Posts com a Tag ‘Anagrama (E)’
Historia de los abuelos que no tuve | Ivan Jablonka
Tras el fulgurante éxito de Laëtitia o el fin de los hombres (2017) y las polémicas desatadas por La historia es una literatura contemporánea. Manifiesto por las ciencias sociales (2016), los lectores de habla hispana accedemos en forma tardía al libro que, editado en francés en 2012, permitió que Jablonka pasara a ser motivo de debate historiográfico desde mediados de la década pasada. Enzo Traverso, en un trabajo reciente, se ha concentrado en una fuerte crítica historiográfica a las escrituras del «Narciso historiador», con Jablonka como uno de los ejemplos paradigmáticos. Los cuestionamientos de Traverso se centran en la dimensión central que adquiere la peripecia vital e investigativa del narrador de los acontecimientos históricos. Es decir, la permanente tensión entre narrar acontecimientos históricos tendiendo a la mayor objetividad posible o la opción por establecer relatos en los que el historiador es una presencia permanente y avasallante. Leia Mais
Emaús | Alessandro Baricco
Alessandro Baricco (Turín, 1958) es considerado uno de los mejores autores actuales en el género de la novela corta, heredero de la tradición de John Steinbeck, Anton Chéjov y Thomas Pynchon, ha dejado un legado con sus novelas, entre las cuales destacan Tierras de cristal (Anagrama, 1991), Océano mar (Anagrama, 1993), Seda (Anagrama, 1996), City (Anagrama, 1999), Sin Sangre (Anagrama, 2003), Esta Historia (Anagrama, 2007), y sus textos teatrales: Novecento (Anagrama, 1994) y Homero, Iliada (Anagrama, 2004). Autor prolijo, de temáticas variadas, rigor histórico y, por sobre todo, de un una estética de estilo fino y sutileza ejemplar: Seda, con su delicadeza y sinestesia, nos presenta a un peregrino que viaja rudimentariamente a China en busca de gusanos de seda; Novecento, con la belleza de la decadencia, nos introduce en un barco que destruido transita con un pianista que interpreta hasta la muerte; Esta Historia, con presencias bucólicas que enfrentan la modernidad, mostrándonos la llegada de la carretera y el automóvil a los tranquilos parajes de una Italia olvidada; y Sin Sangre, con la dualidad del alma humana y su continua lucha entre el bien y el mal. Leia Mais
Cómo hablar de los libros que no se han leído | Pierre Bayard
Pierre Bayard, profesor de Literatura francesa en la Universidad de París VIII y psicoanalista, nos entrega un particular ensayo bajo el título Cómo hablar de los libros que no se han leído, el cual puede sacar más de alguna mirada de extrañeza. El título – ciertamente, muy sugerente -resulta ser solo un estímulo hacia la lectura de una reflexión acerca de la percepción que tenemos socioculturalmente de la lectura y de todas las premisas y tabúes que nos asedian al momento de referirnos a tal o cual libro. Es precisamente ahí donde ahonda Bayard: en la relación que establecemos como individuos frente a los libros y cómo socialmente aceptamos tales relaciones.
El autor divide pequeños ensayos en tres grupos que confluyen linealmente en un gran ensayo que es la obra en cuestión: “Maneras de no leer”, “Situaciones de discurso” y “Conductas que conviene adoptar”. En el primer grupo, encontramos una tipología de lo que denomina “no-lectura”, en donde de clasifica gradualmente el nivel de conocimiento que tiene una persona con respecto a una obra en particular; así encontramos “los libros que no se conocen”, “los libros que se han ojeado”, “los libros de los que se ha oído hablar” y “los libros que se han olvidado”. En el segundo grupo, se presentan las situaciones en las cuales nos podemos ver obligados a hablar de libros que no hemos leído o, mejor dicho, de los que hemos hecho una no-lectura: “en la vida mundana”, “frente a un profesor”, “ante el escritor” y “con el ser amado”. Finalmente, en el tercer grupo engloba, a modo de consejo, la actitud que debemos adoptar frente a la inevitable situación de tener que referirse a un texto no-leído: “no tener vergüenza”, “imponer nuestras ideas”, “inventar los libros” y “hablar sobre uno mismo”. Leia Mais
El antropólogo inocente. Notas desde una choza de barro – BARLEY (CL)
BARLEY, Nigel. El antropólogo inocente. Notas desde una choza de barro. Barcelona: Anagrama, 1989. Resenha de: SILVA, Tiago Lemões. Cadernos do LEPAARQ – Textos de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio, Pelotas, v. 3, n. 5/6, 2006.
“Es deformación interrogante, que sirve para desvelar realidades” (p. 10).
É assim que o filósofo espanhol Alberto Cardín refere-se à primeira etnografia realizada pelo antropólogo inglês, Nigel Barley, entre os dowayos do Camarões, na África, em 1978.
No prólogo que redigiu para a publicação da obra, Cardín assinala que Barley utiliza-se de uma concepção que o faz romper com a estrutura clássica da monografia etnológica, inserindo-se, ele próprio, na análise antropológica, trazendo para o texto dados ocultos na grande maioria dos trabalhos de investigação empírica, delineando um complexo e intrigante jogo de espelhos que se traduz em um exercício reflexivo e comparativo entre a cultura européia e a cultura africana. Neste empreendimento, expõe as razões que o levaram a fazer o trabalho de campo, refletindo acerca da vantagem evidente que possuem os antropólogos no tocante à sua imagem pública, afirmando que a incursão ao campo os legitima e por isso estão como que protegidos por um campo de santidade.
Em contrapartida, Barley afirma que sua vida profissional sempre esteve envolvida em níveis mais elevados de abstração e especulação teórica, pois, segundo ele, é avançando neste terreno que se chega à possibilidade de interpretação. Opondo-se à sacralização clássica do trabalho de campo, afirma: “no apartar los ojos del suelo es el modo más seguro de tener uma visión parcial y falta de interés.” (p.21)
Opondo-se ao culto deste Deus (o trabalho de campo) e aos seus mais exemplares e fiéis sacerdotes (os antropólogos), Barley insere-se no rol dos “nuevos antropólogos” (p.18), egressos de doutorados baseados em horas de biblioteca e que consideram o trabalho de campo como uma ação supervalorizada e sacralizada no meio acadêmico. Profere que o processo de coleta de dados resulta, em si mesmo, pouco atrativo: não são precisamente dados que faltam à Antropologia, mas algo inteligente a fazer com eles. Parece-lhe que a justificativa do estudo de campo, assim como de qualquer atividade acadêmica não reside na contribuição para a coletividade, mas sim em uma satisfação egoísta.
Toma como exemplo Os Argonautas do Pacífico Ocidental, de Bronislaw Malinowski (1922) para justificar a importância do rompimento com o estilo clássico da etnografia: em seus diários de campo – de publicação póstuma – o antropólogo polonês desvela um veículo pura e simplesmente humano, onde os obstáculos e as indignações evidenciam-se: Malinowski sentiu-se incomodado pelos nativos, pela “luxúria” e pelo “isolamento” que sentia imerso naquela cultura. A publicação destes diários causou repulsa no universo científico, tendo sido estigmatizados como “contraprudecentes para la ciência” (p.21).
Barley percebe esta repulsa aos diários como um sintoma da intolerável hipocrisia típica dos representantes da disciplina e que, segundo ele, deve ser combatida. Ao atuar de encontro a estas referidas limitações, trazendo para o texto etnográfico todos os conflitos e incompreensões na relação antropólogo/interlocutor, Barley justifica a publicação de sua obra considerando que a monografia finalizada guarda relação com os sangrentos pedaços da crua realidade em que se baseia, e que são, comumente, desvalorizados na maioria dos trabalhos etnográficos, fato que obscurece a riqueza dos dados empíricos.
Ao investir na pesquisa de campo, Barley surpreende-se: aos africanos era estranho que um homem branco estivesse interessado em uma tribo bastante depreciada e tida como selvagem na região. Ao final do terceiro capítulo, revela uma inquietação ao sentir-se, vez ou outra, como um “parasita cultural” entre os dowayos, por ser a observação seu principal objetivo junto aos interlocutores.
Sexualidade, morte e relações de gênero são pontos tratados nos capítulos etnográficos que compõem esta obra. Os dowayos são descritos como um povo sexualmente ativo desde cedo. A atividade sexual é aconselhada, mas a promiscuidade não é bem vista; a gravidez pré-matrimonial é sinônimo de fertilidade feminina e a circuncisão masculina delineou-se como elemento-chave na compreensão do sistema cultural dowayo. Homens não circuncidados são possuidores de uma alma feminina, estando proibidos de participar de ritos masculinos e sepultados junto às mulheres. Somente aos circuncidados é permitido conhecer a totalidade do sistema cultural.
As mulheres jamais são eleitas à categoria de esposa por critérios de beleza, mas sim por sua obediência e bondade. Na preparação funerária, crânios recebem tratamento distinto conforme diferenças de gênero: os masculinos são colocados em um descampado onde as caveiras encontram o descanso final; os femininos são escondidos atrás da cabana onde a mulher nasceu. Assim, a mulher, ao casar-se, vai para a casa de seu marido, ao morrer, retorna para a sua.
No tocante ao trato com as enfermidades, infecções e danos acidentais são tidos como produtos de bruxaria e tratados com plantas específicas. Esse tema é apresentado no oitavo e nono capítulos.
Esforçando-se na compreensão do emaranhado cultural pertencente aos dowayos, Barley conclui que colheita, circuncisão e estações de chuva e seca apresentam-se conectadas e pertencentes ao mesmo complexo. Mas sublinha as barreiras que transpôs ao mergulhar no campo simbólico, pois “el problema de trabajar en el terreno del simbolismo reside em la dificultad para definir qué datos son susceptibles de interpretación simbólica” (p. 159).
Este antropólogo também expressa os conflitos decorrentes da ótica ocidentalizada com a qual percebia a atuação dos bruxos propiciadores de chuva: ao presenciar um ritual deste gênero – com a “prova real” de sua eficácia manifesta na tempestade que o procedera – Barley alega que não poderia acreditar em algo imerso em tão clara contradição com sua própria cultura, sem entrar em contato com “provas suficientes”. Contudo, declara que a maioria dos antropólogos não se deixa impressionar por “falsas crenças”, mas limitam-se a encaixá-las em um sistema coerente.
Ao finalizar o trabalho de campo, voltando para a Inglaterra, diz sentir-se como um alienígena inglês título dado ao último capítulo expondo suas próprias transformações enquanto ser social: fazer compras e ter diálogos educados eram ações difíceis, água corrente e luz elétrica lhe eram imensamente incríveis.
Discorre, ademais, sobre as reviravoltas teóricas que o fizeram compreender, através de uma ótica diferenciada, as monografias que formam a base da Antropologia, distinguindo quais dados são evasivos, forçados ou insuficientes.
Confessa que, ao tentar compreender a visão de mundo dos dowayos, havia posto em prova certos modelos muito gerais de interpretação simbólica. Finalizando a etnografia, Barley afirma ter abandonado sua fé liberal na salvação cultural e econômica do Terceiro Mundo. No retorno para casa, estava agradecido por ser ocidental.
Tiago Lemões da Silva- Licenciado em História pela Universidade Federal de Pelotas, Brasil. Mestre em Ciências Sociais pela mesma universidade. Membro discente do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som, Universidade Federal de Pelotas (LEPPAIS/ UFPel), Brasil.
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