Mystery Train | Luiz Bernardo Pericás

Há quem imagine que Mystery Train, de Luiz Bernardo Pericás, é um roteiro de viagens ou aventuras, mas é muito mais que isso. O autor vai além e inova ao apresentar uma obra que mescla experiência pessoal e ficção com cultura e história dos Estados Unidos. O livro de Pericás é fortemente inspirado em três destacados autores: Jack London e seu The Road, livro memorialístico, autobiográfico, no qual narra suas aventuras e desventuras de trem pelos Estados Unidos; Woody Guthrie, autor de Bound for Glory, um dos nomes mais importantes da cultura popular norte-americana, da primeira metade do século XX e criador da música folk moderna, cujas letras dão voz aos marginalizados de sua época (como os negros, os red necks e os operários); e Jack Kerouac e seu On The Road, considerada a bíblia da “geração beat“, que mostra o lado sombrio do “sonho americano” a partir da viagem de dois jovens, que atravessaram a “América” de costa a costa.

A chamada “geração beat”, formada por Jack Kerouac, William Borroughs, Gregory Corso, Allan Ginsberg e Lawrence Ferlinghetti, entre outros, exerceu enorme influência nos movimentos contraculturais dos Estados Unidos. Os beatniks ouviam muito jazz, usavam drogas, praticavam o sexo livre e mantinham-se com o pé-na-estrada. Queriam fazer sua própria revolução cultural por meio da literatura. Leia Mais

Neohegemonia Americana ou Multipolaridade? Pólos de Poder e Sistema Internacional | Paulo Vizentini e Marianne Wiesebron

Desde o fim da Guerra Fria, os debates sobre o reordenamento do sistema internacional tem sido uma constante, trazendo diversos desafios para os Estados que se relacionam neste novo sistema e buscam estabelecer uma agenda positiva que responda a esta realidade e a seus dilemas internos. Assim, estamos diante de uma fase de reordenamento do poder mundial, na qual mais do que respostas, apresentam-se perguntas sobre os novos equilíbrios que se construirão no médio e longo prazo. Aprofundando estas reflexões e oferecendo um panorama sobre o tema, surge como essencial a publicação do livro Neohegemonia Americana ou Multipolaridade? Pólos de Poder e Sistema Internacional, organizado por Paulo Vizentini e Marianne Wiesebron.

Editado pela Ed. UFRGS, consolidando sua tradição na área, o livro é composto por uma coletânea de artigos e pertence à Série Estudos Internacionais- NERINT/ILEA. Tais artigos originaram-se de Seminário realizado pelo Instituto Clingendale de Relações Internacionais de Haia, e representam um esforço conjunto de debate sobre os pólos de poder do sistema, tentando responder à pergunta título: neohegemonia ou multipolaridade? Leia Mais

For the soul of mankind: the United States, the Soviet Union, and the Cold War | Melvyn P. Leffler

Melvyn Leffler é um prolífico autor, tendo já redigido centenas de páginas sobre a Guerra Fria. Seu livro sobre a doutrina de segurança nacional do governo Truman é um dos maiores trabalhos sobre a política externa americana do século XX; seus embates com o historiador John Lewis Gaddis são igualmente relevantes para a historiografia americana. Tendo se dedicado tanto ao tema, podemos nos perguntar por que esse autor decidiu escrever outro livro sobre a Guerra Fria.

São duas razoes que justificam a publicação de mais um volume sobre o período. A primeira é que o autor, assim como outros estudiosos do período, não previu o fim do conflito. Subitamente, o mundo no qual ele vivia e estudava deixara de existir. Poucas pessoas anteciparam o fim; um grupo menor ainda de indivíduos conseguiu predizer em quais condições e como essa transição se daria. Para Leffler, além do desafio de entender por que o conflito terminou, há uma outra questão subjacente bem mais complexa e que merece um exame mais detido: se a Guerra Fria terminou ao final da década de 1980 em um processo aparentemente tão simples, por que isso não ocorreu antes? Leia Mais

The cold war: a new history | J. L. Gaddis

Em 1980, ao analisar a historiografia americana de relações internacionais, Charles Maier afirmaria que o campo regredia e estagnava, não tendo o interesse dos estudantes nem a atenção da grande academia do país.1 Anos depois, John Lewis Gaddis seguiria na mesma linha ao afirmar, em uma metáfora, que essa pequena e decrescente comunidade de historiadores parecia ocupar, no mundo acadêmico, “algo como o nicho evolucionário ocupado pelo crocodilo […] e a barata: [esses acadêmicos] estão por perto há muito tempo e não estão em perigo imediato de extinção; mas [são] ainda primitivos e, por esta razão, não muito interessantes.”2 A crítica não foi restrita aos dois historiadores e durante duas décadas uma crise que pairou sobre o campo parecia apontar para a própria extinção da área – o maior medo nos momentos mais agonizantes era a possibilidade do campo seguir o mesmo rumo da história marítima: a extinção pelas mudanças bruscas da modernização no mundo e na própria disciplina de história.3

A chamada Diplomatic History já tinha passado por um período crítico durante a década de 60 quando o pioneiro trabalho de William Appleman Williams implodiria consensos centrais do campo. Williams, que lideraria a chamada escola revisionista (também chamada de Escola de Wisconsin ou new left), afirmaria que o foco nas elites e nos grandes estadistas era equivocado quando se buscava explicar a política externa dos Estados Unidos. Para ele, dever-se-ia concentrar em aspectos internos, notadamente econômicos, que tinham profundo impacto na política externa americana. Dessa forma, essa nova abordagem diminuía o papel dos indivíduos e os efeitos do sistema internacional nas grandes decisões da política externa do país.4 A revisão no curso historiográfico foi bastante explícita, principalmente no que se refere ao tópico da Guerra Fria. Enquanto o primeiro grupo de historiadores acusava o desejo de Stalin de dominação da Europa como o aspecto central na origem da Guerra Fria, o grupo subseqüente, liderado por Appleman Williams, argumentava que a Guerra Fria foi, na verdade, uma resultante dos interesses econômicos profundos dos EUA. O debate entre a abordagem tradicional e revisionista ocuparia as páginas dos periódicos especializados, os seminários acadêmicos e as páginas dos jornais de grande circulação. Leia Mais

The Sorrows of Empire: Militarism/ Secrecy/ and the End of the Republic | Johnson Chalmers

Estão os Estados Unidos seguindo a mesma trajetória de ascendência e queda do Império Romano? Chalmers Johnson responde afirmativamente esta pergunta em seu polêmico livro The Sorrows of Empire. Segundo ele, contrariamente aos antigos impérios territoriais, a única superpotência mundial está estabelecendo um império de bases militares ao redor do mundo e está, por meio da manipulação de sua política econômica e forte influência no Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização Mundial do Comércio, subjugando outras nações. Com o fim da Guerra Fria, logo após a implosão da União Soviética, os Estados Unidos passaram a ser descrito pela literatura especializada e imprensa em geral como uma “lone superpower,” “indispensable nation,” “reluctant sheriff,” e mais recentemente, após o 11 de Setembro de 2001 de “New Rome”.

O livro, resultante das discussões desenvolvidas no âmbito do American Empire Project que envolve outros autores como Noam Chomsky e Michael Klare, retrata a secular trajetória imperialista norte-americana explorando o novo militarismo que está transformando o país e convocando sua população para sustentá-lo. De acordo com Johnson, diante de um público e Congresso passivos, alguns poucos interesses privados do setor armamentista e petrolífero, via Pentágono, estão se sobrepondo ao Departamento de Estado em assuntos relativos à defesa interna e segurança internacional. Leia Mais

O Poder American | José Luís Fiori

Em geral, deve-se desconfiar dos livros puramente acadêmicos – isto é, de autores universitários em tempo integral – que trazem como objeto o tema central que dá título a este livro, o “poder americano”, ainda mais quando ele pertence, como é o caso, a uma coleção que se identifica como “Zero à Esquerda”. Poder-se-ia esperar uma coleção de diatribes contra o império e a dominação global dos EUA, em nada condizente com uma análise séria que a atual situação de hegemonia da “hiperpotência” requer em benefício de todos os interessados nas origens e na dinâmica desta situação absolutamente única na história da humanidade. Esta coletânea constitui, porém, uma agradável surpresa, no sentido em que os trabalhos passam longe da crítica apaixonada ou do simplismo econômico. Aqui e ali permeia algum ressentimento contra a situação periférica ou dominada da América Latina, resultado de velhas teorias conspiratórias sobre a “concentração do poder econômico e militar”, mas o conjunto de ensaios revela que os autores não se contentaram com essa visão acadêmica tradicional.

Se fôssemos parafrasear Lênin, se poderia dizer que a atual Pax Americana é a Pax Britannica mais as tecnologias de informação, mas é evidente que o poder global não se explica apenas pelo domínio tecnológico ou militar. Um dos autores acredita que o poder tecnológico americano pode ser visto como um empreendimento militar: ele retoma a noção de “complexo militar-industrial-acadêmico” para explicar as razões do sucesso americano desde meados do século XX. Uma análise de extração marxista, porém, poderia argumentar que os EUA criaram um “modo inventivo de produção” absolutamente inédito em termos históricos e eficiente em seus vários aspectos: econômicos, militares, culturais, sociais, institucionais e em muitas outras vertentes “civilizacionais”. Isto não data do pós-Segunda Guerra, mas vem desde antes de Benjamin Franklin. Leia Mais

Brasil e EUA no novo milênio | Marcos Guedes de Oliveira

O estudo das relações Brasil-Estados Unidos e do reconhecimento do outro dentro do cenário internacional vem gradativamente fornecendo concretos trabalhos e trazendo interesse para os pesquisadores de diversas áreas, principalmente em Relações Internacionais, dada sua multi e interdisciplinaridade. Nesse sentido, a obra organizada por Marcos Guedes de Oliveira busca contribuir para a redução de eventuais desconhecimentos acerca do outro, procurando demonstrar que muito do que se pensa a respeito dos EUA confunde-se com resquícios preconceituosos presentes no imaginário popular.

A primeira parte da obra, composta por textos de Eduardo Viola e Carlos Pio (Doutrinarismo e Realismo na Percepção do Interesse Nacional), Shiguenoli Miyamoto e Paulo César Manduca (Segurança Hemisférica, Uma Agenda Inconclusa) e Antônio Jorge Ramalho (Entre Redes e Hierarquias, Entre Regras Internas e Regras Internacionais: A Projeção dos Interesses dos EUA na Alca), busca trazer à tona questões de extrema complexidade no cenário político-internacional atual, quais sejam, a percepção do outro em um cenário de mudanças, as questões relativas à segurança do hemisfério e a dificuldade de se implementar uma política de segurança comum para o continente, além das disputas políticas e econômicas na formulação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Leia Mais

Reagan and Gorbachev: How the Cold War Ended | Jack F. Matlock Junior

Em um belo dia do ano de 1983, Jack Matlock Jn., embaixador dos EUA na República da Tchecoslováquia, recebeu um inesperado telefonema da Casa Branca convocando-o a Washington, onde lhe foi oferecido uma posição-chave no Conselho de Segurança Nacional: a de desenhar uma estratégia de negociação viável frente à União Soviética. Especialista em história e cultura da Rússia e funcionário do Departamento de Estado, Matlock foi escolhido por ser um linha dura com experiência em negócios com os russos, e não – como outros membros no CSN – por ser apenas um teórico.

Na época se falava de uma nova Guerra Fria conduzida por Reagan com sua proposta de escudo antimísseis, seu agressivo projeto da Nova Direita baseado na desregulamentação da economia, no combate ao comunismo, no chauvinismo e na caracterização da União Soviética como o Império do Mal. Do lado Soviético, vivia-se uma longa crise iniciada com a morte de Brezhnev e marcada pela luta interna de poder, pela invasão do Afeganistão e pela manutenção da visão dual comunismo versus capitalismo. Leia Mais

A aliança não escrita: o Barão do Rio Branco e as relações Brasil-Estados Unidos | Bradford Burns

A obra de Bradford Burns, editada em 1966, examina a aliança não escrita entre o Brasil e os Estados Unidos no início do século XX. Ainda como fruto das comemorações do centenário da gestão do Barão do Rio Branco no Itamaraty, o trabalho traduzido pelo embaixador Sérgio Bath, em 2003, vem contribuir para um melhor entendimento das relações bilaterais entre as duas nações no primeiro decênio do século passado. Dessa forma, auxilia sobremaneira a compreensão acerca da formação do eixo estruturante das relações internacionais do Brasil, bem como o funcionamento inicial das denominadas relações especiais.

Organizada em nove capítulos, a obra de Bradford Burns utiliza-se dos mais variados assuntos para explicar as relações Brasil-Estados Unidos, percorrendo desde o perfil pessoal da formação do Barão a sua aceitação da Doutrina Monroe e do Pan-Americanismo. O autor perfaz a história desse relacionamento desde a suspeição, que emoldurou o início da amizade, às futuras recompensas que de fato ele trouxe para o Brasil. Leia Mais

Conflicting Missions. Havana, Washington and Africa, 1959-1976 | Piero Gleijeses

Conflicting Missions. Havana, Washington and Africa vem cobrir um vácuo na história da política externa de Cuba, relativo a um aspecto já tão discutido anteriormente, mas que, até aqui, não ia além de meras conjecturas sem provas: foi Cuba subserviente à União Soviética em seus envolvimentos de suporte a movimentos revolucionários na África? Desde 1991, Gleijeses realizou quatorze viagens a Cuba a fim de pesquisar nos documentos oficiais a história dessa época e trabalhou, ainda, com os arquivos norte-americanos, britânicos, alemães e belgas, além de realizar inúmeras entrevistas com personagens-chave africanos. Os resultados dos estudos de Gleijeses mostram nitidamente que os fatores que moveram Cuba em direção à África foram basicamente dois: uma “compulsão messiânica de liderar a revolução” e a sobrevivência da própria revolução cubana (p. 375). Para tanto, não houve nenhuma coordenação prévia com a União Soviética, e Cuba chegou, em alguns momentos, a pôr em risco relações importantes em função desses ideais.

Das 552 páginas do livro, cerca de 150 são constituídas por notas e referências bibliográficas e documentais. O restante está dividido em duas partes bem nítidas: a primeira inclui os primeiros dez capítulos e relata as intervenções na Argélia, no Zaire (hoje República Democrática do Congo), no Congo (hoje República do Congo) e na Guiné-Bissau; a segunda inclui sete capítulos referentes ao caso de Angola e as conclusões gerais. Todos os capítulos são enriquecidos de mapas e fotos explicativas e com referências adicionais às do texto. Leia Mais

A política externa dos Estados Unidos | Cristina Soreanu Pecequilo

Premiada como melhor Tese de Doutorado em 2000 pelo Departamento de Ciência Política da USP, a obra de Pecequilo torna-se leitura obrigatória para quem estuda não só a política externa dos Estados Unidos, mas as Relações Internacionais de maneira geral. Trata-se de um trabalho brasileiro sem precedentes sobre o tema e, justamente por ser uma obra nacional, esquiva-se das tradicionais análises norte-americanas e européias, contribuindo para uma visão mais neutra do tema em questão.

A idéia inicial da autora era trabalhar exclusivamente o período de 1989 a 1998, buscando traçar continuidades e rupturas na política externa dos Estados Unidos a partir do fim da Guerra Fria. Uma vez iniciada a pesquisa, contudo, percebeu que era necessário recuar no tempo, a fim de conferir maior precisão à própria idéia de continuidades e rupturas. Foi na formação nacional dos Estados Unidos que a autora encontrou os fundamentos que iriam guiar a política externa norte-americana até os períodos mais recentes. Ela lida com dois momentos distintos: o primeiro, de 1776 a 1945, “quando os Estados Unidos eram um país normal no sistema, consolidando seu poder doméstico e depois se projetando internacionalmente”, e o segundo, de 1947 a 1999, momento contemporâneo, “marcado pela ascensão e disseminação da hegemonia” (p. 18). Leia Mais

A Social History of Anthropology in the United States | Thomas C. Patterson

Pode escrever-se uma história da ciência apenas a partir da discussão de questões metodológicas? Pode isolar-se a história de uma ciência social de sua inserção no tecido social? Podem entender-se as transformações de uma disciplina sem relacioná-las aos avatares da política? Questões como estas parecem teóricas no contexto internacional da história das ciências, na medida em que a academia faz parte da sociedade e, por isso, nunca poderia ser dela desvinculada. No Brasil, contudo, assim como em outros países periféricos, a ciência, imbricadíssima com as vicissitudes da política, tem sido considerada por alguns como atividade impérvia às relações de poder, importação tecnológica periférica que se ressentiria somente do atraso metodológico. Neste contexto, adquire particular importância o livro de Thomas C. Patterson sobre a trajetória da Antropologia nos Estados Unidos. Patterson considera as condições históricas que permitiram a existência da disciplina, assim como as circunstâncias nas quais o conhecimento antropológico foi produzido, ressaltando que as contradições nesse conhecimento produzido pelos antropólogos americanos refletem divisões nas sociedades. Leia Mais

Brasil, Argentina e Estados Unidos: conflito e integração na América do Sul (Da Tríplice Aliança ao Mercosul, 1870-2003) | Luiz Alberto Moniz Bandeira

Moniz Bandeira, mais uma vez, surpreende. Sua nova obra, fruto de trabalho intelectual iniciado há 27 anos, consolida e desdobra suas reflexões acerca da inserção internacional do Brasil, já presentes, em grande parte, em outros trabalhos de igual fôlego como O expansionismo brasileiro e a formação dos Estados na Bacia do Prata (1980); Estado nacional e política internacional na América Latina: o continente através das relações Argentina-Brasil, 1930-1992 (1995); e Relações Brasil-EUA no contexto da globalização: rivalidade emergente (1999).

A referência aos seus trabalhos anteriores não exclui a originalidade do novo texto, que consubstancia um conhecimento resultante de três décadas de pesquisa. Ademais, Moniz Bandeira analisa a inserção internacional do Brasil no período mais recente da história das relações internacionais da mudança da conjuntura mundial em 1989-1991 aos dias atuais e comenta, sucintamente, os marcos teóricos que orientam sua reflexão, elemento praticamente ausente nos trabalhos anteriores. Leia Mais

Relações internacionais: dois séculos de história | Entre a preponderância européia e a emergência americano-soviética | Entre a ordem bipolar e o policentrismo (1947 a nossos dias)| José Flávio Sobra Saraiva || Relações internacionais e temas sociais: a década das conferências | José Augusto Lindgren Alves || Relações internacionais da América Latina: velhos e novos paradigmas | Amado Luiz Cervo || Relações internacionais: cultura e poder | Estevão Chaves de Rezende Martins || Cooperação/ integração e processo negociador: a construção do Mercosul | Alcides Costa Vaz

Foram lançados em 2002 mais dois títulos da coleção “Relações Internacionais”, que se juntam aos quatro levados a público no segundo semestre de 2001. A coleção é publicada pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI) e organizada por José Flávio Sombra Saraiva, diretor-geral do Instituto, com o apoio da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e o patrocínio da Petrobras. O IBRI cumpre, assim, uma das importantes missões a que se propôs, que é a de difundir os estudos desenvolvidos no Brasil sobre as relações internacionais e sobre a inserção do país no cenário internacional. A coleção, distinta de outras que recentemente incorporaram-se ao mercado editorial do país, volta-se, com efeito, à exposição do atual pensamento brasileiro em relações internacionais.

Os dois volumes de “Relações internacionais: dois séculos de história”, organizados por José Flávio Sombra Saraiva, são, não por acaso, os dois primeiros títulos da coleção “Relações internacionais”. Trata-se de uma versão ampliada e revista de “Relações internacionais: da construção do mundo liberal à globalização (1815 a nossos dias)”, lançado em 1997, rapidamente esgotado. O primeiro volume intitula-se Entre a preponderância européia e a emergência americano-soviética (1815-1947) e o segundo Entre a ordem bipolar e o policentrismo (de 1947 a nossos dias). O leitor encontra nos dois caprichados volumes uma excelente síntese de quase dois séculos da história das relações internacionais, escrita de maneira acessível e instigante por quatro especialistas: além do organizador, José Flávio Sombra Saraiva, Amado Luiz Cervo, Wolfgang Döpcke e Paulo Roberto de Almeida. Os autores utilizaram bibliografia atualizada e da mais alta qualidade, trazida ao final de cada capítulo, o que permite ao leitor prosseguir facilmente no aprofundamento de temas que são de seu maior interesse. Leia Mais

Argentina: visões brasileiras | Alemanha: visões brasileiras | Estados Unidos: visões brasileiras | África do Sul: visões brasileiras | Samuel Pinheiro Guimarães

A obra organizada pelo Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais do Itamaraty compreende quatro volumes de textos de autores e pesquisadores brasileiros de destaque no âmbito político, diplomático e acadêmico. A coleção teve dois objetivos: em primeiro lugar, aumentar no Brasil o conhecimento acerca das relações internacionais de seus principais parceiros e, em segundo lugar, estimular estudos sobre outros países importantes. E uma abordagem: desenvolver análises das relações internacionais desses países sob o ângulo diplomático, político, econômico e estratégico, mas numa ótica de interpretação desde a perspectiva brasileira. Embora a obra apresente uma análise sincronizada e evolutiva desde a década de 1940 à atualidade, a ênfase foi posta na conjuntura recente, a década de 1990.

Os colaboradores foram, para o estudo da Argentina: Amado Luiz Cervo (A política exterior da Argentina: 1945-2000); Pedro Motta Pinto Coelho (Observações sobre a visão argentina da política internacional de 1945 até hoje); Ricardo Markwald e Roberto Iglesias (A política externa econômica da Argentina: uma visão dos anos 90). Para o estudo dos Estados Unidos: Cesar Guimarães (Envolvimento e ampliação: a política externa dos Estados Unidos); José Tavares de Araújo (A política econômica externa dos Estados Unidos nos anos 90); Mauro Mendes de Azeredo (Visão americana da política internacional de 45 até hoje). Para o estudo da Alemanha: Amaury Banhos Porto de Oliveira (A questão alemã desgasta a paz americana); Luiz Alberto Moniz Bandeira (A política exterior da Alemanha); Theotônio dos Santos (A política econômica externa da Alemanha). Para o estudo da África do Sul: Hélio Magalhães de Mendonça (Política externa da África do Sul (1945-1999); Luiz Henrique Nunes Bahia (A política Externa da África do Sul: da internacionalização à globalização); Paul Israel Singer (A política econômica externa da África do Sul). Leia Mais

We Now Know: Rethinking Cold War History | John Lewis Gaddis

O ano de 1989 é considerado o ano do fim da Guerra Fria, devido ao colapso do mundo socialista, simbolizado pela queda do muro de Berlim, seguida da dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1991. Continuaram, no entanto, os debates a respeito desse fenômeno político singular, que perdurou por mais de meio século. O colapso do comunismo está permitindo aos historiadores do ocidente ter acesso aos arquivos orientais pela primeira vez. O conceituado historiador e especialista em Guerra Fria, John Lewis Gaddis, procura dialogar com essas fontes em sua mais recente obra: We Now Know. Ele procura unir uma sólida bibliografia no campo à pesquisa em novas fontes. Sua proposta seria a de apresentar uma nova história da Guerra Fria.

Segundo Gaddis, nós saberíamos agora que os países democráticos pensavam de forma mais realista do que a URSS e seus satélites. Stalin acreditava que o mundo capitalista jamais conseguiria destruir a revolução russa. Mao iludiu-se em acreditar que a URSS estaria ao lado da recém criada República Popular da China. Kruschev, ao instalar os mísseis em Cuba, acreditava estar assegurando a disseminação do comunismo pela América Latina. Essas posições, mais próximas do romantismo revolucionário do que de uma realpolitick, dificilmente seriam adotadas pelos regimes democráticos, dotados de maior capacidade de autocorreção. A URSS, seus satélites e a China, segundo Gaddis, seriam semelhantes às monarquias absolutas. Leia Mais

De Martí a Fidel: A Revolução Cubana e a América Latina | Luiz Alberto Moniz Bandeira

A revolução cubana, “inquestionavelmente o maior acontecimento da América Latina no século XX”, como a qualifica o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira, é o objeto da mais recente obra deste historiador e cientista político de invejável fôlego para pesquisar, refletir e escrever. É o 16º livro de Moniz Bandeira dedicado à pesquisa histórica, e, tal como os anteriores, um trabalho extenso e profundo.

Nos primeiros parágrafos da introdução, o autor, atualmente morando na Alemanha, diz que a motivação para realizar a pesquisa foi o contraste que ainda assombra muita gente: como Cuba conseguiu resistir ao desmerengamiento da antiga União Soviética e do bloco socialista europeu, tendo sua população um padrão de vida menor do que o da extinta República Democrática Alemã? Leia Mais

O Contencioso Brasil x Estados Unidos da Informática: uma análise sobre formulação da política exterior | Tullo Vigevani || Propriedade intelectual de setores emergentes: biotecnologia/ fármacos e informática | Marcelo Dias Varella

O objetivo do livro de Tullo Vigevani está colocado claramente pelo autor em sua introdução: estudar uma questão de grande relevância intrínseca para a inserção econômica internacional do Brasil – a disputa “informática”, na verdade uma disputa de poder, entre o Brasil e os Estados Unidos – e refletir sobre pontos fundamentais para as relações internacionais contemporâneas. Buscou o autor, com muita proficiência, “ampliar a compreensão de como são tomadas as decisões no Brasil no que se refere à política exterior”. Devo confessar, como acadêmico em tempo parcial e diplomata em tempo integral, que sempre me interroguei sobre a validade propriamente científica, a coerência argumentativa e a legitimidade heurística dos estudos tipicamente acadêmicos sobre mecanismos de tomada de decisão em política internacional e na política externa brasileira em particular. Os pesquisadores universitários geralmente partem de um modelo teórico e de um esquema conceitual muito bem construídos, passam a entrevistar diplomatas e outros atores relevantes numa análise de caso bem delimitado e terminam por tirar conclusões sobre a “eficácia weberiana” de seu tipo-ideal de processo decisório, no caso aplicado a um exemplo concreto das relações políticas entre as nações.

Os resultados costumam ser insatisfatórios ou frustrantes, seja porque o pesquisador parte de um modelo de racionalidade ideal de conduta diplomática que não costuma encontrar-se na realidade, seja porque os próprios atores racionalizam a posteriori sua atuação no caso, de molde a justificar os resultados alcançados, “que só poderiam ser” aqueles efetivamente obtidos. Como diriam os franceses, CQFD, ou seja, eis o que era preciso demonstrar. Não é o caso, devo logo adiantar, deste precioso estudo sobre mecanismos de decisão aplicados ao caso do contencioso informático entre o Brasil e seu principal parceiro ocidental, o império norte-americano da informática. Leia Mais

Major Problems in American Foreign Relations | Thomas Paterson e Dennis Merril

A obra integra uma coleção original editada sob a direção do historiador Paterson, da Universidade de Connecticut, “Major Problems in American History Series”, que já publicou mais de duas dezenas de títulos de história política, social, regional ou sobre períodos determinados da história dos Estados Unidos. Em todos esses “major problems”, o modelo básico é o mesmo: uma seção de “fontes primárias”, seguida de análises por historiadores reputados nos diversos campos ou períodos em causa. No caso desta obra sobre as relações exteriores, houve um progresso conceitual em relação às três primeiras edições, cujos títulos remetiam tão simplesmente à American Foreign Policy, noção agora ampliada para a abordagem do conjunto das interações (econômicas, políticas, militares, culturais) entre sociedades, organizações e Estados envolvidos em quase três séculos de história daquele país. O primeiro dos dois alentados volumes trata das relações da nação americana com o mundo desde o período colonial (o primeiro documento é de 1630) até o final da Primeira Guerra Mundial e o segundo – cujo primeiro capítulo de documentos históricos é exatamente o mesmo que conclui o primeiro livro – examina o período subsequente, até o final da Guerra Fria (o último documento é um artigo de Brzezinski na Foreign Affairs, do outono de 1992). Leia Mais

Argentina y EE.UU. Fundamentos de una Nueva Alianza | Felipe A. M. de la Balze

O corrente debate entre acadêmicos e líderes políticos acerca da identificação do que Joseph S. Tulchin denomina “papel (da Argentina) nos assuntos internacionais”, assim como o realismo predominante entre os círculos intelectuais desse país no que concerne à verificação da assimetria estrutural do cenário internacional, culminaram na reelaboração dos desígnios, táticas e estratégias da política exterior argentina a partir do primeiro governo Menem. O presente trabalho, resultado da compilação das apresentações de eminentes internacionalistas argentinos em seminário promovido pela Asociación de Bancos de la República Argentina, parte da análise crítica, e comumente negativa, do posicionamento argentino face à potência regional norte-americana e aponta para a reformulação destas relações bilaterais em termos mais cooperativos como imperativa para o logro dos desígnios do “terceiro tempo” da política externa argentina: a política externa de reincorporação ao Primeiro Mundo. Leia Mais

O último dos moicanos | James Fenimore Cooper

Resenhista

Alômia Abrantes

Referências desta Resenha


COOPER, James Fenimore. O último dos moicanos. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. Resenha de: ABRANTES, Alômia. O último dos moicanos: uma aventura no estudo da América. SÆCULUM – Revista de História. João Pessoa, n. 1, p. 145-150, jul./dez. 1995.

Acesso apenas pelo link original [DR]

Encyclopedia of the American Revolution | Mark M. Boaster

Resenhista

Cristián Guerrero Yacham – Universidad de Chile.

Referências desta Resenha

BOASTER III, Mark M. Encyclopedia of the American Revolution. New York: David MacKay Company, Inc., 1974. Bicentennial Edition. Resenha de: YACHAM, Cristián Guerrero. Cuadernos de Historia. Santiago, n.1, p. 155-157, diciembre, 1981.

Acesso apenas pelo link original [DR]

Encyclopedia of the American Revolution | Mark M. Boaster III

Resenhista

Cristián Guerrero Yacham – Universidad de Chile.

Referências desta Resenha

BOASTER III, Mark M. Encyclopedia of the American Revolution. New York: David MacKay Company, Inc., 1974. Bicentennial Edition. Resenha de: YACHAM, Cristián Guerrero. Cuadernos de Historia. Santiago, n.1, p. 155-157, diciembre, 1981.

Acesso apenas pelo link original [DR]