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Cinema e história: políticas de representação | História – Questões & Debates | 2022
O dossiê “Cinema e História: políticas de representação” integra o volume 70 da revista História: Questões e Debates, reunindo artigos de renomados pesquisadores nacionais e internacionais, situados num campo interdisciplinar de estudos já consolidado e pautados pela abordagem da relação entre o cinema e a história em pesquisas que entrelaçam diversas metodologias e problemáticas.
Entre as várias possibilidades de pensar essa relação, o presente dossiê propõe considerar o cinema como um espaço de construção política e social por meio da reafirmação e reconfiguração de identidades e diversidades. Os filmes constantemente se relacionam, em suas mais variadas apresentações, com o fomento de narrativas sobre nação, região ou territórios; representações de gênero, de raça, de pertencimento, de geração ou comunidade. Nesse sentido, o cinema se torna objeto da História Cultural, Política e Social ao promover ou questionar imaginários, participar da memória coletiva e propagar discursos. Tal amplitude o torna também um lugar de narrativas confluentes ou dissonantes, um espaço de monumentalização e desmonumentalização da história, de engajamento e de resistência política. Leia Mais
Intelectuais e resistências ao autoritarismo na América Latina | Revista Eletrônica da ANPHLAC | 2021
Em junho de 2009, a América Latina foi palco da deposição do presidente de Honduras Manuel Zelaya, fruto de uma decisão do Parlamento apoiada pelo Judiciário de seu país. O episódio foi considerado por muitos como um golpe de Estado pelo fato de Zelaya ter sido retirado sem direito à defesa, numa decisão sumária. Três anos depois, foi a vez do presidente paraguaio, Fernando Lugo, passar por um rápido processo de impeachment, levado a cabo pelo Senado, em um julgamento no qual não pôde se defender. Em 2016, um novo impeachment abalou a democracia no continente: Dilma Rousseff foi destituída do cargo de presidente pelo Parlamento após ser acusada de cometer as chamadas “pedaladas fiscais”. Durante a simbólica votação ocorrida em 17 de abril na Câmara dos Deputados, que abriu o caminho para o impeachment, o então deputado Jair Bolsonaro evocou o torturador Carlos Brilhante Ustra em seu voto pela deposição, com a intenção de exaltar a ditadura da qual Russeff havia sido vítima. Em 2018, o mesmo Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil, alcançando um resultado considerado improvável há poucos anos. Um ano depois, na Bolívia, Evo Morales renunciou ao cargo de presidente, que ocupava há treze anos, diante da violência e convulsão social derivadas da denúncia de fraude eleitoral. Sua sucessora, Jeanini Áñez, assumiu numa sessão legislativa sem quórum e, recentemente, foi presa acusada de tramar um golpe de Estado. Todos esses eventos, ao que pesem suas particularidades, podem ser apontados como exemplos de tensões nas democracias latino-americanas, mostrando que certas conquistas consideradas consolidadas após as transições democráticas das últimas décadas do século XX seguiam frágeis. Leia Mais