Etnografía de los mercados reproductivos: actores, instituciones y legislaciones | Ana María Rivas Rivas

Ana Maria Rivas Rivas Imagem ReasAragon
Ana María Rivas Rivas | Imagem: ReasAragón

Se as tecnologias reprodutivas foram criadas originalmente (em 1978) para tratar da infertilidade de casais heterossexuais cis, hoje as técnicas são acessíveis a diferentes grupos de pessoas (lésbicas, gays, pessoas sem parceiro), que desejam constituir um projeto materno/paterno de filiação em solitário ou em casal homossexual, independente, portanto, de uma condição de saúde. A estes se aplica o termo infecundidade estrutural, por não fazerem uso do método convencional de reprodução (relação sexual) e não possuírem problemas de fertilidade (Fernando LORES MASIP; Ana María RIVAS; María Isabel JOCILES, 2020, p. 213).

Esta expansão das tecnologias pode ser compreendida a partir dos avanços na própria reprodução humana assistida, no reconhecimento do direito a maternidade/paternidade de outros grupos sociais e de mudanças na demografia contemporânea e na estrutura familiar (Melinda MILLS; Ronald RINDFUSS; Peter MCDONALD; Egbert VELDE, 2011). Leia Mais

Dandara Katheryn: a mulher de nome bonito | Anderson Cavichioli

Dandara dos Santos Imagem Arquivo pessoalBBC News
Dandara dos Santos | Imagem: Arquivo pessoal/BBC News

O céu das travestis deve ser belo como as paisagens deslumbrantes da recordação, um lugar para passar a eternidade sem se entediar. As lobas travestis biscates que morrem no inverno são acolhidas com especiais pompa e alegria, e naquele mundo paralelo recebem toda a bondade que este mundo mesquinho lhes negou.

Enquanto isso, as que permanecem por aqui, bordamos com lantejoulas nossas mortalhas de linho.

(O Parque das Irmãs Magníficas, Camila Sosa Villada, 2021, p. 177)

Quão impactante e intenso podem ser um minuto e vinte segundos? Um minuto e vinte segundos é o tempo de duração de um vídeo que foi divulgado nas mídias sociais e que reproduz atos de extrema violência cometidos através de um crime de transfobia. Este crime aconteceu no início do ano de 2017 contra a travesti Dandara Katheryn, brutalmente assassinada por um grupo de homens em Fortaleza, no estado do Ceará. Parte de seu assassinato foi gravado e divulgado.

Este caso faz parte de um fenômeno amplo, a transfobia, que transpassou a pesquisa de mestrado de Anderson Cavichioli, dando espaço, posteriormente, à publicação do livro Dandara Katheryn: a mulher de nome bonito. Esta dissertação foi defendida no ano de 2019 e foi publicada no ano de 2021 pela editora Devires.

Anderson Cavichioli, além de mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Brasília (UnB), é bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Direito Penal. Atualmente exerce a função de delegado da Polícia Civil do Distrito Federal. É um dos fundadores e atual presidente da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI+ (RENOSP LGBTI+), associação composta por operadores de segurança pública atuantes em diferentes instâncias e que se identificam como LGBTI+, na busca pela defesa dos direitos humanos e enfrentamento da lgbtfobia intra e extra institucional. Também se denomina como ativista dos Direitos Humanos e pessoas LGBTI+, desenvolvendo pesquisas sobre esta temática.

A editora Devires, por sua vez, teve sua fundação datada em 16 de janeiro de 2017 e tem como proposta editorial publicar textos acadêmicos e/ou literários que abordam temáticas dos estudos das sexualidades e dos gêneros, raça, classe, entre outros marcadores sociais, levando em consideração que ainda há uma lacuna no mercado editorial no que diz respeito às produções que enfoquem os campos de estudos referentes a sujeitos que foram e são subalternizados e, de certa forma, vulnerabilizados e/ou objetificados (EDITORA DEVIRES, 2022). A editora tem como propósito a divulgação de obras e autoras/es que dialogam a partir de desconstruções e estranhamentos de estigmas e hierarquizações que, social e historicamente, cristalizaram-se em nossos contextos, além de protagonizar discussões que abarcam os estudos queer, descoloniais, transfeministas, entre outros. Por se tratar de uma editora relativamente recente, esta vem ganhando destaque nos últimos anos.

Dandara Katheryn: a mulher de nome bonito não tem a pretensão de reviver a morte, nem a vida, de Dandara, o que poderia reproduzir toda a violência experienciada, mas produzir reflexões sobre as políticas de produção de morte em larga escala existentes em nossos contextos, e nomeá-las a partir de diferentes aspectos. Mortes essas que acontecem com quem ousa afrontar as normativas de gênero e de sexualidade. Morte de quem ousa afrontar os binarismos estabelecidos. Morte de uma parcela da população que serve como alvo. Morte de sonhos. Morte simbólica. Morte física.

A jornalista e professora Débora Diniz, responsável por orientar a dissertação da qual resultou em livro, ressalta no prefácio que o volume deve, preferencialmente, ser lido todo de uma vez, “para que a dor se arrebate em indignação de uma só vez” (DINIZ, 2021, p. 10). Concordo com Débora, penso que livros intensos como este devem ser acompanhados de mergulhos de cabeça.

O mergulho que Anderson Cavichioli nos propõe é composto por 37 breves capítulos, além de prefácio, prólogo, posfácio e referências bibliográficas, que são distribuídos ao longo de 199 páginas.

Os capítulos são sintetizados em poucas páginas, entre duas e três, mesclando reflexões teóricas e movimentações ocorridas durante a realização do mestrado do autor, que consistiram em, ora acompanhar os desdobramentos do assassinato de Dandara, ora se debruçar em alguns aspectos das vivências dela, a partir de memórias relatadas por algumas pessoas de seu convívio, como familiares e amigos.

Anderson entrelaça a teoria e a prática, a escrita e a vivência, de maneira consistente. A obra foi embasada nas contribuições teóricas de autores e autoras como: Judith Butler, Virgínia Vergueiro, Achille Mbembe, Michel Foucault, Paul B. Preciado etc. As análises realizadas se pautaram, principalmente, nas perspectivas dos estudos queer, levando em consideração que, assim como nesses estudos, a intenção do autor foi a de abrir discussões e provocar tensionamentos em relação às lógicas sociais que são pautadas no ideal de uma cisheteronormatividade, ideal esse que acaba por desumanizar quem está afastado da matriz cisheterossexual. Como o próprio autor salienta, Dandara foi uma das tantas vítimas desse afastamento. Foi desumanizada por não pertencer à matriz cisheterossexual.

O autor ressalta que há um conjunto de saberes-poderes, que se transfiguram em códigos morais, que perpassam os nossos contextos e desumanizam olhares. Esses saberes-poderes colonizam corpos, vidas, sujeitos… e os hierarquizam. O corpo de Dandara se configurava como um daqueles que são condizem com o topo, e nem com os primeiros degraus, dessa hierarquia, portanto foi desumanizado, tornando-se abjeto.

Cavichioli nos chama a atenção sobre quão desafiante é falar sobre corpos dissidentes sem que haja essa hierarquização e desumanização. O autor também atenta para o fato de que, por não ser uma pessoa transgênero, ele aborda tais assuntos, mas sem tomar um protagonismo, havendo, segundo ele, uma responsabilidade e um dever ético em se discutir essas temáticas, abrindo possibilidades de diálogos. É nessa abertura de diálogos que se encontra, de fato, a necessidade de se avolumar obras como esta.

Dandara foi uma vítima da política de produção de morte. Perante a lei, ela nunca existiu. Nunca teve seu nome retificado. Nunca foi nomeada pelo nome que escolheu para si. Foi enterrada com um nome masculino.

No livro, Dandara é a única pessoa nomeada. No livro, ela existe. Ela existiu. “Nomear é fazer existir” (Anderson CAVICHIOLI, 2021, p. 72). O autor enfatiza que

Nomear Dandara é um ato de responsabilidade, uma forma de reconhecer sua existência como alguém cujos direitos foram violados, como tardiamente admitiram os sistemas de justiça nacional e internacional. Sua história exige o testemunho de seu extermínio. Nomeá-la é forçar a reconhecer seu rosto, identificá-la como a travesti assassinada à luz do dia, abandonada à decisão de vida ou morte sobre sua vida precarizada e destituída de humanização (CAVICHIOLI, 2021, p. 45).

Também compreendo como um ato de responsabilidade a abrangência de espaços para que as temáticas das formas de vida consideradas dissidentes sejam cada vez mais discutidas, levadas em consideração, nomeadas… havendo possibilidades para que esses sujeitos dissidentes sejam os escritores de suas próprias histórias, sejam os produtores de suas resistências e de suas existências.

O autor realiza uma denúncia sobre a precarização de dados sobre violência lgbtfóbica no Brasil, sobre os retrocessos advindos de um governo conservador e sobre as restrições de políticas públicas voltadas à comunidade LGBTQIA+ em um país permeado por violências estruturais. Infelizmente, ao falar sobre histórias de travestis, quase sempre haverá o atravessamento de histórias de morte. Falar de morte é, antes de tudo, muito complexo. Pensar as causas e os efeitos de mortes que abrangem casos que não são isolados, envoltos por nuances que vão além de análises individuais. Anderson Cavichioli, ao falar sobre Dandara, além de reconhecê-la em sua individualidade, repercute sobre todo um fenômeno de violência transfóbica estrutural. Apesar de ser um assunto que causa incômodo, que rasga o peito… Anderson trata desse assunto com muito cuidado, respeitando a história de Dandara e de tantas outras travestis de corpo e de alma assassinadas.

Anderson descreveu Dandara como um exemplo de possibilidade de desestabilização dos espaços de poder, pois, ao reivindicar-se mulher, desviava dos binarismos de gênero de nossa sociedade, se distanciava das normativas. Lutava por seu nome. São nessas possibilidades de vivências diversas que circulam as resistências. Nas páginas finais, ele enfatiza que é necessário lutar pelas vidas e resistir.

A obra em questão, ao debater assuntos relacionados a um caso específico, sinaliza denúncias às incalculáveis violências enfrentadas por sujeitos dissidentes de sexualidade e de gênero, exemplificando o horror que pode estar atravessado às normativas, gerando uma política de morte em relação a estas vidas preteridas através de um fenômeno estrutural que ocorre de maneira ampliada, a transfobia.

Portanto, traz contribuições no que diz respeito ao campo dos estudos de gênero e das sexualidades, contribuindo para a ampliação, de uma forma crítica e ética, da literatura que vem se avolumando nos últimos anos acerca das transexualidades e das travestilidades. No livro, o autor aborda a temática das transexualidades e travestilidades sem as patologizá-las e sem incluí-las a padrões que fogem à concepção de normalidade. Além do mais, Cavichioli se propõe realizar discussões interseccionais que perpassam perspectivas de gênero, classe, sexualidade, religiosidade e raça ilustradas em um contexto do Brasil contemporâneo, embasando sua narrativa com autoras e autores que se dispõem a tratar de temáticas voltadas à contemporaneidade.

Referências

CAVICHIOLI, Anderson. Dandara Katheryn: a mulher de nome bonito Salvador: Devires, 2021.

Diniz, Débora. “Prefácio”. CAVICHIOLI, Anderson. Dandara Katheryn: a mulher de nome bonito Salvador: Devires, 2021. p. 09-10.

EDITORA DEVIRES. Salvador, 2022. Disponível em Disponível em https://editoradevires.com.br/ Acesso em 10/05/2022.
» https://editoradevires.com.br/

SOSA VILLADA, Camila. O parque das irmãs magníficas São Paulo: Planeta, 2021.


Resenhista

Daniela Cecilia Grisoski – Psicóloga pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), possui Mestrado em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e atualmente é doutoranda em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mails: daniela.grisoski@ufrgs.br; grisoskidaniela@gmail.com  https://orcid.org/0000-0003-3848-5704


Referências desta Resenha

CAVICHIOLI, Anderson. Dandara Katheryn: a mulher de nome bonito. Salvador: Devires, 2021. Resenha de: GRISOSKI, Daniela Cecilia. Notas sobre Dandara Katheryn por Anderson Cavichioli. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v. 30, n. 3, e87542, 2022.  Acessar publicação original [DR]

A Vulva é uma Ferida Aberta e Outros Ensaios | Gloria Anzaldúa

Gloria Anzaldua Imagem American Statesman 1
Gloria Anzaldúa | Imagem: American-Statesman

O ato de falar e de escrever é marcado por relações de poder e atravessado por modelos epistemológicos que tentam suprimir línguas e formas de existir (Conceição EVARISTO, 2021). Questiona-se: quem ousa falar tem o poder de se fazer ouvir? É da complexidade que envolve essa pergunta que sugerimos a leitura de Gloria Anzaldúa. A autora, ao produzir teorias sobre a sua existência nas fronteiras, dá cores e tons a sua linguagem insubmissa que desafiou os olhos do homem branco. A tradução do livro de Gloria Anzaldúa, A Vulva é uma Ferida Aberta e Outros Ensaios, foi lançada no Brasil em 2021, pela editora A Bolha.

O livro reúne seis ensaios e um poema produzidos em momentos distintos da sua carreira. Neles se encontra uma amálgama de discussões sobre as questões de mestiçagem, fronteira, raça, gênero, sexualidade, classe, saúde, espiritualidade, escrita e linguagem, que são questões centrais em sua obra. Cláudia de Lima Costa e Eliana Ávila (2021), tradutoras da obra de Gloria Anzaldúa no Brasil, assinam o prefácio do livro e destacam a importância da autora para o surgimento da discussão sobre diferenças – sexual, étnica e pós-colonial – no bojo feminismo norte-americano. Já o posfácio é um ensaio de AnaLouise Keanting (2021), professora na Texas Women’s University, em estudos de mulheres, e é a atual depositária do Gloria Anzaldúa Literary Trust. Nesse texto encontramos uma importante reflexão sobre as teorias mais recentes de Gloria Anzaldúa, pós-Borderlands/La Frontera, tornando a leitura de A Vulva é uma Ferida Aberta e Outros Ensaios ainda mais instigante. Leia Mais

A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero | Oyèrónke Oyewùmí

Oyeronke Oyewumi Foto Stine BoePor dentro da Africa
Oyèrónke Oyewùmí | Foto: Stine Boe/Por dentro da África

A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero, fruto da tese de doutorado da socióloga nigeriana Oyèrónkẹ Oyěwùmí, foi lançada originalmente em 1997, nos Estados Unidos, e teve sua primeira edição brasileira publicada no ano de 2021, pela editora Bazar do Tempo.

É logo no prefácio que Oyěwùmí antecipa à leitora aquilo que sua obra não é, a saber, um estudo sobre o que, no pensamento ocidental, se convencionou chamar a questão da mulher. Nos moldes daquilo que vem sendo proposto pelas abordagens do feminismo negro e decolonial, a autora problematiza as teorias feministas hegemônicas que preconizam a ideia de que as categorias de gênero seriam universais, totalizantes e atemporais. Ela argumenta que, no caso dos Oyó-iorubá, sociedade investigada em sua pesquisa, tais categorias não são autóctones, ou seja, não existiam antes do contato com o Ocidente, iniciado através da colonização inglesa na Iorubalândia. Leia Mais

Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v.30, n.3, 2022.

Estudos Feministas

 

Cadernos do Tempo Presente. São Cristóvão, v.13, n.01, 2022.

Tempo Presente UFS3

Artigos

Resenhas

Publicado: 2022-09-18

Povo de Deus: Quem são os evangélicos e por que eles importam | Juliano Spyer

Juliano Spyer Foto Zanone FraissatFolhapress
Juliano Spyer | Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

“Nos anos 1970, evangélicos representavam apenas 5% dos brasileiros, hoje são um terço da população adulta do país, e na próxima década, segundo estatísticas, o número de protestantes superará o de católicos”.II Considerando o crescimento recente que os evangélicos têm tido na sociedade brasileira, Juliano Spyer julga que conhecer quem são esses sujeitos é importante para compreender o Brasil contemporâneo.

Spyer, formado em História pela Universidade de São Paulo e mestre e doutor em Antropologia pela University College London, foi autor do livro Mídias Sociais no Brasil Emergente, publicado em 2018 e que analisava o uso da internet nas camadas populares brasileiras. Estudar o fenômeno evangélico não era seu objetivo no início de sua trajetória, que passou pela morada na casa de uma família batista nos Estados Unidos em um intercâmbio estudantil e pelo trabalho na campanha presidencial da exministra evangélica do Meio Ambiente Marina Silva em 2010. No entanto, em uma pesquisa de campo em um bairro periférico de Salvador, na Bahia, o antropólogo conviveu com várias famílias evangélicas, algo que lhe permitiu ampliar seu conhecimento sobre o assunto. Leia Mais

Chile despertó: lecturas desde la Historia del estalido social de octubre | P. Artaza, A. Candina, J. Esteve, M. Folchi, S. Grez, C. Guerrero, J. L. Martínez, M. Matus, C. Peñaoza, C. Sanhueza e J. M. Zavala

Chile desperto Imagem Contacto Digital
Chile despertó | Imagem: Contacto Digital

Publicada pela Universidad de Chile, editada por Mauricio Folchi e organizada em onze artigos produzidos por historiadores do Departamento de Ciências Históricas, a obra coletiva “Chile despertó: Lecturas desde la Historia del estallido social de octubre” buscou uma leitura de diversos ângulos dos movimentos que estouraram em outubro de 2019 no Chile e sua consequente crise política. Se durante os anos 1990 o Chile se encontrava permeado por conflitos e mobilizações sociais, a passagem para o século XXI trouxe todo um novo cenário político acompanhado pela reorganização do movimento estudantil secundário, durante a Revolução Pinguina de 2006, e universitário durante as marchas estudantis multitudinárias de 2011. Assim, como todo um contexto de diversas reformas para uma superação de “resquícios autoritários”, a exemplo da reforma constitucional de 2005 e a do sistema eleitoral em 2015. Como, por fim, acompanhado da emergência de uma nova coalizão de centro-esquerda, a Frente Ampla, sendo assim, o quadro amplo de inserção dos movimentos de 2019 parte de um largo cenário, tanto de reativação da sociedade civil, como de renovação política.II De maneira, que a Frente Ampla representou uma novidade pelo seu respectivo rompimento do cenário dominado por um antigo duopólio partidário.III

Estes movimentos espontâneos foram, segundo o editor e autor Mauricio Folchi, a maior mobilização das últimas décadas, os quais se materializaram na recuperação da figura dos cabildos em meio a uma população demandante de participação política. Tendo novas tecnologias sido a base para as suas convocações. Tais manifestações integraram uma proposição para um novo pacto social, de maneira, a serem mais do que um simples acúmulo de mal-estar de décadas. Antes, são produto da insatisfação carregada desde a Constituição de 1980, e das leituras de um Chile que parece nunca ter tido uma constituição, de fato, democrática. Tal crise, de modo geral, não se trata de apenas uma série de demandas sociais não atendidas, antes, são produtos da incapacidade de receber e processar tais demandas por parte do Estado. Leia Mais

Passado Abierto. Mar del Plata, n.14, 2021.

EDITORIAL

DOSSIER

ARTÍCULOS

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

História – Debates e Tendências. Passo Fundo, v.22, n.3, 2022.

Historia Debates e Tendencias

Dossiê Economia-Espaço-Sociedade – diversidades territoriais, conflitos agrários e desigualdades alimentares na Argentina e no Brasil nos séculos XX e XXI.

Editorial

Dossiê

Artigos Livres

Publicado: 2022-09-14

Direitos Humanos na América Latina: história, política e lutas sociais | Revista Ágora | 2022

Detalhe de capa de Direitos Humanos 70 Anos Edicao Ilustrada Ilustracao de Joao Lin
Detalhe de capa de Direitos Humanos: 70 Anos Edição Ilustrada | Ilustração de Joao Lin

Por que cantamos? […]

cantamos porque o grito só não basta

e já não basta o pranto nem a raiva

cantamos porque cremos nessa gente

e porque venceremos a derrota.

Cantamos porque o sol nos reconhece

e porque o campo cheira a primavera

e porque nesse talo e lá no fruto

cada pergunta tem a sua resposta.

Cantamos porque chove sobre o sulco

e somos militantes desta vida

e porque não podemos nem queremos

deixar que a canção se torne cinzas […]

Mário Benedetti

O presente dossiê “Direitos Humanos na América Latina: história, política e lutas sociais”, que ora chega ao público, na presente edição da Revista Ágora, é fruto de inúmeras preocupações voltadas para a defesa e garantia dos direitos humanos na região, a partir da reflexão crítica e abordagens de temas concretos que fazem parte da realidade histórica de nuestra América. Leia Mais

Ágora. Vitória, v.33, n.2, 2022.

Agora3

Direitos Humanos na América Latina: história, política e lutas sociais

Imagem da capa elaborada por Thaís Lopes Cortes, doutoranda do PPG-Serviço Social da UERJ e membro do Programa de Estudos de América Latina e Caribe – UERJ.

Ágora de debates

Publicado: 13-09-2022

Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade | São Paulo: 110 Anos do Capão Redondo | 2022

Capao Redondo pode ganhar obra de Banksy Imagem Hipeness
Capão Redondo pode ganhar obra de Banksy | Imagem: Hipeness

A presente edição da Revista Cordis destina-se à divulgação e disseminação de artigos oriundos de estudos realizados sobre os 110 anos de surgimento do bairro do Capão Redondo e dos cem anos de realização da primeira formatura do Centro Universitário Adventista de São Paulo, localizado no referido bairro.

Além desse tema central, são apresentadas outras temáticas voltadas ao bairro de Santo Amaro, as práticas transmonumentais no espaço urbano, os espaços museais, o controle moral da infraestrutura pública das cidades, e as práticas torcedoras dos times de futebol da cidade de São Paulo.

Gratidão pela participação de todas as pessoas que se envolveram neste projeto para que ele se tornasse uma realidade.


Organizadores

Arlete Assumpção Monteiro – Doutora em História pela USP. http://lattes.cnpq.br/4850619417446841

Francisco Carlos Ribeiro – Doutor em História pela PUC-SP. lattes.cnpq.br/1252300253668315


Referências desta apresentação

MONTEIRO, Arlete Assumpção; RIBEIRO, Francisco Carlos. Editorial. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade. São Paulo, v.1, n.27, p.1, 2022. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Unasp no Tempo: tradições, histórias e transformações | Douglas Menslin

Douglas Menslin Imagem Revista Novo Tempo
Douglas Menslin | Imagem: Revista Novo Tempo

“Consciência histórica” é uma expressão atualmente utilizada para designar a consciência que o ser humano adquire e constrói em sua experiência ao refletir sobre sua vida e posição no fluxo temporal da existência. Como elementos constitutivos, destacam-se a identidade pessoal e a compreensão do conjunto social a que se pertence.

A consciência histórica precisa também da memória individual e coletiva como referência do conteúdo. Portanto, significa que temos uma compreensão do passado e de como nos situamos no tempo, mesmo que existam diferentes maneiras de entendimento dessa condição (Martins, 2019). Leia Mais

Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade. São Paulo, v.1, n.27, 2022.

Cordis 2

São Paulo: 110 Anos do Capão Redondo

Organização: Arlete Assumpção Monteiro e Francisco Carlos Ribeiro

Apresentação

Editorial

  • Arlete Assumpção Monteiro, Francisco Carlos Ribeiro
  • PDF

Parte 1 – Dissiê São Paulo: 110 anos de Capão Redondo

Parte 2 – Artigos livres

Resenhas

Homenagem

Especial

Publicado: 2022-09-09

 

Guerrilha do Araguaia 50 anos: direito à memória e à verdade – desafios para a pesquisa e o ensino | Escritas do Tempo | 2022

Caso Gomes Lund e outros Guerrilha do Araguaia versus Brasil Imagem Reu Brasil
Caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) versus Brasil | Imagem: Réu Brasil

O presente dossiê sobre os 50 anos da Guerrilha do Araguaia (1972-1975), além de buscar trabalhar detidamente sobre o evento da epopeia guerrilheira e os seus desdobramentos no ano de seu quinquagenário, também visa trazer à lume outras questões que tangenciam o tema e procuram fazer o trabalho de denúncia contínua sobre os arbítrios do período da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Para endosso dessa presente organização compreendemos que toda a produção discursiva que almeje o exercício de revelação do período do torcionário ditatorial são extremamente bemvindas, pois além de produzir a reverberação dos fatos ainda estabelecem a luta constante pela memória, verdade, reparação e justiça.

Nesse sentido, entendemos que o advento da Guerrilha do Araguaia não foi uma epopeia de luta isolada, mas parte constitutiva e atuante das inúmeras batalhas que a sociedade brasileira empenhou para romper os obstáculos do terror de Estado imposto a partir de 1964. Essas batalhas realizadas tanto pela sociedade civil, em seus vários arranjos, assim como pelas organizações políticas, foram o somatório da força desses inúmeros agentes que lutaram contra a ditadura desde a eclosão do Golpe e que, até o presente momento, não se cansam de lutar pela verdade. Tendo em vista as repetidas tentativas de reescrita da história e malsucedidas guerras de narrativas. Leia Mais

Escritas do Tempo. [Marabá], v.4, n.11, 2022.

ESCRITAS DO TEMPO

Guerrilha do Araguaia 50 anos: direito à memória e à verdade – desafios para a pesquisa e o ensino

Editorial

  • Editorial
  • Karla Leandro Rascke; Erinaldo Vicente Cavalcanti, Geovanni Gomes Cabral, Marcus Vinicius Reis, Maria Clara Sales Carneiro Sampaio
  • PDF

Apresentação de Dossiê Temático

Artigos

Publicado: 2022-09-09

Far-right revisionism and the end of history: alt-histories | L. D. Valencia-Garcia

Francisco Vazquez
Francisco Vázquez García | Foto: Universidad de Cádiz

A emergência de governos populistas e autoritários, como o de Donald Trump (2016 – 2021) e o de Jair Bolsonaro (2018 – 2022), bem como a repercussão e uso político das fake news, trouxeram ao debate questões fundamentais sobre a chamada “nova direita” e suas características organizativas, ideologias e práticas. Com a Pandemia da Covid-19, a noção de negacionismo ganhou destaque no debate público, na mídia, no meio acadêmico, referindo-se a determinados discursos de rechaço da ciência e da manipulação dos fatos, resgatando algumas das características de ilações e falsificação de fatos históricos que Pierre-Vidal Naquet, em seu Os Assassinos da Memória, atribuía aos revisionistas/negacionistas do genocídio hitlerista. Embora essas evidências estejam muito mais relacionadas a um debate do campo científico — ao endossar uma postura anticientífica próxima daquela iniciada nos anos 2000 quanto ao negacionismo do HIV/AIDS e das mudanças climáticas, e agora, em relação a Pandemia da Covid-19 — é no debate historiográfico que se pode perceber sua amplitude e interlocução política. A obra Far-right revisionism and the end of history: alt/histories, editado por Louie Dean Valencia-Garcia, se faz de suma importância para a compreensão do contexto em que é produzido o discurso negacionista, os diversos grupos da extrema-direita por todo o mundo e, sobretudo, a contribuição de historiadores revisionistas para a construção da chamada alt-history.

Composta por 20 artigos, a coletânea explora amplamente as configurações de uma história alternativa (alt-history) construída por grupos de extrema-direita em contextos como o da Espanha, Estados Unidos, Brasil, Rússia, Alemanha, Itália, Iugoslávia e Canadá. O que apresentam em comum? Para além da presença de retóricas que conduzem a práticas antidemocráticas de movimentos sociais e da opinião pública, uma característica inicial evidenciada na composição desses casos são as polêmicas geradas na abordagem de temas e personagens históricos. A partir disso, constatam-se as tentativas de recusa da história estabelecida e o oferecimento de uma suposta nova versão dos fatos, conhecida apenas por doutos especialistas ou por aqueles (especialistas ou não) que, na contramão dos consensos estabelecidos, se oferecem como vozes dissonantes. Uma primeira definição de alt-history, portanto, é aquela que fomenta: Leia Mais

História Ambiental: configurações do humano e tessituras teórico-metodológicas | Ilsyane Kmitta, Suzana Arakaki e Tânia Zimmermann

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Suzana Arakaki | Imagem: Dourados News

A obra História Ambiental: configurações do humano e tessituras teórico-metodológicas (2020) é uma coletânea de 7 textos, organizada pelas historiadoras Ilsyane Kmitta, Suzana Arakaki e Tânia Zimmermann, vinculadas à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS-Amambai). O livro tem apresentação de Susana Cesco (UNIRIO) e reúne pesquisadores/as das regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste em torno da História Ambiental com destaque, especialmente, aos desafios teóricos-metodológicos e políticos que envolvem este campo de pesquisa no Brasil. Além dos artigos, possui também uma entrevista com Paulo Henrique Martinez, colhida no ano de 2018 por ocasião da XVI Semana Acadêmica de História da UEMS (campus de Amambai).

Historia Ambiental Suzana ArakakiRessente-se, logo de início, de algumas considerações das próprias organizadoras sobre as circunstâncias de confecção da obra. É de praxe, em um livro de coletâneas, que pode, ou não, ter a apresentação de algum/a convidado/a, encontrarmos algumas palavras dos/as próprios/as organizadores/as de agradecimento e esclarecimento sobre as condições de estruturação do livro e seu conteúdo. Assim, ficamos sem saber, por exemplo, o porquê da inserção de uma entrevista realizada em 2018 em um livro publicado dois anos depois. O material começou a ser gestado nesse momento, no âmbito do evento mencionado no parágrafo acima? E quanto à motivação e importância da temática sob a qual foram reunidos os artigos e expresso no título da obra? Leia Mais

Joãosinho da Goméia | Inês Gouveia, Andrea Mendes, Nielson Bezerra e Marlúcia Santos de Souza

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Joãosinho da Goméia | Imagem: Brasil de Fato

O livro Joãosinho da Goméia é obra organizada sob o olhar de quatro pesquisadoras/es. Trata-se de uma coletânea voltada à memória, à palavra e à honra de um dos mais importantes nomes do Candomblé brasileiro: Joãosinho da Goméia. Babalorixá baiano do século XX, João Alves Torres Filho (seu nome de batismo) deixou um legado de conhecimentos afrodiaspóricos e lutas em prol do povo negro e para os saberes de uma religião que extrapola os limites impostos pelo pensamento opressor da colonialidade. Os quatro organizadores da obra – Inês Gouveia, Andrea Mendes, Nielson Bezerra e Marlúcia Santos de Souza –, especialistas nas áreas de Museologia, Patrimônio e História, se dedicam aos estudos sobre a África e suas influências no Brasil, observando como as implicações da africanidade são vistas, ressignificadas e vividas por nós brasileiros no cotidiano.

Joaosinho da Gomea LivroO livro é organizado em doze capítulos na forma de artigos escritos por pesquisadoras e pesquisadores que se debruçaram sobre a vida de Joãosinho da Goméia, observando a densa atmosfera cultural e religiosa negra que esta figura impôs à visibilidade do Candomblé no Brasil. Estes capítulos são divididos em duas partes. A primeira, intitulada “Memória e Representatividade”, abarca os seis primeiros capítulos e atrai o leitor para um plano imersivo na vida e na pessoa de Joãosinho da Goméia, evidenciando um homem negro envolvido com a causa cultural de seu povo e de seu tempo, conquistador dos espaços de luta e poder em prol de uma visão positiva de sua crença e suas práticas sociais e religiosas. Autoras e autores evidenciam um sacerdote que atuava nas múltiplas representatividades: homem negro, homoafetivo, artista e Babalorixá. É possível observar que qualquer tentativa de compreender Joãosinho da Goméia sem se atentar a estes marcadores será em vão, pois em todas as suas ações de vida enaltecia os valores e as lutas que a ideologia dominante cristã e heteronormativa ao seu redor repudiava, e por isso se tornara um ícone da luta e resistência subalterna de sua época. Leia Mais

Negacionismo: A construção social do fascismo no tempo presente | Karl Schurster, Michel Gherman e Óscar Ferreiro-Vázquez

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Karl Schurster, Michel Gherman e Óscar Ferreiro-Vázquez | Imagens: Resenha Crítica/Fósforo Editora/Resenha Crítica

Negacionismo: A construção social do fascismo no tempo presente, exemplifica a mais recente posição de profissionais das humanidades sobre esse fenômeno de massas e das redes, emergente na grande imprensa nos últimos dez anos. Trata-se de uma coletânea organizada por Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Karl Schurster, das Universidades de Pernambuco (UPE) e de Vigo (Espanha) e Óscar Ferreiro-Vázquez, da Universidade de Vigo (Espanha), que assume a meta de combater o negacionismo, compreendido, inicialmente, como elemento do fascismo contemporâneo. Os pesquisadores que os acompanham são, majoritariamente, docentes do nível superior com atuação nas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Juiz de Fora (UFJF), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), na Universidade de São Paulo (USP), Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) e na Escola Israelita Brasileira Salomão Guelman.

Negacionismo livroNos dez capítulos da obra, quinze profissionais definem negacionismo e demonstram a as ações de rejeição, ocultamento ou desresponsabilização do Holocausto, do Nazismo, do escravismo brasileiro, da identidade dos judeus progressistas e do conhecimento científico em gêneros/suportes como o artigo de jornal, livro de História, o filme histórico e as letras de música. A maioria privilegia a expressão-título (negacionismo), explorando-o no tríptico: definição/causa/terapia.

No primeiro capítulo – “(Para)traduzir a negação, as teorias da conspiração e o antissemitismo” –, negacionismo é a “tentativa sistemática de falsificação do passado-recente” (p.21), mediante as habilidades de descartar provas, “regenerar e limpar o presente de um passado indesejado” (p.31). Por essa definição, o antissemitismo é “uma vertente negacionista” (p.25) e a “teoria da conspiração” é o elemento aglutinador de grupos extremistas, que estigmatiza “grupos minoritários” e incentiva a violência física. Para Karl Schurster, Michel Gherman e Óscar Ferreiro-Vázquez, o papel dos acadêmicos é explicar como a “desinformação” afeta a o modo de os indivíduos lerem o mundo (p.21).

No segundo capítulo o perfil taxonômico dos textos se mantém, associado às primeiras medidas terapêuticas. Tratando de “Esquecimento, revisionismo e negacionismo: o assassinato da História”, Francisco Carlos Teixeira da Silva e Karl Schurster definem negacionismo com ação/habilidade/prática do Fascismo. O Fascismo é um fenômeno (ideológico) e uma patologia social (neurose) caracterizada pela atitude sistemática de esquecer, recalcar ou reprimir o passado que causa “dor intensa e repetitiva” (p.34-35). Na sociedade alemã, emerge do autoritarismo, etnocentrismo, da “frieza nas relações interpessoais” e da “falha na educação.” (p.62). No brasil, a ocultação, a censura política do ensino de História e reescritura da história (revisionismo) são os seus sintomas. Para os autores, negacionismo é também é a atitude de historiadores e governos evitarem nomear a recusa sistemática do passado doloroso do Holocausto e da Ditadura Milita como fascismo. A principal terapia, para a Alemanha e para o Brasil, é fazer o caminho inverso da neurose: recordar, exibir e superar o passado que causa dor. De modo residual, os autores também apresentam uma terapia epistemológica (e ética): hierarquizar o valor dos testemunhos (o prisioneiro e o carcereiro) e considerar em conjunto o depoimento dos que sofreram a violência.

No terceiro capítulo, a tentativa de definição se especializa. Para Luís Edmundo de Souza Moraes, que escreve “A negação negacionista do Holocausto, suas metamorfoses e a ilusão de ótica”, negacionismo é categoria que dá conta de um fenômeno dos anos 1980: negar e falsear conscientemente o passado e fraudar critérios de autoridade. É uma prática institucionalizada, um movimento de direita e uma “reação” sobre o sentido atribuído a determinado objeto. Visto diacronicamente, o negacionismo emerge em “forma-testemunho” e “forma-ciência”. Ele “não é passível de refutação”, não pode ser silenciado academicamente e o seu avanço ou retrocesso independe do trabalho melhor ou pior dos historiadores (p.105). Para Moraes, o sucesso do revisionismo se deve à demanda do público leigo por história narrativa e aos vícios da obstrução epistêmica (escrita ininteligível). O melhor combate ao negacionismo histórico, inspirado no caso francês, inclui: reformas nos currículos de formação de professores e pesquisadores, reforma nos currículos da educação básica e produção de novos materiais didáticos.

O quarto capítulo – “Revisionismo, doença infantil do negacionismo?”, escrito por Marcos Napolitano, define negacionismo como a “‘mentira organizada’ voltada para o apagamento e encobrimento de responsabilidades históricas […] sobre a violência do passado que envolveram perpetradores e vítimas, bem como seus herdeiros no presente” (p.112). As razões do sucesso do “negacionismo” e do “revisionismo” são, por exemplo, a falta de eficácia na “divulgação científica” universitária e a “falta de um jornalismo científico mais afinado com a pesquisa” (p.130). Isso explicaria, por exemplo o sucesso de “revisionistas recentes” como o de Elio Gaspari, Jorge Caldeira e Leandro Narloch. A terapia, segundo o autor, é a é a “busca da verdade histórica”, entendida como “um ponto de fuga identificável nas fontes e evidências gerados pelo passado, um compromisso ético e ontológico do historiador” (p.138).

O sétimo e o décimo capítulos encerram as iniciativas dominantemente definidoras de negacionismo. No texto de Arthur Lima de Avila – “Formas/fórmulas de negação e irresponsabilidade representacional: o caso Brasil Paralelo e o Negacionismo Histórico contemporâneo”, a categoria “negacionismo histórico contemporâneo” é comparada à categoria “revisionismo clássico”. A primeira (na qual se encaixa R. Faurisson), versa sobre o holocausto e é marcada por uma afirmação contrafactual (não houve holocausto), a despeito das provas materiais e testemunhos (“negação strictu sensu”). A segunda é marcada por operações narrativas de omissão de argumentos contraditórios e suavização da violência de determinados atores, resultando em um processo de desresponsabilização (“irresponsabilidade representacional”). Os filmes da produtora Brasil Paralelo são exemplos dessa narrativa (p.188). Para Avila, a causa do negacionismo contemporâneo é estrutural: “a transformação interior à racionalidade neoliberal”, ou seja, a “passagem tormentosa de um neoliberalismo progressista a uma versão francamente autoritária dele. (p.202).

Esse não é, contudo, o diagnóstico de Natalia Pasternak, que escreve “negacionismo da ciência e do Holocausto: estratégias e consequências”. A autora define negacionismo como “uma mentira que nega a realidade para promover ideologia, política ou religião”, que “mata democracias e pessoas.” (p.275). Implicitamente, a autora sugere que identificar suas estratégias é realizar o seu combate. Assim, deve o combatente reconhecer que o negacionista: evita a negação total do fato, empregando um “mas, veja bem…” (após a negação do negacionismo); põe fatos/detalhes fora do contexto (via omissão deliberada ou ignorância supostamente ingênua) para rejeitar tese consensuada entre especialistas; muda, continuamente, o objeto da negação (recentemente refutada); desafia os especialistas para o (falso) debate em busca de legitimação; e usa o ceticismo para questionar teses, fatos e evidências exploradas a exaustão, acusando os cientistas de rejeitarem esse valor secular empregado na ciência.

O quinto, o sexto, o oitavo e o nono capítulos, dominantemente, tipificam práticas ditas negacionistas. Em “Nazismo de esquerda? Considerações sobre o revisionismo ideológico sobre o nazismo no Brasil contemporâneo” (quinto capítulo), Michel Ehrlich compreende a declaração sugerida acima como exemplo de “revisionismo ideológico”, ao contrário de “negacionismo” (negação dos “fatos, acontecimentos concretos consolidados” (p.146). Contudo, diz o autor, mais importante que tipificar a proposição é denunciar os interesses que a fundamentam: desresponsabilizar o nazismo das violações de direitos humanos e minimizá-lo como parâmetro nos julgamentos futuros de crimes semelhantes praticados por membros do governo Bolsonaro. No capítulo seguinte (o sexto) – “A dupla negação dos judeus em tempos de Bolsonaro”, Michel Gherman e Gabriel Melo Mizrahi apresentam desdobramentos do negacionismo praticado pelo então deputado Jair Bolsonaro no Clube Hebraica, em 2017, pelo presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ), pelo chargista Latuff e o jornalista Shajar Goldwaser. As referências desses sujeitos aos judeus que reprovaram a presença de Bolsonaro na Hebraica, apesar de ideologicamente antagônicas, provocaram, ao menos no plano do discurso, um duplo apagamento da sua identidade: negados como judeus (por Bolsonaro e pela FIERJ) e negados como judeus de esquerda (pela imprensa), afirma o autor.

O oitavo e nono capítulos focam na constatação e na denúncia, são: “Negamos o que nos constitui e escondemos o que não suportamos ver: negacionismo da escravidão como estratégia de naturalização da violência, da exclusão, da exploração e da desigualdade racial” e “Negacionismo, revisionismo e discursos de ódio no tempo presente: a apropriação da narrativa sobre memória do Holocausto pelo rock neofascista.” No primeiro, Janaina Chrstiam Peranyon Lopes e Antônio Carlos Jucá de Sampaio consideram “negacionista” a prática de “naturalizar” e “reiterar” mecanismos geradores de “violência, exclusão e desigualdade racial”, expressa, por exemplo, nas tentativas de suavização da lei que pune os que exploram trabalhadores em condições análogas à escravidão (p.215). De forma semelhante, para Pedro Carvalho Oliveira, “negacionista” e “revisionista” é mensagem veiculada nas letras de músicas de bandas de rock ideologicamente orientadas pelo fascismo, na Alemanha, nos EUA, no Chile, na Argentina e no Brasil. Elas reiteram a ideia de que o holocausto não existiu e que os judeus conspiram para a extinção da raça branca. A intenção das bandas é desresponsabilizar os nazistas que atuaram na Segunda Guerra Mundial e de cultivar o ódio aos judeus.

Como pudemos observar, os autores fazem o duro trabalho taxonômico de domar as palavras do senso comum e torná-las instrumento epistêmicos de qualidade superior, sob a majoritária ideia de que os discursos sobre o passado têm consequências e que, por isso, os representadores do passado devem explicitar seus compromissos éticos, principalmente, quando esses desdobramentos implicam em ameaças à convivência em uma democracia liberal. Esse investimento, evidentemente, os põe em risco de cometer diferentes tipos de imperfeições. Os ruídos não aparecem nas causas e nas terapias, pouco abordadas no conjunto da obra: mudanças estruturais de combate à neurose, mudanças na formação profissional da história e produção de material didático competente para os escolares. As terapias circulantes em outras áreas, como o cinturão sanitário, a censura e a prisão não estão neste livro. As insuficiências, por outro lado, são majoritariamente no exame da palavra (negacionismo) e na tentativa de adequar a palavra à coisa (mentira, falsidade, neurose etc.).

Esse tipo de ruído aparece no primeiro capítulo, que não deixa claro o limite entre notícia falsa, negacionismo e teoria da conspiração e entre o valor heurístico de negacionismo, negacionismo histórico e antissemitismo. Também está claro se as elites ressentidas com as políticas de justiça social e os profissionais da História que se recusam a designar a política de negação do passado doloroso da ditadura militar brasileira partilham da mesma patologia mental e, ainda, se haveria um negacionismo irracional de leigos e um negacionismo racional de experts acadêmicos.

A necessidade de precisar os termos está expressa, indiretamente, por exemplo, no último capítulo, que ensina muito pelo testemunho autobiográfico. Ali, o negacionismo é “condição humana” (eu diria uma habilidade mental neutra), uma ação epistêmica e moralmente reprovável (um desvalor). A depender da situação comunicativa, várias combinações são possíveis. No depoimento, os nazistas, o bisavô da autora e o leitor acadêmico invocado no texto negam (negaram ou negarão) a realidade de alguma forma, demonstrando, respectivamente, ódio, prudência e indiferença calculada.

A entrada para o campo de concentracao de Auschwitz Birkenau. Foto ShutterstockWJC

A entrada para o campo de concentração de Auschwitz Birkenau | Foto: Shutterstock/WJC

Esse tipo de raciocínio não é comum na coletânea, o que explica a conurbação de negacionismos. No capítulo oitavo, os autores veem “negacionismo” em fatos qualitativamente distintos: (1) os empresários envolvidos em crime de “trabalho análogo à escravidão” rejeita, “a pecha de escravizadores” (p.213); (2) os lobistas do agronegócio se opõem à legislação antiescravista e lutam para excluir do dispositivo os conceitos de “jornada exaustiva” e de “condição degradante” (dentro das regras formais do jogo legislativo); e (3) diferentes agentes e grande parte da opinião pública aceita esse processo de “desregulamentação das relações de trabalho” (p.213, 226-228).

No capítulo quatro, que relaciona “revisionismo ideológico” e “revisão historiográfica”, adjetivação “ideológico” é inadequada porque não expressa paralelismo com a segunda categoria (que pode ser intencionalmente deflagrada por revisionismo ideológico). Consequentemente, as virtudes epistêmicas referidas (distanciamento ético, argumentação lógica e metodologia reconhecida), adiante denunciadas como descumpridas pelos revisionistas, não são vícios suficientes para separar a má pesquisa e escrita histórica de profissionais da História e a má pesquisa e escrita histórica de profissionais revisionistas, exemplificadas (estas últimas) pelos trabalhos de Hélio Gaspari, Jorge Caldeira e Leandro Narloch. Não são também suficientes para distanciar o trabalho desses revisionistas dos trabalhos “daqueles que fazem divulgação histórica” que são “autores progressistas oriundos do jornalismo”: Laurentino Gomes, Pedro Doria, Eduardo Bueno, Lira Neto, Mário Magalhães e Lucas Figueiredo. É importante registrar essa imprecisão porque o próprio autor reconhece gradações de tipo vário entre (e intra) “narrativas abertamente negacionistas” e “revisionismo ideológico” (p.118). No mesmo capítulo, a imprecisão das categorias contamina o esboço taxonômico: “Negacionismo e extrema-direita” ou “Negacionismo-raiz”, (2) “Revisionismo ultraliberal contra a ‘história politicamente correta’” e (3) “Utopia histórica regressiva/nostalgia conservadora”. Essa classificação repousa sobre assimetrias: a primeira classe é designada negacionismo e a segunda é designada revisionismo. O demarcador das duas primeiras é o referencial ideológico e o demarcador da última é a substância narrativa.

A instabilidade das definições leva também à instabilidade das teses, como ocorre no quinto capítulo. Ali, inicialmente, a declaração “o nazismo é uma ideologia de esquerda” não configura, segundo o autor, negacionismo porque não há negação de “fatos, acontecimentos concretos consolidados” (p.146). O autor, contudo, afirma adiante que a proposição “nazismo é de esquerda” é “uma das que mais distorce os acontecimentos históricos” (159), reafirmando o desvalor da quebra da correspondência entre fato e discurso sobre o fato que definiria o negacionismo. Em seguida, considerando tal proposição como um “revisionismo”, baseia-se na definição de J.-M. Gagnebin de que a “verdade do passado” é questão de metodologia e de ética. Por esta tese, o combate do negacionismo demandaria esclarecimento dos “valores” que “orientam a elaboração desse argumento” (Ehrlich, p.148). Em todo o tópico, contudo, o que o autor faz é apontar os vícios epistêmicos (omissão de informação contrária, de definições e/ou caracterizações confusas do fenômeno estudado), esquecendo o “valor” referido como objeto fundamental a ser buscado. Como não expande a definição de Gagnebin, o autor deixa implícita a ideia (do senso comum, inclusive) de que as normas de pesquisa e de argumentação (aparato epistêmico) estão na esfera do conhecimento (e distantes da dimensão ética).

No texto que denuncia duplo apagamento da identidade de judeus progressistas do Rio de Janeiro, os problemas da definição e da ausência de uma escala de progressão se mostram exemplares. É equivocado usar “negacionismo” para caracterizar a recusa de outras evidências que obriguem o articulista de esquerda a revisar a tese de que os judeus são “ricos, brancos e conservadores” (p.182). Penso ser (ou ser também) um caso de vício epistêmico cometido por um profissional do jornalismo e não de negacionismo de esquerda. O mesmo problema de aplicação da categoria aparece no julgamento do trabalho chargista Latuff sobre os judeus excluídos da reunião com Bolsonaro. O uso é indevido porque os autores tomam um gênero textual que tem fins e situação comunicativa específicos (a sátira) como elemento simétrico ao artigo de jornal (e, talvez, ao artigo acadêmico de um profissional da História). A charge não tem compromisso com a precisão dos fatos e nem é destinada a mentir ou a negar verdades factuais, característica que é compartilhada por seus consumidores. (Se se referisse aos usos descontextualizados, talvez tivesse razão).

O mesmo raciocínio pode ser aplicado à tipificação do gênero musical “rock” e de sua expressão adjetivada “rock fascista”. Se o rock é, como o autor do capítulo 12 afirma (historicamente rebelde e subversor de “valores estabelecidos”), negar é um marcador importante e epistemicamente neutro. A menção desse marcador (dispensável em sua argumentação) contamina duplamente a definição de negacionismo (negligência epistêmica das evidências e desresponsabilização dos nazistas) porque uma letra de música de uma banda de rock não é produzida com a meta de “reler o passado” segundo protocolos científicos. Além disso, a rebeldia e a contestação de valores não é prerrogativa das bandas situadas mais à esquerda do espectro ideológico.

A imprecisão da definição, por fim, gera um dúvidas pelo caráter lacunar do argumento. No quarto capítulo, o revisionismo é uma “mentira organizada” para falsear o acontecido. Mas o autor nada refere sobre a aplicação da categoria: trata-se de mentira textual/literal, mentira de interpretação ou de replicação anônima? Dizendo de outro modo, a mentira deve estar no âmbito da produção, da circulação ou do consumo? Exemplo do mesmo problema está no sétimo capítulo, que não esclarece as dimensões que as ontologias sugeridas por S. Freud e por W. Benjamin alcançam na sua definição de negacionismo: existe negacionismo “inconsciente”, como sugere o autor? (p.188). Omitidas as determinações ontológicas, a afirmação pode ser facilmente contraditada com a tese de que, nesse caso, se trata de mais um exemplo de vício epistêmico (um erro, uma negligência). A mesma indeterminação também enfraquece a caracterização (contraditável como simplista) de que uma marca da história disciplinar é o convencimento pela razão, enquanto a marca do negacionismo contemporâneo é o convencimento pelo afeto. (Ávila, p.200).

O balanço que faço da obra é, obviamente, positivo. Os objetos e objetivos dos textos estão focados, dominantemente, na expressão título (negacionismo) que é tornada categoria. Isso faz do livro obra rara: é teoria voltada para a prática e teoria aplicada ao tempo quente, no tempo quente. A desresponsabilização dos perpetradores do Holocausto, do escravismo e da ditadura militar, por exemplo, levada à cabo por diferentes profissionais e em vario gênero, a chamada à responsabilidade dos historiadores que negam a negação deliberada desses crimes, empregando eufemismos ou fugindo à discussão criteriosa sobre a categoria Fascismo e, ainda, a adoção de modelos psicanalíticos, que inverte a convencional prática de tomar a humanidade como base para a constituição do ser humano e a sugestão de que esse tipo de abordagem pode orientar escritas da história autodesignadas como “do tempo presente” demonstram o valor da empreitada e a razão de o profissional-cidadão adquirir e ler a obra.

Assim, por mais contraditório que possa aparentar, as insuficiências que apontei na obra a tornam instrumento virtuoso para a formação de profissionais da História. Lida a partir dessa perspectiva (como sempre tento fazer), as insuficiências remetem: (1) à omissão ou a imprecisão na definição das categorias tomadas por empréstimo ou criadas para construir os seus objetos; (2) às falhas de relacionamento (ou contraposições) entre essas categorias (semelhança, de causa/consequência, reciprocidade ou subsunção); (3) às ausências de parâmetros e/ou escalas para mensurar (3.1) a distância entre a obediência e desobediência de princípios e procedimentos metodológicos (entre atos diligentes e negligentes e entre falsidade consciente e inconsciente, (3.2) o efeito de uma declaração produzida/reproduzida em ambiente convencional (autoria reconhecida e facilmente auditável) e de uma declaração produzida e reproduzida em ambiente digital (autoria desconhecida, em circulação incontrolável e dificilmente auditável), (3.3) o grau de autoridade historiadora de declarar algo sobre o passado, considerando, por exemplo, o quanto o declarante deve possuir em termos de conhecimento, razão, crença ou evidências e (3.4) a instância de responsabilização da declaração historiadora (obediência a princípios ou consequências das declarações sobre o passado?).

Essas insuficiências, contudo, depõem sobre o estágio atual dos nossos cursos de Teoria da História (Metodologia, História da Historiografia, Introdução aos Estudos Históricos, entre outros). Estamos (essa é a minha hipótese) numa espécie de vazio epistemológico: de um lado, experimentamos o desprezo acrítico das normas disseminadas em manuais de Teoria e Metodologia Histórica produzidos por alemães, argentinos, belgas, brasileiros, chilenos, estadunidenses, franceses, holandeses e ingleses, entre a primeira metade do século XIX e a primeira metade do século XX (O que disse o autor? O que quis dizer o autor? Ele foi sincero? Ele era competente? Ele possuía motivos para mentir? Ele foi preciso?). Do outro, experimentamos o desinteresse pelo que se produziu analogamente, nos últimos 30 anos, em disciplinas como a Epistemologia, Epistemologia do Testemunho, Epistemologia Histórica e, ainda, a Filosofia da Linguagem, Lógica, a Axiologia e a Ontologia, no que diz respeito às ideias de declaração, evidência, prova e verdade.

Sumário de Negacionismo: a construção social do fascismo no tempo presente

  • Os autores
  • Introdução | Luís Alberto Marques Alves (CITCEM-FLUP)
  • 1. (Para)traduzir a negação, as teorias da conspiração e o antissemitismo | Karl Schurster, Michel Gherman e Óscar Ferreiro-Vázquez
  • 2. Esquecimento, revisionismo e negacionismo: o assassinato da História | Francisco Carlos Teixeira Da Silva e Karl Schurster
  • 3. A negação negacionista do Holocausto, suas metamorfoses e a ilusão de ótica | Luís Edmundo de Souza Moraes
  • 4. Revisionismo, doença infantil do negacionismo? | Marcos Napolitano
  • 5. Nazismo de esquerda? Considerações sobre o revisionismo ideológico sobre o nazismo no Brasil contemporâneo | Michel Ehrlich
  • 6. A dupla negação dos Judeus em tempos de Bolsonaro | Michel Gherman e Gabriel Melo Mizrahi
  • 7. Formas/fórmulas de negação e irresponsabilidade representacional: o caso Brasil Paralelo e o negacionismo histórico contemporâneo | Arthur Lima de Avila
  • 8. Negamos o que nos constitui e escondemos o que não suportamos ver: o negacionismo da escravidão como estratégia de naturalização da violência, da exclusão, da exploração e da desigualdade racial | Janaina Christian Perrayon Lopes e Antônio Carlos Jucá de Sampaio
  • 9. Negacionismo, revisionismo e discursos de ódio no tempo presente: a apropriação da narrativa sobre a memória do Holocausto pelo Rock neofascista | Pedro Carvalho Oliveira
  • 10 Negacionismo da Ciência e do Holocausto: estratégias e consequências | Natalia Pasternak

Resenhista

Itamar FreitasItamar Freitas – Doutor em História (UFRGS) e em Educação (PUC-SP), Professor do Departamento de Educação e do Mestrado Profissional em História, da Universidade Federal de Sergipe, e editor do blog Resenha Crítica. Publicou, entre outros trabalhos, Uma introdução ao método histórico (2021) e “Objetividade histórica no Manual de Teoria da História de Roberto Pirgibe da Fonseca (1903-1986)”. ID: https://orcid.org/0000-0002-0605-7214; E-mail: itamarfreitasufs@gmail.com


Para citar esta resenha

SCHURSTER, Karl; GHERMAN, Michel; FERREIRO-VÁZQUEZ (Org). Negacionismo: A construção social do fascismo no tempo presente. Recife: EdUPE, 2022. 278p. Resenha de: FREITAS, Itamar. Taxonomias na berlinda. Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.7, set./out., 2022. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/taxonomias-na-berlinda-resenha-de-negacionismo-a-construcao-social-do-fascismo-no-tempo-presente-organizado-por-karl-schurster-michel-gherman-e-oscar-ferreiro-vazquez/>.

Do Fake ao Fato: des(atualizando) Bolsonaro | Bruna Klem, Mateus Pereira e Valdei Araújo

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Bruna Klem, Mateus Pereira e Valdei Araújo | Imagens: SBTHH/Varia História/Twetter

Há três anos a editora Milfontes lançou o livro Do Fake ao Fato: (des)atualizando Bolsonaro, organizado por Bruna S. Klem, Mateus Henrique de Faria Pereira e Valdei Lopes de Araújo. Uma leitura sem uso do fígado e do coração, após a vitória do Bolsonaro em 2018, serve à avaliação sobre o quanto os docentes das ciências humanas e sociais, representados naquele grupo de 16 autores, domina(va)m a respeito do tema.

Do fake ao fatoOs organizadores afirmam que o objetivo do livro é “pensar a história enquanto ela acontece”, afastando-se da ideia de que o presente se explica pelo próprio presente. Aqui emerge o filtro epistemológico e ideológico de dois deles, a categoria “atualismo” referido em três dos catorze textos que compõem a coletânea. Como recusa a um modo dominante e recente de relacionar-se com o tempo – a repetição do “status atual das sociedades capitalistas” (Pereira; Araújo), por exemplo –, os organizadores destacam os temas/questões do livro na introdução: a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, as desastrosas consequências do governo Bolsonaro e a natureza do bolsonarismo emergente e apoiador de Bolsonaro (Klem, Pereira e Araujo). Os organizadores, por fim, avisam que a sugestão do título não será cumprida, ou seja, não estão ali para esclarecer a verdade dos fatos. Leia Mais

Introdução aos estudos históricos | Lílian Lisboa Miranda

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Fernand Braudel | Imagem: Instituto Braudel

Os estudos sobre História da Historiografia costumam traçar uma cronologia acerca da institucionalização da História como ciência e como disciplina curricular na Europa. No livro Introdução aos estudos históricos, Lílian Lisboa Miranda segue essa estratégia, apresentando os principais conceitos e como eles foram desenvolvidos ao longo do tempo. Esse trabalho possibilita entender os caminhos que levaram à construção da disciplina História (de uma sociedade) com base no racionalismo europeu e na exaltação da ciência ocidental.

Introducao aos estudos historicosNo livro é apresentado o conceito de História como a ciência que produz conhecimento histórico. São destacados os procedimentos que precisam ser realizados pelo historiador para que o discurso seu produzido seja reconhecido cientificamente. Para o historiador desenvolver uma pesquisa é necessário observar os conceitos empregados no problema, na hipótese e no questionamento das fontes. Os conceitos históricos são fundamentais para identificar, descrever e classificar aquilo que se pretende conhecer. Além de mostrar as características de cada período historiográfico, a autora também contextualiza o ambiente histórico e aponta as motivações que embasam cada corrente teórica, sistematizadas por práticas e métodos em busca de especificidade.

Lilian Lisboa Miranda é Historiadora, Mestre e Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Docente do Centro Universitário Fundação Santo André, São Paulo. Atua no ensino superior em cursos de graduação em História, Ciências Sociais e pós-graduação. É também autora de livros didáticos, paradidáticos e universitários. Assessora e consultora para redes públicas e privadas de ensino.

O livro de Miranda estabelece um panorama de forma didática apresentando procedimentos e métodos para o ofício do historiador. É uma excelente contribuição aos colegas que ainda estão frequentando a graduação em História. Ele auxilia iniciantes quando informa sobre conceitos básicos, pois a sua linguagem é simples, direta e clara. A escrita da autora também possui a qualidade da boa progressão textual, pois lista a proposta de cada capítulo e as considerações finais. Além disso, emprega as conclusões do capítulo anterior na introdução do capítulo seguinte. Então, pensando ainda nos colegas de graduação, o livro dirime dúvidas clássicas a exemplo da categorização de “escola metódica” e “positivista” como escolas historiográficas, dentro de uma estrutura de livro didático.

No capítulo 1 – “O ofício do historiador” –, Lilian Miranda questiona o que é História e qual a sua importância. Destaca que há muito tempo essas questões perseguem e mobilizam historiadores que refletem sobre seu ofício e a importância da História. A autora medita sobre a História como campo do saber científico, caracteriza as especificidades do ofício do historiador e demonstra as principais contribuições realizadas por historiadores de diferentes escolas historiográficas. Para falar sobre o conceito de História como ciência, Miranda comenta as ideias de H. White, E. Carr, P. Veyne, M. Bloch e E. Hobsbawm. Concluí ressaltando que o conceito de História é histórico e se transforma com o tempo. A autora defende que a História é diferente de Literatura, apesar de alguns pensadores falarem da proximidade, pois a sua produção depende de evidências e critérios teóricos e metodológicos científicos.

No capítulo 2 – “História: recortes temáticos, usos e fontes documentais” –, a autora discute questões relacionadas ao ofício do historiador, sua prática e a produção do conhecimento histórico científico. Ela ressalta que a produção do conhecimento científico exige conceitos, fontes históricas, método crítico, recortes temporais, espaciais e temáticos. O capítulo também apresenta os conceitos de tempo e espaço. Destaca que esses conceitos são polissêmicos e transformados pelo tempo, e que é tarefa básica tanto para o pesquisador quanto para o professor de História usar os conceitos históricos adequadamente. Miranda conclui o debate do capítulo afirmando que a História, enquanto prática e produção de conhecimento, possui uma série de procedimentos que precisam ser realizados pelo historiador para que seu discurso seja reconhecido cientificamente.

No capítulo 3 – “Conceitos fundamentais do fazer histórico” –, a autora aprofunda o debate sobre os principais conceitos utilizados pelos historiadores em sua prática, tais como: tempo, espaço, sujeito histórico, processo histórico e cultura. Ela também ressalta que os conceitos são ferramentas úteis para orientar a reflexão a partir de diferenças entre modelos conceituais e as realizações da realidade histórica. Além disso, aponta a importância de reconhecer os conceitos como algo imprescindível na produção do conhecimento histórico, tanto nas pesquisas acadêmicas quanto no espaço histórico escolar.

No capítulo 4 – “Escola Metódica” –, Lilian Miranda define o que é uma escola historiográfica, listando seus termos teóricos, temáticos e metodológicos. Ela informa que cada escola possui sua visão sobre o ofício do historiador, o universo histórico, ou seja, cada escola representa um paradigma. A autora estabelece a Europa como referência para o nascimento da ciência histórica no século XIX, sob a influência do positivismo e do historicismo e seus principais autores. Convém ressaltar que a autora diferencia o positivismo da escola metódica, alertando sobre o erro comum entre alguns historiadores que tratam os dois como sinônimos. Ela opõe-se a isso. Também conta que a escola metódica é a responsável por transformar o saber antigo da História em um conhecimento científico, realizado por profissionais nas universidades e pela sua difusão.

No capítulo 5 “O historicismo”, aborda essa corrente de pensamento histórico que se desenvolveu no século XIX, pelos recém-formados Estados nação, principalmente na Alemanha. Ela expõe que não é uma tarefa simples definir o historicismo, pois há, entre os especialistas, diferentes entendimentos. Para alguns teóricos, o historicismo é um método de escrever a História, outros consideram que é uma visão de mundo fundamentada em uma filosofia da História com implicações políticas. Miranda expõe que essa corrente de pensamento historiográfico surgiu em meio ao processo de formação do estado unificado alemão no século XIX e se contrapôs ao projeto universalista positivista francês.

No capítulo 6, “Materialismo histórico-dialético”, a autora discute a vertente historiográfica do materialismo histórico. Ela chama atenção para a importância dessa corrente de pensamento para a História e as Ciências Humanas e adverte sobre a complexidade teórica dessa vertente historiográfica, propondo-se apenas a tratar das ideias centrais.

Miranda reconhece Karl Marx e Friedrich Engels como criadores do materialismo histórico decorrente das transformações na Europa, no final do século XVIII e no XIX, em meio a era industrial. Também conta que uma das contribuições trazidas pelo materialismo histórico foi a ideia de que uma teoria só pode ser devidamente compreendida e apreendida quando está relacionada à prática histórica. Além disso, expõe a crise do marxismo no final do século XX, declarando que teóricos das Ciências Humanas têm buscado rever pontos da teoria do materialismo histórico para examinar questões que afligem as sociedades contemporâneas.

Marx e Engels teoria e pratica sempre andaram juntas Imagem IELA

Karl Marx e Friedrich Engels – teoria e prática sempre andaram juntas | Imagem: IELA

No capítulo 7, “Estruturalismo e escola dos Annales”, a autora reflete sobre a renovação historiográfica realizada pela escola dos Annales, seus pressupostos e “combates”, as especificidades das diferentes fases do movimento e os questionamentos trazidos pelo estruturalismo à História e a “resposta” fornecida pelos historiadores. Informa que o estruturalismo se desenvolveu no final do século XIX e início do XX, como corrente de pensamento que busca entender de que maneira o conhecimento se processa naquela área. Claude Lévi-Strauss criticou as Ciências Humanas, principalmente a História, ao vê-la deficiente em seus métodos, não podendo ser considerada uma ciência. Fernand Braudel respondeu à crítica por meio  do artigo “A longa duração”, escrito em 1948, na revista dos Annales, cuja escola correspondente é dividida em três fases: a primeira começa no início do século XX, com Lucien Febvre e Marc Bloch, que atuaram na edição e publicação da revista dos Annales, difundindo uma nova abordagem interdisciplinar da História no campo econômico e social. A segunda fase acontece após a publicação da obra Apologia da história ou o ofício do historiador, de Marc Bloch em 1944. Braudel tornou-se o sucessor de Lucien Febvre na liderança dos Annales, trazendo e inovações para a História, como uma nova forma de conceber o tempo e a valorização da cultura material. Esses seriam os aspectos básicos a serem compreendidos no estudo das civilizações ao longo do tempo. A terceira fase foi marcada pela geração de historiadores que se veem como herdeiros dos Annales. Não há um líder destacado, mas nomes importantes como Jacques Le Goff, George Duby, Jean-Claude Schmidt. O interesse do grupo era bastante vasto e alguns migram da história socioeconômica para o domínio sociocultural, outros para a história política e à narrativa histórica.

No capítulo 8, “Pós- Modernismo e História global”, Lilian Miranda delimita as principais correntes historiográficas que se estabeleceram em fins do século XX: a Nova História, o pós-modernismo e a vertente História global. Ressalta que a Nova História tem levantado controvérsias entre os historiadores. Alguns entendem que a escola faz parte dos Annales, outros defendem a sua especificidade. Ela analisa a Nova História ligada aos grupos da terceira e da quarta geração da escola dos Annales. Apresenta os finais dos anos 1960, momento de mudanças e a abertura de novas possibilidades e entendimentos na historiografia voltados para o universo da micro-história, como um marco para o surgimento dessa corrente. A autora compreende que integrantes da Nova História se dedicaram à modalidade da História das mentalidades e o interesse voltado para os aspectos da vida social e cultural. Em relação ao pós-modernismo é uma tarefa árdua apresentar uma definição, pois, entre os autores das Ciências Humanas, não há concordância quanto a isso. Miranda entende que o pós-modernismo seria um campo ou um circuito cultural, uma forma assumida pela cultura contemporânea, situando o pós-modernismo como fruto do mundo após o fim da Segunda Guerra Mundial e o surgimento de uma sociedade globalizada. O pós-modernismo, por fim, rejeita uma história total, enquanto a História global vai se voltar para certas regiões do planeta numa tentativa de produzir um conhecimento não eurocêntrico.

Não obstante ser um manual de formação inicial, o livro apresenta problemas de planejamento e execução da escrita e de comunicação dos elementos básicos de um trabalho científico. Considerando a destinação da obra, percebemos que o projeto editorial dificulta a busca imediata de autores e conceitos. Carece de índices remissivos, que evitem a leitura integral de um capítulo e busca de uma ou outra referência de demanda imediata.

Não bastasse essa falta, o livro não tem introdução. Isso, inicialmente, o torna confuso e não permite entender a proposta que a autora vai desenvolver ao longo da obra, embora, em cada capítulo, ela apresente um breve panorama do tema que será abordado. Pensamos ser um problema típico de arquitetura da informação/plano geral da obra, visto que também não há conclusão, o que deixa a impressão de ser um mero resumo ou relato das principais correntes historiográficas europeias. É certo que, em cada capítulo, Lilian Miranda apresenta a síntese da temática abordada, contudo, incorrendo no mesmo equívoco inicial, a obra não tem conclusão.

Como manual didático para alunos de graduação, o livro também é falho em termos de método. Não é apresentada a questão central do que será tratado ao longo da obra e para compreender o objetivo do livro é necessário lê-lo por completo. Também está ausente no livro o método utilizado na pesquisa, as fontes/autoridades, diálogo com a literatura especializada. O único autor citado, em termos de corrente historiográfica, é José D’Assunção Barros, que é um vulgarizador da ciência histórica.

Apesar dos erros crassos que apresenta, a obra pode ser lida tanto pelos alunos de graduação em História com por professores da educação básica, pois apresenta informações objetivas em relação ao ofício do historiador. Podemos citar, como exemplo, o reconhecimento dos conceitos como algo imprescindível na produção do conhecimento histórico e a ideia de que a História enquanto ciência é um saber produzido com base em procedimentos e métodos. Por essas razões, inclusive, a leitura desta obra evidencia a necessidade da discussão dos usos dos conceitos na prática pedagógica. Na condição de professores de História, aprendemos que é necessário atuar na defesa e no fortalecimento do ensino de História pautado no uso de procedimentos e métodos específicos à nossa ciência.

 Sumário de Introdução aos estudos históricos

  • Capítulo 1. O ofício do historiador
    • 1. A História e as suas muitas acepções
    • 2. Os primórdios da história da História
    • 3. Os múltiplos entendimentos sobre a História
    • Considerações finais
    • Referências
  • Capítulo 2. História: recortes temáticos, usos e fontes documentais
    • 1. Instrumentos do trabalho do historiador
    • 2. Fontes históricas e o trabalho do historiador
    • 3. Usos da História
    • Considerações finais
    • Referências
  • Capítulo 3. Conceitos fundamentais do fazer histórico
    • 1. O que é um conceito histórico?
    • 2. Conceitos históricos mais usuais
    • Considerações finais
    • Referências
  • Capítulo 4. Escola metódica
    • 1. O que é uma escola historiográfica?
    • 2. Panorama histórico do século XIX e o positivismo
    • 3. A escola metódica
    • Considerações finais
    • Referências
  • Capítulo 5. O historicismo
    • 1. O século da história e o contexto histórico na Alemanha na criação do historicismo
    • 2. Origens e definição do historicismo
    • Considerações finais
    • Referências
  • Capítulo 6. Materialismo histórico
    • 1. Karl Marx e Friedrich Engels: contexto histórico
    • 2. Princípios fundamentais do materialismo histórico
    • 3. Renovação do pensamento marxista
    • Considerações finais
    • Referências
  • Capítulo 7. Estruturalismo e escola dos Annales
    • 1. A escola dos Annales: a primeira fase
    • 2. A segunda fase dos Annales
    • 3. A terceira geração dos Annales
    • 4. Estruturalismo e os Annales
    • Considerações finais
    • Referências
  • Capítulo 8. Pós-modernismo e História global
    • 1. Nova História
    • 2. O pós-modernismo
    • 3. História global
    • Considerações finais
    • Referências
  • Sobre a autora

Resenhistas

Bruno da Silva SantanaBruno da Silva Santana é professor de História na Escola Estadual Xingó II (Piranhas/AL), mestrando em Ensino de História (ProfHistoria/UFS) e atuou como representante estudantil no PAAF-UFS colaborando com o projeto que instituiu o sistema de cotas na UFS. Entre outros trabalhos, publicou texto na coleção “Caminhadas de universitários de origem popular”. Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/5011284884643428. Orcid https://orcid.org/0000-0001-8474-1292. Rede social Instagram @bruno_historia; E-mail: bruno_silva@academico.ufs.br

Katia Maria S. LeiteKátia Maria S. Leite é professora de História do Ensino Fundamental no Colégio Amadeus (Aracaju-SE) e mestranda em Ensino de História (ProfHistória/UFS). Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4386970258304180; Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9400-4779; Redes sociais: Instagram @leite2243; E-mail: kmleite@yahoo.com.br.

 

 


Para citar esta resenha

MIRANDA, Lílian Lisboa. Introdução aos estudos históricos. Cidade: São Paulo: Editora Senac, 2021. 118p. Resenha de: SANTANA, Bruno da Silva; LEITE, Kátia Maria S. A História como Ciência. Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.7, set./out., 2022. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/a-historia-como-ciencia-resenha-de-introducao-aos-estudos-historicos-de-lilian-lisboa-miranda/>

Jörn Rüsen: teoria, historiografia e didática | Margarida Maria Dias de Oliveira, Francisco das Chagas Fernandes Santiago Júnior e Caio Rodrigo de Carvalho Lima

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Jörn Rüsen | Foto: Júlio Minasi//UnB Agência

Jörn Rüsen: teoria, historiografia e didática, publicado em 2022 pela editora Cabana, reúne os textos do “I Seminário Jörn Rüsen. Um balanço da obra de Jörn Rüsen: teoria, historiografia e didática”, realizado em 2015, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os organizadores da obra são Francisco das Chagas Fernandes Santiago Júnior, Margarida Maria Dias de Oliveira e Caio Rodrigo de Carvalho Lima. Seu objetivo, para além de um balanço historiográfico sobre Jörn Rüsen, é fornecer subsídios para pensar o fazer histórico, o ensino de História na educação básica e a formação de profissionais de História em diálogo com a teoria da História.

Jorn Rusen Teoria Historiografia Didatica2Neste livro, percebi a existência de três grupos de ideias. No primeiro grupo estão textos do próprio Jörn Rüsen, nos quais expõe suas ideias, então, mais recentes. No segundo conjunto, há uma tendência em recorrer a uma narrativa sobre quem é Rüsen, qual é sua importância para a História e em qual contexto suas ideias ganharam força na Alemanha e no Brasil. Finalmente, um terceiro grupo de textos trata dos que utilizam suas ideias para pensar casos mais concretos. Leia Mais

Ensino de História: mídias digitais e o uso das imagens nos livros didáticos | Patrícia Cavalcante, Raimundo Nonato Castro e Leonardo Castro Novo

Detalhe de capa de Ensino de Historia midias digitais e o uso das imagens nos livros didaticos Imagem Galatea of the Spheres de Salvador Dali 1952
Detalhe de capa de Ensino de História mídias digitais e o uso das imagens nos livros didáticos Imagem Galatea of the Spheres, de Salvador Dali (1952)

O livro Ensino de História: mídias digitais e o uso das imagens nos livros didáticos, organizado por Patrícia Cavalcante, Raimundo Nonato de Castro e Leonardo Castro Novo, é uma coletânea de experiências de diferentes profissionais do ensino. O livro é organizado em dois capítulos que trazem os relatos e ideias dos autores sobre o ensino presencial e as imagens nos livros didáticos, discutidos de forma plural, de modo a possibilitar um diálogo entre leitor e escritor.

Ensino de historia Midias digitaisAmbos os capítulos têm sua origem nas discussões da 12.ª edição do Encontro de História da Associação Nacional de História (ANPUH-Pará), em formato virtual sob o tema: “Passado e Presente: os desafios da história social e do ensino de história”. Realizado entre os dias 2 a 4 de dezembro de 2020, o evento discutiu as problemáticas ligadas ao ensino e à pesquisa histórica, associados à especialidade da história social. Leia Mais

Objetos Digitais de Aprendizagem: uma nova abordagem para o ensino de história | Renato Fontes de Souza

Banner da conta de Renato Souza no Linkdin. Catalan Map of Europe and North Africa presented to Charles V of France in 1381 de Abraham Cresques Imagem Meisterdrucker
Banner da conta de Renato Souza no Linkdin. Catalan Map of Europe and North Africa, presented to Charles V of France in 1381, de Abraham Cresques | Imagem: Meisterdrucker. No detalhe, Renato Fontes de Souza | Imagem: Linkedin

O livro Objetos Digitais de Aprendizagem: uma nova abordagem para o ensino de história foi escrito por Renato Fontes de Souza e publicado no ano de 2021, pela Editora Dialética. Como o próprio título sugere, o livro discute o uso de objetos digitais de aprendizagem, entendidos como recursos digitais que podem servir de ferramentas didáticas e apoiar a prática pedagógica de professores e alunos dentro e fora da sala de aula tradicional, a exemplo de animações, vídeos e jogos. No livro, o autor questiona: quais critérios os professores de História podem empregar para selecionar objetos de aprendizagem de História do Brasil para o Ensino Médio? Seu objetivo, contudo, não é indicar objetos digitais, mas sim, apontar os parâmetros que os professores de História podem usar para selecionar objetos digitais de aprendizagem que subsidiem o ensino/aprendizagem de História do Brasil no Ensino Médio, ajudando na construção de uma prática docente significativa para o aluno.

Objetos Digitais de AprendizagemRenato Fontes de Souza é mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e docente de História na educação básica há mais de 15 anos. A obra é o resultado de pesquisa de Mestrado no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e está disponibilizada tanto na versão impressa quanto na digital. Nesse formato, organiza-se em quatro capítulos, subdivididos em vários tópicos e subtópicos (além da introdução e apresentação do problema, objeto e objetivos da pesquisa). Leia Mais

Olhar Negro: patrimônio, museu e cultura afro-sergipana no campo do ensino de História | Marcelo Santos

Museu de Arte Sacra de Sao Cristovao SE Imagem Abrajet 2
Museu de Arte Sacra de São Cristóvão – SE | Imagem: Abrajet

A Lei 10639/03 tornou obrigatório o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira, ampliando os desafios para o professor que deve pensar meios para implementação desse dispositivo, associando-o a outras temáticas e incorporando outras metodologias. Alguns autores defendem que uma maneira, para isto , é repensar o currículo que precisa ser de(s)colonizado. O professor Marcelo Santos, no seu Olhar Negro: patrimônio, museu e cultura afro-sergipana no campo do ensino de História (2021), nos presenteia com um grande passeio envolvendo esses quatro campos: Ensino de História, História, Cultura Afro-brasileira e Patrimônio. Assim, a obra é uma grande contribuição para os professores de História e demais interessados na lida com o patrimônio cultural, pois por meio dela vemos as irmandades, as devoções preferidas como a citada Nossa Senhora do Rosário e percorremos os corredores do Museu de Arte Sacra da bela cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Assim, podemos aprender e refletir sobre novos meios de ensinar História e Cultura Afro-brasileira.

Olhar negroO trabalho é estruturado em três capítulos, além de introdução e considerações finais. No primeiro – “O museu como recurso didático: museologia e historiografia na prática do ensino da cultura afro-brasileira” –, Santos descreve as possibilidades do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão (MASC) enquanto recurso didático para o ensino de História e Cultura Afro-brasileira, por meio dos objetos musealizados e das Irmandades que atualmente se encontram no acervo da instituição. Santos dialoga com alguns autores das áreas da Museologia e do Patrimônio, a exemplo de Cristina Bruno e Maria Célia Teixeira. Para isso, discorre sobre a história dos museus e sobre o museu como um espaço de educação escolar e não escolar, enfatizando a importância sobre o primeiro. No segundo capítulo – “Novos caminhos: patrimônio religioso e a cultura afro-sergipana” –, a meta de Santos é elaborar um itinerário por meio de igrejas que, inclusive, abrigaram Irmandades na cidade de São Cristóvão, tendo como referência espaços que contribuam com o ensino de Cultura Afro-brasileira. Lembra ao professor a necessidade de uma visita prévia e coloca algumas questões para a reflexão sobre a viabilidade da visita de estudos. Ele insere no Itinerário a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, Nossa Senhora do Amparo, Igreja da Ordem Terceira e o Convento do Carmo, Igreja de Nossa Senhora da Vitória, Irmandade da Santa Casa da Misericórdia e Igreja e Convento de São Francisco. Esse percurso seria realizado antes de o discente entrar no MASC, abrigado na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco. O autor justifica o motivo da presença de cada instituição no itinerário pela história do templo ou ainda por alguma imagem que esteja no MASC. No entanto, o Templo de Nossa Senhora da Vitória merecia uma melhor dedicação na justificativa. Santos conclui o capítulo afirmando que, por meio do itinerário proposto, é possível observar, na cidade, registros da vivência da população afro-sergipana, e que essa é também uma atividade “sensorial”. O autor também poderia ter inserido as praças no itinerário já que Serafim Santiago menciona locais em que mulheres negras vendiam seus quitutes. Leia Mais

Uma história feita por mãos negras | Beatriz Nascimento, organizado por Alex Ratts

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Beatriz Nascimento | Imagem: AdUFRJ

Nascida em Aracaju (SE), Maria Beatriz Nascimento (1942-1995)[1] produziu reflexões diversas e dispersas em artigos, entrevistas, roteiros cinematográficos sobre a história do negro no Brasil, ganhando visibilidade no debate historiográfico no país, nos últimos anos, por conta da publicação de seus textos em livros (Ratts, 2006; 2021), reveladores da atualidade de suas ideias sobre as relações raciais e de gênero. Graduada em História, em 1971, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela contribuiu, decisivamente, para a rearticulação do movimento negro no Rio de Janeiro, seja “participando das reuniões no Centro de Estudos Afro-Asiáticos (CEAA), situado na Universidade Cândido Mendes (UCAM)”, seja criando coletivos como o Grupo de Estudos André Rebouças (GTAR), na Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela cursou especialização em História do Brasil, na Universidade Federal Fluminense, ingressando no Mestrado Acadêmico, sem concluí-lo (Pinn; Reis, 2021, p. 3). Em 1995, o curso de Mestrado na Escola de Comunicação, na UFRJ, sob a orientação de Muniz Sodré, foi interrompido, abruptamente, por sua morte prematura. Grande parte dessa experiência de vida e trajetória acadêmica está no livro Uma história feita por mãos negras, organizado por Alex Ratts, e lançado em 2021.

Beatriz Nascimento Uma historiaA recuperação de suas ideias está vinculada à emergência das perspectivas decoloniais dos estudos de gênero e de raça no contexto da presença de governos de centro-esquerda no Brasil, entre 2003-2016, haja vista que os atuais “estudos sobre escravidão, o movimento social e operário, o tempo presente, a memória, a história da historiografia, dentre outras”, estão em conexão, consciente ou não, com as “pautas que emergiram da luta pela redemocratização no país, desde a década de 1970” (Pereira, 2022, p.31). Leia Mais

Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.7, set. 2022. | ISSN 2764-2666

Critica Historiografica

Editorial

Resenhas

Artigos de revisão

Pareceristas desta edição (v.2, n.7, set./out. 2022)

  • Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos (UFG)
  • Fábio Alves (UFS)
  • Itamar Freitas (UFS)
  • Jane Semeão (URCA)
  • Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN)

Epistemología e Historia de la Ciencia. Córdoba, v.6, n.2, 2022.

Artículos

Reseñas

Publicado: 19-09-2022

Cultura material de la ciencia Iberoamericana: museos, jardines y gabinetes científicos | História, Ciências, Saúde – Manguinhos | 2022

Capa de Historia Ciencias Saude – Manguinhos. Rio de Janeiro v.9 n.3 jul.set . 2022.
Capa de História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v.9, n.3, jul./set. 2022.

Recientemente, historiadores de la ciencia en Iberoamérica han empezado a reflexionar sobre el papel y la participación de la región en la ciencia global. Han destacado su rol en la construcción progresiva de una cultura científica materializada a través de diversos agentes e instituciones públicas. Hemos querido tomar parte en estas reflexiones mediante la presentación de un dossier sobre la cultura material de la ciencia en este espacio geográfico concreto.

El simposio “Visual, Material and Sensory Cultures of Science”, organizado dentro del 9th Conference of the European Society for the History of Science, llevado a cabo entre el 31 de agosto y el 3 de septiembre de 2020 en Bolonia, Italia, fue la instancia de colaboración e intercambio de ideas que dieron vida a cada uno de los artículos que aquí se presentan. Con la producción de este dossier, esperamos fortalecer una red de investigadores regionales sobre los estudios de historia de la ciencia y su proyección a diferentes temas como la producción, circulación e intercambio de colecciones, artefactos y conocimientos en torno a gabinetes, museos, instituciones educativas y científicas en América Latina y la Península Ibérica. Leia Mais

The gray zones of medicine, healers and history in Latin America | Diego Armus e Pablo Gómez

Detalhe de capa de The gray zones of medicine healers and history in Latin America
Detalhe de capa de The gray zones of medicine, healers and history in Latin America

En los últimos años, los historiadores sociales de la medicina se han interesado en las ideas y prácticas de la medicina no oficial, a veces llamada medicina popular, mostrando la inestabilidad de la medicina ortodoxa occidental defendida por profesionales formados y celebrados en las universidades (Farias, 2012Buisan, 2019; Hernández Berrones, Palma 2019; Sowell, 2001). Estos estudios demuestran que no existió una sola medicina popular, indígena o afroamericana, tampoco existió un solo tipo de practicante (podían ser curanderos, hueseros, parteras, homeópatas, herbolarios, creadores de remedios mágicos, o una combinación de lo anterior) y que estos podían tener un rol importante fuera de la medicina. Podían ser líderes entre las personas esclavizadas, conocidos vendedores de remedios y otras mercancías, líderes religiosos y hasta políticos. Desde un punto de vista metodológico, estos estudios han consolidado nuevas formas de investigación como la historia oral, la búsqueda sistemática de informaciones en noticias periodísticas o la indagación en los archivos para trabajar con los juicios. De esta manera, han permitido registrar las opiniones no oficiales sobre la salud y las epidemias que generalmente no aparecen en los materiales impresos de la época o en las fuentes primarias más convencionales de las instituciones médicas oficiales.

Este libro (Armus, Gómez, 2021) viene a enriquecer esta literatura con una serie de ensayos sobre diversos personajes en Argentina, el Caribe, Colombia, Guatemala, México, Perú, la República Dominicana y Brasil. En términos temporales, los estudios cubren desde el periodo del siglo XVII hasta la actualidad. Los editores del libro y los autores de los capítulos son distinguidos historiadores latinoamericanos y norteamericanos que ya han producido trabajos importantes en esta área de estudios. Todos los personajes que aparecen en los capítulos son figuras fascinantes y es importante destacar la participación de mujeres. Muchos de ellos eran itinerantes, se preocuparon más de la legitimidad popular de sus intervenciones que de las aprobaciones del poder, tuvieron una importancia fundamental en la resistencia a la esclavitud, explotación y discriminación y mantuvieron generalmente una estrecha relación con la religión. Según los editores, los personajes estudiados desafiaron el control y la persecución por parte de autoridades políticas y eclesiásticas quienes a veces los toleraban y en otras ocasiones no dudaron en condenarlos moralmente y en criminalizarlos. Como resultado, el conocimiento sobre el cuerpo humano y la enfermedad en la sociedad fue ambiguo, resbaladizo, incoherente y hasta contradictorio. Leia Mais

História da mineração brasileira | Iran F. Machado e Sílvia Figueirôa

Mapa de Vila Rica atual Ouro Preto centro da mineracao no Brasil no seculo XVIII feito em 1779 por Jose Joaquim da Rocha Imagem Biblioteca NacionalRevista Pesquisa
Mapa de Vila Rica (atual Ouro Preto), centro da mineração no Brasil no século XVIII, feito em 1779 por José Joaquim da Rocha | Imagem: Biblioteca Nacional/Revista Pesquisa

História da mineração brasileira é percorrida por Iran Machado e Silvia Figueirôa em densas 732 páginas, repletas de informações e análises sobre essa história até hoje bem pouco conhecida e valorizada, mesmo no país. O livro traz detalhes de episódios cruciais dessa trajetória – “as pedras no meio do caminho” de Drummond –, mencionados e não esquecidos pelos autores.

Resultado de suas práticas e pesquisas sobre a geologia brasileira que levaram Iran e Silvia para o Instituto de Geociências da Unicamp, de onde surgiu essa parceria, entre outras, o livro traz mais de 80 páginas de referências bibliográficas, apontando aspectos dos caminhos trilhados, para aqueles que quiserem saber por onde conduzir novos trabalhos. É impossível dar conta de comentar aqui a riqueza das 154 figuras, das 49 tabelas, dos 35 quadros ou dos diversos boxes, que longe de meras ilustrações facilitam a compreensão das situações políticas, econômicas, sociais, técnicas, que abrangem desde os famosos bandeirantes caçadores de escravos indígenas (Machado, Figueirôa, 2020, figura 19) até os maiores desastres ambientais causados pela mineração (quadro 32) ou a imagem da busca de sobreviventes em Brumadinho (figura 133). Tampouco é possível chamar a atenção para todos os detalhes e análises dessa história “lúcida e atraente” como Rogério Cerqueira Leite adianta no prefácio que abre os cinco capítulos em que se organiza a publicação. Leia Mais

La sombra de la sospecha: peligrosidad/ psiquiatría y derecho en España (siglos XIX y XX) | Ricardo Campos

Ricardo Campos Foto M.G.Diario de Sevilla
Ricardo Campos | Foto: M.G./Diario de Sevilla

Entre las penurias que dejó a su paso la pandemia de covid-19, el tiempo de encierro y la tragedia, también nos trajo una buena noticia como la aparición del libro de Ricardo Campos (2021), al cual pasaremos a referirnos. Se trata de un trabajo que amplía la vasta producción de su autor dentro del campo de la historia de la medicina, abordando ahora un objeto de larga duración que tiene su sustento en una sólida perspectiva cultural de la ciencia. Dentro de este planteo, el lector podrá sumergirse, a través de una narrativa amable, en ideas complejas que interpelan los vínculos entre saber y poder en España durante un período que se extiende desde mediados del siglo XIX hasta el final del franquismo.

Puede señalarse que los cruces constituyen el rasgo distintivo de un texto cuyo punto de partida queda planteado en el subtítulo al colocar un problema, el de la peligrosidad, entre dos disciplinas, la psiquiatría y el derecho. A partir de allí comienzan a desplegarse sucesivos cruces, que incluyen la vocación por integrar a un campo de debate trasnacional, identificados con mucha agudeza en España. Leia Mais

Povo em lágrimas, povo em armas | Georges Didi-Huberman

Georges Didi Huberman Imagem Consulta Cinema
Georges Didi-Huberman | Imagem: Consulta Cinema

Um gesto de lamento. Uma mão crispada em luto torna-se uma mão levantada em riste. A lamúria converte-se em ato de revolta. Essa dinâmica, presente em Bronenosets Potyonkim (O Encouraçado Potemkin, URSS, 1925), é o motor que aciona a análise nas páginas do mais recente livro publicado em língua portuguesa de Georges Didi-Huberman. Classificar o livro é árdua tarefa, assim como talvez seja classificar seu escritor.

O autor já foi chamado de historiador de arte, teórico da arte, simplesmente historiador e, mais recentemente, filósofo. A obra em questão consiste em uma coletânea de ensaios sobre cinema-história, além de um compêndio de teoria-metodologia de análise da imagem, cujo objeto é o cinema de Serguei Eisenstein. A força motriz dessa reflexão é a dialética contida na sequência descrita nas linhas iniciais, retomada várias vezes durante a obra – movimento contido no próprio título: Povo em lágrimas, povo em armas. 2 Leia Mais

The Politics of Humiliation: A Modern History | Ute Frevert

Ute Frevert Imagem Prospect Magazine
Ute Frevert | Imagem: Prospect Magazine

In this informative book, Ute Frevert examines shame and shaming during the early modern and modern periods, mostly in Germany and Britain, but in other European countries as well. It is based upon her German book, Die Politik der Demütigung: Schauplätze von Macht und Ohnmacht, published in 2017.

One of this new book’s merits is the broad concept of shaming Frevert adopts, which includes not only blatant acts of humiliation such as dunce caps and pillories, but also interactions in which people are forced into demeaning or deferential behaviour. Frevert clearly believes that shaming (defined in this way) has been expressed and experienced universally, not as a result of cultural diffusion, but primarily as a result of basic processes of human interaction. Thus, it has persisted, despite social and normative changes in our world, and will continue in the future. Leia Mais

História e Audiovisual: pode(res), discursos, linguagens, mitos e mitologias políticas | Temporalidades | 2022

Detalhe de capa de Historia Audiovisual de Rafael Rosa Hagemeyer Autentica 2012
Detalhe de capa de História & Audiovisual, de Rafael Rosa Hagemeyer (Autêntica, 2012)

Trata-se de uma experiência interessante refletir sobre o percurso da Revista Temporalidades, desde sua concepção até a sua atual edição, e perceber como os dossiês temáticos apresentados pela Revista dialogam com perspectivas de naturezas distintas em termos de fontes historiográficas. Por meio da diversidade de temas seus textos trazem, associados a historiografia e debates que proporcionam, percebe-se que, de fato, a Revista Temporalidades cumpre o papel que se propõe.

Fiz parte da equipe de concepção e produção da Revista entre os anos de 2013 e 2014, e hoje, quase uma década depois, me sinto lisonjeado de ser convidado a escrever a apresentação da Revista, sobretudo, diante de um dossiê que me compraz e que também faz parte de minha trajetória enquanto discente do Programa de Pós-graduação em História da UFMG e dos seguimentos de minhas pesquisas. Leia Mais

Percorrendo o vazio: intelectuais e a construção da Argentina no século XIX | José Alves Freitas Neto

Jose Alves de Freitas Neto Foto Diego Nigro Anjo da Historia
José Alves de Freitas Neto | Foto: Diego Nigro/ Anjo da História

O objetivo da presente resenha é abordar e discutir o mais recente livro do historiador José Alves de Freitas Neto, intitulado Percorrendo o vazio: intelectuais e a construção da Argentina no século XIX. Como resultado da tese de livre-docência do autor, a obra se destaca pela originalidade de repensar a dicotomia “civilização e/ou barbárie” utilizando a noção de “vazio”. O século XIX argentino foi marcado pelas tentativas de se constituir um projeto político para a nascente nação. Nesse sentido, para legitimar ou não esses projetos, discursos e ideias eram criados e propagados por diferentes grupos a fim de se afirmarem como representantes do progresso e da prosperidade, isto é, da civilização. A barbárie, por sua vez, simbolizava tudo aquilo – e também todos aqueles – que não contribuíam para o progresso e, por isso, não deveriam sequer existir. O apagamento de culturas era justificado pela necessidade de construir e manter uma suposta civilização. Uma das formas de se divulgar e legitimar os projetos de nação era as letras: como indica Jorge Myers (2008), o romantismo literário do século XIX contribuiu para a transformação do papel dos escritores latino-americanos em intérpretes das sociedades na quais estavam inseridos e profetas das nações emergentes.

Assim sendo, o ponto de partida da análise de Freitas Neto foi o incômodo com essas representações dualistas empregadas e atualizadas nas explicações da história argentina. Os objetivos do livro consistem, portanto, em estudar as obras do escritor Esteban Echeverría (1805-1851) – um dos expoentes da Geração de 1837 –, a circulação da revista La Moda (1837-1838) e questionar o discurso acerca do “vazio”, usado para silenciar projetos e ideais. A obra é formada por quatro capítulos e conta também com um apêndice dos conteúdos publicados em La Moda feito pelo autor. Importante ressaltar que o período estudado compreende os governos de Juan Manoel de Rosas (1829-1952), momento marcado pela perseguição e censura à oposição. Para a Geração de 1837, por exemplo, o rosismo era o representante da barbárie a ser combatida pelos portadores da civilização. Logo, as análises das obras de Esteban Echeverría, bem como o estudo de La Moda, se inserem no contexto dos anos rosistas e revelam como que as ideias de um grupo opositor foram construídas e divulgadas naquele período. Para Freitas Neto, as letras e a política estariam imbricadas de tal forma que a primeira legitimaria no plano das ideias aquilo que viria a acontecer historicamente. Leia Mais

Temporalidades. Belo Horizonte, v.14, n.1, 2022.

Temporalidades1

Edição 37 – Temporalidades, Belo Horizonte (Jan/ago.2022)

Expediente

Editorial

  • Editorial
  • Hellen Silvia Marques Gonçalves, Luiz Araújo Ramos Neto
  • PDF

Dossiê Temático

Artigos Livres

Resenhas

Entrevistas

Publicado: 2022-09-05

 

 

Anais do Museu Paulista. São Paulo, v.30, 2022.

Anais do Museu Paulista1

Museus

Estudos de Cultura Material

Resenhas

Publicado: 2022-03-28

Publicado: 2022-09-05

 

 

Em Tempos de História. Brasília, v.1, n.40, 2022.

Em tempo de Historias UnB

Dossiê: Festas e festividades na História

Editorial

Dossiê

Artigos

Publicado: 2022-09-03

Festas e Festividades na História | Em Tempo de Histórias | 2022

Festas juninas Imagens Ministerio do TurismoAgencia Brasil
Festas juninas | Imagens: Ministério do Turismo/Agência Brasil

As festas e festejos de muitos e diferentes tipos, encontrados em todas as sociedades, são práticas que constituem o cotidiano das pessoas e grupos enquanto linguagem e experiência, como podemos observar em registros histórico desde os períodos mais remotos. Através dessas manifestações, os sujeitos se comunicam e fazem circular suas percepções de mundo, constroem sociabilidades e experimentam sensibilidades. Nesta perspectiva, os estudos de festas e festejos dedicam-se a pensar também o implícito, o simbólico, os elementos que compõem imaginários de quem festeja e representações do que é festejado. Isso perpassa a historicização de quem festeja e de como e onde se festeja. Conforme Maria Clementina Cunha (2001), pensar as festividades não é algo que reduz aos eventos em si, mas das pessoas que festejam. As diferenças e antagonismos se encontram, pensados em termos de classes sociais, etnicidade e/ou relações de gênero. Isso significa que não há suspensão dos conflitos.

Nas palavras de Bakhtin (2013), trata-se da teatralização da vida ao reverso; é o mesmo mundo que se comemora, com a diferença de que isto acontece em modo festivo. Assim, numa mirada bakhtiniana, a festa revela inúmeras formas e manifestações, deixando transparecer os desejos e anseios dos sujeitos, inclusive – e sobretudo – aqueles que não emergem nos dias considerados normais. Assim, reunimos trabalhos que pensam essas comemorações numa concepção de história social da festa, que pode ser considerada um modo de fazer história social, como uma sinédoque da sociedade. Tratase assim, de uma aproximação de lente, para que a festa possa falar não apenas por si mesma, pelos eventos de sua extensão e duração, como também de tudo que recapitula, densifica e expõe, em linguagem que pode ir do lúdico ao fúnebre, do cívico ao revolucionário, do respeitoso ao irreverente, havendo interseções e oscilações entre a predominância de um polo ou outro desses binômios. Em alguns estudos de fôlego, como o de Ladurie (2002), isto resulta muito nítido. Leia Mais

Familias e infancias en la historia contemporánea. Jerarquías de clase, género y edad en Argentina | Isabela Cosse

Isabela Cosse Imagem El Ciudadano
Isabela Cosse | Imagem: El Ciudadano

El libro en cuestión resulta el fruto de un trabajo colectivo de largos años, llevado adelante por el Grupo de Investigación Histórica Familias e Infancias en la Argentina Contemporánea, radicado en el Instituto Interdisciplinario de Estudios de Género, Facultad de Filosofía y Letras, UBA. El grupo, dirigido por la Dra. Isabella Cosse, reúne a un conjunto de investigadores e investigadoras que provienen de la historia y las ciencias de la educación.

Con este equipo en su origen, el libro expresa con claridad el esfuerzo de plantear un eje problemático común, que trasciende la mera reunión de capítulos. La idea principal que lo atraviesa es que las relaciones familiares instituyen y expresan jerarquías de clase, de género y de edad. Todos los capítulos vuelven, de un modo u otro y a partir de objetos diferentes, sobre esa idea, sea observando el consumo de una revista infantil, la sociabilidad juvenil urbana, las relaciones entre clases sociales en asociaciones de beneficencia o la discusión en torno a la patria potestad. Los dos grandes ángulos elegidos para abordar el problema de las familias e infancias en relación a las jerarquías de clase, género y edad en la Argentina son: por un lado, su relación con el Estado, las políticas públicas y las instituciones; por otro, su relación con producciones mediáticas como revistas, prensa y fotografías. Leia Mais

Exílios latino-americanos e solidariedade transnacional durante a Guerra Fria | Cuadernos de Historia – Serie economía y sociedad | 2022

Nacoes parte da OTAN em azul e do Pacto de Varsovia em vermelho Imagem Wikipedia
Nações parte da OTAN (em azul) e do Pacto de Varsóvia (em vermelho) | Imagem: Wikipédia

Na América Latina, o exílio, entendido como a exclusão de opositores das esferas públicas e do território nacional, foi um mecanismo central da vida política de diferentes países da região desde o período das guerras de independência e a consolidação dos Estados Nacionais no século XIX, até se converter em parte de sua cultura política.1 Do mesmo modo, o asilo, como correlato do exílio, configura se como figura recorrente, primeiro como tradição e em seguida como instituição jurídica, oferecendo proteção internacional por razões políticas.2

As ditaduras que se instalaram no subcontinente durante a Guerra Fria e seus métodos de repressão massivos provocaram a exclusão e a perseguição de dezenas de milhares de opositores políticos e setores descontentes das esferas públicas e das políticas nacionais. Este fenómeno de massificação dos deslocamentos na região começou com o golpe na Guatemala no ano de 1954 e teve sequência com a ditadura de Fulgêncio Batista em Cuba, até se tornar um padrão a partir da década de 1960. Caracterizou-se pela diversificação do perfil dos solicitantes de proteção internacional de asilo frente à inédita situação dos Estados da região que se aproximaram do sistema universal de proteção de refugiados.3 Leia Mais

Cuadernos de Historia – Serie Economía y Sociedad. Córdoba, n.29, 2022.

Historia UNC

ARTÍCULOS

PUBLICADO: 2022-09-03

Homenaje a Marta Bonaudo y Ofelia Pianetto

PUBLICADO: 2022-03-15

PRELIMINARES. AUTORIDADES, CRÉDITOS Y SUMARIO

HOMENAJES

ARTÍCULOS

DOSSIER

RESEÑAS

PUBLICADO: 2022-01-01

Ahlan wa Sahlan: uma introdução aos mundos árabes | Karime Ahmad Borraschi Cheaito

Capa de Ahlan wa Sahlan uma introducao aos mundos arabes. Karime Ahmad Borraschi Cheaito Imagem Sheike Culinaria Arabe
Capa de Ahlan wa Sahlan: uma introdução aos mundos árabes. Karime Ahmad Borraschi Cheaito | Imagem: Sheike Culinária Árabe

Ahlan wa sahlan, 1 provavelmente “a primeira coisa que vocês ouvirão ao chegar em um país árabe ou ao entrar na casa de árabes”, é o título de recém lançada coleção de artigos sobre os ditos “mundos árabes”. 2 A obra não poderia ter timing mais pertinente, uma vez que o ano de 2021 foi marcado por três importantes fatos que se relacionam com o Oriente Médio: a efeméride dos 10 anos desde o início da Primavera Árabe; o marco de 20 anos do atentado ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001; e o retorno do Talibã ao poder no Afeganistão.

Organizada por Karime Cheaito, a obra possui proposta multidisciplinar3 e reúne alguns dos grandes nomes brasileiros da pesquisa em ciências humanas sobre Oriente Médio. A proposta é apresentar dimensões dos “mundos árabes” para o público leigo de forma simplificada, mas não simplista. Cada artigo apresenta ao leitor um olhar verticalizado e bem embasado, deixando ensejos para pesquisas ulteriores, fornecendo bibliografia especializada, respaldando uma construção de conhecimento com leitura crítica sobre o Oriente Médio, e produzindo um panorama síntese para a abordagem da história, política e cultura destes povos sem tom generalista. Comumente, na grande mídia e veículos ou autores mais tradicionalistas, nos deparamos com exposições que tratam o Oriente Médio como um grande bloco homogêneo, ahistórico, primitivo. Isso não é fenômeno recente: como já afirma Edward Said, autor seminal para os estudos culturais e sobre o Oriente, já desde os fins do século XVIII os orientais são referidos como “mais ou menos a mesma coisa”. 4 Leia Mais

Maracanan. Rio de Janeiro, n.31, 2022.

Comemorações 2022 – memória, historiografia e novas perspectivas

Expediente

Apresentação

Seção Especial

Entrevistas

Dossiê

Artigos

Notas de Pesquisa

Nominata

 

 

Llamaradas de rebelión. Breve historia del anarquismo en Chile (1890-2000) | Eduardo Godoy Sepúlveda

Eduardo Godoy Sepulveda Imagem Editorial Eleuterio
Eduardo Godoy Sepúlveda | Imagem: Editorial Eleuterio

Es probable que cada vez que leemos en la prensa oficial sobre anarquismo, resulta común asociarlo a hechos de violencia, terrorismo, delincuencia o incoherencia política, vale decir, es frecuente en el debate público, el uso de prejuicios o tipificaciones de carácter peyorativo que se han vinculado al anarquismo y a los(as) anarquistas. De igual modo, la historiografía social no ha estado ajena a estas reducidas interpretaciones sobre el pensamiento libertario, ejemplo de ello, son los reconocidos planteamientos de Eric Hobsbawm, al considerar el anarquismo en términos de ideología, teoría y programas con un valor marginal, tendiente al fracaso, dónde su atractivo, se explica a consecuencia de la crisis del movimiento comunista mundial y, como malestar, entre intelectuales de una época donde factores históricos en los países desarrollados no hacen posible la revolución2. De esta forma, parte del conocimiento historiográfico ha posicionado la experiencia libertaria y sus protagonistas en un rol secundario en el campo social. Quizás esto se deba, porque la reconstrucción de los procesos históricos, ha sido elaborada por historiadores militantes que tienden a resaltar los proyectos partidarios que han disputado la conducción y liderazgo de los movimientos sociales. Por ello, desarrollar una reconstrucción histórica de esta experiencia, suscita una serie de desafíos tanto teóricos como metodológicos, que replanteen (y supere) estas miradas reduccionistas, posicionando al anarquismo en su multiplicidad temporal de práctica política contra la dominación. De esta manera, Llamaradas de rebelión… contribuye en este ejercicio de aportar conocimiento historiográfico sobre la experiencia libertaria, dando cuenta de sus discusiones, tensiones y reconfiguraciones que el anarquismo de la región chilena ha desarrollado desde su aparición a fines del periodo decimonónico y durante todo el siglo XX.

Así mismo, reconocemos que el trabajo del Historiador Eduardo Godoy, otorga el rescate de la historia/memoria del anarquismo criollo y, al mismo tiempo, posicionar la vigencia de sus propuestas de transformación (radical) que exceden lo político-económico y que abarcan lo social, cultural y moral. De este modo, la pregunta que surgió en momentos iniciales al hacer lectura de este trabajo, se relaciona con su aspecto temporal; ¿Es posible reconstruir una historia del anarquismo pensada en clave de “larga duración”? Ante ello, resulta pertinente la declaración metodológica que emite el autor, pues señala que su investigación, no pretende ser una “historia oficial” del anarquismo en Chile, por el contrario, busca constituirse como una interpretación más entre muchas otras sobre su trayectoria histórica, lo cual conduce como todo ejercicio metodológico, seleccionar o dejar fuera (deliberadamente) procesos, debates, coyunturas y personajes. También, pretende “poner a disposición”, conocimiento histórico a un público que exceda el especializado, permitiendo a quienes se introduzcan en esta línea investigativa, identificar las diversas experiencias del movimiento libertario criollo, dando cuenta, algunas de sus múltiples expresiones históricas y de las luchas concretas que reivindicaron/propagaron tanto militantes, así como también sus colectividades. Leia Mais

Ensino de Geografia. Recife, v.5, n.3, 2022.

Artigo Científico

Los chalecos amarillos. Un retador movimiento popular | Carlos Alonso Reynoso

Los manifestantes que visten chalecos amarillos
Los manifestantes que visten chalecos amarillos se manifiestan contra el aumento de los precios del combustible y por el deterioro de las condiciones económicas (París, 15/12/2018) | Foto: Elyxandro Cegarra/Agencia Anadolu.

No es la primera vez que reseño un material de este autor, considero que el proceso de leer a los colegas siempre será benéfico para la producción académica y para la construcción de nuevos análisis sobre una línea de investigación a la que he dedicado mi carrera: los movimientos sociales. La historia y el proceso del movimiento des Gilets Jaunes es bastante interesante, su irrupción, su devenir, su asociación con el movimiento Nuit Debout y la utilización de repertorios de acción colectiva que rompen con lo convencional que lo visualizan como un movimiento sin parangón en Francia. Vale la pena, exponer que tanto el proceso político del movimiento Noches en Pie (como fue conocido el Nuit Debout) como el del movimiento de los Chalecos Amarillos no es algo que sea desconocido para el autor de esta reseña dado que se ha trabajado el tema con anterioridad (Lopez, 2019 y 2020).

Asimismo, se advierte que esta reseña ha sido formulada a través de varios contrapuntos formulados entre los posicionamientos del autor del libro y los posicionamientos del autor de esta reseña. He decidido dividirlo en cuatro segmentos: el primero de ellos radica en “la forma y el fondo de la acción colectiva”, el segundo versa sobre “similitudes y diferencias con otros movimientos sociales”, el en el tercero se toca “el problema de la institucionalización” al seno del movimiento y, por último, el cuarto trata de enfatizar “la influencia y por venir” del movimiento des Gilet Jaunes. Leia Mais

Disputar la cultura: Arte y transformación social | Julieta Infantino

Julieta Infantino Imagem Scoopnest
Julieta Infantino | Imagem: Scoopnest

Esta reseña realiza un recorrido por el texto “Disputar la cultura: Arte y transformación social en la Ciudad de Buenos Aires” publicado en el año 2019. El mismo está editado por Julieta Infantino y cuenta con ocho capítulos con aportes de ella misma y de Josefina Cingolani, Camila Mercado, Mariana Moyano, Verónica Tallelis, Maia Berzel y Ana Echeverría. Estas autoras tienen distintas inscripciones académicas en universidades de la ciudad de Buenos Aires y en sus cercanías y también cuentan con trayectorias de investigación en distintos espacios artísticos.

Este libro presenta algunas de las preguntas que, según la editora, se vienen dando en el campo de las artes y la transformación social. En ese sentido, los interrogantes de quienes trabajan en esos ámbitos se encuentran reflexionando sobre las posibilidades, limitaciones, disputas, conflictos y entramados políticos del arte como herramienta de transformación social. Leia Mais

Mitologias e história: entre antigos e modernos/Diálogos/2022

Na primeira das palestras transcrita em Mito e significado, Lévi-Strauss destaca a contraposição entre o conhecer científico e o que se poderia denominar pensamento mitológico. Uma linha de separação foi traçada nos séculos XVII e XVIII, por figuras que se destacaram na construção da ciência moderna, Bacon, Descartes, Newton dentre outros. A ciência no ocidente teria emergido como um campo epistemológico de afirmação de um saber oposto às “velhas gerações de pensamento místico e mítico” (LÉVI-STRAUSS, 1977, p.11) Tal cisão fora marcada pela separação entre um mundo dos sentidos e o real. O universo perceptual, capturado e composto pela visão, olfato, paladar e tato seria enganoso. Às distorções causadas pelas limitações sensoriais, somava-se uma memória imaginativa e sem rigor, que deteriorava entre as gerações e no tempo criando um universo mágico. Domínio de um pensamento associativo, em que predominava um paradigma de similitudes, que se manifestava de modo pré-lógico. Mundo governado por forças que agiam por simpatias e antipatias, habitado por monstros, deuses e heróis, em aventuras e metamorfoses. A natureza das coisas, dos processos e dos fenômenos seriam revelados à razão basicamente pelas suas propriedades matemáticas, quantificáveis, e por uma metodologia verificável, passível de reprodutibilidade, ajustes e revisões cada vez mais refinadas. A matéria e a vida deveriam ser observadas através de instrumentos que potencializam os sentidos, superando seus limites e imprecisões, para depois serem testadas em experimentos que simulavam fenômenos previamente circunscritos, na tentativa de surpreender o mecanismo operante e, ao final, verificando hipóteses, extrair as leis. Impôs-se o rigor analítico compulsivo de um método que particularizava e isolava os caracteres elementares para classificá-los, organizá-los, catalogá-los, equacionando-os em suas proporções e grandezas. Assim, se poderia ler o livro da Natureza, dominando suas sintaxes e semânticas. Leia Mais

Experiências intelectuais negras: Brasil e diásporas/Estudos Históricos/2022

A experiência intelectual negra é um tema de pesquisa que, nos últimos anos, tem sido sistematicamente debatido por diferentes ramos do conhecimento, em particular na História e nas Ciências Sociais. Ela tem composto um desafio, seja pelas fontes de difícil acesso, pela invisibilidade histórica de sua existência — invisibilidade que todos os artigos deste dossiê problematizam e questionam, cada qual à sua maneira — ou mesmo uma concepção inadequada e excludente do que seria a produção intelectual. A ideia para a construção do dossiê “Experiências intelectuais negras: Brasil e Diásporas” partiu do diálogo dos organizadores, cientistas sociais, em parceria com colegas de História, em diferentes eventos acadêmicos, sobre a aproximação temática dos assuntos de suas pesquisas e a percepção de que esse campo analítico dava sinais inequívocos de consolidação. Leia Mais

No Tempo da Independência | Projeto História | 2022

Prospecto da Fortaleza de Sao Joaquim Rio Branco Fonte Fereira 1971 p.67 2
Prospecto da Fortaleza de São Joaquim, Rio Branco | Fonte: Fereira, 1971, p.67

O número 74 da Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História, da PUC/SP, traz a público o dossiê intitulado No Tempo da Independência. A revista, seguindo modernas políticas editorias, sempre com dois pareceristas às cegas, cujos pareceres são respeitados, dá sequência com novo dossiê, aberto a pluralidade teórica, regional e temática.

Abrimos o dossiê com o artigo de José Rogério Beier, pesquisador de pós-doutorado do Museu Paulista-USP, cujo título é Do sertão para o mar: o papel do Rio de Janeiro na “atlantização” da economia paulista nos tempos da Independência. Nele o autor busca refletir sobre a importância da praça mercantil do Rio de Janeiro no longo processo de “atlantização” da economia paulista, iniciado ainda em 1765, com a chamada restauração da capitania de São Paulo, mas que se viu grandemente impulsionado pela chegada da corte na então capital da América portuguesa em 1808. Nesse sentido, Beier busca relacionar a consolidação da lavoura canavieira exportadora na região do planalto paulista, a oeste da capital, à formação de um subsistema de comércio terrestre-marítimo responsável por comunicar as áreas produtoras até os portos de Santos e do Rio de Janeiro. Leia Mais

Projeto História. São Paulo, v.74, 2022.

pROJETO HISTORIA3

MAI/AGO: NO TEMPO DA INDEPENDÊNCIA

Apresentação

Artigos Dossiê

Artigos livres

Resenhas

Publicado: 2022-09-01

 

Mulheres, gênero, feminismos: a reescrita da história a partir do Sul global/ Temporalidades/2022

Em 2008, Joan Scott redigiu um ensaio introdutório para um conjunto de textos originalmente apresentados em um fórum promovido pela American Historical Review para marcar os 20 anos de publicação de seu influente artigo Gênero: uma categoria útil de análise histórica. 1 Sob um título que poderia ser traduzido como Perguntas não respondidas, a conhecida historiadora estadunidense se voltou para a própria trajetória e avaliou o impacto que suas teorizações sobre o gênero e a diferença sexual haviam tido ao longo dessas duas décadas – em um caso raro, diga-se de passagem, de reflexão teórica feita no âmbito da história disciplinar que foi “exportada” para outros setores das humanidades. Scott abriu o balanço crítico dos destinos de seu trabalho mais conhecido com uma expressão de descontentamento perante o fato de que, em 1986, quando submeteu ao mesmo periódico o artigo então celebrado, ela fora obrigada a alterar seu título. A autora queria que o texto se apresentasse ao público não com uma afirmação contundente, mas com um questionamento sobre a utilidade do conceito de gênero – um questionamento cuja resposta não poderia e não deveria ser conhecida de antemão. A revista alegou, porém, que não permitia o emprego de pontos de interrogação nos títulos, e o artigo terminou publicado despido de parte de sua força retórica (SCOTT, 2008, p. 1422), sob uma designação em certa medida contraditória com seus propósitos. Leia Mais

Doenças, higiene e insalubridade urbana na América Latina (séculos XIX e XX) | Revista Brasileira de História & Ciências Sociais/2022

Imagem Lucas Braga RilkertRevista Brasileira de Historia Ciencias Sociais
Imagem: Lucas Braga Rilkert/Revista Brasileira de História & Ciências Sociais

O Dossiê intitulado “Doenças, higiene e insalubridade urbana na América Latina (séculos XIX e XX)” foi produzido no contexto da Pandemia de Covid-19 e carrega as marcas de uma experiência epidêmica que provocou mudanças no comportamento social.

Na etapa inicial da Pandemia – quando o esforço dos maiores centros de pesquisa do mundo estava voltado para a experimentação e na produção de vacinas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) insistiu na importância de medidas sanitárias como o isolamento social e de higiene para conter a circulação do vírus. Simultaneamente, e com a mesma finalidade, autoridades sanitárias nacionais e/ou regionais recomendaram medidas profiláticas como a proibição do velório de vítimas da Covid-19, o fechamento de fronteiras, o isolamento de infectados e dos suspeitos de infecção, a proibição de aglomerações sociais e a higienização de ambientes e objetos supostamente contaminados, dentre outras. Leia Mais

História e Luta de Classes. v.18, n.34, set. 2022.

Brasil: 200 anos de Independência

Apresentação

DOSSIÊ 200 anos de Independência

ARTIGO

RESENHAS

01/09/2022.

Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Rio Grande, v.14, n.28, 2022

Historia e Ciencias Sociais

Doenças, higiene e insalubridade urbana na América Latina (séculos XIX e XX)

Expediente

Apresentação

Artigos Livres

Entrevista

Publicado: 2022-09-01

Independências: 200 anos de história e historiografia/Acervo/2022

Em 2022 completaram-se 200 anos da(s) Independência(s) do Brasil. Datas marcantes costumam ser oportunidades instigantes para comemoração e reflexão. Afinal, transformam-se em uma oportunidade para revisitar temas e renovar olhares, interpretações e abordagens sobre eles. No caso dessa efeméride, foi o que aconteceu, dentro e fora da academia. Teses e dissertações, exposições, livros, sítios eletrônicos, seminários e simpósios, textos e um sem-número de artigos científicos foram produzidos ao longo deste ano (e ainda deverão continuar a ser publicados nos próximos), trazendo à tona antigas questões, mas fornecendo novos encaminhamentos e novas roupagens. Leia Mais

Novos paradigmas de desenvolvimento para a América Latina: (re)emergência étnica e resistência indígena no tempo presente | Revista Transversos | 2022

Servico de Protecao aos Indios. Criancas Parintintins ouvindo gramofone Posto Antonio Paulo 1926 Imagem Arquivo Nacional
Serviço de Proteção aos Índios. Crianças Parintintins ouvindo gramofone, Posto Antônio Paulo, 1926 | Imagem: Arquivo Nacional

A urgência de um debate sobre o modelo de desenvolvimento implementado na América Latina vem sendo pautada por movimentos sociais com liderança dos povos originários. Esses movimentos têm alcançado recentemente plataformas políticas importantes, fazendo com que as pautas dos movimentos étnicos estejam na ordem do dia em toda a América Latina. O processo de formação de uma nova Constituinte no Chile, em especial, vem mostrando as possibilidades de aplicação do pensamento anti-colonial e decolonial na política a partir da defesa de um novo modelo econômico e de sociedade baseado na ideia do bem viver. Além disso, no Brasil os povos originários vêm sendo importantes atores políticos a evidenciar o esgotamento do modelo de desenvolvimento econômico baseado apenas na exploração do meio ambiente.

O processo de (re)emergência étnica consiste em elemento central na configuração do atual cenário político latino-americano. Embora desde meados da década de 1950 muitos Estados republicanos tenham incorporado os indígenas formalmente à categoria de “cidadãos”, tal mudança baseou-se a princípio na conversão destes em mestiços e/ou em sua assimilação à cultura ocidental capitalista. O surgimento de movimentos sociais de base étnica voltados ao questionamento das características monoétnicas, monoculturais, excludentes e racistas dos países da América Latina é algo mais recente, remontando a meados da década de 1970. Ao lançar luz sobre a permanência das estruturas coloniais de dominação, passam a relativizar os verdadeiros alcances obtidos pelas independências e pelo processo de formação dos Estados nacionais no continente. Desde então, questionam os discursos de poder legitimadores da dialética “colonizador-colonizado”, elaboram discursividades próprias, que se distanciam do caráter universal reivindicado pela história ocidental, e buscam a recuperação de modelos organizativos ancestrais, que também sejam reconhecidos e englobados pela política institucional ocidental. Leia Mais

Revista TransVersos. Rio de Janeiro, n.25, 2022.

Transversos2

NOVOS PARADIGMAS DE DESENVOLVIMENTO PARA A AMÉRICA LATINA: (RE)EMERGÊNCIA ÉTNICA E RESISTÊNCIA INDÍGENA NO TEMPO PRESENTE.

EXPEDIENTE

  • Expediente
  • Revista Transversos
  • PDF

APRESENTAÇÃO

EXPERIMENTAÇÕES

ENTREVISTA

  • PRODUCCIÓN INTELECTUAL Y RESISTENCIA MAPUCHE EN LA CONTEMPORANEIDAD. UNA ENTREVISTA CON RICARDO OLAVE MONTECINOS, DEL PODCAST RECADO CONFIDENCIAL – OPERACIÓN WALLMAPU
  • Alessandra Seixlack
  • PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))

ARTIGOS LIVRES

América Latina y el internacionalismo ginebrino de entreguerras. Implicaciones y resonancias | Fabián Herrera León, Yannick Wehrli

El libro América Latina y el internacionalismo ginebrino de entreguerras, coordinado por Fabián Herrera y Yannick Wehrli, busca articular el papel de América Latina en el escenario ginebrino de entreguerras, es decir, en el periodo posterior a la Primera Guerra Mundial (pgm), previo a la Segunda y enfocado en las actuaciones en el marco de la Sociedad de Naciones (sdn) con sede en Ginebra, Suiza. Implicaciones y resonancias son los dos apartados en los que está estructurado el libro. En la primera parte, distintos especialistas analizan y construyen las formas en las que los gobiernos y sus representantes diplomáticos actuaron en el espacio ginebrino, cómo plasmaron sus intereses y abogaron por la defensa de sus soberanías; en la segunda parte, se abordan las resonancias que ha tenido este periodo a través del espacio y del tiempo en América Latina y a nivel internacional, a partir de procesos de apropiación y adaptación. Leia Mais

Fighting unemployment in twentieth-century Chile | Ángela Vergara

Ángela Vergara es una reconocida historiadora chilena que ha abordado estudios sobre el mundo del trabajo y la desocupación durante el siglo XX en Chile desde diversas perspectivas, fundamentalmente la transnacional. Posee trabajos en torno a los obreros del cobre en Chile, las Company Towns y el impacto de la Gran Depresión en la región. Se desempeña como docente en California, Estados Unidos, por ello este libro está redactado en inglés y es publicado por la Universidad de Pittsburgh, constituyendo un importante aporte que viene a subsanar una vacancia historiografía en el campo. Leia Mais

La Contraofensiva: el final de Montoneros | Hernán Confino

A pesar de la abundante bibliografía dedicada a diversos aspectos de la trayectoria de las organizaciones armadas revolucionarias, la Contraofensiva Estratégica, puesta en marcha por Montoneros, no había sido estudiada en profundidad. Precisamente, esto es lo que realiza Hernán Confino en su reciente libro, fruto de una tesis doctoral defendida en 2018, en la Universidad Nacional de San Martín. La Contraofensiva: el final de Montoneros se adentra, entonces, en un terreno que ha sido retratado, en forma casi exclusiva, por memorias militantes y obras periodísticas, incluyendo trabajos académicos que lo hicieron tangencialmente, en donde primaron las lecturas condenatorias y retrospectivas que la tildaron, indistintamente, de “locura”, “suicidio”, “aventura mesiánica” o “deriva militarista”. La apuesta del investigador se centra, en cambio, en reconstruir la densa trama histórica que la explica y le otorga sentido. Para cumplir con su tarea, se nutre de una variada triangulación de fuentes: documentos partidarios (tanto boletines internos como prensa, especialmente Evita Montonera y Vencer), testimonios de exmilitantes (editados, disponibles en archivos orales y recogidos por el propio autor) e informes de inteligencia (militar y policial). Leia Mais

De Norte a Sul, a sombra do autoritarismo e do fascismo no passado e no presente: perspectivas sobre experiências limítrofes nos séculos XX e XXI /Escritas do Tempo/2022

Se Marshall Berman (1987) dizia que a modernidade é demarcada por sua inerente contradição, Zygmunt Bauman complementou essa perspectiva compreendendo esse período como o constante derretimento de sólidos. Assim, a fluidez dos tempos modernos não demonstraria a ausência dos sólidos: pelo contrário, a nova ordem deveria ser verdadeiramente pautada em estruturas. Para Bauman, nenhum molde social foi destruído sem que outro fosse construído para substituí-lo. Dessa maneira, o processo de derreter os sólidos “antigos” era uma urgência vinda da necessidade de “inventar sólidos de solidez duradoura”, tornando esse novo mundo, portanto, previsível, organizado e administrável (BAUMAN, 2001, p. 10). Leia Mais

Tras las huellas del marxismo occidental | Santiago M. Roggerone

El nuevo libro de Santiago M. Roggerone arroja una serie de desafíos que sacuden la adormecida estabilidad de la escena intelectual contemporánea. En tiempos de resquebrajaduras irreversibles de los grandes emblemas en los que históricamente se han estructurado las democracias capitalistas –eso que algunos insisten en llamar no sin cierta cuota de cinismo “Occidente”–, en una época signada por la paradójica experiencia temporal de una posteridad vuelta presente perpetuo, la publicación de un ensayo de la densidad teórica de Tras las huellas del marxismo occidental ofrece a la desorientación generalizada una batería de hipótesis audaces no sólo para interpretar nuestra época sino también para transformarla. Leia Mais

O sensível e o invisível: religiões, crenças e rituais nos mundos antigos/Mythos – Revista de História Antiga e Medieval/2022

As formas como povos distintos conceberam e interagiam com a existência de potências sobrenaturais constitui um problema historiográfico dos mais interessantes. Ao longo do século XX, principalmente, pesquisas que versam sobre o tema ganharam mais espaço: desde a primeira geração dos Annales até o estabelecimento da chamada História das Mentalidades, estudos sobre a coletividade na longa duração e de suas estruturas mentais foram angariando cada vez mais espaço na academia. Oposições como sagrado/profano, mágico/religioso, legítimo/ilícito constituíram-se como categorias de análise mobilizadas pelos historiadores nesse esforço, em diálogo constante com outras áreas do conhecimento, como a Antropologia, rendendo trabalhos historiográficos inovadores, mais interdisciplinares e disruptivos em seu tempo. Leia Mais

Transnational Homosexuals in Communist Poland: CrossBorder Flows in Gay and Lesbian Magazines | Lukasz Szulc

Lukasz Szulc Imagem Studies in Etnicity and Nationalism2
Lukasz Szulc | Imagem: Studies in Etnicity and Nationalism

O termo Guerra Queer é empreendido pelos teóricos queer a fim de compreender as disputas políticas transnacionais sobre questões LGBTI+ que acabam interseccionando entendimentos diversos sobre cultura, tradição e direitos humanos (ALTMAN; SYMONS, 2016, p. 17).1 O termo guerra ilustra nesses debates as polarizações travadas entre regiões supostamente pró-direitos LGBTI+ e aquelas a priori homofóbicas e opositoras aos discursos sobre direitos humanos que contemplariam questões de diversidade de gênero e sexualidade. O caso russo – particularmente com as recentes legislações LGBTfóbicas – é ilustrativo para a concepção de Guerras Queer.2 O país vem se subscrevendo a uma concepção de contraponto aos modelos europeus ocidentais. Dentro dessa lógica discursiva, a Europa Ocidental tem sido projetada como um tipo de civilização degenerada, tendo suas expressões de homossexualidade, os feminismos e a legalização do casamento civil homossexual interpretados como sinais de destruição da família e da masculinidade – os quais, de acordo com tais posicionamentos, seriam sinais evidentes de fraqueza (RIABOV; RIABOVA, 2014, p. 29). O caso polonês seria um representante recente desses conflitos, em particular a partir da proclamação de “zonas livres de LGBT” por governos regionais e municipais entre 2019 e 2020 (ŻUK; PLUCINSKI; ŻUK, 2021). Portanto, as questões LGBTI+ alcançam cada vez mais protagonismo no cenário global político em torno das discussões sobre direitos humanos.

Entretanto, para se analisar as Guerras Queer é necessário partir da constatação de que tais discursos estão “pobremente embasados em diferenças ‘essenciais’- ‘naturais’ ou ‘tradicionais’ – entre regiões particulares” (SZULC, 2018, p. 224, tradução nossa). Nos casos aqui mencionados, a diferenciação é largamente embasada em noções essencialistas que observam uma presumida imposição ocidental de modos particulares de cultura e direitos humanos. Nesse sentido, a obra “Transnational Homosexuals in Communist Poland: Cross-Border Flows in Gay and Lesbian Magazines”,3 de Lukasz Szulc (2018), é uma relevante contribuição a fim de problematizar os essencialismos que embarcam as Guerras Queer e de sublinhar a potencialidade de um empreendimento que entrecruze uma visão transnacional e/ou global com as historiografias LGBTI+. Leia Mais

Universidad y política: actores, conflictos y visiones globales | Esboços | 2022

Marcha estudiantil en Santiago de Chile en la movilizacion estudiantil en Chile de 2011 Imagem Wikipedia
Marcha estudiantil en Santiago de Chile en la movilización estudiantil en Chile de 2011 | Imagem: Wikipedia

Hace casi una década, Phillip Altbach y Manja Klemenčič (2014) observaban y convocaban a investigar el protagonismo social y político del estudiantado en todos los continentes en el marco de las cientos de movilizaciones y acciones colectivas que se desplegaron luego de la crisis económica de alcance global del año 2009. Desde entonces, las investigaciones sobre actores universitarios, en particular el estudiantado, se multiplicaron. Esta tendencia fue estimulada por el centenario de la Reforma Universitaria iniciada en Córdoba (Argentina), los 50 años de las movilizaciones callejeras masivas de1968, y también por la propia coyuntura, en especial, latinoamericana de los últimos años. Miles de jóvenes de Chile (SOMMA; et al., 2020), Colombia (GARCÍA ACELAS; ARIAS PERALES, 2021) y México (POGLIAGHI et al., 2020) salieron a las calles de sus ciudades con acciones radicalizadas de protesta y una agenda no exclusivamente estudiantil sino también feminista, ecologista y antineoliberal.

En el marco de la expansión y la consolidación de los estudios transnacionales1, desde 2018 a la actualidad, los denominados “global sixties” (CHEN et al., 2018; MCADAMS; MONTA, 2021) se encuentran en el centro del debate en la medida en que se habrían homogeneizado causas y variables explicativas para geografías diversas, a la luz de lo acontecido en pocos casos de países centrales. ¿Qué “sixties” pueden construirse desde los espacios académicos allí localizados? ¿En qué idiomas y con qué fuentes? ¿Insertos en qué debates historiográficos?2 Estos interrogantes, junto a otros, son igualmente válidos para los volúmenes compilados sobre las movilizaciones estudiantiles contra medidas de política universitaria neoliberales en las primeras décadas del siglo XXI en puntos geográficos tan lejanos y diversos como México, Chile, Sudáfrica, Italia, Hong Kong, Quebec, California, Inglaterra, Alemania, Turquía y Estados Unidos (CINI et al., 2000 y 2021)3 ; o sobre la protesta estudiantil universitaria en el “sur global”4 , por un lado, y el “norte global”, por otro (BESSANT et al., 2021). ¿Cuáles son las potencialidades que ofrecen las comparaciones transnacionales que cruzan el eje norte-sur y de aquellas que se concentran en el eje sur-sur? Ciertamente, los contrastes y, sobre todo, las similitudes en las demandas y repertorios de movimientos estudiantiles tan distantes geográficamente permite pensar en la globalidad de modelos universitarios cada vez más determinados por el mercado. Ahora bien, ¿no resultaría relevante y productivo también pensar en poner en diálogo sistemas universitarios y tradiciones de política estudiantil más o menos similares y analizar las particularidades de los procesos históricos locales en el marco de contextos regionales y globales? Leia Mais

Jesus de Nazaré. O Que a História tem a dizer sobre Ele | André Leonardo Chevitarese

Este texto analisa a mais recente publicação da autoria do professor Dr. André Leonardo Chevitarese, intitulada: “Jesus de Nazaré, o que a história tem a dizer sobre ele”. O livro, com aproximadamente cento e dez páginas, busca fazer uma síntese sobre a personagem que fundou a sociedade ocidental: Jesus de Nazaré.

O livro é dividido na seguinte sequência: a “Apresentação”, escrita pelo filósofo e professor Dr. Gabrielle Cornelli, a “Introdução”, redigida pelo próprio professor Chevitarese, na qual sinaliza a distribuição da obra em seis capítulos bem estruturados, a saber, “I – Uma Outra Narrativa de Nascimento”, “II – Uma Vida em Nazaré”, “III – Um Caminho sem Volta”, “IV – O Reino de Deus Instaurado em Cafarnaum”, “V – O Ensino e a Performance de Jesus”, e “VI – A Crucificação de Jesus”. Além disso, há quatro apêndices que ajudam na compreensão do leitor menos familiarizado com a temática. Leia Mais

LaborHistórico. Rio de Janeiro, v.8, n.3, set./dez., 2022.

LaborHistorico

Voces masculinas en la Querella de las mujeres (siglos XIII-XVIII)

Nota Editorial

Artigos – Dossiê Temático

Fontes Primárias

Gold, Festivals, and Music in Southeast Brazil: Sounding Portugueseness | Barbara Alge

Barbara Alge Imagem Goethe Universitat 1
Barbara Alge | Imagem: Goethe Universität

O livro da etnomusicóloga Barbara Alge, Gold, Festivals, and Music in Southeast Brazil: Sounding Portugueseness, baseia-se numa etnografia da Festa de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do pequeno vilarejo de Morro Vermelho, um distrito de Caeté, Minas Gerais, e antigo centro de mineração que remonta ao início do século XVIII. Por meio de seu relato, a autora aborda diversos temas relacionados a debates contemporâneos na etnomusicologia e ciências sociais de modo geral, tais como: conceitos de raça e relações raciais; colonialidade e pós-colonialidade; patrimonialização; processos civilizatórios entre outros. Estas discussões têm, como pano de fundo, uma festa popular católica celebrada, em Morro Vermelho, supostamente a mais de 300 anos.

Desde quando Francisco Curt Lange fez suas primeiras investidas nas cidades históricas de Minas, a música colonial mineira tem sido investigada por diversos pesquisadores, como Paulo Castagna, José Maria Neves, Maurício Monteiro, Maurício Dottori entre outros. No entanto, talvez por sensibilidades musicais análogas às de Mário Andrade quando se deparou com os corais e orquestras das cidades históricas, a performance contemporânea de repertórios sacros ainda preservados por músicos locais foi, de modo geral, ignorada, com raras exceções (ver, por exemplo, LARA MELO, 2001; NEVES, 1987; REILY, 2006; 2011). É verdade que muitas destas corporações musicais envolvem participantes sem ou com pouco treinamento musical formal, evidenciando particularidades nas afinações e técnicas performativas. Mas, como este livro revela, estas performances apontam para valores estéticos e para a forma como estes valores estão implicados nas relações de classe e raça locais, relações estas implementadas e enraizadas, junto com o projeto civilizatório da colonização. Leia Mais

Patrimônio Musical Brasileiro | LaborHistórico | 2022

Brasao da Orquestra Lira Sanjoanense

Brasão da Orquestra Lira Sanjoanense 

O dossiê temático “Patrimônio Musical Brasileiro” reúne artigos relacionados tanto ao patrimônio musical histórico acumulado em fontes musicográficas e gravações, quanto ao patrimônio musical transmitido pela memória e pelas tradições comunitárias, além das intersecções entre esses dois campos. A proposta visa estabelecer conexões entre esses campos de estudo e contribuir para a integração do conhecimento de todas as formas de patrimônio musical relacionadas ao Brasil, evitando assim sua separação estanque, ainda que se reconheça a especificidade de transmissão e da pesquisa de cada uma delas.

Com este dossiê, desejamos fortalecer o conceito de patrimônio musical e estimular o desenvolvimento de linhas pesquisas a partir dessa ideia nuclear, porém considerando sua diversidade intrínseca, nas representações, celebrações, expressões, construção e uso de instrumentos musicais, manifestações, grupos e lugares associados à memória musical, bem como ao estudo dos conjuntos documentais, organológicos, fonográficos, iconográficos, hemerográficos, bibliográficos e afins, ainda que, do ponto de vista metodológico, predominem na atualidade os trabalhos referentes a estas duas abordagens: Leia Mais

Labor Histórico. Rio de Janeiro, v.8, n.1, 2022.

LaborHistorico

Patrimônio musical brasileiro

Nota Editorial

Artigos – Dossiê Temático

Fontes Primárias

 

Cadernos da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, v. 6 n. 1, 2022/v. 5 n. 2, 2021.

Editorial

Apresentação

Comunicação

Relato de Experiência

Artigos

Resenha

Documentos e relatórios

Publicado: 22-09-2022

Cadernos da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, v. 5 n. 2, 2021.

Editorial

Apresentação

Relato de Experiência

Artigos

Entrevista

Resenha

Documentos e relatórios

Publicado: 21-01-2022

Violencia estatal memorias y espacios archivo imagen y cartografía para un campo en construcción/Folia Historica del Nordeste/2022

Desde diversas tradiciones académicas y políticas se ha demostrado que la naturaleza de los distintos tipos de violencia, así como las formas del recuerdo y el olvido, e incluso los términos en que se exige (o no) justicia, son concomitantes a coyunturas y tradiciones culturales, políticas y jurídicas específicas. Este número especial se inscribe en un campo compuesto por un número creciente de contribuciones académicas, museográficas y artísticas recientes que proponen analizar el vínculo entre violencia y memoria a partir de su dimensión espacial (Salamanca, 2015; Salamanca y Colombo, 2019; Tavares, 2018; Rossetti, 2016). En la construcción de este campo de indagación, que es también un proyecto personal de investigación, se han reunido cuestiones azarosas, intuiciones, condiciones de posibilidad y la articulación afortunada de deseos, búsquedas e intereses compartidos. Leia Mais

Derecho e imagen en Hispanoamérica colonial | D. Rípodas Ardanaz

Daisy Rípodas Ardanaz es Doctora en Historia por la Universidad Nacional de Córdoba y Profesora de Historia por la Universidad de Buenos Aires. Ha desempeñado diversos y prestigiosos cargos en academias e institutos nacionales e internacionales de Historia, de todas ellas se destaca su pertenencia a la Academia Nacional de la Historia como miembro de número y al Instituto Internacional de Historia del Derecho Indiano. También ha sido múltiples veces premiada y reconocida por célebres instituciones dentro y fuera del país. Se destaca por investigar y escribir sobre las sociedades coloniales hispanoamericanas, priorizando el campo de la historia jurídica colonial. En su laureada trayectoria, forjó un notable prestigio tanto en el ámbito nacional como internacional en materia del derecho indiano. Junto a su esposo, José María Mariluz Urquijo, reconocido investigador sobre temas de historia jurídica, forman parte de los autores clásicos y de obligada lectura en lo que respecta a la historia del derecho indiano. Fueron, además, los pioneros en el estudio de sermones coloniales en el país, aportando valiosos análisis e investigaciones en el campo de la oratoria sagrada, que ha tomado relevancia en tiempos recientes. Leia Mais

Crisis/transformaciones productivas y políticas públicas: la provincia del Chaco en la segunda mitad del siglo XX | E. C Schaller

En los últimos años, los estudios que toman a la economía como ciencia social parten de la premisa que frente a las fallas del mercado, el Estado puede mejorar las condiciones de la sociedad. Esta teoría social económica se reflejan en la obra “Crisis, transformaciones productivas y políticas públicas: la provincia del Chaco en la segunda mitad del siglo XX”. A lo largo de sus capítulos se expone las múltiples vías por las cuales las políticas públicas han cumplido un rol clave en apoyo al sector agrario, en sus despliegues, reconversiones y crisis de ciclos. Asimismo, examinan cómo las intervenciones del Estado han reorganizado el territorio mediante la regulación de las tierras, la administración de expansión de las fronteras, la promoción de empresas y capitales extranjeros y la asistencia a los grupos desplazados. Finalmente, describen las instituciones que se crearon para promover el desarrollo económico del territorio chaqueño. Leia Mais

Ruralidad y sujetos subalternos. Una mirada comparada al nordeste argentino | S. Sapkus, C. E Vázquez, I. Telesca

El agro de la región nordeste (NEA) fue estudiado desde diversas perspectivas en general. En esta compilación, las investigaciones reconstruyen los ciclos productivos, sus actores y corporaciones de la ruralidad. Estos estudios lograron reconstruir un pasado conflictivo en el cual intervinieron sujetos disimiles en su composición étnica. De esa forma, las investigaciones históricas lograron visibilizar al agro como un campo heterogéneo, desigual y conflictivo. La compilación realizada por Sergio Sapkus, Cristian Vázquez e Ignacio Telesca1 permite una reflexión sobre el pasado y el presente rural del NEA. El libro es resultado de las Primeras Jornadas sobre Ruralidad y Sujetos Subalternos en el Nordeste realizado en la ciudad de Formosa en 2019, siendo la clave problematizar la realidad económica-social de la región. Presenta un prólogo a cargo de Alejandro Rofman en donde se pone en relevancia los aportes de la obra. Leia Mais

Democracia em tempos difíceis: interdisciplinaridade/política e subjetividades | Mériti de Souza

O livro Democracia em tempos difíceis: interdisciplinaridade, política e subjetividades, organizado por Mériti de Souza, possui 12 capítulos escritos por diferentes autores, com diversidade epistemológica e referenciados em diferentes campos de estudo, porém com um objeto comum: a análise da democracia na sua relação com a produção da subjetividade brasileira. A coletânea torna-se uma publicação preciosa ao refletir sobre a conjuntura atual, analisando a constituição histórica das resistências ou disputas pela democracia e o esmagamento das políticas públicas pelo neoliberalismo. Também discute a adesão à ideologia capitalista consumidora de subjetividades por meio de simulacros do espetáculo em nome de uma suposta liberdade, enquanto são produzidas respostas violentas às manifestações de diversidade de gênero e sexualidade. Leia Mais

Reflexões histórico-educativas sobre formação docente: os 130 anos da Escola Normal Catarinense/Linhas/2022

Os contextos históricos e de educação que emergiram nos finais do século XIX e perduraram até o segundo quartil do século XX estiveram no cerne dos eventos que influenciaram as mudanças educativas em diversas partes do mundo. As políticas de educação e a formação docente deambularam entre discursos e ideologias de regimes republicanos, ditaduras, autoritarismos e jovens democracias. Esses cenários histórico-sociais convidam-nos a refletir sobre como diferentes Estados-nações promoveram a circulação de discursos pedagógicos e o acesso ao ensino, bem como que saberes foram selecionados dentro da matriz científica de sua temporalidade e inseridos nos planos de formação de professores. Os dispositivos utilizados para a implementação das Escolas Normais e as políticas públicas que legitimaram tais acessos (considerando aqui as especificidades nacionais) podem ajudar a compreender a circulação de ideias, práticas pedagógicas e imaginário escolar. Leia Mais

Esboços – Histórias em Contextos Globais. Florianópolis, v.29, n.51, 2022.

Esbocos3 2

Expediente

Dossiê “Universidade e política: atores, conflitos e visões globais”

Artigo

Entrevista

Resenha

Publicado: 2022-09-01

Boletim de História e Filosofia da Biologia. [?], vol. 16, n. 3, set. 2022

Publicado pela Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia (ABFHiB)

Sumário

Revista IHGB. Rio de Janeiro, a. 183, n. 490, set./dez., 2022

SUMÁRIO

SUMMARY

  • Carta ao Leitor 13

I – ARTIGOS

ARTICLES

  • O cientista-administrador: a atuação de José Reis na administração pública durante a década de 1940 segundo a imprensa 17
  • The administrator-scientist: José Reis’ Role in Public Administration During the 1940s According to the Press
  • Danilo Magalhães
  • Luisa Massarani
  • San Tiago Dantas e Guerreiro Ramos: Duas recepções do pensamento católico no Brasil na década de 1930 55
  • San Tiago Dantas and Guerreiro Ramos: Two receptions of the catholic thought in Brazil in the 1930s
  • Alan Caldas
  • Renato Ferreira Ribeiro
  • Direito Comparado: Reflexões Metodológicas e Comparações no Direito Constitucional 81
  • Comparative Law: Methodological Reflections and Comparisons in Constitutional Law
  • Ilton Norberto Robl Filho
  • Atalá Correia
  • Limites das Capacidades de Atuação Nacional em Matéria Ambiental 105
  • The Limits of National Competences in Environmental Matters
  • Marcelo D. Varella
  • Revistas Jurídicas Iberoamericanas (C. 1830-1950) notas para um projeto de pesquisa 139
  • Iberoamerican Law Reviews (ca. 1830-1950) notes for a research project
  • Carlos Petit
  • Sobre tempos e afetos: uma reflexão política da melancolia 177
  • On times and Affects: a Political Reflection on Melancholy
  • Roan Costa Cordeiro
  • Angela Couto Machado Fonseca
  • Everton Luís da Silva
  • A Organização Jurídica da Economia durante a Ditadura Militar (1964-1985) 199
  • The Legal Organisation of the Economy during the Military Dictatorship (1964-1985)
  • Gilberto Bercovici
  • O Massacre de Greensboro: nazistas, comunistas e ku klux klan nos Estados Unidos da América (1979) – parte I 243
  • The Greensboro Massacre: the american nazi party, the communist worker’s party and the ku klux klan in the United States of America (1979) – part I
  • Mayara de Carvalho Siqueira
  • Júlia Oliveira Muinhos
  • Justiça restaurativa de transição: estudo de caso da Comissão da Verdade e Reconciliação de Greensboro, EUA (2004-2005) – parte II 273
  • Restorative and transitional justice: a case study of the Greensboro truth and Reconciliation Commission(2004-2005) – part II
  • Mayara de Carvalho Siqueira
  • Júlia Oliveira Muinhos

II – DOCUMENTOS

DOCUMENTS

  • Santos Dumont na mira da polícia de Paris 321
  • Santos Dumont under surveillance by the Parisian police
  • Rafael Cardoso
  • Colaboradores Pareceristas 335
  • Normas de publicação 337

Guide for the authors 339

  • Chamada de Artigos para o Dossiê “Oliveira Vianna e o Direito” 341

Comemorações 2022: memória, historiografia e novas perspectivas /Revista Maracanan/2022

Caros Leitores,

Neste ano de 2022 que ora termina, registraram-se os aniversários de vários acontecimentos históricos, abrangendo o Bicentenário da Independência do Brasil, os centenários da Semana de Arte Moderna, do movimento tenentista, da fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), entre outras datas relevantes, como a entrada do Brasil na Grande Guerra, a crise dos mísseis em Cuba, o atentado nas Olimpíadas de Munique, o impeachment do presidente Fernando Collor, o massacre do Carandiru, o atual Código Civil Brasileiro, o evento Rio+20, para mencionarmos apenas alguns. Leia Mais

Secuencia. México, n.114, sept./dic., 2022.

Secuencia

Artículos

Dossier

Voces masculinas en la Querella de las mujeres (siglos XIII-XVIII)/LaborHistórico/2022

Cada vez con más frecuencia en los últimos tiempos se ha insistido en la idea de que el feminismo está abocado al más rotundo de los fracasos si los hombres no se involucran en sus demandas. Como sucede con tantos otros aspectos, esta llamada de atención a la participación masculina en aras de la obtención de una sociedad igualitaria que redunde en una sociedad más justa para todos y para las futuras generaciones hunde sus raíces en épocas muy remotas – y, en la mayor parte de las ocasiones, muy olvidadas (intencionadamente o no) – de nuestra civilización. Con el objetivo, precisamente, de reivindicar las obras de algunos de los autores que demandaron la igualdad entre hombres y mujeres en las letras europeas de las seis centurias que separan el nacimiento de la literatura italiana de los preludios del romanticismo se ideó, hace ya más de un año, el volumen que aquí se presenta. Leia Mais

História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Rio de Janeiro, v.29, n.3, 2022.

Historia Ciencia Saude1

O valor acadêmico das resenhas de livros Carta Dos Editores

Ars. São Paulo, v.20, n.45, 2022.

ARS Artes visuais

Especial Modernidade Brasileira

Esta edição especial de Ars é apresentada em duas versões: uma delas conta com ensaio visual concebido por Wallace Vieira Masuko especificamente para este número da revista, enquanto a outra é disponibilizada sem a intervenção do artista. Intitulado Vulgata, o ensaio é feito a partir da inscrição de todas as falas presentes no filme São Jerônimo, de 1999, do cineasta Júlio Bressane. Boa leitura!

ARTIGOS

CHAMADA ABERTA | MODERNIDADE BRASILEIRA

PUBLICADO: 2022-08-31

Memoria Americana – Cuadernos de Etnohistoria. Buenos Aires, v.29, n.2, 2021.

Dossier “’Cuando sea grande’: algunas derivaciones de la obra de Martha Bechis”, organizado por María Laura Cutrera y Ariel Morrone: 1 presentación y 5 artículos. Convocatoria abierta: 5 artículos y 2 reseñas.

Presentación

Dossier

Artículos Dossier

Artículos

Reseñas

Publicado: 2021-11-01

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.11, n.08, 2022.

Artigos

Publicado: 2022-08-31

Y dejó de ser colonia. Una historia de la independencia de Brasil | João Paulo Pimenta

Joao Paulo Pimenta Imagem Instituto CPFL

João Paulo Pimenta | Imagem: Instituto CPFL

A obra Y dejó de ser colónia. Una historia de la Independencia de Brasil foi recentemente publicada pela editora espanhola Sílex Ultramar. Organizado por João Paulo Garrido Pimenta, o livro se destina a um público europeu não necessariamente familiarizado com o tema da independência, o que explica a escolha de alguns autores em apresentar textos informativos, abrangentes e mesmo factuais.

No Brasil, a obra poderá ser recebida como parte de um esforço da comunidade acadêmica por discutir criticamente o “7 de Setembro” como marco decisivo da independência do país. Destacam-se, nesse sentido, as ações realizadas pela ANPUH (Associação Nacional de História), os fóruns da Revista Almanack, a programação do Portal do Bicentenário e, finalmente, a agenda da SEO (Sociedade Brasileira de Estudos do Oitocentos). Em todas elas estão presentes a compreensão de que se tratou de um processo plural, diverso e violento, afinal não foi tarefa fácil transformar as “várias independências”5 na “mesma independência”6. Leia Mais

Almanack. Guarulhos, n.31, 2022.

ALMANACK3 2

Imagem de capa: Parte do mural de Juan O’Gorman “Retablo de la Independencia”, localizado no Museo Nacional de Historia Castillo de Chapultepec, Mexico DF.

Palavras para Debate

Artigos

Resenhas

Publicado: 2022-08-30

Los juegos de la política. Las independencias hispanoamericanas frente a la contrarrevolución | Marcela Ternavasio

Marcela Tervanasio Imagem Arquivo da autoraCONICET
Marcela Tervanasio | Imagem: Arquivo da autora/CONICET

Reinhard Koselleck registrou em seu livro Passado Futuro que o neologismo contrarrevolucionário surgiu na França por volta de 1800. Uma irrupção tímida num contexto marcado pela presença avassaladora do conceito de revolução – de adoção nem de longe unívoca –, sempre referido à experiência francesa de 1789. O novo vocábulo, na acepção apresentada por Koselleck, não trazia apenas, se é que trazia, a ideia de defesa da tradição e do antigo regime. A contrarrevolução não seria o conceito antitético, por excelência, de revolução. Na tradução para o alemão, pouco tempo depois, contrarrevolucionário passa a identificar o “inimigo do Estado”. Revolucionário, portanto, designa aquele que respeita o Estado. 3

A ocorrência do tema na literatura4 e na historiografia, desde então, tem refletido essa disparidade entre contrarrevolução e revolução, o que inclui os estudos sobre crise dos impérios modernos no fim do século XVIII e início do XIX. Uma resposta, dentre outras, às razões pelas quais os estudos sobre a contrarrevolução estão longe de se igualar àqueles sobre a revolução é a de que a derrota de tais movimentos teria diminuído o interesse dos historiadores por estudá-los “Ciertamente no fue ese pensamiento antiliberal y contrarrevolucionario el que acabó imponiéndose, y quizá por ello ha sido objeto de un interés menor”.5 O quadro, porém, vem se alterando nos últimos anos, o que se explica, dentre outros fatores, pela conclusão a que chegaram alguns dos estudiosos de que “no se puede separar el estúdio de las revoluciones basadas en los princípios del liberalismo del de las fuerzas antiliberales, fuerán éstas reacionarias o no”.6 Leia Mais

Tiempos críticos: historia, revolución y temporalidad en el mundo iberoamericano: sieglos XVIII y XIX | Fabio Wasserman

Fabi Wasserman Foto Rodrigo LorettPerfil
Fabi Wasserman | Foto: Rodrigo Lorett/Perfil

Se durante boa parte de sua história o tempo foi considerado apenas como uma das premissas implícitas ao ofício da historiografia, capaz de evidenciar por si próprio suas formas de recortá-lo, periodizá-lo e datá- -lo, nesta última metade de século a situação é outra. Uma breve vista aos índices das principais revistas acadêmicas dedicadas à teoria e prática historiográfica revela que nas últimas décadas a problemática das temporalidades tem ganhado espaço cada vez mais relevante nas discussões sobre a história e suas formas de escrevê-la. Vivemos uma crise temporal.3

Evidencia essa tendência não só o fator quantitativo, mas também o qualitativo, expresso nos debates que vêm sendo travados, em escala global, acerca das formas de conceituar e abordar o tempo como elemento central para qualquer narrativa histórica. Mesmo com o recente crescimento no número de estudos que elegem a temporalidade enquanto objeto de análise, ainda não se foi capaz de sanar a escassez de diálogo que afasta dois tipos de história: uma mais voltada à investigação dos eventos e das estruturas sociais, que por vezes considera o tempo simplesmente como dado ou data; e outra, intelectual, que encara a temporalidade como problemática final de sua investigação (por vezes desencarnada). Encontrar meios de aproximação e cruzamento entre as duas tem sido um dos desafios de nossa geração. Leia Mais

Khronos – Revista de História da Ciência. São Paulo, n. 13, 2022.

Kronos3

EXPEDIENTE

CHAMADA

EDITORIAL

ARTIGOS

ENSAIOS

PUBLICADO: 2022-08-30

Bilros. Fortaleza, v.10, n.21, 2022.

Rememoración: entre agencia y actualidad del passado | História da Historiografia | 2022

Detalle del mural de artista Diego Rivera con el famoso eslogan de Emiliano Zapata Tierra y Libertad Imagem Wikipedia
Detalle del mural de artista Diego Rivera con el famoso eslogan de Emiliano Zapata: “Tierra y Libertad” | Imagem: Wikipedia

Durante los primeros años del siglo XXI, la opinión pública renovó las querellas provenientes de la filosofía de la historia y de los llamados estudios de la memoria. En el plano político, recientemente, una nueva versión del neoliberalismo —especialmente en América Latina— ha reformulado sus modos de lidiar con los sentidos históricos. Parece haber allí una invitación a la deshistorización del presente, mas que a prima facie se comprende como un dispositivo de un supuesto agenciamiento que impulsaría al sujeto a ser autosuficiente y a conseguir autónomamente sus objetivos. ¿Pero no estaría en la base de dicho empoderamiento el hecho de que aquello que los sujetos van a buscar libremente no es siempre nada muy distinto a lo que ya existe? ¿No daría esto lugar a una formulación hipócrita de usos del pasado, con sus correspondientes relatos, mitos políticos y hazañas de origen? En este contexto, ¿se alojaría el mito en un uso hipócrita del pasado o en la propia pretensión de Verdad? ¿Existiría, en todo caso, un “por fuera” del mito? ¿No estaremos atrapados en el círculo de lo mítico, en el que la fantasía mítica última consistiría, justamente, en pretender escapar de él? Nuevamente es la teoría de la historia la que viene a informar estos interrogantes. La tesis de que la historia no puede ser comprendida como continuum o como historia magistra vitae no ha perdido vigencia y, sin embargo, eso no entra en contradicción con la inapelable necesidad de los distintos sentidos históricos para la acción colectiva.

En este contexto y en la búsqueda de una actualización histórica, la estructuración de las dimensiones temporales se conjuga con lo social, dando lugar a conflictos teóricopolíticos. La intervención de usos del pasado, que disponen de vivencias y recuerdos colectivos, vuelve nuestro tiempo pretérito un campo de batalla. Así, los modos de construcción del conocimiento histórico se ubican en el centro de la escena, despertando disputas por el sentido del pasado y las formas de acceder a él. A su vez, las diversas interacciones entre historia y memoria y memoria y olvido estructuran tanto nuestro espacio de experiencias como nuestro horizonte de expectativas, forjando distintas perspectivas para el futuro y modos de narrar el pasado. Este dossier es un llamado a reflexionar nuevamente sobre los conceptos clásicos y reversionados de la filosofía de la historia, tales como rememoración, experiencia, aceleración, prognosis y estratos del tiempo, entre otros, a efectos de alumbrar la potencia contemporánea, la politicidad, la agencia y las posibilidades para la movilización que presenta la historia. Leia Mais

História da Historiografia. Ouro Preto, v.15, n.39, 2022.

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Dossiê: Rememoración: entre agencia y actualización del pasado