La península ibérica entre la Antigüedad Tardía y la Alta Edad Media (siglos VI-XI) | Intus-Legere Historia | 2021

El presente número monográfico, titulado La península ibérica entre la Antigüedad Tardía y la Alta Edad Media (siglos VI-XI), lo integran un total de doce trabajos elaborados por catorce especialistas en la historia de la Antigüedad Tardía y el período medieval en la península ibérica. Los perfiles de los autores se caracterizan por una notable diversidad, tanto por sus procedencias (mayoría de españoles, junto con investigadores de Alemania, Portugal, México y Marruecos), como por sus especialidades académicas (expertos en la Antigüedad, medievalistas, arabistas, historiadores del Arte, arqueólogos) y sus propias trayectorias, ya que junto a veteranos investigadores con amplia experiencia figuran también otros más jóvenes que se encuentran en etapas más iniciales de sus respectivas carreras. En conjunto, creo que este grupo, que aúna juventud y experiencia, constituye una buena representación del panorama actual de los estudios hispánicos medievales durante la etapa analizada.

La combinación de un panel de autores tan diverso ha sido un objetivo buscado de manera consciente, con la intención de ofrecer una muestra amplia y representativa de algunos de los temas principales que, en la actualidad, se están trabajando sobre los períodos tardoantiguo y altomedieval en la Península. Esta extensa fase histórica comprendida entre la consolidación del reino visigodo de Toledo durante el reinado de Leovigildo (569-586) y la conversión al catolicismo de Recaredo (589) y la caída del Califato Omeya de Córdoba (1031), representa una de las etapas más importantes y, a la vez, peor conocidas de la historia peninsular. Sin duda, la escasez de fuentes escritas ha sido el obstáculo más importante que ha lastrado de forma tradicional el desarrollo de esta fase respecto a la que, sin embargo, la Arqueología viene realizando contribuciones decisivas durante las últimas décadas, haciendo posible, así una profunda renovación de estudios de la que algunos de los autores que colaboran en este volumen han sido protagonistas directos. Leia Mais

A Alta Idade Média e suas fontes: reflexões de método | Signum – Revista da ABREM | 2016

A Idade Média não é apenas um período mal conhecido, mas também conhecido de maneira desigual. Seus primeiros séculos constituem, de longe, sua porção menos explorada. No senso comum, vigoram imagens congeladas que se aplicam, mal e limitadamente, a alguns períodos particulares, sobretudo aos séculos XI-XIV, em que normalmente se considera que já são perceptíveis os sinais da modernidade. Tais desníveis de conhecimento resultam tanto da limitação numérica dos testemunhos escritos quanto dos vestígios da cultura material. No entanto, há razões de maior importância.

A partir do surgimento da História Científica, no século XIX, o envolvimento da historiografia com diversas formas de compromisso e/ou crítica da modernidade ajudou a colocar na sombra aspectos do passado que não fossem “úteis” às reflexões e às ações em curso. A Alta Idade Média, pelo menos desde o final do século XIX, constituiu um elemento-chave do discurso nacionalista europeu: os eruditos alemães e franceses viram nela o período por excelência de formação de suas nações. Por outro lado, a historiografia francesa da primeira metade do século XX habituou-se a mostrá-la como o fruto da decadência do mundo romano, da corrupção e mesmo do desaparecimento do legado antigo. Havia pouco espaço, em tais interpretações, para um olhar sobre os primeiros séculos da Idade Média em sua especificidade. Leia Mais

Morte, Funeral e Vida Após a Morte: Explorando Atitudes em Relação à Mortalidade, Ritual e a Concepção de Outro Mundo. Da Europa da Idade do Ferro à Alta Idade Média / Brathair / 2008

Mortalidade é tema que povoa a mente humana em toda sua existência. As atitudes humanas diante da morte e do desconhecido após a morte têm despertado grande interesse de pesquisadores, não só por revelarem uma gama de visões e rituais, mas, sobretudo, por demonstrarem ser fundamentais na compreensão de aspectos sócio-culturais, isto é, de visões de mundo, construção da memória, de ancestralidade e da própria vida em sociedade. Morte e o Outro Mundo são, pois, temas freqüentes na literatura, mitologia e achados arqueológicos de todas as sociedades.

Durante as últimas décadas, as produções culturais vinculadas à morte e ao além têm despertado particular interesse dos acadêmicos, que têm, por conseguinte, enveredado pelo estudo dos ritos funerários, concepções e crenças ligadas à morte e ao Outro Mundo, suas representações na literatura e no folclore, assim como xamanismo, dentre outros temas. Os sentimentos a respeito dos mortos aparecem, ao lado das representações mitológicas e religiosas, como consolidação das relações sociais e de parentesco. Assim é que a seção Dossiê desta edição da revista BRATHAIR, visa trazer diferentes olhares acerca dessas temáticas, atreladas aos temas mais recentes de investigação sobre os celtas e germanos.

O primeiro trabalho, Dvergar and the dead, de autoria do medievalista argentino Santiago Barreiro, apresenta uma original pesquisa a respeito das concepções escandinavas, os interpretando como agentes neutros do estranho e refletindo laços sociais dentro do universo mítico nórdico. Ao mesmo tempo, realiza uma crítica à Escandinavística francesa que interpreta os dvergar como representações dos mortos.

Em seguida, o historiador Jorge Ricado da Câmara em seu artigo Fons Sulis: a água e o outro mundo celta, não somente investiga as crenças relativas às populações celtas e suas estratégias culturais de resistência à dominação romana, mas também oferece algumas perspectivas das novas problemáticas e metodologias concernentes às interpretações materiais de antigas áreas de culto, especialmente as da Inglaterra da Idade do Ferro.

Outra abordagem material dos cultos e representações sobre os mortos nos é concedida pelo arqueólogo espanhol Andrés Pena Graña, desta vez investigando a área ibérica no artigo Túmulos, mouros, gigantes, salvaje caza. Através de uma perspectiva comparativa de conjuntos mitológicos europeus, especialmente dos celtas e germanos, Pena Graña procura interpretar os vestígios de tumbas megalíticas e suas manifestações rupestres, contrapondo-se, às teorias de migrações indo-européias.

Na seção Artigos, quatro artigos de medievalistas apresentam várias contribuições para os estudos celtas e germânicos. O primeiro, Isidoro de Sevilha: natureza e valorização de sua cultura pela Hispânia tardo antiga, de Ronaldo Amaral, apresenta um viés original dos estudos sobre o importante intelectual alto-medieval ao analisar como o mesmo foi percebido ainda em sua época por outros intelectuais visigodos. Logo a seguir, Entre a Gallia e a Francia, de Edmar Checon de Freitas, analisa as transformações da Gália romana para a França Merovíngia. Os estudos germano-medievais ainda são contemplados por um artigo do medievalista alemão Klaus Militzer, O caminho dos peregrinos: do Sacro-Império Romano Germânico a Santiago de Compostela, onde ele reflete sobre as peregrinações dos germanos em direção ao importante centro religioso de Compostela, na Espanha. Encerrando a seção, temos um estudo de literatura céltica de Rita Pereira, A literatura arturiana na Idade Média: fontes, transformações, permanências. Dando continuidade ao debate do dossiê da edição anterior da revista – Brathair 7 (2) 2007, a pesquisadora demonstra a reapropriação identitária da literatura arturiana por nobres e cavaleiros, como forma de reafirmar a sua identidade e seu espaço na sociedade medieval.

A seção Resenhas apresenta duas reflexões sobre obras cujo tema é correlato ao presente dossiê. A primeira, Runas e magia, realizada pelo escandinavista Johnni Langer, apresenta uma crítica a dois lançamentos no país, tratando de reapropriações esotéricas da religiosidade dos antigos vikings. Em contra partida, em Arqueologia funerária francesa: Novas perspectivas, a arqueóloga / historiadora Adriene Baron Tacla comenta o lançamento de nova coletânea francesa sobre práticas funerárias, organizada por Luc Baray, Patrice Brun e Alain Testart e que traz o resultado de um seminário de pesquisa realizado no Collège de France no período de 2001 a 2003.

Por fim, e também relacionada com o tema do dossiê, a seção Entrevistas traz um encontro com o renomado medievalista brasileiro Hilário Franco Júnior, pensando algumas questões metodológicas e temáticas acerca das concepções da morte e do além celto-germânico.

Esperamos que o presente número da BRATHAIR possa incentivar novos estudos celto-germânicos em nosso país, mas também servindo como foco de discussão para os estudos humanísticos em geral. Com este intento, os próximos dossiês contemplarão, respectivamente, os debates acerca de: A mulher celta e germânica: novas perspectivas (Brathair 8 (2) 2008) e Sagas islandesas (Brathair 9 (1) 2009).

Adriene Baron Tacla – Professora Doutora. Pós-doutoranda LABECA, MAE / USP. E-mail: adrienebt@yahoo.com.br

Johnni Langer – Professor Doutor. Departamento de História (UFMA). E-mail: johnnilanger@yahoo.com.br


TACLA, Adriene Baron; LANGER, Johnni. Editorial. Brathair, São Luís, v.8, n.1, 2008. Acessar publicação original [DR]

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