Poder e Administração na América Portuguesa / Revista Eletrônica de História do Brasil / 2005

Este número da nossa série temática traz estudos referentes ao tema: Poder e Administração na América Portuguesa. Trata-se de um assunto que tem merecido grande destaque nos estudos sobre América colonial nos últimos anos e tem contado com um profícuo diálogo com a historiografia portuguesa recente. As relações entre a América portuguesa e Portugal tem sido re-avaliadas dentro de novas abordagens que destacam intrincadas redes de poder dentro do espaço imperial Luso-brasileiro e que nos apontam para as diversas formas de conflito, negociação, privilégios e mercês. A partir destas novas abordagens, destacamos os trabalhos que enfatizam a organização do poder administrativo na América portuguesa inserida dentro de uma política imperial mais ampla.

Assim, podemos ver neste número questões sobre as esferas do poder a da administração no âmbito do Estado como a organização do poder judiciário local e periférico, as formas e condições da governabilidade, o ordenamento militar, a elaboração de testamentos como forma de transmissão de poder e riquezas, a estrutura administrativa e o provimentos de cargos. Bem como observar as formas constituídas de poder dentro da sociedade colonial como a inserção de irmandades de cativos e forros. Todos esses elementos abordados nos artigos que aqui apresentamos colocam-nos em contato com as mais recentes discussões historiográficas sobre as importantes esferas de poder, suas formas de representação e seus mecanismos de reprodução. Podemos observar que as formas do ordenamento jurídico do estado e da sociedade colonial, como as aqui apresentadas, convergem para a sua compreensão dentro dos estatutos e ordenamentos jurídicos dos estados e sociedades de Antigo Regime. Outro aspecto importante a se observar é a concentração de estudos relativos à Minas Gerais que, embora não tenham sido o nosso propósito, nos permite acompanhar as diversas faces do poder constituído em um mesmo território.

Por fim, acompanhando a mesma temática, apresentamos o resultado dos trabalhos monográficos realizados por duas jovens pesquisadoras e que nos fazem atestar a qualidade das investigações que se tem produzido no âmbito do bacharelado em História em nosso país.

Cláudia Maria das Graças Chaves

Carla Maria Carvalho de Almeida


ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Apresentação. Revista Eletrônica de História do Brasil. Juiz de Fora, v.7, n.2, jul./dez., 2005. Acessar publicação original [DR]

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Culturas Políticas e Movimentos Sociais / Revista Eletrônica de História do Brasil / 2005

Dando continuidade a nossa série temática, trazemos neste volume trabalhos que dão ênfase ao tema: Culturas Políticas e Movimentos Sociais. Trata-se de artigos que, com enfoques, períodos e métodos variados, abordam aspectos da cultura política no Brasil e as formas de ação social em nossa história. Essa temática sempre esteve presente em nossos números anteriores e agora abrimos maior espaço para a publicação de artigos que debatem a política e os movimentos sociais em uma dimensão mais ampla.

Neste sentido, pretende-se abordar os movimentos sociais como formas variadas de ação política, isto é, como ação contínua capaz de redefinir práticas sociais, políticas e econômicas, pois entendemos que esse é um campo de atuação e redefinição cultural. Assim como já nos assinalou Raymond Williams sobre a cultura ser um sistema significante pelo qual uma ordem social é transmitida, experimentada e transformada (Cultura, Paz e Terra, 2000), queremos entender culturas políticas como um campo de experiências historicamente construídas e continuamente redefinidas.

Assim, as questões relativas à construção da representação popular sobre a monarquia durante a abolição da escravidão; às formas de resistência e negociação política de trabalhadores camponeses no período pós-abolição; aos conflitos de interesse em torno dos poderes locais; à construção da cidadania; à música popular brasileira frente à censura militar e a transição política ao Estado democrático, apresentadas neste número trazem a perspectiva da redefinição ou re-significação das práticas e saberes políticos e sociais de nossa história recente.

Além dessas análises dos embates sociais, trazemos outras duas formas de abordagem cultural: a narrativa sobre a conversão dos índios através da apropriação dos festejos nativos e a identificação da medicina tropical com as práticas culturais típicas dos climas quentes. Através de uma maior aproximação com conceitos da antropologia, estas duas abordagens apresentam aspectos ideológicos importantes de construção identitária para a compreensão dos aspectos constitutivos de nossa cultura política.

Finalmente, mantivemos neste número nossa proposta de publicar textos de jovens pesquisadores de diversas e importantes instituições de pesquisa no país

Carla Maria Carvalho de Almeida

Cláudia Maria das Graças Chaves

ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Apresentação. Revista Eletrônica de História do Brasil. Juiz de Fora, v.7, n.1, jan./jun., 2005. Acessar publicação original [DR]

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Estudos de História Econômica e Social / Revista Eletrônica de História do Brasil / 2004

O atual volume reforça a iniciativa dos editores do número anterior, no sentido de tornar a revista uma publicação de dossiês temáticos. Nesta edição, todos os artigos refletem os principais desafios que se colocam hoje para a história econômica e social.

Quase todos os autores que deram contribuições a este número são pesquisadores do Laboratório de História Econômica e Social (LAHES), grupo de pesquisa institucionalmente ligado à UFJF. O objetivo maior do LAHES é envolver professores e alunos de diversas universidades em um amplo debate sobre a possibilidade de se conjugar nos estudos de história econômica e social, metodologias já solidamente constituídas (quantificação e seriação), com outras mais verticalizadas e só mais recentemente incorporadas a esta área (micro-história, prosopografia, network analysis, por exemplo). A diversidade de temas e enfoques metodológicos dos textos aqui apresentados expressa tal orientação.

Os artigos estão dispostos em ordem cronológica. Abre este número o artigo do Prof. Edval de Souza Barros que analisa A Crise do Portugal dos Filipes e a restauração no Reino e no Ultramar. Neste texto, tratando de uma temática à primeira vista clássica da história política, o autor cruza as fronteiras da história social na medida em que analisa a centralidade das negociações entre a monarquia e os setores sociais privilegiados e das redes clientelares para a definição da arquitetura dos poderes em Portugal.

A partir do levantamento das escrituras públicas de compra e venda, o Prof. Antônio Carlos Jucá de Sampaio analisa no texto seguinte A participação dos homens de negócio no mercado de bens urbanos do Rio de Janeiro na primeira metade do século XVIII. Para o autor, a análise das características estruturais e das modificações conjunturais do mercado carioca de bens urbanos deve servir não somente para lançar luz sobre a natureza desse mercado, mas, sobretudo, para estabelecer um elemento a mais para a compreensão da sociedade fluminense de então.

No artigo Dinâmica produtiva em Minas Gerais, a Profª. Carla Almeida parte das formulações teóricas propostas pelo investigador polonês Witold Kula para tentar estabelecer as características centrais do sistema econômico predominante nas Minas Gerais no período de 1750 a 1850. Nesse típico trabalho de história agrária, a autora transita por temáticas como: diversificação econômica, produção extensiva e hierarquia social excludente, utilizando como fonte os inventários post-mortem.

No texto seguinte a Profª. Cláudia Chaves analisa as propostas de reformas administrativas e econômicas introduzidas por D. Rodrigo de Souza Coutinho na América Portuguesa. Lançando mão de memórias e relatos de época a autora se centra na discussão acerca das propostas compensatórias para a extinção do monopólio do sal. O trabalho conjuga a história do pensamento econômico com uma análise da prática política, na medida em que demonstra como os projetos de racionalização econômica e administrativa entravam na disputa de interesses coloniais na América Portuguesa.

Em mais um trabalho típico de história agrária, o Prof. Marcos Ferreira de Andrade nos apresenta o artigo sobre a formação e a expansão do termo de Campanha da Princesa. Utilizando um diversificado conjunto de fontes (inventários post-mortem, listas nominativas, assentos paróquias, atas da câmara), o autor apresenta dados sobre as principais atividades econômicas, a estrutura social e demográfica este importante município do Sul de Minas na primeira metade do século XIX.

Permutas matrimoniais: reflexões sobre o comportamento sócio-econômico de uma elite agrária, é o título do sexto artigo deste volume de autoria da Profª. Mônica Ribeiro de Oliveira. Neste artigo a autora conjuga metodologias da mais clássica história econômica com a noção de estratégias sociais tão cara à antropologia e à micro-história . Centrando sua atenção na Zona da Mata mineira no período de 1780 a 1870, analisa a atuação da elite econômica da região que tinha como mecanismos fundamentais para a manutenção do poder e do status de grandes proprietários, a constituição de redes de matrimônio, de compadrio e o sistema de herança.

Fechando a primeira seção da revista, temos o texto da Profª. Sônia Souza, A presença camponesa em uma região agroexportadora no período escravista: Juiz de Fora (1870-1888). Utilizando como fontes principais os inventários post-mortem, as listas nominativas de população e as escrituras de compra e venda, o texto procura demonstrar a busca camponesa pela autonomia frente aos grandes fazendeiros locais. O artigo apresenta uma sólida análise teórica sobre o conceito de campesinato lançando mão tanto de autores clássicos, quanto de textos mais recentes que discutem essa questão. A noção de estratégia ao modo de Giovanni Levi perpassa todo o trabalho.

Finalmente na seção Jovens Pesquisadores, os textos de Flávio da Rocha Puff e Ana Paula Pereira Costa, fecham a revista apresentando resultados empíricos interessantes das respectivas pesquisas de Iniciação Científica que os originaram. Flávio Puff, utilizando os registros de almotaçaria, coima e fianças, analisa o pequeno comércio e traça um perfil dos seus agentes em Minas Gerais na primeira Metade do século XVIII. Ana Paula Pereira analisa os camponeses da Zona da Mata Mineira no final do século XIX e suas estratégias de sobrevivência.

A REHB mantêm a centralidade de seu compromisso com a divulgação de trabalhos científicos relativos à História do Brasil, produzidos em âmbito nacional e internacional, visando a difusão e a qualidade do ensino e da pesquisa histórica. Mantêm ainda seu compromisso com a divulgação de resultados de pesquisas empíricas realizadas por jovens investigadores.

Carla Maria Carvalho de Almeida

Cláudia Maria das Graças Chaves


ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Apresentação. Revista Eletrônica de História do Brasil. Juiz de Fora, v.6, n.2, jul./dez., 2004. Acessar publicação original [DR]

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