas durante o Quaternário tardio no Brasil representa o tema do capítulo XI, abordando os estudos palinológicos, antracológicos e arqueológicos, em diferentes áreas do país. Um exemplo citado por Suguio assinala que os dados obtidos na serra de Carajás (PA) podem ser comparados com as informações obtidas sobre a evolução paleoclimática da África Ocidental, nos últimos 20.000 anos, isto é, entre o Último Máximo Glacial e o início do estágio interglacial atual. A neotectônica na Amazônia, na região sudeste e na costa brasileira constituem temas de subitens sobre a Tectônica Quaternária no Brasil, no capítulo XII.

“As Pesquisas Aplicadas do Quaternário” representam o tema do último capítulo, abordando os conceitos fundamentais da geologia ambiental, encarada como uma disciplina destinada a encontrar soluções para os conflitos resultantes da interação do Homem com o ambiente físico.

Diversos aspectos denunciam o cuidadoso preparo da obra. O texto surge com clareza e a preocupação didática também transparece na estrutura dos capítulos e encadeamento dos temas. Vários quadros são apresentados reunindo e sumariando conceitos, as fontes de referência e a aplicabilidade dos mesmos; gráficos e figuras esclarecem, devidamente, muitas das noções expostas. Nos finais dos capítulos encontram-se referências orientando sobre as contribuições importantes e pertinentes ao assunto versado.

Não só pelo aspecto formal, mas principalmente pela amplitude e riqueza de abordagem, a obra “Geologia do Quaternário e Mudanças Ambientais”, de Kenitiro Suguio surge como de grande importância para os cursos de Geografia, Geologia, Biologia e Arqueologia e a muitos outros interessados nos problemas ambientais do Quaternário.

Aracy Losano Fontes – Professora do NPGEO/UFS.

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Canindé | UFS | 2001-2008

Caninde1 The clay World of Çatalhöyük

O Projeto Arqueológico de Xingó editou, entre 1997 e 1998, 14 números de sua publicação seriada CADERNOS DE ARQUEOLOGIA que, apesar das limitações de forma, cumpriram seu papel na divulgação de partes do relatório do salvamento arqueológico realizado nessa área do Baixo São Francisco.

Quando da criação, pela Universidade Federal de Sergipe, do Museu de Arqueologia de Xingó – MAX, e da elaboração do seu plano qüinqüenal de consolidação e desenvolvimento, foi prevista a continuidade de publicação dos CADERNOS. A realidade do Museu mostrou, todavia, a necessidade de ser dado um salto de qualidade em sua publicação seriada, com apresentação compatível com a posição do MAX no cenário científico nacional e capaz de agregar a produção técnica dos seus arqueólogos e de outros centros de pesquisa do país e do exterior.

Assim, em substituição aos Cadernos de Arqueologia, nasceu a Canindé – Revista do Museu Arqueológico de Xingó (2001-2008), com um número anual e constituída de artigos, notas e resenhas. Destina-se à divulgação, sobretudo, de trabalhos na área de Arqueologia, sem esquecer temas correlatos de Geografia, Antropologia, História e outros de interesse.

A publicação da nova revista tornou-se possível graças ao patrocínio da PETROBRAS e ao expressivo apoio financeiro da Prefeitura Municipal de Canindé de São Francisco e da CHESF/Programa Xingó.

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Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro – GASPAR (RMAE)

GASPAR, MaDu. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. 89p. Resenha de: NOELLI, Francisco Silva. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, v.11, p.311, 2001.

A vida cotidiana e a historia dos povos sambaquieiros finalmente receberam uma síntese de divulgação devotada a “entender os processos de manutenção- de um longevo sistema sociocultural” (p.79), que perdurou por mais de 5 mil anos. Trata-se da síntese das novas perspectivas que vem ocupando alguns pesquisadores brasileiros desde o final da década de 1980, quando o estudo dos sambaquis passou por uma renovação teórica e metodológica derivada da incorporação dos principais avanços da Arqueologia internacional.

A pequena obra e brilhante e essencialmente didática, onde Madu Gaspar da uma lição sobre a interpretação dos dados arqueológicos, servindo como exemplo aos seus pares, que ainda devem trabalhos similares para outras regiões brasileiras.

Com um texto leve, livre de jargões e antropologicamente orientado, a autora conseguiu expor com riqueza de detalhes aspectos diversos sobre as pesquisas, a ocupação do litoral brasileiro, as tecnologias para elaborar artefatos, a arte, os rituais funerários, o domínio do mar, o tempo de ocupação e atividades diversas, além de levantar questões sobre territorialidade, demografia, organização social, rituais e tipos diferentes de ocupação dos sambaquis. Essa leveza resulta da reflexão e da interpretação inteligente sobre uma vasta e detalhada gama de informações levantadas pela própria autora e por muitos outros arqueólogos que pesquisam a ocupação humana do litoral centro-sul do Brasil (entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul).

A perspectiva adotada abandonou de vez o formato etnocêntrico e meramente descritivo que dominou a arqueologia dos sambaquis.

Junto com as novas abordagens de campo, um de seus avanços mais importantes e a inversão do modo de conceber os povos sambaquieiros, a partir de “uma certa ruptura com o esquema de analise adotado desde os primeiros estudos de sambaquis”. Isto e, colocou de lado o velho esquema de imaginar os construtores dos sambaquis como pessoas rudimentares a mercê das ofertas dos ecossistemas e das mudanças climáticas, procurando conceber a exploração dos recursos naturais baseada no conhecimento profundo das peculiaridades dos nichos aquáticos e terrestres que formam as paisagens costeiras do sul do Brasil.

Também abandona a imagem estática e idealizada sem uma adequada base de dados, substituindo-a por uma imagem dinâmica.

Madu considera que “traços culturais podem variar no tempo e no espaço, como de fato variam, sem que isso afete a identidade social do grupo. Essa perspectiva percebe a cultura como algo essencialmente dinâmico e perpetuamente reelaborado”.

A perspectiva desse livro inaugura um novo patamar para perceber aspectos da historia e da vida cotidiana, contribuindo definitivamente para estabelecer novos parâmetros de pesquisa, a partir da perspectiva que procura a diversidade dentro da estrutura que embasa a tradição cultural dos construtores dos sambaquis. Felizmente, esse livro, que coroa uma etapa da produção cientifica de Madu Gaspar, impõe um padrão cientifico mais elevado, mais sistemático, mais detalhista e mais preocupado em aprofundar o conhecimento sobre a vida sambaquieira.

Francisco Silva NoelliUniversidade Estadual de Maringá, PR.

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Pré-História do Nordeste do Brasil – MARTÍN (RHAA)

MARTÍN, Gabriela. Pré-História do Nordeste do Brasil. 2ed. Recife: Editora da UFPE, 1997. Resenha de: ALLEN, Scott Joseph. Revista de História da Arte e Arqueologia, Campinas, n.4, p.131-132, ago., 2000.

Scott Joseph Allen – Universidade Federal de Alagoas. E-mail: sja@fapeal.br.

Acesso somente pelo link original

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Essay on decoration compositon – MAROIS et al (CA)

MAROIS, Roger; SCATAMACCHIA, Maria Cristina Mineiro; SERRANO, Eliana Durán. Essay on decoration compositon. México: Panamerican Institute of Geography and History, 1994. 78p. Resenha de: FUNARI, Pedro Paulo A. Clio Arqueológica, Recife, v.11, p.205-205, 1996.

Pedro Paulo A. Funari – Departamento de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.

Acesso apenas pelo link original

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Fumdhamentos | Fumdham | 1996

Fumdhamentos The clay World of Çatalhöyük

A Revista Fumdhamentos (1996), da Fundação Museu do Homem Americano, foi criada para divulgar num fluxo contínuo as pesquisas realizadas por especialistas de diversas áreas do conhecimento no Parque Nacional Serra da Capivara e nas áreas afins.

Embora com interesses específicos diversos, os pesquisadores participam de um interesse comum: a compreensão do bioma da região, a reconstituição do passado humano e sua adaptação ao meio, nas diferentes realidades ambientais pelas quais a região passou desde as primeiras ocupações, até os dias atuais.

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Periodicidade semestral

ISSN – 0104 – 351 X

Acesso livre

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Interpretación en Arqueología. Corrientes actuales – HODDER (PR)

HODDER, L. Interpretación en Arqueología. Corrientes actuales. Edición ampliaday puesta al día. Barcelona: Ed. Crítica, 1994. 233p. Resenha de: CARRILLO, Juan Gallardo. Panta Rei. Revista Digital de Ciencia y Didáctica de la Historia, Murcia, n.1, p.99-100, 1995.

Juan Gallardo Carrillo

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Arqueología | UBA | [1994]

Arqueologia UBA The clay World of Çatalhöyük

ARQUEOLOGÍA es una revista científica con referato de frecuencia cuatrimestral, editada por el Instituto de ArqueologíaFacultad de Filosofía y LetrasUniversidad de Buenos Aires, que publica una edición impresa y otra en línea, proporcionando un acceso abierto a su contenido. Esta revista tiene como objetivo principal publicar contribuciones originales e inéditas escritas en español o en inglés resultantes de investigaciones arqueológicas, o bien de investigaciones multidisciplinarias o de disciplinas afines cuyos objetivos hayan sido guiados arqueológicamente.

Los manuscritos pueden ser de orientación tanto empírica como metodológica, teórica o historiográfica, abarcando cualquier período cronológico y región geográfica. Todas las contribuciones deben adecuarse a las normas editoriales vigentes de la revista. La recepción de manuscritos se realiza únicamente a través del portal de la revista y durante los plazos establecidos en las convocatorias específicas.

Está registrada bajo Licencia Creative Commons 4.0 Internacional Atribución-NoComercial-CompartirIgual (CC-BY-NC-SA).

ISSN 0327-5159 (Impresso)

ISSN 1853-8126 (Online)

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História da Arte e Arqueologia | Unicamp | 1994-2015

hISTORIA DA ARTE E ARQUEOLOGIA1 The clay World of Çatalhöyük

A Revista de História da Arte e Arqueologia  (1994 – 2015) é uma publicação do Centro de História da Arte e Arqueologia, da Universidade Estadual da Campinas.

Publicada desde 1994, seu principal objetivo é promover um maior desenvolvimento da História da Arte e Arqueologia no Brasil, relacionando-as com a produção internacional da área. A RHAA é uma das mais importantes revistas científicas brasileiras que trata essas duas disciplinas correlatas, e é indexada internacionalmente.

RHAA tem por objetivo a publicação de trabalhos de especialistas brasileiros e estrangeiros sobre qualquer assunto de História da Arte e Arqueologia, e ainda alcançar um público amplo e interessado.

Acesso livre.

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Viajes y Arqueología en Chile Austral – BIRD (RCA)

BIRD, Junios. Viajes y Arqueología en Chile Austral. Punta Arenas: Ediciones de la Universidad de Magallanes, 1993. Traducción al español del original en inglês editado por John Hyslop, University of Iowa Press, 1988. Resenha de: MENA, Francisco. Revista Chilena de Antropologia, n.12, p.234-235, 1993/1994.

Acesso apenas pelo link original

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Museu Paulista | USP | 1993

Anais do Museu Paulista1 The clay World of Çatalhöyük

Anais do Museu Paulista (São Paulo, 1993-) vem sendo publicado desde 1922. A partir de 1993, o periódico passou a circular em nova série, com o subtítulo História e Cultura Material. Trata-se de revista acadêmica que traz à discussão temas afeitos à cultura material como mediadora de práticas sociais, bem como abordagens inovadoras sobre processos históricos e museológicos.

Em 2018, o periódico passou a operar no sistema de publicação contínua, em um único volume anual, com submissão de manuscritos tramitada exclusivamente no sistema informatizado para recebimento e gestão de manuscritos do Portal de Revistas da Universidade de São Paulo (USP).

Periodicidade anual.

Acesso livre

ISSN 0101-4714 (Impressa)

ISSN 1982-0267 (Online)

Acessar resenhas [Postar 1993-2017 / Não publicou resenhas no período 2018-2021]

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Museu de Arqueologia e Etnologia | USP | 1991

Museu de Arqueologia e Etnologia da USP 2 The clay World of Çatalhöyük

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (1991-) surgiu com o objetivo de promover a divulgação de pesquisas científicas de excelência nas áreas de Arqueologia, Etnologia e Museologia. A publicação é semestral, segue o sistema de revisão por pares e a política de acesso público com conteúdo completo aberto, com recepção de artigos em fluxo contínuo. Publica textos inéditos em português, espanhol, inglês e francês nas seguintes formas: artigos que apresentem resultados de pesquisas científicas originais, ou desenvolvimento de método, revisões bibliográficas ou teóricas extensas sobre os temas abordados pela Revista, resenhas inéditas de livros, teses, dissertações e outras produções, que tenham relevância acadêmica, notas com resultados preliminares e parciais de pesquisas inéditas ou ainda em desenvolvimento, entrevistas feitas com profissionais renomados na áreas de arqueologia, etnologia e museologia, dossiês podem ser publicados em separado ou no corpo da edição.

Periodicidade semestral – Junho e novembro

Acesso livre

ISSN 0103-9709 (Impresso)

ISSN 2448-1750 (Online)

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Arqueologia – FUNARI (RBH)

FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Arqueologia. São Paulo: Ática, 1988. Resenha de: LÓPEZ, Marcelo Castro. Ampliando os Estudos Clássicos. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.9, n.18, n.15, p.259-263, ago.1988/set.1989.

Acesso apenas pelo link original

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Clio Arqueológica | UFPE | 1984

Clio Arqueologica The clay World of Çatalhöyük

A CLIO Arqueológica é um periódico organizado pelo Programa de Pós-graduação em Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2014 a CLIO Arqueológica passou a adotar apenas a publicação on-line, baseando-se nos princípios do livre acesso.

Publicada, ininterruptamente, desde 1984, tem como objetivo corroborar com a divulgação das pesquisas realizadas nas áreas de arqueologia e conservação do patrimônio cultural, através de textos originais e inéditos de pesquisadores nacionais e estrangeiros. São aceitos para publicação artigos originais e de revisão, entrevistas, relatórios técnicos de pesquisa, resenhas de livros, resumo de teses e dissertações, escritas em português, inglês, espanhol ou francês. Podem publicar na CLIO Arqueológica pesquisadores vinculados a um programa de pós-graduação como também alunos de graduação, desde que em parceria com um professor vinculado a um programa de pós-graduação.

A CLIO Arqueológica, é um periódico semestral dedicado à área de arqueologia,  sendo duas edições de temas livres, que obedecem ao fluxo contínuo de submissão. A partir de 2016 o corpo editorial decidiu publicar mais um número anualmente, esse temático, organizado por um editor convidado. Essa edição especial, apesar de ser regida pelos mesmos princípios de avaliação e as mesmas diretrizes requeridos dos trabalhos submetidos em fluxo contínuo, não são consideradas na composição dos números anuais de um volume.

A CLIO Arqueológica possui periodicidade semestral, podendo eventualmente publicar edições especiais extemporâneas.

Todos os artigos, entrevistas, relatórios técnicos, resenhas e resumos, publicados pela CLIO Arqueológica encontram-se licenciados pela Criative Crommons Atribuicion 4.0 (CC-BY 4.0). Isso significa que os textos podem ser lidos, baixados,  compartilhados, citados, total ou parcialmente, sem a necessidade de autorização prévia, mediante a devida referência ao(s) autor(es) e a primeira publicação nesta revista.

ISSN 2448 2331

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Arqueologia | SAB | 1983

Revista de Arqueologia SAB The clay World of Çatalhöyük

A Revista de Arqueologia (1983-) é aberta a toda comunidade acadêmica e científica das Áreas de Arqueologia Brasileira e campos afins.

A periodicidade da Revista de Arqueologia [da Sociedade de Arqueologia Brasileira – Pelotas/RS] é quadrimestral, publicando sempre em Janeiro, Maio e Setembro, sendo que os números podem ser temáticos e/ou compostos por artigos submetidos em fluxo contínuo. As temáticas enquadram-se nas categorias do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), são elas: Arqueologia (7.03.00.00-3), Arqueologia Histórica ( 7.04.03.00-7) e Arqueologia Pré-Histórica (7.04.02.00-0). A submissão de contribuições se dá em fluxo contínuo. O processo editorial de cada contribuição submetida ocorre dentro da ordem cronológica de recebimento das submissões, à  exceção das contribuições que compõem números temáticos ou especiais.

Serão aceitos para publicação trabalhos elaborados em português, espanhol e inglês. As categorias de contribuição são:  artigos originais, artigos de revisão ou atualização, resenhas, resumos de dissertação ou tese, notas, documentos inéditos, entrevistas e vídeos científicos. Não serão aceitos relatórios de pesquisas de campo. Estas categorias estão definidas nas instruções para os autores.

No caso específico de artigos originais e artigos de revisão ou atualização, estes somente serão aceitos após serem submetidos à apreciação de, pelo menos, dois pareceristas ad hoc. A pertinência para publicação será avaliada pelos editores, no que diz respeito à adequação ao perfil e linha editorial da revista, e por pareceristas, no que diz respeito ao conteúdo e qualidade das contribuições. Notas, resumos de dissertações de mestrado e de teses de doutorado, resenhas, documentos inéditos e vídeos científicos serão submetidos à apreciação dos editores.

Não serão cobradas taxas para submissão de artigos e/ou referentes ao processamento de artigo. A Revista de Arqueologia transfere aos autores os direitos de copyright e de publicação.

Periodicidade quadrimestral – janeiro, maio e setembro

Acesso livre

ISSN 0102-0420 Impresso

ISSN 1982-1999 Online

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Chungara | UT | 1972

Chungara The clay World of Çatalhöyük

Chungara Revista de Antropología Chilena (Arica, 1972-), es publicada por el Departamento de Antropología, de la Universidad de Tarapacá, Arica, Chile.

Su objetivo principal es difundir estudios originales, empíricos o teóricos, en distintos campos de la antropología y ciencias afines entre los que se incluyen antropología social o cultural, arqueología, bioarqueología, etnobotánica, etnohistoria, geografía, historia, lingüística, paleoecología, semiótica, zooarqueología, museología y patrimonio.

La revista tiene como foco geográfico a la región andina de Sudamérica, sin embargo, se aceptan manuscritos de otras áreas geográficas con aportes teóricos y metodológicos compatibles a las temáticas de la revista con fines comparativos. En este ámbito, las contribuciones tanto teóricas como empíricas deben contribuir a la comprensión, replanteo y generación de problemas en las distintas disciplinas de la antropología y ciencias afines.

Periodicidade trimestral.

Acesso livre.

ISSN 0717-7356 versión en línea

ISSN 0716-1182 versión impresa

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