La sombra de la sospecha. Peligrosidad/ psiquiatría y derecho en España (siglos XIX y XX) | Ricardo Campos
El nuevo ensayo publicado por Ricardo Campos, investigador del Instituto de Historia del CSIC y uno de los mejores conocedores de la historia de la psiquiatría en España, no es simplemente una tentativa para reconstruir el pasado de las relaciones entre medicina mental y derecho penal en nuestro país. Se trata ante todo de elaborar un diagnóstico de la situación actual de este problema, un verdadero ejercicio de historia del presente. ¿Por qué la noción de peligrosidad, que funciona como un instrumento administrativo, policial y jurídico y no como un concepto científico, se empeña en persistir dentro de nuestro sistema penal interpelando al psiquiatra para que justifique la primacía de un derecho punitivo de autor y no de actos y circunstancias?
El proyecto de modificación del Código Penal presentado en 2013 por Ruiz Gallardón, entonces Ministro de Justicia o las controversias recientes sobre la vigencia de la “prisión permanente revisable” revelan la actualidad del problema planteado en el libro. A diferencia de lo que sucedía hasta hace muy poco, la psiquiatría española, al menos la representada en la Asociación Española de Neuropsiquiatría, no es proclive a legitimar este revival del concepto de peligrosidad, pero la ambigüedad persiste. Esta tiene que ver, como señala el autor en la Introducción del ensayo, con una tensión inherente al saber psiquiátrico desde su origen; su funcionamiento a la vez como disciplina con pretensión de cientificidad y como instrumento de orden público. Aquí se inscriben las dos interrogantes que el ensayo trata de responder: ¿por qué la psiquiatría, nacida con el noble anhelo de conocer, cuidar y recuperar al demente, acabó desembocando en la patologización del crimen y en la criminalización de la enfermedad mental?; ¿por qué esta disciplina unió su destino al derecho penal reforzando el tránsito de una punición dirigida al acto hacia un castigo centrado en la personalidad del potencial perpetrador? Leia Mais
Museus virtuais e jogos digitais: novas linguagens para o estudo da história | Lynn Rosalina Gama Alves, Alfredo Matta e Helyon Telles
Lynn Rosalina Gama Alves | Foto: Capacitor (2018)
A obra Museus virtuais e Jogos digitais – Novas linguagens para o estudo da História, de Lynn Alves, Helyon Viana Telles e Alfredo Matta, é um livro sobre recursos digitais para o ensino de História na educação básica com foco na temática da gamificação e dos museus virtuais. O livro é divido em duas partes. A primeira tem sete capítulos e maior incidência de tema nos games. A segunda parte possui cinco capítulos, sendo três dedicados aos museus e dois sobre os jogos de RPG (Role Playing Game). Trata-se de um compêndio destinado à divulgação dos trabalhos dos orientandos do professor Alfredo Matta que atua na área do Ensino de História desenvolvendo práticas de ensino, pesquisa e extensão para o ensino de História, na Universidade do Estado da Bahia.
O objetivo principal do livro é incentivar a divulgação dos trabalhos dos intelectuais que pesquisam sobre a temática do ensino de História aplicado à tecnologia. Os autores declaram o desejo de transformar professores portugueses e brasileiros, efetivamente, em protagonistas, que percebam o potencial da aprendizagem história para além da simples memorização.
Cómo hacer cosas con Foucault. Instrucciones de uso | Canguilhem. Vitalismo y Ciencias Humanas | Francisco Vázquez García
Francisco Vázquez García | Foto: Universidad de Cádiz
Após a publicação, em 1987, do livro Estudios de historia de las ideas. Vol. 1, Locke, Hume e Canguilhem, escrito em coautoria com Ángel Manuel Lorenzo e José, L. Tasset, Georges Canguilhem (1904 – 1995) enviou a seguinte mensagem ao historiador espanhol Francisco Vázquez García: “Sua análise dos meus estudos de epistemologia me diz que você me leu com atenção e simpatia (…). Eu constatei com satisfação que você percebeu bem aquilo que meus trabalhos devem aos trabalhos, bem mais prestigiosos, de Bachelard e de Koyré. Não posso abandonar as lições que tirei dessas leituras.” (García, 2015). A seção do livro dedicada ao historiador francês recuperava o texto da monografia de licenciatura de Francisco, defendida três anos antes, na Universidad de Sevilla, sob o título La teoria de la historia de las ciencias de G. Canguilhem. Mais de trinta anos depois, García segue capaz de dizer coisas originais sobre a obra de Canguilhem – Georges Canguilhem: Vitalismo y Ciencias Humanas (2019) – e didatizar os usos da arqueo-genealogia de Foucault – Cómo hacer cosas con Foucault. Instrucciones de uso (2018), textos sobre os quais nos debruçamos a partir de agora.
“Fumo de Negro”: a criminalização da maconha no pós-abolição | Luísa Saad
José Luiz Costa e Luísa Saad | Foto: Joe@lluis_adv
Resultado de dissertação de mestrado defendida em 2013 por Luiza Saad, no programa de pós-graduação em História Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o livro “Fumo de Negro”: a criminalização da maconha no pós-abolição, publicado em 2019, investigou como se estabeleceu o discurso de criminalização da maconha que fundamentou a primeira lei de proibição dessa planta, em 1932, mas, que passou a inundar o imaginário social e constituir um discurso contra a maconha.
Essa problemática se estrutura a partir de uma revisão historiográfica que remonta à aproximação das ciências humanas em relação às drogas, movimento que, no Brasil, se caracterizou partir dos anos 1980. A autora parte de pesquisadores como Luiz Mott para reafirmar a tese de que não existe uma história da cannabis no Brasil. Embora não retrate uma história global dessa planta, ela contribui para a compreensão de um dos principais marcos desse processo: a mudança de tratamento em relação ao tema. Desta forma, é possível afirmar que o livro funciona como obra seminal para outras investigações, na medida em que incita a necessidade de atender outros recortes temporais.
Os caminhos da pesquisa antropológica: Homenagem a Beatriz Góis Dantas | Eufrázia Menezes e Sílvia Góis Dantas
Beatriz Góis Dantas com o Cacique Lucimário Ba Xocó à sua esquerda | Foto: Carolina Timoteo/ADUFS (2019)
Os caminhos da pesquisa antropológica: homenagem a Beatriz Góis Dantas, foi lançado há dois meses, em clima fraternal, em live no Youtube (Link). Presentes ao ato, além de Beatriz Dantas, estavam as organizadoras da obra Sílvia Dantas e Eufrázia Cristina Menezes, respectivamente, filha e ex-aluna da antropóloga e historiadora Beatriz Góis Dantas. A própria homenageada, na ocasião, traçou uma “cartografia afetiva e intelectual” da inserção de vários antropólogos e historiadores em sua vida de pesquisadora, em quase seis décadas de atividades.
A cartografia se expressa no próprio livro que, em suas três partes (trajetória acadêmica, experiência na Antropologia e testemunhos de colegas), reúne 14 autores com atuação acadêmica local e transnacional. Há cenas familiares, relatos autobiográficos, anedóticos de trabalho, periodização clássica da carreira, reconhecimentos e agradecimentos por auxílios pessoais e até um poema de Maria Lúcia Dal Farra, dedicado à “Missionária da memória”. Há descrição, crítica e reconhecimento da contribuição de Beatriz Dantas nos domínios da Arquivística, Museologia, Antropologia e (apesar do título do livro) História.
Hoje mando um abraço para ti, pequenina | André Cabral Honor
André Cabral Honor | Foto: UnB
O livro intitulado Hoje mando um abraço para ti, pequenina, de autoria de André Cabral Honor, foi publicado pela Editora Escaleras, em 2020, tem 155 páginas, possui dimensões diferenciadas dos livros físicos padrão (12,25 x 19 cm) e foi impresso em papel Pólen Bold 90g/m2. Se incluo essas informações é para dizer que a experiência de manusear este livro é singular. Ele é inteligente e dá prazer em folhear. Ponto para a Editora Escaleras.
O texto foi premiado pelo Edital de fomento à literatura por meio da formação de novos autores da Fundação Biblioteca Nacional, em 2014. Aos que não conhecem ou não estão lembrados, o título remete ao refrão da música “Paraíba”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A história narra momentos da vida do capitão-mor Jerônimo José de Melo e Castro à frente da Capitania da Paraíba. O livro é baseado em fatos históricos e, com muita licença poética, ambienta cada capítulo como pequenos filmes.
Letramento histórico-digital: Ensino de História e Tecnologias Digitais | Danilo Alves da Silva
A obra Letramento Histórico-digital: ensino de História e tecnologias digitais, é fruto da dissertação de mestrado de Danilo Alves da Silva, a partir das reflexões junto ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Ensino de História, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A publicação pretende conceituar o letramento histórico-digital, no intuito de sistematizar uma coligação entre o Ensino de História e a cultura digital.
O livro está organizado em três capítulos, o que não difere da forma estrutural da própria dissertação do autor. A partir de sua prática docente em uma escola privada, na cidade de João Pessoa, Paraíba, o autor investe em uma proposição para o campo do Ensino de História. Por que não juntar a demanda por entender sobre a cultura digital nos meandros do conhecimento histórico, já com uma proposta para a sala de aula? E será essa jornada que a pessoa leitora poderá encontrar. Ele mostra como é importante que profissionais de História estejam sensíveis às demandas do século XXI, e que se apropriem do conhecimento histórico no intuito de propor interações em plataformas digitais, usando aplicativos e várias ferramentas disponíveis para o ensino de História. Porém, ele não faz um caminho de escrita focando unicamente em justificar o seu artefato didático cultural, como a maioria das produções docentes da pós-graduação do Programa o fazem. Ele pretende conceituar um método – o letramento histórico-digital – para, então, após uma esquematização de suas discussões e leituras, passar para uma mostra dessa definição ou sistematização, que leva o nome do livro.
Entre rios e impérios: a navegação fluvial na América do Sul | Francismar Alex Lopes
Cena do documentário “Porto das Monções”, de Vicentini Gomez | Imagem: Cidade de São Paulo/Cultura
Fruto da dissertação de mestrado de Francismar Alex Lopes de Carvalho, defendida na Universidade Estadual de Maringá em 2006, Entre rios e impérios analisa, com abordagem renovada, as relações interculturais entre as populações envolvidas nas rotas das monções. Confrontada com o texto que lhe deu origem, a redação do livro, publicado em 2019 pela Editora Unifesp, apresenta a incorporação de reflexões, documentos e referências bibliográficas acumulados ao longo dos anos.
A obra está dividida em 3 partes e 10 capítulos. Na primeira, Itinerários do Extremo Oeste, Carvalho, hoje professor de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), focaliza os caminhos fluviais e terrestres que levavam à fronteira oeste da América portuguesa desde o século XVII, com destaque para as ações dos grupos nativos no controle das rotas. Na segunda, Os práticos da navegação fluvial, ressalta o protagonismo dos mareantes mamelucos no movimento monçoeiro. Na última, Os senhores dos rios, problematiza as guerras e alianças entre as populações indígenas e os adventícios na disputa pelo domínio do rio Paraguai, sobretudo durante a primeira metade do Setecentos, encerrando com a discussão sobre a nova correlação de forças estabelecida a partir da instalação dos fortes fronteiriços no contexto dos tratados de limites. Leia Mais
El Quijote en Chile. Primera edición y estudios bibliográficos de 1863 a 1947 | Raquel Villalobos Lara
El libro parte de la pregunta básica: ¿cómo y desde cuándo se leyó la obra cervantina en Chile? Para responderla este se divide en dos partes: 1) análisis sobre la primera edición realizada en Chile y 2) el análisis e interpretación de los documentos bibliográficos que dan cuenta de la recepción crítica que El ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha de Miguel de Cervantes tuvo en Chile desde 1863, fecha de la publicación del texto cervantino en Chile, hasta 1947, año de la conmemoración del cuadringentésimo aniversario del nacimiento de Cervantes. Leia Mais
La minificción ya no es lo que era | Violeta Rojo
Todo lo que tiene que ver con la minificción resulta contradictorio
Violeta Rojo
La aparición del libro Breve manual para reconocer minicuentos, en el año 1997, publicado por la Universidad Autónoma Metropolitana de México, bajo la autoría de la docente e investigadora venezolana Violeta Rojo (1959) marcaría para aquel entonces un aporte desde la crítica, a los asuntos concernientes a la minificción, no solo en Venezuela, sino también en Latinoamérica, característica que hace del texto, un documento importante para las investigaciones en torno al tema. Dos años después de aquel suceso, ciertamente esplendente, en una breve, pero desafiante reseña publicada en la Revista Chilena de Literatura, el crítico Juan Armando Epple, refiriéndose a este libro, comenta lo siguiente: “Después de muchos años de ser el pariente pobre y díscolo, la oveja negra de la familia literaria, el minicuento no solo tiene quién lo describa, sino que contamos con un manual para reconocerlo” (Epple 169).
Aunque este comentario pudiera parecer un tanto equívoco, no parece estar muy distante de lo que sigue siendo hoy en día el minicuento, a pesar de los encuentros, festivales e incluso mesas de trabajo, sigue teniendo y hasta padeciendo las mismas consideraciones. Sin mencionar, acaso, sobre el poco entendimiento, así como el esmirriado abordaje teórico en torno a este subgénero, considerado por muchos como raro, incluso, extraño. No obstante, este raro y hasta extraño subgénero cumple con las características que un texto debe tener. Sin embargo, el microrrelato sigue estando en los márgenes, navegando en procelosos mares a veces ignotos, a veces turbio de la teorización. Leia Mais
Il Canale di Suez e l’Italia (1856- 1869) | Andrea Giuntini
Ha scritto Éric Dardel che: «[…] il paesaggio non è un cerchio chiuso, ma un dispiegarsi. È veramente geografico per i suoi prolungamenti, per lo sfondo reale o immaginario che lo spazio apre al di là dello sguardo […]. Il paesaggio è uno scorcio su tutta la Terra, una finestra aperta su possibilità illimitate: un orizzonte. Non una linea fissa, ma un movimento, uno slancio» 1. Il Canale di Suez è stato proprio questo: un orizzonte in movimento, una spinta impressa verso l’altrove che prometteva disvelamenti necessari quanto imprevedibili.
Nella copertina del bel libro di Andrea Giuntini, con la sua linea narrativa accattivante in cui il lessico delle decine di informazioni che si accumulano pagina dopo pagina alimenta una viva curiosità mai sazia, il quadro di Albert Rieger, un’immagine iconica, la chiamerei così, del Canale che sa prima di tutto di intensa veduta sintetizza bene l’idea di paesaggio con pennellate di luci e ombre in una geografia certo “orientaleggiante”, ma al tempo stesso incardinata sui paradigmi di quella modernità dirompente, a cominciare dalle navi a vapore che solcano il principio di quell’innervatura liquida punteggiata da bacini lacustri. L’inizio di una traversata che è anche attraversamento, “traduzione” nelle terre degli Altri che attendono appena al di là del ricongiungersi dei due mari, il Mediterraneo e il Mar Rosso. Se sulla destra della tela, tra spuntoni di rocce e palme tropicali, fa capolino un tipico edificio orientale con tanto di cupola dorata all’esterno della quale compaiono uomini a piedi o in groppa a cammelli con abiti e turbanti altrettanto tipici, è pur vero che spostando appena lo sguardo verso lo specchio d’acqua su cui campeggia un faro, Port Said, illuminato dal sole, ci appare in tutta la sua geometrica contemporaneità. Quasi a sancire la rappresentazione del paesaggio urbano occidentale, gli edifici rimandano a un taglio prospettico decisamente europeo dove non manca lo sbuffare delle ciminiere al centro di un perimetro di fabbrica che non può non ricordare gli insediamenti industriali del ricco Centro del Nord trasferiti alla periferia del mondo, ibridando civiltà e ambienti naturali così disomogenei. Leia Mais
Prometeo a Fukushima. Storia dell’energia dall’antichità ad oggi | Grazia Pagnotta
Qualunque sia la sua origine, l’energia, intesa come forza necessaria per compiere un certo lavoro, è alla base della vita. Non è quindi sorprendente che l’intera storia dell’umanità possa essere ripercorsa usando proprio l’energia come punto di riferimento. Questo è lo scopo del libro di Grazia Pagnotta, titolare dell’insegnamento di Storia dell’ambiente all’Università Roma Tre e autrice di diverse ricerche sullo sviluppo della città di Roma, in particolare sui trasporti pubblici e sulla storia industriale.
Alla fine della breve introduzione che apre il volume l’autrice spiega che il titolo, unendo il nome della località in cui è avvenuto un incidente nucleare nonostante quasi tutto fosse stato previsto per evitarlo e la figura mitica che muore per aver voluto andare oltre i propri limiti richiama la necessità per gli esseri umani di non dare nulla per scontato quando si prova a superare i confini della conoscenza. L’invito è calzante anche perché proseguendo la lettura ci si trova davanti a diversi esempi di come questa attività di superamento sia una costante nei secoli. La prima parte del volume si occupa di uno spazio temporale lunghissimo (dalla preistoria all’epoca moderna), ma è anche la più breve. In questa e nelle altre due parti a ogni fonte di energia (acqua, vento, legno e poi i combustibili fossili e l’energia nucleare) è dedicato un capitolo. Qui l’autrice illustra le prime forme di energia impiegate dall’uomo, iniziando da quella dei muscoli degli esseri umani e degli animali e passando poi all’uso dei primi mulini per sfruttare il vento e i corsi d’acqua e all’impiego del legno e del carbone di origine vegetale usati come combustibili. Pagnotta pone anche parecchia attenzione alle conseguenze ambientali di questi interventi umani sui luoghi, come nel caso delle popolazioni che abitavano Rapa Nui (l’isola di Pasqua)1. Leia Mais
Haiti. Storia di una rivoluzione | Jeremy D. Popkin
Nel corso della sua lunga carriera Jeremy D. Popkin – professore di storia della University of Kentucky – si è a lungo occupato della storia intellettuale e delle rivoluzioni francese e haitiana1. Haiti, storia di una rivoluzione è la traduzione italiana di A Concise History of the Haitian Revolution2, che si è rapidamente imposto come un classico.
C’è una visione storiografica che sostiene che la rivoluzione haitiana – ossia l’insieme degli eventi occorsi nella colonia francese dal 1791 al 1804 – debba essere messa sullo stesso piano di quelle francese e americana, individuando un’unità fra le vicende di quegli anni e l’esito finale; quest’ultimo dovrebbe essere considerato come la realizzazione di un programma portato avanti sin dall’inizio. Non è questa la prospettiva di Popkin, che rigetta questa lettura distinguendo fra gli obiettivi profondamente differenti dei movimenti e dei gruppi rivoluzionari attivi sull’isola. Manca un manifesto politico (la rivolta venne portata avanti perlopiù da schiavi illetterati) e il principale leader, François-Dominique Touissant Louverture non può essere in alcun modo paragonato alla moderna figura di rivoluzionario: si oppose, ad esempio, al primo decreto di emancipazione del 1793. Popkin individua come caratteristica essenziale della Rivoluzione haitiana la presa di posizione contro la schiavitù e la discriminazione razziale: fu grazie a queste peculiarità che divenne la più radicale delle insurrezioni rivoluzionarie contro la dominazione europea. All’epoca in cui scattò la rivoluzione, Saint-Domingue era la colonia più fiorente al mondo e il maggiore fra i mercati di schiavi. Leia Mais
Il Novecento della Cucirini Cantoni Coats. Lavoro/ territorio e conflittualità nella parabola lucchese della multinazionale tessile | Federico Creatini
Il nuovo volume di Federico Creatini1 , contenente un saggio di Andrea Ventura2 , ricostruisce le vicende della Cucirini Cantoni Coats, succursale lucchese della nota impresa multinazionale produttrice di filati con sede in Scozia, sino ad oggi oggetto di un interesse limitato e sporadico da parte della storiografia, presentando i risultati di un progetto di ricerca biennale promosso dall’Istituto Storico della Resistenza e dell’Età Contemporanea di Lucca e dedicato a ricostruire le vicende dello stabilimento e, più in generale, la memoria collettiva della vita di fabbrica nella città di Lucca. L’opera recepisce gli spunti offerti dal dibattito metodologico che ha interessato negli ultimi anni la storia del lavoro, che, superate le strettoie di un approccio rigidamente operaista (e marxista), si è aperta agli stimoli provenienti dalla global history, dalla storia di genere e dalla storia della conflittualità sociale e della subalternità3 , rileggendo le vicende sindacali e le trasformazioni aziendali della Cucirini Cantoni Coats alla luce di processi socio-culturali e ambientali più complessi, tanto di livello micro che di livello macro4. Leia Mais
La svolta culturale. Come è cambiata la pratica storiografica | Carlotta Sorba e Federico Mazzini
Il sapere storico è stato a lungo concepito come un sapere unicamente empirico e artigianale, basato su rigorose ricerche documentarie volte a ricostruire il passato nella maniera più accurata e oggettiva possibile. Eppure, tale concretezza della pratica storiografica ha sempre dialogato, più o meno consapevolmente, con un quadro teorico e filosofico di riferimento, atto a indagare e comprendere il reale tramite riflessioni e interpretazioni soggettive, ma non per questo inattendibili. La storia senza teorizzazione, infatti, non può sussistere e le narrazioni del passato non possono prescindere da congetture e ipotesi circa le relazioni tra i fatti e il significato che essi assumono agli occhi di chi li studia. Tale è l’assunto di partenza del volume in esame, scritto a quattro mani da Carlotta Sorba e Federico Mazzini, docenti rispettivamente di Storia e teoria culturale e di Digital History e Storia dei media e della comunicazione presso l’Università degli Studi di Padova. Leia Mais
As abolições da escravatura: no Brasil e no mundo | Marcel Dorigny
“(…) Os processos que levaram ao ‘fim da escravidão’ são muito menos conhecidos e frequentemente relegados ao final das obras consagradas à escravidão em si” (DORIGNY, 2019, p. 14). Com efeito, a obra As abolições da escravatura no Brasil e no mundo, escrito por Marcel Dorigny, do Departamento de História da Universidade Paris-VIII na França, apresenta aspectos primordiais que influenciaram as manifestações contrárias à escravidão, instituída por vários séculos no mundo. Não obstante àquilo que a maioria das pessoas aprenderam e consideram como movimentos que proporcionaram o fim da escravidão, como o desenvolvimento da indústria, a ampliação do mercado consumidor ou a influência dos ideais do Iluminismo, o autor enfatiza que estes não foram únicos. Os movimentos realizados pelos próprios escravos, chamados por ele de resistências e revoltas, ainda nos oceanos, também contribuíram para o processo abolicionista. Leia Mais
O spleen de Paris: pequenos poemas em prosa
Qual de nós que, em seus dias de ambição, não sonhou o milagre de uma prosa poética, musical, sem ritmo e sem rimas, tão macia e maleável para se adaptar aos movimentos líricos da alma, às ondulações do devaneio, aos sobressaltos da consciência. É, sobretudo, da frequentação das enormes cidades e do crescimento de suas inumeráveis relações que nasce esse ideal obsessivo
(BAUDELAIRE, 2020, p. 7).
No final de 2020, a Editora 34 lançou O spleen de Paris, que reúne anedotas, reflexões e epifanias (pequenos poemas em prosa) do francês Charles Baudelaire (1821-1866). O volume conta com tradução primorosa de Samuel Titan Junior e texto de apresentação do escritor e cineasta argentino Edgardo Cozarinsky. Esta obra, do poeta maldito, já recebeu mais de dez edições no Brasil ― a primeira em 1937 ― e com certeza outras virão, mas esta tem todo um charme especial, a começar pela capa que traz o autorretrato de Baudelaire. Petits poèmes en prose (Le spleen de Paris) apareceu pela primeira vez, como edição póstuma, no quarto volume das Obras completas (1869) do poeta, organizadas por Théodore de Banville (1823-1891) e Charles Asselineau (1820-874) e editadas pela Gallimard. Leia Mais
Uma viagem pelo Sertão: 200 anos de Saint-Hilaire em Goiás | Lenora Barbo
“Gosto deste velhinho”. Declarou o poeta Carlos Drummond de Andrade em uma crônica publicada em homenagem ao bicentenário do nascimento de Saint-Hilaire (1979, p. 5). Para o escritor mineiro era “um caso de simpatia pessoal e também de gratidão. Entre os viajantes estrangeiros do começo do século 19, ele me interessou mais do que qualquer outro, pelo que viu e contou de Minas. E não só de Minas: do Espírito Santo, de Goiás, de São Paulo, do Sul do Brasil. Graças a ele viajei por essas terras, conheci seus moradores, seus costumes, plantas, animais e minerais sem precisão de sair de casa.” Às suas palavras, o poeta viajou, imaginariamente, apoiado nas narrativas do naturalista.
Auguste François César Prouvençal de Saint-Hilaire nasceu na cidade francesa de Orleans em 4 de outubro de 1779. Sua biografia é conhecida: nascido de uma família nobre, teve uma formação inicial no Colégio Militar de Pontlevez. Após a Revolução Francesa esteve fora da França e retornou em 1802 onde estudou botânica no Museu de Ciências Naturais. Devido a um convite do então embaixador da França na Coroa Portuguesa veio para o Brasil em 1816. Leia Mais
Tudo sobre o amor: novas perspectivas
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.
(Clarice Lispector)
Um dos temas mais recorrentes no campo das artes é o amor. Músicas, filmes, livros, por exemplo, quando falam sobre o amor, na maior parte das vezes, é em tom ficcional, especialmente, sobre as possibilidades de um amor romântico que se desenvolve quase como uma fantasia para aqueles que desfrutam do trabalho artístico.
É sobre o amor que a autora norte-americana bell hooks se propõe a refletir na obra Tudo Sobre o Amor: novas perspectivas (2020), livro publicado pela Editora Elefante. Trata-se de um convite à compreensão sobre o tema, para além do que os homens são capazes de falar sobre ele. Sim, bell hooks assumidamente em letras minúsculas. Uma das grandes vozes na contemporaneidade sobre questões como raça, gênero, educação e cultura contemporânea. Ela rompe com a ideia do amor romântico, semelhante a uma fantasia, o qual grande parte das pessoas almejam viver um dia, pautado pela atração física e ao sentimentalismo, o que é denominado de “caxetia”, segundo a escritora. O que hooks quer abordar ao longo do livro é a ideia de amor real, que evoque tanto o crescimento espiritual do indivíduo quanto o do próximo. O amor enquanto ação transformadora, permeando todo e qualquer relacionamento humano, desde a infância. O que ela chama de uma ética amorosa. Quando o indivíduo entende esse pressuposto, ele entende verdadeiramente o amor. Leia Mais
Dinâmicas imperiais/ circulação e trajetórias no mundo ibero-americano | Andréa Slemian, Jaime Rodrigues, José Carlos Viladaga e Marina Passos Tufolo
Andréia Slemian | Imagem: NEDAP/UFC, 2020
Organizado por Andréa Slemian, Jaime Rodrigues e José Carlos Vilardaga, professores de História da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e por Marina Passos Tufolo, mestranda em História Social pela referida instituição, o livro Dinâmicas imperiais, circulação e trajetórias no mundo ibero-americano surgiu dos debates travados num seminário internacional de mesmo nome realizado em outubro de 2019 nas dependências do campus Guarulhos da UNIFESP, no qual se buscou reunir pesquisadores de diversas tendências e instituições nacionais e internacionais em distintos momentos de suas respectivas carreiras.
Como resultado do evento, o livro reuniu artigos de pesquisas de mestrandos e doutorandos que tratam de temas relacionados às lógicas e às formas de mobilidade, circulação e interações no mundo ibero-americano, abarcando as espacialidades da Península Ibérica e América e destas partes com outras regiões do mundo, num recorte temporal sobre a colonialidade americana. Leia Mais
Impresiones de China: Europa y el englobamiento del mundo (siglos XVI-XVII)
Impresiones de China trata un tema ancho y clásico: cómo se configuró el imaginario oriental en la cultura europea entre 1550 y 1680, y en concreto, el relativo al Imperio del Centro. En aquel encuentro Europa descubrió progresivamente la lejana China, conforme sus actores ─misioneros, comerciantes, historiógrafos─ ensancharon los límites del mundo conocido. Su autora es la prestigiosa historiadora Antonella Romano, directora de estudios en el Centro Alexandre Koyré, EHSS (París), y una de las mejores conocedoras de la historia de las ciencias y los conocimientos misioneros durante la Edad Moderna. Con esta cuidada traducción al castellano de Alicia Martorell ─siempre difícil en este tipo de estudios histórico-científicos─, Marcial Pons acerca al lector hispanohablante un estudio fundamental para el conocimiento de las relaciones entre Asia y Europa, esta vez, desde el enfoque de la construcción de los saberes.
Como comenta Romano en la introducción de su libro, la existencia de China ya era conocida en Europa mucho antes de que los comerciantes portugueses o los misioneros jesuitas comenzaran sus actividades en Asia Oriental. Gracias a la continuidad geográfica del continente euroasiático, las poblaciones europeas tuvieron noticias de la lejana y mítica Catay a través del testimonio de viajeros como Marco Polo. Sin embargo, la llegada de comerciantes y los misioneros ibéricos durante los ss. XVI y XVII produjo un auténtico proceso de descubrimiento del Imperio del Centro, cuya imagen fue emergiendo y ocupando un lugar cada vez más destacado en las letras europeas. En el discurso que nos ofrece la autora, descubrir este lejano lugar significó para Europa ir más allá de los meros esbozos de conocimiento para pasar a reconocerla sobre el terreno e integrarla en sus saberes: en otras palabras, fue pasar de Catay a ‹‹la China››. Leia Mais
Cuando África comenzaba en los Pirineos. Una historia del paradigma africanista español (siglos XV-XX) | Carlos Cañete
La redacción de esta reseña coincide en el tiempo con un momento en el que las relaciones entre España y el norte de África, en concreto Marruecos, atraviesan por una crisis política, con el problema migratorio y del Sáhara Occidental en la mesa de discusión. Quizás por ello sea éste el momento adecuado para recordar la tesis principal de esta obra, que no es otra que la existencia a lo largo de cinco siglos del paradigma africanista español, es decir, del origen común y la vinculación histórica entre las comunidades ibérica y norteafricana. El autor, Carlos Cañete, un sólido profesional en el ejercicio de las ciencias humanas, vinculado durante muchos años al CSIC y actualmente a la UAM, ha ejercido una encomiable obra de investigación multidisciplinar, ya que su discurso, sólidamente articulado, se fundamenta en textos de historia general, de literatura y de historia de las ciencias naturales y de la antropología. Este paradigma, aclara, no fue una mera construcción ideológica al servicio de la acción colonial española en el norte de África durante los siglos XIX y XX, sino que es muy anterior, ya que aparece en relatos historiográficos y en narrativas sobre los orígenes de España y su monarquía, que se discutieron en base a procesos de la formación de la identidad nacional durante la época moderna. Leia Mais
El vocabulario de la medicina en el español del siglo XVIII
Hace años se publicó por el Consejo Superior de Investigaciones Científicas una curiosa continuación de las páginas del Quijote, del mundo cervantino; el autor era un niño, el futuro rey Felipe V, quien introdujo una nueva dinastía en el trono de España, acompañada de algunos aires de modernidad. Sin duda el rey Sol se ocupó de que sus nietos tuviesen esmerada educación, en época de personajes de la talla de Fenelon o Bossuet. No es extraño así que el primer Borbón en el trono del imperio español tuviera interés por la lengua castellana, imponiéndola en sus reinos, tal como su dinastía había hecho con el francés en los suyos. Resulta pues comprensible que el siglo XVIII fuera época de rápida uniformidad y castellanización; la lengua empieza a extenderse en múltiples lugares en que antes el latín o las lenguas vernáculas distintas habían tenido importancia. Lugares en los que pronto se extendió fueron las instituciones consagradas a la ciencia, en la que las coronas y alguna nueva burguesía estaban interesadas. Leia Mais
De vidas y virus. VIH/sida en las culturas hispânicas | Rafael M. Mérida Jiménez
Tiempos de epidemia(s), de pandemia(s); de contagios, hospitalizaciones y muertes; de urgencia, investigación y farmacopornografía1 ; de alegatos médico-sociales, biopolíticos, de protección / control; de soflamas bélicas, nacionalistas y morales; de clasificación de grupos humanos, estadísticas y estigmatizaciones; de redefinición de las relaciones sociales, de comportamientos, y de dinámicas socioculturales; de (in)visibilizaciones, silencios, intereses y activismos encontrados; de confinamientos, culpabilizaciones, incertidumbre y miedo; de miedos líquidos2 . Tiempos de covid-19 3. Me pregunto cómo habría escrito esta reseña hace dos años, cuando se publicó el libro en cuestión, De vidas y virus. VIH/sida en las culturas hispánicas, justo antes de que la covid-19 operara una transformación radical del mundo en el que vivimos y que creo que aún estamos muy lejos de entender en toda su extensión. Me pregunto también si el editor del libro, Rafael M. Mérida Jiménez, y sus colaboradores habrían modificado algunos de sus planteamientos y análisis si lo hubieran escrito ya inmersos en estos tiempos de covid-19. Supongo que no, o no excesivamente en cuanto al contenido en sí y las herramientas analíticas que se despliegan, tanto en el libro como en la reseña, porque la pandemia de sida presenta muchas diferencias con la de covid-19 y ha habido tiempo, durante cuarenta años, para que la primera pase por muy diversas fases en todos los sentidos; pero también creo que de algún modo se notaría, porque el sida y la covid-19 también confluyen en muchos de esos aspectos con los que abro este párrafo y que están muy presentes a la hora de pensar (en) contextos epidémicos diversos, tanto históricos como perfectamente actuales. Leia Mais
The Indies of the Setting Sun. How Early Modern Spain Mapped the Far East as the Transpacific Wes | Ricardo Padrón
El espacio hodológico es aquel que vivimos y sentimos, un espacio no euclidiano sino subjetivo, vinculado al trayecto o los caminos que emprendemos para desplazarnos de un lugar a otro (camino en griego se dice hodos, ὁδός). Aunque el concepto procede de la psicología de principios del siglo XX (Kurt Lewin) y haya sido depurado por autores como Otto Friedrich Bollnow o el propio Gilles Deleuze, en el dominio de la cartografía fue el italiano Pietro Janni quien lo consagró con su libro La mappa e il periplo, Cartografia antica e spazio odologico (Bretschneider, 1984).
Ricardo Padrón es profesor en la Universidad de Virginia y autor de otro libro sobre las relaciones entre literatura y geografía en el Imperio español (The spacious world, The Chicago University Press, 2004). En The Indies of the Setting Sun retoma el tema del espacio hodológico para aplicarlo a las dos Indias en el siglo XVI, un mundo en construcción, separado y unido por la mayor mancha azul del planeta, el Océano Pacífico. Leia Mais
Madre y Patria. Eugenesia/ procreación y poder en una Argentina heteronormada | Marisa Miranda
En el año 2020, la reconocida especialista en la historia y las transformaciones de la eugenesia en el ámbito iberoamericano, Marisa Miranda –Investigadora Principal del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Argentina) y de la Universidad Nacional de La Plata–, ha publicado el libro Madre y Patria. Eugenesia, procreación y poder en una Argentina heteronormada en la editorial Teseo, tanto en formato papel como electrónico. Allí, la investigadora nos ofrece un aporte original de inestimable valor académico, gracias a la manera en que configura herramientas para la comprensión del vínculo entre la circulación del discurso eugenésico dentro del campo médico y jurídico argentino y la forma en que se problematizó, de manera imbricada, la constitución de la Nación y el rol estratégico que les correspondía a las “mujeres sanas y decentes” en el engrandecimiento de la Patria (en tanto madres potenciales).
En ese sentido, sostenemos que Miranda logra articular su sólida trayectoria de décadas de trabajo sobre la recepción y las transformaciones del darwinismo y la eugenesia en el denominado “mundo latino” –que ha dado lugar a numerosas publicaciones– con la indagación respecto de una arista que permite que su labor trascienda dicho campo de estudios, al analizar los vínculos biopolíticos entre la preocupación respecto de la maternidad, eugénicamente practicada, y el fortalecimiento de la Nación en la Argentina del siglo XX. Por lo tanto, hacemos propia las interpretación del especialista en biopolítica e historia de la sexualidad en España, Francisco Vázquez García, quien al prologar el libro enfatizó que la autora lograba consolidar, de manera contundente y original, una contribución correlativa al estudio de la eugenesia, a las reflexiones respecto de la biopolítica y al campo de los estudios de género. Leia Mais
Livro didático e paradidático de história em tempos de crise e enfrentamento: sujeitos, imagens e leituras | Ana Paula Squinelo
Ana Paula Squinelo | Imagem: Top Mídia News, 2016
Reflexões sobre o Ensino de História e temas a ele correlatos são imprescindíveis em qualquer momento histórico. O que dizer, então, de reflexões em contextos de crises e enfrentamentos, quando os conhecimentos históricos são questionados em sua essência e postos em xeque diante de negacionismos? Tornam-se vitais ao pensamento humano, à liberdade intelectual e à prática de professores de História, agora reconhecidos em sua profissão2.
Neste contexto, apresento a resenha do livro organizado por Ana Paula Squinelo, intitulado “Livro Didático e Paradidático de História em tempos de crise e enfrentamento: sujeitos, imagens e leituras”. Para tanto, a resenha se desenvolve da seguinte forma: apresentação da autora, características gerais da edição da obra, inserção no contexto de produção no campo do Ensino de História e, por fim, alguns olhares sobre as características temáticas da obra, mostrando seus horizontes de possibilidades reflexivas. Leia Mais
Travestis: entre o espelho e a rua | Hélio R. S. Silva
De fácil leitura, mas sem perder em densidade, reúne revistos de dois livros notáveis de Hélio R. Silva, publicados há mais de dez anos – Travesti, a invenção do feminino e Certas Carioca .
A divisão capitular do livro compreende por partes de seu trabalho acadêmico (Silva, 1993). Através desses escritos, essa investigação inédita das dimensões sociais que envolvem a prostituição de travestis no Rio de Janeiro e é operacionalizada por meio de categorias analíticas e tem como objetivo levar algumas hipóteses ao estatuto da verossimilhança. Dentre essas categorias, destacam-se: as estruturas demográficas e sociais, por meio da história serial; as normalidades, pensando também a normatização, e desvios sexuais, através das relações de gênero; e os valores culturais e simbólicos, atuando ao nível da mentalidade coletiva. Dessa forma, o ineditismo que essa obra trouxe, sob o ponto de vista metodológico, é a compreensão da história da sexualidade das travestis sob um viés oposto ao que muitos historiadores faziam, ou seja, não mais contemplando exclusivamente os campos da ideologia e da moral; e a liga que deu forma às inferências é a história demográfica, articulada com os registros sobre os comportamentos sociais – fica evidente que ele intencionou escrever uma história dos costumes. Leia Mais
Gender in World Perspective | Raewyn W. Connell
Em 2021, no primeiro semestre do segundo ano de uma devastadora pandemia, uma estudiosa veterana da área de estudos de gênero começa a ler a quarta edição de um livro paradidático da área. Escrito em linguagem direta e simples para pessoas jovens – universitárias, principalmente –, o livro bem serviria, a princípio, para uso em sala de aula em países anglófonos, ou nos diversos lugares do mundo que adotam o inglês como língua franca no ensino. E ela se pregunta sobre o valor concreto desse esforço para alunas e alunos do ensino superior no Brasil. Há inúmeros livros paradidáticos desse tipo disponíveis no mercado editorial mundial de língua inglesa, alguns mais gerais, outros mais específicos, e são todos excelentes recursos para docentes do ensino superior confrontados pelo desafio de sintetizar para seus discentes uma enorme quantidade de material relevante. O livro a que se refere esta resenha, contudo, destaca-se pela autoria: foi escrito pela renomada Raewyn Connell, grande figura não só no campo global dos estudos de gênero, como também da sociologia australiana. Leia Mais
Na contramão da liberdade: A guinada autoritária nas democracias contemporâneas | Timotht Snyder
O livro Na contramão da liberdade: a guinada autoritária nas democracias contemporâneas, do historiador norte-americano Timothy Snyder, chega em momento oportuno para ampla parcela do público brasileiro. Compreender a onda autoritária que se fortalece em âmbito global e que atualmente governa este país, tem chamado a atenção de muitos leitores. A obra, publicada originalmente em inglês em 2018, insere-se num filão editorial composto por obras como O povo contra a Democracia (Companhia das Letras, 2019), de Yascha Mounk, Como a Democracia chega ao fim (Todavia, 2018), de David Runciman, e Como as democracias morrem (Zahar, 2018), de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt; livros agrupados por alguns analistas em categorias como “biblioteca da ansiedade” ou “bibliografia do fim do mundo”.1 Tais nomes poderiam sugerir exagero ou alarme falso, o que desconsideraria a urgência das questões tratadas em tais livros. Afinal, o perigo é real, inadiável. Basta considerar a erosão de nossas instituições democráticas nos últimos tempos. Os leitores brasileiros da referida obra poderiam, desse modo, beneficiar-se muito das considerações de Snyder acerca de processos históricos que, se não nos governam por inteiro, certamente mantêm relações com nossas instituições e vida política. Seu livro fornece tanto elementos para uma melhor compreensão da difusão recente do autoritarismo em várias partes do mundo, quanto possíveis caminhos para se contrapor a ele. Neste último caso, talvez valha a pena discutir tal obra a partir de alguns aspectos do fortalecimento de um movimento autoritário no Brasil e de suas especificidades, de maneira a evitar sua diluição completa no fenômeno abordado pelo livro, bem como a tomada das mesmas vias propostas pelo autor para a manutenção ou o revigoramento da democracia. Leia Mais
O Sindicato que a Ditadura queria: o Ministério do Trabalho no governo Castelo Branco (1964-1967)
A autora de O Sindicato que a Ditadura queria é Heliene Nagasava. Servidora do Arquivo Nacional desde 2008, ela atua na organização e pesquisa dos acervos ligados à História do Brasil Republicano, destacando-se no trabalho com os arquivos da repressão. Sua atuação no Arquivo Nacional, somado ao engajamento no Laboratório de Estudos da História do Mundo do Trabalho (LEHMT/UFRJ) e em projetos ligados à Comissão Nacional da Verdade (2012-2014), traça o lugar social da investigação histórica aqui analisada. O livro é resultado de dissertação de mestrado, orientada por Paulo Fontes (UFRJ), e defendida no Centro de Pesquisa e Documentação de História do Brasil Contemporâneo (CPDOC-FGV).
A pesquisa articula a intenção de revelar e utilizar os acervos da história recente do país, a contraposição das memórias das elites políticas do governo Castelo Branco (1964-1967) com os arquivos da repressão, e a compreensão da história social dos trabalhadores na ditadura. A análise estrutura-se em três capítulos: o primeiro compreende passagem de Arnaldo Sussekind como ministro do trabalho (1964-1965) e os embates com os trabalhadores; o segundo analisa a repressão feita nos sindicatos a partir do Ato Institucional nº 1; o terceiro enfoca as medidas tomadas pelos ministros do trabalho Peraccchi Barcelos e Nascimento e Silva. No panorama da história política do Brasil República e da história social dos trabalhadores, o livro e pesquisa deslocam o enfoque dado ao Ministério do Trabalho nas décadas de 1930 e 1940 para o período da ditadura civil-militar. Leia Mais
A corrida pelo rio: projetos de canais para o Rio São Francisco e disputas territoriais no Império brasileiro (1846-1886) | Gabriel Pereira de Oliveira
A História Ambiental vem atraindo cada vez mais pesquisadores nos últimos anos, o que resulta na expansão do seu leque de estudos. Um desses pesquisadores é Gabriel Pereira de Oliveira, mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Integra o que pode ser chamado de segunda geração de historiadores ambientais brasileiros, ou seja, foi aluno de pesquisadores que trouxeram a História Ambiental para o nosso país, a exemplo de Regina Horta Duarte e José Augusto Pádua, dois grandes professores que orientaram o mestrado e doutorado de Gabriel Oliveira, fato que aumenta as expectativas quanto ao livro aqui resenhado: “A corrida pelo rio: projetos de canais para o Rio São Francisco e disputas territoriais no Império brasileiro (1846-1886)”, publicado em 2019, em Recife, pela Fundação Joaquim Nabuco através da Editora Massangana. Recebi o livro como prêmio de um sorteio realizado no 3° Seminário Amazônico de História e Natureza (2020), organizado pelo GRHIN-UFPA (Grupo de Pesquisa História e Natureza).
Essa resenha apresenta duas divisões: tratamos inicialmente do resumo da obra, passando capítulo por capítulo e destacando os pontos fortes do livro; e uma segunda parte mais crítica, destacando algumas ausências na obra, os motivos para lê-la e os caminhos que se abrem a partir da leitura. O tema central do livro são os projetos de transposição do São Francisco no século XIX. As fontes dessa pesquisa histórica são bem variadas, passando por jornais e revistas, escritos e discursos de políticos e membros da elite do Império, com um destaque especial para os mapas e relatórios técnicos (p.19-25). Feita essa breve apresentação, vamos olhar com mais atenção para os capítulos. Leia Mais
A autobiografia de Martin Luther King | Clayborne Carson e Martin Luther King
Em função de sua influência midiática global, as recentes manifestações estadunidenses, pautadas primordialmente no antirracismo, ressuscitaram o debate sobre discriminação racial nas imprensas espalhadas pelo mundo. Seja para criticar a raiva dos manifestantes, representada pela destruição de símbolos escravistas, como estátuas de senhores de escravos, por exemplo, ou para apoiar a causa da população negra, opiniões têm sido levantadas sobre esses episódios sociais. Entretanto, se engana quem pensa que tais demandas e reivindicações são totalmente novas no âmbito social dos Estados Unidos da América. Não é de hoje que esse ativismo urgente reúne milhares de atuantes em seu centro e milhões de espectadores em seu entorno.
No cerne dessa questão, importantes lideranças negras se consolidaram como catalisadores de mudanças sociais no continente americano. Dentre elas, destaca-se o inesquecível pastor batista Martin Luther King Jr (1929- 1968), reconhecido por lutar em prol da universalização dos espaços sociais. Nascido no ápice da Grande Depressão, o menino da classe média de Atlanta, desde cedo, nutria um forte sentimento contra o sistema segregacionista que vigorava nos Estados Unidos. Acusado de ser negro1, inevitavelmente enveredou pelos caminhos militantes do pai2 e, em poucos anos, tornou-se a liderança central do movimento por direitos civis na América do Norte, questionando a predominância exclusivamente branca nos espaços sociais de seu país. Leia Mais
Práticas de pesquisa em história | Tania Regina de Luca
Este livro, de autoria de Tania Regina de Luca, foi publicado pela Editora Contexto em 2020, fazendo parte da coleção História na Universidade, que traz uma visão geral e didática sobre pontos-chave da disciplina. A autora é mestre e doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professora de cursos de graduação e pós-graduação em História da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Diante do desafio que é elaborar pesquisas em História, a pesquisadora se propõe a traçar os caminhos da produção do conhecimento historiográfico, norteando estudantes de graduação e demais interessados na área.
Com uma abordagem elucidativa, o universo da investigação em História é conduzido através da interlocução com renomados pensadores. Em cada capítulo, há uma epígrafe que convida o leitor a refletir sobre o tema abordado. Assim, de Marc Bloch a Marte Mangset e Emmanuelle Picard, é possível conhecer ou reencontrar os notáveis intelectuais do campo. Leia Mais
Mussolini contro Lenin | Emilio Gentile
Emilio Gentile | Imagem: Accenti, 2019
Em agosto de 2017, após um confronto entre neonazistas e antifascistas em Charlottesville, nos EUA, espalhou-se nas redes sociais uma ideia que, anos atrás, talvez só tivesse adeptos entre os cultores de teorias da conspiração e de modernas lendas urbanas: a de que o nazismo teria origem num movimento de esquerda ou seria ele mesmo um movimento de esquerda. O site de notícias UOL publicou, na ocasião, uma reportagem desmentindo essas afirmações. Historiadores foram consultados2, e os argumentos disparatados dos defensores dessa ideia exótica foram refutados pelo site (UOL, 2017).
Um ano mais tarde, em setembro de 2018, a embaixada da Alemanha em Brasília e seu Consulado Geral no Recife publicaram um vídeo em que se explicava como a história é ensinada às crianças alemãs. No material produzido afirmava-se que o nazismo era um movimento de direita. Foi o que bastou para que um grupo de brasileiros tentasse “corrigir” os alemães através de uma enxurrada de críticas: afirmavam que o nacional-socialismo era de esquerda e que o Holocausto não havia acontecido. Damaris Jenner, encarregada dos assuntos de imprensa da embaixada, explicou ao jornal El País que a ideia de falar sobre como se ensina a história na Alemanha surgiu precisamente nos dias em que aconteceram as manifestações neonazistas em Chemnitz (Rossi e Oliveira, 2018). Mas a reação dos internautas os surpreendeu. Leia Mais
Cuando Moctezuma conoció a Cortés: la verdad del encuentro que cambió la historia | Matthew Restall
Mattew Restall | Imagem: Alchetron
Existem muitas formas de alguém interessado pela Conquista do México procurar informações sobre o tema. Uma das mais comuns é realizar uma busca através do Google. Ao fazermos isso, o primeiro resultado – em geral, o mais acessado – abre seu texto com a afirmação de que “a conquista dos astecas foi um feito atribuído ao espanhol Hernán Cortés” (Silva, 2020). Outro caminho muito utilizado é procurar por livros em sites de vendas. Na versão brasileira da Amazon, por exemplo, os primeiros resultados sugerem uma biografia de Cortés (Morais, 2011) e uma obra publicada há mais de 170 anos pelo historiador norte-americano William H. Prescott (1843).
As opções sugeridas em ambas as buscas revelam algumas das principais questões que levaram Matthew Restall a publicar seu Cuando Moctezuma conoció a Cortés: la verdad del encuentro que cambió la historia (2019)2. Nele, o professor da Penn State University questiona frontalmente a centralidade atribuída a Cortés durante séculos, o perene sucesso de determinadas abordagens e interpretações sobre os eventos, tendo Prescott como um nome central, e a própria noção de Conquista. Leia Mais
5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo: a estadia da frota no Rio de Janeiro | Paulo Roberto Pereira
Paulo Roberto Pereira | Imagem: Jornal da PUC, 2017
Em celebração aos 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano, foi realizado, nos dias 12 e 13 de dezembro de 2019, nas dependências do Museu Histórico Nacional, na cidade do Rio de Janeiro, o seminário internacional intitulado 5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo: a estadia da frota no Rio de Janeiro. O evento resultou no desenvolvimento do livro homônimo, organizado por Paulo Roberto Pereira (doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor na Universidade Federal Fluminense) e publicado pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, em 2021.
A obra, uma coletânea de 14 artigos elaborados a partir das comunicações apresentadas durante o seminário, contou com a participação de pesquisadores brasileiros e de outros países envolvidos na primeira circum-navegação, como: Espanha, Portugal, Argentina, Chile, Peru e Uruguai. A presente resenha se debruça sobre os primeiros sete artigos que compõem a obra. Leia Mais
Florentino Ameghino y Hermanos: empresa argentina de paleontología ilimitada | Irina Podgorny
Florentino Ameghino (1854?-1911) dispensa apresentações para os historiadores das ciências, em especial da paleontologia, da zoologia, da antropologia, da etnografia, da arqueologia. Sua vasta obra, referência obrigatória para os especialistas europeus e norte-americanos de sua época, de Paris a Princeton, permanece consulta imprescindível, não só para a história da geologia, da paleontologia, da antropologia, da historiografia latino-americana, como para o esclarecimento de prioridades de pesquisas.
É certo que desde sua morte não faltaram obituários, biografias laudatórias do “sábio”, notas nas revistas científicas internacionais das diversas áreas disciplinares para as quais Ameghino deixou suas inúmeras contribuições. Leia Mais
Sex, skulls, and citizens: gender and racial science in Argentina (1860-1910) | Ashley Elizabeth Kerr
Todos nuestros huesos persisten al paso del tiempo. Son los últimos registros del archivo viviente que llamamos cuerpo. Frágiles e indestructibles, los restos óseos resisten archivados bajo tierra (o minan) nuestro vínculo con el pasado. Esto parece aún más evidente en una Argentina en la que los restos humanos se han transformado en poderosos agentes de las narrativas históricas. Quizás un ejemplo paradigmático de esto sean los restos de las víctimas del terrorismo de Estado de la última dictadura militar, que, activados por los equipos de antropología forense y los organismos de derechos humanos, se transformaron en actores indiscutibles en los procesos por la verdad, la memoria y la justicia.
Sex, skulls and citizens aborda otros restos: aquellos que durante décadas permanecieron como botines de guerra en las vitrinas de los museos. Este libro se ocupa de aquellos cuerpos violentados por el proyecto expansionista del Estado argentino para indagar sobre los puntos de contacto entre ciencia, raza y sexualidad en la formación de la argentina moderna. Leia Mais
Educación, historia y sociedad: el legado historiográfico de Antonio Viñao | Pedro Luiz Moreno Martínez
O alentado livro, organizado por Pedro Luiz Moreno Martínez, não é apenas uma homenagem, mas um balanço historiográfico dos mais profícuos da História da Educação recente, desde o ponto de vista dos pesquisadores espanhóis. Com a competência e seriedade que lhe é peculiar, o autor-organizador passa a limpo a produção historiográfica espanhola a partir do diálogo de 16 historiadores da educação com o legado de Antonio Viñao. Justa homenagem nascida a partir da aposentadoria deste autor das suas funções junto ao ‘Departamento de Teoria e Historia de la Educación’da Universidad de Murcia, no sudeste espanhol.
A obra oferece ao leitor interessado nos estudos historiográficos uma constelação de temáticas desenvolvidas por diferentes historiadores, em diálogo rigoroso e criativo com a obra do homenageado. Iniciando com um olhar de Dollores Garrillo Gallego e Damián Lópes Martínez, professores da Universidad de Murcia, para a trajetória de Viñao quem, formado no campo do Direito converteu-se em uma referência nos estudos em história da educação não apenas na Espanha. Na sequência, é analisadoo lugar ocupado pela Universidad de Murcia na reconfiguração e renovação do campo a partir da década de 1980, em um capítulo assinado por María José Martinez Ruiz-Funes e Ana Sebastián Vicente, professoras da mesma universidade. Aquela renovação, da qual fizeram parte vários dos autores presentes na coletânea, demarcaria a independência dos estudos históricos da educação em relação ao campo pedagógico. Por certo isso contribuiu para que dali surgisse um dos mais vigorosos veios de estudos históricos sobre os fenômenos educativos, reconhecido em praticamente todo o mundo pela força dos seus pressupostos empíricos, teóricos e metodológicos. Leia Mais
Aristóteles ou o vampiro do teatro ocidental | Florence Dupont
Aristóteles | Francesco Hayez, 1808
Aristóteles ou o vampiro do teatro ocidental, de Florence Dupont, traduzido no Brasil em 2017, pode provocar em seus leitores impressões muito distintas. Não se segue, neste comentário crítico, a sequência de argumentos e capítulos da obra em questão40, apenas uma análise mais particular de determinadas perspectivas ou, até mesmo, de posicionamentos que parecem estar na base da proposta do livro.
Um dos esforços mais longamente empreendidos por Dupont em Aristóteles ou o vampiro do teatro ocidental é o de revelar o quanto a Poética – principal alvo do estudo – não dá a atenção necessária a uma série de práticas que constituíam o acontecimento teatral na Atenas clássica. Como afirmado, desde a Introdução, “Aristóteles isolou o texto de teatro para fazer dele um objeto de análise” (p. 10), produzindo uma reflexão autônoma sobre “um texto objetivável” (p. 22). Esse isolamento faz com que a Poética ignore o papel da música na tragédia antiga; do coro, transformado “em um personagem como outro qualquer” (p. 17); do destinatário dos espetáculos, celebrante de um grande evento, o cidadão ateniense que, aliás, Aristóteles não era, como lembra Dupont. Criou-se, assim, um estatuto específico para os personagens, dentre outros efeitos decorrentes da análise centrada no texto trágico. Florence Dupont é enfática ao afirmar que “nunca se insistirá o bastante na distância que separa a Poética – que é uma teoria do texto trágico – da realidade histórica do teatro em Atenas” (p. 20). O rigor com que lê o texto aristotélico – em grego, como faz questão de ressaltar – e a erudição apresentada ao tratar da experiência teatral antiga, em seu “contexto litúrgico e epidítico” (p. 21), evidenciam o quanto de anacronismo há nas nossas leituras contemporâneas das tragédias gregas, centradas nas perspectivas do filósofo. Leia Mais
Naturaleza muerta. La mirada estética y el laberinto moderno | Vicente Serrano
Vicente Serrano | Foto: Alejandro Sotomayor
Este ensayo de Vicente Serrano, autor de La herida de Spinoza (Premio Anagrama 2011) y Soñando con monstruos (2010), reflexiona en torno a la estética contemporánea. Para ello acude a una revisión profunda del cambio de paradigma que significó la noción cartesiana y sus posteriores efectos en el pensamiento contemporáneo, en el cual el dualismo gesta una era de distinciones que reclamará una nueva función para el arte.
Un hilo común en los trabajos de Serrano es relevar la función de los afectos en los problemas del ser humano contemporáneo. En el caso de esta obra, para los efectos del dualismo cartesiano y su ruptura con el concepto de naturaleza en el arte, propone volver sobre aquello que le es propio: afectar al espectador. Leia Mais
Ferreiros e fundidores da Ilamba: uma história social da fabricação do ferro e da Real Fábrica de Nova Oeiras (Angola, segunda metade do século XVIII) | Crislayne Alfagali
Crislayne Alfagali e Dayana Façanha | Imagem: Unicamp (2018)
Aos poucos, a historiografia vem dando novo enfoque à experiência que envolve os agentes transformadores dos processos políticos e econômicos que surgiram em fins do século XVIII, sobretudo a história das pessoas que operavam estas transformações diretamente no chão das fábricas e manufaturas. Vemos no trabalho de Elaine Santos (2010), que estudou os trabalhadores centro-africanos na expedição do militar Henrique Carvalho, o destaque dado aos homens e mulheres que não foram marginais à organização e sucesso das iniciativas dos portugueses.2 Os empreendimentos setecentistas corporificavam os anseios das nações que recorreram às concepções fundadas no movimento ilustrado e no utilitarismo de recursos que garantiriam destaque às mesmas no cenário comercial. O perfil e a perspectiva das pessoas que estavam transformando as matérias primas em recursos para os anseios dos Estados têm tomado resultado nos trabalhos desenvolvidos por Crislayne Alfagali. Na sua dissertação Em casa de ferreiro pior apeiro: trajetórias dos oficiais do ferro (Vila Rica, 1750-1795) (2012), a autora lançou mão sobre uma abordagem social dos trabalhadores manipuladores do ferro na capitania de Minas Gerais.
Na dissertação citada, Alfagali apresentou um dos perfis desses trabalhadores que seriam mais tarde analisados ostensivamente no seu doutoramento: os centro-africanos que possuíam larga tradição na obtenção e manipulação de ferro em seus locais de origem na África. Essas pessoas eram os fundidores e os ferreiros da região conhecida pelos colonizadores por Reino de Angola. Leia Mais
“Chile/ la Rusia de América”. La Revolución Bolchevique y el mundo obrero socialistacomunista chileno (1917-1927) | Santiago Aránguiz Pinto
Desde sus orígenes, la adscripción prosoviética de los partidos comunistas fue uno de los tantos aspectos constitutivos de su impronta. No solo los diferenció de otras organizaciones de izquierda, también fue delimitando el propio campo de los comunismos a lo largo del siglo XX. Tal como lo ha planteado Roberto Pittaluga, la Revolución Rusa motivó, para las izquierdas del mundo, actualizar el debate político e ideológico en torno a la emancipación1. De esta manera, terminó por expresar diversas formas de interpretar la realidad local, marcando así sus partiduras identitarias a principios de esta centuria2. En el caso del comunismo, este influjo fue correlativo a la proliferación de estos partidos y su proceso de constitución como un movimiento internacionalista. Por esta razón, su estudio ha sido una aproximación recurrente en la historiografía para abordar el origen de los partidos comunistas desde una perspectiva preocupada por su dimensión global.
En este campo, el libro “Chile, la Rusia de América” busca contribuir a los esfuerzos que, en los últimos años, han cuestionado las miradas reduccionistas respecto a las articulaciones que la Revolución Rusa y la Unión Soviética (URSS) coadyuvaron en los partidos comunistas3. En ese sentido, conceptos como “impacto” o “influencia” se han puesto en entredicho en la medida que proyectan una lógica de radiación que, en múltiples planos, expresaría la asimetría entre los partidos comunistas y la URSS. Al respecto, Gerardo Leibner nos recuerda que, más que tratarse de autoimposiciones provenientes desde el exterior, estas manifestaciones se entroncaban con experiencias y subjetividades enraizadas en el medio sociocultural nacional4. Así, desde distintas veredas historiográficas, se ha avanzado en complejizar la relación entre lo nacional y lo internacional en el comunismo, integrando en la mirada a los actores y actrices locales y sus contextos. De este modo, el concepto de “recepción” ha cobrado presencia en estos estudios al visibilizar dichos procesos creativos. A mi parecer, si bien el libro trata de inscribirse en este desarrollo, ofrece una mirada que, finalmente, reafirma la unidireccionalidad de estas interacciones, pese a cuestionarla en principio. Leia Mais
Compromiso militante y producción historiográfica Hernán Ramírez Necochea y Julio César Jobet (1930-1973) | Gorka Vásquez
La investigación de Gorka Villar nos presenta un aporte al conocimiento histórico de la corriente historiográfica denominada marxista “clásica”, representada en la producción historiográfica del historiador comunista Hernán Ramírez Necochea y del historiador socialista Julio César Jobet, y el vínculo de esta producción con el ámbito de la militancia política, entre 1930 –la década en que ambos ingresaron a estudiar al Instituto Pedagógico de la Universidad de Chile– y 1973, fecha del golpe de Estado en Chile. Este libro debería generar interés tanto en miembros, simpatizantes o investigadores de la historia del Partido Comunista (PCCh) y del Partido Socialista (PS) chilenos, como en los interesados en las narrativas de construcción de la identidad política de ambos partidos. Pero, sobre todo, consideramos que la investigación es de profundo interés para quienes se interesan por el conocimiento de la historiografía y su producción durante el siglo XX chileno, en tanto la corriente marxista “clásica” se desarrolló –tal como nos muestra el autor– en un ambiente intelectual e institucional particular, entre las luchas por la hegemonía política, cultural y de resignificación de la historia de Chile.
Teórica y metodológicamente, Gorka Villar inscribe su estudio en la historia intelectual y la nueva historia política. Sobre esta última plantea que esta “recoge elementos vinculados a las representaciones, ponderando de la mejor manera posible las identidades partidarias y la producción simbólica de los partidos políticos”1. Los objetivos de la investigación de Villar son: “[…] analizar los antecedentes historiográficos que prepararon la irrupción de la historiografía marxista “clásica” y definir sus principales características […] identificar a los representantes de la generación “marxista” clásica y definir sus principales características […] caracterizar la construcción biográfico intelectual (política y académica) […] analizar las simetrías y asimetrías de los planteamientos históricos y políticos…”2; con todo, pensamos que estos se cumplen a cabalidad. Leia Mais
Histoire des guerres d’Israël. De 1948 a nos jours | David Elkaïm
En Histoire des guerres d’Israël, David Elkaïm ofrece un ensayo analítico sobre la historia de los conflictos protagonizados por las Fuerzas de Defensa de Israel (Tzahal), que considera las guerras árabe-israelitas a través de la geopolítica del Medio Oriente y de la razón de Estado. Desde una perspectiva realista, Elkaïm busca demostrar la omnipresencia de la guerra en la vida del Estado de Israel y explica la evolución de la doctrina militar israelita y su adaptación a las condiciones del contexto regional e internacional. Se trata de un libro dedicado al público general, redactado de manera clara y rigurosa. El autor reconoce su deuda para con los “nuevos historiadores” israelíes, grupo que, desde la década de 1980, ha puesto en discusión los postulados tradicionales de la historia nacionalista hebrea, construyendo un enfoque historiográfico más profesional y distanciado de los calores de la Guerra Fría.
En su prefacio, Elkaïm explica los fundamentos teóricos del Tzahal, exponiendo como han actuado siguiendo tácticas ofensivas, sobre el principio del ataque preventivo y la transferencia rápida de las hostilidades en el territorio del adversario, así como sobre una estrategia general defensiva, cuyo objetivo último no es la derrota absoluta del enemigo, sino destruir sus capacidades militares y conquistar territorios para utilizarlos como moneda de cambio en las negociaciones. Según Elkaïm, aunque el principio de restricción ha sido el principio fundamental del intento de hacer del Tzahal, este ideal se ha visto golpeado por la especificidad de los conflictos asimétricos en Medio Oriente y la violencia cotidiana en Cisjordania. Leia Mais
Também os brancos sabem dançar: um romance musical | Kalaf Epalanga
Kalaf Epalanga | Foto: J. Carlos/DW
O músico e escritor Kalaf Epalanga Alfredo Ângelo, recém-lançado no mundo da literatura, nasceu em 1987, na cidade de Benguela, em Angola. Ao fugir da Guerra Civil de seu país, mudou-se aos 17 anos para Lisboa, onde desde então vive em alternância com Berlim. Kalaf Epalanga é também autor da coletânea de crônicas (divididas em duas partes): Estórias de amor para meninos de cor (2011) e O angolano que comprou Lisboa (2014). Publica, em 2017, seu primeiro romance: Também os brancos sabem dançar: um romance musical.
Kalaf ganhou notoriedade no âmbito musical através do som frenético e envolvente produzido pelo grupo musical Buraka Som Sistema, do qual é membro. Em entrevista à revista Estante (2015), comenta que virar escritor não estava nos seus planos. Entretanto, o mundo das palavras sempre o seduziu e sua bibliografia, embora ainda pequena, possui enorme representatividade em função de suas obras dialogarem com temas relevantes que marcam a vida do autor, como identidade, migração e angolanidade. Leia Mais
Tratas, esclavitudes y mestizajes. Una historia conectada, siglos XV-XVIII | Manuel F. Fernández Chaves, Eduardo França Paiva e Rafael M. Pérez García
1 El libro que comentamos se inscribe en lo que desde hace unos años se identifica como historia conectada, cuyo sentido es el de seguir el hilo de la conexión entre ámbitos diferenciados buscando un modo de comprender determinadas realidades a la luz de la comparación y de la interrelación. En este caso el hilo conductor es el estudio de las esclavitudes –plural muy acertado– y las dinámicas de mestizaje desarrolladas en las áreas de expansión de España y de Portugal, así como en la península ibérica, observando cómo presupuestos culturales propios y lógicas económicas ibéricas se conectaron o confrontaron con los de otros pueblos. Por otro lado, la obra es una nueva aportación de un equipo dirigido por Manuel F. Fernández Chaves y Rafael M. Pérez García, que lleva a cabo una intensa e innovadora investigación en la relación y comparación entre los ámbitos hispánico y portugués en las facetas migratoria, social y comercial, para la que cuentan con la asidua colaboración de investigadores del otro lado de la frontera y del otro lado del Atlántico; de ahí que esta edición esté firmada también por Eduardo França Paiva, de la brasileña Universidade Federal de Minas Gerais. Leia Mais
The European Illustrated Press and the Emergence of a Transnational Visual Culture of the News/ 1842-1870 | Thomas Smits
1 O livro em apreço tem origem na tese de doutoramento do autor, defendida em 2019 na Radboud University, tendo sido publicado em 2020 como parte integrante da série Routledge Studies in Modern European History. A obra foi desenvolvida entre acervos físicos, com periódicos que não existem na versão digital, e a busca de palavras-chave em acervos digitais. Bem como já destacado por Laurel Brake e James Mussel, a análise de Smits atenta para a importância de se considerar os dois tipos de acervo, uma vez que o digital fornece um acesso limitado ao passado, mas ao mesmo tempo enseja uma ampliação significativa dos estudos a serem realizados.1 Sendo assim, trata-se de um livro que apresenta uma interessante discussão historiográfica sobre o uso de fontes primárias.
2 Nos anos 1950, os historiadores começaram a considerar como fonte as imagens produzidas na imprensa do século XIX. Tal tendência se intensificou nos anos 1980, com estudos focados no caráter nacionalista e identitário das imagens. Segundo Smits, entretanto, é preciso ir além desta perspectiva e considerar o caráter transnacional dos jornais ilustrados. A base da argumentação do autor está no conceito de história transnacional de Jürgen Osterhammel,2 sendo os periódicos vistos como pontos de comunicação entre espaços nacionais. Por isso, o livro analisa os três principais jornais em circulação entre 1842 e 1870: Illustrated London News, l’Illustration e Illustrirte Zeitung, de procedência britânica, francesa e alemã, respectivamente. Em seguida estende a análise para outros 40 jornais de diversos países ao redor do mundo, a fim de entender como os leitores olhavam para as mesmas imagens. Leia Mais
Os impérios ibéricos e a globalização da Europa (séculos XV a XVII) | BartoloméYun Casalilla
1 El autor, que desde hace varias décadas ha investigado sobre la historia del Imperio español, aborda ahora una comparación entre los dos primeros poderes globales: los imperios español y portugués. El libro está basado en ideas expuestas en su Marte contra Minerva (Madrid: Crítica, 2004), a las que se añaden discusiones teóricas más recientes. Esta edición en portugués es una traducción de una versión en inglés publicada en 2019. Esta historia global de los imperios ibéricos gira en torno a tres temas principales: (i) una evaluación de la leyenda negra; (ii) una crítica de recientes explicaciones neoinstitucionales; (3) la globalización vista desde los mundos ibéricos. Estos tres temas guían al autor en su interpretación del ascenso de los estados ibéricos a la preeminencia global, y las consecuencias que este proceso desencadenó en los equilibrios domésticos. El autor examina algunas narrativas que atribuyen a España y Portugal una imagen de atraso económico. Además, busca explicar el ascenso de las potencias ibéricas no como casos excepcionales, sino como vías alternativas a la modernidad. En esta línea, Yun ofrece explicaciones alternativas sobre los procesos de construcción del Estado desde la perspectiva del sur de Europa. Leia Mais
Pistas falsas: uma ficção antropológica | Néstor García Cancline
Nestor Garcia Canclini | Imagem: Jornal da USP, 2020
Todo o planeta, uma década no futuro – este é o ambiente do novo livro do antropólogo argentino Néstor García Canclini. “Pistas Falsas: Uma Ficção Antropológica” (Itaú Cultural/Iluminuras, 2020, 106 páginas na versão digital) é um trabalho ficcional do autor empossado em 2020 na Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Está dividido ao todo em 20 capítulos, sendo estes divisíveis em dois grupos. No primeiro grupo, de quinze capítulos, a narrativa é apresentada em terceira pessoa onisciente, cujo enfoque é na descrição de mundo, e os diálogos, centrados nas relações acadêmicas e pessoais dos principais personagens. O segundo grupo reúne cinco diários de campo em primeira pessoa, “escritos” pelo protagonista: um arqueólogo chinês não-nomeado, cujo conflito inicial se dá quando, intrigado pelas condições sociais e culturais da América Latina, começa uma pesquisa antropológica urbana ao se mudar para Buenos Aires. Leia Mais
Johannes Kepler: The Order of Things | Wolfgang Osterhage
Wolfgang Osterhage | Foto: Alfred Schmelzeisen/General Anzeiger (2015)
Placing order amid chaos is a fascinating proposition. In some episodes in history, the goal of organizing and attributing meaning to phenomena and, in this way, meeting the human desire to understand the world was treated seriously. Among the most famous names who glimpsed and pursued this purpose is Johannes Kepler (1571-1630). The book entitled Johannes Kepler: The Order of Things seeks to present this perspective. The author of this book, Wolfgang Osterhage, situates the events in Kepler’s life and his immense effort to find an order underlying all things. In this sense, the book, which belongs to the Springer Biographies series, is not only a biography; Osterhage intends to use Kepler’s life and achievements as a kind of catalyst for humanity’s effort to find order in environmental and cosmic events. Leia Mais
History/ Philosophy and Science Teaching: A Personal Story | Michael Matthews
Tomás de Aquino | Bartolomé Esteban Murillo (1650)
History, Philosophy and Science Teaching: A Personal Story is a captivating academic autobiography, published in 2021, by Michael R. Matthews, Australian philosopher of education, known for his contribution to the advancement of the use of history and philosophy of science to enhance science education. As Matthews chronicles his own intellectual and career trajectory, he ends up outlining the history of the research in History and Philosophy of Science and Science Teaching (HPS&ST). I began my own journey into HPS&ST around 2009, as I moved to Salvador, Bahia, Brazil, to pursue a PhD at the Graduate Program in Teaching, Philosophy and History of Sciences UFBA-UEFS2 – after having already been well trained in the history and philosophy of science at the Federal University of Minas Gerais (UFMG) over ten years. In what follows, I endeavor to outline a personal review of Matthews’ book: History, Philosophy and Science Teaching: A Personal Story.
I had the pleasure of meeting Mathews twice after beginning my journey into HPS&ST. Firstly, in 2010, at a time I was still a novice in HPS&ST research, on the occasion of the 1st Latin American Conference of the International History, Philosophy, and Science Teaching Group, which took place in Maresias, Brazil. A few years later, in 2012, in Boston, USA, when I was a Fulbright visiting scholar at STS MIT, I attended a colloquium at the Boston University’s Center for Philosophy and History of Science, where Matthews gave a talk entitled “HPS&ST: Looking Back and Going Forward”. Leia Mais
A Way through the Global Techno-Scientific Culture | Sheldon Richmond
C. P. Snow | Imagem: Literary Theory and Criticism
“Plus l’homme est ignorant, plus son obéissance,
plus sa confiance dans son guide est absolue”
Qu’est-ce que la propriété? (Paris, 1840)
Pierre-Joseph Proudhon
Culture and Knowledge under the Technopoly Regime
In his most recent work, A Way through the Global Techno-Scientific Culture, published in 2020, Canadian philosopher Sheldon Richmond addresses essential questions of philosophy of technology and its inevitable political and social implications by characterizing contemporaneity under an autocratic regime marked by subordination to techno-scientific culture. For Richmond, favoured and guided by computer technologies, techno-scientific culture has gradually become predominant since World War II.
Although his book consists of eight parts − the preface, prologue, six chapters, and epilogue − Richmond dispenses with linearity in the reading of his work. Instead, as in a diagram or a mosaic, where components assume autonomy of meaning, the philosopher suggests that his readers establish their criteria, that is, orient themselves by their interests in exploring the work. This approach ensures a dynamic quality of the work. Nevertheless, the subjects treated oscillate around two central axes, maintaining an internal coherence in the sequential structuring adopted or provided by the author. From the preface to the third chapter, “Culture”, Richmond discusses the main problems identified with the enormous contemporary technological sophistication. Thus, for example, in the first chapter, “Mystique”, and the second chapter, “Knowledge”, the philosopher discusses the manipulation of the sense of reality and the subsequent disintegration of stable experience of knowledge derived from what he has termed the “mystique” of computers. With the characterization of the conditions that in his understanding pervert the present, threatening humanism and humanity, the author then provides a path, a proposal for the reform of society. Leia Mais
Framing animals as epidemic villains: histories of non-human disease vectors | Christos Lynteris
Em 2020, o historiador e ambientalista Donald Worster publicou texto sobre a pandemia (covid-19) que irrompera no final do ano anterior e que continua devastando o mundo. Em seu texto, Worster (2020) chamava a atenção para o silêncio deixado nas cidades pelo afastamento da população dos possíveis caminhos capazes de cruzar com o tão temido coronavírus SARS-Cov-2, e que estava a se propagar de continente a continente, alcançando novas vítimas. Agora, a causa do silêncio não mais seria o pesticida DDT, como alertado por Rachel Carson em 1962 em seu livro Silent spring, mas um inimigo silencioso, não humano, que chegava desequilibrando a ordem social mundial. Como em outros surtos epidêmicos e pandêmicos, são os animais silvestres e seus patógenos apontados como os grandes vilões da história, e, assim como ocorreu com o Sars ou Ebola, a falta de certeza científica sobre o verdadeiro reservatório é compensada por representações sistemáticas e generalizadas de poucos animais selecionados; no caso, os morcegos, como “bandidos” epidemiológicos (Lynteris, 2019). Leia Mais
Rodeo: an animal history | Susan Nance
Talvez a mais significativa tese sobre os artefatos culturais do Oeste norte-americano tenha sido apresentada por Henry Nash Smith (2009), um dos fundadores do campo intelectual dos american studies. Smith promoveu um profundo debate sobre as raízes civilizatórias da cultura dos EUA, sendo cultuado como um dos mais influentes pesquisadores da tradicional escola historiográfica iniciada por Frederick Jackson Turner (Worster, 1992). O fascinante livro de Susan Nance (2020), Rodeo: an animal history, reforça essa tradição ao trilhar um novo caminho – original e instigante – para compreender os símbolos e mitos do Oeste a partir do papel histórico dos não humanos. O seu estudo privilegia os animais de rodeio, entendidos pela autora como representação sui generis desse arcabouço cultural. Enquanto Smith privilegiava as personagens humanas, Nance procurou descrever os não humanos. Na obra, a indústria cultural do rodeio se manifesta como a instituição responsável por manter vivos os mitos da fronteira e seus atributos: rusticidade, virilidade, independência, resiliência, entre outros. E, nesse sentido, a principal influência teórica é o trabalho do historiador Richard White (1991, 1994) nas escolhas dessa nova abordagem do Oeste.
Importante ressaltar que a experiência pessoal da autora com o mundo rural foi uma energia capital para a pesquisa. Essa subjetividade se apresenta na problematização dos rituais do rodeio, como celebração coletiva da conquista humana sobre o território e os não humanos. E, por racionalizar o rodeio como “comoditização” do Oeste e dos seus símbolos: autodeterminação, independência e liberdade. Esse é um argumento essencial, diluído nos seis capítulos do livro, no qual os não humanos desempenham um papel protagonista. Leia Mais
Zoo studies: a new humanities | Tracy MacDonald e Daniel Vandersommers
O livro de Tracy McDonald e Daniel Vandersommers (2019) é um ótimo sinalizador do potencial e dos limites que o campo de investigações identificado como zoo studies possui. Associados a campos similares, como animal studies, os zoo studies têm uma particularidade: são centrados em uma instituição que, segundo os organizadores, normaliza uma determinada maneira de estar no mundo, apartada dos demais seres viventes. Essa instituição é acusada de legitimar, por meio do cativeiro, a supremacia dos humanos sobre os não humanos, assim como de desqualificar o direito destes últimos ao mesmo planeta que habitamos. Os zoo studies surgem, portanto, não apenas para dar visibilidade aos habitantes cativos dos zoológicos, mas também para questionar o nosso próprio conceito de “humanidade”, em oposição, desde o Iluminismo, ao de “animal”.
Esses princípios são interessantes e oportunos. A academia tem, de fato, muito a investigar sobre a história dos zoológicos, assim como há muito a ser discutido, nas mais diversas áreas de conhecimento, sobre o papel que os zoológicos desempenham na sociedade contemporânea e em diversos contextos socioculturais. Não são os princípios, portanto, a razão de minha crítica ao livro de McDonald e Vandersommers. Não divergimos quanto a eles, mas na plataforma política que subjaz a esses princípios. Antes de levantar questões para um debate, farei um breve sumário do conteúdo do volume. Leia Mais
The political lives of Victorian animals: liberal creatures in literature and culture | Anna Feuerstein
No cenário tecnológico e ambiental contemporâneo, sob a égide do conceito de Antropoceno, ascende a demanda pela problematização dos sentidos de “humanidade” e “humanismo”. Nessa perspectiva, a produção de conhecimento orienta-se para a exploração de objetos e abordagens que transcendem as sociedades humanas e as reposicionam em relação a outros sujeitos igualmente dotados de interioridade e agência.
Abraçando a pesquisa historiográfica e a crítica político-cultural, o trabalho de Anna Feuerstein, professora da Universidade do Havaí em Manoa, inscreve-se nesse contexto. The political lives of Victorian animals divide-se em duas vertentes principais: a incorporação dos animais na comunidade política liberal forjada ao longo do século XIX inglês e a representação da subjetividade animal pela produção intelectual da época. Leia Mais
Dom Rodrigo de Sousa Coutinho: pensamento e Ação político-administrativa no Império Ultramarino Português (1778-1812) | Nivia Pombo
Para o início dessa narrativa tomemos como ponto inicial o título da obra em questão, Dom Rodrigo de Sousa Coutinho: pensamento e Ação político-administrativa no Império Ultramarino Português (1778-1812), da historiadora Nívia Pombo, publicado em 2015, fruto da pesquisa de mestrado. Retirando por um momento todo conteúdo escriturário, de outro modo, todo fazer historiográfico que ordena o caos, o nome Dom Rodrigo de Sousa Coutinho marca um tempo. Para historiografia colonial, sobretudo a que se debruça sobre a virada do século XVIII para o XIX, o nome Dom Rodrigo remete a uma série de acontecimentos. Os códigos alfabéticos, amontoados uns aos outros formando o nome de um sujeito, uma sonoridade ímpar, transfere sorrateiramente quem o ler a um tempo histórico acelerado; de rupturas e continuidades de uma determinada ordem. Leia Mais
Chile en los archivos soviéticos: años 60 Tomo 4 | Olga Ulianova
A casi cinco años de su fallecimiento, la querida y recordada profesora Olga Ulianova sigue tan prolífica como de costumbre. No solo acaba de aparecer en el último número del prestigioso Journal of Cold War Studies un interesante artículo firmado por Ulianova y Alessandro Santoni1 , sino que hace unos meses Ariadna Ediciones, con el auspicio del Departamento de Historia de la Universidad de Santiago, ha publicado Chile en los archivos soviéticos: años 60, un libro que recopila documentos que fueron encontrados, traducidos y comentados por Ulianova antes de su deceso, y que, con cierta justicia, se presenta como el cuarto tomo de la famosa serie Chile en los archivos soviéticos, publicada, en entregas sucesivas, por Ulianova y Alfredo Riquelme al alero del Centro de Investigaciones Barros Arana, entre 2005 y 2017 2 . El siguiente ensayo busca reseñar y relevar la importancia de este nuevo libro, analizando y comentando la documentación, y ofreciendo, además, algunas comparaciones con los primeros tres tomos.
En primer lugar, cabe advertir que este, el cuarto tomo de la serie, es de una naturaleza radicalmente distinta a los anteriores. Mientras que los tres primeros tomos recopilan documentación del Partido Comunista de Chile (PCCh) y de la Internacional Comunista (o Komintern) en un marco cronológico que va de 1921 a 1941, este tomo se centra en la década de 1960 y recopila documentación de un conjunto heterogéneo de organizaciones, entre las que destacan: la Central Única de Trabajadores de Chile (CUT), el Consejo Central de los Sindicatos Soviéticos (CCSS), el Instituto Cultural Chileno-Soviético (ICCS), la Unión de Sociedades Soviéticas de Amistad y Relaciones Culturales (SSOD) y el Ministerio de Asuntos Exteriores de la Unión Soviética (MAE). Esto supone, a la vez, una ventaja y una desventaja marcada por la presencia novedosa de ciertas voces y la ausencia lamentable de otras, cuestión particularmente evidente al leerse este tomo en diálogo con los anteriores. Leia Mais
Edifícios de Apartamentos em Fortaleza. Universalidades e singularidades | Marcia Gadelha Cavalcante
“A casa é uma máquina de morar”
Le Corbusier
“O espaço faz parte da arquitetura”
Oscar Niemeyer
“Menos é mais”
Mies van der Rohe
Não terá sido apenas por conta de um prolongado processo de gestação acadêmica que a oportunidade de conhecer o trabalho da arquiteta Márcia Gadelha Cavalcante foi por tanto tempo adiado.
Aceitei a responsabilidade de fazer a apresentação de um livro aguardado pelos que conheciam a sua existência, e que agora, em roupagem física irretocável, traz surpresa grata aos que o terão finalmente, impresso em papel, como já não se fazem habitualmente os escritos publicados. Leia Mais
Modos de morar nos apartamentos duplex. Rastros de modernidade | Sabrina Studart Fontenele Costa
Um velho ditado inglês diz que a prova de um pudim é seu gosto – the proof of the pudding is the taste. Talvez isso valha para diversas das realizações humanas e para o abismo que vemos muitas vezes entre traço e resultado ou, como diziam nossos poetas, a distância entre intenção e gesto.
Refiro-me aqui a ideias do mundo da arquitetura e da residência. Riscos que muitas vezes vieram eivados de intenções (geralmente boas) e que passaram pelo escrutínio que só a passagem do tempo pode conferir. Leia Mais
Civilização, tronco de escravos | Maria Lacerda de Moura
Maria Lacerda de Moura | Imagem: Arte Andreia Freire / Reprodução / Revista Cult
Chamamos de visionárias aquelas que, atentas às questões da sua época, teciam críticas que nos servem dezenas ou mesmo centenas de anos depois. Entretanto, trata-se, muitas vezes, de pessoas que souberam analisar tão bem o presente que nele captaram as centelhas que acendem outros fogos no futuro. Assim é a obra de Maria Lacerda de Moura (1887-1945) e é assim que recebemos a nova edição lançada pela editora Entremares da obra Civilização, Tronco de Escravos, organizada pelas pesquisadoras e professoras Patrícia Lessa e Cláudia Maia, ambas historiadoras com amplas pesquisas relacionadas às lutas das mulheres e com trabalhos já desenvolvidos sobre a anarquista brasileira.
Civilização, tronco de escravos é a segunda obra de Maria Lacerda de Moura lançada pela editora Entremares, que também já publicou uma nova edição de Fascismo: filho dileto da Igreja e do Capital (2018) e recentemente lançou a obra Amor & Libertação em Maria Lacerda de Moura (2020), de Patrícia Lessa. Leia Mais
Independência Africana: Como a África Contemporânea redefiniu o mundo | Tukufu Zuberi
Tukufu Zuberi | Imagem: IMDb
“No passado as potências coloniais ocidentais saquearam a África,
enviando carregamentos de marfim, ouro, borracha, sal e, é claro,
pessoas escravizadas. Hoje, a África continua sendo uma cornucópia de riqueza.” (ZUBERI, 2021, p. 130)
A epígrafe deste texto fornece um pequeno vislumbre do pensamento dinâmico e rico em informações históricas com o qual o professor Tukufu Zuberi conduz os leitores de seu mais recente livro, “Independência Africana: Como a África Contemporânea redefiniu o mundo”. O livro apresenta um relato cheio de detalhes, do ponto de vista histórico, do chamado processo de independência africana. A pesquisa do professor Zuberi é baseada em relatos orais, entrevistas com líderes africanos e participantes deste movimento, que alcançou diferentes países em meados do século XX. A narrativa em questão é sensível e ilustrada com várias imagens. Essa riqueza de fontes históricas utilizadas pelo autor (relatos, entrevistas, bibliografias, fotos) também contribui para um importante debate atual: reforça a perspectiva metodológica dos trabalhos que tratam da História e que separam a escrita da História de narrativas ficcionais ou de opiniões somente. Leia Mais
Racismo estrutural | Silvio Luiz de Almeida
Silvio Luiz de Almeida | Imagem: PRERRO, 2021
Frente a uma realidade em que a maioria da população brasileira se constitui de cor preta e parda, o racismo ainda impera definindo os lugares sociais da população não branca. É inevitável supor que os séculos de escravização de africanos e seus descendentes tenha gerado uma eficiente estrutura social de exclusão. Nas últimas décadas, tem ganhado espaço o debate em torno do racismo e suas consequências para o meio social. Nesse interim, a produção de autores negros vem contribuindo para legitimar as abordagens que confirmam a vitalidade do racismo no Brasil.
Silvio Almeida, um homem negro que percebeu ao longo de sua vida as exceções dadas aos de sua cor, soube indagar e perceber o racismo mesmo em suas formas mais sutis. De formação jurídica e filosófica, trouxe para seu livro Racismo estrutural análises balizadas no Direito, na Filosofia, na Economia e na Ciência Política, sem contudo abandonar a Sociologia e a História. Essas duas última tem em grande medida, conduzido o debate em torno da questão racial desde o fim da escravidão. E ao enveredar pela teoria social, Almeida nos apresenta os diversos entremeios em que o racismo se instalou para compor um racismo estrutural no Brasil. Leia Mais
História de crimes, justiça e instituições: fontes judiciais e agentes | Aguinaldo Rodrigues Gomes, Magda Nazaré Pereira Costa e Adson Rodrigo Silva Pinheiro
Magno Francisco de Jesus Santos | Imagem: Infonet, 2014
A obra História de crimes, justiça e instituições: fontes judiciais e agentes é uma coletânea organizada por Aguinaldo Rodrigues Gomes, Magda Nazaré Pereira da Costa, Adson Rodrigo Silva Pinheiro e Raick de Jesus Souza, que tem como objetivo apresentar discussões sobre perspectivas de pesquisa em História Social. Reunindo estudos sobre diferentes temáticas e problemáticas do campo do conhecimento histórico, a presente coletânea é resultado da 12ª edição do Encontro de História da Anpuh-Pará, com o tema Passado e Presente: os desafios da história social e do ensino de história, realizado em formato virtual entre os dias 2 a 4 de dezembro de 2020.
A apresentação da coletânea foi escrita pelo historiador Francivaldo Alves Nunes, Presidente da ANPUH-Seção Pará, abordando em seu texto a importância da obra e da realização do evento para o diálogo entre o ensino de história e a história social como campos de pesquisa. Atentando para a relação entre passado e presente na pesquisa histórica, mediante questões socialmente vivenciadas, a proposta da coletânea é reunir trabalhos voltados para uma crítica historiográfica que possibilite ampliar discussões acerca de métodos e análises documentais no campo da História Social. Leia Mais
Las movilizaciones estudiantiles de 1970-1973 en la Universidad de Sonora. Ensayo sobre las influencias de los sesenta globales en un contexto local | Cuitlahuac Alfonso Galaviz || La universidad en el naufragio. El Comité Estudiantil de la Universidad de Sonora y el conflicto por la modernización 1991-1992 | Denisse de Jesús Cejudo Ramos
La historia reciente de América Latina ha experimentado un crecimiento importante en las últimas décadas. En especial, son significativos los aportes que están realizando jóvenes investigadoras e investigadores en los estudios sobre las universidades y los movimientos estudiantiles. Sintomático de estas contribuciones son los dos libros que acaba de publicar la colección “La Mirada del Búho” de la Universidad de Sonora1 . El primero fue escrito por Cuitlahuac Alfonso Galaviz Miranda (2021) y se titula Las movilizaciones estudiantiles de 1970-1973 en la Universidad de Sonora. Ensayo sobre las influencias de los sesenta globales en un contexto local. El segundo, La universidad en el naufragio. El Comité Estudiantil de la Universidad de Sonora y el conflicto por la modernización 1991-1992, pertenece a Denisse de Jesús Cejudo Ramos (2020). Leia Mais
A las palabras se las lleva el viento/ lo escrito queda. Revistas y economía durante el peronismo (1945-1955) | Marcelo Rougier, Camilo Mason
La reciente compilación de Rougier y Mason constituye un importante aporte para el estudio de las ideas económicas del peronismo. Especialmente, porque la propuesta se centra en un interesante abordaje que combina elementos de la historia política, económica y cultural, con puntos de encuentro entre la estadística y la lingüística. En este sentido, los autores dan cuenta de cómo la fuente para el historiador constituye un punto de encuentro entre el pasado y el presente, y en el caso de las revistas que se proponen examinar, una vacancia para analizar las cambiantes coyunturas sociales al situarse estas entre el periódico y el libro. Además, la naturaleza de este tipo de publicaciones, permite a los autores dar cuenta de los valores, compromisos y concepciones de intelectuales relacionadas al proceso histórico del peronismo, sus luchas y credenciales políticas en tanto la revista expresaría una confluencia de pasión individual y colectiva frente a los fenómenos históricos. Así, las publicaciones abordadas por los autores refieren a una variedad de temas económicos como las finanzas, el comercio, la actividad rural e industrial, en general vinculadas mayormente a organismos y asociaciones no oficialistas, lo que permite enriquecer la mirada política. Incluso, los debates que se abordan en el análisis de prensa se encuentran estrechamente vinculados a procesos puntuales de la época como la conformación de un campo de economistas, los problemas de abastecimiento del papel prensa, entre otros. Leia Mais
Da Pedra do Sal Até Coelho da Rocha – Ilé Ase Ópó Àfónjá | Ed Machado
Na metade do século XIX, mais da metade da população brasileira era negra, esses números ainda são uma realidade. Não à toa, muitos estudiosos dizem ser o Brasil, um país com instituições europeias de cultura africana. Não precisavam os estudiosos afirmarem, ao olharmos paras ruas do Brasil, vemos África em todos os cantos, na música, na culinária, na dança, na língua e principalmente, na cor da pele do nosso povo. Com a religiosidade, não seria diferente.
Através da história oral, de documentos e cartas trocadas por mãe Aninha e sua filha, mãe Agripina, Ed Machado remonta toda a trajetória da criação de um dos primeiros terreiros de candomblé do Brasil. Leia Mais
Lugares/ personagens e outras coisas de Sergipe | Dilton Cândido Santos Maynard e Vivian Cruz Monteiro
Dilton Cândido Santos Maynard | Foto: UFS
A obra Lugares, personagens e outras coisas de Sergipe foi organizada por Dilton Cândido Santos Maynard e Vivian Cruz Monteiro, e publicada pela EDUPE, em 2021. Sua publicação contou com o apoio financeiro da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (FUNCAP). Os organizadores se empenharam em produzir uma obra que, ao reunir autores que vivem, já viveram ou circulam por Sergipe, possibilita aos leitores a visão de pessoas que abordam pela escrita um pouco do extenso repertório de lugares, manifestações culturais e religiosas, personagens e artistas que compõem o estado.
A capa da obra apresenta, em tons claros de azul e verde, o Antigo Farol de Aracaju, destruído num incêndio, em 1884 e em 2009 foi reinaugurado, tornando-se um dos cartões postais da cidade. Imagem bem escolhida, já que a capital sergipana é uma das cidades que mais atraem turistas durante todo ano por sua bela extensão litorânea e opções de lazer. Leia Mais
Ensino de História: fundamentos e métodos | Circe Maria Fernandes Bittencourt
Circe Bittencourt | Imagem: BM Comunicação
Ensino de História: fundamentos e métodos, escrito por Circe Bittencourt, é um livro que trata da atividade docente no Ensino Fundamental sob os pontos de vista histórico, epistemológico e metodológico (História e Pedagogia). Sua quinta edição foi lançada em 2018 e conserva o mesmo objetivo de 2004: subsidiar a formação inicial e continuada dos professores da escolarização básica e dos docentes do ensino superior, formadores dos futuros licenciados em História.
O livro faz sucesso desde a primeira edição. No site Resenha Crítica, a avaliação da obra é o post mais consultado neste ano de 2021, entre os, aproximadamente, 6.000 disponíveis (resenhas e apresentações de dossiês de artigo). São, em média, 50 acessos semanais (Bueno; Urban, 2019). No Google Acadêmico, a quinta edição já ultrapassou a marca das 2000 citações. É uma pena que depois de tantos ganhos empresariais, políticos e acadêmicos, essa versão, publicada em 2018, venha a público com as mesmas imperfeições detectadas há mais de uma década.
Slavery in the Age of Memory: Engaging the Past | Ana Lucia Araujo
Em fevereiro de 2020, perto da capital dos Estados Unidos da América, visitando a plantation Mount Vernon – que pertenceu a George Washington -, a historiadora Ana Lucia Araujo encontrou à venda um ímã de geladeira que reproduzia uma dentadura do ex-presidente feita com dentes de escravizados. Fez disso um elemento da análise sobre como a plantation apresenta seu passado escravista; contrapôs o prosaico objeto ao fato de a propriedade realçar a face de “senhor benevolente” de George Washington ao mostrar como ele deixou manifesta no testamento a vontade de libertar seus escravos. O esdrúxulo da dentadura num íma de geladeira – que consiste em grave ofensa aos cativos e seus descendentes – e a libertação dos escravos em testamento poderiam render muita reflexão sobre as práticas escravistas; aqui, no entanto, são amostra das minúcias da análise de Ana Lucia Araujo no livro Slavery in the Age of Memory: Engaging the Past, publicado meses depois de esta professora da Howard University ter se espantado com aquele artefato à venda.
É crescente a velocidade com que se sucedem episódios de conflito e de memorialização em torno da escravidão e do tráfico de africanos, mas Ana Lucia Araujo é ágil. A atualidade dos acontecimentos mobilizados no livro admira o leitor. A lojinha em Mount Vernon foi visitada em fevereiro de 2020, mas a autora examina muitos outros fatos recentes, como a discussão da troca de nome de um mercado construído no século XVIII em Boston (p.91-93) e as iniciativas oficiais de memorialização da escravidão na França (p.66). Leia Mais
Cidadãos e Contribuintes | Wilma Peres Costa
Cidadãos e Contribuintes: Estudos de História Fiscal, de Wilma Peres Costa, mais do que uma compilação de textos importantes da autora, é o retrato da sua trajetória acadêmica engajada com questões de fundo sobre a história do Brasil. A obra retoma artigos de peso para os debates em que foram inseridos, que se apresentam revisitados e com atualização das suas discussões. Os textos nesta edição, que veio à luz no outono de 2020, ganham mais em profundidade e importância, reunindo a pesquisa desenvolvida no campo de estudos desde sua publicação original. Como todo esforço de pensamento, pertence ao seu tempo e responde a questões centrais para a realidade brasileira vivida, porém sempre relacionada com os desejos da sociedade que se quer construir. Não apenas os textos refletem uma agenda de pesquisa, mas, nas palavras da autora, “reverberam também o forte engajamento político que nos animava, pois tratava-se da democracia que procurávamos reinventar e das desigualdades sociais que urgíamos combater” (p.15).
Mais uma vez, uma grande tragédia nos interpõe questões à realidade vivida. Para os autores que estimularam as discussões contidas nos trabalhos da autora – Marx, Schumpeter, Weber e Keynes – a realidade do início da Era da Catástrofe impunha um debruçar sobre as crises e a estrutura do Estado no passado. Hoje, em 2021, a pandemia do COVID19 ainda desafia a compreensão de suas proporções.3 O pleno entendimento desse fenômeno parece distante e como já habitual do debate nas últimas décadas – e mais nos últimos anos -, o papel do Estado retoma lugar no debate público. A interação com as crises e as formas de norteamento dos dispositivos de arrecadação estão mais uma vez colocadas à prova. Aprender com as crises só é possível a partir do momento em que o entendimento do passado se coloca, de fato, como um pré-requisito, algo que não parece nortear os poderes centrais deste Brasil em que (sobre)vivemos. Quais lições e de quais momentos poderíamos retirar perguntas para construir um futuro? Leia Mais
Educação e sociedade na ditadura civil-militar: adesões, acomodações e resistência | Nadia Gaiafatto Gonçalves e Suzete de Paula Bornatto
O historiador Rodrigo Patto Sá Motta, ao investigar sobre as culturas políticas durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985), levanta reflexões sobre a existência de adesões, acomodações e resistências que permite compreendermos com maior densidade sobre esse período histórico e identificar novas configurações e rupturas ao longo do tempo. Como destaca Motta (2018, p. 132), “[…] mesmo que sejam estruturalmente arraigadas, as culturas políticas podem mudar”.
Nesse sentido, o livro Educação e sociedade na ditadura civil-militar: adesões, acomodações e resistência, organizado por Nadia Gaiafatto Gonçalves, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná e Suzete de Paula Bornatto, docente da mesma instituição, reúne textos que exploram diferentes debates no campo do ensino e suas relações com as culturas políticas da época (Gonçalves & Bornatto, 2019). Dividido em doze capítulos, os trabalhos reunidos são resultados de investigações levantadas em teses e dissertações e permitem preencher diferentes lacunas na história da educação. Leia Mais
Professor Areão: experiências de um “ bandeirante paulista do ensino ”em Santa Catarina (1912 – 1950) | Gladys Mary Ghizoni Teive
Coletânea organizada por Gladys Mary Ghizoni Teive1. A obra em questão busca, por meio da trajetória do professor João dos Santos Areão, um ‘bandeirante paulista do ensino’, saldar a dívida dos historiadores da educação no que se refere ao fenômeno da Historiografia Brasileira conhecido como ‘Bandeirismo Paulista do Ensino’2, entre 1912 e 1950, em Santa Catarina.
A obra foi organizada em seis capítulos e cada capítulo foi escrito por autores distintos, conta ainda com prefácio escrito por Maria Teresa Santos Cunha, apresentação escrita pela organizadora e ao final foi disponibilizado um anexo com excertos da memória de João dos Santos Areão relacionado a sua experiência como diretor dos grupos escolares: Jerônimo Coelho, Vidal Ramos, Hercílio Luiz, e como inspetor escolar. Leia Mais
A Igreja Católica e o Estado Novo salazarista | Duncan Simpson
Nas últimas décadas, a historiografia brasileira intensificou as relações com a historiografia portuguesa no âmbito da contemporaneidade do século XX. Inúmeros intercâmbios foram estabelecidos, e investigadores passaram com frequência a cruzar o Atlântico. No Brasil, nomes como António Costa Pinto, Fernando Rosas, Álvaro Garrido, Maria Inácia Rezola e Fernando Catroga começaram a fazer parte da discussão acadêmica e intelectual. Redes de pesquisa, como a rede Conexões Lusófonas: ditadura e democracia em Português3, foram criadas com o propósito de apresentar, com maior dinamismo, resultados de pesquisas que buscam reflexões acerca do mundo lusófono.
Entre esses pesquisadores, destaco Duncan Simpson como um historiador necessário para o Brasil. Com uma vasta pesquisa sobre a história política e religiosa do Estado Novo salazarista, possui um sólido conhecimento e é um dos grandes nomes da historiografia, não apenas portuguesa, visto que está inserido em uma perspectiva transnacional. Leia Mais
Cultural Diplomacy and the Heritage of Empire: Negotiating PostColonial Returns | C. Scott
Com o final da Segunda Guerra Mundial a Europa estava arrasada. O que antes era considerado o continente mais poderoso do mundo, agora declinava em destruição, mortes e perda em diversos âmbitos, inclusive de status. O mundo pós-Segunda Guerra seria intensamente transformado e revelaria a bipolarização entre o Oriente (liderado pela União Soviética) e o Ocidente (com Estados Unidos e seus aliados), ambos na tentativa de dominar o centro das decisões políticas e econômicas mundial.
Nesse interim, surgiam instituições intergovernamentais importantes como: a Organização das Nações Unidas (ONU) que, desde então, tomou para si a responsabilidade de evitar que outros conflitos como as Grandes Guerras voltassem a ocorrer, trabalhando incansavelmente pela manutenção da paz entre Estados e Nações desde a sua fundação2 ; e, os Tribunais Militares Internacionais (TMI), cortes constituídas por um painel de juízes advindos de cada um dos países Aliados que saíram vitoriosos na guerra. Os Tribunais Militares Internacionais foram criados para julgar crimes de guerra, violações contra a paz, contra a humanidade, e conspirações ligadas a esses tipos de delito, tais como: o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente (The International Military Tribunal for the Far East ou IMTFE, em inglês), também conhecido como Julgamento de Tóquio ou Tribunal de Crimes de Guerra de Tóquio3 , e o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg, na Alemanha – este último, inclusive, serviria como base para a criação do Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, na Holanda, que julga crimes contra os direitos humanos. Leia Mais
Eric Hobsbawm: uma vida na história | Richard J. Evans
Richard Evans | Foto: David Levene/The Guardian
“Durante toda sua carreira como historiador, Eric foi puxado por um lado por ser compromisso com o comunismo e, de forma mais ampla, pelo marxismo, e por outro por seu respeito aos fatos, aos registros documentais e às descobertas e argumentos de outros historiadores cujos trabalhos ele reconhecia e respeitava. Em alguns pontos […], o primeiro vence o segundo, mas no todo é o segundo que prevalece”.
Richard J. Evans
Lançado em 2019 na Inglaterra, acaba de ser lançada, no Brasil, em 2021, a biografia de Eric Hobsbawm escrita pelo historiador Richard J. Evans. Um livro sobre a vida de um dos mais influentes historiadores, dos séculos XX e XXI, no mundo (Hobsbawm), especialmente popular no Brasil, escrita por um proeminente historiador inglês (Evans), que se destacou por seus trabalhos sobre história da Alemanha no século passado, especialmente sobre o Terceiro Reich. Leia Mais
Religiões e Religiosidades no Brasil: História, Historiografia e Ensino | Ítalo Domingos Santirocchi, Marcia Milena Galdez Ferreira e Wheriston Silva Neris
Religiões e Religiosidades no Brasil: História, Historiografia e Ensino é uma coletânea de artigos organizados por Ítalo Domingos Santirocchi, Marcia Milena Galdez Ferreira e Wheriston Silva Neris, que tem por objetivo apresentar resultados de pesquisas desenvolvidas em diversas regiões do país por autores em diferentes estágios de maturação e com diversas concepções teóricas e metodológicas, mas com objetos de estudos comuns: religiões e religiosidades. A obra conta com quatorze artigos, divididos em quatro seções. A primeira parte trata da relação entre a religião, a política e o poder; a segunda reflete sobre as memórias e representações religiosas; a terceira, por sua vez, reflete sobre a religião, trajetórias e narrativas bibliográficas; e, por fim, a quarta parte contempla considerações sobre a religião, as religiosidades e o ensino destas. Leia Mais
Todos estos años de gente: Historia Social, protesta y política en América Latina | Andrea Andujar e Ernesto Bohoslavsky
Andrea Andujar e Ernesto Bohoslavsky |Fotos: Juan Pablo Sánchez Noli y Sabrina García/Industrias de Lamemoria e Ana D’angelo/Pagina12
A recente publicação em língua espanhola do livro Todos estos años de gente: historia social, protesta y política en América Latina (2020) nos convida a refletir sobre um campo historiográfico há muito referenciado em nossas academias, mas que segue em grande e profícuo movimento: a História Social e seus sujeitos. Organizado por Andrea Andujar e Ernesto Bohoslavsky, o livro reúne renomados historiadores com diferentes abordagens, temáticas e teóricas, provocados pelas indagações sugeridas na mesa redonda La historia y la protesta en América Latina, que integrou a segunda edição do Congreso Internacional de la Asociación Latinoamericana e Ibérica de Historia Social – ALIHS. O encontro ocorrido em 2017, na cidade de Buenos Aires, aparece agora sob uma proposta atenta aos debates historiográficos que, perfilados pela diversidade latino-americana, convoca-nos a pensar as intersecções entre os movimentos sociais e aqueles que os estudam, com especial ênfase na relação humana experienciada no tempo. Os historiadores Andujar e Bohoslavsky, que lançaram seu livro pela Editorial Universidad Nacional General Sarmiento, convocam para o palco principal do debate o fio invisível que conecta as escolhas individuais e as coletivas envolvidas na história dos protestos, resultando num belo exercício crítico sobre memória e ação política. Leia Mais
Mercados e feiras livres em São Paulo: 1867-1933 | Francis Manzoni
Francis Manzoni, 2020 | Foto: Sesc-SP
O livro Mercados e feiras livres em São Paulo (1867-1931), do historiador Francis Manzoni, lançado pela Edições Sesc em 2019, é fruto de sua dissertação de mestrado defendida na Universidade Estadual Paulista cinco anos antes. O autor apresenta à comunidade de historiadores e ao público geral o universo do abastecimento e da alimentação da capital paulista, em diálogo com a urbanização, o mundo do trabalho e os conflitos dos diferentes sujeitos que formaram a cidade, como negros, migrantes e estrangeiros. Tais agentes são compreendidos como os protagonistas de uma história feita por lavradores, carroceiros, carregadores, vendedores ambulantes, tropeiros e comerciantes que atuavam no ramo alimentício e de produtos de uso cotidiano pela população da cidade entre o final do século XIX e o começo do século XX. A obra destaca como os mercados públicos paulistanos, as feiras e o comércio ambulante tiveram um papel central no abastecimento e foram parte constitutiva do processo de urbanização que São Paulo experienciou a partir das últimas décadas do Oitocentos.
Como define o autor na introdução do livro, busca-se conduzir o leitor ao chamado “tempo do Brasil sem agrotóxicos”, quando da construção do primeiro mercado da capital paulista, na Várzea do Carmo, em 1867, até a inauguração do Mercado Municipal de São Paulo, na rua da Cantareira, em 1933. Manzoni defende a necessidade de se analisar a história da cidade a partir das práticas cotidianas e dos modos de vida, da multiplicidade de trabalhos e lutas. Segundo o autor, essas perspectivas foram geralmente silenciadas diante da “imagem de uma São Paulo rica, moderna e europeizada, minimizando outros modos de viver, trabalhar e lutar que eram numericamente menos expressivos, mas que subsistiram no interior e no entorno da metrópole do café” (MANZONI, 2019, p. 12). Leia Mais
Uma latente filosofia do tempo | Reinhart Koselleck, Hans Ulrich Gumbrecht e Thamara de Oliveira Rodrigues
Com exceção ao clássico Crítica e crise e do menos conhecido Preußen zwischen reform und revolution [Prússia entre Reforma e Revolução], frutos de teses defendidas em 1954 e 1965, a obra do historiador Reinhart Koselleck é marcada por um caráter fragmentário, com artigos inicialmente publicados em revistas científicas e depois reunidos em coletâneas como Futuro Passado (1979), Estratos do Tempo (2000), História de Conceitos (2006) e Vom sinn und unsinn der geschichte, antologia póstuma organizada por Carsten Dutt em 2010. Há ainda os verbetes escritos para o Geschichtliche Grundbegriffe, o famoso dicionário de conceitos históricos do qual Koselleck foi também editor, entre 1972 e 1997. No Brasil, certa indiferença inicial pela sua obra foi seguida de um grande interesse. A Editora Contraponto publicou traduções completas de Crítica e crise (1999), Futuro passado (2006), Estratos do tempo (2014), e, mais recentemente, História de conceitos (2020). Em 2019, a Autêntica também publicou O conceito de História, retirado do segundo volume do dicionário (1975). Leia Mais
O que é história global? | Sebastian Conrad
O que é a história Global? É um ensaio histórico escrito por Sebastian Conrad, cujo título original é What is Global History? traduzido para a língua portuguesa por Teresa Furtado e Bernardo Cruz, publicado pelas edições 70, em Lisboa, em 2019, com 310 páginas. Os onze capítulos estão entre a introdução e o posfácio, “o lento fazer da história global”, escrito por Miguel Bandeira Jerónimo.
Para se entender a concepção do global é imperativo perceber como é que as noções de mundo mudaram ao longo do tempo, pois a globalização alterou a forma como escrevemos a história. Deixou de ser possível estudar o Estadonação de forma isolada e de apreender a história mundial a partir do Ocidente. Mas o que é a história global? Sebastian Conrad explica a razões do global, que é um estudo que se revelou em uma das áreas inovadoras e promissoras do conhecimento histórico. Leia Mais
The Hundred Year´s War on Palestine: A History of Settler Colonial Conquest and Resistance | Rashid Khalidi
A potente introdução de Rashid Khalidi neste livro, intitulado The Hundred Year´s War on Palestine: A History of Settler Colonial Conquest and Resistance, em tradução livre, A Guerra de Cem Anos na Palestina: Uma História de Conquista Colonial e Resistência, demonstra elementos relevantes para a compreensão histórica da Palestina, ao mesmo tempo em que fundamenta questões historiográficas para o estudo da temática. Rashid Ismail Khalidi, palestino nascido em Nova Iorque em 1948, consolida-se como um dos maiores especialistas da área, atualmente ocupante da cadeira de Edward Said, professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, na área de Estudos Árabes. Autor de diversos livros e artigos que tratam da construção nacional palestina, Khalidi inova ao propor, como enfatiza, uma produção de pesquisa acadêmica junto às reflexões em primeira pessoa, ao incorporar lembranças de eventos que presenciou, bem como registros materiais, como fotografias e documentos, pertencentes a ele e a sua família. Ao abandonar a impessoalidade da escrita acadêmica, o historiador palestino aproxima o/a leitora/a à compreensão de momentos decisivos da história palestina contemporânea, traçando a importância testemunhal de sua família em diversas situações – como, por exemplo, a troca de correspondências entre seu tio Yusuf Diya al-Din Pasha alKhalidi e Theodore Herzl, fundador do Sionismo. Ao delinear essas relações, no entanto, o autor ressalta que a sua história não é única, mas compartilhada por milhares de palestinos/as. Leia Mais
Formação social da miséria no sertão do São Francisco (1820-1920) | Francisco Carlos Teixeira da Silva
Francisco Carlos Teixeira da Silva | Imagem: SOS Brasil Soberano – 2017
A publicação Formação social da miséria no sertão do São Francisco (1820-1920), do professor Francisco Carlos Teixeira da Silva (UFRJ) é uma notícia alvissareira para os estudiosos da historiografia sergipana. Chico Carlos, como é carinhosamente conhecido, produziu o texto como dissertação de mestrado, há mais de quatro décadas, sob orientação de Maria Yedda Linhares. Hoje, Chico Carlos é lembrado pelos estudos sobre História Contemporânea e História do Tempo Presente e é provável que alguém estranhe a relação entre o autor e os estudos sobre a história social da agricultura.
A distância entre a defesa, ocorrida em 1981, e o lançamento desse livro em primeira edição (2018) é reveladora dos avanços da pesquisa histórica em Sergipe com a consolidação dos cursos de pós-graduação na área de história e ciências sociais. Em parte, suas críticas à produção historiográfica da época foram superadas, especialmente no que se refere à abordagem da história social e cultural do Estado. Nesse sentido, o livro é exemplar para o estudante universitário que se debruça sobre a história da historiografia sergipana, pois é tributário da produção brasileira dos anos 1970 e 1980, quando o uso das fontes e a utilização dos métodos da História Agrária contribuíram, significativamente, para a análise da formação do mercado interno e da produção de alimentos no Brasil, com os trabalhos seminais de Maria Yedda Linhares e Ciro Flamarion Cardoso, que retornavam do exílio para o convívio acadêmico nacional. Leia Mais
Educação Histórica & videogames | Helyom Viana Telles
Helyom Viana Telles | Foto: Acervo do Autor
Existe uma certeza aplicável à educação atual: a necessidade da inserção do mundo digital na educação básica. Essa assertiva aplicada ao Ensino de História permite a utilização dos meios digitais enquanto ferramentas destinadas ao processo de ensino-aprendizagem e, sobretudo, enquanto evidências históricas de um tempo presente experienciadas pelo corpo discente e, por que não, por parte do corpo docente. Buscando realizar essa conjunção, Helyom Viana Telles apresenta “Educação Histórica & Videogames” publicado pela Editora Brazil Publishing no ano de 2020. Direcionado a docentes de todos os níveis do Ensino de História – inclusive a quem está em formação –, o livro propõe a utilização de videogames para o estudo da História através do conceito de segunda ordem empatia histórica.
Nas últimas décadas, houve uma profusão de pesquisas acadêmicas sobre o Ensino de História no Brasil. Estabelecido como um campo de estudos, as investigações historicizaram-no, identificaram e analisaram as proposições curriculares voltadas à área, apresentaram inúmeras metodologias de trabalho e estruturaram o trabalho com a abundante variedade de evidências históricas disponíveis e utilizáveis em sala de aula. Voltados para o Ensino de História aplicável na educação básica, esses estudos apresentam perspectivas e métodos distintos entre si, mas possuem uma característica em comum: todos foram produzidos a partir da academia. Contudo, raros autores elaboravam academicamente suas próprias inquietações, formulações e métodos aplicáveis ao Ensino de História. Produções que representariam de alguma forma as especificidades de cada realidade escolar (eivadas de precariedade) eram apagadas em currículos e livros didáticos unificadores. Leia Mais
Estágio em História na Quarentena | João L. S. Souza, Juliana A. Andrade, Mário E. O. Ramos e Sofia R. C. Vilela.
Estágio em História na Quarentena – Detalhe de Capa
O livro eletrônico intitulado Estágio em História na quarentena foi organizado por João Lucas dos Santos Souza, Juliana Alves de Andrade, Mário Emmanuel de Oliveira Ramos e Sofia Roberta da Costa Vilela, publicado pela Editora Universitária da Universidade Federal Rural de Pernambuco, neste ano de 2021. O texto é fruto das atividades e reflexões da disciplina Estágio Supervisionado para formação de licenciandos na mesma instituição. Conta ainda com a participação de [45] autores, entre professores, formandos em História e cursistas da disciplina de Estágio Supervisionado. Esse grupo viveu, refletiu e escreveu sobre a experiência de atuar em uma das disciplinas dedicadas ao contato com as escolas da Educação Básica e em momento tão especial e específico como o da pandemia da COVID-19.
A publicação está dividida em três partes. A primeira agrega textos que condensam entrevistas realizadas com os professores da Educação Básica, atuantes como supervisores dos Estágios. Na segunda parte, são apresentados roteiros para construção de aulas, utilizando tecnologias diversas. Na última parte, os autores discutem temas focados no fenômeno das fake news. Leia Mais
Public History and School: International Perspectives | Marko Demantowsky
Marko Demantowsky – 2019 | Imagem: De Gruyter
Em Public History and Scholl Marko Demantowsky discute a relação entre o campo acadêmico (História Pública) e a instituição socializadora (Escola) a partir de uma premissa conhecida de todos nós: a escola pública foi criada no século XVIII para servir à construção da identidade nacional, e as disciplinas literatura, religião e história são os veículos desse ensinamento, ou seja, são responsáveis pelo cultivo de certa “autocompreensão nacional” (p.vi).
Demantowsky é editor da Revista-Blog Public History Weekly e professor de Didática em Ciências Sociais na Universidade de Basel (Basiléia-Suíça). Foi nesta condição e motivado pela dificuldade de ampliar as possibilidades de pesquisa em história pública em contexto multilíngue que reuniu especialistas para discutirem os quatro temas que constituem a coletânea, começando com a terminologia da área. O que significa “História Pública”? A resposta é mediada por duas outras questões: Os diferentes profissionais que atuam no cultivo da identidade nacional (museólogos, arquivistas, patrimonialistas, memorialistas) se conhecem uns aos outros o bastante e no contexto daquela função da escola? Esses profissionais estão conscientes do caráter duradouro e exemplar da “educação escolar” sobre as “histórias públicas”. (p.vi). Leia Mais
Práticas de pesquisa em história | Tania Regina de Luca
Tania Regina de Luca – 2016 | Foto: Memória do Pão de Santo Antônio
Tania Regina de Luca, professora do Departamento de História da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita, é conhecida historiadora da imprensa nacional e estrangeira. No livro Práticas de pesquisa em história (2020), parte da sua experiência de pesquisadora é compartilhada, “especialmente”, com “estudantes de graduação”. Trata-se de um clássico livro propedêutico de investigação histórica e de metodologia científica.
O texto é estruturado em seis capítulos que exploram o fazer do historiador, a ideia de fonte histórica e os passos para a concretização de uma pesquisa acadêmica em história: recorte do objeto, seleção de fontes, construção do texto e do projeto de pesquisa. Segundo a autora, o objetivo da obra é “apresentar, de forma didática, procedimentos e métodos que distinguem a produção do conhecimento historiográfico e, desse modo, incentivá-lo a participar ativamente desse instigante desafio que é escrever História, elaborando e executando o seu próprio projeto de pesquisa.” (p.10-11). Leia Mais
Sobre o relativismo pós-moderno e a fantasia fascista da esquerda identitária | Antonio Risério
Antonio Risério| Foto: Walter Craveiro
Sobre o relativismo pós-moderno e a fantasia fascista da esquerda identitária não se encaixa nos cânones acadêmicos, mas expressa a existência de uma polêmica direcionada à academia, nos espaços de opiniões homogêneas, onde impera o consenso, no caso, os debates acadêmicos do campo educacional e nas ciências sociais. O autor Antonio Risério (1953-) é um conhecido polemista que, tendo sido militante estudantil, preso pela ditadura, trabalhado na campanha e nos governos petistas, hoje se proclama crítico da esquerda, que ele qualifica de fascista e identitária. Na sua formação acadêmica ele possui mestrado em Sociologia. Hoje ele se identifica profissionalmente como escritor.
A obra é um ensaio sobre teoria e política, mas o teor é mais político. Ela está dividida em nove seções ou capítulos e os “anexos”, que compõem mais de um quarto do livro. Seu estilo narrativo demonstra um sentimento bastante amargo e o uso da palavra ressentimento, em um sentido nietzschiano, empregado para se referir à “politização do ressentimento” por parte da esquerda identitária, também é patente nos argumentos do autor. A sua narrativa não possui uma estética agradável, utilizando-se sem rodeios de palavras de baixo calão, abusando dos parênteses para tentar expor suas ideias, e eu ainda notei a economia no uso de preposições e artigos, o que dificulta o exercício de uma leitura mais suave. Leia Mais
Da autonomia à resistência democrática: movimento estudantil, ensino superior e a sociedade em Sergipe, 1950-1985 | José Vieira da Cruz
José Vieira da Cruz – 2019 | Foto: Tribuna do Sertão
Acaba de ser publicada a segunda edição (revista e ampliada) do livro de José Vieira da Cruz, Da Autonomia à Resistência Democrática: Movimento Estudantil, Ensino Superior e a Sociedade em Sergipe (1950-1985). O texto incide sobre o tema da cultura académica, que não está suficientemente estudado e para o qual este livro é um contributo fundamental.
É justamente na década de 1950 que tem início o estudo criterioso e denso que José Vieira da Cruz reedita e ao qual não são alheios nem o elitismo do ensino universitário, nem o alargamento da universidade a novos públicos e novos territórios, nem a relação da universidade com o Estado e com a sociedade; nem a autonomia universitária e o estatuto do estudante. É neste complexo, perfeitamente ajustado ao Brasil em modernização acelerada, que Cruz inscreve e sistematiza o marco teórico; procede a uma revisão crítica da historiografia das universidades; faz a história do movimento estudantil. Leia Mais
A beleza e o mármore. O tratado de architectura de Vitrúvio e o renascimento | Mário Henrique S. D’Agostino
Mário Henrique Simão D’Agostino | Imagem: FAUUSP.
“O que é uma inteligência infinita?” indagará talvez o leitor. Não há teólogo que não a defina; eu prefiro um exemplo. Os passos que um homem dá, desde o dia de seu nascimento até o de sua morte, desenham no tempo uma inconcebível figura. A Inteligência de Deus intui essa figura imediatamente, assim como a dos homens um triângulo. Esse desenho tem (quem sabe) sua determinada função na economia do universo.
Jorge Luis Borges, Outras inquisições (1)
Arquiteto e urbanista, nascido em Penápolis SP, em 13 de julho de 1963, formado nos estertores da ditadura militar e no calor dos movimentos pela democracia, pela liberdade de expressão, pela explosão de um sentimento de que haveríamos de virar o jogo e ver realizar o que era potência acumulada e promessa de revolução. Os jovens universitários daquela primeira metade dos anos 1980, misturavam boemia e afeto à formação intelectual, às ações culturais e à ampla participação política, em doses pessoalmente definidas. Dos vindos de pequenas cidades do interior de São Paulo, o alumbramento com o ambiente universitário, sobretudo, aquele da FAU PUC-Campinas, era inevitável. Havia um sentimento difuso que misturava esperança em uma virada histórica no Brasil, para uma sociedade democrática e mais justa, em compasso com a transformação nas vidas pessoais, movida pelos novos horizontes intelectuais e pelos estímulos ao desenvolvimento de sensibilidades e práticas artísticas. O meio universitário se propagava pela cidade de Campinas e a FAU PUC-Campinas parecia ser a mais sedutora das mestres de cerimônias, com seu rico, estimulante e comprometido grupo de docentes. Leia Mais
Clio nei socialismi reali. Il mestiere di storico nei regimi comunisti dell’Europa orientale | Stefano Santoro e Francesco Zavatti
Francesco Zavatti | Foto: Baldic Worlds
Il lavoro curato da Stefano Santoro e Francesco Zavatti affronta l’arduo compito di ricostruire e analizzare l’uso strumentale della storia e il conseguente rapporto degli storici con i regimi comunisti dell’Europa orientale. La materia è molto complessa poiché riguarda sia l’autonomia di giudizio e il coraggio degli intellettuali di difendere le proprie idee in regimi autoritari, sia gli effetti sui lavori prodotti dagli aspetti più concreti/quotidiani della loro vita e la condivisione da parte di molti di loro dell’ideologia dominante e dell’impostazione data alla ricerca storica.
L’opera si sviluppa lungo un arco di tempo compreso tra l’instaurazione, il consolidamento, la crisi e il crollo dei regimi comunisti e si inserisce nel ristretto campo di studi delle storiografie sul periodo e in quello più ampio della generale valutazione dell’impegno dello storico e della sua incidenza sulla realtà nella quale è inserito. L’ultimo aspetto rende potenzialmente fruibile il volume anche a un pubblico di non specialisti a conoscenza delle vicende successive al secondo conflitto mondiale e poco vicini alle problematiche storiografiche. Tre interventi di Alberto Basciani, Fabio Bettanin e Mark Sandle completano il volume nella sezione Bussole. Leia Mais
L’Italia sullo schermo. Come il cinema ha raccontato l’identità nazionale | Gian Piero Brunetta
Gian Piero Brunetta, 2017 | Foto: Radio Buet.It
Dalla pubblicazione dei primi pioneristici lavori di Pierre Sorlin e Marc Ferro alla fine degli anni Settanta1, studiosi di diversa formazione si sono interrogati sui complessi legami che uniscono cinema e storia, alimentando un dibattito che anche in Italia ha prodotto risultati di grande valore scientifico2 e che ultimamente ha portato, almeno in parte, al superamento delle «antinomie ed interferenze tra questi due mondi»3. Tra i protagonisti di questa stagione di studi, Gian Piero Brunetta, emerito di storia e critica del cinema presso l’Università di Padova, è sicuramente quello che per primo ha tentato di instaurare un dialogo con gli storici per dimostrare l’importanza non secondaria del cinema quale luogo privilegiato per comprendere la storia del XX secolo. Lo testimoniano le numerose monografie sulla storia del cinema italiano in cui lo studioso ha affiancato ai suoi iniziali interessi per la critica e il linguaggio filmico la ricostruzione storiografica dei contesti produttivi, delle forme della fruizione e del ruolo culturale svolto dal cinema nella società4.
In questo filone di ricerca si inserisce il volume in oggetto, nei fatti la rielaborazione di alcuni saggi pubblicati dall’autore nel corso della sua lunga carriera, opportunamente aggiornati ala luce dello stato dell’arte e integrati da scritti inediti. Pur caratterizzati da approcci analitici differenti i quindici capitoli del testo muovono dal comune tentativo di comprendere come il «cinema abbia letto la storia d’Italia, ne abbia saputo cogliere i caratteri identitari e le trasformazioni nel corso del tempo e come sia variato il suo uso pubblico da parte di soggetti diversi che si sono serviti del mezzo filmico per scopi molto differenti»5. L’autore, infatti, considera la storia un elemento strutturale del cinema italiano, che si differenzierebbe dalle altre cinematografie proprio per una più pronunciata e precoce vocazione a divenire narratore di eventi storici, colti in un passato, anche remoto, o rappresentati nel momento stesso del loro accadere, come nel caso paradigmatico del cinema neorealista. Tesi, questa, argomentata con chiarezza fin dalle prime pagine del volume, attraverso l’adozione di prospettive che tendono a inquadrare i temi trattati nel loro sviluppo diacronico e in una dimensione comparata, per cogliere le influenze e le interferenze tra il cinema italiano e le altre cinematografie nazionali o i nessi intertestuali tra le pellicole e altri prodotti culturali. Ampia la tipologia di fonti utilizzate: documentari e pellicole di fiction su tutte, ma anche articoli di riviste e periodici, monografie specialistiche, scritture autobiografiche e memorie; insomma, tutti quegli elementi che permettono allo storico di ricostruire «le forze e gli agenti contestuali» che allargano «in più direzioni le capacità significanti» della singola produzione filmica6. Leia Mais
The Political Portrait: Leadership/Image and Power | Luciano Cheles e Alessandro Giacone
Luciano Cheles e Alessandro Giacone, 2018 | Foto: L’Italie en direct
Il ritratto, esordiscono i curatori, ha sempre giocato un ruolo importante nella comunicazione politica, conferendo al leader una sorta di ubiquità. In questo senso, è certamente sorprendente che i contributi storiografici su questa sorta di immagini siano piuttosto limitati e, spesso, inseriti nel contesto più ampio della propaganda visuale, o come ausilio alla propaganda tout-court. Se è vero, infatti, che molti ritratti di leader sono ben impressi nelle nostre coscienze collettive, e in certi casi addirittura divenuti delle icone pop (tra gli esempi più recenti, i poster di Obama realizzati da Shepard Fairey), le loro analisi in prospettiva storica sono, tuttora, limitate1.
Il volume, curato da Luciano Cheles, già professore di italianistica all’Università di Poitiers, e Alessandro Giacone, professore associato di Scienze Politiche all’Università di Bologna, vuole contribuire a colmare questa lacuna, raccogliendo un numero, consistente, di contributi focalizzati su questa specifica forma di propaganda visuale. Contributi che, pur con un certo sbilanciamento verso alcuni contesti, forniscono un’ampia panoramica, sia dal punto di vista della distribuzione cronologica e geografica, sia dell’interdisciplinarietà degli approcci. Uno dei punti di maggiore interesse del volume è la netta prevalenza di casi di studio riguardanti democrazie, soprattutto nelle loro fasi di transizione e trasformazione. Il ritratto del leader, questa una delle idee che sembra accompagnare l’intero volume, riflette non solo l’immagine del politico, ma anche il contesto del paese in oggetto. Leia Mais
Edições com dedicatórias do acervo “Biblioteca pessoal de M. М. Bakhtin” | N. N. Ziemkóva
MIkhail Bakhtin | Foto: Domínio público
As dedicatórias1 em livros e periódicos presenteados a Mikhail Bakhtin e preservados em sua biblioteca são uma fonte importante não apenas para a reconstrução de alguns momentos de sua biografia, mas também para esclarecer a natureza e as especificidades da recepção das ideias e obras de Bakhtin. Em particular, elas apontam para o fato de Bakhtin ter conseguido reputação como um cientista respeitado e inovador nos círculos acadêmicos muito antes da publicação da segunda edição de Problemas da poética de Dostoiévski [1963] e da publicação de Cultura popular na Idade Média e no Renascimento. O contexto de François Rabelais [1965].
Essas dedicatórias refletem a influência revigorante das ideias de Bakhtin sobre a geração mais jovem de especialistas da área de humanidades. Ao mesmo tempo, a dedicatória em livros torna-se uma réplica do diálogo inaudível entre os autores e Bakhtin, uma expressão de esperança para uma conversa imaginada no futuro e um momento de autorreflexão e autocrítica. Entre os autores das dedicatórias estão velhos e novos amigos de Bakhtin, seus antigos oponentes científicos, escritores e críticos literários famosos, colegas de departamento e estudantes. O grande valor da publicação remonta às reproduções das capas dos livros, das páginas de rosto e das dedicatórias. É um acontecimento de grande importância no campo dos estudos bakhtinianos na Rússia. Nunca antes tantos documentos cobrindo a vida e obra de Mikhail Bakhtin foram publicados em um único livro. Leia Mais
Masacres obreras y populares en América Latina durante el siglo XX | Sergio Grez Toso
A lo largo de la historia de América Latina, las masacres perpetradas por los aparatos represivos del Estado en contra de los sectores populares han sido minimizadas, relegadas al olvido o distorsionadas por los gobiernos, medios de comunicación y sectores políticos. Sin embargo, durante el siglo XX sobrevino una verdadera explosión de rescate de la memoria social y popular en aquellos territorios que fueron escenario de dichas masacres. Surgieron numerosas organizaciones de memoria y derechos humanos que, de la mano de escritores, músicos, cineastas, dramaturgos, artistas plásticos, reaccionaron creativamente contra la política del olvido.
Simultáneamente con este movimiento, la disciplina histórica comenzó a investigar las masacres y matanzas en Latinoamérica, por lo general, a partir de enfoques monográficos de carácter local y nacional. Faltaba, entonces, un estudio sistematizado de los procesos históricos que, a nivel continental, desembocaron en el exterminio masivo de obreros y campesinos a manos de agentes del Estado. Un estudio que, desde una perspectiva historiográfica, eludiera la tentación de la apología hagiográfica o de la crítica condenatoria al describir los procesos de toma de conciencia, politización y movilización de los sectores populares. Leia Mais
Por qué el derecho es violento (y debería reconocerlo) | C. Menke
Por qué el derecho es violento (y debería reconocerlo) es la traducción de la obra original en alemán, Recht und Gewalt, del autor Cristoph Menke, publicada por primera vez en 2011. La traducción a cargo de Miguel Gualdrón Ramírez nos llega en 2020 y está estructurada en cinco partes. La primera consiste en un estudio introductorio, para luego pasar por la nota del traductor y de ahí a una advertencia preliminar del autor donde nos adelanta que la relación entre derecho y violencia descansa en una contradicción irresoluble. Por último, el autor desarrolla dos capítulos donde desglosa sus reflexiones en torno a esta contradicción.
La primera sección del libro, el estudio introductorio, está a cargo de María del Rosario Acosta López y Esteban Restrepo Saldarriaga, quienes consideran que Christoph Menke es una de las figuras más destacadas dentro de la teoría crítica alemana derivada de la Escuela de Frankfurt. A pesar de que se lo identifique como un especialista en Hegel, supo establecer un diálogo con el pensamiento deconstruccionista francés y sus intereses gravitan dentro de la esfera de la filosofía política y la filosofía del derecho, a las cuales hace sus aproximaciones a través de Hegel, Benjamín y Derrida. Leia Mais
Catálogo del Fondo “Tribunales de Justicia”/ Escribanía I (1574-1616) | C. González Navarro e R. Grana
Las ediciones digitales -en 2019 y 2021- de estos dos catálogos elaborados sobre los Fondos Tribunales de Justicia de la Escribanía 1, uno de los acervos coloniales más importantes que custodia el Archivo Histórico de la Provincia de Córdoba (AHPC), contaron con la financiación de la Agencia Nacional de Promoción Científica y Tecnológica y el Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), en el primer caso, y en el segundo, con el aporte de la Secretaría de Ciencia y Tecnología de la Universidad Nacional de Córdoba. Ambas obras son parte de la prolífica producción del Centro de Estudios Históricos “Prof. Carlos S. A. Segreti”,1 lugar de trabajo de una de las directoras del proyecto, Constanza González Navarro, doctora en Historia, Investigadora de CONICET y docente de la Universidad Nacional de Córdoba, cuyas investigaciones sobre la sociedad hispano indígena, criolla y mestiza en Córdoba colonial han tenido una importante proyección en la producción sobre la historia colonial del NOA. Por su parte, Romina Grana, también directora, es doctora en Letras y docente en la misma Universidad, cuenta con una trayectoria de trabajo en análisis del discurso y argumentación jurídica -particularmente referidos al siglo XVII-, con varias publicaciones en su haber. Junto a ellas trabajaron Gabriela Parra Garzón, Noelia Silvetti, Eduardo Gould, Andrea Gromi, Justo Tapia y Valeria Iarza, conformando un equipo de especialistas en el campo de la historia, la archivística, la paleografía y la lingüística que aportó sus saberes expertos a un proyecto iniciado en 2013 y que se cumplió en dos etapas, produciendo dos volúmenes sucesivos: el primero comprende documentación fechada entre 1574 y 1616 y el segundo, aquella que va de 1624 a 1665. Tras este proyecto de largo aliento se adivina una propuesta de trabajo ambiciosa en el mejor de los sentidos, que tiene varios objetivos, todos importantes.
Uno de ellos, quizás el fundamental, atañe a la preservación patrimonial del fondo documental colonial. En efecto, todos los que alguna vez tuvimos la oportunidad de trabajar con las fuentes del AHPC sabemos que es uno de los más completos, significativos y antiguos de todo el país; el valor patrimonial de su acervo es incuestionable. La documentación colonial es voluminosa, muy completa para algunos temas o jurisdicciones y desigualmente conservada debido a un sinnúmero de factores. En las introducciones que encabezan las publicaciones se mencionan los legajos que debieron ser excluidos de catalogación justamente por su peligroso deterioro o por encontrase bajo proceso técnico de recuperación. A lo largo de décadas, además, los expedientes encuadernados en gruesos legajos numerados pasaron por las manos de muchos investigadores quienes involuntariamente contribuyeron -contribuimos- a afectarlos por la constante consulta. En este sentido, contar con un catálogo del Fondo Tribunales de Justicia realizado por el equipo de trabajo mencionado anteriormente, con un alto grado de detalle y minuciosidad, asegura la identificación de la documentación, su ubicación y facilita la búsqueda de los materiales necesarios para llevar adelante una investigación, tomando contacto selectivamente con las fuentes. Leia Mais
Atlas Histórico y Geográfico de la Argentina. Calidad de vida I | Guillermo Velázquez
El Atlas Histórico y Geográfico de la Argentina. Calidad de vida I, que dirige Guillermo Velázquez, se torna un aporte imprescindible para los estudios históricos y sociales de la desigualdad en Argentina, vistos desde una perspectiva interdisciplinaria amplia, al considerar múltiples factores, como salud, educación, poder adquisitivo, entre otros. No obstante, el trabajo puede contribuir también a estudios comparativos de significativa importancia para la región. Naturalmente, el extenso periodo histórico que abarca, desde 1789 hasta comienzos del siglo XXI, lo convierte en un aporte fundamental para todas las disciplinas sociales, desde la historia, la economía y la sociología, hasta la geografía y la antropología.
El historiador Daniel Santilli abre una introducción sobre la primera parte del Atlas llamada La calidad de vida a través de la Historia. El mismo analiza la etapa preestadística del siglo XVIII y cómo, a partir de las metodologías empleadas, desde la construcción de canastas de consumos, series de precios, salarios y las practicadas desde la antropometría, se ha logrado estudiar periodos históricos en los que los censos nacionales eran inexistentes y las fuentes conservadas escasas. Santilli se basa en el análisis de un importante censo realizado para la campaña de Buenos Aires, que registraba las regiones de Magdalena, Areco y Pilar. El autor presenta conclusiones novedosas sobre este censo que ha sido analizado por importantes historiadores, desde los fallecidos Juan Carlos Garavaglia y Jorge Gelman, hasta Raúl Fradkin. Básicamente, Santilli nos invita a pensar cómo, a pesar de la desigual distribución de la tierra y no tanto del ganado, la primera no era imprescindible para la producción, especialmente en tiempos en los que las estructuras capitalistas aún no se asentaban en el territorio. De modo que en tiempos coloniales, la tierra constituía más un reservorio de status, aunque paralelamente los pequeños campesinos tuvieron un papel importante como abastecedores de carne y trigo. Leia Mais