Teoria feminista: da margem ao centro | Bell Hooks

Bel Hooks
Bell Hooks | Imagem: Editora Elefante

Teoria feminista: da margem ao centro foi escrito por Bell Hooks em 1984, porém traduzido e publicado no Brasil apenas em 2019. A obra faz a crítica do feminismo branco burguês, trazendo para o debate feminista a discussão interseccional, atravessada pelas questões de classe, raça, gênero e sexualidade. A autora nos revela que o livro emerge da necessidade de criar uma teoria voltada para as populações empobrecidas e subalternizadas, uma teoria feminista radical que abarcasse a experiência das mulheres negras e das não brancas empobrecidas.

Bell Hooks, escritora, professora e ativista estadunidense, é considerada uma das mais importantes intelectuais da atualidade, publicou mais de trinta livros, vários deles traduzidos recentemente para o português. Por meio de uma linguagem acessível, a autora aborda temas profundos, expressando um pensamento complexo, que recusa binarismos e não cabe em formulações simplistas. Leia Mais

Pariremos com prazer | Casilda Rodrigáñez Bustos

Casilda Rodriganez
Charla Casilda Rodrigáñez Bustos | Imagem: Instituto Europeo de Salud Mental Perinatal

Casilda Rodrigañez Bustos nasceu na cidade de Madrid na Espanha, em 16 de maio de 1945. bióloga, escritora e feminista, em seus livros ela abordou questões sobre o corpo das mulheres, o parto, a maternidade, as culturas pré-patriarcais, a análise crítica do patriarcado relacionando a desconexão das mulheres com seus corpos, entre outros assuntos dessa natureza. No Brasil, dois de seus livros foram publicados pela Editora Luas: A Matrística: aqui e agora e o livro resenhado. Dentre suas obras, escreveu El asalto al HadesLa sexualidad y el funcionamiento de la dominaciónLa Represión del deseo materno y la génesis del estado de sumisión inconsciente, além de vários artigos e ensaios – todos estes ainda sem tradução para o português brasileiro. Os originais desses textos encontram-se disponíveis no site da autora: https://sites.google.com/site/casildarodriganez/.

Pariremos com prazer aborda positivamente o útero como potência de vida, reconectando-o ao prazer e anunciando os meandros da invenção do parto com dor. O livro engloba as discussões: “Pariremos com prazer”, “Parto orgásmico: testemunho de mulher e explicação fisiológica” e “Estender a teia”. Na primeira parte do livro, “Pariremos com prazer”, Casilda apresenta a tese do parto com prazer e a renúncia à dor no parto como significado de reapropriação feminista do poder fisiológico do útero descontraído e exercitado para o orgasmo. Em “Parto orgásmico: testemunho de mulher e explicação fisiológica”, analisa a capacidade autoerótica das mulheres nos antigos rituais voltados para o exercício uterino e a preparação para o parto natural. Ela analisa, em imagens artísticas, a aparição destes rituais. E, finalmente, “Estender a teia” aborda a reconquista e o reaprendizado dos movimentos uterinos, tais como sentir sua pulsação e cadenciar seu fluxo em todo o corpo para recuperar a maternidade como local de afeto e de empoderamento. Para apresentar a tradução, a Editora Luas convidou a ginecologista feminista Halana Faria e a terapeuta reichiana Cláudia Rodrigues para escreverem o Prefácio. Leia Mais

Being Born: Birth and Philosophy | Alison Stone

Natalidade
Natalidade | Foto: Wesley Almeida/Canção Nova

Alison Stone é uma filósofa inglesa, professora da Universidade de Lancaster e especialista em filosofia continental com destaque para o idealismo alemão e teoria feminista. Ela é autora de livros como Petrified intelligence: nature in Hegel’s philosophy (2004, SUNY Press), Luce Irigaray and The Philosophy of Sexual Difference (2006, pela Cambridge Press) e An Introduction to Feminist Philosophy (2007, pela Polity Press), e coeditora da coletânea Routledge Companion to Feminist Philosophy (2017, Routledge).

Seu livro de 2019, Being Born: Birth and Philosophy amplia algumas noções contidas no sexto capítulo de An Introduction to Feminist Philosophy (Alison STONE, 2007), tendo como objetivo mostrar que a natalidade é “uma dimensão estruturante de nossa existência”1 (Alison STONE, 2019, p. 231). No volume, Stone nos apresenta sete capítulos, nos quais analisa elementos distintos que decorrem do fato de sermos nascidas. O primeiro capítulo explora como o nascimento foi pensado pelas filósofas feministas Luce Irigaray, Adriana Cavarero e Grace Jantzen; os três capítulos seguintes exploram aspectos da condição humana que estão, segundo a autora, conectados ao fato de nascermos: historicidade, vulnerabilidade, dependência, relacionalidade, o fato de nos emaranharmos em redes de poder e nosso caráter situacional resultante. A autora também inclui nesta lista a contingência radical de ser nascida; os dois capítulos seguintes exploram elementos próximos à filosofia existencialista como a angústia causada pelo nascimento e a conexão entre mortalidade e natalidade. O último capítulo se dedica a pensar o nascimento como dádiva a partir do sentido maussiano do conceito. O livro contribui para uma ontologia do nascimento e da relacionalidade constitutiva da existência humana, discute a interseccionalidade em termos de nossas origens natais e dialoga com as teorias contemporâneas sobre o luto. Leia Mais

A potência feminista ou o desejo de transformar tudo | Verónica Gago

Veronica Gago
Verónica Gago | Imagem: Verso Books

“A potência feminista” é um programa de ação e um artifício à medida que traz, desde o título, o signo do movimento. Nesse sentido, a potência feminista é entendida como uma teoria alternativa do poder (Verónica GAGO, 2020, p. 10), tratando-se “da força do processo protagonizado pelos feminismos nos últimos anos” (GAGO, 2020, p. 291). Esse desenho teórico dá pistas da configuração de produção do livro cuja autora, docente da Universidade de Buenos Aires e da Universidade de San Martin, tem a trajetória acadêmica marcada pela colaboração com os coletivos Situaciones e NiUnaMenos.

Esse movimento é feito por meio da greve como uma lente em dois sentidos – analítico e prático -, pelos quais é possível pensá-la como “[…] uma ferramenta prática de investigação política e um processo capaz de construir a transversalidade entre corpos, conflitos e territórios” (GAGO, 2020, p. 15). Leia Mais

María Lugones | Revista Estudos Feministas | 2022

Maria Lugones
María Lugones | Foto: Daily Nous/Reprodução

Homenagear María Lugones no segundo ano após a sua morte é algo pensado a partir do reconhecimento dessa intelectual no reencontro ou na descoberta das feministas brasileiras e latino-americanas com uma teoria própria, que desconstrói o cânone acadêmico e abre para uma virada epistêmica, ao mesmo tempo em que alimenta práticas e utopias.

Pensar Lugones dois anos depois é buscar entender o alcance de sua influência, que vai sendo sorvida em um momento de tensões sociais acirradas, em que o eurocentrismo ainda predomina e se impõe sobre o território latino-americano e o Sul global. E se essa centralidade branco-europeia se perpetua e é sentida, na intersecção entre raça, gênero e situação geopolítica, os esforços intelectuais de Lugones reverberam e não param de abrir novas opções teóricas, outros caminhos de luta e resistência. Leia Mais

Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v. 30, n.1, 2022.

Estudos Feministas

Guia de fósseis da Bacia do Araripe | Antônio Álamo Feitosa de Saraiva, Flaviana Jorge de Lima, Olga A. Barros e Renan Bantin

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Antônio Álamo Feitosa Saraiva | Foto: Acervo pessoal

Foi lançado em novembro último o Guia de fósseis da Bacia do Araripe, um trabalho de fôlego que reúne pesquisas publicadas nos últimos 10 anos sobre a matéria, organizado  pelos professores Antônio Álamo Feitosa Saraiva, Olga Alcântara Barros, Renan Alfredo Machado Bantin, atuantes na Universidade Regional do Cariri – URCA, e Flaviana Jorge de Lima, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.

Guia de Fosseis da Bacia do AraripeComo o próprio título anuncia, trata-se de um Guia, um instrumento de pesquisa que orienta os trabalhadores envolvidos com o estudo dos fósseis nas tarefas de identificação, descrição, classificação e avaliação de material paleontológico encontrável na região. Para Alexander Kellner, paleógrafo e diretor do Museu Nacional (RJ), o guia expressa a qualidade do trabalho dos pesquisadores das universidades federais de Campina Grande, do Ceará, da Rural de Pernambuco e do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (além das já citadas URCA e UFPE), a riqueza singular do material paleontológico encontrado na região e a oportunidade de combater o tráfico de fósseis com ações educativas de amplo alcance comunitário.

Adiantemos o nosso veredicto quanto ao cumprimento dos objetivos: a obra, efetivamente, cumpre a função projetada. Leigos na matéria (mas conhecedores de princípios científicos) vão se sentir atraídos e confortáveis ao folhear o livro. São vinte capítulos, dezesseis dos quais dedicados ao objeto primeiro (os fósseis), de modo sistemático: designação, ilustração primeira da espécie, locais onde são encontrados, “dicas de identificação”, fotografia do original, desenho correspondente à fotografia e referências das obras consultadas na descrição/classificação. Leia Mais

Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.4, mar./abr. 2022.

Critica Historiografica

FORMAÇÃO BÁSICA PARA A PALEONTOLOGIA E O ENSINO MÉDIO – Resenha de Guia de fósseis da Bacia do Araripe, de Antônio Álamo F. Saraiva, Flaviana Jorge de Lima, Olga A. Barros E Renan A. M. Bantim | DOI: PDF

NARRATIVA HISTÓRICA E DEMANDAS SOCIAIS – Resenha de A Cidade em Chamas: O Serviço de Extinção de Incêndios em Natal/RN (1917-1955), de Flademir Gonçalves Dantas | DOI: PDF

QUEBRANDO TABUS – Resenha de Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso, de Luciana Saddi e Maria de Lurdes de Souza Zemel | DOI: PDF

INTRODUÇÃO AO ESTUDO E À PRÁTICA AUTOBIOGRÁFICA – Resenhas de Écrire ses memóires: astuces et conseils pour transformer ses souvenirs en un livre, de Marie -Gaëlle Le Perff, e Aspectos teóricos de la autobiografia, de Edgar Velásquez Rivera | DOI:  PDF

CONTEXTO, CONTEÚDO E DIÁLOGOS TRANSVERSAIS – resenha do dossiê “Ensino de História, livro didático e formação docente”, organizado por Erinaldo Vicente Cavalcanti e Helenice Aparecida Rocha | DOI: PDF

BUSCANDO MEMÓRIAS – Resenha de Entre a Itália e o Brasil Meridional: História Oral e narrativas de imigrantes, de Antonio de Ruggiero e Leonardo de Oliveira Conedera | DOI: PDF


Pareceristas desta edição (v.2, n.3, mar./abr. 2022)

  • Anamaria G. Bueno de Freitas (UFS)
  • Hermeson Alves de Menezes (UAB/UFS)
  • Itamar Freitas (UFS)
  • Magno Francisco de Jesus Santos (UFRN)
  • Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN)
  • Jucieldo Ferreira Alexandre (UFCA)
  • Wesley Garcia Ribeiro Silva (UFPA)

Publicado: 2022-03-02

Economia e cultura dos comuns amazônidas | Escritas | 2021

Renatao Quilombo Grotao
Renatão (2015), do Guilombo Grotão | Foto: Fábio Guimarães/Extra

O tema dos comuns emergiu, nas últimas décadas, no debate político como uma parte das lutas de emancipação social. Diversos atores sociais como movimentos e comunidades do Sul Global ou da periferia do Norte vêm no comum – ou nos comuns – um caminho de lutas contra a prevalência agressiva do capitalismo, neoliberalismo e globalização.

Nas ciências humanas e sociais, diversos estudos têm sido realizados no sentido de conhecer o giro para o comum dos movimentos sociais e comunidades. Esses estudos procuram delimitar o conceito (comuns, comum) e trazer à tona a diversidade institucional a partir da qual o fenômeno concreto (comuns, comum) se manifesta na prática de diversos grupos em contextos e espaços sociais específicos. Leia Mais

Escritas. Araguaína, v.13, n.02, 2021.

ESCRITAS UFT

ECONOMIA E CULTURA DOS COMUNS AMAZÔNIDAS

DOI: https://doi.org/10.20873/vol13n02

APRESENTAÇÃO: Economia e cultura dos Comuns amazônidasEconomia e cultura dos Comuns amazônidas

  • Dernival Venâncio Ramos Junior, Harley Silva
  • PDF

Dossiê

Seção Livre

Publicado: 2022-03-02

Chungará. Arica, v.54, n.1, mar. 2022.

 Arqueología y Patrimonio

 Antropología e Historia

Guia de fósseis da Bacia do Araripe | Antônio Álamo Feitosa de Saraiva, Flaviana Jorge de Lima, Olga A. Barros e Renan Bantin

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Antônio Álamo Feitosa de Saraiva | Foto: Acervo pessoal

O livro Guia de fósseis da Bacia do Araripe, organizado por Antônio Álamo Feitosa Saraiva, Flaviana Jorge de Lima, Olga Alcântara Barros e Renan Alfredo Machado Bantim, além de trazer a descrição dos vários tipos de fósseis do Período Cretáceo, como: plantas, fungos, moluscos, crustáceos, pterossauros, dinossauros e lagartos, é uma excelente referência a ser usada por professores da área de Ciências Humanas na educação básica, inclusive no Ensino Médio, considerada como Ciências Sociais Aplicadas, mesmo que essa não tenha sido a intenção dos seus autores.

Guia de Fosseis da Bacia do AraripeOs estudos de paleontologia, tendo à frente os autores do livro, vêm se destacando na região do Cariri (Ceará, Piauí e Pernambuco), principalmente pelo seu caráter de preservação da riqueza fossilífera da região bem como pela  preocupação em combater o tráfico de fósseis encontrados nas encostas da Chapada do Araripe. As pesquisas para localização e identificação das mais variadas espécies que habitaram a Bacia do Araripe, desenvolvidas pelo Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (LPU/URCA) e lideradas pelo professor Álamo Saraiva, são fundamentais para preservação do importante patrimônio científico e cultural da humanidade. Como reconhecimento internacional destas pesquisas pela comunidade científica internacional, destaca-se a criação do primeiro Geopark no Brasil (Geopark Araripe), o que fortalece ainda mais as identidades regionais e cultiva os necessários valores para o pensamento e a prática preservacionista.

O Guia é uma atualização de outras versões (2010, 2013 e 2015), aprimorado pela inserção de novas descobertas e por uma editoração gráfica bastante atrativa, principalmente pelas fotos e ilustrações em cor que dialogam com os textos descritivos. São escritos objetivos e detalhados de cada espécie que viveu na região há milhões de anos, em uma área que se estende por 12.000 Km².

Embora o objetivo do “Guia” seja a identificação dos fósseis encontrados pelos paleontólogos na vasta região do Cariri, as imagens e escritos trazem uma excelente possibilidade para a melhor compreensão dos estudos básicos de taxonomia de fósseis, paleontologia e geologia, notadamente no contexto de diferentes cenários paleográficos da evolução geológica das bacias do nordeste do Brasil entre o Devoniano Superior e o início do Cretáceo. Mas, é também um instrumento para a educação regular no Ensino Médio, como tratarei ao final desta resenha.

Dois capítulos antecedem a descrição das espécies. Ainda que tenham um caráter introdutório, as descrições são importantes referências para estudos aplicados à educação básica. O primeiro capítulo, “A geologia da Bacia do Araripe”, escrito por Renan Bantim, Flaviana Lima e Álamo Saraiva, traz um mapa geológico com a localização das dez unidades geológicas: a Sequência Paleozóica, com a formação Cariri; a Supersequência Pré-Rife, com as formações Brejo Santo e Missão Velha; a Supersequência Rifte, com a formação Abaiara; a Supersequência Pós-Rifte, constituída pelas formação Barbalha, Crato, Ipubi e Romualdo; temos, ainda, as formações de Araripina e Exu.

Mapa geologico da Bacia Sedimentar do Araripe

Mapa geológico da Bacia Sedimentar do Araripe. Modificado de Mário Assine (Saraiva et. al, 2021, p.15)

No segundo capítulo, os mesmos autores fazem um “breve histórico das pesquisas paleontológicas na Bacia do Araripe”. Descrevem, de forma cronológica, o desenvolvimento da paleontologia, desde que as petrificações de peixes e anfíbios geraram interesses nos cientistas alemães Spix e von Martius, ainda no início do século XIX. Segundo os autores, no relatório dos dois viajantes consta a primeira ilustração de um fóssil encontrado naquele local. Os autores citam Cope, Woodard e Jordan & Brannder como pesquisadores que também se interessaram pelos fósseis do Araripe. No século XX, os estudos sobre a Bacia do Araripe ganharam status de preocupação oficial do estado brasileiro, por meio da Inspetoria de Obras contra as Secas, tendo sido importantes os trabalhos de Crandall, em 1910, e Horace, em 1913.

O capítulo 3, organizado pelas pesquisadoras Flaviana Jorge de Lima, Ana Maria de Souza Alves e Alita Maria Neves Ribeiro, é dedicado à descrição da paleoflora da Bacia do Araripe. A maior preservação se encontra na formação rochosas do Grupo Santana, especialmente as formações Crato e Romualdo, predominando as gimnospermas. É possível, todavia, encontrá-las na Formação Missão Velha, Barbalha e Ipubi. Também já foram localizadas e descritas plantas pteridófilas e angiospermas. Após a rápida introdução do capítulo, as autoras apresentam as plantas divididas em Filicófita; Coníferas; Gnetales; Gimnosperma Incertae sedis; Angiospermas. Cada planta é descrita pelo nome da espécie, local de custódia do Holótipo, sítio de ocorrência mais comum e dicas de identificação, juntamente com uma imagem do espécime (holótipo). Esse esquema de apresentação do conteúdo se repete nos demais capítulos.

O Capítulo 4, de  Álamo Saraiva, é dedicado aos fungos, representados pelo espécime Gondwanagaricites magnificus. Sua descrição segue o padrão: espécie, Holótipo, Ocorrência, Dicas de identificação e imagem acompanhada de escala. Já o capítulo 5 trata dos Moluscos e foi organizado por Damares Ribeiro Alencar e Sílvio Felipe Barbosa de Lima. Os moluscos fósseis da Bacia do Araripe são frequentes desde o Jurássico Superior até o Cretáceo Inferior, respectivamente, nas formações Brejo Santo e Romualdo.

O capítulo 6, organizado por Damares Ribeiro Alencar e Olga Alcântara Barros, aborda os crustáceos, divididos em: camarões, caranguejos e microcrustáceos que, por sua vez, são subdivididos em Copépodes, Ostracodas e Conchostráceos. O capítulo 7, dedicado às miriápodes, foi escrito por Elis Maria Gomes Santana e Renan Alfredo Machado Bantim. Ao menos três espécies foram encontradas na formação Crato e descritas a partir de holótipos depositados em Museus da Alemanha. Também são registradas as ocorrências de cada espécie, acompanhadas de datação cronológica e “dicas de identificação”. Elis Maria Gomes Santana e Edilson Bezerra dos Santos Filho (capítulo 8) escreveram sobre a identificação dos aracnídeos, mais bem preservados na formação Crato. Seu trabalho privilegia dois escorpiões, um Uropígio, um Amblipígio, um Solífugo, um Ácaro e cinco aranhas.

O capítulo 9, composto por Edilson Bezerra dos Santos Filho e Gustavo Gomes Pinho, traz a maior diversidade fóssil da Bacia do Araripe, os Insetos, predominando, quase exclusivamente, na Formação Crato, na qual foram descritas 14 famílias e 53 espécies. O Guia apresenta descrição detalhada de 27 insetos, no mesmo padrão das demais descrições (p. 163-189), além de quadro com as 387 espécies, distribuídas em 22 famílias e 17 ordens, que já foram descritas para a Bacia do Araripe (p. 191-207).

O capítulo 10, escrito por Damares Ribeiro Alencar e Antônio Álamo Feitosa Saraiva, trata dos Equinodermas. A ocorrência desses animais fósseis é mais frequente na Formação Romualdo, sendo importante evidência de ambientes marinhos com elevada salinidade. O Guia traz a descrição de quatro espécies de equinodermas, seguindo o mesmo padrão com o nome da espécie e a localização dos holótipos (2), espécime (1) e Lectótipo (1).

O texto de Thatiany Alencar Batista e José Lúcio e Silva (capítulo 11) trata dos peixes encontrados nas Formações Brejo Santo, Barbalha, Crato, Ipubi e Romualdo. Ao todo, são 35 espécies são descritas no guia. Já o Capítulo 12, escrito por Thatiany Alencar Batista e José Lúcio e Silva, descreve seis espécies de anfíbios. Em seguida, vem o capítulo 13 com 4 espécies de tartarugas, cuja descrição ficou a cargo de Gustavo Ribeiro Oliveira e Thatiany Alencar Batista.

Renan Alfredo Machado Bantim foi responsável pela escrita dos quatro capítulos seguintes. Os capítulos 14 e 15 descrevem, respectivamente, três crocodilos e quatro lagartos. Os pterossauros, comuns na Formação Romualdo e Crato, são o objeto do capítulo 16. Pelo menos dois grupos desses pterossauros são abundantes na região: os Anhangueridae e os Tapejaridae. O Guia nos apresenta oito espécies do grupo dos Anhanguerida; cinco espécies dos Anhagueria; cinco dos Tapejarinae; e dez espécies dos Thalassodrominae. Até agora, já foram descritas 30 espécies de pterossauros para a Bacia do Araripe, sendo seis da Formação Crato e 24 da formação Romualdo.

O capítulo 17 trata dos Dinossauros e Aves. Ao todo são sete espécies descritas, merecendo destaque o Santanrator placidus, pelo seu estado de preservação pouco comum no mundo, possuindo partes de tecidos moles, como peles, vasos sanguíneos e fibras musculares. Vale destacar que o fóssil recebe este nome em homenagem ao Reitor Plácido Cidade Nuvens, criador do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, atualmente importante equipamento de pesquisa no campo da paleontologia. O penúltimo capítulo (capítulo 19) é dedicado ao Museu e seu fundador.

O capítulo 18, escrito por Edilson Bezerra dos Santos Filho e Thatiany Alencar Batista, traz a descrição de onze Icnofósseis, resultantes das atividades deixadas por organismos através da biotubação, biorosão, fezes, ovos ou nidificação. Este e todos os capítulos destinados à descrição dos fósseis são acompanhados de referências bibliográficas.

 

Fosseis do Araripe Crocodilos

(Esquerda) A) Crocodilomorfo Aripesuchus gomessi (AMNH 24450) da Formação Romualdo. B) Espécime SMNK PAL 6404, da Formação Crato | Fotos: Rodrigo Giesta Figureiredo. (Direita) Ovo de Crocodiliforme da Formação Romualdo (parte e contraparte do espécime MDJ Ic-069 | Foto: Paulo Victor de Oliveira || (Saraiva et. al. 2021, p.285, 348)

O capítulo 19, como já dito, é dedicado ao Museu de Paleontologia que atualmente recebe o nome de seu fundador, Plácido Cidade Nuvens (MPPCN). O Museu foi inaugurado em julho de 1988, com o objetivo de guardar e preservar os fósseis, crescentemente tornados alvo de contrabando na região, principalmente do município de Santana do Cariri, cujo prefeito, à época, era o mesmo  professor Cidade Nuvens. Em 1991, o então reitor da Universidade Regional do Cariri (URCA), José Teodoro Soares, firmou o termo de comodato para que o Museu pertencesse à URCA. Classificado como Museu de Ciências Naturais e História Natural, ele expõe vários fósseis descritos no Guia. O Museu também conta com reserva técnica com mais de 7.000 fósseis, resultantes de doações, coletas e escavações realizadas pelo Laboratório de Paleontologia da URCA. Anualmente, o MPPCN recebe visita de mais de 25.000 pessoas, entre os quais figuram estudiosos provenientes de vários países.

O último capítulo do Guia é dedicado ao Laboratório de Paleontologia da URCA (LPU). Criado em 2003 para atender às necessidades de estudos dos cursos de graduação e pós-graduação da URCA, o LPU, hoje, se destaca no âmbito nacional e internacional pelas pesquisas que realiza na Bacia do Araripe. O Laboratório é responsável pela maior quantidade de pesquisas paleontológicas do Ceará. Sempre que possível, o LPU faz exposições itinerantes junto às comunidades das cidades localizadas na Bacia do Araripe  com vistas à conscientização sobre a importância de preservar o patrimônio fossilífero da região. O LPU mantém parcerias com diversos laboratórios nacionais e internacionais e seus membros já publicaram em revistas renomadas no cenário científico mundial. Não por acaso, o Museu de Paleontologia e o Laboratório de Paleontologia da URCA são roteiros fundamentais das visitas guiadas do Geopark Araripe.

A descrição panorâmica que fiz até aqui expressa a quantidade e a qualidade do trabalho dos pesquisadores de várias universidades nordestinas no campo da Paleontologia, mas não esgota o valor do Guia no que diz respeito aos seus usos. Na condição de profissional formador, com experiência de mais de duas décadas no Ensino Médio, gostaria de destacar algumas possibilidades dessa publicação. Evidentemente, não se trata de um livro didático por destinação. Mas, pode muito bem ser transformado em livro didático quando for manuseado na bancada de cada laboratório, biblioteca ou repositório digital das escolas estaduais do Ceará, Piauí, Pernambuco e Paraíba e demais estados brasileiros.

Um professor de Geografia, por exemplo, pode usar o Guia para trabalhar com localização geográfica e a formação de relevos, principalmente a partir do Capítulo 1 (p. 14-15) que trata da “Geologia da Bacia da Chapada”. O professor pode usar as excelentes imagens desse capítulo para demonstrar as diversas camadas de rochas e estratificação do relevo.

O professor de Biologia terá a oportunidade de usar os estudos apresentados pelo guia como ferramenta de compreensão da evolução dos seres vivos, fazendo trabalho interdisciplinar com a Geografia, ao desenvolver fundamentos básicos de Economia com atividades que envolvam o uso de combustíveis fósseis, a preservação do meio ambiente e poluição das camadas atmosféricas.

O professor de Matemática, igualmente, pode ser inserido nestes debates para trabalhar com operações básicas (como regra de três) e escalas gráficas, a transformação de grandezas em centímetros, milímetros e quilômetros, fornecendo uma dimensão mais significativa das distâncias de tempo que nos separam dos fósseis e uma melhor compreensão melhor do que vem a ser proporção. Este diálogo entre a Matemática e a Biologia poderá favorecer a compreensão da dimensão de tempo que separa os grandes ecossistemas da atualidade dos ecossistemas mais remotos.  Pondo a Geografia nesse trabalho, o professor demonstrará como os fósseis são importantes ferramentas na compreensão da datação e ordenação das sequências sedimentares, notadamente da Bacia do Araripe.

Na mesma direção, o Guia pode estimular a reflexão sobre a origem dos humanos e sua relação com a natureza nos tempos atuais já que a Paleontologia, como ciência, não escapa à Filosofia, como testemunham Xenófanes (570-475 a.C), ao estudar fósseis marinhos submersos, e Curvier, com seus estudos de anatomia comparada de fósseis – uma das principais referências na obra filosófica do Michel Foucault, de As palavras e as coisas (2016).

O diálogo se estende às Ciências Sociais, podendo ajudar a questionar paradigmas como o mito de origem humana e como as sociedades de forma geral utilizavam,  utilizam e significam esses fósseis, por exemplo, como adornos para os próprios corpos ou em suas habitações na atualidade. Certamente, seria uma ótima oportunidade para debater os conceitos de identidade e pertencimento e questionar sobre o lugar dos fósseis: eles estariam melhor situados no museu ou enfeitando estantes mundo a fora?

Por fim, o professor de História pode fazer parte deste projeto, refletindo com estudantes da Educação Básica sobre os viajantes do século XIX, suas necessidades científicas na perspectiva da colonialidade e como esse fenômeno está presente na região com as práticas de contrabando dos fósseis da região do Cariri.

Em síntese, considerando as metas estabelecidas e cumpridas pelo LP/URCA e os usos potenciais na formação dos alunos do Ensino Médio, considero que o Guia de Fósseis da Bacia do Araripe é leitura obrigatória para os que se propõem à prática de pesquisa em Paleontologia e Geologia na Bacia do Cariri, como também para os professores da educação básica, especialmente, na região do Cariri-CE. Com toda certeza, será uma ferramenta a mais na luta pelo conhecimento e preservação do rico patrimônio paleontológico, arqueológico, histórico e cultural da região. Parafraseando o prefaciador do Guia, Alexander Kellner, quem conhece e preserva não aceita o contrabando e o tráfico ilícito de suas riquezas naturais e culturais.


Sumário do Guia de fósseis da bacia do Araripe

  • Prefácio
  • Autores
  • Apresentação
  • A geologia da bacia do Araripe | Renan Alfredo Machado Bantim, Flaviana Jorge de Lima e Antônio Álamo Feitosa Saraiva
  • Breve histórico das pesquisas paleontológicas na bacia do Araripe | Renan Alfredo Machado Bantim, Flaviana Jorge de Lima e Antônio Álamo Feitosa Saraiva
    1. Plantas | Flaviana Jorge de Lima, Ana Maria de Souza Alves e Alita Maria Neves Ribeiro
    2. Fungos | Antônio Álamo Feitosa Saraiva
    3. Moluscos | Damares Ribeiro Alencar e Silvio Felipe Barbosa de Lima
    4. Crustáceos | Damares Ribeiro Alencar e Olga Alcântara Barros
    5. Miriápodes | Elis Maria Gomes Santana e Renan Alfredo Machado Bantim
    6. Aracnídeos | Elis Maria Gomes Santana e Edilson Bezerra dos Santos Filho
    7. Insetos | Edilson Bezerra dos Santos Filho e Gustavo Gomes Pinho
    8. Equinodermas | Damares Ribeiro Alencar e Antônio Álamo Feitosa Saraiva
    9. Peixes | Thatiany Alencar Batista e José Lucio e Silva
    10. Anfíbios | Thatiany Alencar Batista e José Lucio e Silva
    11. Tartarugas | Gustavo Ribeiro Oliveira e Thatiany Alencar Batista
    12. Crocodilos | Renan Alfredo Machado Bantim
    13. Lagartos | Renan Alfredo Machado Bantim
    14. Pterossauros | Renan Alfredo Machado Bantim
    15. Dinossauros e aves | Renan Alfredo Machado Bantim
    16. Iconofósseis | Edilson Bezerra dos Santos Filho e Thatiany Alencar Batista
    17. O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens | Antony Thierry de Oliveira Salú e José Lucio e Silva
    18. O Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri – LPU | Antônio Álamo Feitosa Saraiva

Vídeo de apresentação do Guia de fósseis da bacia do Araripe por um dos seus organizadores Link


Resenhista

Francisco Egberto de MeloFrancisco Egberto de Melo – Doutor em Educação (PPGE/UFC), professor do Departamento de História da Universidade Regional do Cariri (DH/URCA) é líder do Núcleo de Pesquisa Ensino, História e Cidadania (NUPHISC/URCA). Publicou, entre outros trabalhos, “Toda a História em cinco minutos! História pública e ensino – considerações sobre o passado ensinado no Youtube”, em coautoria com Sônia Meneses (2021), “Vamos saudar o Brasil: civismo, autoritarismo e ensino de História” (2021) e “Base Nacional Comum Curricular e Documento Curricular Referencial do Ceará para o ensino de História: prescrição e resistência no tratamento das relações de gênero, étnicas e raciais” (2021) e “Biopoder e saber médico: normatização, vigilância e controle de corpos tuberculosos (Brasil, 1920 – 1970)”, em coautoria com Raiza Amanda Gonçalves de Souza e Deyvillanne Santos Oliveira dos Anjos. ID: https://orcid.org/0000-0003-0749-136X; E-mailfrancisco.melo@urca.br; Instagram: https://www.instagram.com/melo.egberto/; Facebook: facebook.com/egbertomelo13 


Para citar esta resenha

SARAIVA, Antônio Álamo Feitosa de; LIMA, Flaviana Jorge de; BARROS, Olga A.; BANTIM, Renan (org.). Guia de fósseis da Bacia do Araripe. Crato: Olga Alcântara Barros; Governo do Estado do Ceará, 2021. 378p.  Resenha de: MELO, Francisco Egberto de. Formação básica para a Paleontologia e Ensino Médio. Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.4, p.11-16, mar./abr. 2022. Consultar publicação original.

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© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

Boletim de História e Filosofia da Biologia. [?], v.16, n.1, mar. 2022.

História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 29, n.1, 2022.

Historia Ciencia Saude1

I Colóquio de História Antiga e Medieval da UNIPAMPA | Alétheia – Revista de Estudos sobre Antiguidade e Medievo | 2021

Dossiê: I Colóquio de História Antiga e Medieval da UNIPAMPA, realizado entre 28 a 30 de abril de 2021. Alétheia – Revista de Estudos sobre Antiguidade e Medievo. Jaguarão, v.1, n.1, 2021. Acessar dossiê

[Nao há apresentação disponível para este dossiê]

Alétheia – Revista de Estudos sobre Antiguidade e Medievo. Jaguarão, v.1, n.1, 2021.

Aletheia 2

O Dossiê contará com as contribuições em História Antiga selecionadas durante o I Colóquio de História Antiga e Medieval da UNIPAMPA, realizado entre 28 a 30 de abril de 2021.

Artigos

Publicado: 2022-03-01

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.11, n.02, 2022.

Artigos

Resenhas

Notas de Pesquisa

Publicado: 2022-03-01

História & Luta de Classes. [?], v.17, n.33, mar. 2022.

  • História & Luta de Classes. [?], v.17, n.33, mar. 2022.
  • EXPEDIENTE…………………………………………………………………………………………………….. 4
  • APRESENTAÇÃO………………………………………………………………………………………………. 5 RESUMOS ………………………………………………………………………………………………………….. 8
  • ABSTRACTS…………………………………………………………………………………………………….. 10
  • HOMENAGEM…………………………………………………………………………………………………. 12
  • Os muitos fios que tecem a trama do recordar: o legado de Enrique Serra Padrós… 12
  • Alessandra Gasparotto e Carla Luciana Silva
  • DOSSIÊ  AMÉRICA LATINA: LUTAS SOCIAIS E REVOLUÇÕES ………………….. 17
  • Lutas sociais e pandemia: há esquerda por fora da ordem? …………………………………. 17
  • Ana Elisa Corrêa Luciana Henrique da Silva
  • A experiência da
  • Unidad Popular à luz dos marxismos: debates teóricos e políticos . 33
  • João Pedro Rossi Lays Correa da Silva
  • A via chilena da contrarrevolução ………………………………………………………………………. 47
  • Marcial Humberto Saavedra Castro Lina María Brandão de Aras Fermento místico: Cristianismo
  • Libertador e movimentos sociais latino-americanos ………………………………………………………………………………………………. 62
  • Sebastião Vargas Cuba na gestão da COVID-19: a vida como prioridade ……………………………………….. 76
  • Arelys Esquenazi Borrego Aline Fardin Pandolfi Gissele Carraro
  • ARTIGOS
  • CONCLAP: estágio superior da militância político-empresarial no Brasil (1959-1964)………………………………………………………………………………………….. 91
  • Renato Luís do Couto Neto e Lemos
  • Estudantes Pela Liberdade: formas de organização e atuação, financiamento e intelectuais (2012-2016)…………………………………………………………………………………….. 106
  • João Elter Borges Miranda
  • Os conflitos do marxismo no século XXI em meio à afirmação de uma educação pública e integral no Brasil que assegure a diversidade do gênero humano …………. 117
  • Marcos Antonio Macedo das Chagas
  • RESENHA
  • Indígena: questão incontornável para a revolução latino americana …………………… 132
  • Carmen Susana Tornquist
  • PARA OS AUTORES ………………………………………………………………………………………. 137

 

Mulheres no Mundo Antigo parte II/Mythos – Revista de História Antiga e Medieval/2022

No início de 2021, a Revista Mythos lançou o dossiê Mulheres no Mundo Antigo. Pesquisadoras dos variados rincões do Brasil e da América Latina aderiram à chamada e a coleção de artigos planejada para um número se transformou em duas, uma publicada em meados daquele ano e esta agora, em 2022. Bons frutos do trabalho acadêmico em curso, desde meados dos anos de 1990. Leia Mais

Diacronie. Studi di Storia Contemporanea. Bologna, n.49, 1, 2022.

I. 1992: UN PANORAMA POLITICO

II. LA CRIMINALITÀ ORGANIZZATA NEL PASSAGGIO FRA PRIMA E SECONDA REPUBBLICA

III. COMUNICAZIONE E MEDIA: IL 1992 COME TORNANTE STORICO?

IV. RECENSIONI

E foi a assim que eu e a escuridão ficamos amigas | Emicida

Emicida Leandro Roque de Oliveira Imagem Divulgacao
Emicida (Leandro Roque de Oliveira) | Imagem: Divulgação

E se um livro pudesse acalantar o coração de uma criança que tem medo do escuro? E se esse livro contasse uma história em formato de poema e não só convencesse os pequenos que o receio é comum e que até os adultos o sentem em certos momentos, mas também os encantasse com os versos rimados a cada virar de página? É dessa forma que Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, rapper, cantor, letrista, compositor e autor da obra “E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas” brinca com a imaginação e conta uma bela história em forma de poesia.

Emicida é muito assertivo com a escolha do tema do seu livro: o medo e este, relacionado ao escuro, é uma vivência muito comum na infância. Debater este assunto em um livro infantil em formato de poesia é uma sacada muito positiva do autor. Para deixar a história ainda mais convincente, o livro de Emicida conta com belíssimas ilustrações de Aldo Fabrini que fogem do comum e trazem traços bastante originais dando ainda mais vivacidade aos momentos que se intercalam entre o medo e a coragem. Leia Mais

A Cidade em Chamas: O Serviço de Extinção de Incêndios em Natal/RN (1917-1955) | Flademir Gonçalves Dantas

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Flademir Gonçalves Dantas | Foto: Acervo do autor

A Cidade em Chamas: O Serviço de Extinção de Incêndios em Natal/RN (1917-1955), doravante A Cidade em Chamas, foi escrita por Flademir Gonçalves Dantas, que possui duas graduações (História e Direito), especialização em Direito Público e mestrado em História, todas estas formações pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Trata-se do primeiro volume de uma trilogia que contará a história do serviço de extinção e prevenção de incêndios, atualmente Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte – CBMRN, em três recortes cronológicos lineares. O segundo e o terceiro volumes, ainda a serem publicados, abarcarão, respectivamente, os recortes entre 1955-1976 e de 1976 a 2002. A obra é prefaciada pelo Professor Emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, Carlos Roberto de Miranda Gomes, que também se anuncia membro das Academias ANRL, AML, ALEJURN, ABROL, IHGRN, UBE-RN e MHV da OAB/RN. Conta também com uma apresentação de autoria de Luiz Monteiro da Silva Junior, comandante geral do Corpo de Bombeiros do Estado potiguar.

O livro está organizado em dez capítulos, sendo que o primeiro o introduz e comunica o objetivo, notas discretas sobre a escolha teórico-metodológica e a discussão bibliográfica. Este último exercício denota sobretudo o silêncio e a raridade dos trabalhos a respeito da temática no âmbito da sociedade norte-rio-grandense, elemento que serve de justificativa a produção ensejada. O objetivo central é “estimular as novas gerações de bombeiros a conhecerem o […] rico passado” (p. 22) da corporação e se ancora dentro de uma história institucional militar, com ênfase na experiência dos seus membros, “sem descartar o caráter utilitário da história enquanto ferramenta para aprender com o passado” (p. 22). Leia Mais

Écrire ses memóires: astuces et conseils pour transformer ses souvenirs en un livre | Marie -Gaëlle Le Perff || Aspectos teóricos de la autobiografia | Edgar Velásquez Rivera

Marie Gaelle Le Perff e Edgar Velasquez Rivera
Marie-Gaëlle Le Perff e Edgar Velásquez Rivera | Imagens: Narrovita e Proclama

Dois manuais recentes sobre a elaboração de autobiografias foram lançados em línguas francesa e espanhola com abordagens e destinatários diferenciados. Não apresentam inovações  na área, mas vale a pena submetê-los à crítica como indicador da bibliografia circulante para o interessado na temática. Eles são: Écrire ses memóires: astuces et conseils pour transformer ses souvenirs en un livre, de Marie-Gaëlle Le Perff, e Aspectos teóricos de la autobiografia, de Edgar Velásquez Rivera.

Écrire ses mémoires é um singelo manual introdutório às artes dos escritos de vida (biografias, autobiografias e memórias). Foi publicado em 2020 com a meta de auxiliar pessoas comuns a escreverem suas lembranças, por si mesmas, dando a conhecer questões e conceitos típicos da investigação do gênero e da publicação independente. Sua autora, Marie-Gaëlle Le Perff, é formada em Jornalismo (Paris 7) e Biologia (Poitiers) e se apresenta como redatora da revista Vie Chrétienne, biógrafa familiar e especialista na cobertura de assuntos da saúde. Leia Mais

Entre a Itália e o Brasil Meridional: História Oral e narrativas de imigrantes | Antonio de Ruggiero e Leonardo de Oliveira Conedera

Antonio de Ruggiero 2

Antonio de Ruggiero | Imagem: PUC-RS / Acervo pessoal do autor

Entre a Itália e o Brasil Meridional: História Oral e narrativas de imigrantes, organizado por Antonio de Ruggiero e Leonardo de Oliveira Conedera, apresenta estudos de caso de pesquisadores brasileiros sobre a temática da História da Imigração Italiana a partir de fontes orais que, ao possibilitarem uma variação de escalas entre a história individual e a grande história, permitiriam compreender a memória coletiva como a lembrança de um passado comum dentro de uma comunidade que constrói e reconstrói identidade compartilhada.

Segundo Maria Lusitana Santos (2012, p.161), a memória seria um tema popular na produção cultural de sociedades desenvolvidas. Podemos dizer que a memória ascendeu como importante fonte no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) em virtude das tentativas de se apagar as fontes oficiais. Os testemunhos do vivido por vítimas dos campos de concentração e extermínios, por exemplo, surgem como um registro de um passado que não poderia ser esquecido, conferindo à História Oral um dos expedientes empregáveis para pesquisadores de História. Leia Mais

Revisionismos, negacionismos e usos políticos do passado | Cadernos de Pesquisa do CDHIS | 2021

Negacionismos Defesa da ciencia tambem foi pauta dos atos contra a gestao Bolsonaro
Defesa da ciência também foi pauta dos atos contra a gestão Bolsonaro | Foto: Sergio Lima/ AFP

Nas três últimas décadas a publicação de obras relacionadas aos usos do passado cresceu no campo historiográfico brasileiro. A polêmica sobre as inovações dos estudos sobre o escravismo e a divulgação da tradução de Os Assassinos da Memória, de Pierre Vidal-Naquet (1988), acentuaram o debate de historiadoras e historiadores profissionais acerca das representações sobre o passado e de seus usos políticos, além do papel da ideologia na fabricação desses discursos e as implicações éticas presentes na escrita sobre temas sensíveis, como o escravismo, o holocausto judeu e outros genocídios.

A consolidação dessa discussão e os movimentos de revisão de temas variados, prática típica da historiografia, permitiram que a academia nacional avançasse rumo à produção de conhecimento sobre objetos clássicos como revisionismo e negacionismo. Alguns autores dedicaram seus trabalhos à reflexão sobre tais conceitos ou práticas a eles associados a partir de debates sobre o negacionismo da barbárie nazista (JESUS, 2006), os revisionismos sobre a ditadura civil-militar brasileira (MELO, 2014; 2017) e, em parte, sobre as correntes revisionistas da historiografia sobre a União Soviética e sobre a Ásia (SEGRILLO, 2010; 2017). Para além do debate estritamente acadêmico houve também a tentativa de trazer a discussão para meios de maior acesso, como canais do Youtube ou podcasts em diversas plataformas, como o Leitura ObrigaHISTÓRIA e o História FM. Leia Mais

Cadernos de Pesquisa do CDHIS. Uberlândia, v.34, n.2, 2021.

Cadernos de Pesquisa do CDHIS

Dossiê: Revisionismos, negacionismos e usos políticos do passado

Imagem da capa: Cercas no campo de concentração em Auschwitz – Fences in Auschwitz Birkenau

  • Mário Costa de Paiva Guimarães Júnior

Editorial

Apresentação

Entrevista

Publicado: 2022-02-24

Revista Brasileira de História Militar. Rio de Janeiro, v.12, n.30, nov. 2021.

Publicado em 24 de fevereiro de 2022

Trabalho, Educação e Saúde. Rio de Janeiro, v.20, 2022.

Trabalho Educacao e Saude1 2

Estudios de Filosifía Práctica e Historia de las Ideas. Mendonza, vol. 24, 2022

Dosier

Artículos

Publicado: 2022-02-17

Contribuições da literatura para a História da Educação | Cadernos de História da Educação | 2022

Este dossiê parte da premissa de que a literatura tem contribuições preciosas a oferecer para a história da educação. À partida, no que concerne mais de perto ao domínio metodológico, é notável a dilatação – acompanhada em seu aspecto quantitativo pelo que se refere também à diversidade – das fontes e dos objetos propiciados pelas obras literárias para a interpelação do passado educativo realizada pelo historiador. A exploração dessa potencialidade está em íntima consonância com o movimento de renovação historiográfica vindo à tona nas últimas décadas do século XX no terreno da história tout court e que chega um pouco mais tarde ao domínio da história da educação. Caracterizada em grande medida pelo protagonismo das temáticas de matiz sociocultural, as apropriações realizadas no interior desta última apontam outrossim para novos problemas, os quais terminam por provocar novas abordagens, intensificando o diálogo da história da educação com outras áreas das ciências humanas, especialmente em torno da mobilização de novos repertórios teóricos.

Em correlação com o movimento assinalado acima, a maior presença da literatura, tomada tanto como fonte quanto como objeto de análise no campo da história da educação, faz-se sentir a partir dos anos 1990 em vários dos veículos de divulgação e escoamento da produção da área. Nas revistas especializadas do campo, surgidas na maior parte naquele decênio e nos seguintes, nas atas dos eventos científicos da área e nas monografias produzidas no interior dos programas de pós-graduação se observam abordagens variadas, que abrangem desde a literatura infantil, passando por perfis de intelectuais da educação e sua vinculação ao campo literário, a produção literária de professores, as dimensões educacionais presentes na obra de escritores, a literatura nas políticas e projetos de alfabetização, a própria história da literatura infantil até os possíveis usos da literatura como fonte para a exploração dos processos de escolarização. Leia Mais

Debates plurais: historiografia e história | História Debates e Tendências | 2022

O ex presidente boliviano Evo Morales Foto Bertand LangloisAFP
O ex-presidente boliviano Evo Morales | Foto: Bertand Langlois/AFP

É com satisfação que apresentamos o volume 22, número 1, da revista História: debates e tendências, publicação científica que, ao longo de seus vinte e três anos de existência, tem desempenhado relevante papel de divulgação acadêmica e intercâmbio institucional na área de História. Editada pelo Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade de Passo Fundo, a revista espelha as problemáticas que se articulam em torno da área de concentração do programa, História, Região e Fronteiras, em uma perspectiva transdisciplinar.

A edição atual, Debates plurais: historiografía e história, revela pesquisas com temáticas e fontes diversificadas, de autoria de pesquisadores vinculados à instituições do Brasil e do exterior, e está composta pelas seções Dossiê, Artigos Livres e Entrevista. Leia Mais

História – Debates e Tendências. Passo Fundo, v.22, n.1, 2022.

Historia Debates e Tendencias

Dossiê “Debates plurais: Historiografia e História”

Editorial

Dossiê

Artigos Livres

Entrevistas

Publicado: 2022-02-16

Circulação transnacional de livros de leitura e de manuais pedagógicos (entre fins do século XIX e início do século XX) | Cadernos de História da Educação | 2022

Os estudos relativos à transnacionalidade de artefatos e práticas pedagógicos, bem como o seu potencial de transnacionalização, têm se apresentado há um par de anos em periódicos de História da Educação de diversos países ocidentais. Com isso, o exame do tema avançou consideravelmente, mas está longe de ter se esgotado; há muito o que estudar sobre os livros escolares e sua circulação mundo afora. Por isso, esse dossiê investe no aprofundamento de um tópico relativo ao tema: circulação transnacional de materiais pedagógicos impressos, quer tenham nascido com destinação escolar quer tenham ganhado ulterior uso escolar. Tornou-se quase que sinônimo da modernidade a circulação de materiais impressos dados ao acesso pelas mais diferentes formas que vão do empréstimo à venda superfaturada; da impressão em folha solta a encadernados luxuosos; de versões vernaculares a traduções pouco ou nada amistosas, incluídas às muitas “apropriações” alimentadas por peculiares visões dos “gostos locais”.

Os livros de leitura, os livros didáticos, os compêndios ou manuais para formação do docente da escola primária, são documentos privilegiados neste dossiê, com vistas à análise da circulação transnacional desses fragmentos de cultura por meio dos quais se veiculam saberes e valores. O dossiê conjuga pesquisas que examinam livros, a partir de recortes temporais distintos, mas que privilegiam do século XIX às primeiras do século XX, de forma a compor um certo corpus analítico e de fontes. Assim, esta proposta objetiva discutir a produção e a circulação de livros produzidos em Portugal, na Itália, e no Brasil para pensar a história da educação a partir das diferentes projetos educacionais impressos nesses artefatos culturais. Aportes teóricos da História Cultural e História da Educação sustentam as análises que mobilizam, para além de livros, legislações, relatórios, jornais, correspondências, dentre outros materiais.

Justino P. De Magalhães abre o dossiê com o artigo Livro escolar – adaptação e tradução no Portugal de Oitocentos: do ‘aprender pelo livro’ ao ‘mestre-livro’, efetuando incursões em terras européias, a francesa em especial, na medida que recolhe elementos que lhe permitem explicar a criação do livro escolar moderno não só em terras portuguesas como brasileiras. Adentrando o século XIX, seu artigo acompanha os diversos momentos em que o livro vai se transformando em livro para uso escolar com distinção entre o livro para o aluno e o livro para o professor. Em fins do Oitocentos, o autor já tem em mãos uma diversidade de formatos de livros escolares, o que lhe permite afirmar que a proliferação do livro escolar, do pequeno livro e do periódico estão na origem da aculturação de massas. As transformações que registra no livro de uso escolar em relação aos demais livros e que lhe conferem especificidade permitem que conclua ser ela decorrente da regulação e do controle da produção e do acesso, bem como o fato de ser portador de orientações para a leitura.

O artigo de Samuel Castellanos, Livros de leituras ou manuais de civilidade como cultura material da escola maranhense para o ensino do ler e do vir-a-ser, como o próprio título indica, trabalha sobre livros/manuais que circularam no Maranhão do Oitocentos; são materiais que lhe permitem interrogar os pontos de contato entre “livros de leitura de autores maranhenses e manuais de civilidade não nacionais”, quais sejam: espanhóis, portugueses e franceses. É instigante como aí se enseja sua interlocução com o artigo de Justino Magalhães. Castellanos busca em R. Chartier e N. Elias referências conceituais para pensar os livros/manuais como suportes de regras que postas em circulação para a criação do sujeito civilizado. Posto face a face, os materiais maranhenses e europeus permitem que ele conclua que as variações percebidas naqueles são indicativas das novidades dos programas de ensino, nos métodos e nos usos prescritos daqueles materiais “como pretexto na formação do leitor em formação independentemente de seus níveis de leitura, da restrição de aprovação e indicação das obras que não cumprissem com as reformas da instrução, obrigando-as a uma reformulação e a um ajustamento segundo as prescrições nos dispositivos legais”.

O terceiro artigo desse dossiê é de Mirian J. Warde, Adaptações e traduções: cartilhas e livros de leitura “de americanos para filipinos” (início do século XX), opera um deslocamento, em relação aos anteriores, ao examinar livros escolares estadunidenses – cartilhas e livros de leituras – utilizados nas Filipinas pelos Estados Unidos durante os primeiros anos da ocupação, início do século XX, implicando operações, também essas, de deslocamento e imposição de uma cultura sobre a outra. O artigo foi provocado, originalmente, pela notícia de que a estadunidense The Arnold Primer, de Sarah Louise Arnold, indicada para adoção em São Paulo na versão traduzida e adaptada para escolares brasileiros (1907), teria sido também adaptada para escolares filipinos (1904), porém, não traduzida. O que seria “adaptação” em uma circunstância que sequer se pode chamar de transnacional? Uma condição na qual a confrontação entre culturas oblitera completamente os significados de civilização e barbárie, dissipam qualquer ilusão de que haja fronteiras entre esses dois modos de representação das culturas? Neste artigo são exploradas, especialmente séries documentais compostas por relatórios anualmente preparados pelo governo dos Estados Unidos nas Filipinas, acrescidas de um leque bastante diversificado de outras fontes.

Um novo deslocamento é operado com a inclusão dos três artigos a seguir que põem em cena dois países, Brasil e Itália, tanto mantendo as suas distâncias e diferenças quanto destacando suas interconexões.

Terciane Luchese com o artigo ‘Quando il mondo era Roma’: livros escolares para fascistizar os italianos no exterior, o caso brasileiro (1922-1938) contribui para que mantenhamos o exercício de abandono de qualquer laivo romântico que por ventura ainda guardávamos em relação aos livros escolares. Neste artigo, Luchese examina um livro – que dá título ao artigo – no contexto em que a Itália fascista, por meio de seus cônsules, enviava livros para as escolas italianas no Brasil, com o intuito de cativar os emigrados para os princípios e práticas daquele regime que ascendera ao poder em 1922, com Mussolini, e só foi encerrado com a derrota do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Roger Chartier é também seu vetor conceitual para as análises construídas sobre uma extensa base documental e bibliográfica. Luchese se pôs como desafio “compreender as políticas educacionais e culturais da Itália e sua vinculação com o contexto brasileiro e gaúcho durante os anos 1920 e 1930, em especial atentando para políticas, produção, circulação e distribuição de livros escolares fabricados durante o fascismo para as ‘escolas italianas no exterior’” que ela enfrenta em dupla direção: de um lado, examinando as políticas italianas e “suas relações/ressonâncias em terras brasileiras” e, de outro, pelo exame de um livro específico destinado à “juventude no exterior”.

Por sua vez, artigo de Claudia Panizzolo, Livros escolares para a escola elementar italiana nos dois lados do Atlântico: o estudo do Libro d’appunti de Giovanni Soli (entre o final do século XIX e início do século XX) opera um deslocamento temporal, para fins do século XIX e início do XX, e geográfico. Apresenta como objetivo compreender as políticas educacionais, a produção, a circulação e a distribuição de livros escolares para a península e escolas italianas no exterior, especificamente em São Paulo- Brasil. Panizzolo examina uma rica variedade de fontes documentais como os relatórios de cônsules, ofícios, despachos, circulares ministeriais e anuário das escolas italianas, além do ‘livro de anotações’, objeto central de sua análise. Mobiliza o corpus conceitual em especial de Chartier e Choppin para definir os procedimentos e as direções de análise, e após detalhado estudo sobre os livros em circulação na Itália e no Brasil, discordando de análises menos aprofundadas, conclui que os livros que foram distribuídos pelo Consulado italiano eram recém-publicados, de expressiva circulação na Itália e muito contribuíram para inventar o italiano na Península e fora dela.

O último artigo do dossiê escrito por Michelina D’Alessio, intitulado Manuais e livros de texto para os professores italianos da emigração no início do novecentos, lança luzes sobre um fenômeno importante para a história da educação, brasileira e italiana, que é a preparação dos professores de emigração, ou seja, aqueles profissionais que pretendiam emigrar além-mar para diversos países, entre os quais o Brasil. A autora faz uso de um corpus documental diversificado que inclui manuais, livros de texto, os quais eram direcionados para esse público de professores emigrantes. A análise efetuada por D’Alessio coloca em cena uma perspectiva pouco explorada ainda dentro da temática da escolarização e/ou educação dos imigrantes italianos que é relativa ao percurso formativo dos professores que emigrariam. Ao longo do texto, na análise dos manuais e livros de texto, a autora observa, também, o papel do Estado italiano nos assuntos referentes a emigração para o exterior. Ainda, a partir do texto é possível compreender a emigração italiana a partir de um ponto de vista transnacional que a coloca dentro de um panorama internacional e interconectado.


Organizadores

Claudia Panizzolo – Universidade Federal de São Paulo (Brasil) https://orcid.org/0000-0003-3693-0165     http://lattes.cnpq.br/7842950333039932 E-mail: claudiapanizzolo@uol.com.br

Mirian Jorge Warde – Universidade Federal de São Paulo (Brasil) https://orcid.org/0000-0002-1119-6729  http://lattes.cnpq.br/2154986656715564 E-mail: mjwarde@uol.com.br


Referências desta apresentação

PANIZZOLO, Claudia; WARDE, Mirian Jorge. Apresentação. Cadernos de História da Educação, v.21, e115, 2022. Acessar publicação original

Acessar dossiê

A pedagogia personalizada e comunitária no espaço ibero-americano (1950-1970) | Cadernos de História da Educação | 2022

A historiografia da educação francesa tem feito trabalhos instigantes sobre a pedagogia personalizada e comunitária, elaborada pelo educador jesuíta francês Pierre Faure. Em 1998, Anne-Maria Audic publicou «Pierre Faure s.j. 1904-1988: vers une pédagogie personnalisée et communautaire», livro que aborda a trajetória sócio-pedagógica do padre Faure. A pedagogia fauriana aparece sendo construída nas intervenções educativas desse padre jesuíta ecumênico, particularmente na segunda metade do século XX.

Em 2008, foi colocado à lume um volumoso conjunto de textos de Pierre Faure sob o título «Précurseurs et Témoins d`un enseignement personnalisé et communautaire», em que ele analisa as contribuições inovadoras da pedagogia de autores antigos como Jean-Jacques Rousseau e Henri Pestalozzi e educadores do novecentos como Maria Montessori, Ovide Decroly e Célestin Freinet. Leia Mais

Cadernos de História da Educação. Uberlândia,  v.21, 2022.

 

Uma Casa de Educação Literária: 150 anos do Atheneu Sergipense | Eva Maria Siqueira Alves, João Paulo Gama Oliveira e Rosemeire Marcedo Costa

As efemérides constituem relevantes espaços de celebração e de construção de análises que tendem a avaliar as experiências tecidas na malha do tempo. Nos idos de 2020, em pleno contexto dilacerado pelos dilemas da pandemia, ocorreram as celebrações alusivas ao bicentenário da emancipação política de Sergipe e do sesquicentenário da mais longeva instituição educacional do estado, o portentoso Atheneu Sergipense. Infelizmente, em decorrência das necessárias ações de isolamento social, as ruas e os auditórios estiveram vazios, desprovidos de festejos, de eventos e da presença de sujeitos que enfaixam sentidos, vivem e narram as histórias. Entretanto, nem tudo foi silêncio. No dia 19 de outubro, uma live reuniu um considerável número de historiadores da Educação no efusivo lançamento da coleção “Uma Casa de Educação Literária: 150 anos do Atheneu Sergipense”. Trata-se de uma coleção que reúne dez livros que têm como escopo a trajetória da velha instituição de ensino secundário de Sergipe.

Certamente, o evento de lançamento pode ser entendido como o principal episódio das aludidas celebrações. Além disso, a coleção se tornou o marco, o registro historiográfico que investiga o passado do Atheneu Sergipense em seus variados aspectos. Assim, os discípulos de Clio cumpriram seu compromisso com a memória, ao reunir esforços para demarcar o tempo com uma produção que amplifica a visibilidade do ensino secundário sergipano. Leia Mais

Escola no Rio Grande do Sul (1889-1950): ensino/culturas e práticas escolares | Jsé Edimar de Souza

A obra Escola no Rio Grande do Sul (1889-1950): ensino, culturas e práticas escolares (Caxias do Sul, editora Educs, 2020, 476 páginas, e-book), organizada pelo professor e pesquisador José Edimar de Souza evidencia o esforço do seu organizador em contribuir para o campo da história da educação no Rio Grande do Sul. O livro está estruturado em quatro eixos de abordagem, os quais serão explorados no decorrer desta resenha. Ao compor a obra desta forma, o autor nos propicia estabelecer um panorama das produções acadêmicas sobre instituições escolares no estado. Da mesma forma, entendemos que tal organização permite ao leitor perceber os diferentes rumos e segmentos que a pesquisa sobre instituições pode tomar. A obra é prefaciada pelo professor António Gomes Ferreira, da Universidade de Coimbra, cujos estudos se dedicam ao campo da História da Educação, Políticas educacionais e Educação Comparada. Leia Mais

Colegio Santa Isabel de Hungría: 60 años al Servicio e la Educación Chilena con Carisma Franciscano | Jaime Caiceo Escudero

El texto en comento es una obra que ha surgido en honor a los 60 años del Colegio Santa Isabel de Hungría, el cual ha estado al servicio de la Educación Chilena con Carisma Franciscano durante todo ese tiempo, cuya fundadora fue la Madre Teresa Ortúzar Ovalle (1882-1969). La investigación realizada para efectuar este libro se divide en dos partes; la primera realizada con motivo de las bodas de oro del Colegio Santa Isabel de Hungría : 1961-2011 y la segunda con el motivo antes referido. Esta obra consta de prólogo, introducción, 6 capítulos, conclusiones, fuentes de consulta y anexos.

El Prólogo lo realiza la Superiora de la Congregación, Hna. Bernarda Madariaga Urzúa, agradeciendo a Dios el tiempo en el cual el colegio ha ido creciendo y mejorando en la atención a los niños, niñas y jóvenes de la zona sur de Santiago, especialmente de recursos medios y bajos, cumpliendo con los deseos de la Fundadora. Textualmente, señala: “Quien lea este libro, se dará cuenta la fuerza y el amor del autor y podrá compaginar con sorprendente naturalidad las huellas de gestación de estos 60 años de luces y sombras que entretejió esta mujer religiosa con pasta de santidad, junto a sus hijas religiosas y a muchos laicos que creyeron en esta locura de amor, que supo amalgamar entre el cielo y la tierra un itinerario de vida, para que fuera un aporte de paz y bien a la Sociedad Chilena”. Leia Mais

Escola nova em circuito internacional: cem anos da New Education Fellowship | Rafaela Silva Rabelo

Recompor o mosaico dessas narrativas, atando aquilo que se foi produzindo como separado, envolve uma virada epistemológica, a busca de outros referenciais de análise que, abdicando de colocar em primazia os contextos nacionais, se sensibilize por uma abordagem de cariz transnacional (VIDAL, 2021, p.11-12).

A New Education Fellowship (NEF), conhecida também como Ligue Internationale Pour L’Education Nouvelle, foi criada há 100 anos, em congresso realizado na cidade de Calais, na França. Baillie-Weaver foi nomeado como presidente, Beatrice Ensor assumiu como diretora organizadora, e Elizabeth Rotten e Adolphe Ferrière foram nomeados como diretores (VIDAL; RABELO, 2019). Com sede fixada em Londres, a NEF “emergiu como um movimento internacional desenhado para agregar pessoas de diferentes países em torno da renovação da educação e da escola”, reunindo “tanto educadores e profissionais ligados à educação quanto leigos” (RABELO; VIDAL, 2018, p. 03). Tendo por intuito difundir e promover discussões referentes aos diferentes aspectos da educação nova, a NEF organizou conferências bianuais, realizadas em diferentes países, assim como teve associada a publicação de três revistas: The New Era, editada por Beatrice Ensor, Pour L’Ere Nouvelle, por Adolphe Ferrière e Das Werdende Zeitatter, por Elizabeth Rotten1 (VIDAL; RABELO, 2019). Essa mobilização a favor da renovação da escola e da educação contribuiu, ou mesmo reafirmou, com o que é denominado na historiografia da educação como o Movimento da Escola Nova. Leia Mais

Espaço e lugar privilegiado para formação de professores: Instituto de Educação “Fernando Costa” (1953-1975) | Aline de Novaes Conceição

A presente obra é fruto de uma dissertação de mestrado defendida em 2017 no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, campus de Marília. Neste livro, Aline de Novaes Conceição pesquisa como o Instituto de Educação (I.E) “Fernando Costa”, instalado em Presidente Prudente/SP, desenvolveu suas atividades, sobretudo, as finalidades previstas no Código de Educação do Estado de São Paulo.

O livro foi prefaciado por Macioniro Celeste Filho, professor permanente do Programa de Pós-graduação em Educação, da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, campus de Marília. A obra é dividida em três capítulos que analisam os diversos aspectos da formação de docente no I.E “Fernando Costa”. Leia Mais

A educação soviética | Marisa Bittar e Amarilio Ferreira Junior

A história da escola e da pedagogia soviéticas eram parte da história da sociedade soviética organicamente conectada a ela. (Bittar; Ferreira Junior, 2021, p.100)

A epígrafe que abre essa resenha foi citada no livro “A educação soviética” de Marisa Bittar e Amarilio Ferreira Junior, lançado em 25 de agosto de 2021 pela EduFSCar. Mostra que para o estudo da escola real construída após a Revolução de 1917, incluindo seus antecedentes situados no Império czarista e os desenvolvimentos posteriores até 1991 com o fim da União Soviética, é necessário situar historicamente as características e princípios que a nortearam. É o que fazem os autores, ao longo de quase 300 páginas oferecendo aos leitores a oportunidade de conhecer não apenas o chão da escola soviética, mas também compreender a gênese do pensamento educacional soviético por meio dos protagonistas das diversas etapas dessa experiência pedagógica radical que percorreu 74 anos da história do século XX. Para enfrentar esse tema, que até então não havia sido tratado nos estudos do campo da educação em língua portuguesa, os autores mobilizaram um rico instrumental teórico e metodológico que foi complementado com conhecimentos adquiridos durante a primeira metade da década de 1980, quando tiveram a oportunidade de estudarem no Instituto de Ciências Sociais de Moscou. Essa estadia de um ano para frequentar um curso teórico e realizar trabalho voluntário fazia parte da política de formação de quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi assim que os então professores do ensino secundário público no Brasil puderam conhecer o sistema educacional da Rússia soviética. Tais vivências formam o pano de fundo que contribuiu para elaboração desse livro. Quem ganha com isso é o leitor. Leia Mais

Uma década de prosa: impressos e impressões da professora e jornalista Maria Mariá (1953- 1959) | Hebelyanne Pimentel da Silva

A jovem pesquisadora Hebelyanne Pimentel da Silva, graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas apresenta, nesse livro, o resultado de um estudo em que analisa aspectos da trajetória de Maria Mariá de Castro Sarmento (1917-1993), professora e jornalista que viveu e atuou na cidade de União dos Palmares, situada ao norte do estado de Alagoas. Apoiando-se na micro-história, especificamente nos estudos de Carlo Ginzburg (2006) e em diálogo com Arlette Farge, Michelle Perrot, Joan Scott e outros, a autora se dedica, por um lado, a contribuir com a construção da história da educação em Alagoas e, por outro, a dar visibilidade a uma personagem que, conforme tantas outras mulheres, tiveram suas ações e a própria existência relegadas ao esquecimento (PERROT, 2018).

A pesquisa foi realizada em diferentes acervos locais: Casa Museu Maria Mariá, Secretaria de Cultura Palmarina, Biblioteca Municipal Jorge de Lima e Escola Estadual Rocha Cavalcanti. Foram também consultados acervos estaduais: Arquivo Público de Alagoas (APA), Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL) e Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos (BPEGR), além da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O seu resultado é organizado em duas partes: na primeira, em três capítulos, apresenta o aporte teórico e o diálogo com outros estudos que apresentam mulheres letradas de diversas regiões brasileiras e de outros países, que realizaram ações em prol da difusão da leitura e do desenvolvimento da educação e cultura. Apresenta também o perfil da jornalista Maria Mariá e busca aproximações e distanciamentos com o movimento da Escola Nova. Na segunda parte, a autora apresenta a transcrição de 57 textos de autoria de Mariá, constituídos por notícias locais e regionais, crônicas e textos de opinião – seu grande achado -, publicados no período de 1953 a 1959 no Jornal de Alagoas, periódico impresso em Maceió1. Essa característica particular da obra demonstra a generosidade da autora em compartilhar fontes inéditas por ela “garimpadas”, possibilitando novas interlocuções, além de proporcionar, efetivamente, maior visibilidade à personagem em estudo. Leia Mais

Da Monumentalidade à Demolição: O Prédio do Jardim da Infância Anexo à Escola Normal de São Paulo (1896-1939) | Sandra Aparecida Melro

O livro Da Monumentalidade à Demolição: O Prédio do Jardim da Infância anexo à Escola Normal de São Paulo (1896-1939) (2021), de Sandra Aparecida Melro é fruto da sua dissertação de mestrado defendida em 2019, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sob a orientação da Prof. Mirian Jorge Warde, que prefacia este livro. A dissertação de Melro (2019) compõe um escopo de pesquisas orientadas por Warde, nos últimos 25 anos, acerca da Escola Caetano de Campos, antiga Escola Normal de São Paulo, desde sua criação, mas com atenção no período da Proclamação da República até os anos de 1930, instituição que representa os ideais republicanos para a educação paulista que se tornou modelo nacional.

Melro (2021) faz excelente uso das publicações sobre o tema, apresentando, por sua vez, uma importante contribuição para os estudos sobre a educação, no período pesquisado, sobretudo sobre o Jardim de Infância e as propostas republicanas para a educação nacional que previam abranger a população em geral, incluindo o estrangeiro. Leia Mais

Experiências formativas não escolares: História & Teoria da Educação | Matheus da Cruz Zica

A proposta do ebook “Experiências formativas não escolares: história & teoria da Educação”, lançado em 2021, é colocar em evidência outras instituições que promovem a educação não legitimada, como é o caso da instituição escolar, mas que contribuem para a formação dos indivíduos, das suas subjetividades. Essas outras instituições são: o Estado, a medicina, o meio de comunicação jornalístico impresso, os livros, instituições religiosas, o meio social, como a família, a vizinhança etc. O ebook está dividido em três partes, com sete capítulos, onde os autores/pesquisadores corroboraram com a temática principal de pensar a educação e sua história a partir de lugares comuns, ou seja, fora da escola. Organizado pelo historiador, pesquisador e professor Matheus da Cruz e Zica, que tem estudado a “formação” dos indivíduos nos mais diferentes espaços, este ebook apresenta justamente este aspecto formativo das subjetividades em lugares inimaginados.

Assim, na parte I são destacadas as experiências que “a morte” pode proporcionar nesse lugar incomum, fora dos espaços escolares propriamente ditos. De autoria de Thiago Rafael Oliveira, o primeiro capítulo intitula-se “A desinstrução do corpo antes da chegada a Auschwitz: a emergência do homo läger nas narrativas de Primo Levi e Miklós Nyszli (1935-1944)”. Ao traçar um contraponto entre as tristes lembranças dos sobreviventes de Auschwitz e o esfacelamento das bases humanas construídas no decorrer da vida, o autor destaca como o Estado também participa da formação da subjetividade humana. Amparado em Foucault, Oliveira afirma que “em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados” e que, por vezes, o Estado busca produzir “corpos submissos”. Leia Mais

Educação não escolar: Religiosidade e modos de fazer de uma curadora | Márcio Barradas Sousa e Maria betânia B. Albuquerque

A obra é resultado da dissertação de mestrado defendida em 2015 no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA). No livro, Márcio Barradas Sousa e Maria Betânia B. Albuquerque analisam os saberes e as práticas educativas cotidianas presentes no atendimento de pessoas submetidas às orações e tratamento de cura realizada por Odinéia dos Santos Barbosa, na comunidade quilombola de Abacatal, em Ananindeua, no Pará. Dona Dionéia, como costumava ser chamada, era conhecida como benzedeira que tratava os males espirituais provocados pelos seres habitantes das matas. Como aporte teórico metodológico os autores buscaram alicerçar-se nos pressupostos da história cultural, cuja abordagem historiográfica volta-se para a vida cotidiana, objetos e temas ligados à vida social dos homens e mulheres no tempo. Além disso, utilizaram-se do método da história oral e da técnica da entrevista semiestruturada, bem como características da pesquisa etnográfica.

Nesse movimento analítico os autores demonstraram o protagonismo de dona Dionéia e conferiram-lhe o status de exímia educadora ao revelar que esta, ao mudar de religião, criou uma metodologia própria de prática de cura ressignificando os processos educativos que utilizava no enfrentamento de doenças espirituais das pessoas que a procuravam. Nesse aspecto, tratava-se de processos educativos de natureza não escolar identificado pelos autores nas tessituras cotidianas das práticas de dona Dionéia e seus educandos, cuja relação era perpassada pelo processo de ensino e aprendizagem, na qual era mediadora de múltiplos saberes, disseminados pelo método da oração e da terapia de cura. Leia Mais

Museus Pedagógicos: diálogos ibero-americanos 1 | Cadernos de História da Educação | 2022

A circulação de ideias pedagógicas que contribuíram para edificar projetos de escolarização da infância, acompanhando a consolidação dos Estados-nação, teve alguns sustentáculos. Destacamos aqui o aparato legislativo, que compreende um conjunto de prescrições que apoiaram o desenho da composição administrativa, entre elas a obrigatoriedade escolar; as Exposições Universais como espaços de difusão de modelos, ideias, circulação de mercadorias direcionadas ao provimento da escola – especialmente a primária – e à promoção de um nicho de mercado; e a organização de Museus Pedagógicos, os quais assumem, neste Dossiê, lugar central.

Numa caracterização mais ampla, os Museus Pedagógicos2 podem ser descritos “como um centro de formação para professores, onde seriam desenvolvidos, testados, apresentados e difundidos novos métodos, mobiliários e instrumentos didáticos” (Petry; Gaspar da Silva, 2013, p. 82). Ou, como o propunha Bartolomé Cossío (1886), um órgão que serviria para a introdução dos avanços referentes à educação primária presentes em países considerados referência (in: García del Dujo, 1985). Para Pedro Moreno Martínez, Leia Mais

Cantareira. Niterói, v.1, n. 36, 2022.

Cantareira3

Cantareira 20 anos: edição especial

Editorial e Sumário

Artigos Livres

Transcrições

Publicado: 2022-02-12

Sankofa. São Paulo, v.15, n.26, 2022.

Sankofa4

ARTIGOS

PUBLICADO: 2022-02-11

Revueltas. Revista Chilena de Historia Social Popular. Santiago, n.5, 2022.

Presentación

Dossier Central

Artículos

Fuentes y documentos para la Historia Social Popular

Reseñas

Publicado: 2022-02-11

Construir soberanía. Una interpretación económica de y para América Latina | Theotonio dos Santos

La presente antología presenta un conjunto de textos sobre el científico social brasilero Theotonio Dos Santos (1963-2018), especialmente sus aportes sobre la formación económica y social de Brasil como latinoamericana a partir del marxismo nacionalizado que adoptó en sus análisis. Como destaca Mónica Bruckman en una introducción a la obra, los escritos del brasilero pueden datarse en cuatro momentos cronológicos: la apropiación del marxismo, la dinámica de la dependencia, el papel de la revolución científico-técnica y las preocupaciones sobre la economía mundial. Estos ejes que atraviesan la obra de Dos Santos, se tornan de especial importancia en nuestros días teniendo en cuenta los problemas de desarrollo, integración política y lucha contra la desigualdad que enfrentará la región luego de la pandemia por COVID-19.

A partir de los años 1960 Dos Santos comenzó a formarse en el marxismo y a vincularse con importantes intelectuales como Aníbal Quijano, Fernando Enrique Cardoso, Francisco Weffort, Pedro Paz, entre otros. Aquí se sitúan sus primeros análisis y publicaciones en torno a las clases sociales en Brasil y el desarrollo desde un punto de vista político. Luego vinieron los años en la Universidad de Brasilia donde Dos Santos se apropiará de la teoría marxista de la dependencia y su posterior exilio a Chile tras el golpe de 1964 donde seguiría trabajando con reconocidas figuras como Ruy Mauro Marini y André Gunder Frank. En una tercera etapa iniciada con el golpe de Estado en Chile en 1973 vino la desarticulación de los estudiosos de la dependencia y el exilio a México para desempeñar labores en la Universidad Nacional Autónoma de México donde se dedicó a estudiar la revolución científica tecnológica y su impacto en el desarrollo de las fuerzas productivas a nivel global. Fueron los años en que Dos Santos aportó al conocimiento del capitalismo global y al papel de la ciencia en el desarrollo de industrias y la intervención el Estado en ese proceso. Por último, viene el núcleo de estudios en torno al desarrollo y el proceso civilizatorio desde perspectivas históricas donde profundizó el enfoque de Kondrátiev y cuestionó a teóricos de renombre como a Immanuel Wallerstein y a Giovanni Arrighi en torno a la formación capitalista mundial. Leia Mais

Construir soberanía. Una interpretación económica de y para América Latina | Theotonio dos Santos

La presente antología presenta un conjunto de textos sobre el científico social brasilero Theotonio Dos Santos (1963-2018), especialmente sus aportes sobre la formación económica y social de Brasil como latinoamericana a partir del marxismo nacionalizado que adoptó en sus análisis. Como destaca Mónica Bruckman en una introducción a la obra, los escritos del brasilero pueden datarse en cuatro momentos cronológicos: la apropiación del marxismo, la dinámica de la dependencia, el papel de la revolución científico-técnica y las preocupaciones sobre la economía mundial. Estos ejes que atraviesan la obra de Dos Santos, se tornan de especial importancia en nuestros días teniendo en cuenta los problemas de desarrollo, integración política y lucha contra la desigualdad que enfrentará la región luego de la pandemia por COVID-19.

A partir de los años 1960 Dos Santos comenzó a formarse en el marxismo y a vincularse con importantes intelectuales como Aníbal Quijano, Fernando Enrique Cardoso, Francisco Weffort, Pedro Paz, entre otros. Aquí se sitúan sus primeros análisis y publicaciones en torno a las clases sociales en Brasil y el desarrollo desde un punto de vista político. Luego vinieron los años en la Universidad de Brasilia donde Dos Santos se apropiará de la teoría marxista de la dependencia y su posterior exilio a Chile tras el golpe de 1964 donde seguiría trabajando con reconocidas figuras como Ruy Mauro Marini y André Gunder Frank. En una tercera etapa iniciada con el golpe de Estado en Chile en 1973 vino la desarticulación de los estudiosos de la dependencia y el exilio a México para desempeñar labores en la Universidad Nacional Autónoma de México donde se dedicó a estudiar la revolución científica tecnológica y su impacto en el desarrollo de las fuerzas productivas a nivel global. Fueron los años en que Dos Santos aportó al conocimiento del capitalismo global y al papel de la ciencia en el desarrollo de industrias y la intervención el Estado en ese proceso. Por último, viene el núcleo de estudios en torno al desarrollo y el proceso civilizatorio desde perspectivas históricas donde profundizó el enfoque de Kondrátiev y cuestionó a teóricos de renombre como a Immanuel Wallerstein y a Giovanni Arrighi en torno a la formación capitalista mundial. Leia Mais

Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Rio Grande, v.13, n.27, 2021.

Publicado: 2022-02-10

Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v.55, 2021.

Editorial

Apresentação

Dossiê temático

Artigos

Publicado: 2022-02-08

Resenha Crítica. Aracaju & Crato, v.2, n.11, 07 fev. 2022.

Subvariante da Omicron
Amostras de exame com as confirmação de subvariante da Ômicron | Foto: Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas / Uol Notícias
Resenha Crítica. Aracaju & Crato, v.2, n.11, 07 fev. 2022. ISSN 2764-0302

Colegas,

No mês de janeiro, coletamos dossiês sobre história da doença e da saúde, com destaque para as consequências da Pandemia para as economias e sociedades da América Latina.

As resenhas passam por uma espécie de entressafra, comum nos meses de janeiro e fevereiro, contabilizando pouco mais de uma dezena.

A aquisição de novos acervos de periódicos, por outro lado, não diminui. Nos últimos trinta dias, incorporamos ao nosso blog: duas revistas sobre Ensino de Geografia, uma especializada em Estudos da Morte e do Morrer e três revistas dedicadas, respectivamente, à História Social, Biografias e Autobiografias e Estudos sobre o Mundo Antigo.

Saúde e trabalho para todos nós!

Itamar Freitas e Jane Semeão (Editores)

 

(*) Para receber a listagem de todas as nossas publicações, mensalmente e sem custos, faça o seu cadastro aqui.


Resenhas


Dossiês


Sumários


Periódicos recentemente incorporados ao acervo

Conheça a totalidade do acervo

Para adequado uso do espaço na página inicial deste blog, destacamos apenas algumas resenhas, dossiês, sumários e apresentações de periódicos recentemente incorporados ao acervo em cada edição mensal do Resenha Crítica.

A quantidade de textos, porém, se altera à medida que incorporamos novos periódicos, retroativamente, aos nossos bancos de dados.

Para conhecer a totalidade das aquisições de resenhas, apresentações de dossiês e sumários, publicados originalmente no período 1839-2021, utilize os filtros da barra lateral.

 


Resenha Crítica. Aracaju & Crato, v.2, n.11, 7 fev. 2022.

ISSN: 2764-0302

RC - CAPA DE RC

Plínio Salgado: Biografia Política (1895-1975) | João Fábio Bertonha

Joao Fabio Bertonha Imagem FacebookJornal Opcao

João Fábio Bertonha é um dos principais historiadores brasileiros especializado no estudo das experiências autoritárias no Brasil do século XX, especialmente no que se refere ao Integralismo Brasileiro. Seu último trabalho publicado, cuja presente resenha irá analisar, é a construção de um perfil biográfico do expoente máximo do Integralismo Brasileiro: Plínio Salgado. Apesar de associação imediata de Salgado com o Integralismo, Bertonha mostra ao leitor aspectos outros de sua trajetória. Além disso, traça paralelos importantes com o tempo no qual ele esteve inserido, o que ajuda a compreender melhor as transformações e escolhas feitas em diferentes momentos por Plínio Salgado ao longo de sua vida.

O livro foi divido em quatro partes, com 13 capítulos. Na primeira delas, composta por quatro capítulos, o autor se debruça no processo de formação de Plínio Salgado enquanto intelectual e sua inserção no mundo da política. A segunda parte, que vai dos capítulos 5 ao 8, focou na construção da AIB (Ação Integralista Brasileira) e a experiência de Salgado a frente do movimento até sua derrocada, após a tentativa frustrada de um golpe de Estado. Os capítulos 9, 10 e 11 compõe a terceira parte do livro e dizem respeito a fase de exílio de Plínio e sua família em Portugal; seu retorno ao Brasil após o fim do Estado Novo e seu retorno a vida política no período da redemocratização pós 1945. Por fim, a última parte do trabalho analisa o envolvimento de Salgado com o golpe de 1964 e com o governo ditatorial, seus últimos anos e a sobrevivência simbólica de Plínio Salgado. Leia Mais

Sertão História. Crato, v.1, n.1, 2022.

Expediente

Apresentação

Resenha

Entrevista

Publicado: 2022-02-04

Autoria e autoridade entre antigos e modernos | Revista de História | 2022

Herodotus
Herodotus | Imagem: BBC

O tema deste dossiê sugere uma série de questões voltadas para os processos de escrita e o papel dos que escrevem, sobretudo as inscritas nas relações entre autoria e autoridade. São exemplos disso a discussão sobre uma possível dimensão transcendental, legitimadora e incontestável de autoridade ou o debate acerca da existência de uma genialidade criativa inata, apenas dois dos variados problemas que permitem explorar a perspectiva de que atribuir um texto a uma identidade individual não é o suficiente para que se forme autoria, não sendo igualmente possível admitir a categoria “autor” em chave essencialista, pois são muitos os resíduos semânticos depositados nela. Essa agenda traz à tona a tarefa de reconstituir posições de autores historicamente situadas e os variados critérios de credibilidade dos discursos nas condições de autoria que lhes foram atreladas. A variação desses elementos ao longo do tempo se dá no horizonte de um diálogo com formas de autorização instituídas nos termos da rivalidade e da adesão, impulsionando tradições textuais e relações de valência epistêmica. Trata-se, assim, de processos de longa duração, cujas características subjazem discursos do presente mesmo quando não abordam direta e explicitamente temas do passado. A partir disso, podemos afirmar, então, que pensar a relação entre autoria e autoridade hoje, com base no contraste entre “antigos” e “modernos”, nos oferece aportes complementares, estruturantes e indispensáveis à reflexão sobre discursos de natureza diversa. O que ocorre quando tais recursos são mobilizados para pura e simples autopromoção? Existe autoridade sem verdade? O autor exerce responsabilidade sobre seu texto e, portanto, deve encarar as consequências daquilo que escreve, ou o texto tem uma vida independente de seu criador, de maneira que devemos separar o eu subjetivo da função-autor? Quando não existe autoria, é possível afirmar a existência de autoridade? Se sim, em que sentido? A quem pertence a autoridade? A indivíduos, artefatos, instituições, tradições – ou a autoridade é efetivamente constituída no cruzamento dessas instâncias? Eis as reflexões proporcionadas pelo dossiê autoria e autoridade entre antigos e modernos. Leia Mais

Diálogos sobre a Modernidade. Vitória, v.4, 2022.

Dialogos sobre a Modernidade

Diálogos sobre a Modernidade

  • Patrícia Merlo, Lucas Braga
  • PDF

Artigos

Publicado: 2022-02-03

Artificios – Revista Colombiana de Estudiantes de Historia. Bogotá, v.20, 2022.

Tema libre

Editorial

Artículos tema libre

Publicado: 2022-02-03

Moções – Revista de Relações Internacionais. Dourados, v.10, n.20, 2021.

Fronteira e Defesa Nacional: Segurança Integrada e Ajuda Humanitária

EXPEDIENTE

APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ

ARTIGOS DOSSIÊ – FRONTEIRA E DEFESA NACIONAL: SEGURANÇA INTEGRADA E AJUDA HUMANITÁRIA

ARTIGOS – SEÇÃO MISCELÂNEA

RESENHAS BIBLIOGRÁFICAS

TRADUÇÃO

EDIÇÃO COMPLETA

PUBLICADO: 02/02/2022

Micro-Spatial Histories of Global Labour | C. G. De Vito e A. Gerritsen

Anne Gerritsen Imagem The Britsh Academy
Anne Gerritsen | Imagem: The Britsh Academy

A obra “Micro-Spatial Histories of Global Labour” foi publicada pela editora londrina Palgrave Macmillan no ano de 2018, sob organização de Christian De Vito (pesquisador associado da Universidade de Leicester, Reino Unido) e Anne Gerritsen (professora vinculada ao Departamento de História da Universidade de Warwick, Reino Unido). Organizados em ordem cronológica, os doze textos – alguns em coautoria – foram escritos por historiadores e historiadoras de diferentes origens, sendo oito italianos, duas inglesas, um austríaco, um iraniano e uma autora grega. Tal publicação é essencial para pensarmos as relações e possibilidades de pesquisa envolvendo a história global e a micro-história sob temática do mundo do trabalho.

De Vito e Gerritsen abrem o prefácio com um episódio envolvendo a apresentação de Hans Medick, em Pequim, sobre uma remota aldeia suábia que tentava manter técnicas tecelãs e agrícolas dentro de sua comunidade. Os questionamentos levantados após o final da exposição acabaram por conectar a localidade na Alemanha com os estudos de padrão de desenvolvimento no delta de Yangtze, na região de Xangai. Ainda que inicialmente não houvesse a intenção de conectar Yangtze com a Alemanha, a metodologia micro-histórica empregada por Medick possibilitou integrações em uma perspectiva global. Dessa maneira, os autores mencionam que a partir de 2010, estudos que combinavam as abordagens micro e global começaram a ser empreendidos por uma série de pesquisadores dentro da história do trabalho, como aqueles produzidos por Francesca Trivellato, John-Paul Ghobrial e Lara Putnam. Leia Mais

História Ambiental: configurações do humano e tessituras teórico-metodológicas | Ilsyane do Rocio Kmitta, Suzana Arakaki e Tânia Regina Zimmermann

Suzana Arakaki Imagem Dourados News
Suzana Arakaki | Imagem: Dourados News

A obra História ambiental: configurações do humano e tessituras teórico-metodológicas, organizada pelas historiadoras Ilsyane do Rocio Kmitta, Suzana Arakaki, Tania Regina Zimmermann, professoras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, foi publicada em 2020, pela editora Milfontes. Os oito capítulos que compõem o livro são escritos por pesquisadores de diferentes regiões do país, o que, como mencionado por Susana Cesco na apresentação da obra, indica para a descentralização das pesquisas em história ambiental, que vem se fortalecendo no Brasil. Considerando os capítulos em conjunto, permitem ao leitor que conheça importantes aspectos da área de pesquisa, bem como levantam reflexões a respeito do seu papel tanto no ensino básico quanto no superior.

Ao longo do primeiro capítulo, intitulado História ambiental: alguns desafios conceituais e políticos, os historiadores Eurípedes Antonio Funes e Kenia Sousa Rios, professores da Universidade Federal do Ceará, apresentam algumas provocações em torno da ideia de natureza como um fato dado. Para eles, as noções de natureza são historicamente construídas, sendo influenciadas pelas variadas experiências temporais. Assim, exemplificam que a concepção de natureza como um recurso a ser dominado, inclusive no campo científico, remete ao século XIX. Nesse contexto, os autores apontam que o nordeste brasileiro passa a ser concebido como uma natureza inóspita, onde a seca se torna um obstáculo para a modernização do sertão. Leia Mais

Feminismos e literaturas | Literatura, História e Memória | 2021

Fragmented Feminisms Imagem Sem autoria identificada
Fragmented Feminisms | Imagem: Sem autoria identificada

Quando elaboramos a chamada deste dossiê para a Revista de Literatura, História e Memória, decidimos propor o tema “Feminismos e literaturas” porque ambas as organizadoras estávamos envolvidas e muito entusiasmadas com nossas atuais pesquisas que se vinculam, de distintas formas, às diferentes vertentes das teorias feministas, aplicadas a distintos objetos de estudo. Ambas vínhamos de pesquisas que se relacionavam com outras áreas, mas há algum tempo vínhamos nos sentindo convocadas a direcionar nossos estudos às teorias feministas por variados motivos, sendo um dos mais potentes a procura por parte de nossos alunos e, especialmente, nossas alunas por estudar questões relacionadas a essa área que parecia ter pouco espaço de discussão nas instituições das quais fazíamos parte.

A resposta que obtivemos à chamada deste dossiê parece indicar que os estudos relacionados aos feminismos – neste caso, aqueles que têm como objeto de estudo textos literários – condiz à busca de nossas alunas e nossos alunos. Isso porque tivemos a grata surpresa de receber sessenta e oito submissões para compor um dossiê de quinze artigos, o que parece indicar que há grande produção sobre o tema e, talvez, pouco espaço para sua divulgação. Leia Mais

Literatura História e Memória. Cascavel, v.17, n.30, 2021.

Literatura Historia e Memoria

DOSSIÊ: FEMINISMOS E LITERATURAS

PÁGINAS INICIAIS

APRESENTAÇÃO

DOSSIÊ: FEMINISMOS E LITERATURAS

PESQUISA EM LETRAS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO E LITERATURA, ENSINO E CULTURA

RESENHAS

PUBLICADO: 02-02-2022

Negacionismos, Anti-intelectualismo e Fake News: A aporia da História na era da ‘pós-verdade’/ Escrita da História/2022

O décimo sétimo número da Revista Escrita da História (REH) apresenta o dossiê temático “Negacionismos, Anti-intelectualismo e Fake News: A aporia da História na era da ‘pós-verdade’”, organizado pelo editor da REH, Prof. Dr. Isaac Harillo Jerez. A proposta do dossiê é refletir pontos nevrálgicos das sociedades contemporâneas sob o signo da “pós-verdade”, como o discurso negacionista e a disseminação de informações falsas nas redes sociais.

Tais questões são reflexo da intensificação de movimentos de extrema direita mundo afora nos últimos anos, que mesclaram linguagens políticas neofascistas com princípios econômicos do neoliberalismo. O caráter intercontinental deste fenômeno pode ser observado em dois momentos: a ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos (2016) e a eleição de Jair Bolsonaro à chefe do Poder Executivo brasileiro (2018). Em ambos os acontecimentos, setores da extrema-direita organizaram uma rede estruturada de desinformação e de disseminação de discursos de ódio por meio das redes sociais, cujo intuito foi atacar as instituições liberal-burguesas e as distintas áreas científicas, por meio de uma lógica negacionista e revisionista. Estas narrativas da extrema-direita intensificaram-se em distintos países com a pandemia do novo Coronavírus, através do descrédito da ciência e da propagação de informações inverídicas. Leia Mais

Arquitertúlia: Prosa em construção – Contos de humor não edificantes | Manoel Vaz Gomes Corrêa

Arte sobre a capa de Arquiteertulia de Manoel Vaz 2
Arte sobre a capa de Arquiteertulia, de Manoel Vaz

Há pouco tempo, 25/08/2021, recebi um e.mail de um antigo colega de ginásio no Colégio dos Maristas no Rio de Janeiro. Manoel Vaz Gomes Corrêa, o Nel Vaz, carioca, 75 anos, arquiteto, cartunista e ilustrador. Casado, dois filhos, três netos. Em função das quarentenas e isolamentos provocados pela pandemia são vários os ex-alunos que nos procuram via remota São palavras do autor Manoel Vaz:

“Um livro (já sinto suas contrações), era o que faltava, pois na prancheta, fiz muitas plantas, que estão aí até hoje, regando ou não regando. Quanto a plantar na terra, lembro-me de que na instituição onde trabalhei, em cada projeto inaugurado, plantávamos mudas de pau-brasil, pra compensar o que levaram na marra. Desse modo, posso dizer também que já fui uma espécie de pau pra toda obra”. Leia Mais

Passagens. Niterói, v.14, n.1, jan./abr., 2022.

Passagens

DOI: https://doi.org/10.15175/1984-2503-2022141

Editorial

Artigos

Resenha

Colaboradores deste Número

Publicado: 2022-02-02

Arte, ciencia y tecnología en la Argentina y América Latina: perspectivas situadas | Cuadernos de Historia del Arte | 2022

En las últimas décadas, en parte impulsadas por los movimientos decoloniales y otras propuestas de revisión crítica de la modernidad occidental llevadas a cabo por el posestructuralismo, los feminismos y los posthumanismos críticos, entre otros, las producciones estéticas latinoamericanas han ganado terreno en los circuitos internacionales de producción, exhibición e investigación en arte, no sólo renovando la antigua pregunta por la identidad latinoamericana, sino también movilizando nuevas tensiones y negociaciones en torno a la noción misma de lo contemporáneo.

La conformación de un circuito internacional del arte, se sabe, no es nueva. Tampoco es nueva la instrumentación de tales instancias de formación, producción, exposición y crítica de arte como zonas estratégicas de intervención política en un sentido amplio. Trabajos ya clásicos de Anna María Guasch,3 Andrea Giunta4 y Diana Wechsler,5 entre otrxs, han dado cuenta de que los canales trazados entre bienales, ferias, residencias y demás programas internacionales de arte contemporáneo constituyen espacios públicos en los que se instalan temas, se visibilizan problemas, se establecen formas privilegiadas de abordarlos y, asimismo, se moviliza no sólo un ostentoso mercado de obras asociado a los carriles de consagración de artistas sino que en ellos también se modulan las identidades y pertenencias locales y regionales de acuerdo a un arreglo de participación planetaria. Este escenario ha venido progresando desde las exposiciones industriales del siglo XIX, mediante el circuito de bienales inaugurado en Venecia en 1895 e incluyendo las ferias y residencias más recientes; así, ha resultado en la conformación de un mapa mundial de encuentros y eventos que, hacia los años ’80 y ’90, experimenta una reorganización que torsiona su condición inter-nacional hasta redefinirla como “global” y que abandona el signo de lo moderno/posmoderno hacia la conformación de un ámbito caracterizado por lo “contemporáneo”. Leia Mais

100 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) (1922-2022): Processos históricos, políticos, sociais, teóricos e culturais/ Revista Expedições- Teoria da História e Historiografia/2022

O dossiê “100 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) (1922-2022): Processos históricos, políticos, sociais, teóricos e culturais” tem por objetivo a publicação de artigos originados em pesquisas referentes ao PCB, na efeméride dos seus cem anos de existência. Em 25 de março de 2022, o PCB completou um século de existência que se integra à classe trabalhadora brasileira e ao Brasil republicano. Como dizia Gildo Marçal Brandão, o PCB se tornou uma das instituições permanentes da sociedade brasileira. Leia Mais

Caminhos para a teoria da história da filosofia das historicidades e a questão da justiça histórica | Berber Bevernage

Berber Bevernage é um jovem e atua como professor de Teoria da História na Universidade de Gante, Bélgica. Além disso, é co-fundador da Rede Internacional de Teoria da História (International Network for Theory of History) criada em 2012 com o objetivo de promover a colaboração de teóricos por meio da divulgação e circulação de eventos e publicações na área. Atualmente também coordena o Grupo de Pesquisa TAPAS (Thinking about the past), onde promove iniciativas voltadas a pensar as múltiplas formas de relação com o passado que ocorrem dentro e fora do espaço acadêmico-universitário. Leia Mais

Estrela de Luz | Izoldino Resende, Ismael

Inicio esta resenha apresentando brevemente o seguimento doutrinário – o Espiritismo – que fundamenta o gênero literário (romance) da obra “Estrela de Luz”, bem como um sucinto histórico deste livro e dos seus autores, Izoldino Resende e Ismael, visando à assimilação do contexto geral da elaboração do manuscrito para, posteriormente, explanar o teor dos escritos. Leia Mais

Quirón. Medelin. v. 8, n.16, 2022.

Tema libre

Editorial

Reseña

Crónica de Archivo

Publicado: 2022-02-01

De Hollywood a Aracaju: antinazismo e cinema durante a Segunda Guerra Mundial | Andreza Maynard

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é um tema bastante explorado pelas produções cinematográficas. Filmes sobre as batalhas contra o nazismo, os horrores dos campos de concentração e histórias de sobreviventes e personagens importantes do período são lançados, constantemente, conquistando o público e premiações como o Oscar e o Globo de Ouro. II O fato é que o cinema tem a capacidade de transportar os telespectadores para diferentes tempos e espaços, servindo como divertimento, fonte de informação e despertando a curiosidade e os sentidos.

Tais características estiveram presentes ao longo da história do cinema, destacadamente, durante a Segunda Guerra Mundial, quando inúmeras películas foram produzidas para retratar o horror da guerra e combater o nazismo. E é justamente disso que trata o livro De Hollywood a Aracaju (2021) da historiadora Andreza Maynard. III Fruto da sua tese de doutorado, a obra analisa a recepção dos filmes antinazistas em Aracaju durante a Segunda Guerra, discutindo “o processo de construção de sentido a respeito do conflito e dos inimigos do Brasil, os nazistas, durante os anos da Guerra” IV Leia Mais

Oswaldo Corrêa Gonçalves, arquiteto cidadão | Gino Caldatto Barbosa

Gino Caldatto Babosa Foto Matheus Tage
Gino Caldatto Babosa | Foto: Matheus Tagé

Para a apresentação deste minucioso trabalho sobre a vida e a obra de Oswaldo Correa Gonçalves, meu caro colega e amigo, realizado pelos jovens Ruy Eduardo Debbs Franco e Gino Caldatto Barbosa, penso em esboçar uma lembrança pessoal, pois conheci o arquiteto praticamente desde que cursei a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Para isso, reuni as mais importantes imagens que guardei de Oswaldo, e que podem ser resumidas em quatro retratos parciais de sua e de minha vida. Aliás, embora ambos tenhamos nos modificado ao longo desses sessenta anos, essas imagens demonstram que, curiosamente, permanecemos idênticos: afinal, não sou capaz de lembrar de visões e atitudes desde a minha mais longínqua infância? O mesmo pode ser dito de nosso biografado. Pretendo, por fim, apresentar a síntese dessas imagens. Leia Mais

Os bispos e a ditadura militar brasileira (1971-1980): a visão da espionagem | Paulo César Gomes

Paulo Cesar Gomes Imagem Jornal Opcao 2
Paulo César Gomes | Imagem: Jornal Opção

Com a expansão dos Programas de Pós-Graduação em História no Brasil, especialmente a partir da década de 1990, dezenas de novos objetos, abordagens, temáticas e problemas passaram a ser privilegiados. Segundo o historiador Carlos Fico (2004, p. 21), nesse período, a produção histórica brasileira deu uma verdadeira “guinada”: a predominância de estudos que recaía sobre o período colonial deslocou-se para a fase republicana.

Nessa dinamização dos cursos de pós-graduação, um objeto que deu uma considerável alavancada foi o estudo da ditadura militar brasileira. A partir dos anos 1990, inúmeros trabalhos foram realizados sobre esse tema enfocando diversos prismas, olhares, agentes, recortes e espaços. Entre os inúmeros assuntos abordados dentro da grande temática ditadura militar, que vão de planos econômicos a organizações clandestinas, destaca-se o estudo sobre a Igreja Católica. Engana-se quem pensa que as pesquisas sobre esse assunto se esgotaram ou que não é mais possível originalidade e avanço sobre ele. Em relação à Igreja Católica, embora hoje sejam bastante conhecidos, notadamente, dois aspectos, o papel dos grupos católicos conservadores nas “Marchas da Família com Deus pela Liberdade” durante o pré-golpe de 1964 e a atuação da ala “progressista” na oposição à ditadura e em defesa dos direitos humanos entre os anos 1970-80, importa dizer que ainda há muito a ser descoberto, analisado, (re) discutido e revelado. A obra de Paulo César Gomes, Os bispos católicos e a ditadura militar brasileira é uma prova disso. Leia Mais

Aedos. Porto Alegre, v.13, n.30, 2022.

Acordes: Peter Burke

Expediente

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  • Lúcio Geller Jr., Maria Eduarda Magro
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Editorial

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Apresentação

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Entrevistas

Resenhas

 

 

Morte e Etnografia | Revista M. | 2022

Representacoes da Morte
Representações da Morte | Imagem: AH Aventuras na História

O campo de estudos etnográficos sobre a morte conta com uma notável expansão nas últimas duas décadas. Isso tem possibilitado o aumento de conhecimento sobre os modos como os diferentes grupos sociais simbolizam e atribuem sentido à morte e ao morrer, revelando práticas, imaginários e processos sociais sobre os quais sabíamos pouco. Contudo, a expansão dos questionamentos não foi acompanhada por uma problematização acerca das formas de desenvolvimento dessas pesquisas, nem sobre os cuidados metodológicos em sua realização.

A etnografia, ferramenta metodológica utilizada por diversas disciplinas na atualidade, tem papel de destaque no estudo dos processos que envolvem a morte. A imersão durante um longo tempo na vida cotidiana das populações favorece a compreensão do caráter socialmente produzido em torno dos valores, discursos, práticas e representações sobre o tema, contribuindo, entre outras questões, para salientar o caráter difuso da distinção entre a morte – um dos poucos universais humanos – e a vida. Aliás, tem permitido dar atenção a questões chave contextuais no que concerne à interpretação de situações perpassadas pela morte. Deste modo, enquanto em alguns âmbitos, a profusão da palavra e de testemunho são significativas, em outros, o papel do silêncio permite entrever a presença de tabus ou de valores relevantes para a análise. Além disso, enquanto em certos contextos prima pela expressão pública de emoções frente à morte, em outros, a norma consiste na emergência de diversas modalidades de racionalização. Leia Mais

Revista M. Rio de Janeiro, v.7, n.13, 2022.

M.

Dossiê n. 13: Morte e Etnografia

Editorial

Dossiê

Artigo Livre

Em campo

Publicado: 2022-01-31

Arendt: entre o amor e o mal: uma biografia | Ann Heberlein

Em 2021, a editora Companhia das Letras traduziu o livro [Arendt: Om kärlek och ondska] publicado em 2020 de autoria da sueca Dra. Ann Helen Heberlein, que, pouco conhecida no campo da História brasileira, produziu uma biografia sobre Hannah Arendt. Ainda que não dotada de singularidades abruptas, a biografia expõe duas categorias como chave de leitura para a narrativa de vida de Arendt: contexto e situação-limite. Nesta resenha, portanto, o caro leitor encontrará três setores de informações: a) uma leitura comparativa entre a biografia escrita por Heberlein e outras já consagradas; b) uma síntese geral da narrativa, focando em alguns capítulos-chave; e c) reflexão e apreciação das duas categorias mencionadas.

Heberlein nasceu em 22 de junho de 1970 na Suécia. Estudou Teologia na Lund University, para onde voltou a fim de ser professora-pesquisadora a partir de 2007. Sua dissertação, defendida em 2005 e intitulada Kränkningar och förlatelse (Abusos e perdão), ganhou destaque nacional. A partir de então, começou a discutir sobre culpa, vergonha, responsabilidade, moral, abusos e perdão. Passou a integrar o corpo docente da Universidade de Estocolmo a partir de 2009, além de ter trabalhado como colunista nos jornais Sydsvenskan e Dagens Nyheter. O destaque internacional veio após a publicação, em 2008, de seu relato autobiográfico sobre como é a vida com transtorno bipolar, intitulado Jag vill inte dö, jag vill bara inte leva. Contudo, o primeiro livro traduzido para o português ocorreu em 2012 com Det var inte mitt fel! Om konsten att ta ansvar – traduzido para Não foi culpa minha. A arte de assumir a responsabilidade. Leia Mais

Oficina do Historiador. Porto Alegre, v.15, n.1, 2022.

Volume Único – Publicação Contínua

ARTIGOS

ENTREVISTA

RESENHAS

Publicado: 2022-01-31

Eleições e competição política | Estudos Históricos | 2022

Eleições são a principal força motriz dos regimes representativos. Trata-se de um momento-chave para as elites políticas renegociarem o poder, incumbentes tentarem se reeleger e opositores buscarem inverter o jogo para vencer a disputa nas urnas. Historicamente, os estudos políticos privilegiaram a análise das eleições e da competição política em contextos democráticos por supor que a ampla participação eleitoral e as garantias à alternância de poder consistiam nas condições mínimas necessárias para se considerar um regime político, de fato, representativo (Dahl, 1971; Schumpeter, 1942).

Contudo, a retomada da análise das primeiras experiências de democracia direta nas antigas cidades-Estado revelou o caráter aristocrático das eleições em sua origem (Manin, 1995). Isso somado ao gradativo reconhecimento da complexidade por trás da construção do rito eleitoral nas primeiras experiências de governo representativo (Romanelli, 1998), sobretudo na invenção do cidadão-eleitor (Offerlé, 2005), abriu caminho para o resgate dos estudos eleitorais em contextos liberais mundo afora e que avança na historiografia política brasileira mais recente (Dolhnikoff, 2018; Ricci, 2019; Viscardi, 2012). Leia Mais

Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.35, n.75, 2022.

Eleições e competição política

janeiro – abril

Editores

Bernardo Borges Buarque de Hollanda, João Marcelo Ehlert Maia e Thais Continentino Blank (professores doutores e pesquisadores do CPDOC/FGV, Rio de Janeiro, Brasil)

Conselho Consultivo

  • Angela Maria de Castro Gomes […]
  • Secretário
  • Taynã Martins Ribeiro
  • Editoração Eletrônica/Capa
  •  Zeppelini Publishers
  • Revisão
  •  Zeppelini Publishers
  • Pareceristas ad hoc
  • Américo Freire (FGV CPDOC) […]

Editorial

Artigos

Colaboração Especial

Entrevistas

Publicado: 2022-01-31

História Ambiental, Migrações e Globalidades | Fronteiras – Revista catarinense de História | 2022

Há séculos as sociedades estão vivenciando problemas socioambientais, como doenças, epidemias, pandemias, mudanças climáticas, enchentes, tornados, entre outros – que foram catalisados por atos de degradação e não preservação/conservação dos recursos naturais. Tais problemas ocorreram e ocorrem de forma inter-relacionada e em escala global. Como exemplo, podemos citar o mês de janeiro de 2022 – em meio à pandemia de covid-19, durante o aumento considerável no número de casos em todo o mundo por conta da dispersão da variante ômicron – o Brasil foi acometido por enchentes, queimadas e deslizamentos. E também foi assim, perante o cenário do caos e de eminentes crises ambientais, que foi fomentada a necessidade de trazer o meio ambiente para as discussões da disciplina de História. Na década de 1970, surge a História Ambiental, que trouxe uma premissa revisionista tornando a disciplina da História muito mais inclusiva nas suas narrativas do que ela tinha tradicionalmente se apresentado.

O estudo do meio natural pelo viés da História Ambiental Global tem sua relevância redimensionada por questões transversais como: as fronteiras e seus espaços de conflitos; a biodiversidade; o patrimônio que resulta das múltiplas relações entre natureza e cultura; entre outros. Também é importante relacionar estas questões com os estudos sobre os movimentos migratórios humanos e da flora e fauna, os estudos dos aspectos históricos, demográficos e ambientais – presentes na formação dos territórios. Desta forma, através de estudos e discussões que tangenciam os aspectos aqui apresentados, os textos que compõem o Dossiê História Ambiental, Migrações e Globalidades legitimam a necessidade de discutirmos o meio ambiente dentro da História e em escala global. Leia Mais

HISTÓRIA DA JUSTIÇA: Das independências aos Estados americanos | Outros Tempos | 2022

Com toda a evidência do Poder Judicial na regulação da política brasileira atual, a discussão sobre justiça, judiciário e ordem social ganhou grande importância e evidência. A historiografia oferece ao assunto instrumental heurístico de grande valia. Destacam-se, especialmente, as investigações sobre a organização das justiças durante as revoluções atlânticas quando as antigas colônias na América iniciaram o processo de autonomia política. Embora o liberalismo consista ainda em uma das chaves interpretativas mais importantes dos estudos sobre o Oitocentos, a renovação ocorreu no campo de pesquisas que recusaram a inadequação das sociedades ibero-americanas ao novo ideário. A mudança conceitual preceitua, no lugar do “liberalismo na América”, “a versão americana do liberalismo em escala atlântica” (PAQUETTE, 2009).

Da nova concepção teórica, verificou-se o “tournant jurique” nos estudos sobre os espaços políticos de construção dos estados nacionais da América (LEMPÉRIÈRE, 2017). As fronteiras entre a história jurídica e a história política estreitaram-se na abordagem dos movimentos políticos de formação da administração pública, do constitucionalismo, da cidadania, entre tantos outros temas que iluminam de modo específico os liberalismos e a formação dos estados nacionais nas Américas. Leia Mais

O império das repúblicas: projetos políticos republicanos no Espírito Santo/ 1870-1908 | Karulliny Silverol Siqueira

Karulliny Silverol Siqueira Imagem
Karulliny Silverol Siqueira | Imagem: Históriacapixaba.com

Os estudos acerca das identidades políticas no Império, do ingresso do republicanismo na cultura política nacional e do estabelecimento da República em solo brasileiro ganharam diversas nuances na historiografia, graças à crescente catalogação de documentos inéditos e a disponibilização digital de fontes históricas, assim como novas abordagens teóricas e metodológicas. Os avanços permitiram ultrapassar a percepção do Brasil desde o centro nacional, a dizer, no Rio de Janeiro, as novas percepções regionais trouxeram pluralidade à compreensão do Brasil no século XIX.

A obra O Império das Repúblicas, da historiadora Karulliny Siqueira, participa do movimento de renovação, especialmente, porque apresenta à historiografia nova percepção regional, identificando na província do Espírito Santo aspectos da transformação da cultura política imperial para o regime republicano. Buscou-se compreender os valores republicanos em circulação no país, abrindo a pesquisa à identificação das tendências políticas em diferentes localidades da província. O resultado do empreendimento apresenta um quadro do republicanismo mais plural e diversificado, se comparado às clássicas abordagens da historiografia. Karulliny Siqueira, utilizando-se dos parâmetros adotados por José Murilo de Carvalho em sua clássica obra A Construção da Ordem (1988), mapeia as características da elite provincial, através da prosopografia, para identificar a intervenção particular sobre as ideias de república em trânsito no país. Leia Mais

Outros Tempos. São Luís, v.19, n.33, 2022.

Dossiê – HISTÓRIA DA JUSTIÇA: Das independências aos Estados americanos

DOI: https://doi.org/10.18817/ot.v19i33

Artigos

Dossiê

Estudo de caso

Resenhas

Publicado: 2022-01-31

Fronteiras – Revista Catarinense de História. Florianópolis, n.39, 2022.

Dossiê História Ambiental, Migrações e Globalidades

jan./jun. 2022

Editorial

Apresentação

Dossiês

Entrevistas

Resenhas

Publicado: 31-01-2022

 

Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá, v.14, n.42 (14), 2022.

Diversidades na história das religiões

ARTIGOS LIVRES

RESENHAS

Publicado: 2022-01-30

História e filosofia da ciência: Produção científica e circulação de repertórios | Temporalidades | 2021

A Revista Temporalidades, edição número 36 contempla o dossiê, “História e Filosofia da Ciência: Produção Científica e Circulação de Repertórios” e apresenta uma abordagem transdisciplinar conjugando as epistemologias científicas com o processo de produção, divulgação e circulação do trabalho científico, sobretudo para a sociedade em geral. Assim, entendemos a importância de buscar reflexões sobre tais eixos temáticos (ciência, história, epistemologia e divulgação científica), haja vista o entendimento de que, historicamente, a produção científica está associada a um projeto de divulgação do desenvolvimento tecnológico e técnico assim como da ampliação dos saberes científicos.

É neste processo, que percebemos a importância da linguagem na produção deste conhecimento e na sua divulgação, uma vez que a linguagem de cada pesquisador se encontra protegida pela especificidade de seus próprios códigos. Sobremodo, interrogar o uso e a finalidade dessa linguagem em seu desdobramento político e social torna-se imprescindível para perscrutar os sentidos do trabalho do pesquisador e de sua produção, assim como entender o alcance da contribuição desta atividade para a sociedade. Nesse caso, é preciso repensar a linguagem e a mobilização de repertórios do discurso científico articulado por meio de uma linguagem hermética e específica, a qual cria dificuldades de intepretação até mesmo para os seus principais interlocutores (membros da comunidade científica). Leia Mais

Do Fake ao Fato: (des)atualizando Bolsonaro | Valdei Lopes de Araujo, Bruna Stutz Klem e Mateus Henrique de Faria Pereira

Do fake ao fato: Des(atualizando) Bolsonaro” foi pensado e organizado pelos professores doutores Valdei Lopes de Araujo, Mateus Henrique de Faria Pereira – ambos vinculados à Universidade Federal de Ouro Preto – e por Bruna Stutz Klem, mestra em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto.

Escrito para aqueles que desejam entender a política brasileira contemporânea, bem como até onde essa onda1 bolsonarista pode nos levar, “Do fake ao fato: Des(atualizando) Bolsonaro” é um livro instigante e esclarecedor. Composto por artigos bem fundamentados e de leitura leve, a obra traz à tona importantes debates políticos e sociais. Leia Mais

Temporalidades. Belo Horizonte, v.13, n.2, 2021.

Edição 36 – Temporalidades, Belo Horizonte (jul./dez.2021)

Expediente

Pré-textuais

  • Elizabeth Rouwe de Souza; Arthur Marinho Silva Vargas, Bárbara Braga Penido Lima, Herbert Gler Mendes dos Anjos, João Marcos Veiga de Oliveira, Julia Amaral Amato Moreira, Maria do Rosário Gomes da Silva
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Editorial

Apresentação

Entrevistas

Artigos Livres

Dossiê Temático

Resenhas

Publicado: 2022-01-29

Ensino de História do Holocausto: itinerários de pesquisas | Boletim do Tempo Presente | 2022

Memorial do Holocausto

Os textos aqui reunidos nesse Dossiê foram selecionados e avaliados a partir do I Congresso Internacional sobre Ensino do Holocausto e Educação em Direitos Humanos, organizado pelo Museu do Holocausto de Curitiba em parceria com a Universidade de Pernambuco e a Universidade Federal do Paraná. Em colaboração com o Boletim do Tempo Presente, da Rede de Estudos do Tempo Presente/Brasil, optamos por fazer a divulgação dos textos num periódico acadêmico, ao invés do modelo tradicional de anais. Acreditamos que esse formato dará aos textos maior visibilidade e acesso. Foram selecionados vinte textos de autores(as) de diversas regiões do país que compõem o que aqui chamamos de “novos itinerários” de pesquisas sobre o Holocausto no Brasil. Os textos foram editados por eixo temático e serão publicados em quatro edições do Boletim do Tempo Presente, sendo essa a primeira edição de 2022. Leia Mais

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.11, n.01, 2022.

Boletim do Tempo Presente2

Dossiê – Ensino de História do Holocausto: itinerários de pesquisas

* Imagem de divulgação: Colagem de Erika Stránská, garota presa em campo de concentração nazista 

Artigos

Publicado: 2022-01-29

Sur y Tiempo. Valparaíso, v.3, n.5, 2022.

Editorial

Dosier Derecho, Literatura e Historia: los símbolos de la justicia

Reseñas

Publicado: 2022-01-28

Dimensões – Revista de História da UFES. Vitória, n.47, 2021.

Dimensoes Revista de Historia

História da Saúde e da Doença: da Lepra à Hanseníase

Edição completa

Apresentação

Artigos Livres

Resenhas

Dossiê:História da Saúde e das Doenças

Publicado: 2022-01-28

Revista Brasileira de Filosofia e História. Pombal, v.11, n.1, 2022.

Artigos

Publicado: 2022-01-28

The Last Turtlemen of the Caribbean | Sharika Crawford

Sharika Crawford
Sharika Crawford | Imagem: University of Pittsburgh

La gran mayoría de los colombianos vive entre paisajes andinos y pisando siempre tierra firme. Los intelectuales de “la” costa (así conocida, aunque no tenemos una sino dos) llevan décadas insistiendo en que el país no es solo andino sino también caribeño. Nos han recordado que, para aprehender cabalmente nuestro territorio y reconocer quiénes somos, debemos tener en cuenta las complejas redes que desde el siglo XVI le han dado forma al Gran Caribe insular y continental. Para quienes, como yo, estamos alejados del mar en cuerpo y espíritu (por hermoso que nos parezca), el libro The Last Turtlemen de Sharika Crawford nos sumerge en el territorio acuático del Caribe y nos permite pensar a Colombia desde una perspectiva inusual: de la mano de los cazadores de tortugas oriundos de las Islas Caimán. Esta perspectiva ubica a Providencia, aquella hermosa isla devastada hace poco por el huracán Iota, y no a Cartagena de Indias, en el centro de esa otra Colombia. Pero una mirada parroquial no hace justicia a este fascinante libro que relata la saga de un grupo de afrodescendientes que, tras acabar con las tortugas marinas de sus islas, se dedicaron, entre 1880 y 1960, a atraparlas en distintas localidades del Caribe. Leia Mais

Caminhos do sertão: ocupação territorial, sistema viário e intercâmbios coloniais dos sertões da Bahia | Erivaldo Fagundes Neves e Antonieta Miguel

Na primeira metade do século XX, os caminhos antigos foram profusamente pesquisados por autores como Capistrano de Abreu, Alfredo Ellis Júnior, Felisbello Freire, Basílio de Magalhães, Afonso Taunay e Mafalda Zemella. O enfoque era o da formação territorial brasileira, então compreendida como uma relação entre a exploração sertanista, o povoamento brasílico e os caminhos de circulação – é esse, de fato, o título de uma das obras de Capistrano de Abreu, que produziu páginas que estão entre as mais belas sobre o avanço da fronteira de colonização brasílica dos sertões.1

Somando-se a esses historiadores, de renome nacional, pesquisadores regionais e locais detalhavam o conhecimento do tema, esmiuçando os roteiros e a ação de sertanistas paulistas, baianos e reinóis. É esse o caso de autores como Salomão de Vasconcelos, Urbino Vianna, Pedro Calmon, Borges de Barros, Moacir Silva, Enéas Martins Filho e Dermeval José Pimenta. Leia Mais

História da saúde e da doença: da lepra a hanseníase | Dimensões | 2021

A cura dos Dez Leprosos
A cura dos Dez Leprosos | Imagem: IPMC

As doenças e suas implicações sociais foram, durante muito tempo, um capítulo negligenciado pela História. Pode-se dizer que foi a partir do fim da década de 1950 e início da década de 1960, que os primeiros historiadores, de origem francesa e inglesa vieram a se debruçar sobre o tema. Ocorre então, uma renovação nos estudos dessa temática, em especial a partir dos estudos dos pesquisadores da história da medicina como Louis Chevalier e Asa Brigges. É possível inferir, então, que estes estudos passaram a abordar não mais apenas os aspectos médicos e demográficos das doenças, mas, buscavam enxergá-las e entendê-las como fenômenos sociais1.

É possível afirmar que a historiografia, a partir dos anos 1980, passou a evidenciar os significados socioculturais das doenças, uma vez que, as respostas e os impactos gerados por estas, podem assumir formas diversas em diferentes grupos sociais2. Assim, os estudos da História das Doenças e da Saúde se tornaram mais complexos e abrangentes, onde por meio destes a “[…] vida social, política e cultural dos grupos humanos pode ser percebida e analisada pelos historiadores a partir da ocorrência de enfermidades individuais ou coletivas”3. Leia Mais