La reledía se volvió de la derecha | Pablo Stefanoni
Pablo Stefanoni | Foto: Bernardino Ávila
La reledía se volvió de la derecha, de Pablo Stefanoni traz um subtítulo enciclopédico, entregando a matéria ao leitor sem que se tenha a necessidade de abrir o livro: o combate ao progressismo político e ao politicamente correto é rebelde e atrai multidões de jovens. É necessário, então, ler esses arautos das novas direitas (“extrema direita”, da “direita alternativa” ou “populismo de direita”) caso queiramos compreender as razões do seu sucesso ou, em outra chave, as razões do fracasso das esquerdas. A tarefa anunciada é cumprida com um texto breve, distribuído em cinco capítulos (além de epílogo e glossário) que focam o pensamento das novas direitas em escala global (América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia).
Antes de La rebeldia, Stefanoni escreveu livros sobre a ação da esquerda na Bolívia e na Rússia e atuou em parcerias com Clarín e o Le Monde Diplomatique. Professor da Universidade Nacional de San Martín e Doutor em História, o autor situa seu novo livro no domínio da História Intelectual. Stefanoni se ocupa de autores comuns – terroristas, ativistas moderados, intelectuais que militam na internet, escritores – atuantes nas duas últimas décadas, mediante redes de divulgação artigos, posts em redes sociais, vídeos, trechos de livros e memes. Ao abordar indivíduos de “subculturas on line”, Stefanoni investiga o significado dessa nova rebeldia, questionando sobre a ideia de “futuro próximo” compartilhada entre seguidos e respectivos seguidores. Leia Mais
Da direita Moderna à Direita Tradicional | Cesar Ranqueta Júnior
Cesar Ranqueta Júnior | Imagem: Unipampa
De autoria de Cesar Ranqueta Jr, o livro Da direita Moderna a Direita tradicional, publicado em 2019, tem duas ambições. A primeira delas é reconstituir historicamente o conceito de Direita, sistematizando argumentos e compilando autores que são ícones para sua fundamentação no mundo ocidental. A segunda é, a partir de uma análise dessa corrente de pensamento no Brasil, apresentar suas fragilidades, incongruências, antinomias e propor, a partir dessas análises, uma fundamentação teórica a ser seguida.
O interesse do autor por essa questão tem como base uma dupla crítica que é por demais razoável em uma sociedade cada vez mais polarizada e marcada por uma naturalização de conceitos do campo da política. A primeira é a recusa aos autores filiados ao pensamento de direita, assim como às suas ideias nos círculos especializados de debate, implicando em seu desmerecimento. A segunda está na forma pela qual esses pensadores tendem a ser adjetivados: “fascistas” e “anacrônicos”. Para Ranqueta, esta última é uma clássica estratégia da esquerda em desmerecer seu maior rival ideológico. Para nós, trata-se de um problema de metodológica científica. Leia Mais
O que há de novo na “nova direita”? identarismo europeu, trumpismo e bolsonarismo | Marcos Paulo dos Reis Quadros
Marcos Paulo dos Reis Quadros | Imagem: Radio Caxias
O que há de novo na nova direita, de Marcos Paulo dos Reis Quadros, resulta de uma investigação conduzida em seu estágio pós-doutoral, realizado na Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde também cursou doutorado em Ciências sociais. O autor é professor e pró-reitor acadêmico do Centro Universitário Estácio Belo Horizonte (ESTÁCIO BH) e ministra cursos sobre “Direitas” e “Teoria Política” no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS. Seus três livros discutem federalismo, e a relação “soft power” e violência em favelas no Brasil e trajetórias das direitas no Brasil e em Portugal. No seu mais novo trabalho, como explicitam título e subtítulo, sua meta é avaliar “caracteres distintivos dessa nova direita na Europa (os partidos identitários) e no Brasil (o bolsonarismo), fazendo, ainda, considerações sobre o “trumpismo nos Estados Unidos” (p.19). Suas questões são desafiadoras. Elas tocam nas causas da ascensão da direita e exploram a vivência das direitas em quatro planos: “pilares ideológicos”, “plataformas político-eleitorais”; comportamento nos parlamentos e comportamento nos governos. Dada a quantidade de planos, é uma tarefa desafiadora que ele se propõe a cumprir em três capítulos.
No primeiro – “Sobre os sentidos das direitas” –, o autor defende a validade da díade esquerda/direita como demarcador ideológico. Seu critério é o de N. Bobbio, ou seja, a relação que as pessoas mantem com o valor da igualdade. Assim, se para a esquerda (representada instrumentalmente por J.-j. Rousseau), o ser humano é bom e aperfeiçoável, sendo legítimos a rebeldia e a mudança. Para a direita (representada instrumentalmente por T. Hobbes), o ser humano é mal e imperfeito naturalmente, sendo legítimos a conservação da herança e a ordem (T. Hobbes). A direita, como se vê, é constituída por um núcleo – conservação da herança – e por conceitos outros como “ordem”, “ceticismo” e “idade do ouro”, acrescidos de outros tantos em determinados contextos. Aliás, fiel a R. Rémon, o autor toma a descrição de direita como um tipo ideal, mas há limites: “Pode existir um conservadorismo de inclinações autoritárias e um conservadorismo de pendor liberal; jamais, sublinhe-se, um conservadorismo progressista.” (p.43). Leia Mais
Portugueses no Rio de Janeiro: negócios, trajetórias e cenografias urbanas (séc. XIX-XXI) | Lená Menezes de Medeiros
Lená Menezes de Medeiros | Imagem: Extra
Portugueses no Rio de Janeiro. Negócios, trajetórias e cenografias urbanas, livro de autoria da historiadora Lená Medeiros de Menezes, publicado pela editora Ayran no segundo semestre de 2021, constitui, a um só tempo, um trabalho afetivo e acadêmico. Talvez isso desperte a curiosidade do leitor em geral, talvez, ainda, suscite a desconfiança do acadêmico, uma vez que afetividade e a abordagem objetiva próprias do ofício do historiador não costumam a se entrelaçar. Não costumam, mas podem sim conviver sem nenhum prejuízo à qualidade da obra. E é isso o que vemos aqui nesse livro, e sem nenhum desdoiro nem a sua dimensão acadêmica, nem à expressão dos seus afetos.
É bem verdade que a equação que une a cientificidade e a afeição manifesta para com o objeto de análise não é algo fácil de ser alcançado, podendo facilmente resvalar em incoerências, mascaramentos, excessos, ou mesmo em imprecisões. Mas aviso desde já aos leitores que nada disso se verifica nessa obra. E isso não se dá sem motivo. A razão principal para essa harmoniosa conjugação de fatores que tradicionalmente são tão distintos e excludentes é a maturidade da autora do livro. Lená Menezes é uma historiadora talhada pelo cinzel de uma longa caminhada acadêmica. É professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro desde o final da década de 60, passando por vários cargos e funções nessa instituição, entre eles a Pró-reitoria de graduação, além de ter fundado um dos mais importantes laboratórios de pesquisa sobre a imigração do Brasil, o LABIMI, que se destaca pela sua internacionalização, justamente, com o meio acadêmico português. É exatamente essa maturidade como pesquisadora que sustenta a delicada equação que aludimos e, mais ainda, a nosso ver, a torna fator de engrandecimento do livro. Tanto os leitores médios afeitos às coisas de Portugal podem lê-lo sem o temor da maçada que uma obra acadêmica pode inspirar, como aqueles que se debruçam academicamente no tema da imigração portuguesa podem o fazer sem o temor de qualquer desalinho com os bons padrões da pesquisa universitária. Leia Mais
Como travar o fascismo. História, Ideologia, Resistência | Paul Mason
Paul Mason | Foto Antonio Zazueta Olmos
O músico e politólogo Paul Mason, além de professor convidado na Universidade de Sheffield, na Inglaterra, atuou como jornalista em diversos meios de comunicação, do The Guardian ao Channel 4. Com diversos livros publicados, quase todos best-sellers no mercado editorial europeu e estadunidense, ficou amplamente conhecido pelos livros Pós-Capitalismo: Guia para o Futuro (2016) e Um Futuro Livre e Radioso (2019). Sua vida pública está envolta em controvérsias, dentre elas a defesa à política do aborto, no Reino Unido, e a declaração de que as políticas reprodutivas não deveriam ser ditadas pelo Vaticano. Mason foi também acusado de antissemitismo por ser membro de um grupo numa rede social que compartilhava postagens contra a comunidade judaica. Em sua defesa, alegou que embora fosse membro do grupo nas redes não endossava suas publicações. Seu novo livro – Como travar o Fascismo: História, Ideologia, Resistência, escrito no período de restrições impostas pela pandemia da Covid-19, foi originalmente publicado no final de 2021 e teve sua versão para português de Portugal lançada em abril de 2022.
A obra foi clamada por pensar ações práticas para combater o avanço do fascismo, caso raro entre as publicações sobre a matéria. O livro de Mason acaba por ser um manifesto político, com forte posicionamento sobre questões transnacionais como a necessidade de união entre a esquerda e o centro político para frear o avanço da escalada autoritária e fascistizante em vários lugares do mundo. Ele retoma a discussão weberiana sobre o monopólio do uso da força e questiona o que faz a sociedade civil quando a extrema-direita quebra esse paradigma, corroendo um dos princípios legitimadores do Estado moderno. Apresenta uma preocupação efetiva sobre as formas e mecanismos de revigorarmos as democracias num momento em que a questão da corrupção e da desilusão da sociedade civil para com elas torna-se latente. Tudo isso escrito em linguagem simples, com usos massivos de adjetivos e forte apelo com frases em destaque, mas com grande embasamento de bibliografia clássica e alguma atualização historiográfica, por mais que nomes importantes na discussão sobre essa temática hoje não estejam presentes em suas referências. Leia Mais
Fighting the Last War: Confusion, Partisanship, and Alarmism in the Literature on the Radical Right | Jeffrey M. Bale e Tamir Bar-On
Estado Islâmico | Imagem: BBC News
Tudo parece tranquilo entre os investigadores das novas direitas do eixo Europa-América nos últimos cinco anos. Eles divergem conceitualmente (fascismo, neofascismo, posfascismo, ultradireita, nova direita etc.), ocupam-se de objetos distintos (ideologias, partidos, eleições, movimentos, redes, subculturas, líderes, programas, eleições e ações de governo), mas convergem na ideia de que a maior parte dos seus fenômenos-objeto representa ameaças à democracia liberal. Não sem razão, parte deles encerra os seus ensaios ou teses com a clássica alusão ao “que fazer?”, de Vladmir Lênin. Essa harmonia tem chance de ser abalada após a publicação de Fighting the Last War: Confusion, Partisanship, and Alarmism in the Literature on the Radical Right (2022). Nesse ensaio estendido, Jeffrey M. Bale e Tamir Bar-On denunciam a incompetência dos acadêmicos e jornalistas para interpretar fenômenos designados como “direita radical”, “extrema direita” ou “nova direita radical”, e a esperteza de políticos, empresários e oligarcas das Big Tech que tiram proveito dessa espécie de “histeria” intelectual para “deslegitimar e demonizar virtualmente todos os oponentes da atual ideologia ocidental reinante do globalismo progressista” (p.xvi).
Jeffrey Bale e Tamir Bar-On são dois experimentados professores universitários e investigadores de movimentos extremistas há décadas. Bale é historiador e especialista em movimentos religiosos e políticos “propensos à violência” e docente no Nonproliferation and Terrorism Studies (NPTS) e no Program at the Middlebury Institute of International Studies at Monterey (MIIS). O sociólogo Bar-On estuda ideologias políticas e novas direitas e é professor na School of Social Sciences and Government e do Monterrey Institute of Technology and Higher Education, no México. Para chamar os colegas às falas, eles apontam preconceitos acadêmicos, uso equivocado de conceitos, desinformação sobre o imperialismo islâmico, sobre seus traços teocrático, fundamentalista e (no caso dos jihadistas) violento.
The far right today | Cas Mudde
Cas Mudde (2018) | Imagem: Wikipédia
The far right today é o primeiro livro de Cas Mudde voltado para o público “não acadêmico” interessado no impulso das “novas direitas”, na América e na Europa, nomeada por ele como a “quarta onda”. O caráter de manual está na arquitetura da informação, na brevidade do texto, na ausência de digressões teóricas e de citações diretas, como também na clareza com que apresenta suas proposições e exemplos. Mudde quer apenas oferecer uma visão geral desse período marcada pela ação da direita (far right) “antissistema e hostil à democracia liberal”, que se configura em dois grupos: a extrema direita (extreme right), que rejeita a “soberania popular e a regra da maioria” (sendo, portanto, revolucionária), e a direita radical (radical right), que aceita a soberania popular e a regra da maioria, mas se opõe à “democracia liberal”, no que diz respeito, principalmente, aos “direitos das minorias”, à legitimidade das leis e à “separação de poderes” (p.19). Sua meta é instrumentalizar o leitor comum a avaliar “os desafios que a far right coloca para as democracias liberais no século XXI” e, consequentemente, defender essa democracia liberal das várias ameaças reais e potenciais listadas ao longo da obra. (p.17).
Cas Mudde é um cientista político que trabalhou em universidades da Hungria, Holanda, Escócia, Bélgica, Alemanha, Eslováquia, Suécia e Espanha. Nos últimos seis anos, e já radicado nos Estados Unidos da América (EUA), Mudde tem escrito sobre ideologias, movimentos e partidos europeus e estadunidenses de extrema direita e direita radical, além de refinar categorias como o populismo e explorar o fenômeno das ideias extremistas entre jovens (SPIA/UGEO). The far right today reúne grande parte desses estudos em capítulos que contam a história das novas direitas entre 1945 e 2019, suas ideologias, formas de organização, as lideranças, as atividades, os debates sobre as causas e consequências da quarta onda, as respostas dos Estados e, especificamente, as respostas relativas às questões de gênero. Este livro foi traduzido para mais de cinco idiomas apresentando diversas paratraduções em cada uma das suas edições. Leia Mais
Uma introdução à história da historiografia brasileira (1870-1970) | Thiago Lima Nicodemo, Pedro Afonso Cristovão dos Santos, Mateus Henrique de Faria Ferreira
Dividido em cinco capítulos, Uma introdução à História da Historiografia Brasileira (1870-1970), escrito por Thiago Lima Nicodemo, Pedro Afonso Cristovão dos Santos e Mateus Henrique de Faria Ferreira, avalia as transformações na escrita da história no Brasil e o processo de especialização do ofício de historiador no período. Esse processo se deu em pelo menos dois aspectos conjuntos, tanto por uma lenta distinção dos estudos históricos em relação a outros campos quanto pelo advento das universidades como locais de produção histórica especializada. Ao mesmo tempo, observa-se que a profissionalização do ofício apresentava questões que iam além de um âmbito acadêmico, como os usos da história na análise da sociedade e de seus problemas, o que deveria tornar a história relevante para o futuro. Sem pretender apresentar a “formação”, os “momentos decisivos” ou um cânone da historiografia brasileira, os autores do livro analisam como se deu sua modernização no país, em um processo que esteve longe de ser uma simples apropriação de matrizes exteriores, sobretudo europeias (p.9). Leia Mais
Fernando de Azevedo em releituras – sobre lutas travadas/ investigações realizadas e documentos guardados | José Cláudio Sooma, Diana Gonçalves Vidal, Rachel Duarte Abdala
A reiterada presença de Fernando de Azevedo como fonte e objeto de investigação para a História da Educação é inquestionável. Todavia, uma nova publicação a seu respeito se propôs a revisitar sua atuação e obra, situando-a no debate historiográfico. Trata-se, pois, do livro “Fernando de Azevedo em releituras – sobre lutas travadas, investigações realizadas e documentos guardados”, de autoria de José Cláudio Sooma Silva, Diana Gonçalves Vidal e Rachel Duarte Abdala. A publicação organizou-se em três partes, sendo que cada uma delas operou com um recorte e objeto diferente sem perder de vista o sujeito estudado. Para além das análises apresentadas, todos os capítulos trazem como anexos transcrições, ferramentas de pesquisa, textos expositivos, dentre outros. Nesse sentido, faz o duplo esforço de tomar o professor e sua atuação como objeto sem deixar de olhar para o já consolidado compilado de pesquisas e documentos a seu respeito. Opera, portanto, como referência bibliográfica e como possível roteiro de pesquisa. Leia Mais
Las nuevas caras de la derecha | Enzo Traverso
Enzo Traverso | Foto: ULF Andersen/Gamma-Rapho/Getty/O Globo
O que me levou a ler o livro de Enzo Traverso não foi apenas o título referente a esse dossiê de resenhas sobre “novas direitas”. O fato de ele ser um dos poucos historiadores de ofício a estudarem o fenômeno e de fazê-lo com ferramentas típicas de historiador – a categoria “regimes de historicidade” – foi o que pesou na escolha. Las nuevas caras de la derecha (2021) é a tradução argentina de Les nouveaux visages du fascisme (2017). O título em francês retrata com maior fidelidade o conteúdo desse livro do historiador italiano, atuante na Holanda, França e nos Estados Unidos da América (EUA): a narrativa do processo de transição do fascismo ao pós-fascismo, vivenciada por europeus e estadunidenses nos últimos vinte ou trinta anos, e comunicada imediatamente após atentados terroristas na França, como o massacre do Charlie Hebdo.
O livro é um agregado de entrevistas concedidas ao antropólogo Régis Meyran, em Paris (2016), sobre temas correlatos, atravessados pelo conceito de “pós-fascismo”. O prólogo à edição castelhana, contudo, é inteiramente dedicado a outro conceito: “populismo”. As constantes referências à expressão durante as entrevistas e forte apelo dos estudiosos de Filosofia e História Política ao conceito (em sua visão, já enfraquecido academicamente) levaram-no, provavelmente, a dispender duas páginas para diferenciar populismo e “tendências regressivas solidamente arraigadas” na Europa e nos EUA no século XXI.
Na tipologia, curiosamente, Traverso o reintegra como categoria, quando afirma que o populismo argentino e peronista (nacionalista, messiânico, carismático, autoritário e idealizador do povo) difere dos “populismos reacionários” estadunidense (D. Trump) e francês (M. Le Pen e E. Macron). O primeiro distribui riqueza entre os pobres e os insere no sistema democrático. Os segundos são orientados pela entrega da nação “las fuerzas impersonales del mercado”. (p.21). O primeiro, acrescentamos, foi gestado no imediato pós-guerra em mundo bipolar. O segundo, reitera o autor, foi gestado na “era da globalização neoliberal”. O primeiro, por fim (como vários movimentos políticos do século XIX), pode continuar a ser designado “populismo”. O segundo, entretanto, deve ser tipificado como “pós-fascismo”.
O primeiro capítulo do livro – “¿Del fascismo al posfascismo” – é dedicado à definição dessa nova categoria. O que vemos nas duas primeiras décadas do século XX, segundo Traverso, não é um resíduo nem um prolongamento do fascismo, ou seja, não é o caso de se falar em “neofascismo”. Os fascismos clássicos (italiano ou alemão) eram antidemocráticos e os pós-fascismos (ao menos o de Le Pen) querem “transformar el sistema desde dentro” (p.27). Os fascismos clássicos eram estatistas, imperialistas e queriam criar uma “terceira via entre liberalismo e comunismo” e os pós-fascismos (ao menos o de Trump) são neoliberais. Os fascismos clássicos possuíam uma visão de mundo e um “modelo alternativo de sociedade”, enquanto os pós-fascismos (o de Trump é, novamente o exemplo) não tem programa ou se reduz a um “Make America Great Again”. Os fascismos clássicos estavam fundamentados em uma “ideologia forte” e o pós-fascismo, exemplificado por Macron, significa o “grau zero de ideologia”.
Com as sucessivas comparações, somos levados a definir o pós-fascismo a partir de traços ideológicos na esfera política, econômica e social: combate à democracia, defesa do livre mercado, ausência de projeto societário e de ideologia forte. Traverso, contudo, acrescenta uma marca diacrítica fundamental: “Lo que caracteriza al posfascismo es un régimen de historicidade específico – el comiezo del siglo XXI – que explica su contenido ideológico fluctuante, inestable, a menudo contradictorio, en el cual se mezclan filosofias políticas antinómicas.” (p.26).
A oralidade que marca o texto e a interrupção do entrevistador, provavelmente, o impede de detalhar esse novo “regime de historicidade”. Tomando como base o seu livro anterior (citado pelo apresentador, Régis Meyran), somos induzidos a compreendê-lo como um tempo sem futuro (horizonte de expectativas), algo que explicaria, inclusive, o caráter instável e contraditório das ideologias e as recorrentes antinomias em termos de “filosofia política” no interior dos movimentos e partidos. Esse auxílio, contudo, é insuficiente para relevar as contradições do próprio Traverso nas definições de pós-fascismos por meio de exemplos.
Afinal, se as antinomias são o caráter dos movimentos pós-fascistas, poderíamos rotulá-los como antidemocráticos? Se os fascismos italiano e alemão reuniam “corrientes diferentes, desde las vanguardias futuristas hasta los neoconservadores, de los militaristas más belicosos a los pacifistas muniquenses etc.” as antinomias deveriam continuar traço diferenciador dos movimentos e partidos do século XXI? Se as categorias “horizonte de expectativa” e “espaço de experiência” estão fundadas na ideia de continuidade passado/presente/futuro, porque afirmar peremptoriamente que as novas direitas do século XXI, exemplificadas na figura de Trump, não representariam uma continuidade histórica e nem uma herança com o fascismo histórico (mesmo que o sujeito citado não as reivindicasse conscientemente)?
O segundo capítulo – “Políticas identitarias” – expressa concepções de Traverso sobre o emprego da categoria “identidade”, acompanhada de suas críticas aos discursos identitários difundidos, principalmente, pela Frente Nacional (FN) e o “Partido de Indígenas de la República” (PIR). Sua ideia de identidade é remetida (entre outros referenciais) a P. Ricoeur – que lhe inspira na caracterização das identidades veiculadas pelos partidos de esquerda (ipseidade – identidade histórica) e de direita (mesmidade – identidade essencial). Em termos abstratos, Traverso elogia as políticas identitárias de esquerda que reivindicam o “reconhecimento”, ao passo que as de direita reivindicam a “exclusão”.
A esquerda radical (Traverso lamenta) nunca soube conciliar diferentes pautas identitárias, pondo o fator econômico (a classe) acima das identidades de raça, gênero e religião. Nesse sentido (ainda que de modo irônico, para Traverso), a nova direita representada pela FN, por exemplo, é mais eficiente, pois associa a defesa dos “blancos humildes”, manifestando, assim, a sua simpatia pela categoria interseccionalidade. Quanto às críticas às políticas de direita, estas não são nada genéricas. O laicismo, as identidades nacionais e étnicas difundidos pela FN são reacionárias (defensivas), ilógicas, antieconômicas e antissociais.
A melhor parte da discussão entabulada por Traverso, nesse capítulo segundo, está nas razões que ele aponta para esse reacionarismo. As políticas identitárias das novas direitas (que geram a exclusão de migrantes), o laicismo autoritário de Estado (que negam a cidadania plena aos ex-colonizados e que prometem o retorno à Europa anterior ao Euro) são produtos da própria República e do Colonialismo. Assim, não se pode acusar a FN de antirrepublicana, posto que as exclusões do tipo fazem parte da história da República francesa recente. Nesse trecho, quase que ouvimos Traverso declarar que não há (não houve) um germe ultradireitista. Foi a própria serpente (a República francesa) que pariu os identitarismos excludentes dos novos reacionarismos.
Aqui, vemos como o autor põe grupos de esquerda e de direita sob o mesmo solo – que gera as mesmas distorções. Ele avança ainda mais na indicação de semelhanças quando afirma que as “direitas radicais”, os “expoentes liberais e conservadores” não mais buscam “legitimar uma política” por meio da “ideologia”, que “se improvisa a posteriori”. Chega a empregar a expressão “pós-moderna” para tipificar esse traço do nosso tempo. Mesmo que esteja entre aspas, essa expressão não cabe na passagem.
Se ele admite a legitimidade política não ideológica como consequência de uma relação pós-moderna dos humanos com o tempo, as continuidades de ideias e práticas das novas direitas com as ideias e práticas de direitas do século XIX e XX não mais se sustentam. Se, ao contrário, ele reitera a interpretação das novas direitas dentro dos quadros de um novo regime de historicidade, a condição “pós-moderna” não faz nenhum sentido no seu texto.
Além desse deslise teórico, Traverso revela um misto de idealismo em relação à ideia de partido político, em prejuízo, inclusive da sua abordagem historicista (realista) sobre as novas direitas. A vida partidária, mesmo em tempo anterior ao século XXI, é marcada por estratégias de sobrevivência que resultam em diferentes comportamentos, desde a manutenção de um programa, passando pela captura dos eleitores, até a manutenção do poder, quando à frente do Executivo.
No terceiro capítulo do livro – “Antissemitismo e islamofobia” –, as questões identitárias ganham ainda maior espaço. O entrevistador parece determinado a extrair de Traverso uma crítica às definições dos termos em pauta e uma comparação entre os dois fenômenos, tomando-os em seus elementos aparentemente similares: o antissemitismo na primeira metade do século XX e a islamofobia no início do século XXI. O autor resiste várias vezes a compreendê-los como fenômenos simétricos e, implicitamente, a considerá-los “ideologias”. É certo, julga ele , que as afinidades existem: para os antissemitas dos anos 30 do século passado, judeus e bolchevistas eram um “outro” ameaçador, enquanto para os islamofóbicos, os mulçumanos e os terroristas islâmicos são um novo outro inimigo; o antissemitismo estruturava os ideais nacionalistas do início do século XX, enquanto a islamofobia estrutura os nacionalismos europeus do início do século XXI.
Essas similitudes, contudo, são menos expressivas quando observadas caso a caso, com destaque para a experiência francesa. Para Traverso, a “judeofobia” é combatida pelo Estado francês que, por sua vez, legitima a islamofobia. Os judeus estão integrados econômica, social e culturalmente, enquanto africanos e asiáticos e seus descendentes, mesmo nascidos na França, experimentam uma cidadania de segunda categoria. Nos anos 60 do século passado, ao lado dos negros, judeus marcharam em luta contra o racismo e pelos direitos civis. Hoje, organizações civis que congregam judeus confundem o Estado de Israel e comunidade judaica, oprimindo palestinos em suas próprias terras: “La memoria del Holocausto se há convertido en una religión civil republicana, en tanto que la memoria de los crímenes coloniales sigue negada o acallada, como en el caso de las controvertidas leyes de 2005 sobre el ‘papel positivo’ de la colonización.” (p.88). A emergência da islamofobia contemporânea, conclui o autor, não pode ser reduzida ao racismo clássico dos séculos XIX e XX ou ao fator imigração. O colonialismo entranhado na República é o que explica (na certeira expressão de Meyran) o “racismo de pobre” em vigor na França.
Observem que não apresentei nenhum senão ao capítulo terceiro e o mesmo ocorre com o quarto capítulo – “¿Islamismo radical o islomofascismo? El Estado Islãmico a la luz de la historia del fascismo”. Nele, novamente, Meyran tenta extrair de Traverso uma posição sobre a potência heurística da categoria (“islamofascismo”) e, consequentemente, sobre a validade de tipificar o Estado Islâmico (EI) com expressão do fascismo. Ele rechaça a proposição, embora reconheça semelhanças entre os fascismos italiano, alemão e francês e as ações do EI.
Elas estariam principalmente, nos contextos de emergência do primeiro e do segundo fenômeno (desestabilização da Europa pós Primeira Guerra Mundial e desestabilização de países árabes pós invasões soviéticas, estadunidenses e europeias no Iraque e Afeganistão, por exemplo) e no caráter conservador das suas revoluções (o emprego da tecnologia para propagandear uma sociedade “obscurantista”, baseada em um “passado imaginário”. As diferenças, contudo, superam as similaridades mais gerais, quando, segundo Traverso, o analista aborda os fenômenos diacronicamente e em suas particularidades.
hemos visto surgir fascismos en América Latina, es decir, fuera de Europa: ahora bien, estos se instalaron en el poder gracias al apoyo de los imperialismos, las grandes potencias. En Chile, uno de los peores regímenes fascistas latinoamericanos se instaló mediante un golpe de Estado organizado por la CIA. […] La fuerza del EI, al contrario, radica en el hecho de mostrarse ante los ojos de muchos musulmanes como un movimiento de lucha contra el Occidente opresor. Eso vuelve problemático definir este movimiento como fascista.
Fascismo é conceito histórico, não devendo ser usado como categoria analítica. Totalitarismo (de H. Arendt) é categoria analítica adequada ao exame do EI, mas limitada à sua natureza abstrata (de categoria), a exemplo da categoria nacionalismo. O nacionalismo fascista é cimentado pelo “culto ao sangue” (Itália) e “culto ao solo” (Alemanha) e o nacionalismo do EI é “universalista”; o fascismo (categoria ou conceito histórico?) do Chile foi apoiado pelo imperialismo estadunidense que combate agora as ações do EI; o fascismo da Itália e da Alemanha emergem como alternativa à democracia liberal, enquanto o EI emerge em território que nunca praticou a democracia; o fascismo da Itália e da Alemanha eram anticomunistas enquanto o EI nunca encontrou a resistência de “uma esquerda radical”.
Ao listar meia dezena de razões para não tipificar o EI como fascista, Traverso demonstra os perigos das conclusões sobre causas e consequências de fenômenos históricos com base apenas no emprego de categorias (sobre todo os tipos ideais). Ideologias são apenas uma variável. Não é a religião que explica o EI: “hay que estudiar l la relacion que existe entre Marx, el marxismo, la Revolución Rusa y el estalinismo […] resulta evidente que el EI no es la revelación del islan ni la única expresión posible del islam, pero si uma de sus expresiones […] la Inquisición no es la única expresión posible del cristianismo, !también existe la teologia de la Liberación”. (p.92) Traverso, por fim, deixa implícito que quando cientistas sociais e historiadores tomam a ideologia como causa eles enviesam os resultados. Quando estrategistas e políticos agem dessa forma, o prejuízo é em escala. Eles criam “espantalhos”, omitem o assentimento popular ao EI, o financiamento ocidental ao EI, a contribuição ocidental midiática à banalização da violência (adotada pelo EI), a instrumentalização das ideias de direitos humanos, liberalismo e democracia para exterminar os movimentos emancipatórios de povos africanos e asiáticos.
Nas conclusões do livro – “Imaginario político y surgimento del posfascismo” –, mais uma vez, o leitor perceberá a tensão entre o reiterar de uma tese (a falência das utopias do século XX, a exemplo do comunismo e do fascismo, dá vasão às investidas pós-fascistas, encarnadas pelas novas direitas e o terrorismo islâmico), a instabilidade da aplicação dos conceitos (o “modelo antropológico do neoliberalismo”, também referido como “idolatria do mercado”, é ou não uma ideologia dos últimos 20 anos?) e a atribuição de valor na causação das novas direitas (a extinção das ideologias do século XX, a precariedade socioeconômica de grandes segmentos populacionais, na Europa, Ásia e África ou os dois condicionantes simultaneamente?).
Da mesma forma, ainda na conclusão, Traverso consolidará, sinteticamente, as principais ideias que se propôs a defender durante a entrevista: 1. Novas direitas (ou direitas radicais) e islamismos não são fascistas; 2. Novas direitas e islamismos são “sucedâneos” reacionários (passadistas e xenófobos) das utopias do século XX; 3. Movimentos sociais e partidos políticos de esquerda (com suas iniciativas, ironicamente, dispersas em um mundo globalizado) não são capazes, no curto prazo, de preencher esse vazio utópico; 4. “Religiões cívicas” como o republicanismo francês pós massacre Charlie Ebdo e memorialismo anti-holocausto, respectivamente, acrítico e vitimista, são incompetentes como freios às novas direitas. Sua percepção de futuro, contudo, é otimista: “no hay inexorabilidade alguna. Pueden myy biente aparecer en cualquer momento mentes creadoras, dotadas de una poderosa imaginación, y proponer una alternativa, outro modelo de sociedad.” (p.116).
No início desta resenha, anunciei a razão da minha escolha: queria observar o que caracterizaria o trabalho de um historiador de formação e ofício que estuda o fenômeno das “novas direitas”. A resposta serve como avaliação geral do livro. Em Las nuevas caras de la derecha o noviço de história é beneficiado, talvez, pelo gênero textual (marcado pelos diálogos entre Meyran e Traverso) que elimina a organização lógica de um texto e (se o noviço aceita participar como observador) em benefício da liberdade de suspender a leitura e refletir sobre o lido sem perder o fio da meada (já que as questões ou temas se encerram ao final de uma ou duas intervenções do entrevistador).
Esse expediente possibilita a percepção das várias tensões que atravessam o livro e que ensinam de modo mais realista como trabalha um historiador que se ocupa do referido tema, obviamente, aos que estão predispostos a aprender: a tensão sobre as escolhas de variáveis para a comparação (sobre o que serve e o que não serve para fazer analogias, se mais as semelhanças, se mais as diferenças) e as justificativas políticas empregadas para fazê-lo; a tensão sobre a adequabilidade e a eficácia do emprego do conceito histórico e da categoria analítica; a tensão da escolha entre se comportar como historiador tipicamente historicista (examinando múltiplas variáveis e construindo contextos prováveis a partir de múltiplos pontos de vista) e um cientista social (empregando modelos/tipos e fazendo generalizações sobre sujeitos concretos a partir de categorias/abstrações); a tensão de perceber a oportunidade para problematizar uma situação concreta, mediante antinomias ou explicações unilaterais, e de encontrar o melhor momento para reiterar a sua tese sobre os estados de coisas nos quais estamos envolvidos no início do século XXI (Estado Islâmico, Trump, Le Pen): fenômenos pós-fascistas resultam do fracasso das revoluções do século XX e da crise do capitalismo como fornecedores de horizontes de expectativas para populações alijadas da globalização e vitimadas pelo colonialismo.
Sumário de Las nuevas caras de la drecha
- Prefacio a la edición castellana
- 1. Prólogo
- 2. ¿Del fascismo al posfascismo
- 3. Políticas identitarias
- 4. Antisemitismo e islamofobia
- 5. ¿Islamismo radical o “islamofascismo”? El Estado Islámico a la luz
- de la historia del fascismo
- Conclusión. Imaginario político y surgimiento del posfascismo
- Sobre el autor
Para citar esta resenha
TRAVERSO, Enzo. Las nuevas caras de la drecha. Buenos Aires: Titivillus, 2021. 234p. Resenha de: FREITAS, Itamar. As recentes direitas de um historiador. Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n. esp. (Novas Direitas em discussão), ago. 2022. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/3237/>.
O que há de novo na “nova direita”? identarismo europeu, trumpismo e bolsonarismo | Marcos Paulo dos Reis Quadros
Marcos Paulo dos Reis Quadros | Imagem: Radio Caxias
O que há de novo na nova direita, de Marcos Paulo dos Reis Quadros, resulta de uma investigação conduzida em seu estágio pós-doutoral, realizado na Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde também cursou doutorado em Ciências sociais. O autor é professor e pró-reitor acadêmico do Centro Universitário Estácio Belo Horizonte (ESTÁCIO BH) e ministra cursos sobre “Direitas” e “Teoria Política” no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS. Seus três livros discutem federalismo, e a relação “soft power” e violência em favelas no Brasil e trajetórias das direitas no Brasil e em Portugal. No seu mais novo trabalho, como explicitam título e subtítulo, sua meta é avaliar “caracteres distintivos dessa nova direita na Europa (os partidos identitários) e no Brasil (o bolsonarismo), fazendo, ainda, considerações sobre o “trumpismo nos Estados Unidos” (p.19). Suas questões são desafiadoras. Elas tocam nas causas da ascensão da direita e exploram a vivência das direitas em quatro planos: “pilares ideológicos”, “plataformas político-eleitorais”; comportamento nos parlamentos e comportamento nos governos. Dada a quantidade de planos, é uma tarefa desafiadora que ele se propõe a cumprir em três capítulos.
No primeiro – “Sobre os sentidos das direitas” –, o autor defende a validade da díade esquerda/direita como demarcador ideológico. Seu critério é o de N. Bobbio, ou seja, a relação que as pessoas mantem com o valor da igualdade. Assim, se para a esquerda (representada instrumentalmente por J.-j. Rousseau), o ser humano é bom e aperfeiçoável, sendo legítimos a rebeldia e a mudança. Para a direita (representada instrumentalmente por T. Hobbes), o ser humano é mal e imperfeito naturalmente, sendo legítimos a conservação da herança e a ordem (T. Hobbes). A direita, como se vê, é constituída por um núcleo – conservação da herança – e por conceitos outros como “ordem”, “ceticismo” e “idade do ouro”, acrescidos de outros tantos em determinados contextos. Aliás, fiel a R. Rémon, o autor toma a descrição de direita como um tipo ideal, mas há limites: “Pode existir um conservadorismo de inclinações autoritárias e um conservadorismo de pendor liberal; jamais, sublinhe-se, um conservadorismo progressista.” (p.43). Leia Mais
Menos Marx, Mais Mises: o liberalismo e a nova direita no Brasil | Camila Rocha
Camila Rocha | Imagem: Diplomatic
Menos Marx, mais Mises: o liberalismo e a nova direita no Brasil, de Camila Rocha, resulta da pesquisa de doutorado em Ciência Política, desenvolvida na Universidade de São Paulo/USP e defendida em 2018. A pesquisa ganhou os prêmios de Tese Destaque USP no âmbito das Ciências Humanas e melhor tese pela Associação Brasileira de Ciência Política. Em 2021, após adaptações na estrutura e na linguagem, com vistas a atingir a comunidade leitora não especializada, o trabalho foi publicado pela editora Todavia.
A obra está organizada em introdução, três capítulos centrais, estes divididos em subcapítulos de número e extensão variável, e considerações finais. Nuclearmente no livro é o argumento de que a chamada “nova direita” brasileira constitui “contra-públicos” que se organizaram fora das estruturas tradicionais de poder; se afastariam da “velha direita” por serem críticos e não mostrarem-se tributários nem devedores da ditadura-civil militar; e resultarem de acomodações entre o ideário “ultraliberal”, no âmbito da economia, com perspectivas “conservadoras”, no campo das relações sociais, algo que o debate político corrente na mídia e imprensa tem tratado, por vezes, de maneira simplista e inadequada sob a expressão “pauta de costumes”. Leia Mais
Os militares e a crise brasileira | João Roberto Martins
João Roberto Martins Filho Foto: Gabriela Di Bella/The Intercept
Em 2020, João Roberto Martins Filho publicou a segunda edição de O palácio e a caserna: a dinâmica militar das crises políticas na Ditadura (1964-1969), adaptação da sua tese de Doutorado em Ciência Política, orientada por Décio Saes e defendida em 1989. Nesse livro, manteve a proposição de que as forças armadas brasileiras configuram um partido político fortalecido na emergência uma “ideologia militar fortemente calcada na repulsa à política civil”, cujas pautas correlatas e consequentes seriam a estabilidade social e a garantia da ordem. (p.55). A tese contrapunha-se à interpretação da experiência militar como um conflito entre dois ideais capitalistas: o internacionalismo da Escola Superior de Guerra (ESG) e o nacionalismo de grupos minoritários. Um ano depois da republicação, Martins Filho nos brinda com outro estudos sobre “militares” e “crise” dos anos recentes, reunindo dezessete autores vinculados a instituições de ensino e pesquisa nas áreas de Estudos de Defesa, Segurança Internacional, Relações Internacionais, Estudos Estratégicos, Ciência Política e História Contemporânea, Antropologia e, ainda, profissionais do jornalismo e da área militar.
Se o organizador registra que a proposição de 1989 ficou no limbo até 2005, agora restam poucas dúvidas de que os militares representam funções e estratégias de um partido político para si mesmos e que são corresponsáveis pelos ataques à democracia liberal brasileira, perpetrados, por exemplo, desde 2013. O leitor, contudo, encontrará alguma dificuldade para chegar às provas dessa responsabilização. A coletânea é qualitativamente desequilibrada e variada em termos de gênero textual. Verá divergências compreensíveis e saudáveis, em termos de fontes e interpretações. A credibilidade das Forças Armadas (FA), na última década, por exemplo, é tida como em declínio e em ascensão; as políticas dos governos progressistas em termos de defesa são vistas positivamente e negativamente; e a profissionalização dos militares é fundamental e nula para a sua submissão ao controle político civil. Leia Mais
Loas que carpem: a morte na literatura de cordel | Marinalva Vilar de Lima
Morte do Padre Cícero | Imagem: Tribuna do Sertão
O tema da morte, do morrer e dos mortos vem sendo apresentado em muitos suportes da cultura material, o que demonstra a multiplicidade e complexidade da experiência da (in)finitude humana nos artefatos culturais. Quando direcionamos a atenção para a literatura, muito tem se produzido nos diferentes gêneros. No caso específico da literatura de cordel, nos perguntamos como a morte, o morrer e os mortos são representados e versados? É sobre isso que esse texto irá discorrer a partir do livro aqui resenhado.
O trabalho contém 297 páginas, nas quais são apresentados os resultados da pesquisa de doutoramento em História, desenvolvida por mais de quatro anos, ao longo dos quais a autora realizou diversas viagens entre Ceará, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo. A tese foi defendida no ano de 2003 e o livro publicado dezessete anos depois, o que permitiu uma adaptação e revisão do trabalho inicial. No que concerne à temática da morte, do morrer e dos mortos, a partir da literatura de cordel, é um trabalho inédito, talvez a primeira tese de História sobre a temática no Brasil. Leia Mais
Os teóricos da História têm uma teoria da história? Reflexões sobre uma não-disciplina | Zoltán Boldizsár Simon
Zoltán Boldizsár Simon | Imagem: UCL
“Os teóricos da História têm uma Teoria da História?” Esse título é intrigante, paradoxal e, ao mesmo tempo, autoexplicável. Sua resposta é fornecida ensaisticamente por Zoltán Boldizsár Simon, historiador nascido na Hungria e atuante na Universidade de Bielefeld (Alemanha). O texto foi publicado, inicialmente, na revista História da Historiografia, no mesmo ano, tornado livro pela Editora Milfontes. Com as apresentações de Bruno César Nascimento, editor, e de Luisa Rauter Pereira, coordenadora da “Coleção Fronteiras da Teoria”, percebemos que as dimensões, o caráter sintético da escritura e o contexto de lançamento estão plenamente adequados. Nascimento e Pereira querem textos inéditos em língua portuguesa, manuseáveis em salas universitárias. Textos que mobilizem a reflexão acerca do valor de determinados domínios acadêmicos sobre si mesmos e como instrumentos de interpretação de desafios globais impostos ao tempo presente – a exemplo dos conflitos por identidade étnica e de gênero e as ameaças do aquecimento global.
Considerando a interrogação quase kamikaze, o ensaio foi excelente escolha para a abertura e lançamento da referida coleção. Entretanto, considerando a repercussão por escrito em mais de 200 revistas brasileiras de História e, até no Google Acadêmico, a resposta dos nacionais à provocação do professor húngaro praticamente inexiste, apesar dos 300 downloads do artigo na História da Historiografia. Ainda assim, o autor conseguiu a atenção de Arthur Ávila, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que mostrou desconforto com a definição simoniana de Teoria da história como aquilo “que hoje fazemos dela”: se Teoria da História é “o que dela fazemos’, continua Ávila, “qual seria o sentido em se chegar a uma definição universalmente válida dela? […] Finalmente, para nós, que estamos no Sul global, este gesto mesmo que importante e defensável, não repetiria aquela velha divisão do trabalho intelectual que coloca o Norte como produtor de teorias, seja sobre o que for, e o meridião do mundo como mero aplicador ou reprodutor de teorias […] ?” (p.9). Tradutor e apresentador do ensaio, Ávila, porém, faz uma ponderação. Afirma que a maior contribuição da obra estaria no próprio questionamento e não, necessariamente, nas respostas ao problema. Penso que o contrário pode também ser verdadeiro, se levarmos em conta o contexto de produção da obra e o que ela oferece, implicitamente, à formação dos graduandos em História no Brasil. Leia Mais
Em Busca da Liberdade: Memória do Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe (1975-1979) | Maria Aline Matos de Oliveira
Maria Aline Matos de Oliveira com os seus pais | Foto: Davi Villa / Segrase
“… por cima do medo, a coragem”.
Zelita Correia (In: OLIVEIRA, 2021: p. 210).
A pesquisadora e professora Maria Aline Matos de Oliveira oferece, ao público leitor, com a transformação da dissertação de mestrado em História em livro, um dos capítulos mais importantes da resistência democrática contra o autoritarismo da ditadura empresarial-militar no Brasil (1964-1985), ao reconstruir o protagonismo das mulheres na organização a trajetória da luta pela anistia em Sergipe, que galvanizou amplos setores da sociedade civil.
Como produto do processo de consolidação do curso de pós-graduação em História, da Universidade Federal de Sergipe, sua pesquisa busca reconstruir, a partir da metodologia da história oral, histórias e versões de segmentos populacionais antes silenciados pela historiografia brasileira, como é caso da luta das mulheres na resistência às ditaduras no Cone Sul. Além das entrevistas realizadas, a pesquisadora utilizou fontes jornalísticas, relatos memorialistas e a documentação dos acervos do Memorial da Anistia, do Brasil Nunca Mais e da Comissão Estadual da Verdade “Paulo Barbosa de Araújo” (Sergipe). Leia Mais
Memórias ancoradas em corpos negros | Maria Antonieta Antonacci
Espetáculo “Imalẹ̀ Inú Ìyágbà” mergulha na ancestralidade de um universo experimentado pela artista | Foto: Thais Andressa / G1
Maria Antonieta Antonacci possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, além de ser mestra em História Econômica pela Universidade de São Paulo e pósdoutora em Antropologia Social pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), da França. Atualmente é professora associada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo demonstrando maestria em História da África, Culturas Africanas, Afro-Brasileiras e também em História do Brasil.
É imprescindível citar que em 2003, quando promulgada a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas do Brasil, Antonacci posicionou-se veementemente contra o ensino, no curso de História da PUC-SP, de uma História Africana contada sob a ótica de historiadores europeus. A partir dessa justa militância, a professora intensifica seus estudos acerca da temática supracitada, dando vida a sua obra mais famosa, o livro Memórias Ancoradas em Corpos Negros. Leia Mais
Ensaios de História e Filosofia da Química | Luciana Zaterca e Ronei Clécio Mocellin
Detalhe de capa de Ensaios de História e Filosofia da Química
Por meio de discussões filosóficas baseados em casos históricos e até de assuntos contemporâneos, Zaterka e Mocellin, no livro Ensaios de História e Filosofia da Química, levantam questões importantes em torno da química, entrelaçando vieses epistemológicos, ontológicos e até mesmo éticos, ambientais, econômicos, sociológicos e políticos. Os ensaios, distribuídos em cinco capítulos e as considerações finais, trazem discussões que podem contribuir para ativi-dades no ensino de química superior, em aulas de disciplinas específicas de história e filosofia da ciência/química e ensino. Os capítulos podem ser lidos de forma independentes, porque tratam de assuntos (estudos de caso) autônomos. Esses capítulos podem, também, contribuir no planejamento de outras disciplinas da graduação, para contextualização de conceitos como a experimentação (caso da alquimia no capítulo 1, filosofia experimental no capítulo 2 etc.), as substâncias simples (caso do alumínio no capítulo 4) e a síntese química (caso do plástico no capítulo 4 e fertilizantes capítulo 5). Os casos envolvem os conhecimentos acerca da matéria/materialidade/mundo material, por meio da discussão de práticas, produtos e processos ligados, desde a alquimia, passando pela química e a medicina até chegar à agricultura industrial (química agrícola). Assim, lendo o livro de forma completa, apresenta-se a química com toda a sua centralidade, identidade epistêmica e capilarização social. Leia Mais
Race for Profit: How Banks and the Real Estate Industry Undermined Black Homeownership | Keeanga-Yamahtta Taylor
Keeanga-Yamahtta Taylor | Imagem: KQED
In the context of a COVID-19 world, housing and living standard inequities are a phenomenon that have surely been exacerbated. The conditions created by global pandemic have undoubtedly contributed further to greater poverty in many areas—from housing, to jobs, to access to food security and water resources (informed by colonial legacies in North America especially). Any discussion of histories related to global or regional housing must be considered from this sort of lens. In this sense, the recent book Race for Profit: How Banks and the Real Estate Industry Undermined Black Homeownership, published not long before the pandemic began in 2020 offers prescient analysis.
In Race for Profit Keeanga-Yamahtta Taylor argues that “unprecedented public-private partnership in the production of low-income housing tethered the HUD [Department of Housing and Urban Development] and the FHA [Federal Housing Administration] to real estate brokers, mortgage bankers, and homebuilders” (p.4). The historiographical focus rests on a critique of the “declensional framing” of “urban crisis” through the late 1960s and 1970s, which Taylor suggests, “belies the dynamic and innovative methods of financing generated to develop the urban housing market” (p.5). As she forcefully argues:
[f]ar from being a static site of dilapidation and ruin, the urban core was becoming an attractive place of unparalleled opportunity, a new frontier of economic investment and extraction for the real estate and banking industries. The race for profit in the 1970s transformed decaying urban space into what one U.S. senator described as a ‘golden ghetto’ where profits for banks and real estate brokers were never ending, while shattered credit and ruined neighborhoods were all that remained for African Americans who lived there (p.4). Leia Mais
Representaciones sobre las mujeres en la independencia. Entre realidad y ficción Nueva Granada, 1810-1830 | Judith Colombia González Erazo
Flag of the Gran Colombia, used between December 17, 1819 and January 10, 1820, and in the Venezuela Department until July 12, 1821 | Imagem: Wikipédia
Judith Colombia González Erazo es licenciada en Historia por la Universidad del Valle y Magíster en Historia en la misma universidad, donde, además, es profesora de cátedra en el Departamento de Historia. La mayoría de sus investigaciones giran en torno a la temática de la feminidad, las representaciones femeninas y la historia de las mujeres dentro de los procesos independentistas y la creación de la república neogranadina. En dicho eje temático se inscribe Representaciones sobre las mujeres en la independencia. Entre realidad y ficción Nueva Granada, 1810-1830, texto que es producto investigativo de su proceso formativo de la maestría.
Esta obra se compone de una introducción, tres amplios capítulos y una muy breve conclusión. En el primer capítulo intitulado Mitografías y narrativas sobre las mujeres en la Independencia, la autora se acerca a las figuras femeninas que participaron activamente de la independencia neogranadina rastreando la presencia real y ficticia de estas en los procesos de amotinamiento, los encuentros bélicos y las transformaciones sociales, especialmente en Santafé de Bogotá. En este mismo capítulo elabora un balance historiográfico para encontrar las denominadas mitografías y representaciones sociales en los escritos históricos desde los primeros historiadores empíricos del siglo XIX hasta los formados académicos del siglo XX, especialmente hasta la década del sesenta. Leia Mais
Ismail Xavier: um pensador do cinema brasileiro | Fatimarlei Lunardelli, Humberto Pereira da Silva e Ivonete Pinto
Ismail Xavier | Imagem: Folha – UOL
Se vocês, pesquisadores e pesquisadoras, dedicam-se a estudar o cinema brasileiro, em algum momento deverão tropeçar, ou mergulhar, se já não o fizeram, em algum escrito do Prof. Dr. Ismail Xavier.
Xavier tem uma produção profícua, com impacto nacional e internacional. Ele ingressou na Universidade de São Paulo (USP) em 1965, graduou-se em Comunicação Social, com habilitação em Cinema, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) (1970), e em Engenharia Mecânica, na Escola Politécnica (Poli-USP) (1970). Foi orientado, em seu mestrado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada), na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP pelo Prof. Dr. Paulo Emílio Salles Gomes, concluindo-o em 1975. Doutorou-se (1980) em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela FFLCH- -USP, sob a orientação do Prof. Dr. Antonio Candido Mello e Souza. Doutorou-se (1982), também, em Cinema Studies – New York University (NYU) (1982), com orientação da Phd. Annette Michelson. Atualmente, é professor emérito da ECA-USP. Leia Mais
Territorialidades camponesas no noroeste do Paraná | Maurilio Rompato e Leandro de Araújo Crestani
Leandro de Araújo Crestani | Imagem: CICP/EEG/UniMinho
Um livro escrito a muitas mãos, mas principalmente, muitas vozes, muitas vidas; as dos camponeses e camponesas que cederam parte das suas vivências para que pesquisadores e a universidade pública se apropriassem desse tipo de memória coletiva (HALBWACS, 1990) é o que faz o presente livro “Territorialidades camponesas no Noroeste do Paraná” recém-publicado pela editora FAG, Cascavel-Pr, 2021, (327 p.) organizado pelos professores, Maurilio Rompatto e Leandro de Araújo Crestani e nos brinda com treze (13) trabalhos acadêmicos de grande esforço analítico teórico e metodológico de história oral.
Em sua tessitura o livro ao longo da sua narrativa é capaz de dar um corpo sólido que amarra todas as escritas, numa só; a escrita da história. Poderia se chamar memória-trabalho como a professora Ecléa Bosi (2004) fez com os seus “velhos” em “Memória e sociedade: lembrança de velhos”. Leia Mais
Ney Matogrosso… Para Além do Bustiê: Performances da Contraviolência na Obra Bandido (1976-1977) | Robson Pereira da Silva
Ney Mato Grosso. Detalhe de capa do disco “Bandido” (1976). Imagem: BR320
“[…] O personagem é um determinante da ação, que é, portanto, um resultado de sua existência e da forma como ela se apresenta. O personagem é o ser humano (ou um ser humanizado, antropomorfizado) recriado da cena por um artista-autor, e por um artista-ator.” (PALLOTTINI, 1989, p. 11)
O processo de analisar uma obra artística é complexo, e se tratando da Música Popular Brasileira (MPB) não é diferente. Ao fazê-lo é comum atentar-se mais a letra, aspecto logocentrico da canção, mas além da parte do texto é preciso nos atentar também aos intérpretes, pois eles não podem ser resumidos somente a quem dá voz a composição, por esses a relação logos e melos é corporificada. Tendo isso em mente, é importante nos questionar: Qual o lugar do intérprete na Música Popular Brasileira?
Em vista disso, o historiador Robson Pereira da Silva busca compreender como a historiografia tem olhado para os intérpretes da MPB, em especial Ney Matogrosso, no livro Ney Matogrosso… para além do bustiê: performances da contraviolência na obra Bandido (1976 – 1977), de 2020, lançado pela Editora Appris, fruto de sua dissertação de mestrado. Leia Mais
Mar de tormentas: uma história dos furacões no Caribe, de Colombo ao Katrina | Stuart B. Schwartz
Filme sobre o furacão Katrina é exibido pelo SBT (Reprodução: El País)/UOL
Corria o ano de 1780, a Revolução Americana encontrava-se em pleno desenrolar e o vizinho mar do Caribe estava cheio de tropas e navios. Entre os dias 10 e 16 de outubro, aquele que ficou conhecido como o “grande furacão” varreu a região, deixando um rastro de mais de vinte mil mortos. Todos os impérios europeus tiveram suas possessões afetadas. Com ventos que podem ter alcançado uma velocidade superior a 300 quilômetros por hora, a tempestade atingiu primeiro Barbados, arrasando a capital, onde quase nenhuma casa resistiu. Somente na Martinica, o naufrágio de uma frota francesa ancorada em Fort Royal fez quatro mil vítimas. Na cidade de Saint-Pierre, mais ao norte, um vagalhão de oito metros de altura lambeu uma centena e meia de casas, o hospital desabou e todas as quase cem freiras e noviças do convento de Saint-Esprit morreram. Para tornar tudo mais difícil, o grande furacão de outubro não veio sozinho, naquele ano houve pelo menos oito tempestades devastadoras na região. As plantações de cana-de-açúcar sofreram um duro golpe, a produção de alimentos ficou arruinada e os pescadores perderam seus barcos. Quando a temporada dos furacões acabou, os sobreviventes estavam desabrigados e a fome e as doenças tinham se instalado. Leia Mais
Estrecho de Magallanes. Cinco siglos de Cartografía (1520-2020) | Mateo Martinic
Mateo Martnic | Imagem: Arquivo Público do Espírito Santo
Si algún día la cartografía histórica llega a ocupar un lugar reconocible y destacado en la producción historiográfica de Chile, con varios investigadores especializados en su cultivo, una producción abundante y diversa, cátedras universitarias dedicadas a la formación de nuevos exponentes y eventos académicos regulares en los que se compartan y discutan sus avances, Rodrigo Moreno Jeria deberá ser considerado entre sus principales artífices.
La reciente publicación de Estrecho de Magallanes. Cinco siglos de Cartografía (1520-2020), en conjunto con el erudito austral Mateo Martinic, no es casualidad ni fruto de un esfuerzo aislado. El profesor Rodrigo Moreno lleva más de una década poniendo a disposición del público recopilaciones cartográficas muy bien cuidadas, resultado de su trabajo en repositorios del país y del extranjero y, lo que es valioso, siempre en colaboración con los principales especialistas en los temas y territorios que aborda. Esto permite acompañar sus trabajos con certeros estudios sobre el contexto en que fueron producidos los mapas, planos y grabados que presenta, lo que otorga a estas piezas un sentido que excede con mucho el valor estético que dejan en una primera impresión. Leia Mais
Saber hacer y decir en justicia. Culturas jurídico-judiciales en la zona centro-sur de Chile (1824-1875) | Victor Brangier
Victor Brangier | Imagem: UBO
Víctor Brangier se propone abordar, principalmente, el fenómeno de la justicia criminal contemporánea desde la ribera social y cultural de sus protagonistas. Entiende que resulta imposible pensar la justicia penal decimonónica como un aparato efectivo de control y disciplina social. En ese sentido, el análisis documental le permite comprobar que los sujetos en el siglo XIX no solo eran hábiles en responder y defenderse de las ofensivas persecutorias de alguna autoridad, sino que también queda claro que conocían cómo usar los resortes de la justicia criminal para enfrentar sus conflictos previos a la judicialización, en la arena social, y así obtener beneficios. Explica que los extremos temporales de su trabajo se asientan, por un lado, en el Reglamento de Administración de Justicia de 1824 y, por el otro, en la Ley de Organización y Atribución de Tribunales de 1875. Se avanzó entonces en un análisis institucional-oficial contrastado con las dinámicas vivas de su ejercicio en los juzgados. Concentró su mirada en la zona centro sur de Chile, particularmente en las provincias de Maule y Colchagua.
En función de ese objeto de estudio delimitado, se generan las preguntas que permitirán abordar los expedientes de archivo. Las mismas se centraron en determinar qué ideas políticas y jurídicas y qué clase de normativa delinearon la justicia criminal; qué características geográficas, administrativas, económicas y sociales tenía la zona centro sur del país; quiénes eran los actores sociales y los agentes de justicia; cuáles eran las raíces y horizontes de aquel saber y decir en justicia y cómo, por qué y para qué los actores lo ponían en práctica y actualizaban en los juzgados. Leia Mais
A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes | Nicolau Sevcenko
O ano de 2020 foi marcado pelo início da pandemia do coronavírus. A disseminação do vírus ao redor do globo culminou em milhões de mortes e uma quantidade enorme de enfermos devido à rápida disseminação do vírus numa sociedade complexa e globalizada. Além do quadro sanitário extremamente grave, a pandemia impactou de maneira extremamente brusca a economia mundial causando uma série de mudanças econômicas, renovando os hábitos de consumo e alguns setores econômicos adotando o home-office, quando possível. Escolas e universidades foram fechadas em diversas localidades no mundo para tentar frear a curva de contaminação do vírus.
Com este grave cenário social e econômico, a expectativa por uma vacina foi extremamente alta, visando minimizar ao máximo os impactos da pandemia. Como outrora, doenças como a varíola, poliomielite e o tétano, conseguiram ser controladas graças a processos de vacinação em massa. Leia Mais
Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador
O “Retrato do Colonizado precedido pelo Retrato do Colonizador” é um livro de não ficção escrito por Albert Memmi, publicado em francês, em 1957. No Brasil, foi traduzido pelo filósofo e político brasileiro Roland Corbisier e pela psicóloga Marisa Pinto Coelho, sendo publicado em 1977, no Rio de Janeiro. A obra explora e descreve os efeitos psicológicos do colonialismo sob colonizados e colonizadores. Essa obra, que chegou a ser banida por governos e pela polícia, é considerada um dos estudos mais poderosos e psicologicamente penetrantes, já escritos sobre a opressão colonial. Nela, o autor pormenoriza as mentes do opressor e do oprimido, revelando verdades sobre a situação colonial e suas consequências que surpreendem por serem tão relevantes em um mundo explicitamente devastado por conflitos quanto o eram na década de 1950. Mais de cinquenta anos depois, o texto permanece com uma atualidade assustadora.
Quanto ao autor, Albert Memmi nasceu em 15 de dezembro de 1920, em Túnis, Tunísia. Faleceu em 22 de maio de 2020, Paris, França. Romancista tunisiano de língua francesa e autor de vários estudos sociológicos que tratam de assuntos acerca da opressão humana, Memmi foi criado na intersecção entre diversas culturas por ter nascido na Tunísia, e ser filho de mãe judia tunisiana, de pai italiano, e ter estudado em escolas francesas. Assim, ele se encontrou, cedo em sua vida, na posição anômala de um judeu entre os muçulmanos, de um árabe entre os europeus, de um morador do gueto entre a burguesia e de um évolué (alguém “evoluído” na cultura francesa) em meio à família e amigos ligados à tradição. Foi essa tensão de viver em vários mundos ao mesmo tempo que se tornou o tema do primeiro romance autobiográfico de Memmi, “La Statue de sel” (1953; “O Pilar de Sal”, obra pela qual recebeu o Prix de Carthage e o Prix Fénéon. Romances subsequentes incluídos Agar (1955), que trata do problema do casamento misto; “Le Scorpion” (1969), um conto intrinsecamente estruturado de introspecção psicológica; e “Le Désert” (1977), em que a violência e a injustiça são vistas como respostas antigas à dor e à incerteza da condição humana. Porém, sem dúvidas, sua obra sociológica mais influente foi “Portrait du colonisé” (1957; “Retrato do Colonizado”), uma análise das situações tanto do colonizador quanto do colonizado, que contribuem para seu próprio aprisionamento em seus respectivos papéis (SIMON, 2020). Leia Mais
A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo | Verónica Gago
Verónica Gago é doutora em ciências sociais e professora na Universidade de Buenos Aires (UBA) e da Universidade de San Martín (UNSAM), além de pesquisadora e autora de diversos artigos sobre economia popular, economia feminista e teoria política. Faz parte do Coletivo NiUnaMenos, surgido em junho de 2015 após episódios brutais de feminicídios contra jovens mulheres de países da América Latina, como Argentina, Chile e Uruguai. O coletivo se tornou atuante na luta contra o feminicídio em toda a América Latina, sendo também responsável pelas mobilizações a favor da Greve Internacional Feminista e pela recente conquista da descriminalização do aborto na Argentina. É a partir desta visão e vivência em espaços de luta que a autora apresenta “A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo”, título traduzido para o português na edição brasileira, publicada em 2020, pela Editora Elefante.
O livro é composto por oito capítulos, os quais trazem os fundamentos para as oito teses sobre o atual feminismo transnacional defendidas por Gago, em um tom de manifesto, convidando a “experimentar o deslocamento dos limites em que nos convenceram a acreditar e que nos fizeram obedecer” (GAGO, 2020, p. 10). Ao longo de cada um deles, a autora trabalha argumentos que nos levam à visão de que “a greve só é geral porque é feminista” (GAGO, 2020, p. 229), visto que o movimento feminista atual é marcado de massividade e radicalidade, as quais refletem sua marca transnacional ao se fazer presente em diversas lutas, e por uni-las. Com isso, chega-se à conclusão de que se as mulheres pararem, o mundo para. Leia Mais
América Latina entre la reforma y la revolución: de las independencias al siglo XXI | Marta Bonaudo, Diego Mauro e Silvia Simonassi
Detalhe de capa de América Latina entre la reforma y la revolución: de las independencias al siglo XXI
La presente obra es producto de años de investigación de tres reputados autores que cuentan con una sólida trayectoria académica y universitaria en el marco del Instituto de Investigaciones Sociohistóricas Regionales (ISHIR), unidad ejecutora del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) de la República Argentina. Del propio decurso de sus investigaciones y del recorrido como docentes, estos tres autores proponen una obra renovada desde la temática, así como desde la perspectiva con la cual la abordan. Los estudios sobre América Latina son vastos y longevos; sin embargo, lejos de agotarse el campo, este tipo de propuestas vienen a refrescarlo y problematizarlo con nuevas preguntas y miradas.
En esta oportunidad, el presente libro se propone un abordaje de la historia americana desde una perspectiva que, lejos de anclarse en el recorrido diacrónico por los procesos políticos y sociales, lo hace desde el conflictivo vínculo entre revolución y reforma como puerta de ingreso para auscultar la historia continental. De esta forma, la premisa desde la cual parten los autores es que la historia de América ha estado signada por el inestable y siempre tenso vínculo entre los procesos revolucionarios y las propuestas de reformas como medios para resolver los males que en diversas épocas aquejaron a las poblaciones americanas. Así, el libro busca enhebrar la historia continental a partir de las diversas experiencias que, tensionadas entre las mencionadas soluciones, han sido una constante a lo largo y ancho de América. La obra, que tiene el mérito de proponer un recorrido no siempre lineal y cronológico sino problemático, también posee el de vincular pasado, presente y futuro, demostrando la continuidad y vigencia que el par problemático, elegido como perspectiva analítica, aún tiene en nuestros tiempos. Leia Mais
Un Gobierno de Papel. El correo y sus rutas de comunicación en tiempos de la reforma imperial en Chile (1764-1796) | José Araneda Riquelme
Detalhe de capa de Un Gobierno de Papel. El correo y sus rutas de comunicación en tiempos de la reforma imperial en Chile (1764-1796)
Últimamente, el papel se ha puesto de moda. Quizás tiene relación con un escándalo ocurrido en Chile hace algunos años sobre ciertos tipos de papeles. Quizás se explica dado que el plástico tiene mala fama y además presenta un carácter no biodegradable, lo que hace que el papel ocupe nuevamente el terreno de los embalajes no solo en Chile sino en diversos países. Así, llama la atención la moda de poner la palabra papel en títulos de obras, sean libros, artículos o películas. Así, por ejemplo, El Imperio de papel de Juan Diez de la Calle, de Guillaume Gaudin; Um impêrio de papel, de Leonor Pires Martins; Papéis Selados. Carreira Jurídica, Estratégias de Marcelo Da Rocha; Nobles de papel, de Rocío Quispe-Agnoli; Elogio del papel de Roberto Casati; y por supuesto, La casa de papel, la historia exitosa de atracadores del Banco de España; o Paper towns, una novela de John Green que hace alusión a ciudades marcadas en mapas pero que no existen.
El papel aparece como metáfora, es decir, el papel como algo frágil y duradero. Pero también destaca como símbolo presente y tangible del pasado, o de una existencia ficticia, “de papel”. Los historiadores se encuentran rodeados de papeles viejos pero cada vez más digitalizados y desechables. En el escritorio del computador todavía se llama papelera al lugar donde se eliminan los documentos. Para referirse a estos innumerables usos de la palabra papel, el historiador del papel Nicolás Basbanes plantea que no se puede limitar ni a sus usos ni a su materialidad y propone referirse a él como idea. Es, por cierto, una visión oriental del papel, es decir que no lo limita a sus usos epistolares o librescos. Leia Mais
El tribunal de la soberanía. El poder legislativo en la conformación de los Estados: América Latina/ siglo XIX | Marta Irurozqui
Cuca Arsuaga, Borja Echevarria, Marta Irurozqui y Diego Hergueta | Imagem: Cucarsuaga
Uno de los rasgos centrales de las independencias fue el establecimiento de regímenes políticos fundados en el principio de la soberanía popular, principio en que se asentó la legitimidad de la acción política en el primer siglo de vida republicano. Esa transformación clave e irreversible en la forma de pensar las relaciones entre sociedad y política, se expresó a través de la eclosión de asambleas, parlamentos, congresos y diversos órganos representativos que se propusieron encarnar el principio de la soberanía popular y, en su nombre, sancionar leyes y dotar de gobernabilidad a los nuevos Estados. El libro que reseñamos en estas páginas, El tribunal de la soberanía. El poder legislativo en la conformación de los Estados: América Latina, siglo XIX, coordinado por Marta Irurozqui, tiene el enorme mérito de aproximarse y analizar, desde una perspectiva colectiva, un fenómeno que a pesar de su innegable relevancia –incluso hasta nuestros días– no ha concitado desde la historiografía política e intelectual un interés proporcional: el papel del poder legislativo en la formación de las repúblicas hispanoamericanas del siglo XIX.
¿Vale la pena estudiar el poder legislativo en el siglo XIX hispanoamericano? Marta Irurozqui señala en la sugerente introducción del volumen, que dos mitos historiográficos profundamente arraigados, con su respectiva carga de lugares comunes y reiteración acrítica de estereotipos, han incidido en el escaso interés que la historiografía ha concedido al poder legislativo. El primero de ellos sería el supuesto fracaso de un constitucionalismo decimonónico espurio e imitativo de otras tradiciones políticas, como el mundo francés y angloamericano, que justamente por eso no habría tenido verdadero arraigo popular. El segundo sería la fuerte impronta del caudillismo en la región, con su consiguiente personalización del poder, que habría vuelto irrelevantes a las leyes y constituciones sancionadas en la época. La tradición presidencialista en la región sería otra de las pruebas del rol secundario que habría asumido el poder legislativo en las nuevas repúblicas. Matizando o contrariando dichos lugares comunes, especialmente sobre la base de la transformación historiográfica que desde la década de 1990 ha renovado la historia política latinoamericana del siglo XIX, Marta Irurozqui sostiene que la proliferación de textos constitucionales en aquel período pone de relieve la intensa actividad del poder legislativo en la región, la pronta adopción del constitucionalismo y la instalación de un pluralismo político. Agrega que el descrédito del poder legislativo y su importancia es tributario, en buena medida, de una lectura que se caracteriza por la “sublimación del Ejecutivo”, asociada a “la impronta historiográfica de los sentimientos antiparlamentarios y de descrédito y deslegitimación del liberalismo por parte de los regímenes autoritarios subsiguientes” (p. 13). Leia Mais
Compromiso militante y producción historiográfica. Hernán Ramírez Necochea y Julio César Jobet (1930-1973) | Gorka Villar Vásquez
Gorka Villar Vásquez | Imagem: Researchgate
El libro que presentamos estudia la producción historiográfica de Hernán Ramírez Necochea (1917-1979) y Julio César Jobet (1912-1980), a propósito de sus compromisos militantes en los partidos Comunista y Socialista de Chile, respectivamente. Lejos de reproducir lugares comunes sobre ambos historiadores, esta obra –escrita en el marco de una tesis de magíster en Historia– aborda de manera prolija, metódica y fundamentada a dos exponentes de la historiografía marxista clásica. De esa manera, Gorka Villar nos propone tomar distancia de visiones reduccionistas y homogeneizadoras con respecto al pensamiento histórico de ambos intelectuales, así como de esfuerzos apologéticos en su defensa. Por el contrario, nos invita a comprender la relación entre producción historiográfica y compromiso político de manera contextualizada, examinando complejos espacios de disputa sociopolítica en el siglo XX chileno, como lo eran el campo académicohistoriográfico y la opinión pública.
Compromiso militante y producción historiográfica…, se extiende desde 1930 – década en que ambos historiadores iniciaron sus estudios en la Universidad de Chile, así como sus respectivas militancias políticas– hasta el golpe de Estado en 1973, que significó una fractura irreparable de la comunidad democrática chilena en la que participaron Hernán Ramírez y Julio César Jobet. A lo largo de cinco capítulos, esta obra nos muestra el modo en que los historiadores se encuentran vinculados a diferentes espacios culturales y sociopolíticos, permitiéndonos conocer desde diferentes ángulos los contextos de producción de la historiografía chilena en el siglo XX. En ese sentido, Gorka Villar argumenta que, si bien ambos historiadores marxistas fueron militantes e influidos por sus compromisos políticos, también tuvieron la capacidad de incidir en sus partidos, al mismo tiempo que eran respetados académicos de la Universidad de Chile y fueron influenciados por la historiografía liberal de 1930 (p. 20). Estamos en presencia, entonces, de un fenómeno complejo situado en el siglo XX chileno que guarda varios niveles y ejes de análisis, vinculados a la historia intelectual, a la nueva historia política, a la historia de la historiografía y a los usos políticos de la historia. Leia Mais
El dulce reato de la música. La vida musical en Santiago de Chile durante el período colonial | Alejandro Vera Aguilera
Alejandro Vera Aguilera | Imagem: Trendsmap
Este libro es fruto de muchos años de investigación rigurosa y un buen espécimen –tal vez el mejor– de la situación actual de los estudios de musicología histórica, cuya vigencia en el siglo XXI ha debido sortear los avatares propios de un quehacer eclipsado por su par y competidora directa, la musicología urbana. El autor declara, en efecto, anclarse en esa primera tradición, a sabiendas de que no goza de la mejor fama debido a su persistente aura positivista. Aparenta ser un texto escrito por y para el mundo musicológico, pero sus aportes para el conocimiento del pasado colonial, y para la historia –que es desde donde intento escribir esta reseña–, son decisivos. La obra recibió el Premio de Musicología Casa de las Américas (2018), y es y será un referente obligado para quien busque adentrarse en la vida musical de la ciudad de Santiago de Chile durante el período colonial12.
Vera realiza una propuesta teórica ambiciosa en la “Introducción” (pp. 11-53), donde formula la intención de que su trabajo refleje su interés, desde la música, de aproximarse a la historia de las emociones, a pesar de la aridez de las fuentes trabajadas (p. 19). Hay, asimismo, una tentativa por hilar una narración “densa” geertziana, aspecto sobre el que se insiste a lo largo de este apartado inicial. Sin embargo, esta promesa se encuentra algo desvinculada de planteamientos o métodos insertos en una trama mayor de la Historia Cultural13. El resultado termina acercándose más bien a aquello que las fórmulas de la musicología histórica han podido entregar, con un desenlace determinado por el “mayor énfasis […] en la partitura como fuente y al análisis musical como herramienta” (p. 21). Así, el texto se desenvuelve de manera cómoda en la tradición musicológica más apegada a la parte musical. Leia Mais
Guerra por las ideas en América Latina/ 1959-1973. Presencia soviética en Cuba y Chile | Rafael Pedemonte
Detalhe de capa de Guerra por las ideas en América Latina, 1959-1973. Presencia soviética en Cuba y Chile
La monografía Guerra por las ideas de Rafael Pedemonte –historiador chileno-belga y Profesor Asociado de la Universidad de Poitiers (Francia)– es una investigación imponente tanto por su extensión, diversidad y riqueza de las fuentes primarias y secundarias consultadas, como por sus aportes metodológicos e historiográficos. El libro se basa en la tesis de doctorado que el autor realizó en cotutela entre la Universidad de París 1 Panthéon-Sorbonne y la Pontificia Universidad Católica de Chile. Rafael Pedemonte indaga en las relaciones culturales entre la Unión Soviética, por una parte y, por otra, Cuba y Chile, ofreciéndonos una aproximación original de la Guerra Fría latinoamericana. Como él mismo explica, en la concisa y sólida introducción de su libro, el reciente enfoque en la “Guerra Fría cultural” ha permitido romper con una historia de la Guerra Fría exclusivamente enfocada en los Estados y sus motivaciones supuestamente siempre “pragmáticas” (es decir, económicas y geoestratégicas). Aquí el acento está puesto en las ideas como motor de acción política, de ahí el título del libro.
Si bien ya ha salido a la luz un cierto número de estudios sobre la “Guerra Fría cultural” latinoamericana, la abrumadora mayoría de ellos se enfoca en las relaciones de la región con los Estados Unidos, mientras que las relaciones culturales latinoamericanas con la URSS siguen siendo un campo poco explorado. Rafael Pedemonte contribuye a llenar este vacío historiográfico para los casos de Chile y Cuba, abriendo a la vez un prometedor campo de investigación para los demás países de la región. De modo que la lectura de este libro es recomendada no solo para especialistas de Chile o de Cuba, sino también para quienes se interesen en el resto del subcontinente. En suma, al privilegiar el enfoque cultural y las relaciones de América Latina con la otra gran potencia de la época, Rafael Pedemonte rompe con las interpretaciones dominantes, matiza conclusiones de investigaciones previas y demuestra lo enriquecedoras que son las perspectivas centradas en conexiones culturales y políticas poco exploradas. Leia Mais
Independência do Brasil | João Paulo Pimenta
João Paulo Pimenta | Imagem: Instituto CPFL
O ano de 2022 acumula condições para se tornar intenso no campo político para o Brasil, pois além da crise institucional pela qual o país passa, teremos eleições para cargos executivos e legislativo em nível estadual e federal, as quais devem movimentar uma campanha eleitoral carregada de informações e narrativas que visam enaltecer ou destruir reputações sem se preocupar com a veracidade dos conteúdos apresentados. Contexto alimentado pelo crescimento de uma onda conservadora global, que ainda se sustenta e é liderada por uma “Nova Direita”1 , que procura se apropriar de eventos históricos para fazer uso ideológico baseados em conceitos, ideias e práticas próprias.
As duas concepções se relacionam neste período através das festividades ligadas ao bicentenário da independência política do Brasil, que ocorrerá em setembro. Fato, entretanto, que motiva também profissionais da área de história, que acabam forçados a revisitar os eventos de 1822 e a ampla bibliografia disponível sobre eles para expor novas conclusões ou reforçar consensos já conhecidos da área. Foi o caso de João Paulo Pimenta (2022)2 , que publicou no último janeiro “Independência do Brasil” pela Editora Contexto. Livro que pode ser consultado por outros pesquisadores da área ou meros curiosos, graças à sua variedade de temas e linguagem acessível. Leia Mais
A construção da ameaça argentina: a oposição a Perón na imprensa brasileira (1945-1955) | Rodlpho Gauthier Cardoso dos Santos
Capa de A construção da ameaça argentina: a oposição a Perón na imprensa brasileira (1945-1955)
Esta resenha se dedica à apresentação e discussão do livro “A construção da ameaça argentina: a oposição a Perón na imprensa brasileira (1945-1955)” de Rodolpho Gauthier Cardoso dos Santos. Como resultado da tese de doutoramento do autor, defendida em 2015, a obra se destaca pela proposta original de analisar publicações de periódicos brasileiros que versavam sobre o peronismo, movimento político argentino que chegou à presidência do país em 1946, a partir da ótica opositora, isto é, do antiperonismo. O trabalho do historiador Rodolpho dos Santos insere-se no eixo de pesquisas e publicações brasileiras que investigam o peronismo em suas mais diversas facetas. Entre elas, a formação de quadros antiperonistas em países vizinhos revela o alcance do movimento de Juan Domingo Perón nas discussões políticas internas de outras nações. Nesse caso, o papel dos meios de comunicação na divulgação do antiperonismo brasileiro liga-se, no âmago das discussões sobre a história política renovada, à importância das mídias que, por um lado, exercem influência na sociedade e, por outro, veem-se controladas ou tuteladas pelos poderes públicos e estatais (JEANNENEY, 1996).
As fontes utilizadas pelo autor foram a revista semanal ilustrada “O Cruzeiro” e o diário vespertino “Tribuna da Imprensa”, ambos publicados na cidade do Rio de Janeiro. A revista carioca pertencia ao empresário Assis Chateaubriand, dono dos “Diários Associados”, conglomerado de empresas jornalísticas que chegou a ocupar o posto de maior corporação de imprensa da América Latina. Nos primeiros anos da década de 1940, “O Cruzeiro” enfrentara uma crise que ameaçou o encerramento de suas atividades. As contratações do jornalista David Nasser e do fotógrafo Jean Mazon representaram a renovação necessária para que a revista continuasse sendo impressa. Carlos Lacerda, político brasileiro que era filiado à União Democrática Nacional (UDN), trabalhava no jornal “Correio da Manhã”, no qual assinava uma coluna intitulada “Na tribuna da imprensa”. Após afastar-se do cargo por conta de desentendimentos internos, Lacerda fundou, em setembro de 1949, o diário “Tribuna da Imprensa”. Apesar de não possuir uma tiragem tão alta quanto à da revista ilustrada, o jornal de Lacerda conquistou uma notável influência entre os simpatizantes dos ideais udenistas1. Leia Mais
Banzo | Roger Silva, Marcela Bonfim, Nego Júnior Wilson Smith, Felipe Santos e Pedro Paulo.
[Banzo] | Foto: Divulgação/TNH1
Narra a mitologia romana (e a Wikipédia) que na região que hoje é a Itália, havia um homem que tinha trazido riqueza e prosperidade a partir da agricultura e do comércio. Janus era um homem de fisionomia curiosa, pois em sua única cabeça habitavam duas faces, cada uma olhando para lados opostos. Não tardou muito e os romanos logo o alçaram a categoria de deus, impondo a ele diversas manifestações, sendo a mais conhecida a sua relação com as mudanças e transições.
Por ser comumente reproduzido como um homem cuja cabeça tem duas faces em direções opostas, seu poder serviu de alegoria para diversas representações, sendo uma de interesse aqui: a questão do resguardo, enquanto sentinela, de alguma porta ou passagem, em especial a que liga o passado ao futuro e vice-versa. Leia Mais
A Silver River in a Silver World. Dutch Trade in the Río de la Plata, 1648-1678 | David Freeman
The Return to Amsterdam of the Second Expedition to the East Indies on 19th July 1599, Andries van Eertvelt (1590-1652) | Imagem: Wikimedia
Si las conexiones económicas desplegadas globalmente durante la temprana modernidad contribuyeron a la consolidación política de los poderes soberanos europeos, los márgenes americanos constituyeron uno de los principales escenarios en los que aquellos enlaces tomaron forma localmente. Atendiendo a la dimensión local como un campo para el abordaje de procesos intercontinentales, A Silver River in a Silver World, de David Freeman, toca entonces una arista central para comprender la estructuración de la economía moderna a través de su temprana globalización, durante un período en el cual la pequeña divergencia parecía comenzar a tomar forma en el seno de la Europa occidental.1
La presencia de mercaderes holandeses en la Buenos Aires del siglo XVII, sus prácticas comerciales en la escala local y regional, así como los tejidos relacionales que habilitaban el despliegue de esas prácticas, permiten comprender al comercio atlántico holandés en el seno del sistema imperial español, desde un enfoque multidimensional sobre las personas, sus contactos y sus contratos. Con su trabajo, David Freeman ratifica que ese eslabón marginal que Buenos Aires representaba en los circuitos mercantiles intercontinentales resultó, sin embargo, central para la consolidación del temprano capitalismo, ocupando un rol crítico en la provisión del metálico necesario para el arbitraje holandés en los flujos europeos que conducían la plata hacia China y retroalimentando, de esa manera, las bases materiales que habilitaron el posicionamiento de los Países Bajos como uno de los núcleos mercantiles y financieros del siglo XVII.2 Leia Mais
Los juegos de la política. Las independencias hispanoamericanas frente a la contrarrevolución | Marcela Ternavasio
Marcela Ternavasio | Imagem: RosarioEsMas
La comprensión de los procesos independentistas iberoamericanos presenta algunos escollos. Entre ellos, el hecho de que ciertos contextos específicos hayan sido ampliamente abordados historiográficamente y que ello pueda llevar a creer que ya se encuentran bajo perfecto dominio de nuestro conocimiento. Este excelente libro de Marcela Ternavasio es una cabal muestra de lo equivocados que podemos estar ante este tipo de impresiones. Centrado en el cruzamiento de las trayectorias políticas entre los imperios español y portugués y varias de sus espacialidades entre 1814 y 1820, y abordando una diversidad de agentes que incluye desde personajes conocidos hasta otros difíciles de identificar, Los juegos de la política se presenta como un ejercicio simultáneo de análisis e imaginación histórica, guiado por dos grandes preguntas: ¿qué implicaba, en este escenario, la posibilidad de expediciones armadas por parte de España contra lo que la restaurada Corte de Fernando VII consideraba colonias rebeldes de América del Sur?; y ¿cómo se comportaron esos diversos agentes frente a las expectativas abiertas por tal posibilidad?
Desde sus propósitos iniciales, el libro de Ternavasio es digno de muchos aplausos. No sólo porque enfrenta, con un nivel de profundidad poco común, un escenario político muy complicado cuyo tratamiento historiográfico parecía haber sido completamente cubierto, sino también porque invita al lector a radicalizar una postura que, si no sorprende al historiador profesional, no siempre es debidamente explorada: la de la comprensión de un determinado corte del pasado que abdique por completo del conocimiento de sus resultados posteriores y que, con ello, considere seriamente todas las posibilidades hasta entonces abiertas, aun cuando no se concreten. Así, y a través de un lenguaje conjugado siempre en tiempo presente, Ternavasio nos presenta una historia basada en expectativas –a veces infundadas– y posibilidades –no siempre realizadas–, que se traduce en una profunda inmersión en un contexto y problemas históricos que aquí emergen con una notable claridad. Leia Mais
Una historia de la emancipación negra. Esclavitud y abolición en la Argentina | Magdalena Candioti
Magdalena CAndioti | Imagem: Litus
¿Cómo contar la historia de la abolición de la esclavitud en nuestro país? ¿A partir de los debates jurídicos en torno a la esclavitud y su ilegitimidad? ¿Escudriñando las experiencias de personas esclavizadas en sus sitios de trabajo, en el frente de batalla o en instancias de justicia para ensanchar sus márgenes de acción? El libro de Magdalena Candioti aborda el desafío de explorar de conjunto esas dimensiones de análisis para reconstruir un proceso complejo y no lineal. Y al hacerlo, busca contrarrestar omisiones históricas que aun informan los sentidos comunes sobre la experiencia negra en nuestro país. En torno a su problema de estudio, Candioti recorta una periodización que pone de manifiesto los hitos jurídicos y las estrategias cotidianas que allanaron el camino de la legislación y la volvieron herramienta útil. Pero también extiende la indagación hasta la segunda mitad del siglo XIX, más allá de las declaraciones formales de abolición. Así, muestra en qué medida la creación de nuestro país y sus instituciones se cimentó sobre exclusiones explícitas de base racial.
En los siete capítulos que componen el libro, la historiadora estudia el modo en el que los significados sobre igualdad y libertad alumbrados en tiempos revolucionarios impactaron entre la población esclava del territorio (capítulo 1); explora las interpretaciones y apropiaciones de la Ley de Vientre Libre y su incidencia en la vida de libertos y libertas (capítulos 2 y 3); indaga en los a veces enrevesados acuerdos sobre manumisión entre amos y personas esclavizadas y en la emancipación obtenida a través de la participación militar (capítulos 4 y 5) y revela aspectos de la construcción de nociones de ciudadanía y nación informadas por sesgos racistas, así como debates jurídicos y académicos en torno a la abolición de la esclavitud (capítulos 6 y 7). Leia Mais
Católicos/ reaccionarios y nacionalistas. Política e identidad nacional en Europa y América latina contemporâneas | María Cruz Romeo
María Cruz Romeo | Imagem: Fundación Juana de Vega
El libro propone un recorrido de larga duración sobre los vínculos entre nación y catolicismo en Europa y América Latina. Fruto de un largo recorrido en común, signado por diferentes proyectos de investigación, las coordinadoras reúnen un conjunto de trabajos que incorporan algunas de las perspectivas más renovadoras. Ante todo, sobresale un explícito apartamiento del “paradigma clásico de la secularización”. Dicho paradigma partía del supuesto de la existencia de una incompatibilidad esencial entre modernidad y religión y, por tanto, auguraba la declinación de lo religioso en el mundo contemporáneo, cuando no directamente su desaparición. Su influencia en las ciencias sociales y en las humanidades fue amplia y persistente hasta las décadas finales del siglo XX. En la historia de América Latina su impacto invisibilizó muchos de los procesos de transformación y reconfiguración de las instituciones religiosas y condujo a la frecuente y arbitraria postulación de “renacimientos” católicos. En las últimas décadas, sin embargo, en parte como consecuencia de la acumulación de fenómenos que escapaban al corsé de la secularización, comenzaron a revisarse de manera más profunda sus bases epistemológicas y a avanzar en diferentes reformulaciones teóricas. En este camino autores como José Casanova, David Martin, Karel Dobbelaere o Danièle Hervieu-Léger, entre otros muchos, contribuyeron no sólo a abandonar los viejos presupuestos, en parte heredados de las filosofías de la ilustración, sino también a dar forma a nuevas conceptualizaciones. En buena parte de ellas, más allá de sus diferencias, se coincidió en redefinir la secularización como un proceso multidimensional de cambio y recomposición de la religión y sus instituciones, dejando definitivamente atrás las ideas de retracción, crisis y declive. Leia Mais
Migraciones y museos. Una aproximación global | González Bernaldo de Pilar, Marianne Amar e Marie-Claire Lavabre
Detalhe de capa de Migraciones y museos. Una aproximación global
En noviembre de 2014 se realizó en Buenos Aires el coloquio internacional “Migraciones en el Museo”, que reunió a especialistas de distintos países en torno a la temática de los museos. Este es un tópico que, de manera algo tardía con respecto a otros países latinoamericanos, comienza a resultar de interés en Argentina, lo que no deja de ser curioso si pensamos el peso que las luchas por la memoria, para tomar el concepto de Elizabeth Jelin, han desempeñado en la escena pública nacional. En efecto, las preocupaciones teóricas y metodológicas sobre los museos, esos sitios de cruces, encuentros y también conflictos, es relativamente reciente en nuestro país. Como resultado de ese encuentro, el libro Migraciones en el Museo. Una aproximación global retoma y profundiza las discusiones del coloquio de 2014, pero vale destacar que va mucho más allá: funciona como un excelente material introductorio, con trabajos de gran calidad académica y de una atractiva diversidad para entender la complejidad de los museos, quienes trabajan en ellos, y las políticas públicas que se pretende que sigan, así como las dificultades y limitaciones que estas encuentran.
Si esto es así es porque los museos de migraciones condensan buena parte de las tensiones que tales instituciones experimentan, así como en ellos son nítidos los mandatos sociales que el sentido común deposita en los museos. Por ejemplo, analíticamente es fácil señalar que las identidades son dinámicas y múltiples, y se conforman en la interacción, o que el pensamiento histórico debe ser situado espacial y temporalmente, pero lo cierto es que la idea de “museo” remite, para miles de sus visitantes, especialistas o no, a lo fijo. Entonces, ¿Cómo mantener ese dinamismo en una muestra aparentemente “estática”? ¿Qué hacer en aquellos museos que abordan temas conflictivos y complejos o controversiales? Leia Mais
Del Pukara al Pueblo de indios. La sociedad indígena colonial en Jujuy/ Argentina. Siglo XVII al XIX | Gabriela Sica
Gabriela Sica | Imagem: Canal 7 Jujuy
La presente es una síntesis de la presentación virtual del libro organizada por el PROHAL (Programa de Historia de América Latina del Instituto de Historia Argentina y Americana) el 20 de diciembre de 2021.
La obra de Gabriela Sica reviste notable originalidad pues recorre la porción septentrional de la Gobernación de Tucumán desde el siglo XVI hasta nuestra Independencia, incluyendo las tres primeras décadas del siglo XIX. El estudio está fundamentado con profusa documentación de archivo, los locales de Jujuy, el Archivo Histórico de Salta, nuestro Archivo General de la Nación, el Archivo General de Indias y el Nacional de Bolivia. La primera parte del título refiere al período localmente conocido como de Desarrollos Regionales (siglos X-XV d.C), en que las unidades políticas defendían sus territorios mediante el establecimiento de pukaras, tan distintivos como los pueblos que los indígenas habitaron hasta finales de la colonia. De manera que esta investigación se sitúa en la larga duración, transitando los siglos en que los indios de la jurisdicción se convirtieron en “sujetos coloniales” para llegar, a finales de la década de 1830, a configurar una peculiar suerte de ciudadanos apartados del sistema comunal que los nucleara por más de tres siglos. Se convirtieron así en pequeños propietarios, en algún caso, ingresando como mano de obra en propiedades rurales pero, sobre todo, reconfigurando sus identidades tras una individuación forzada. Leia Mais
Sem Vieira nem Pombal: índios na Amazônia do século XIX | Márcio Couto Henrique
Márcio Couto Henrique | Imagem: Como eu escrevo
Resultado de pós-doutoramento do historiador Márcio Couto Henrique, realizado entre 2014 e 2015, Sem Vieira nem Pombal permite revelar aspectos da trajetória do próprio autor que irá se refletir na própria obra. No momento em que o autor agradece a Capes “[…] de antes do golpe” (HENRIQUE, 2018, p. 09), Henrique busca se situar como sujeito do seu próprio tempo (BLOCH, 2008, p. 55), como busca realizar o mesmo procedimento em relação à história de vida dos próprios sujeitos que analisa em seus trabalhos. Situando a sua história de vida pessoal, escrevendo que proveio de uma família muito pobre do interior da cidade de Americano, no estado do Pará, o autor dialoga com as questões de seu tempo, ao se referir à transformação da universidade por meio do ingresso de alunos a partir das políticas de afirmação social, em meio a um contexto de gradativa asfixia da ciência brasileira.
Transitando entre a História e a Antropologia, área em que realizou seu doutoramento, a sua formação permite revelar aspectos significativos relacionados à maneira de como o autor percebe os sujeitos que busca analisar. No livro, é possível notar alguns aspectos biográficos do autor e como a sua formação se coaduna com as propostas presentes em cada capítulo. Coordenador do Grupo de Pesquisa de História Indígena e do Indigenismo na Amazônia, o autor realiza um escrutínio das produções acadêmicas historiográficas e antropológicas sobre o tema, tanto bibliografias mais recentes e com discussões mais ampliadas quanto as mais clássicas, derivadas de um movimento historiográfico e antropológico na década de 1990, que buscou alargar a compreensão sobre a questão do passado colonial a partir de uma perspectiva indígena. Leia Mais
Os Kaingang e a colonização Alemã e Italiana no Rio Grande do Sul (Séculos XIX e XX) | Soraia Sales Dornelles
Soraia Sales Dornelles | Imagem: Universidade FEEVALE
O livro é uma adaptação da dissertação de mestrado defendida em 2011 no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul por Soraia Salles Dornelles (2021). Passados dez anos, esse texto permanece relevante, enquanto continua no senso comum a ideia de que as regiões colonizadas por italianos e alemães durante o século XIX e XX eram “terras vazias” de populações, de sentidos e de histórias. O que Dornelles (2021) traz na sua pesquisa ajuda a complexificar as relações entre aqueles sujeitos que vinham buscando melhores condições em um novo continente e os que lutavam para sobreviver no território de seus antepassados. A autora busca compreender a participação e a agência dos povos originários dentro dos processos históricos que formaram o estado-nação, incluindo a complexa dinâmica interna das sociedades indígenas e como ajudaram a definir os rumos dos acontecimentos que fizeram parte.
No prefácio do livro, o orientador da dissertação e professor da UFRGS, Eduardo Neumann, afirma que “[…] a especialização das pesquisas é o que opera na definição do neologismo acadêmico que é a História Indígena” (DORNELLES, 2021, p. 15, grifo do autor). Ou seja, o processo de formação de pesquisadores que aprofundam as problemáticas dos povos indígenas vai constituindo um campo próprio, que vem crescendo desde a última década do século passado. Em tese, apresentada na Unicamp em 2017, Dornelles (2021) foi orientada parcialmente pelo professor John Monteiro, um dos expoentes da Nova História Indígena, construindo relações com a antropologia e estabelecendo aportes para entender as dinâmicas internas e externas dos grupos indígenas envolvidos nos processos históricos. Leia Mais
Identidade e fronteiras étnicas: a prática da língua ucraniana em Prudentópolis – PR (1940-2018) | Lourenço Resende da Costa
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A obra Identidade e fronteiras étnicas: a prática da língua ucraniana em Prudentópolis – PR (1940-2018) discorre acerca da língua ucraniana enquanto elemento basilar para a manutenção da cultura ucraniana no município de Prudentópolis, no estado do Paraná. O livro, de autoria de Lourenço Resende da Costa, é produto de sua tese defendida em 2019, visando à conclusão do Doutorado em História, pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Apesar de ser uma obra que se insere no campo da História, a sua contribuição se estende à área da Linguística, uma vez que traz elementos passíveis de análise também nesse horizonte. Nesse sentido, em termos de problemática, o autor desdobra criticamente o fato de que a língua ucraniana está sendo cada vez menos falada e transmitida às gerações mais jovens – língua esta que representa e continua sendo um elo identitário, além de ser considerado um fator fundamental das fronteiras étnicas entre os descendentes de ucranianos daquele município.
Lourenço Resende da Costa é professor de História e Pedagogo pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR), e organizador de diversos livros: Faces do Paraná: (i)migrações, cultura e identidades (2021); Ucranianos e seus descendentes no Paraná: religiosidade e identidades etnoculturais (2021); Gênero, mulheres e masculinidades na história, literatura e no cinema (2019); Fragmentos de Identidade e Cultura (2018); e Diversidade étnica e cultural no interior do Paraná (2016). Leia Mais
Vivir en policía y a son de campana. El establecimiento de la república de indios en la provincia de Santafé/ 1550-1604 | Jorge Iván Marín Taborda
Jorge Iván Marín Taborda | Imagem: ResearchGate
Qué difícil es organizar una sociedad humana. La propia historia universal nos habla de esa misma complejidad y de que, bajo las diversas formas culturales, subyacen parecidos mecanismos de resistencia y dominación: esa vieja y sempiterna lucha de clases con todos sus aditamentos de etnia, posición económica y desarrollo cultural. Decía Richard Leakey que lo que diferencia a las complejas sociedades de hormigas de las humanas, es que las hormigas construyen complejísimas catedrales llenas de conductos, pasadizos y estancias funcionales adecuadas a sus usos distintivos, pero no podían dejar de construirlas porque no tenían ninguna otra opción. Las humanas, sin embargo, podían decidir entre diferentes formas de desarrollo cultural y social evolutivo, y, según su mayor o menor adaptación al medio, habían conseguido evolucionar de uno u otro modo. Sin embargo, ese libre albedrío subyacente en la concepción cristiana de Leakey choca con la demostrada limitada capacidad adaptativa humana al desarrollar sus propias sociedades, de tomar sus propias decisiones, de elegir su propio destino.
Quizá la lección más importante de Iván Marín sea esa limitación que su sugerente y documentada investigación demuestra con respecto a la siempre finita capacidad humana de decidir sobre la sociedad que se quiere desarrollar: la campana y la policía, la policía y la campana son dos de esos componentes simbólicos que al tiempo que construyeron esa particular idiosincrasia castellana, limitaron su capacidad de desarrollo social a los estrechos márgenes que les otorgaron esos dos elementos. Las nuevas sociedades castellanas de tiempos de la conquista contra los musulmanes o de tiempos de la invasión en América, trasladaron esos mismos símbolos como eficaces limitadores de su desarrollo social. Bucear, como propone Marín por medio de Miura, en las sociedades castellanas medievales, es aprehender y comprender los mecanismos de dominación que se pusieron en práctica en América durante el proceso de invasión de esos territorios: la policía y la campana, la campana y la policía. Leia Mais
Los ingenios del pincel. Geografía de la pintura y la cultura visual en la América colonial | Jaime Humberto Borja Gómez
Jaime Humberto Borja Gómez | Imagem: Banrepecultural
Los siglos XVI, XVII y XVIII se presentaron como una bisagra entre dos mundos. Uno, ensamblado sobre una cultura oral que daba prelación a la retórica; otro, el del fortalecimiento de una cultura escrita ligada al surgimiento de la imprenta. El texto de Jaime Humberto Borja, Los ingenios del pincel. Geografía de la pintura y la cultura visual en la América colonial, entronca directamente con este contexto, no solo por la temática que aborda a lo largo de sus 577 páginas, sino también gracias a que su obra, tal como les ocurrió a muchos pensadores de los siglos XVII y XVIII, descansa sobre una transformación cultural: el tránsito de la cultura escrita a la cultura digital.
La asociación planteada por el autor entre el desarrollo de las nuevas tecnologías y la investigación histórica, reposa aquí sobre dos pilares: uno, el uso de una fuente visual digital, y otro, el de la configuración de un e-book que, al romper con la linealidad de lo escrito, conecta las nuevas tecnologías con la investigación académica. El resultado plantea de entrada una posible salida al uso de lo digital en el marco de las humanidades, problema que ya ha supuesto para las ciencias sociales un álgido debate en lo tocante tanto a la catalogación de los nuevos contenidos web, como a la definición del concepto mismo de fuente histórica, resignificado tras la explosión digital. La complejidad del debate, registrada por el autor en su texto (85-86), ha determinado una lenta vinculación de las metodologías propias del quehacer historiográfico con lo digital. Conceptos como big data, comunicación multimedial y multimodal, o coleccionismo digital aparecen registrados como parte de esta renovación de las humanidades, reconfiguradas ahora bajo el signo de lo que se ha denominado humanidades digitales y, particularmente, historia digital (86). Leia Mais
Morir de amor. Violencia conyugal en la Nueva Granada. Siglos XVI al XIX | Mabel Paola López Jerez
Mabel Paola López Jerez | Imagem: Unal
Morir de amor. Violencia conyugal en la Nueva Granada. Siglos XVI al XIX es un libro de historia destinado al público general, en el cual la autora se interesa por mostrar las formas consuetudinarias de violencia conyugal y las transformaciones que comenzaron a darse en el siglo XVIII en el territorio de la Nueva Granada. La intención explícita de difundir esta obra en un amplio público tiene que ver con hacer más visibles las secuelas y las consecuencias que aún perduran en el trato conyugal, particularmente en las agresiones a las mujeres.
La hipótesis central del texto es que las nuevas ideas del discurso ilustrado sobre las capacidades de “individuación” y raciocinio de la mujer, así como en torno a la armonía que debía primar en el hogar, obraron cambios en las actitudes y las acciones contra la violencia conyugal. Estos nuevos modos de pensar sostuvieron un contrapunteo con la tradición imperante sobre el matrimonio, la autoridad del marido, la naturalización del castigo y el ideal de perfección de la mujer. Para la investigación resulta primordial la propuesta de que los cambios no se dieron de igual manera en todos los estamentos sociales y que estuvieron en relación directa con el conocimiento y la adscripción de los sujetos en torno a los nuevos preceptos racionalistas. No es el primer estudio en el que la autora incursiona en la violencia conyugal, pues viene antecedido por otros que se preocupan por el maltrato físico, el castigo, el matrimonio y el miedo a la mujer1 Leia Mais
Economía/ obras públicas y trabajadores urbanos. Ciudad de México: 1687-1807 | Enriqueta Quiroz
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Las investigaciones sobre el mundo del trabajo, en general, y el urbano, en particular, tienen en la actualidad un amplio recorrido, visible tanto en la nutrida producción historiográfica como en los diversos enfoques desde los que se han acometido estos estudios. Junto a los trabajos clásicos, bajo métodos de la sociología y la economía, enfocados primordialmente en la organización de las corporaciones de oficios, en el movimiento obrero o en los trabajadores de sectores estratégicos como el minero, han ido apareciendo investigaciones que han sumado nuevas perspectivas en boga en la historia social, como la visión cultural de la sociedad o el enfoque de género, y que han establecido vasos comunicantes con la historia cultural, la urbana y la de la vida cotidiana. Algunos trabajos, además, han recurrido a los procedimientos clásicos para responder a nuevas preguntas. Este es el caso del libro que aquí se reseña, Economía, obras públicas y trabajadores urbanos. Ciudad de México: 1687-1807. En él, Enriqueta Quiroz muestra que no se han agotado las posibilidades de análisis en este campo y que el examen de las políticas económicas y el empleo de la estadística brindan elementos que permiten un mejor entendimiento de los trabajadores en espacios urbanos.
El libro se centra, con detalle, por un lado, en el estudio de las políticas económicas que promovieron la construcción de obras públicas, con el fin de establecer la importancia de estas como mecanismos para fomentar el trabajo remunerado y, por otro lado, en el análisis cuantitativo y espacial de los trabajadores empleados en esas construcciones, sin olvidar una aproximación a sus condiciones de vida. Para ello, se apoya en una amplia serie de fuentes archivísticas, algunas, como los libros de cuentas salariales, poco empleadas por la historiografía, y en la revisión de una extensa y variada bibliografía sobre los temas centrales de la obra. En este sentido, es preciso destacar la capacidad de la autora para reconstruir las condiciones laborales de esos trabajadores, a partir de fuentes en muchos casos fragmentarias, así como el cuidado en la elaboración de gráficas, cuadros y planos que le permiten no solo presentar de forma muy clara la información, sino también reforzar sus propuestas. Desde luego, ese es uno de los méritos del libro. Leia Mais
Enseñanza de las Ciencias Sociales. Pensar/Sentir/Hacer | Paulina Latapí Escalante
La investigación actual en las didácticas de las ciencias sociales presenta nuevas miradas a viejas preocupaciones pero también temáticas emergentes, por ello es importante que el profesorado en formación, pero también aquel que hace tiempo se encuentra en ejercicio, se ponga en contacto con una agenda y bibliografía actualizadas. Una de ellas es el rol de las emociones en la construcción de conocimiento, de ahí la relevancia de la obra[1] de Paulina Latapí Escalante (Universidad Autónoma de Querétaro, México) que aquí se reseña.
Desde esta perspectiva las emociones son claves en la valoración de situaciones y opciones, y en la toma de decisiones individuales y colectivas. En esta clave se propone indagar, interpretar y reflexionar sobre aspectos de la enseñanza de las ciencias sociales, tales como los contenidos y las prácticas -entre otros- que promueven un pensamiento reflexivo, que propician la participación activa y comprometida en el espacio público y, por ende, el desarrollo de habilidades sociales y ciudadanas. El libro de la Dra. Paulina apunta a proporcionar herramientas a los y las colegas para la mejora continua del propio desempeño. Leia Mais
Para a Glória de Deus, e do Rei? Política, religião e escravidão nas Minas do Ouro (1693-1745) | Renato da Silva Dias
D. João VI, Rei de Portugal | Detalhe de capa de Para a Glória de Deus, e do Rei? Política, religião e escravidão nas Minas do Ouro (1693-1745)
A obra em questão vem a lume dezesseis anos após a sua apresentação como tese de doutoramento em História, defendida pelo autor em 2004, na UFMG, sob orientação da professora Carla Anastasia. Nesse intervalo muita coisa se escreveu a respeito da história mineira no século XVIII.2 O trabalho de Renato da Silva Dias, Professor de História na Universidade Estadual de Montes Claros, não se preocupou em antecipar modismos e talvez por isso, recolocado no contexto atual, tenha preservado sua originalidade. Tributário da riquíssima historiografia que, nas décadas de 1980 e 1990, reescreveu a história de Minas Gerais no período colonial, Para a Glória de Deus e do Rei? explorou, em grande parte, as peculiaridades que tornaram a experiência mineradora um evento histórico singular no âmbito da América Portuguesa.
O tema investigado foi o das dimensões políticas do catolicismo luso penosamente imposto aos súditos de Minas. Em especial, Dias preocupou-se em avaliar de que forma a religião católica foi apropriada e reelaborada por africanos detentores de enormes diversidades étnicas, culturais, religiosas e políticas. Aprisionados na terra natal, traficados para a América Portuguesa e revendidos a senhores situados nos arraiais mineradores e em seus respectivos campos e currais, esses trabalhadores sofreram as consequências do escravismo colonial. Estilhaçados seus antigos vínculos e pertencimentos sociais, eles foram obrigados a adotar uma Leia Mais
Impressos subversivos: arte, cultura e política no Brasil 1924-1964 | Maria Luiza Tucci Carneiro
Maria Luiza Tucci Carneiro | Imagem: Mosaico na TV
O livro “Impressos Subversivos: arte, cultura e política no Brasil 1924-1964” foi escrito pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro e lançado em 2020. A obra, que possui 212 páginas, possui as seguintes seções (todas escritas pela autora): Preâmbulo; introdução; capítulo 1 “Os impressos no mundo da sedição”; capítulo 2 “Na trilha do impresso político”; capítulo 3 “A arte de imprimir e protestar”; capítulo 4 “Artistas de protesto”; capítulo 5 “Panfletos Irreverentes”; Considerações Finais; Fontes; Bibliografia e Iconografia.
A autora fez toda a sua formação em história pela USP, tendo defendido a tese de título “O Anti-semitismo na Era Vargas: Fantasmas de uma geração (1930-1945)” e a tese livre docente “Cidadão do Mundo. O Brasil diante da questão dos judeus refugiados do nazi-fascismo (1933-1950)”. Carneiro atualmente é professora sênior da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Em sua carreira, têm realizado projetos e atividades junto de diferentes instituições, como a Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo e o Arquivo do Estado de São Paulo. Sobre este arquivo, a historiadora já havia coordenado, junto de Boris Kossoy, um Projeto Integrado Arquivo/Universidade (PROIN) Leia Mais
Intelectuais e a modernização no Brasil: os caminhos da revolução de 1930 | Antônio Dimas Cardoso
Antônio Dimas Cardoso | Imagem: Inter TV
Lançada em 2020, pela Editora Unimontes, a coletânea Intelectuais e a modernização no Brasil: os caminhos da revolução de 1930, foi resultado do trabalho de organização de Antônio Dimas Cardoso e Laurindo Mekie Pereira. O primeiro, sociólogo, o segundo, historiador, ambos compartilham a experiência de, em pesquisas anteriores, avaliar a presença e a agência intelectual nas dinâmicas de modernização, sejam nacionais ou continentais. Tratase de matéria cara aos/às investigadores/as das primeiras décadas do século XX brasileiro, uma vez que recorta justamente a fase de profissionalização intelectual em uma paisagem de mudanças políticas, econômicas e culturais, especialmente, após o fim da Grande Guerra e a ascensão de Getúlio Vargas à presidência (MICELI, 2001; JOHNSON, 1995; PÉCAULT, 1990).
A complexidade da temática macro é enfrentada por autores e autoras das áreas de Direito, Ciência Política, Sociologia e, notadamente, da História. Embora não apresente uma divisão explicita, pode-se avaliar a obra em duas partes: na primeira, que reúne os cinco capítulos iniciais, as diferentes abordagens têm em comum o objeto a partir do qual constroem a argumentação, qual seja: as trajetórias de sujeitos históricos que, nascidos no final do século XIX, se posicionaram em diferentes territórios dos espectros políticos então constituídos e atuaram nas dinâmicas históricas que levaram ao poder um novo modelo institucional. Entre defensores e opositores, o leitor e a leitora terão oportunidade compreender como os eventos de 1930 resultam de disputas, alianças instáveis e diferentes graus de afinidade. Uma segunda parte, que engloba os últimos três capítulos, dá conta de evidenciar questões mais amplas relacionadas ao ensino e às reformas educacionais, às rupturas e permanências das dinâmicas eleitorais e à forma como os eventos da política brasileira foram interpretados em Portugal, no calor dos acontecimentos. Leia Mais
De reconquistadores a traidores a la Patria. Milicias catalanas/ invasiones inglesas y el proceso de independencia rioplatense (1806-1812) | David Martínez Llamas
El libro del historiador catalán David Martínez Llamas, es el resultado de una valiosa investigación, realizada en el marco del Doctorado en Societat i Cultura de la Universidad de Barcelona, bajo la dirección del Dr. Ricardo Piqueras y la Dra. Cielo Zaindenwerg. Esta tesis, defendida en 2019, fue seleccionada para integrar la Colección América, de la Universidad Jaume I de Castellón de la Plana. Se suma así a una lista importante de trabajos realizados por investigadores europeos sobre la región platense que aportan al conocimiento del período y a la renovación de enfoques de la historiografía local. Leia Mais
Repúblicas del Nuevo Mundo. El experimento político latinoamericano del siglo XIX | Hilda Sabato
El libro Repúblicas del Nuevo Mundo… se integra de manera particular a la profusa producción de Hilda Sabato sobre la sociedad y la política del siglo XIX hispanoamericano. Releer, como hace la autora, la abundante historiografía reciente sobre estos temas supone, entre otras cosas, reconsiderar su propia obra. El resultado es una muy atractiva propuesta de reinterpretación, a escala ampliada, de la historia política de los años 1820 a 1880. Traza algunos balances y también sugiere líneas de indagación e hipótesis de trabajo que podrán contribuir con la tarea de llenar algunos de los vacíos existentes. Sabato tradujo el texto publicado en Estados Unidos en 2018, sin ninguna modificación ni agregado bibliográfico. Leia Mais
Historia de los abuelos que no tuve | Ivan Jablonka
Tras el fulgurante éxito de Laëtitia o el fin de los hombres (2017) y las polémicas desatadas por La historia es una literatura contemporánea. Manifiesto por las ciencias sociales (2016), los lectores de habla hispana accedemos en forma tardía al libro que, editado en francés en 2012, permitió que Jablonka pasara a ser motivo de debate historiográfico desde mediados de la década pasada. Enzo Traverso, en un trabajo reciente, se ha concentrado en una fuerte crítica historiográfica a las escrituras del «Narciso historiador», con Jablonka como uno de los ejemplos paradigmáticos. Los cuestionamientos de Traverso se centran en la dimensión central que adquiere la peripecia vital e investigativa del narrador de los acontecimientos históricos. Es decir, la permanente tensión entre narrar acontecimientos históricos tendiendo a la mayor objetividad posible o la opción por establecer relatos en los que el historiador es una presencia permanente y avasallante. Leia Mais
Breve historia sobre la propiedad privada de la tierra en el Uruguay/ 1754- 1912 | Nicolás Duffau
Este nuevo libro de Nicolás Duffau propone abordar históricamente la propiedad privada de la tierra en el territorio que hoy conforma el Uruguay. El marco cronológico se inicia en el siglo XVIII, con la ocupación de tierras en la banda oriental del río Uruguay y la aplicación de nuevas disposiciones sobre propiedad de terrenos en las colonias españolas (la Real Instrucción de 1754) y culmina en la segunda década del siglo XX, en un contexto de afirmación de la propiedad privada con la profesionalización de la agrimensura, debates sobre política fiscal y avances en la administración estatal (en la Oficina de Catastro comienzan a empadronarse inmuebles rurales en 1912). Leia Mais
El Uruguay en transición (1981-1985). El sinuoso camino hacia la democracia | Carlos Demasi
El tramo final de la dictadura civil militar y el proceso de transición a la democracia acumulan un buen número de obras, inclusive algunas que surgieron en su propia contemporaneidad. Entre los diversos trabajos existentes hay aportes que provienen desde la historia hasta la ciencia política, junto con las miradas que emergen de testimonial. En este marco, el libro escrito por Carlos Demasi supone un aporte valioso, tanto por realizar un enfoque novedoso sobre ese proceso histórico que desembocó en el retorno al régimen constitucional en 1985, como por explicitar tensiones y discusiones con algunas de las miradas existentes sobre el tema. Leia Mais
Familias y redes sociales. Cotidianidad y realidad del mundo iberoamericano y mediterráneo | Sandra Olivero Guidobono
Este libro abre nuevos caminos en el estudio de las familias y redes. Presenta la oportunidad de discutir un mismo problema en ámbitos históricos diferentes, tanto en Iberoamérica como la Península. Muestra cambios y continuidades, individuos, familias e instituciones, en la vida cotidiana.
Un indispensable trabajo teórico y conceptual es el realizado por Francisco Chacón Jiménez. Es un mérito del libro contener las bases de una discusión de este tipo y poco común en los libros de Historia, pero este capítulo muestra su gran trascendencia. Igualmente, este estudio es valorable por su interdisciplinariedad. No pierde el acercamiento histórico al contemplar fuentes y problemas afines en la historia. El capítulo de Ann Twinam retoma su vitalidad de la historia comparativa. Estudia ámbitos coloniales, además del ibérico, lo que propicia la discusión pocas veces abordada en forma común. El frecuente acercamiento institucional, a base de las normas, es visto desde la vida cotidiana, la ilegitimidad y el mestizaje, lo que muestra lo relativo de las normas y su constante adecuación ante las dinámicas sociales Nuevas perspectivas históricas, sobre las codificaciones sociales, son planteadas por Sandra Olivero Guidobono. Aborda el mestizaje y la ilegitimidad, mostrándolos como un elemento dinamizador de las sociedades en la Era Moderna. Las identidades resultan de su análisis como construcciones socio-culturales. La permeabilidad y las estrategias tomadas permitieron la creación de múltiples identidades, y la posibilidad de encontrar nuevos caminos en el transcurso de sus vidas. Leia Mais
Historia Mínima del yoga | Adrián Múñoz
Sin duda, fue un gran acierto del Colegio de México la preparación del libro Historia Mínima del yoga, escrito por los especialistas Adrián Muñoz y Gabriel Martino. Es una obra, aunque de título se presenta como minúscula, de contenido es inmenso. De alguna manera, es una obra pionera en el desierto historiográfico sobre la materia que nos encontramos en lengua hispana.
La misma fue estructurada en ocho capítulos o ejes temáticos, además de la introducción, una cronología, un glosario y un índice de cuadros. El corpus central del texto se organizó en: “Protoyoga: los orígenes”; “Filosofías clásicas del yoga”; “Acción y devoción”; “Mitos y leyendas en el yoga”; “Cuerpo, magia y alquimia”; “Neoyoga o los yogas de la modernidad”; “Sociedad y política” y “Posyoga o nota bibliográfica”. Un verdadero compendio de la historia de la disciplina desde sus tiempos más remotos hasta las más diversas prácticas actuales. Leia Mais
Historia de los conservadores y las derechas en Uruguay. De la contrarrevolución a la Segunda Guerra Mundial | Magdalena Broquetas, Gerardo Caetano
El libro coordinado por Magdalena Broquetas y Gerardo Caetano, en el que participaron diecinueve investigadores ―en su mayoría uruguayos, pero también extranjeros― representa un gran aporte para la consolidación de un campo académico de estudios sobre las derechas latinoamericanas en el país. La obra forma parte de un proyecto mayor que consta de tres volúmenes ―siendo este el primero―, concebidos «como un caleidoscopio de imaginarios, tradiciones, corpus de ideas y prácticas de sujetos muy diversos» que abarca un amplio período comprendido entre los siglos XIX y XXI, «apuntan a reponer la heterogeneidad y la perdurabilidad de estilos de pensamiento y acción de las derechas uruguayas a lo largo de su historia» Leia Mais
Eagles Looking East and West: Dynasty/Ritual and Representation in Habsburg Hungary and Spain | T. Martí, R. Quirós Rosado
En 2009 tuvo lugar el congreso internacional La Dinastía de los Austria. Las relaciones entre la Monarquía Católica y el Imperio, el cual, organizado por el Instituto Universitario “La Corte en Europa” de la Universidad Autónoma de Madrid, insufló un renovado brío a los estudios sobre los vínculos entre ambas monarquías de la casa de Habsburgo durante la Edad Moderna. En la estela de este multitudinario evento se han ido sucediendo con mayor frecuencia seminarios y congresos que han contribuido a solventar lagunas cognitivas alrededor de las relaciones del eje Madrid–Viena/Praga desde los planos de la política, diplomacia, ejército, sociedad, las artes y la cultura. Al albor de un nuevo impulso multidisciplinar, sale a la luz esta obra colectiva fruto de un encuentro científico enfocado en dichos lazos desde la perspectiva de la representación del poder y el ceremonial cortesano. De mano de la reputada editorial belga Brepols, se presentan en lengua inglesa las heterogéneas contribuciones que diversos especialistas de Hungría, España y la República Checa presentaran durante la conferencia de 2016 celebrada en Budapest The Representations of Power and Sovereignty in the Kingdom of Hungary and the Spanish Monarchy in the 16th–18th centuries. Esta cuenta con una cuidada edición a cargo de los coordinadores Tibor Martí y Roberto Quirós Rosado, dos jóvenes especialistas, el primero, en los vínculos entre el reino de Hungría y la Monarquía Hispánica durante el XVII y, el segundo, en la etapa peninsular del archiduque Carlos (III). Y qué mejor ilustración para encarnar esta obra que una de las imágenes conmemorativas derivadas de la serie encargada a Rubens y sus colaboradores con ocasión del célebre encuentro previo a la batalla de Nördlingen en 1634 entre los dos Fernandos. Una “reunión” que tenía lugar entre dos primos y representantes de ambos flancos de la Casa de Austria: el futuro emperador Fernando III como general de las tropas imperiales –con atuendo magiar en calidad de soberano de dicho reino– y el comandante al frente las fuerzas hispanas, el Cardenal-Infante Fernando. Haciendo gala de semejante carta de presentación, el volumen inserta su foco de atención en el conjunto de estudios sobre la representación, ceremonial y rituales dinásticos, tendencias cuyo interés sigue gozando de plena vitalidad en el presente. Sirvan a modo de ejemplo, por citar algunos casos más recientes, las publicaciones colectivas a cargo de Anna Kalinowska y Jonathan Spangler, Harm Kaal y Daniëlle Slootjes, o Erin Griffey. No se ignora que en los últimos años han venido incluyéndose en obras colectivas estudios comparativos del mundo habsbúrgico centrados en el ámbito representativo y ceremonial, pero este conjunto de ensayos tiene la innovadora vocación de fijar su mirada principalmente en estos campos. Leia Mais
España en la Guerra de los Siete años. La campaña imposible de Portugal y el Ejército de Prevención (1761-1764) | M. Á. Melón Jiménez
Este libro, por muchos conceptos, puede calificarse como grande. Es la obra definitiva de un autor maduro y sólido, de cuyas publicaciones siempre se destaca su gran capacidad de trabajo, demostrable en la enorme cantidad de documentación que sirve como fundamento a su investigación y en su insobornable crítica de las fuentes, basada en el dominio metodológico y conceptual y en una reflexión profunda sobre los problemas que aborda. A esto se une su forma de escribir, eficaz y convincente, cuya claridad permite leer de principio a fin este monumental texto sin que el interés disminuya. Leia Mais
Territorios Religiosos. Caminos y recorridos de investigación | Luciana Lago, Rafael Contreras Mühlenbrock, Ana Inés Barelli
En esta presentación propongo un recorrido particular de lectura. Inicialmente diría que la introducción es un buen mapa del libro, del grupo y del camino individual y comunitario de las investigaciones. Es una introducción de excelente factura porque nos permite recorrer los encuentros entre los y las investigadores e investigadoras que hasta ahora no son los típicos congresos o jornadas encorsetados en exposiciones y conferencias, sino que conjugan la palabra, la imagen y la diversidad. Después, porque los compiladores nos proporcionan pistas que nos invitan a diseñar recorridos personales en los textos. Entre esas pistas comunes puedo señalar: la indagación territorial; la construcción de territorios transversales; los geosímbolos; las largas duraciones y nuevas periodizaciones; la subalternidad de los procesos culturales y religiosos; la conexión de escalas macros y micros; lo local, lo situado y lo general; el corrimiento de lo categórico, lo esencialista, lo monocromático y la flexibilidad en el uso de categorías bien fundamentadas y apropiadas para explicar multidimensionalmente sus objetos de estudios. Leia Mais
La idea de Europa en el mundo Romano: Proyecciones Actuales | Alejandro Bancalari Molina
La primera década de los años 2000 podemos recordarla como un periodo de aperturas y reflexiones de la sociedad en un contexto globalizado, ante esta nueva situación los trabajos históricos se orientaron a trabajar bajo estos nuevos paradigmas que trajo consigo la globalización. El presente texto del destacado Historiador e Investigador Alejandro Bancalari Molina, puede enmarcarse perfectamente en esta corriente historiográfica. Debemos recordar que anteriormente el autor escribió el libro Orbe Romano e Imperio Global: la romanización desde Augusto hasta Caracalla, publicado por Editorial Universitaria durante el año 2007, el cual podemos reconocer como la antesala del análisis que el autor realiza en la presente obra, donde se ha enfoca en dos cuestiones principales: 1) la sentimentalidad de ser parte de la unión europea, la identidad que envuelve a los habitantes de Europa y 2) la reflexión histórica que subyace a esta idea de identidad europea, que tiene antecedentes directos en el mundo romano. Leia Mais
Os usos da riqueza e do poder. Pedro de Aguiar e María Vieria na Misericódia e na cidade de Braga. Século XVII | M. M. Lobo de Araújo
Este libro de la investigadora María Marta Lobo de Araújo de la Universidad de Minho, compone un muy interesante y riguroso acercamiento al proceso de ascenso y construcción de poder y prestigio social de un matrimonio perteneciente a la poderosa burguesía comercial de la ciudad de Braga, durante el siglo XVII. En esta reconstrucción la autora nos sumerge en una trama familiar sumamente rica y polícroma en la cual se cruzan, no sólo cuestiones económicas y políticas, sino también relaciones familiares y alianzas, así como instituciones de la ciudad y personas, en una valiosa historia de vida. Leia Mais
Europa desencadenada. Imaginario barroco de la liberación de Viena (1683-1782) | V. Mínguez Cornelles
Durante la década de los 90 del siglo XX un creciente número de historiadores del arte empezaron a fijar su mirada sobre las representaciones de conflictos bélicos. Cabe destacar, en este sentido, dos hitos fundamentales: por un lado, la publicación en 1990 del estudio de John R. Hale Artist and Warfare in the Renaissance; por otro, el patrocinio por parte de la Comisión Europea de una exposición y congreso acerca de la Guerra de los 30 Años, ya en 1998. Anteriormente el género de la “pintura de batallas” era escasamente atendido, bien por un excesivo presentismo-juzgando con criterios actuales hechos del pasado-; por considerarlo tema menor; o por una lectura errónea, al entender estos lienzos como unos “reportajes de guerra” que nunca fueron. Y es que la realidad resulta mucho más compleja: la guerra es una constante del devenir humano, con efectos que alcanzan al plano del arte y la cultura; además, su representación plástica fue muy importante, sirviendo como guías morales o instrumentos apologéticos del poder, encaminados a potenciar -o cuestionar- legitimidades y tronos. Leia Mais
Empire of Eloquence. The Classical Rhetorical Tradition in Colonial Latin America and the Iberian World | S. M. Mcmanus
En los últimos años se ha puesto el acento en los usos que los agentes históricos hacen del lenguaje y las convenciones del contexto en el que actúan (GARCÍA CÁRCEL, 2013; BENIGNO, 2013). Esto implica el reconocimiento de un respeto obligado a la alteridad de los mismos y sus manifestaciones (FERNÁNDEZ ALBALADEJO, 1993). Los resultados de estas investigaciones alientan la necesidad de seguir profundizando en diferentes problemas del siglo XVII para desarticular una tradicional visión oscurantista y abrir campos que prevengan sobre los peligros derivados de la utilización de conceptos ex-post (SCHAUB, 2004) que operan con valor performativo (AUSTIN, 1982; SEARLE, 1989) manteniendo la precaución de no caer en simplificaciones y generalizaciones. Para aproximarnos al entramado de los procesos que tuvieron lugar en los siglos XVI y XVII es importante, apelar a explicaciones multicausales. Leia Mais
Diagonal Biobío. Emergencia de la escena cultural penquista | Bárbara Lama Andrade
Diagonal Biobío. Emergencia de la escena cultural penquista, editado por Bárbara Lama Andrade y Natascha de Cortillas Diego, surgió a partir de diálogos interdisciplinarios que analizaron procesos complejos de la escena cultural penquista. Esta obra pretende poner en valor las manifestaciones culturales locales comprendiéndolas en contextos históricos y geográficos que determinaron los procesos políticos y sociales de Concepción. Asimismo, pone en debate el cisma entre el arte y la academia tradicional, la cual ha puesto en entredicho el ámbito de las expresiones artísticas contemporáneas. Sus páginas pretenden mostrar la urgencia de responder al problema de la desnutrida historiografía de las artes regionales. Considerando lo anterior, este texto se divide en tres secciones que consideran el aporte de la cultura penquista a la historia nacional a través del desarrollo artístico en/desde Concepción: problemas de archivo, ciudad e institucionalidad y manifestaciones artísticas penquistas. Las diversas disciplinas asociadas al arte han sido parte de una narrativa a partir de la cual se ha erigido la identidad local. De esta manera, la producción artística es en sí misma un constructo de la Historia, pues nace de la subjetividad de los grupos humanos anclados a su contemporaneidad. En el ámbito local las diversas expresiones artísticas han emergido a partir de circunstancias culturales que le han otorgado compromiso social y una subjetividad. El cuerpo ha sido un vehículo que ha expresado un sinfín de discursos situados que se han plasmado en el arte, constituyéndose este último como soporte histórico. Leia Mais
Rethinking historical time: new approaches to presentism | Marek Tamm, Laurent Olivier
O estudo do tempo histórico (temporalidade) vem se modificando recentemente no campo da teoria e filosofia da história, como apontou Ethan Kleinberg em seu artigo Introduction: The New Metaphysics of Time, publicado em 2012. Após a publicação de Kleinberg, outros estudiosos tentaram mapear e demonstrar essas mudanças na temporalidade apontadas por ele, sendo o livro Rethinking Historical Time, New Approaches to Presentism organizado por Marek Tamm e Laurent Olivier uma resultante desta renovada forma de pensar a temporalidade. Publicado em 2019 pela Bloomsbury Academic, o livro é uma grande colaboração entre vários teóricos que desenvolveram seus capítulos e que foram organizados nessa unidade por Marek Tamm e Laurent Olivier. Leia Mais
Historia/memoria y olvido del 12 de febrero de 1818. Los pueblos y su declaración de la independencia de Chile | Lucrecia Enríquez
A propósito de su bicentenario, Historia, memoria y olvido del 12 de febrero de 1818. Los pueblos y su declaración de la independencia de Chile es un libro que pretende visibilizar el 12 de febrero de 1818 como el punto de llegada de un proceso que es posible datar de 1808 con la acefalía monárquica, hecho que convirtió a los pueblos en protagonistas del nuevo escenario político. La declaración de la independencia, acompañada de un lenguaje ritual en cada ciudad y villa, selló la sustitución de soberanía monárquica en el pueblo soberano el 12 de febrero de 1818. A partir de la ceremonia llevada a cabo aquel día se declaró Chile como un Estado soberano y, a partir de este hecho, se enfrentó a los españoles con una nueva identidad política. La proclamación y jura común de los pueblos, ciudades y villas chilenas otorgaron significancia a esta fecha que, dado su olvido en la memoria nacional, es necesario volver a estudiarla. Aquel manto de olvido se encuentra en dos momentos clave que corresponden al siglo XIX durante la república conservadora y al siglo XX a partir de la tesis de Luis Valencia Avaria. Ambos hechos afectaron la memoria histórica nacional al no tener claridad hoy de lo que ocurrió ese día. Leia Mais
Mulheres no Reino e do Império: aproximações e singularidades (séculos XVI ao XVIII) | M. M. Lobo de Araújo, E. C. D. Fleck
É inegável o espaço consolidado pelas categorias género e mulheres na teoria e conceptualização da história. O estudo das mulheres na longa duração estabeleceu uma metodologia baseada na indagação e crítica de fontes de diversas proveniências, tipologias e suportes, maioritariamente produzidas por pessoas do género masculino no contexto de sociedades patriarcais. O questionamento colocado à história é político e tem a invisibilidade como ponto de partida: qual o papel do género feminino no desenvolvimento das sociedades humanas? A pergunta mantém-se pertinente. O conteúdo das respostas tem acompanhado a evolução do movimento feminista e a consolidação da universalidade do direito à instrução que, nas democracias liberais, diversificou os públicos das universidades. Leia Mais
Cavaleiro de Cola/Papel e Plástico: sobre os usos do passado medieval na contemporaneidade | Carlile Lanzieri Júnior
Segundo Febvre, a “história era filha de seu tempo”, o que já demostrava a intenção do grupo de problematizar o próprio “fazer histórico” e sua capacidade de observar. Cada época elenca novos temas, no fundo, falam mais de suas próprias inquietações e convicções do que de tempo memoráveis, cuja lógica pode ser descoberta (BLOCH, 2020, p. 7). Leia Mais
Ciudades atlánticas del sur de España. La construcción de un mundo nuevo (siglos XVI-XVIII) | J. J. Iglesias Rodríguez, J. J. García Bernal, I. M. Melero Muñoz
Como ya venía ocurriendo en ediciones anteriores, este libro colectivo se hace eco de numerosos trabajos que ponen de manifiesto la buena salud de la que gozan los estudios atlánticos en historia moderna. El volumen recoge varias aportaciones surgidas y desarrolladas en el seno del grupo de investigación sobre la Andalucía atlántica (ANDATLAN), liderado por los profesores Iglesias Rodríguez y García Bernal. En lo referente a su contenido, este trabajo colectivo constituye una auténtica propuesta de historia circunatlántica entendida, en palabras de David Armitage, como una zona de “cambio e intercambio, circulación y transmisión” (2004). Leia Mais
Minería y mundo festivo en el Norte Chico. Chile/1840-1900 | Milton Godoy Orellana
Milton Godoy ha estudiado a lo largo de la última década una metáfora que, en palabras del mismo autor, fue utilizada frecuentemente por viajeros y connacionales para referirse a un país fragmentado y con escasos grados de integración1. El presente libro logra entregar nuevas miradas respecto a esta región, desde una comprensión cultural, social y política, nutriendo la historiografía en cuanto a las relaciones sociales y la sociabilidad popular, que el siglo XIX amerita. Leia Mais
El navío Oriflame y su tiempo. Un patrimonio cultural de España en la costa de Chile | V. Ruíz García
De entre todas las narrativas incompletas de la historia mundial, el fenómeno oceánico de intercambios multilaterales que fue la denominada Carrera de las Indias constituye quizás uno de los temas aún faltos de una comprensión holística adecuada y científica en el marco de la Arqueología histórica. Se ha dicho repetidas veces que los barcos que no llegaron a puerto cuentan la historia de los que sí lo lograron por lo que la inclusión de los estudios sobre yacimientos marítimos, con especial atención a cada caso de estudio, a cada embarcación que cruzó el océano, engrandecería el conocimiento ya adquirido de la historia marítima hispana y americana. La rica información ya existente en las fuentes documentales de archivos y bibliotecas, complementada con el estudio sistemático de los restos materiales, también cerraría un círculo aún incompleto, convirtiendo cada barco perdido, abandonado o naufragado, en una singular metáfora de una historia sumergida pero no desaparecida. Leia Mais
Historia secreta mapuche 2 | Pedro Cayuqueo
Por más de una razón justificada descreo de las “historias secretas”, ahora en boga. Al cabo, están lejos de ser secretas y nunca se deciden a constituirse en historiografía. Casi todas terminan por ser obras de segunda mano en cuanto se refiere a sus pretendidos hallazgos; ‘novedades’ que en realidad, desde hace mucho, no lo son. La mayoría de las veces conforman un acto de apropiación, legal en cualquier caso, ejercido por escritores de cálamo vertiginoso, cuya divina virtud consiste en haber extraído de una rica bibliografía arrinconada en los armarios pero desconocida del gran público, antecedentes históricos de vieja data que el historiador, sea profesional o no, refresca, con pleno derecho. El resto lo hace el consumo literario de masas que divisa en ello nuevos hallazgos. Lo secreto, con todo, se diluye apenas uno repara en que buena parte de lo que se escribe y afirma consta largamente en impresos y textos de carácter abierto, que inclusive están en red y a disposición de todos los hijos de la República. No es preciso pensar mal y suponer intención espuria en el acto descrito, aunque este pudiera llegar, en hipótesis, a juzgarse artificioso. Leia Mais
Fray Antonio Montesinos y su tempo | Silke Jansen, Irene M. Weiss
La memoria y contexto sociotemporal de fray Antonio de Montesinos, queda plasmado en este compilado multidisciplinar que sale a la luz el año 2017. Se trata de un largo trabajo de edición realizado por las coordinadoras que tardó cerca de cinco años, en el contexto del coloquio realizado durante el 2012, durante el quinto centenario de un acontecimiento que cambiaría, o intentaría hacerlo; el comportamiento de los españoles con los nativos. Estos hechos fueron los sermones de Adviento, los días 21 y 28 de diciembre de 1511, los cuales hace a modo de protesta por los maltratos que vio eran realizados en contra de los nativos americanos; fue el motivo por el cual Montesinos pasó a la historia. Esto hubiese pasado al olvido si no fuese por la transcripción que Bartolomé de las Casas hizo de los sermones ya mencionados. Leia Mais
Cementerio General de Concepción. Patrimonio Recobrado | Armando Cartes Montory
El autor del libro que reseñamos con agrado es del investigador y académico Armando Cartes, que se ha destacado por su prolífica cantidad de publicaciones sobre la historia de Concepción y la región del Bío-Bío, y que le ha significado alcanzar la condición de profesor titular en la Universidad de Concepción y Director del Archivo Histórico de Concepción. Leia Mais
Esta es la España de Franco. Los años cincuenta del franquismo (1951-1959) | Miguel Ángel del Arco Blanco, Claudio Hernández Burgos
Las abundantes publicaciones sobre el franquismo suelen ser de una gran diversidad ideológica y suelen tener muy diferentes grados de rigurosidad histórica. Esta tendencia editorial parece no mostrar síntomas de agotamiento, es más, incluso podría decirse que parece estar viviendo una dinámica expansiva. Esta nueva obra colectiva, coordinada por los profesores Miguel Ángel del Arco Blanco1 y Claudio Hernández Burgos2, posee una gran cantidad de puntos de vista y un balance de las más resonantes tendencias historiográficas. Leia Mais
Making Italy Anglican: Why the Book of Common Prayer Was Translated into Italian | S. Villani
Il volume di Stefano Villani, Making Italy Anglican: Why the Book of Common Prayer Was Translated into Italian, costituisce il risultato finale di una lunga e proficua ricerca, avviata dall’autore quasi venti anni fa, con la presentazione, nel 2003, di un paper intitolato “Baptism in the Book of Common Prayer”. In un certo senso, questa monografia si presenta come una storia di fallimenti, legati ad alcune traduzioni del Book of Common Prayer realizzate tra il XVII e i primi anni del XX secolo, i cui protagonisti furono diplomatici, mercanti, editori e uomini di fede. E nel narrare questa storia, l’Autore fornisce un prezioso contributo alla storia della traduzione e della ricezione italiana dei testi liturgici inglesi. Leia Mais
Andar às voltas com o belo é andar às voltas com Deus. A relação de Dom Helder com as artes | N. D. de A. Cabral, L. Pina Neta
Este livro apresenta uma abordagem acerca da trajetória de inserção cultural de Dom Helder Câmara (1909 – 1999) em diversas áreas, traços esses que o destacou como liderança religiosa com forte participação no debate político nacional e internacional, levando-o a ser declarado oficialmente como o Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos (2017). Os estudos que embasam esta publicação destacam aspectos de sua aproximação com o teatro e a literatura, ainda quando jovem na sua cidade natal, Fortaleza – CE, na década de 1920. Enfatiza seu gosto pelo campo da música, no Rio de Janeiro (1936); da literatura, da poesia, do rádio e até mesmo do cinema, em Recife, na condição de Arcebispo de Olinda e Recife (1964 – 1985). Trata-se de uma obra composta de doze artigos, organizada por Newton Cabral e Lucy Pina Neta, a partir de estudos realizados por docentes da Ciência da Religião e/ou da História, originados de seis instituições de ensino superior no Brasil (UNICAP, UPE, UFRG, UFSE, UFRPE e UP). Leia Mais
Pirating and Publishing: The Book Trade in the Age of Enlightment | R. Darnton
Pirating and Publishing: The Book Trade in the Age of Enlightment es la última obra publicada de Robert Darnton, reconocido historiador estadounidense, publicada por Oxford University Press en 2021. El autor se propone, una vez más, demostrar el poder de los libros y determinar qué lugar ocupaban en la Francia de finales del siglo XVIII. Pero en esta ocasión, pondrá la lupa en los actores, particularmente aquellos que ponían la literatura al alcance de los lectores, cumpliendo el rol de intermediarios: los editores. Continuando con la línea de sus ya conocidos aportes a historia del libro y de la lectura, la obra se presenta como un complemento de A Literary Tour de France: The World of Books on the Eve of the French Revolution, su trabajo previo publicado en 2018 bajo el mismo sello editorial y enfocado en analizar el rol de los libreros y la demanda de literatura para la Francia prerrevolucionaria. Leia Mais
História da dança: vol. 2 antologia | Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
A emoção é a sensação que define a escrita de um novo texto, o sentimento real e genuíno de todas as possibilidades dadas pela escrita, e a falsa impressão de controle por parte daquele que escreve mistura urgência com prazer. Escrever é de fato emocionante. Nossas verdades são ditas e reformuladas; novas descobertas são feitas e algumas antigas são reafirmadas; o processo de escrita é um processo no qual somos tomados pelo texto, já que, muitas vezes, sentimos que ele está sendo escrito por si só, ao mesmo tempo em que nos tornamos meros instrumentos para colocar as letras no papel. Leia Mais
Lejos del Nido y en Arenas Extrañas: Inmigrantes Italianos en la provincia de Tarapacá/1860-1940 | Marcos Agustín Calle Recabarren
El presente libro realizado por el académico e investigador Marcos Calle nos muestra el proceso migratorio de la colectividad italiana en Chile, durante la segunda mitad del siglo XIX hasta las primeras décadas del siglo XX, analizando las dinámicas sociales de la colonia italiana en el norte de nuestro país desde múltiples dimensiones teóricas-metodológicas y diversas aristas que nos acercan a las herramientas conceptuales de la microhistoria, historia regional e historia social y cultural de las migraciones. Leia Mais
Governo Bolsonaro: neofascismo e autocracia burguesa no Brasil | Marcelo Badaró Mattos
O ano é 2020. O cenário é assombroso. A pandemia provocada pela disseminação do Coronavírus, vírus causador da COVID-19, fez do Brasil seu epicentro, deixando a população atônita perante o crescente quantitativo de mortes e a ausência de medidas de contenção do avanço da doença. É nesse contexto que Marcelo Badaró de Mattos, professor titular do Departamento de História do Brasil, da Universidade Federal Fluminense, finaliza seu livro intitulado Governo Bolsonaro: neofascismo e autocracia burguesa no Brasil, lançado pela Usina Editorial. Discute o processo que levou Jair Messias Bolsonaro à presidência da República Federativa do Brasil, em 2018, bem como os primeiros anos de seu governo, empreendendo uma análise crítica da situação política do país. Parte do fascismo histórico a fim de compreender a ideologia propagada pelo seu governo. À época do seu lançamento, mais de 30 mil mortes II eram contabilizadas no país, ao mesmo tempo em que o Presidente Jair Bolsonaro classificava a doença como uma gripezinha e afirmava eu não sou coveiro, frases constantemente declaradas por Bolsonaro ao ser questionado quanto a medidas mais efetivas em combate à disseminação da Covid-19. Leia Mais
Deporte/masculinidades y cultura de masas. Historia de las revistas deportivas chilenas/1899-1958 | Pedro Acuña Rojas
El libro de Pedro Acuña forma parte del cada vez más rico campo de los estudios históricos sobre el deporte, que ha crecido progresivamente desde el cambio de siglo. Una serie de trabajos seminales analizaron la forma en que los medios de prensa deportiva escrita de la primera mitad del siglo XX lograron instalarse dentro de la opinión pública y consolidar un debate respecto a la posición del deporte y la educación física dentro del Estado. En sus páginas se proyectaba la actividad física como una política de salud, pero también como una estrategia civilizatoria: el deporte podría convertirse en una escuela de formación del carácter para niños, jóvenes y adultos, así como en el mejor antídoto frente a las denominadas “enfermedades sociales” que proliferaban en la intensa vida urbana. Todo ello sería posible si era organizado de una forma científica y moderna, es decir, racionalmente ejecutado y orientado a una práctica física lo suficientemente sistemática como para transformarse en un hábito. Para ello, en las revistas eran imaginadas formas institucionales, infraestructuras y equipamientos desde donde llevar a cabo esa misión. Al mismo tiempo, participaban de la reelaboración de algunas narrativas nacionales, especialmente aquellas relacionadas con el patriotismo, los esencialismos del ser nacional y, en ocasiones, las supuestas ventajas raciales de la propia población, en contraste a la de los países vecinos. Asimismo, desde allí se impulsaba la construcción de arquetipos masculinos y femeninos, basados en modelos de conducta, mérito y virtud pública y privada de algunos deportistas, supuestos ejemplos para el resto de la sociedad, que podría encontrar en ellos un horizonte para guiar sus propias vidas. Leia Mais
José Antonio Anzoátegui. Accionar y forja de un héroe binacional (1810-2019) | Hancer González Sierralta
José Antonio Anzoátegui. Accionar y forja de un héroe binacional (1810-2019) es una obra robusta en lo heurístico y ambiciosa en lo hermenéutico, que refl eja bien tanto las inquietudes cuanto los logros de la historiografía reciente sobre la fi gura del héroe en Europa y América. Tributario del resurgimiento de la biografía en el marco de la investigación histórica, el estudio de González Sierralta ofrece, además, un detallado recuento de la otra trayectoria del caudillo de la Independencia: su biografía póstuma. Al explicitar sus deudas teóricas e historiográfi cas, el autor nos facilita la tarea de ubicar su propia obra en el contexto de un nutrido revisionismo historiográfi co que, desde fi nales del siglo XX y a lo largo de estas últimas dos décadas, trajo consigo nuevas y sugerentes visiones sobre las guerras de Independencia en América y sus connotados caudillos. La obra de González Sierralta aprovecha, en el mejor de los sentidos posibles, toda aquella historiografía que nos ha ayudado a entender mejor los derroteros de las luchas independentistas, ampliando el ángulo de visión hacia nuevos problemas como la historia social de la guerra; los procesos de articulación de las élites en el contexto de declive de la monarquía hispánica; y los intricados procesos de negociación política que hicieron posible la emergencia y consolidación de los estados nacionales en América, a lo largo del siglo XIX. Al cobijo de las más recientes interpretaciones sobre estos fenómenos, y con el respaldo de una sólida crítica documental, la primera parte de la obra nos explica con todo detalle y rigor la labor militar y política de José Antonio Anzoátegui (entre 1810 y 1819) a la luz de la compleja red de intereses y cambios sociales de esa época convulsa. En la segunda parte de libro, por su parte, se analiza la transmutación heroica del personaje como un factor relevante en la construcción del Estado venezolano y de su propia memoria histórica.
Un aspecto significativo de la obra reseñada, en el contexto más amplio de los estudios recientes sobre el héroe, es la comparación entre las dos grandes matrices de su imagen: la vital y la póstuma. Una y otra son construcciones que el historiador recupera de testimonios contemporáneos (en el primer caso) y de relatos históricos y gestos conmemorativos de diversa índole (en el segundo). La imagen esencialmente marcial de Anzoátegui se revela como el resultado de su aguerrida (a veces incluso despiadada) y disciplinada labor militar, pero también como una consecuencia de su lealtad a la autoridad máxima en que terminó convirtiéndose Simón Bolívar. Sin omitir las opiniones y juicios negativos sobre Anzoátegui, González Sierralta explica su éxito político militar pero también el triunfo de su imagen pública en razón de su férrea lealtad a la autoridad de Simón Bolívar. Dado que la imagen del Libertador se volvió, a la postre, constitutiva de la ideología dominante del Estado venezolano, la memoria en torno a ese personaje y a sus leales representantes, sufrió similar destino. Leia Mais
El otro posible y demás ensayos historiográficos | Alexander Torres Iriarte
Me resulta muy grato escribir unas breves líneas sobre la más reciente producción intelectual del historiador Alexander Torres Iriarte: El otro posible y demás ensayos historiográficos, publicado por Monte Ávila Editores Latinoamericana. Se trata de un texto que reúne ocho ensayos de carácter historiográfico en el que el autor analiza, en los cinco primeros, el proceso histórico venezolano comprendido entre los años 1815 y 1820, destacando la actuación del Libertador Simón Bolívar en ese período y en los que examina, con ojo crítico, dos documentos fundamentales: la Carta de Jamaica y el Discurso ante el Congreso de Angostura. En otros dos ensayos realiza acercamientos sobre Simón Rodríguez y Andrés Bello, personajes con los que nuestro autor parece tener una especial predilección, y la historiografía venezolana posee, aún, una deuda que pone en evidencia lo que desde el Centro Nacional de Historia han llamado: Nudos Críticos en el análisis de nuestros procesos históricos, queriendo destacar con esto, la empecinada obsesión de escribir historia centrada en nuestra epopéyica gesta emancipadora y en la pléyade de nuestro procerato independentista, dejando en el olvido u otorgando poco significación a personajes y procesos sobre los que estudios sistemáticos podrían arrojar visiones y perspectivas distintas de nuestro acontecer histórico. El libro concluye con un ensayo en el que se analiza la condición de José de Oviedo y Baños, como primer historiador venezolano.
Desde esta perspectiva y poniendo de relieve su condición de historiador profesional, Alexander Torres Iriarte se adentra en el contexto sociopolítico del hombre de las dificultades, para mirarlo y comprenderlo en el tiempo histórico en el que estaba tomando las decisiones que finalmente ejecutó, y construyendo las ideas que plasmó en documentos trascendentales como los presentados en Jamaica y Angostura. Leia Mais
Oriente y occidente en la antigüedad clássica | Juan Pablo Sánchez Hernández
Publicado bajo la colección Temas de Historia Antigua, coordinada por David Hernández de la Fuente, el libro se estructura en una introducción, tres partes, una selección de textos, cronología y bibliografía. Las partes en las que se divide se organizan cronológicamente, tomando como punto de partida el 510 a.C. y culminando en el 192 d.C. El recorrido entre eras ofrecido por el autor permite adentrarnos en tres etapas particulares y destacadas del mundo clásico; por un lado, la de la Grecia clásica y el enfrentamiento entre Oriente y Occidente, el primero identificado con el Imperio Aqueménida; la segunda, la relación durante la época helenística; y, finalmente, en época romana/alto imperial. Es decir, durante el ascenso al poder de los territorios vinculados con el mundo occidental construido en torno al Mediterráneo. Leia Mais
Tribunales revisitados: caciques/mandones y encomenderos de la Rioja colonial | Marisol García
El Tucumán colonial propone acercarse a un objeto de estudio complejo y con múltiples dificultades. Marisol García emprende tal desafío y pone en relieve no sólo temáticas tales como la identidad o las estrategias discursivas desarrolladas por las comunidades indígenas sino también la centralidad de las Guerras Calchaquíes, sus consecuencias y la heterogeneidad de respuestas desplegadas por las sociedades nativas una vez incorporadas al sistema colonial. Leia Mais
Catolicismos locales y globales en la Argentina. Desde el siglo XIX a la actualidad | Diego Mauro
Es toda una invitación a la incertidumbre, resolver de manera prematura, la tarea de reseñar una compilación de textos académicos sobre devociones marianas en Argentina, siguiendo algún método prestablecido. Quince capítulos coordinados por el historiador Diego Mauro, que reflejan igual número de cultos católicos marianos desarrollados por diversas autorías, en algunos casos, que se repiten. Creo no errar, al decir que se trata de una de las primeras compilaciones académicas sobre la temática en el país. Incluye autorías con diferentes trayectorias de investigación hermanadas en una red académica sólida, solventada en variadas disciplinas de las ciencias sociales (antropología, sociología, historiografía, comunicación social y geografía). Sin embargo, allende su disciplinariedad múltiple, se trata de un libro de historiografía religiosa plena. Leia Mais
Historia de Colombia. Lo que necesitas saber | Mabel Paola López Jerez, Eric Duván Barbosa Amaya
La historia de Colombia se compone de episodios curiosos, complejos, violentos, esperanzadores y dolorosos, haciendo que los relatos, al ser tejidos, formen un gran tendido de diversidades, voces, colores y personajes, incluso, dan la impresión de poder percibir olores y sabores, imaginar elementos no narrados como emociones, sentimientos y sonidos. Historia de Colombia. Lo que necesitas saber, es una muestra de ello. Su manera amena, limpia y sintética de contar una larga historia deja sensaciones de una sociedad que se modeló a partir de pasiones, silencios, imposiciones y muy pocas veces por decisiones colectivas. Leia Mais
Pasquines/cartas y enemigos. Cultura del lenguaje infamante en la Nueva Granada y otros reinos americanos/siglos XVI y XVII | Natalia Silva Prada
Este libro de la historiadora Natalia Silva Prada es el resultado de muchos años de trabajo sobre la problemática del lenguaje infamante en el mundo hispanoamericano de los siglos XVI y XVII. El libro concentra y amplía sus investigaciones al respecto, publicadas en formatos más reducidos como artículos y capítulos de libro desde hace 20 años. Es una obra madura, que interroga algunas ideas que se han ido volviendo lugar común sobre la historia de la cultura política en el mundo hispanoamericano colonial temprano. Leia Mais
The Everyday Nationalism of Workers: A Social History of Modern Belgium | Maarten Ginderachter
Maarten Ginderachter | Foto: Maria Roudenko
Si bien este libro se ocupa de pasajes históricos de Bélgica lejanos para América Latina, considero pertinente llamar la atención sobre su estimulante propuesta: estudiar los nacionalismos “desde abajo”, es decir, colocando el foco de atención en las formas en que los nacionalismos son vividos por los ciudadanos “de a pie”; aquellos que no forman parte de las elites políticas o culturales, también desarrollan sus propias representaciones sobre la nación y la identidad nacional y cuentan con agencia propia para apropiarse o rechazar la simbología nacionalista oficial.
Se trata de una propuesta de suma valía ya que hasta ahora se han estudiado muy poco los horizontes de recepción de los nacionalismos. Y debo señalar que Maarten Van Ginderachter, autor del libro, no es ningún advenedizo en estos temas, toda vez que ha desarrollado esta línea de estudio en capítulos como “On the appropriation of national identity. Studying liux de mémoire from below”),1 que aborda las apropiaciones sociales y resignificaciones sobre los “lugares de memoria” de los que habló Pierre Nora. Además, ha coordinado libros como National Indifference and The History of Nationalism in Modern Europe, 2 donde se estudia el concepto de national indifference como guía para abordar los rechazos y apatías sociales que encuentra el nacionalismo oficial (el difundido por el Estado). Asimismo, coordinó el libro Emotions and Everyday Nationalism in Modern European History 3 donde se discute sobre las emociones que enrolan los nacionalismos vistos desde la perspectiva de la población en su vida cotidiana. Leia Mais
Una ciudad al occidente. Ejidos/ urbanizaciones y barrios obreros en Bogotá | John Rodríguez Farfán
Detalhe de capa de Una ciudad al occidente. Ejidos, urbanizaciones y barrios obreros en Bogotá
Una ciudad al occidente reúne los resultados de la tesis laureada de John Farfán como magíster en Historia y Teoría del Arte, la Arquitectura y la Ciudad de la Universidad Nacional de Colombia. Su investigación reconstruye la transición de la tenencia y apropiación de los ejidos de Santafé, Bogotá en tiempos republicanos, desde las primeras propuestas de ocupación urbana a en 1847 hasta la concreción de esos proyectos en las décadas de 1910 y 1920, pasando por su fraccionamiento y venta en el marco de las reformas liberales en la década de 1860. Para tal fin, Farfán seleccionó cuatro casos de estudio representativos, Ricaurte, San Isidro, Las Mercedes (actual barrio Ricaurte), y El Ejido (hoy barrio Pensilvania), por tratarse de los primeros esfuerzos en convertir un área rural y periurbana en parte de la ciudad como barrios obreros, y que demandaron servicios públicos y vías de acceso, abriendo así el camino para posteriores procesos de urbanización. La selección de estos casos le permite al autor hacer una reconstrucción detallada, con base en fuentes del Archivo General de la Nación, Archivo de Bogotá y Catastro Distrital, de la tenencia de la tierra, y especialmente de los procesos de compra y venta de fincas y, posteriormente, de lotes urbanos.
Más que una síntesis de los seis capítulos que componen la obra es importante destacar sus aportes historiográficos. Primero, resalta la perspectiva de larga duración que adopta. Aunque para su investigación el autor fija como fechas extremas 1847 y 1922, ese marco temporal no es una camisa de fuerza, sino una ventana de observación que, cuando la argumentación lo amerita, le permite remontarse a la antigüedad, al medioevo, al siglo XVIII o al presente. Así, por ejemplo, en el capítulo 1, Farfán explora el origen del ejido y no se limita al punto tradicional de Las siete partidas de Alfonso X en el siglo XIII o a las ordenanzas de Carlos I o Felipe II en el siglo XVI, sino que lo asocia con el ideal de ciudad en el pensamiento judeocristiano registrado en los libros bíblicos de Números y Ezequiel, y con el derecho romano. Leia Mais
La ciudad secular. Religión y esfera pública urbana en la Argentina | Roberto di Stefano
Detalhe de capa de La ciudad secular. Religión y esfera pública urbana en la Argentina
La ciudad secular. Religión y esfera pública urbana en la Argentina es una compilación realizada por Roberto Di Stefano, uno de los especialistas más destacados que tiene el país en historia de la iglesia y las religiones. Publicada en el marco de la colección ‘Las ciudades y las ideas’ de la editorial de la Universidad Nacional de Quilmes, está compuesta por siete contribuciones hechas por historiadores de distintas universidades. La originalidad del tomo radica, por un lado, en aproximarse al vínculo entre religión y ciudad, y por otro, en hacerlo no solamente sobre Buenos Aires sino también sobre ciudades de posición intermedia como Córdoba o Santa Fe, e incluso algunas estrictamente periféricas como las del Territorio Nacional de La Pampa (hoy provincia). Los autores presentan trayectorias académicas particularmente orientadas a la investigación en historia de la iglesia y las religiones, e integran un equipo cofinanciado por el CONICET y la Agencia para la Promoción Científica y Tecnológica, cuyo objetivo más general radica en identificar los momentos en que el conflicto religioso se ubicó en el centro de la escena pública y la manera en que incidió en las inflexiones centrales de la historia argentina.1
La introducción presenta al lector el enfoque que encontrará en el conjunto del estudio. Di Stefano y José Zanca realizan una excelente síntesis de la historia de las prácticas religiosas proyectadas sobre el espacio público de Buenos Aires entre las invasiones inglesas de 1806-1807 y mediados del siglo XX. Sugieren que La ciudad secular abordará manifestaciones religiosas tensionadas por el proceso secularizador del mundo moderno, tomando como lente de observación al escenario urbano. Sobre esto último, bueno es señalar, como lo hace luego Ignacio Martínez en su capítulo, que la ciudad es en general concebida por los autores bajo la acepción material de lo público: espacios concretos, pero de fronteras simbólicas difusas, frecuentados por vecinos/ciudadanos motivados por la proyección de sus acciones para recepción de un otro.2 Leia Mais
Vozes negras na história da educação: racismo/educação e movimento negro no Espírito Santo (1978- 2002) | Gustavo Henrique Araújo Forde
O livro ora resenhado é resultado da pesquisa realizada pelo autor no doutorado em educação na Universidade Federal do Espírito Santo. Selecionada no Edital de projetos da Secretaria de Estado da Cultura do Estado do Espírito Santo. O texto revela uma face ainda muito silenciada da presença da população negra na história da educação brasileira.
As principais questões que movimentaram Forde ao longo da pesquisa foram: de que modo a educação foi constituída como pauta central do movimento negro do Espírito Santo? Quais usos e sentidos foram atribuídos à educação pelo conjunto desse movimento? De que maneira a militância negra movimenta e mobiliza seus espaços-tempos para o combate ao racismo na educação? De que modo a categoria “negro” é concebida na agenda política do movimento negro? Quais implicações o movimento negro tem produzido no contexto da educação escolar? São questões que o autor responde de forma crítica ao longo de cada capítulo do livro. Leia Mais