O Guia árabe contemporâneo sobre o Islã político | Ibrahim Abu-Rabi

Lançado em 2011 este livro vem completar duas lacunas: A primeira – existente em todo mundo euro-americano – de obras sobre o Islã e mundo árabe escritas por seus próprios interlocutores. É bem conhecida a frase de Karl Marx usada como epígrafe no clássico livro de Edward Said “Eles não podem representar a si mesmos; devem ser representados”; a segunda – a da mesma linhagem de obras publicadas em português – embora o número de obras publicadas no Brasil sobre essa temática tenha crescido desde o fatídico 11 de setembro de 2001 e trabalhos acadêmicos especializados estejam numa crescente, estudos sobre Islã e mundo árabe feitos por árabes e muçulmanos ainda são raros. Basta lembrar que entre os autores mais publicados – no Brasil sobre esta temática temos Albert Hourani e Edward Said com ascendência árabe, mas com carreiras consolidadas no Reino Unido e EUA, respectivamente, e Karen Armstrong e Bernard Lewis, sem ascendência árabe e oriundos dos mesmos países. Leia Mais

Nunca antes na diplomacia…A política externa brasileira em tempos não convencionais | Paulo Roberto de Almeida

Nunca antes um governo mereceu tanto destaque nem foram empreendidos tantos estudos acerca do seu plano de atuação e suas medidas de política externa quanto o governo do Partido dos Trabalhadores no poder central do Brasil. Tal governo, iniciado em 2003 com a posse de Luís Inácio Lula da Silva e que teve plano de continuidade com a eleição de Dilma Rousseff, em 2010, representou e representa uma ruptura diplomática com a linearidade de atuação do Itamaraty. O livro “Nunca antes na diplomacia … A política externa brasileira em tempos não convencionais”, do diplomata e acadêmico Paulo Roberto de Almeida, procura analisar essa transição. Como uma coletâneas de artigos, o livro traça o plano da diplomacia brasileira dando destaque de forma crítica à atuação do governo petista e à chamada era do “Nunca antes”.

Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a diplomacia brasileira tem passado por mudanças. De fato, a partir de FHC o Brasil inaugura, mais fortemente, a chamada diplomacia presidencial que apresenta ininterrupção com Lula. A figura do presidente, nestes períodos, ganhou destaque e projeção no cenário internacional, mas foi o governo de Luís Inácio que administrou de forma grandiloqüente essa imagem presidencial. Leia Mais

Fronteira e fronteiriços: a construção das relações socioculturais entre brasileiros e paraguaios (1954-2014) | Leandro Baller

De autoria do historiador e professor do Curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Nova Andradina. O professor Leandro Baller, traz um conjunto de ideias e explicações acerca da problemática que envolve o convívio entre homens e mulheres que levam suas vidas nos contornos limítrofes entre dois países, no caso desse estudo Brasil e Paraguai, mais propriamente as relações sociais e culturais construídas pelos brasileiros e paraguaios, sem perder de vista questões políticas e econômicas que se produzem nesse contexto e são/foram operacionalizadas tambem pelos Estados.

O livro é resultado das pesquisas desenvolvidas pelo autor ao longo da sua trajetória pessoal, intelectual e acadêmica. A obra resultou de uma tese de doutoramento em História defendida junto ao programa de pós-graduação da Universidade Federal da Grande Dourados, sendo esta tese a primeira de História defendida no âmbito de doutorado pelo referido programa, bem como em uma instituição no Estado de Mato Grosso do Sul. Leia Mais

Parcerias Estratégicas do Brasil: os significados e as experiências tradicionais | Antônio C. Essa e Henrique A. de Oliveira

Com o advento da globalização e o concomitante processo de expansão das relações internacionais após o término da Guerra Fria, tornou-se imperativo que muitos países revejam suas estratégias de inserção internacional, de modo a universalizá-las e desconcentrá-las de sua base regional. Isso gera uma ampliação do número de parcerias detidas por um país, o que induz à necessidade de evidenciar a relevância de determinados relacionamentos face aos demais, ou seja, de singularizar determinadas parcerias enquanto especialmente relevantes para o cumprimento dos objetivos entendidos como prioritários relativamente à consecução do interesse nacional.

Ganha-se, portanto, cada vez mais espaço no discurso diplomático a utilização, embora ainda de forma vaga e vulgarizada, do conceito de “parcerias estratégicas”. Especialmente no que tange aos estudos sobre os movimentos recentes da política externa brasileira, torna-se mister a necessidade de melhor entender esse conceito, de forma a facilitar a compreensão das prioridades delineadas pela diplomacia brasileira. Leia Mais

Fronteira e fronteiriços: a construção das relações socioculturais entre brasileiros e paraguaios (1954-2014) | Leandro Baller

De autoria do historiador e professor do Curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Nova Andradina. O professor Leandro Baller, traz um conjunto de ideias e explicações acerca da problemática que envolve o convívio entre homens e mulheres que levam suas vidas nos contornos limítrofes entre dois países, no caso desse estudo Brasil e Paraguai, mais propriamente as relações sociais e culturais construídas pelos brasileiros e paraguaios, sem perder de vista questões políticas e econômicas que se produzem nesse contexto e são/foram operacionalizadas tambem pelos Estados.

O livro é resultado das pesquisas desenvolvidas pelo autor ao longo da sua trajetória pessoal, intelectual e acadêmica. A obra resultou de uma tese de doutoramento em História defendida junto ao programa de pós-graduação da Universidade Federal da Grande Dourados, sendo esta tese a primeira de História defendida no âmbito de doutorado pelo referido programa, bem como em uma instituição no Estado de Mato Grosso do Sul. Leia Mais

The European Union since 1945 | Alsdair Blair

Chefe do Departamento de Política e Políticas Públicas e Professor do curso de Relações Internacionais Jean Monnet da Universidade DeMontfort, em Leicester, Inglaterra, Alasdair Blair dedicou parte de sua carreira a pesquisar os fenômenos que levaram à formação da União Europeia e o resultado pode ser visto nesse livro lançado em 2005 e revisto em 2010.

Organizada em quatro partes, a obra relata os eventos principais do processo de unificação em ordem cronológica com uma primeira parte dedicada à contextualização histórica que levou ao inicio do processo. Na segunda parte, o autor analisa os cinco períodos do processo com cortes em 1945 a 1957 quando da formação do primeiro grupo de países; 1958 a 1970 quando se decide pela primeira abertura à entrada de novos membros e constituição da Comunidade Econômica Europeia; 1971 a 1984 com o destaque para a atuação da Grã-Bretanha dentro do bloco; 1985 a 1993 onde se dá o processo de unificação monetária de parte dos países do grupo; e terminando com o período de 1994 a 2010, onde se destaca o processo de enfrentamento da crise e a entrada de novos países membros. Leia Mais

Hibisco Roxo | Chimanmanda Ngozi Adichie

A resenha aqui apresentada busca analisar o romance “Hibisco Roxo”, primeiro livro da autora africana Chimamanda Ngozi Adichie, lançado em 2003 e publicado no Brasil em 2011 pela editora Companhia das Letras e que conta a história de uma família nigeriana bem sucedida, mas permeada de conflitos a partir dos quais são apresentadas questões inerentes à cultura da Nigéria, bem como problemáticas ocasionadas pelo processo de colonização ocorrido no país.

Para compreendermos a obra em sua totalidade se faz necessário perceber o universo ao qual a autora se insere, a fim de se analisar a dimensão política e militante de sua produção. Chimamanda Ngozi Adichie nasceu em 1977, na cidade de Abba, estado de Anambra, Nigéria. É filha de um professor universitário e de uma administradora. Passou a infância em Nsukka, cidade universitária da região sudeste do país, indo para os Estados Unidos aos 19 anos, onde se formou em escrita criativa pela Universidade Johns Hopkins de Baltimore, além de mestre em estudos africanos pela Universidade de Yale. Leia Mais

Relações Brasil-Estados Unidos: séculos XX e XXI | Sidnei J. Munhoz e Francisco Carlos Teixeira da Silva

As relações entre Brasil e Estados Unidos constituem um campo riquíssimo de pesquisas. Embora muitos trabalhos de peso sejam publicados anualmente, o assunto está longe de ser esgotado. Isso se deve tanto ao fato dessas relações continuarem a se desenrolar na atualidade (o que as coloca constantemente em debate), quanto aos novos olhares lançados sobre o passado, os quais suscitam releituras e reinterpretações. Além disso, trata-se de uma área de estudo abrangente, onde se entrecruzam fatores políticos, diplomáticos, econômicos, sociais e culturais.

Os Estados Unidos foram a primeira nação a reconhecer a independência brasileira, em 1824. Desde então, procuraram difundir e ampliar sua influência sobre o país latino-americano, fosse como seu principal parceiro comercial (situação que perdurou por décadas); intervindo politicamente nos rumos do país; ou exportando padrões de consumo e comportamento por meio de sua poderosa indústria cultural. Todavia, a nova posição do Brasil no cenário mundial e a postura do governo Barack Obama estão reconfigurando essas relações. Leia Mais

20 anos da ANPHLAC | Revista Eletrônica da ANPHLAC | 2013

Temos a grata satisfação de apresentar este Dossiê Especial da Revista Eletrônica da ANPHLAC, comemorativo dos 20 anos de existência da Associação. O Dossiê destina-se ao público em geral e especialmente a dois grupos de leitores, não excludentes entre si: de um lado, os professores que atuam nos diversos níveis de ensino e trabalham com História das Américas, e de outro, os interessados no desenvolvimento da História da América Latina no âmbito acadêmico, brasileiro e internacional.

A ideia de realização de um número que visasse refletir sobre as duas décadas de vida da instituição foi sugerida cerca de um ano atrás pelo Prof. Cleverson Rodrigues da Silva (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS). Ela foi recebida pelo Conselho Editorial ao mesmo tempo com euforia e receio. A origem da ANPHLAC está ligada a um esforço coletivo, de professores e historiadores que, vivenciando em suas práticas profissionais uma série de circunstâncias difíceis (como falta de bibliografia especializada e o pouco reconhecimento da área, para ficar só em algumas), associaram-se e promoveram estratégias de colaboração, diálogo e ajuda mútua. Daí o entusiasmo com que acolhemos esta tarefa que guarda, sim, ainda que não exclusivamente, a dimensão comemorativa. Na outra ponta, a preocupação derivava diretamente de um compromisso ético assumido com nosso ofício, qual seja, o de mantermos o pensamento crítico, o que, sabemos, é elemento raramente usual nos eventos celebrativos. Queríamos evitar o simples enaltecimento da efeméride e a mera reiteração dos acontecimentos positivos. Leia Mais

IHS | CIECS/CONICET/UNC | 2013

IHS. Antiguos Jesuitas en Iberoamérica (Córdoba, 2013-) es una revista científica digital con arbitraje de periodicidad anual y de publicación continua, editada por el Centro de Investigaciones y Estudios sobre Cultura y Sociedad (CIECS)  y el Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), asociado a la Universidad Nacional de Córdoba (UNC).

Se inició en 2013 como instrumento de difusión de las investigaciones del programa del CIECS: Antiguos Jesuitas en Iberoamérica, abarcando diversos aspectos historiográficos relacionados con los jesuitas y su accionar en América entre 1549 (Llegada de los primeros jesuitas a Iberoamérica) cuando arribaron al continente y 1814 (Restauración de la Compañía de Jesús) cuando luego de la expulsión se produce la reincorporación de la Orden al mundo católico.

Es una publicación sostenida y financiada por el CIECS/CONICET y la UNC, usando la plataforma de esta última institución para su acceso en línea, proporcionando un acceso abierto a su contenido.

El objetivo principal de la Revista es publicar contribuciones originales e inéditas resultantes de investigaciones acerca de la relación de los jesuitas con el mundo iberoamericano en todas sus disciplinas. Se incluyen trabajos que se focalicen en cuestiones epistemológicas o metodológicas, como en el tratamiento de problemáticas específicas surgidas del resultado de investigaciones concluidas o en proceso de elaboración, que efectúen aportes originales a la disciplina o campo y que sean aceptadas por el Comité Editorial de la revista.

Dadas las características de los campos disciplinarios que son la especialidad de la publicación, se pondrá particular énfasis en la ponderación de aquellos textos que además de fundarse en investigaciones rigurosas, aporten reflexiones críticas, interpretaciones originales o planteos innovadores, y estén comprometidos con el estudio historiográfico en sus distintas vertientes como la antropología, biografía, arte y arquitectura, arqueología, filosofía, teología, etc., contribuyendo a construir y consolidar sus bases epistemológicas y ampliando el campo del conocimiento. Todas las contribuciones deben adecuarse a las normas editoriales vigentes en la revista.

Periodicidade anual.

Acesso livre.

ISSN 2314-3908

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Segurança internacional no pós-Guerra Fria | Monções – Revista de Relações Internacionais | 2013

A segurança é um tema estruturante para as Relações Internacionais (RI). Originariamente vinculado às perspectivas mais estritas da segurança nacional e da estratégia militar, o conceito de segurança tem passado por uma ampliação ontológica, que corresponde à diversificação do pensamento teórico no campo das RI. Passaram a compor o debate securitário questões sobre quem devem ser os objetos referentes da segurança, sobre quais são os setores da vida social onde a segurança se manifesta, sobre qual é o papel dos Estados na sua promoção ou degeneração. Em suma: a segurança tornou-se um conceito contestado de fato.

Os teóricos reconhecem que se trata de um “conceito essencialmente contestado”, isto é, há decisões políticas e normativas fundamentais envolvidas na definição da segurança (BUZAN; HANSEN, 2009, p. 10; SMITH, 2005). A palavra “essencialmente” implica que essa contestação é da própria essência do conceito e, portanto, subsistiria de um ponto de vista lógico atemporal. Mas foi apenas com o relaxamento da bipolaridade estrita que a área pôde se converter em um verdadeiro campo de batalha, em si e por si: um campo de batalha teórico-político. Provavelmente, foi o medo do holocausto nuclear que reavivou a preocupação civil em torno dos assuntos antes confiados aos Estudos Estratégicos. Tornava-se cada vez mais atual a frase de Georges Clemenceau: “A guerra é um assunto demasiado sério para ser deixado apenas aos generais!” Leia Mais

Somalia: State Collapse, Terrorism and Piracy | Brian Hesse

O livro Somalia: State Collapse, Terrorism and Piracy é a compilação de uma edição especial Journal of Contemporary African Studies, organizada por Brian Hesse, professor de ciência política na Universidade Northwest Missouri State. O professor Hesse possui outras publicações sobre África, em especial relacionada à política externa americana, como o livro The United States, South Africa and Africa: of grand foreign policy aims and modest means. Além disso, tem a peculiaridade de ser guia sazonal de safári na África pela empresa americana Cawabunga Safari. Este livro está dividido em sete capítulos, produzidos por autores diferentes, e analisa aspectos, como a formação do atual governo de união, a ligação da Somália com o terrorismo global, a influência da diáspora somali na política do país, a dinâmica da pirataria e onde o cenário político, econômico e social funciona bem na Somália. O livro concentra-se em explicar a falência do Estado somali por meio de três eixos: clãs, terrorismo e pirataria – estes somados às intervenções estrangeiras e agravados por elas. Trata-se de um livro recente, publicado pela primeira vez em 2011, e que reflete sobre os problemas atuais da Somália, assim como sobre as causas destes.

O primeiro capítulo, Introduction: The myth of Somalia, de autoria do próprio organizador do livro, apresenta a história da Somália independente, com ênfase na fragmentação do Estado somali. A atual Somália é a junção das antigas Somalilândia Britânica e Somalilândia Italiana, as quais ficaram independentes em 1960, formando a República da Somália. Os somalis étnicos estão espalhados por várias regiões do Chifre da África: Quênia, Etiópia, Djibuti e na região que se proclamou a República da Somalilândia. Além desses, os refugiados e a diáspora Somali estão localizados em países da África, do Oriente Médio, da Europa e da América do Norte. Desde 1992, a Somália já passou por três intervenções militares sob a chancela da ONU, além da presença de inúmeras Organizações Não-Governamentais (ONG). Leia Mais

Novecento | INPP | 1999

Novecento Novecento

La prima uscita della rivista Novecento.org – Didattica dela storia in rete è del dicembre 2013, ma la sua storia risale al 1999 quando Antonino Criscione ha l’intuizione di affiancare a Italia contemporanea – storica rivista dell’Istituto Nazionale – uno strumento telematico. Si trattava di pensare a un modo diverso: «[…] di progettare e definire il rapporto con il «pubblico» e gli interlocutori del proprio lavoro di documentazione, ricerca, divulgazione storica […]. Il sito web è […] una presenza nuova […] non codificata […] che rappresenta già oggi un ambito di «uso pubblico» della storia» (A. Criscione, 2006).

È un’idea culturale definita e innovativa che si apre allo scenario da “frontiera inesplorata” che caratterizza il web e la digital history tra la fine degli anni Novanta e il Duemila. Il sottotitolo di allora – “Storie contemporanee. Didattica in cantiere” – sottolinea la centralità della didattica della storia nell’ambito delle attività dell’Istituto nazionale e della sua rete.

Dopo la morte di Criscione il progetto resta in cantiere per riemergere quando, nel 2012, la dirigenza dell’Istituto si pone l’obiettivo di dare rilievo al lavoro di rete delle sezioni didattiche degli istituti locali, soprattutto nella logica di incentivare momenti di lavoro comune.

Non a caso è proprio in occasione dell’organizzazione della prima Summer School nazionale di formazione docenti – diretta da Antonio Brusa affiancato da un gruppo di lavoro di docenti in distacco dal MIUR e dalla commissione scientifica dell’Istituto nazionale – a farsi strada l’idea di riaprire la rivista, nella quale far confluire i materiali prodotti dalle sezioni didattiche e dare loro maggiore visibilità e diffusione. La centralità degli strumenti informatici per diffondere idee, riflessioni, materiali, notizie è diventata, nel frattempo, una risorsa imprescindibile.

È un grande successo, testimoniato dal numero sempre crescente di lettori e di documenti scaricati per la consultazione.

La rivista, diretta fino al 2018 da Antonio Brusa, è stata in seguito affidata a un team di direzione costituto da Annalisa Cegna, Carla Marcellini e Flavio Febbraro che purtroppo è scomparso in modo tragico e improvviso nel luglio del 2019. Oggi Novecento.org è diretta da Agnese Portincasa coadiuvata dai vicedirettori Carla Marcellini e Enrico Pagano.

[Periodização quadrimestral]

[Acesso livre]

ISSN 2283-6837

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A Primavera Árabe: entre a democracia e a geopolítica do petróleo | Paulo Fagundes Visentini

A Primavera Árabe tornou-se, a partir de 2010, tema recorrente nos grandes debates das Relações Internacionais. O movimento tem início cronológico marcado pelo ato desesperado de um jovem de 26 anos que, enquanto vendia legumes na rua, foi humilhado e impedido de realizar sua atividade, ateou fogo ao próprio corpo no dia 17 de dezembro de 2010, falecendo em 4 de janeiro de 2011. Tal fato desencadeou uma onda de protestos e manifestações contrárias aos regimes autoritários existentes na região do Oriente Médio.

O que move Paulo Visentini é apresentar ao leitor desapercebido que a Primavera Árabe não consiste em uma reação a um ato isolado, mas sim, consequência de um processo histórico longo que envolve relações de poder, uma geopolítica norteada por estratégias de manutenção de áreas de influencia e o poder econômico gerado pela disponibilidade (ou não) de petróleo na cena internacional. Leia Mais

La política exterior de Chile, 1990-2009: del aislamiento a la integración global | Mario ARtaza e César Ross

A política exterior chilena é tema pouco conhecido e pouco debatido no Brasil, não obstante sua importância para as relações internacionais do país. Esse desconhecimento tem como contraste a farta do cumentação diplomática disponível nos arquivos históricos do Itamaraty, no Rio de Janeiro e em Brasília. Os internacionalistas e acadêmicos brasileiros, carentes de estudos específicos sobre a política exterior chilena e mesmo sobre as relações bilaterais Brasil-Chile, podem contar agora, a despeito da dificuldade muitas vezes encontrada para a aquisição de livros dos países vizinhos, com a obra organizada pelos professores Mario Artaza e César Ross.

Concebida como uma obra destinada a explicar de maneira simples e direta o que foi a política externa chilena nas duas últimas décadas, La política exterior de Chile, 1990-2009: del aislamiento a la integración global atinge, indubitavelmente, seu objetivo. Ao longo de suas 900 páginas, o livro perpassa o conjunto da política exterior chilena, organizada em sete partes: 1) La política permanente, com textos sobre os princípios da política exterior, direitos humanos e democracia; 2) Estrategia internacional, em que se analisa a política multilateral chilena e sua relação com o direito internacional; 3) Actores estatales de la política exterior de Chile, abrangendo o serviço diplomático, o Congresso Nacional e os atores subestatais; 4) Enfoque histórico, com um único capítulo que aborda a evolução política e as relações internacionais chilenas nos últimos vinte anos; 5) Enfoque temático, incluindo a dimensão ambiental, a cooperação internacional, a política externa econômica, o direito espacial e a política de defesa; 6) Enfoque geográfico, no qual se enfatiza as relações bilaterais com os Estados Unidos, América Central e Caribe, América do Sul, Argentina, Bolívia, Chile-Peru e Europa; e 7) Los desafios de la política exterior de Chile, seção na qual, em um único capítulo, César Ross aborda a política exterior chilena em visão prospectiva. Leia Mais

Relações Internacionais e Política Externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização | Paulo Roberto de Almeida

O livro “Relações Internacionais e Política Externa Brasileira: a diplomacia brasileira no contexto da globalização” traz uma herança de outros tempos para as pesquisas atuais em política externa. Tanto que, na primeira parte da obra, é apresentado ao leitor o tratamento dado ao estudo das relações internacionais no Brasil, que segundo Almeida, é um campo ainda não totalmente mapeado.

Os anos 1980 foram palco do crescimento notável dos estudos de relações internacionais no Brasil, principalmente, com a criação de vários cursos de graduação nessa área. Porém, no período em que ainda era estudante, Paulo Roberto de Almeida, aprendeu a compreender o meio internacional estudando-o na prática, por conta própria. Como jovem diplomata pôde consolidar essa ampla formação através de sua atuação no exterior. Leia Mais

A Privataria Tucana | Amary Ribeiro Junior

A Privataria Tucana e a Prova do Crime

O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., publicado pela Geração Editorial (São Paulo: 2011) condensa nas suas 343 páginas substanciosa documentação, comentada, relacionando o processo de privatização de parcela considerável do patrimônio publico brasileiro, durante o período fernandista (1990/2002). Nele, o autor dá particular ênfase para os oito anos que correspondem aos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso (1994- 2002), quando o assalto aos cofres públicos pelas autoridades e seus acólitos ‘laranjas‘ no jargão político-administrativo brasileiro – teria adquirido a magnitude de uma quase-acumulação originária, pela grandeza dos valores envolvidos. Faz sentido essa percepção ao se ter presente que iniciadas em 1991, as privatizações no Brasil ganharam grande impulso principalmente durante o segundo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Do total de empresas privatizadas no Brasil, cerca de 80% concentram-se entre 1997 e 1999, com destaque para os setores de telecomunicações e elétrico.

O termo acumulação originária, aplicado ao presente contexto é simbólico e tem função meramente ilustrativa, porquanto a expropriação demo-tucana da propriedade foi feita ao Estado brasileiro e, não, como explicada na Gênese do Capital, por Karl Marx, diretamente ao camponês, enquanto o que estamos cognominando aqui de acumulação deu-se na forma perdulária, através, sobretudo, do entesouramento do fruto da pilhagem em paraísos fiscais. Portanto, não se deu sob a forma de investimentos produtivos visando a expansão dos setores industriais e de serviço da economia brasileira. Nesse sentido, estimativas extremamente conservadoras de agências internacionais indicam a existência de depósitos superiores a US$ 100 bilhões de brasileiros nas assim denominadas ‘ilhas do inconfessável‘.

Chama atenção a copiosa documentação de que se utiliza o autor para dar suporte à sua argumentação, representada por 133 páginas de fac-símiles, o que significa dizer que cerca de 40% do livro comporta parte do valioso acervo documental, constituído basicamente por comprovantes de operações bancárias, procurações, escrituras, requerimentos, estatutos, fichas cadastrais, pareceres da Justiça e da Fazenda, e documentos afins, escriturados em cartório, por ele utilizados como prova do crime.

Nesse sentido é de causar pasmo e repulsa a reação de José Serra, ministro do Planejamento à época das privatizações, o desdenhar do trabalho de investigação jornalística de Amaury Ribeiro Jr., em declaração ao diário O Estado de São Paulo, nos seguintes termos: É lixo, lixo. (sic).

A questão de fundo que suscita esta resenha é verificar até que ponto um trabalho de jornalismo investigativo constitui fonte segura e consistente para o trabalho acadêmico, posto não se tratar de uma fonte primária, para dela fazer exaustivo uso no encadeamento do seu objeto de reconstituição da verdade informativa.

Vale lembrar que o final do ciclo militar ensejou um marco profícuo do ainda incipiente jornalismo investigativo no Brasil. Tenho aqui em mente, para citar um único exemplo, o nome do jornalista José Carlos de Assis e trabalhos seus como A Chave do Tesouro: anatomia dos escândalos financeiros no Brasil 1974/1983 e, Os Mandarins da República: anatomia dos escândalos da administração pública; ambos publicados pela editora Paz e Terra em 1983 e 1984, respectivamente.

Mesmo que não signifique uma retomada desse tipo de jornalismo sadio porque comprometido com a busca da verdade, de que tanto o Brasil carece, o trabalho de Amaury Jr. é um acontecimento ao qual não se pode ficar indiferente. Aliás, o mutismo da chamada grande imprensa perante o seu lançamento, a maneira hostil com que os donos do poder no período por ele retratado rechaçaram o livro – mesmo admitindo que não o leram – e, mais que isso, as resenhas de encomenda banalizando a obra, são motivos mais que suficientes para suscitar o interesse em conhecer o todo do seu conteúdo, estudá-lo e analisá-lo.

E, para o cientista da área de humanas, em especial aqueles dedicados ao estudo do fato econômico e das relações que ele encerra ter acesso aos acontecimentos das nossas realidades sócio-políticas e econômicas entre outras, através do gradiente do jornalismo investigativo certamente que só enriquece as suas possibilidades de compreensão do seu objeto de estudo, sem que isso signifique uma recusa à manipulação dos frios números das estatísticas censitárias, dos balanços e informes, todos igualmente imprescindíveis à compreensão dos fenômenos econômicos e sociais, e necessários à inferência de políticas públicas progressistas num país de concentração de renda abismal como o Brasil.

Por outro lado, as revelações como contidas no livro A Privataria Tucana têm o mérito adicional de por a desnudo a demagogia solerte, e, sobretudo, a insensibilidade social medonha do governo fernandista, que durante seus oito anos de mandato, praticou uma gestão orçamentária restritiva, em plena consonância com as exigências ortodoxas do Fundo Monetário Internacional (FMI), gestão essa, baseada em drásticos cortes no Orçamento da União e no contingenciamento das verbas públicas, inclusive com efeitos perversos nos Estados e Municípios, no que concerne a repasses, penalizando, particularmente, os segmentos sociais mais vulneráveis, privando-os de atendimento em saúde, educação e saneamento básico. Assim, enquanto os pobres eram privados do minimumexistencia, da responsabilidade do Estado – e aqui reside a hipocrisia maior do ‘príncipe da sociologia brasileira‘ revelada em A Privataria Tucana –via privatização, precarização e aumento de preços dos serviços públicos, recursos comparativamente superiores, expressos em bilhões de dólares norte-americanos jorravam pelo ladrão da corrupção oficial e endêmica.

Apenas para recordar um exemplo mencionado por Amaury Jr., somente através do Banestado foram expatriados rumo a paraísos fiscais cerca de US$ 30 bilhões, em valores da época. Essa quantia, é o que se depreende da leitura do livro, representa uma mixórdia em relação ao montante global descaminhado pelos privatistas da era FHC, considerando-se que cerca de 80% do patrimônio público estatal foram levados à haste pública, sob as variadas formas de desnacionalização. Período este em que coincidentemente (?) a participação de firmas estrangeiras no faturamento da indústria do Brasil saltou de 27% para 42%.

Amaury Jr. vasculha, por assim dizer, os porões soturnos de uma corrupção de dimensões imperscrutáveis onde ele com suas motivações e incentivos consegue, e nisso parece que foi bem-sucedido, mostrar ao leitor uma das pontas desse meio ‗iceberg‘ meio ‗bicho de sete cabeças‘. Nesse sentido, a própria estrutura do livro – me refiro a partir do capítulo 3, que leva por título Com o Martelo na Mão e uma Idéia na Cabeça, até o capítulo 13 – O Indiciamento de Verônica Serra, é reveladora. O Capítulo 4 – A Grande Lavanderia – cumpre, até por seu didatismo, o papel de lição la minute, para os não iniciados no assunto, sobre a prática do branqueamento de dinheiro sujo. Introdução necessária para que o leitor acompanhe a digressão do jornalista na descrição dos tortuosos trajetos que vão dos leilões aos paraísos fiscais.

Os capítulos seguintes que vão do 5 – Aparece o Dinheiro da Propina, ao 8 – O Primo mais Esperto de José Serra, penetram fundo na engrenagem da corrupção e colocam em relevo seus atores principais e coadjuvantes, que, a bem da verdade, não são muitos, algo compreensível, porque no mundo do crime, a seleção de comparsas faz parte do segredo do negócio. Pelas razões evidenciadas pelo autor, trata-se de figuras destacadas dessa quase-acumulação: o próprio presidente da República, à época, Fernando Henrique Cardoso, porta-bandeira da consigna “Vender Tudo que der para Vender”; o seu ministro do Planejamento, José Serra, para quem não havia problemas em “pagar para vender”; Ricardo Sérgio de Oliveira, amigo e ‘caixa‘ das campanhas de Serra e FHC, para o Senado e Presidência da República, descrito no livro como ‘o pai do esquema‘. Sem a pretensão de citar nominalmente todos os coadjuvantes, há, contudo, um nome a reter: o do empresário espanhol naturalizado brasileiro Gregório Marin Preciato, alcunhado por Amaury Jr. de ―mais esperto‘ entre outros motivos porque, com duas empresas falidas, endividado com o Banco do Brasil até o pescoço (devia ao banco estatal R$ 20 milhões), mesmo assim, logrou doar mais de R$ 87 milhões para ajudar a financiar a campanha senatorial do primo José Serra.

Portanto, não restam dúvidas de que dentro dos objetivos a que se propôs, e tendo em linha de conta que os fatos aludidos são rigorosamente comprovados, agravado pelo feito de que nenhum desmentido sério foi apresentado questionando as afirmações ou mesmo ao arsenal de provas esgrimidas pelo autor, o livro A Privataria Tucana, independentemente das razões por ele declaradas ou subjacentes que o tenham motivado à empreitada, constitui um legado documental precioso a se ter em conta nas pesquisas envolvendo o processo de privatizações e a corrupção paraestatal no Brasil.


Resenhista

Wilson Gomes de Almeida – Engenheiro Agrônomo pela Academia de Ciências Agrícolas de Sófia/Bulgária e doutor em História Econômica pela USP.


Referências desta Resenha

RIBEIRO JUNIOR, Amaury. A Privataria Tucana. São Paulo: Geração Editorial, 2011. Resenha de: ALMEIDA, Wilson Gomes de. Revista de Economia política e História Econômica. São Paulo, ano 08, n. 28, p. 229-234, agosto, 2012. Acessar publicação original [DR]

O trabalho escravo contemporâneo: a degradação do humano e o avanço do agronegócio na região Araguaia-Tocantins | Paulo Henrique Costa Mattos

O fenômeno da escravidão rural contemporânea brasileira vem sendo denunciado em âmbito nacional e internacional, pelo menos, desde o início da década de 1970. Na década seguinte, surgiu a primeira onda de estudos sobre o tema ou que o incluem. De certa forma, entretanto, a simples existência da expressão “trabalho análogo ao de escravo”, no artigo 149 do nosso Código Penal de 1940 (este Código é ainda o atual, apesar das inúmeras alterações sofridas), mesmo que efetivamente bem pouco operante como instrumento de coibição, já refletia a admissão de que algo ocorria em nosso território.

Desde o final da década de 1980, mudanças começam a se avizinhar em função do êxito dos protestos de organismos da sociedade civil brasileira, os sindicatos, a Comissão Pastoral da Terra e as entidades de defesa dos direitos dos trabalhadores. Além das mudanças no quadro das representações político-partidárias nacionais, as denúncias contra o trabalho escravo lograram encontrar eco em instituições internacionais. Assim, o governo brasileiro foi pressionado, na década de 1990, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a conduzir reformas que aperfeiçoassem o aparato do Estado para o combate à prática do trabalho rural forçado. Leia Mais

Política Externa Brasileira: a busca da autonomia/de Sarney a Lula | Tullo Vigevani e Gabriel Cepaluni

As potências médias têm política externa? O que significa ter autonomia nas relações internacionais? Quais os melhores caminhos para alcançá-la? Como as noções de autonomia se relacionam com a crescente interdependência econômica global? E como é processada diante dos movimentos de integração regional? Guiados por tais problemas, Tullo Vigevani e Gabriel Cepaluni – professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – pensam a experiência internacional contemporânea do Brasil. Por um lado, as reflexões teóricas sobre os significados de autonomia delimitam o foco do estudo sobre a política externa brasileira após o fim do regime militar. De outro, a investigação empírica confere substância à construção conceitual sobre as formas peculiares de como a busca por autonomia se manifestou em cada contexto. Sob uma abordagem dialógica entre geral/particular e abstrato/concreto, os autores explicitam a co-constituição e a simbiose entre o pensamento teórico e o empírico.

No primeiro capítulo, Vigevani e Cepaluni debatem as diferentes noções de autonomia nas Relações Internacionais e apresentam suas próprias formulações. De acordo com os autores, a literatura latino-americana compreende autonomia como uma noção que se refere a uma política externa livre dos constrangimentos impostos pelos mais poderosos. Nesse sentido, autonomia é o espaço do não-impedimento e da autodeterminação. É a capacidade de resistir ou neutralizar as forças externas que restringem a liberdade de um Estado de traçar seus próprios rumos. Essa visão se contrapõe às noções presentes nas teorias mainstream, que reduzem seu significado à igualdade jurídica da soberania dos Estados. Leia Mais

The Quest: Energy/ Security and the Remaking of the Modern World | Daniel Yergin

Não há menor dúvida de que os assuntos sobre energia se integraram completamente nos estudos de relações internacionais. Nos encontros e congressos, como os organizados pela ABRI e pela ANPOCS, sempre há grupos propensos a debater os efeitos do álcool combustível na política externa brasileira, do papel das jazidas do pré-sal no possível desenvolvimento brasileiro e as razoes que levaram os Estados Unidos ao Iraque em 2003.

Este interesse dos estudos de relações internacionais, ciência política e economia pela energia é algo salutar, uma vez que se preocupam com setor que influencia em grande monta a vida doméstica dos Estados, bem como o relacionamento entre eles. Energia, caso dos hidrocarbonetos, não é apenas uma commodity qualquer, é uma expressão de poder que perdura desde a Antiguidade chinesa, grega e romana e deverá perdurar enquanto o mundo for dividido por Estados e dentro deles houver sociedade produtiva. Leia Mais

La cambiante memoria de la dictadura: discursos públicos, movimientos sociales y legitimidad democrática | Daniel Lvovich e Jaquelina Biquert

Andreas Huyssen, em seu texto Resistência à memória: os usos e abusos do esquecimento público (2004), afirma que a sociedade contemporânea permanece obcecada com a memória e com os traumas provocados pelo genocídio e pelo terror de Estado. Tendo em vista este quadro, o esquecimento teria se tornado sinônimo de fracasso ou, como considera Jeanne Marie Gagnebin (2006, p. 54), o elemento final de tudo aquilo que pesa “sobre a possibilidade da narração, sobre a possibilidade da experiência comum, enfim, sobre a possibilidade da transmissão” da lembrança e da construção histórica. Nesta perspectiva, do culto às memórias sensíveis e do gradativo aumento da produção historiográfica sobre esta temática, está a análise proposta no livro La cambiante memoria de la dictadura: discursos públicos, movimientos sociales y legitimidad democrática, dos pesquisadores argentinos Daniel Lvovich e Jaquelina Bisquert, ambos docentes da Universidad Nacional General Sarmiento.

Em pouco mais de cem páginas, os autores propõem algumas reflexões tanto dos usos políticos da memória sobre a ditadura militar, como sobre as mudanças das representações e dos discursos sobre o período na Argentina. Para tanto, o livro foi dividido em seis capítulos, que abordam períodos distintos, que se iniciam no ano do golpe, em 1976, e terminam no ano de 2007, quando se encerra um ciclo de importantes investimentos por parte do Estado na construção de políticas de memória.

Já na introdução do livro, os autores propõem uma problematização do papel que a memória ocupa na sociedade argentina e que, em seu uso cotidiano, tornou-se uma bandeira que preenche um espaço singular na reivindicação de grupos distintos que clamam por “memória e justiça”. Outro aspecto relevante nesta parte do texto é a importante distinção entre as duas tradicionais formas de representação do passado: a história e a memória.

Na visão de Lvovich e Bisquert, a história tem como função abordar o passado em conformidade com exigências disciplinares, aplicando procedimentos críticos para tentar explicá-lo, compreendê-lo e interpretá-lo da melhor maneira possível. Já a memória está ligada às necessidades de legitimar, honrar e condenar (p. 07). Como parece consensual no debate sobre o tema, a memória tem sua importância na coesão e na formação identitária dos povos, ainda que se deva considerar o quanto operam sobre ela as subjetividades individuais, e como distintos grupos representam o passado de formas – não raras vezes – contraditórias. O que significa dizer que, se o passado é único, imutável, é preciso considerar que os seus sentidos e significados não o são.

À medida que novas demandas sociais ou novos grupos de poder emergem, podem ocorrer substantivas mudanças na construção discursiva do passado. Os autores chamam, assim, a atenção para o fato de que, já há algumas décadas, a memória tornou-se uma preocupação central na cultura e na política, movimento assinalado pela criação de museus, monumentos e comemorações – muito em função da internacionalização das memórias das vítimas da Segunda Guerra Mundial (p. 09).

O primeiro capítulo El discurso militar y sus impugnadores (1976-1982) é dedicado ao estudo da formação do discurso militar sobre sua chegada ao poder e das justificativas construídas para as suas ações violentas. A diferença do golpe militar de 1976 frente aos outros desencadeados naquele país estaria, sem dúvida, no papel adotado pelas Forças Armadas, que assumiram para si a responsabilidade de ser “salvadora” e “revolucionária”, com propostas de mudanças na sociedade argentina, após o caótico governo de Maria Estela Martinez.

O Proceso de Reorganización Nacional tinha por objetivo reestabelecer a “vigência dos valores da moral cristã, da tradição nacional e da dignidade de ser argentino”, bem como, assegurar “a segurança nacional, erradicando a subversão e as causas que favorecem sua existência” (p. 17). De forma semelhante ao que aconteceu em outros países da América Latina, o discurso construído em cima da figura do inimigo do regime recai no subversivo, no antiargentino que, além de praticar o terrorismo, através de suas ideias ofende a moral. Não só mata militares, como também é o que incita a briga familiar, joga pais contra filhos, leva a contestação até as escolas e as fábricas. É contra este indivíduo que o Estado entrou em “guerra interna”, justificando suas violações aos Direitos Humanos.

Outra noção de guerra, agora externa, foi também utilizada pelos militares para justificar a entrada na Guerra das Malvinas (1982), a fim de gerar um consenso na sociedade sobre a necessidade de tal aventura. Abordando tais temas, os autores apontam nesta primeira parte para as formas com que as Forças Armadas conduziram o discurso sobre sua atuação.

O segundo capítulo La transición democrática y la teoria dos demonios (1983- 1986) analisa a primeira mudança na construção do discurso sobre o período. Com a derrota na Guerra das Malvinas (que levou o regime ao colapso), a atuação cada vez mais significativa das organizações de Direitos Humanos e com o julgamento da Junta Militar o discurso do Estado caiu paulatinamente em descrédito. A versão que vem à baila é a trazida pelo Informe Nunca Más, em que aparece a clássica teoria “dos demônios”.

Esta teoria diz que a Argentina esteve durante anos sob a violência política praticada por dois extremos ideológicos: o Estado e a guerrilha. Todavia, a sociedade, sob este prisma, está alheia a tudo isto, e mais, ela é vítima da ação dos demonios e é isentada de qualquer responsabilidade na eclosão do golpe de 1976. No prólogo do Informe se condena abertamente a violência terrorista, independente de sua origem ideológica, e se assume uma perspectiva baseada tão somente na dicotomia entre ditadura e democracia, o que silencia as responsabilidades de civis e militares na repressão surgida ainda no governo de Maria Estela Martinez (p. 35). Outro cambio de interpretação se deu na visão sobre a guerra das Malvinas. Com a derrota da Argentina, os soldados entraram para a história como vítimas, inocentes e inexperientes, que “foram enviados para morrer e não para matar” (p. 40).

O terceiro capítulo, Un pasado que no pasa (1987-1995) trata, principalmente da fragilidade de se abordar essa memória recente da ditadura em um período de reconstrução democrática. Após o período de turbulência durante o governo de Raul Alfonsín veio o governo de “pacificação nacional”, de Carlos Menem. Ou seja, as agitações causadas pelas polêmicas acerca das leis de obediência devida e punto final e pelo ataque ao quartel de La Tablada, o país mergulha em uma tentativa institucional de abrandar essas questões. Tal política, que incluía indultos a militares sublevados, relativizou a questão do terror de Estado. Para o presidente, somente com o passado reconciliado se poderia “abrir as portas para um futuro promissor”. Segundo os autores, Menem incitou a nação a construir uma memória baseada no esquecimento (p. 53), o que, contudo, teve efeito contrário, já que a memória sobre a repressão continuava cada vez mais viva e a sociedade cada vez mais sectarizada.

El boom de la memória (1995-2003) é o quarto capítulo, que trata do período em que a memória sobre a repressão veio à cena pública de modo mais impactante – seja na sociedade, seja nos ambientes acadêmicos. O fator responsável por este fenômeno foi a confissão de Adolfo Scilingo sobre sua participação nos chamados vôos da morte. O acontecimento teve o efeito de desencadear uma série de “autocríticas” entre os militares, que se diziam arrependidos de sua atuação na repressão. Somado a isto, novas organizações de Direitos Humanos, como os H.I.J.O.S (Hijos e Hijas por la Identidad y la Justicia contra el Olvido y el Silencio) passaram também a inovar no método de pedir justiça, sob a forma de escrache.

Essa nova forma de protestar (o escrache) consistia em uma marcha até a residência de algum repressor a fim de grafitar o local e avisar à comunidade que seu vizinho foi um colaborador ou repressor. O avanço dos meios de comunicação, sem dúvida, auxiliou nessa fase de boom, com a divulgação de fotografias, vídeos e filmes, fazendo com que surgisse uma demanda social que clamava pela abertura dos arquivos da repressão. A academia não ficou alheia a este debate e a memória sobre o período e seus desdobramentos tornou-se um objeto de reflexão bastante visitado nas universidades.

A partir do ano de 2001, começaram a surgir os “lugares de memória”, lugares de homenagem às vítimas da repressão. Esta “hipermemória”, como escrevem os autores, converteu as vitimas em heróis revolucionários, estabelecendo uma nova divisão social – ainda simples e maniqueísta, entre bons e maus (p. 74).

Las políticas de memoria del Estado (2003-2007) é o capítulo que encerra o livro, descrevendo e analisando a importância dada à questão dos Direitos Humanos e à questão dos julgamentos durante o governo de Néstor Kirchner. Com a declaração da inconstitucionalidade das leis Punto final e obediência devida, dezenas de processos tiveram que ser revistos e novos julgamentos voltaram a ocorrer. A centralidade deste capítulo está na discussão sobre como a memória das vítimas do regime tornou-se forte, eliminando quase que por completo a versão militar dos fatos.

Outros pontos importantes discutidos dizem respeito à proliferação dos centros de memória, em especial, da Escuela Superior de Mecanica de la Armada (com todo o debate sobre como utilizar este espaço, para transformá-lo em museu) e à importância das manifestações de rua nas comemorações do 24 de março, aniversário do golpe, sobretudo, na comemoração dos seus 30 anos, em que o presidente chamou a atenção para o fato que “não só as forças armadas tiveram responsabilidade do golpe. Setores da sociedade tiveram sua parte: a imprensa, a igreja e a classe política” (p. 87).

Com um texto simples em sua linguagem, mas repleto de importantes referências historiográficas e de fontes jornalísticas acerca do tema, os autores ilustram todo o processo pelo qual a “história da memória” sobre a ditadura e o terror de Estado passou ao longo de aproximadamente trinta anos na Argentina.

O livro lança luzes sobre os debates que aconteceram na sociedade durante este período, mostrando que, mesmo quando uma ou outra visão prevalecia, ela não aparecia sem que houvesse vozes dissonantes no interior dos muitos grupos sociais e políticos. Sendo assim, trata-se de um livro importante para quem quer compreender o estágio atual da sociedade argentina, que levou muito recentemente grandes repressores ao banco dos réus, colocando aquele país como o mais adiantado entre seus vizinhos no que diz respeito à justiça de transição. La cambiante memoria de la dictadura desperta a curiosidade sobre este tema, que ainda rende – e renderá entre os argentinos e entre os brasileiros – apaixonadas e calorosas discussões.

Referências

GABNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar Escrever Esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.

HUYSSEN, Andreas. Resistência à memória: os usos e abusos do esquecimento público. In: BRAGANÇA, Aníbal e MOREIRA, Sonia Virginia. Comunicação, Acontecimento e Memória. São Paulo: Intercom, 2005.

LVOVICH, Daniel y BISQUERT, Jaquelina. La cambiante memoria de la dictadura: discursos públicos, movimientos sociales y legitimidad democrática. Buenos Aires: Biblioteca Nacional, 2009.

Diego Omar da Silveira – Universidade Federal de Minas Gerais.

Isabel Cristina Leite – Universidade Federal do Rio de Janeiro.


LVOVICH, Daniel; BISQUERT, Jaquelina. La cambiante memoria de la dictadura: discursos públicos, movimientos sociales y legitimidad democrática. Buenos Aires: Biblioteca Nacional, 2009. Resenha de: SILVEIRA, Diego Omar da; Leite, Isabel Cristina. CLIO – Revista de pesquisa histórica. Recife, v.30, n.1, jan./jun. 2012. Acessar publicação original [DR]

Estudos de Historiografia Brasileira | Lucia Maria Bastos Pereira Neves e Lucia Maria Paschoal Guimarães

Estudos de Historiografia Brasileira revela o sentido histórico e plural da produção historiográfica no Brasil. Trata-se de uma competente avaliação de percursos, teorias, métodos e autores que, no conjunto, fornece um panorama variado sobre as nossas formas de interrogar as relações dos homens no tempo.

A coletânea, afinal, resulta do I Seminário Nacional da História da Historiografia Brasileira, realizado no IFCH/UERJ em 2008. Neste evento, ficou claro aos participantes que as reflexões sobre a temática cresceram muito nos últimos anos, e que, além disso, fazem parte de um campo de conhecimento específico: a história da História. O livro – organizado por Lucia Maria Bastos Pereira das Neves, (PUC-RJ), Lucia Maria Paschoal Guimarães (UERJ), Marcia de Almeida Gonçalves (UERJ/PUC-RJ) e Rebeca Gontijo (UFRJ) – traduz, portanto, um diálogo instigante entre historiadores de várias gerações e quadrantes brasileiros que se dedicam a pensar a história de seu próprio ofício. Leia Mais

Tierra e Historia, estudios y controversias acerca de la historia del Pueblo Mapuche en Chile, 1950-2010 | Pedro Canales Tapia

La construcción y validación del conocimiento es un campo que en la actualidad se encuentra en disputa, como consecuencia de la supremacía de un conocimiento legitimado y oficializado que tradicionalmente ha desvalorizado al hombre “premoderno” y la comprensión y explicaciones que éste dio a su universo y entorno habitado, construyéndose categorías de conocimiento que extrañamente coinciden con ese cosmos particular y único de ese otro “no moderno”. Es así como desde la investigación histórica y de las Ciencias sociales en general se puede dar cuenta de una “tradición” que aún sigue dominando grandes áreas del conocimiento, y del saber oficializado por los Estado-Nación.

No obstante, como producto de la denominada“crisis de la modernidad”, se ha develado un nuevo escenario en donde es posible observar la presencia de continuas rivalidades entre saberes oficiales que se jactan de provenir desde las escalas sociales más altas y de componerse objetivamente, y aquellos saberes denominados populares, construidos desde las intersubjetividades y experiencias comunales y locales. Es en esta categoría donde podría entenderse el conocimiento e historia del mundo mapuche. Leia Mais

La rebelión de los tirapiedras, Puerto Natales 1919 | Ramón Sepúlveda

La lucha contra el olvido y sus distorsiones constituye el motor de esta reconstrucción histórica, como indica su autor en el prólogo. Su interés genuino en recuperar la historia de personajes y acontecimientos olvidados de Puerto Natales se materializaba en un trabajo previo, en Patagonia Mía, periódico natalino que tuvo mucho énfasis en difundir las crónicas históricas de la ciudad. La desaparición de esta publicación a fines del 2005 y la proximidad al centenario de la fundación de la ciudad en el 2011, fue el momento propicio para que Arriagada comenzara su indagación sobre los “Sucesos de Puerto Natales” del 23 de enero de 1919 en el frigorífico Bories, temática central de la presente narración y que se logró concretar gracias al encuentro en el Archivo Nacional de Chile del expediente judicial de la causa N° 1407 identificado como “Contra Luis Ojeda y otros”, proceso seguido a veintinueve ciudadanos natalinos, todos ellos trabajadores de los frigoríficos de la Sociedad Explotadora de Tierra del Fuego, empresa que formaba parte del “holding” de la inglesa Duncan Fox.

La reconstrucción de estos sucesos, o cualquiera sea el objeto de estudio propuesto, está mediada por el camino que sigue el sujeto de la enunciación en la investigación acerca del pasado, lo cual en este caso se manifiesta, en parte, en la evidente intención de develar estos hechos no tan sólo para contribuir a elevar el orgullo “tirapiedras” (apelativo que identifica a los natalinos) como remarca el autor, sino también para articularlos en relación a una historia nacional que ha soslayado los relatos de estos australes parajes, debido al marcado centralismo de la historiografía chilena, resultando así complejo –no por ello imposible– desprenderse de esta impronta cuando se pertenece al ‘centro’, incluso como lector. Por otra parte, resulta interesante la vinculación de este relato con lo sucedido en la provincia de Santa Cruz en la República Argentina a fines de 1921. De este modo, el libro incorpora distintas espacialidades que traspasan lo local pese a que los acontecimientos del día 23 ocurren en un lugar puntual y delimitado. Leia Mais

Escritos sobre história e internet | Dilton Cândido Santos Maynard

Uma das mais belas apresentações de livros que já li começava assim: “Apresentar um livro é fazê-lo presente”. Ora, mas não é óbvio? Contudo, continua argutamente o autor: “Mas, qual poderia ser seu presente? O da escritura, que já não é, ou o da leitura, que ainda não é?”. Repito as palavras e questionamentos de Jorge Larrosa [1] pensando na velocidade com que se transformam as paisagens da seara em que Dilton Maynard decidiu se enveredar ao eleger como tema central de seu livro as relações entre história e internet.

Sendo assim, a obra Escritos sobre história e internet chama a atenção por um particular interesse pelo tema dos ambientes telemáticos e provoca, em virtude disso, certo conforto antecipado em, ao menos, podermos esperar que sua leitura abrace as discussões sobre o elemento digital e suas implicações para o nosso métier, historicamente analógico e papirofílico. Assim, recomendo o livro desejando que as presenças que dele fizerem, consoantes ou dissonantes à minha, venham incrementar o debate acerca deste Novo Mundo para onde as agitadas águas do ciberespaço nos levam. Por enquanto navegamos à deriva. Leia Mais

India’s Foreign Policy: Retrospect and Prospect | Sumit Ganguly

In this stimulating collection of scholarly essays, edited by Sumit Ganguly, the fifteen authors provide a balanced and insightful overview over India’s foreign policy. In Chapter 1, Ganguly argues that systemic (e.g., the Cold War), national (e.g., the experience of colonialism) and personal factors (e.g., Nehru) have contributed to the country’s foreign relations. It is this concept of three levels that structures the chapters in the book, helping the reader to navigate through often unwieldy and often unfamiliar issues.

In Chapter 2, Basrur analyzes India-Pakistan relations, arguing that domestic politics pose the major obstacles to finding a lasting resolution. However, he strikes an optimistic tone arguing that through increased cooperation and communication, the Line of Control (LoC) could be “transcended”, and that we can expect cumulative improvement rather than a dramatic and unexpected peace deal. In Chapter 3 on India-Sri Lanka relations, Devotta shows that New Delhi’s concerns about security have outweighed Tamil Nadu’s particular preferences when dealing with the war-torn island to the South of India. The chapter is full of important details -e.g. mentioning China’s growing presence in Sri Lanka – but t is unclear to the reader why this chapter is considerably longer and more detailed than the previous one, particularly since Pakistan plays a much more important role than Sri Lanka. In Chapter 4, Thakar sheds light on India-Bangladesh ties, arguing that despite no obvious obstacles relations are difficult mainly because of structural asymmetries and the suspicions that result from this unequal relationship. Recurring domestic instability on both sides further complicated matters. In Chapter 5, Garver elegantly summarizes the history of India-China relations in the context of shifting alliances during the Cold War, describing, among other aspects, the important role the Soviet Union played as one of India’s most reliable allies and a counterweight against the Pakistan – China alliance starting in the 1960s. Chapter 6 on India- Southeast Asia relations shows how difficult it has been in the past for India to exert influence in the region given its low economic integration due to its autarkic model. Despite these limitations, worries about Indian hegemony in the region have surfaced numerous times in the past decades. Leia Mais

Il positivismo dall’Italia al Brasile: sociologia giuridica, giuristi e legislazione (1822 – 1935) | Marcela da Silva Varejão

A geração de 1870 é um dos temas de grande interesse e relevância para muitos dos intelectuais que se propõem ou propuseram a estudar a história das idéias no Brasil. A essa geração deve-se, parafraseando Sílvio Romero, o “surto de idéias novas” que passou a contestar as estruturas do Estado monárquico brasileiro. A chamada Escola do Recife, muito contribuiu, de acordo com essa mesma historiografia das idéias, para a recepção do positivismo e evolucionismo europeus e suas manifestações críticas em campos diversos como filosofia, direito, política e sociologia.

Essa autoproclamada escola, pois foi nomeada por um de seus membros, Sílvio Romero, e outros a perpetuaram, definia-se como uma orientação filosófica progressiva e que permitia a cada um ter suas idéias e investigações. Seus membros se formaram na mesma Faculdade, a de Direito do Recife, e compartilharam o mesmo ambiente acadêmico.

Entretanto, não existe unanimidade entre aqueles que enveredaram pelo estudo desse grupo de intelectuais quanto à formação de uma escola de pensamento, nem tão pouco dos membros que faziam parte desse grupo. Por outro lado, mesmo que se questione a existência de uma escola ou quem são seus membros, é inegável que eles tiveram um papel importante nos diversos campos pelos quais a chamada Escola enveredou.

O livro de Marcela Varejão, Il positivismo dall’Italia al Brasile: sociologia Del diritto, giuristi e legislazione (1822 – 1935), tem como tema mais circunscrito a relação entre os membros da Escola do Recife e os intelectuais italianos através da recepção, por parte dos primeiros, do pensamento positivista elaborado pelos segundos. O livro é o resultado da pesquisa de doutorado da autora, defendida no ano de 1999 em Milão, mas foi publicado em forma de livro apenas em 2005. A distância entre a conclusão da escrita e a publicação do livro pode deixar o leitor com a sensação de que a bibliografia utilizada é desatualizada, mas, com essa distância em mente, a leitura se torna mais indulgente nesse quesito.

O trabalho da autora consiste em rastrear a recepção do positivismo no Brasil focando na Escola do Recife através, principalmente, de sua faceta jurídica. Nesse sentido, o trabalho de Varejão se preocupa em fazer uma história das idéias sóciojurídicas com pouco ou quase nenhum contato destas com o ambiente político-social no qual elas, as idéias, e aqueles que as recepcionam e reelaboram, os intelectuais, estão inseridos.

O livro, por ser escrito e publicado na Itália e por ter os italianos como público alvo, procura nos dois primeiros capítulos inserir o leitor no contexto da recepção das idéias positivistas na América do Sul. A primeira parte do livro é dedicada a todas as nações sul-americanas. A Argentina é tomada como principal receptora e divulgadora, já os demais países, com exceção do Brasil, são tratados em separado e com pouca atenção. Nesse momento a autora se utilizou de uma bibliografia da história das idéias para a América Latina pouco atual (o livro mais recente é de 1987) e poucos trabalhos da historiografia dos países por ela trabalhados.

Já no Brasil são destacados os intelectuais que tiveram contato com o positivismo dedicando-se atenção especial ao positivismo ortodoxo capitaneado pela Igreja Positivista sediada no Rio de janeiro. A primeira parte funciona apenas como uma introdução confusa ao pensamento positivista sul-americano, o que, de qualquer maneira, se aproxima do que pareceu ser a intenção da autora.

A partir da segunda parte do livro, após mais de um terço do mesmo, Varejão inicia a sua pesquisa com profundidade. É nesse momento que ela passa a trabalhar com os membros da Escola do Recife como Tobias Barreto, Silvio Romero, Clóvis Beviláqua, Artur Orlando e João Vieira de Araújo, além de dedicar um capítulo especial à relação entre Nina Rodrigues, a Antropologia Criminal, Lombroso e sua filha, Gina Lombroso.

Daí em diante o trabalho ganha em riqueza com a análise das discussões, apropriações e rejeições das idéias de um sem número de intelectuais, principalmente os italianos. A análise da autora começa de uma dimensão mais ampla, ou seja, a introdução das idéias positivistas na Escola do Recife, em especial com Tobias Barreto, passando pelo nascimento de uma sociologia jurídica no Brasil, onde além de Barreto Varejão inclui Silvio Romero e Artur Orlando, terminando em Vieira de Araújo e sua relação entre as reformas da legislação penal de 1890 e o pensamento jurídico penal positivista italiano.

O trabalho de pesquisa de fontes realizado por Varejão é muito bem feito, entendendo-se como fontes aquelas que têm relevância dentro de uma história do pensamento jurídico-penal feita por uma jurista. Em capítulos como o último que trata de João Vieira de Araújo, por exemplo, encontra-se o ante projecto de nova edição do código criminal e o parecer de Assis Martins, exemplar raro, e até os estudos italianos do mesmo autor, também raríssimo. Entretanto, fontes de outros tipos, como jornais ou opúsculos, por exemplo, apesar de figurarem no texto são pouco explorados.

Não é à toa que a autora não se preocupa muito com esse tipo de fonte. As leituras que Varejão fez estão ligadas a uma tradição de história das idéias no Brasil associada a filósofos e juristas de renome que já trabalharam com a mesma temática, como Antônio Paim, Machado Neto, Vamireh Chacon, Nelson Saldanha, entre outros. A proposta e interesse da autora se alinham com os deles.

É a partir dessa tradição que na segunda parte ao trabalhar com Tobias Barreto é mostrado ao leitor como o próprio Barreto concebia o direito: como uma luta da humanidade contra a natureza que produziria a cultura na qual o direito estaria incluso. Essa visão de direito, por sua vez, seria derivada da leitura e refutação ou aceitação do pensamento de intelectuais italianos. Um exemplo disso foi a negação da teoria do atavismo de Lombroso por ser biologizante demais e negar a luta humana pela cultura.

Exemplos dessa relação não faltam durante todo o trabalho. Na quarta parte, quando Varejão passa a se dedicar a Artur Orlando, a autora mostrará que a concepção de direito dele estava intimamente ligada à sua percepção da sociedade. Para Orlando a Antropologia era a ciência por excelência para conhecer o homem, e o direito seria uma espécie de antropo-técnica que não poderia prescindir da Antropologia. Criticava Lombroso pelos seus exageros de querer submeter uma, o direito, à outra, a Antropologia.

O que fica claro na tese da autora é que a visão de sociedade de cada um dos membros da Escola do Recife influenciou profundamente na forma como recepcionaram as idéias positivistas italianas. Estas, por sua vez, eram em sua maioria ligadas às novas discussões jurídico-penais presentes em terreno europeu, como a Antropologia Criminal, a Sociologia Criminal e a Terceira Escola de Direito Penal. Mas não há explicação do porquê destas teorias terem despertado tanto interesse a ponto de serem abordadas por vários dos intelectuais mais importantes daquele período ligados ao direito no Brasil. É certo que a autora assinala o pertencimento destes intelectuais a uma linha evolucionista positivista em pelo menos algum momento de suas vidas, mas fora do mundo das idéias não há explicação para tal fenômeno na pesquisa proposta.

O trabalho de Marcela Varejão possui todos os méritos por se propor a fazer uma pesquisa inovadora de rastrear a recepção das idéias sócio-jurídicas nos integrantes da Escola do Recife e por dar continuidade à tradição de pesquisa de autores importantes como Antonio Paim e Miguel Reale. Acredito que cumpre muito bem com seu objetivo, como a própria banca da sua tese registrou. A autora deixou, no entanto, para outro pesquisador a tarefa de enveredar pelos caminhos ainda pouco explorados da recepção das idéias sócio-jurídicas e suas relações com o mundo social ou político.

Laércio Albuquerque Dantas – Universidade Federal de Pernambuco.


VAREJÃO, Marcela da Silva. Il positivismo dall’Italia al Brasile: sociologia giuridica, giuristi e legislazione (1822 – 1935). Milão: Giuffrè, 2005. Resenha de: DANTAS, Laércio Albuquerque. CLIO – Revista de pesquisa histórica. Recife, v.29, n.2, jul./dez. 2011. Acessar publicação original [DR]

 

New Powers: How to be come one and how to manage them | Amrita Narlikar

Dr. Amrita Narlikar, who teaches International Politics at Cambridge University, has written a very short and elegant book about Brazil’s, India’s and China’s rise. The topic of emerging powers invites, quite naturally, a lot of forward-looking analysis. The now famous paper “Dreaming with the BRICs: The Path to 2050”, published by Goldman Sachs in 2003, offers a seemingly unending number of fascinating discussions, all based on the question of how the world will look like when the five greatest economies are, in that order, China, the United States, India, Japan and Brazil. Will rising powers integrate into today’s world order, or will they overthrow the current system?

Yet Dr. Narlikar resists the temptation of participating in the guessing game and takes a sober look into the past, analyzing India’s, China’s and Brazil’s international negotiation strategies to answer the question mentioned above. She argues that “at one extreme, we may expect the new power to show complete socialisation. At the other extreme, however, we may also see the new power using its newfound status to pursue alternative visions of world order.” This issue already matters greatly today, for Narlikar rightly contends that today’s rising powers, while not yet well-integrated into international institutions, have acquired the de facto status os veto players “whose agreement is required for a change of the status quo.” This has important implications for the stability of today’s world order. If rising powers fail to assume global responsibility, established powers such as the United States may soon no longer be able to provide the global public goods that define today’s global order. Leia Mais

Sin contrincante en el frente. El poder en el México contemporáneo/Historia y Grafía/2011

Cada época encuentra en Shakespeare lo que le atribula. Por eso mismo es posible reconocer en la monstruosidad moral y física de Ricardo III la deformidad de nuestro propio tiempo político. Por sus disformidades internas y externas, este personaje le viene muy bien al pasado reciente del sistema político mexicano. Aquel que se explica por la obsesión –casi manía– del poder. La astucia, la fina simulación, la crueldad, la capacidad para conspirar, las fobias, todo ello ha sido utilizado por el sistema de partido único, sin importar cuán lejos se vaya, para no desprenderse del poder. Al igual que el usurpador conde de Gloucester, el partido hegemónico en México desplegó, desde sus inicios, un discurso y una práctica que buscaban seducir a una sociedad que apenas salía de una cruenta guerra fratricida y así persuadirle de que el suyo era el mejor camino para la reconstrucción nacional. Leia Mais

Os donos de Portugal. Cem anos de poder econômico (1919-2010) | Jorge Costa

Um texto fluído e agradável que prende a atenção do leitor ao longo das suas quase 450 páginas. O levantamento foi primoroso e nos mostra a evolução da elite econômica portuguesa ao longo do século XX, seja no período da ditadura salazarista, caetanista, seja no período da Revolução dos Cravos, suas viradas à esquerda e o período pós adesão à Comunidade Econômica Europeia.

Escrita a cinco mãos, a obra é o trabalho conjunto de historiadores e economistas, professores da Universidade Nova de Lisboa, alguns deles deputados da Assembleia da República. O grupo é liderado por Jorge Costa, jornalista e estudioso de História Econômica do país, que exerce a direção do Bloco de Esquerda, um partido político formado em 1998, a partir da fusão da União Democrática Popular (de orientação marxista), do Partido Socialista Revolucionário (com ideologia trotskista) e da Política XXI, união de ex-militantes do Partido Comunista Português, e pensadores independentes. Leia Mais

How Enemies Become Friends | Charles Kupchan

Charles Kupchan é professor de relações internacionais na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. Também é associado ao Conselho de Relações Exteriores. Foi diretor do Departamento de Assuntos para a Europa, órgão do Conselho Nacional de Segurança, durante o governo Clinton. Portanto, um especialista renomado e influente.

Tem estudado sistematicamente o que os americanos já chamaram de «nova ordem mundial». Kupchan, de forma mais contundente, considera o momento como «O fim da Era Americana» («The End of the American Era: U.S. Foreign Policy and the Geopolitics of the Twenty-first Century», publicado em 2002) e um período de transição, não para uma nova, mas para uma outra ordem mundial («Power in Transition: The Peaceful Change of International Order», 2001). Leia Mais

Building peace after war | Mats Berdal

De acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), sessenta operações multilaterais de paz, abrangendo um número recorde de aproximadamente cento e noventa mil militares e civis, foram realizadas em 2008 em todo o globo. Nem os fracassos das missões de paz ao longo da primeira metade da década de 90, em Angola, Somália, Ruanda e Bósnia, nem as transformações no ambiente estratégico causadas pelos desdobramentos do “11 de setembro”, lograram êxito em afetar a tendência de crescimento das missões de construção da paz no cenário internacional, as quais tornaram-se muito mais abrangentes e ambiciosas quando em perspectiva com as ocorridas sob a ordem bipolar da Guerra Fria. Esse é o quadro no qual Mats Berdal desenvolve Building peace after war: uma análise crítica dos esforços internacionais atuais para reerguer países arrasados por conflitos.

Partindo das experiências em diversos países, do Camboja ao Iraque, o foco do professor da King´s College London constitui-se em, ao longo de três capítulos, enveredar-se pelos desafios postos aos componentes civis e militares em missões internacionais de construção da paz após conflitos. Estas, segundo Berdal, sofrem de duas fraquezas principais, às quais este livro pode ser visto com uma tentativa de dirigirse: a recorrente falta de prioridades claras no curto e no longo prazo, derivada, basicamente, do seu entendimento conceitual excessivamente amplo; e a tendência marcante de abstrair suas ações do devido contexto político, cultural e histórico local. Leia Mais

Jogos teatrais no Brasil: 30 anos | Fênix – Revista de História e Estudos Culturais | 2010

Quando todos forem

iniciadores

Quem ficará para ser o

seguidor?

Quando todos forem

seguidores

Quem ficará para ser o

iniciador?

Quem ficará para ser

iniciador e seguidor

Quando todos forem

iniciadores e seguidores?

Viola Spolin

Viola Spolin é conhecida internacionalmente por sua contribuição metodológica tanto para o ensino do teatro nas escolas e universidades como para a prática da arte cênica, principalmente para o teatro improvisacional. A “avó do teatro improvisacional norte-americano”, cunhou o termo theatre game, traduzido entre nós como jogo teatral. Os jogos teatrais acentuam a corporeidade, a espontaneidade, a intuição e a incorporação da platéia, indicando como princípios da linguagem teatral podem ser transformados em formas lúdicas, criando um acesso criativo para a atuação no teatro com leigos e profissionais

Na sistematização da prática do jogo teatral é possível divisar a construção de um método no qual, longe de estar submetido a teorias, técnicas ou leis, o jogador se torna artesão de sua própria educação no processo da prática teatral, produzido por ele mesmo ao articular essa linguagem. Como disse um especialista, o jogo teatral está para o teatro como o cálculo para a matemática.

Imigrante russa nos EUA na década de trinta, Viola Spolin recebeu influência de Stanislavski a quem faz uma dedicatória em Improvisação para o Teatro. Tive poucos contatos com Viola em vida, restritas a via postal. Mas soube uma história contada por seu marido Kolmus Greene, ao conhecê-los em Los Angeles (Viola já havia sofrido um derrame). Ela estava coordenando um workshop de jogos teatrais na sala contígua onde Brecht ensaiava o Galileu com Charles Laughton. Ao tentar adentrar a sala para acompanhar o ensaio, foi impedida de ver o “grande” ator. E ela teria exclamado: Eu queria ver Brecht, não Laughton (But I didn`t want to see Laughton, I wanted to see Brecht!). A proximidade entre o jogo teatral e Brecht é maior do que imaginamos inicialmente. Paul Sills, filho de Viola e criador do Story Theater fez estágio no Berliner Ensemble. Viola Spolin e Paul Sills eram contemporâneos de seu tempo.

Ao lado de outras abordagens sensório-corporais, desenvolvidas principalmente na década de sessenta nos EUA e na Europa, o jogo teatral vem se revelando de grande atualidade. Em Texto e Jogo (Perspectiva, 1999) 1 o texto de Bertolt Brecht Lehrstück/Learning Play (jogo de aprendizagem) é utilizado para avaliar o jogo, enquanto, ao mesmo tempo o jogo é utilizado na apropriação do texto pelo atuante.

O princípio do meta-teatro brechtiano, presente em seus textos poéticos exige uma abordagem através da consciência lúdica, promovendo o estranhamento de gestos e atitudes. O jogo teatral iniciado por Viola Spolin tem em seus ramos folhas das principais metodologias de teatro do século XX.

Lembro-me, quando ao experimentar os jogos teatrais com alunos do Curso de Licenciatura na ECA/USP, em 1978, nasceu a descoberta de um método diferente daquele que encontrava na maioria dos livros sobre teatro na educação. Eduardo Amos, então aluno do departamento, tornou-se parceiro de inestimável valor. Vínhamos pesquisando a bibliografia nacional e a matriz do Child Drama de Peter Slade, quando a atriz Maria Alice Vergueiro, docente do então Departamento de Teatro, tendo participado, do III Congresso Internacional de Teatro para a Infância e Juventude, nos EUA, trouxe em sua bagagem um exemplar de Improvisação para o Teatro de Spolin. A leitura do livro e a vontade de entender melhor como se daria a prática a partir deste manual levou à formação do Grupo Foco. A pesquisa prática foi sendo depurada através da encenação de Genoveva Visita a Escola, um relatório para pais de uma escola de Educação Infantil, escrito por Madalena Freire (1979).

Em meu livro Jogos Teatrais (Perspectiva, 1984) descrevo parte desta prática, desenvolvida inicialmente nos anos 1978 e 1979, assim como os trabalhos realizados na APTIJ – Associação Paulista de Teatro para a Infância e Juventude junto a artistas de Teatro Infantil profissional paulistano. No prefácio escrito por Tatiana Belinky ela afirma que esta foi “a primeira dissertação em Teatro-Educação no país, o que veio conferir status acadêmico a um campo entre nós bastante marginalizado”. 2 Originalmente escrito em função de meu Mestrado na ECA/USP, com orientação de Sábato Magaldi, nele Belinky destaca ainda que “na época o sistema de Viola Spolin não era conhecido no Brasil”.

Outros resultados dessa pesquisa foram a tradução de Improvisação para o Teatro, em 1979 (Ed. Perspectiva, tradução Eduardo Amos e Ingrid Koudela). Seguiram-se depois outras traduções e edições, O Jogo Teatral no Livro do Diretor (2004), Jogos Teatrais: O Fichário de Viola Spolin (2001) e Jogos Teatrais na Sala de Aula (2007) também pela Perspectiva.

Inicia-se aí um processo, ao longo destas décadas, em que o sistema de jogos teatrais vem sendo experimentado e adaptado a realidade cultural brasileira por professores-artistas e pesquisadores em todo o país, em distintas realidades culturais, abrindo diferentes abordagens deste sistema de ensino e aprendizagem do teatro e de sua aplicação tanto na área da educação como na da encenação. Esta trajetória configura um entendimento e prática brasileiros.

A múltipla aplicação dos jogos teatrais, direcionada pelo contexto do grupo de jogadores e pela abordagem critica utilizada durante as avaliações, sugere que o sistema oferecido por Spolin, ao mesmo tempo em que regula a atividade teatral, traz em si a possibilidade de sua própria superação como método.

Com o objetivo de refletir sobre a prática dos jogos teatrais entre nós, foi organizado o presente dossiê junto com Robson Corrêa de Camargo, para a revista virtual Fênix – Revista de História e Estudos Culturais.

Robson Corrêa de Camargo, docente da Universidade Federal de Goiás e Ana Paula Teixeira, mestranda na Universidade Federal de Uberlândia analisam intersecções entre Spolin e Stanislavski para o ensino e a prática do teatro. Argumentando a partir de autores como Richard Courtney e Vygotsky aproximam o método das ações físicas de Stanislavski com o sistema de jogos teatrais, visando à formação de profissionais de teatro e professores no Curso de Graduação em Artes Cênicas da UFG.

Beatriz Cabral, docente da Universidade do Estado de Santa Catarina, traz o seu histórico de pesquisa no qual analisa as possíveis interações entre o sistema de jogos teatrais e o método do drama inglês. As aproximações e diferenças são observadas entre significação e contexto; aquisição da linguagem e convenções teatrais. Apontando para as influencias das práticas teatrais pós-modernas, que também se refletiram na sala de aula, demonstra que os métodos não são excludentes, podendo haver inúmeras combinações entre ambos.

Alexandre Mate, docente do Instituto de Artes da UNESP – SP traz apontamentos bibliográficos sobre jogos teatrais entre nós, recuperando material bibliográfico produzido sobre o teatro na educação desde a década de setenta.

Contribuindo para que a dimensão lúdica e artística seja introduzida como campo de conhecimento e formação nos cursos de pedagogia, Lucia Lombardi, doutoranda na Faculdade de Educação da USP, traz os resultados da sua pesquisa na qual os jogos teatrais se revelaram produtivos na formação de educadores de creches da rede pública de ensino em São Paulo. Focalizando a avaliação através do protocolo (instrumento proposto por Bertolt Brecht) aponta para a importância da reflexão sobre a experiência do professor em formação.

Mariana Tagliari, licenciada em Artes Cênicas pela Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, traz a sua reflexão sobre o jogo na Educação Infantil, na experiência de jogos com crianças até quatro anos.

Marina Miranda de Carvalho, Iara Fátima Fernandes e Davi de Oliveira Pinto são coordenadores de Jogos Teatrais no Curso de Teatro na Educação do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado de Belo Horizonte. Ressaltando a relevância e atualidade dos jogos teatrais como abordagem metodológica no trabalho de teatro com jovens, ao longo dos dez anos em que este projeto vem sendo desenvolvido no Palácio das Artes, o artigo reporta a depoimentos de educadores

Apontando para a importante função da Instrução do coordenador de jogos teatrais, Vicente Concilio, docente na Universidade do Estado de Santa Catarina, destaca sua relevância como procedimento artístico e pedagógico, estabelecendo pontos de contato entre o jogo teatral, a formação do professor de teatro e a criação teatral na contemporaneidade.

A Instrução no jogo teatral também é analisada como prática dialógica no processo de montagem do espetáculo Chamas na Penugem (2008). O relato de Raymon Aires, formado pelo Curso de Licenciatura em Teatro da UNISO – Universidade de Sorocaba – SP, investiga o processo de experimentação dos atuantes e a parceria que se estabelece com a coordenação dos jogos.

Apresentando a experiência do modelo espetacular denominado Teatro de Figuras Alegóricas, realizado na UNISO – Universidade de Sorocaba – SP, José Simões de Almeida Junior, encenador com Doutorado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo traz a fundamentação do jogo teatral aliado à leitura de imagens no processo de construção da montagem teatral. Sua reflexão tem como ponto de partida a discussão do espaço teatral, os procedimentos de espacialização da cena e os seus vínculos com as narrativas visuais na criação espetacular.

Joaquim Gama, doutorando na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e docente na Universidade de Sorocaba, analisa o princípio da Fisicalização no sistema de jogos teatrais como possibilidade de conciliação entre a imaginação dramática e a corporeidade, fazendo com que o atuante tenha a experiência do aqui/agora no jogo improvisacional.

Introduzindo a discussão acerca do jogo teatral como indutor à construção de dados a serem utilizados em investigações de recepção teatral, Tais Ferreira, Coordenadora do Curso de Teatro Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas – RS narra uma experiência empírica desenvolvida durante um processo de investigação com crianças espectadoras.

Alessandra Ancona de Faria, docente na Universidade Paulista traz uma análise do livro O Jogo Teatral no Livro do Diretor de Spolin tendo em vista como o jogo teatral pode contribuir na encenação com grupos de alunos em escolas de Ensino Fundamental, a partir da experimentação que realizou com um grupo de adolescentes de uma escola pública na cidade de São Paulo.

Maria Lucia Pupo, docente no Departamento de Teatro da Universidade de São Paulo faz uma resenha de Jogos Teatrais na Sala de Aula, enfatizando a importância do jogo de regras no processo de aprendizagem do teatro, alertando para a recepção ingênua que poderia indicar o subtítulo ¨manual¨. Acentua o mérito que reside em apontar perspectivas para o fazer teatral numa ótica lúdica, no âmbito das contradições inerentes à instituição escolar.

Por fim, fechando este dossiê, Robson Corrêa de Camargo apresenta uma breve resenha – intitulada O Jogo Teatral e sua Fortuna Crítica…. – em que analisa a recepção dos jogos teatrais em nosso país no artigo.

É possível identificar no pensamento pedagógico contemporâneo brasileiro alguns eixos de discussão recorrentes na área de Arte. Do ponto de vista epistemológico, uma das possibilidades é a articulação metodológica entre o fazer artístico, a apreciação da obra de arte e o processo de contextualização histórico e social. Através do ensino da história e do exercício critico na leitura da obra de arte, o processo expressivo da criança e do jovem é ampliado e inserido na história da cultura e na cultura da história.

No âmbito da Arte na educação vários são os temas que vem sendo discutidos como a concepção polivalente no ensino da arte x interdisciplinaridade. O eixo do conhecimento em uma das linguagens específicas (Artes Visuais, Música, Teatro e Dança) é mantido como norteador de projetos, estabelecendo-se parcerias com outras linguagens, processo enriquecedor da aprendizagem. Outro tema que surge de forma recorrente é a concepção do professor-artista, ou seja, além de mediador esse professor desenvolve projetos com seus alunos na perspectiva da construção e experimentação de formas artísticas.

Os eixos de aprendizagem em Arte levaram, na última década, a uma reflexão e experimentação com a leitura e fruição de obras de arte, notadamente através dos setores educativos dos museus e outros espaços culturais. O mesmo fenômeno pode ser verificado na área de Teatro, estabelecendo pontes entre o teatro para a infância e juventude e platéias em escolas e outras, que até então não tinham acesso aos espetáculos apresentados em teatros nas cidades. A Lei de Fomento da cidade de São Paulo, por exemplo, vem neste sentido modificando o panorama cultural, ao exigir a contrapartida social dos projetos nela inscritos.

O exercício da linguagem artística vem sendo ressaltado em grau crescente na formação do professor de Arte. Na área do Teatro, a tematização do espaço acompanha os processos criativos contemporâneos. A leitura de imagens e/ou textos poéticos, como deflagradores do processo pedagógico e material para a construção da cena, amplia a perspectiva de aprendizagem e do exercício artístico.

Como se vê são muitos os caminhos trilhados. Por meio das oficinas de jogos teatrais é possível construir liberdade dentro de regras estabelecidas por acordo grupal. A matéria do teatro, gestos e atitudes, é experimentado concretamente no jogo, sendo que a conquista gradativa da expressão física, corporificada, nasce da relação estabelecida com a sensorialidade.

Na escola não se aprende normalmente através da experiência, mas por meio da didática (técnicas de organização do aprendizado). No entanto, o aprendizado estético é momento integrador da experiência humana. A transposição simbólica da experiência assume, no objeto estético, a qualidade de uma nova experiência. As formas simbólicas tornam concretas e manifestas, novas percepções a partir da construção da forma artística. O aprendizado artístico desenvolve-se como processo de produção de conhecimento.

Outra tendência verificada nas pesquisas apresentadas é o teatro como ação cultural. Problemas sociais contemporâneos têm surgido como temas privilegiados nos trabalhos realizados com crianças e jovens. Esse trabalho teatral, muitas vezes desenvolvido no âmbito de ONGs, de projetos de pesquisa e extensão nas universidades e através de apoio da iniciativa privada, propõem o tratamento de problemas sociais.

Nos ensaios apresentados no presente dossiê da Revista Fênix essas tendências podem ser reconhecidas, abrangendo os vários campos profissionais da Pedagogia do Teatro e as várias vertentes de pesquisa ora em curso. Os jogos teatrais de Viola Spolin revelaram-se altamente produtivos nas diferentes abordagens, acima de tudo ao promoverem habilidades no processo de aquisição da linguagem do teatro. As reflexões sobre o jogo teatral dentro de nossa realidade nacional certamente abrem novos caminhos para o método de Viola Spolin, ampliando e até mesmo transformando a proposta inicial.

Boa leitura!

Notas

1 KOUDELA, Ingrid D. Texto e Jogo. São Paulo: Perspectiva, 1999.

2 KOUDELA, Ingrid D. Texto e Jogo. São Paulo: Perspectiva, 1999, p. 10.


Organizadores

Ingrid Dormien Koudela – Livre Docente pela Universidade de São Paulo. Docente do Curso de Pós-Graduação em Artes Cênicas na ECA/USP e do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade de Sorocaba. Autora de Jogos Teatrais (Perspectiva, 2002) é tradutora e introdutora do método no Brasil. Pesquisadora de Brecht, com ênfase na Peça Didática, publicou vários volumes de sua autoria propondo uma abordagem alternativa para o ensino/aprendizagem da linguagem teatral e do texto literário.  E-mail: idormien@usp.br

Robson Corrêa de Camargo – Encenador e crítico teatral. Doutor em Artes Cênicas e professor da Universidade Federal de Goiás. Cópias gratuitas de alguns dos trabalhos de sua autoria podem ser acessados em http://ufg.academia.edu/RobsonCamargo  E-mail: robson.correa.camargo@gmail.com


Referências desta apresentação

KOUDELA, Ingrid Dormien. Apresentação. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Uberlândia, v.7, n.1, jan./abr. 2010. Acessar publicação original [DR]

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A economia portuguesa 20 anos após a adesão | Antonio Romão

O ano de 2006 foi o marco das comemorações de 20 anos da entrada oficial de Portugal na Comunidade Econômica Europeia(CEE) e, como tal, foi palco de diversas celebrações, eventos e, também, reflexões sobre o significado da adesão portuguesa ao bloco europeu.

Nesse contexto, o professor doutor Antonio Romão, catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão(ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa(UTL), lançou o livro de análise da economia portuguesa nos vinte anos da adesão em obra conjunta com outros 15 especialistas – a maioria, professores colegas da mesma universidade, salvo duas exceções: o professor Manuel Cardoso Leal, assessor do conselho administrativo do Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pesca, do Ministério da Agricultura português, e o economista Carlos Correia da Fonseca, especialista na área de transportes. Leia Mais

Russia: a new cold war? (T), Vallentine Mitchell Academic | Michel Korinman e John Laughland

Estendendo-se da Europa à Ásia, com uma trajetória marcada por dois séculos de história, a Rússia busca na atualidade o reconhecimento do seu status como potência e a redefinição da sua identidade enquanto país reemergente depois da imediata crise do pós-Guerra Fria. De império soviético à nação russa, Estado em reconstrução, à luz de tal dualidade, o país que fora palco de grandes transformações revolucionárias, vivenciou nessas quase duas décadas, uma situação de rápida mudança. Frente a essa reconfiguração, velhos dilemas se misturam aos novos desafios reascendendo o debate sobre qual é o papel da Rússia. Dessa forma, terá a Rússia perspicácia e desenvoltura para enfrentar uma ordem em transformação ou se renderá às suas heranças e bases ideológicas soviéticas? Ou ainda buscará um caminho diferente como sugerem alguns autores?

Para tentar responder a estes questionamento, o livro intitulado Russia: a new Cold War? é produto de uma cooperação entre o Daedalos Institute of Geopolitics em Chiore e o OGENI (Geopolitical Observatory for Nations and the World) da Sorbonne em Paris, sendo organizado por Michel Korinman e John Laughlan. Em seu conjunto, é uma coletânea de artigos, cujos assuntos diversos são divididos em nove blocos, os quais de uma maneira ou de outra, buscam refletir acerca da pergunta título da obra e discorrem sobre as movimentações russas do Ocidente ao Oriente. O livro traz ao leitor questões concernentes aos problemas internos como demografia, território, economia, identidade, bem como as perspectivas e desafios à nação russa. Leia Mais

A Tirania do Petróleo: A mais Poderosa Indústria do Mundo e o que Pode ser feito para Detê-la | Antonia Juhasz

A publicação de livros sobre a politização do petróleo tem sido alta nos Estados Unidos desde o instante em que o ex-presidente George W. Bush resolveu seguir orientações de seus policy makers para que o país entrasse militarmente no Iraque. Embora nos assuntos científicos, o que deve servir também para a política, não seja conveniente se apegar a reducionismos e justificativas suficientes para explicar acontecimentos, há em voga nas publicações mais recentes o motivo da segurança energética que incentivou a aventura militar da Casa Branca.

Aliar energia, à base de combustíveis fósseis, com política internacional, e seus conflitos, não é originalidade do passado recente. O mais referendado livro sobre o assunto, Petróleo: Poder e Glória, de Daniel Yergin, publicado no Brasil em 1992, faz um largo estudo sobre os esforços que as grandes potências fazem, sobretudo Estados Unidos e Reino Unido para conseguirem a tão importante regularidade de óleo, com a qual se mantém o poder. Leia Mais

A dança dos deuses: futebol, sociedade, cultura | Hilário Franco Júnior

Comecemos com um clichê imperdoável: existem 180 milhões de técnicos de futebol no Brasil. Todo mundo pensa que entende do assunto. É uma reconhecida tradição nacional que praticamente a totalidade desse imenso exército de amadores chame o profissional que comanda a Seleção Brasileira de burro. Muitos, mesmo sem entender totalmente a lógica da regra do impedimento, declaram aos berros que podem fazer melhor. Melhor que os técnicos e melhor que os jogadores. Tudo ou nada é o lema. Um segundo lugar na Copa, medalha de prata ou bronze nas Olimpíadas são consideradas campanhas fracassadas. Erros não são permitidos. Perder um pênalti é imperdoável. Sofrer um frango é motivo de vexame eterno. Fazer gol contra é uma heresia.

A cultura do futebol está entranhada na cultura nacional. Seu jargão, seus hábitos, seus mitos. Estranhamente, até mesmo sua história. Não é tão raro que indivíduos que não sabem dizer quem foi Tiradentes ou D. Pedro I sejam capazes de dar a escalação completa do Guarani de Campinas, campeão brasileiro de 1978. O brasileiro médio que, outro clichê, não faz a mínima questão de cultivar a memória nacional, cultiva cuidadosamente sua história futebolística. Diversos programas esportivos de televisão ajudam nessa preservação, passando diariamente cenas de arquivo. Algumas imagens, de tão repetidas, entraram para o imaginário coletivo. Os resultados práticos desse amplo esforço educacional são continuamente comprovados ao final de cada partida de futebol, profissional ou amadora. Os torcedores, por mais simplórios que sejam, destilam orgulhosamente sua erudição esportiva nas rodas de conversa após os jogos. Enfim, todo brasileiro, de modo macunaímico, além de técnico de futebol também é um historiador do futebol. Leia Mais

O Brasil tem jeito? | A. Ituassu

O título é sedutor. A proposta parece progressista. Entre os textos organizados estão autores como Luiz Gonzaga Belluzzo e Wanderley Guilherme dos Santos. Um transeunte ingênuo na livraria poderia até dizer que a presença de Miriam Leitão, Merval Pereira e Gustavo Franco forneceriam certa pluralidade à proposta dos autores. Se estiver com pressa, e não olhar a orelha do livro que “pretende servir de base para o cidadão nos pleitos que virão”, acaba até levando-o para casa. Confesso a minha desatenção.

Ao começar a folhear o livro em casa, dando-me conta do engodo, tentei me conformar com o argumento de que “afinal, trata-se de uma amostra do pensamento da intelligentsia brasileira”. Pesquisa de campo. No final, a sensação de estar diante de um “museu de grandes novidades” persistiu em uma obra que nada acrescenta ao atual debate sobre a conjuntura brasileira, e, no que visa a propor, comete erros e simplificações grosseiras. Leia Mais

100 años de artes marciales: repertorio bibliográfico de monografías publicadas en España (1906- 2006) | Mike Pérez Gutiérrez e Carlos Gutiérrez García

Dentro del ámbito de las Ciencias de la Actividad Física y del Deporte en España, la figura del repertorio bibliográfico ha estado ciertamente desatendida. Aunque la rápida evolución de muchas de estas Ciencias, así como las formas actuales de acceso a la información, pueden hacer considerar al repertorio bibliográfico como un tipo de recurso poco útil y rápidamente obsoleto, no es menos cierto que para determinadas disciplinas como la Historia de la Actividad Física y del Deporte constituye una fuente fundamental para la investigación.

Es, precisamente, bajo esta perspectiva donde adquiere valor la obra de Mikel Pérez y Carlos Gutiérrez, ya que en ella se recogen la práctica totalidad de registros bibliográficos correspondientes a las monografías de artes marciales publicadas en España desde 1906, año en el que se publicaba la primera obra de artes marciales escrita en español, hasta 2006. En total, los autores han recopilado 1.285 registros, lo que da una clara idea del gran volumen de información producido durante este siglo de permanencia de las artes marciales en España. Leia Mais

Russia since 1980 (the world since 1980) | Steen Rosefield e Stefan Hedlund

A Rússia hoje se apresenta como uma nação fortalecida no condomínio geopolítico mundial. Com aspirações hegemônicas regionais (o “Exterior Próximo”), estabelecimento de relações com Grandes Potências como os Estados Unidos da América (cujo relacionamento é baseado numa alternância de fases – aproximação/distanciamento ou cooperação/ conflito) e com potências emergentes como o Brasil, China e Índia, a nação eurasiana redesenha, a despeito de sua assertividade renovada, um novo caminho no cenário global, ainda que com impasses e dissonâncias em sua retórica interna/externa. Remontar ao passado da Federação e projetar seus passos futuros é testemunhar um percurso interessante de uma nação que se desperta, pós uma série de momentos intempestivos, a um cenário em transformação. Entender essa dinâmica dentro de um espaço brasileiro torna-se um desafio para alguns analistas, principalmente pela carência de bibliografia e autores engajados com a temática no país.

Conforme sugestão do próprio título – Russia since 1980 – os autores Stefan Hedlund e Steven Rosefield – estendem aos leitores o convite a uma viagem por quase 30 anos de história russa, perpassando por acontecimentos impares como as reformas de Leonild Brezhnev e posteriormente de Gorbachev, mudanças que repercutiram na eclosão da União Soviética (URSS) e a política de mercado de Yeltsin (primeiro presidente da Rússia pós Império). Adicionalmente, o livro traz ao leitor debates e discussões acerca de uma possível democratização ou a permanência de um autoritarismo latente na Rússia, adentrando a era Vladimir Putin. Tal era promove a reinserção e fortalecimento do Estado depois da crise do fim da Guerra Fria e a adesão a um modelo dito ocidental de economia e política, bem como a projeção de uma nova postura no contexto global. As complexidades e contradições de Putin são examinadas, assim como a eleição de seu aliado Dmitri Medvedev que surge às sombras do seu antecessor. Leia Mais

Russia – Lost in transition – The Yeltsin and Putin legacies | Lilia Shevtsova

Países distantes e que pouco ainda se conhecem em sua história e política, Brasil e Rússia vem buscando nos últimos anos intensificar sua parceria estratégica como nações emergentes e que buscam seu reposicionamento global no sistema internacional diante das pressões da unipolaridade e da multipolaridade em transição. Ao lado de China, Índia e África do Sul, a Rússia e o Brasil consistem-se no novo chamado “Segundo Mundo”, combinando tendências de potencialidade e vulnerabilidade. E, no caso da Rússia, está-se diante de uma nação que completa, em 2009, vinte anos do início de sua transformação mais recente, que engloba desde o fim da Guerra Fria em 1989 até a desagregação da União Soviética em 1991.

Afinal, após o desgaste e a queda da ideologia comunista, a Rússia se viu diante de grandes desafios, como o de ter que alterar radicalmente seus princípios de Estado e Sociedade, romper com um projeto e modo de vida adotados previamente, além de lidar com a desintegração do seu imenso território. Desde então, o país vivencia um período de transição política e econômica, bem como a busca incansável por um novo caminho de desenvolvimento, o que tem representado desafios internos e externos a sua agenda. Leia Mais

A Nova Configuração Mundial do Poder | Gilberto Dupas, Celso Lafer e Carlos Eduardo Lins da Silva

Qualquer analista que pretenda interpretar a política internacional contemporânea não deve ignorar dois eventos que marcaram a história recente e o debate intelectual entre o final do século XX e o início do XXI: o pós Guerra Fria e os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001. Compreender a dinâmica internacional alheio a estes fatos parece inimaginável, tamanha a relevância e o impacto tanto para a (re)configuração da ordem, quanto para os esforços de sistematização de seu significado e consequências para a atualidade.

Conscientes deste imperativo é que os organizadores de A Nova Configuração Mundial do Poder – Gilberto Dupas, Celso Lafer e Carlos Eduardo Lins da Silva -, reuniram em uma obra vinte artigos que problematizam o cenário internacional à luz desses acontecimentos de nossa história recente. Leia Mais

America between the wars: from 11/9 to 9/11 | James Goldgeiger

Após o fim da Guerra Fria, o debate acerca de qual seria a melhor estratégia para os Estados Unidos adotarem em substituição à contenção se tornou um tema muito controverso para os analistas de Relações Internacionais e, principalmente, para os formuladores de política e tomadores de decisão do país. A dificuldade para se encontrar um novo termo e um projeto de ação de longo prazo se tornou um desafio instigante. Em tal contexto, examinando a história recente da política externa norte-americana de 09/11, a queda do Muro, à 11/09, os atentados terroristas ao território continental, James Goldgeiger e Derek Chollet em America Between the Wars oferecem uma interessante análise desta fase 1989/2009.

Passando pelos governos Bush sênior (1989/1992), Bill Clinton (1993/2000) e George W. Bush (2001/2008), o texto define estas duas décadas como “os anos modernos entre guerras” (modern interwar years). A obra discorre sobre os principais acontecimentos, os diferentes conceitos cunhados no período e o debate acadêmico e político que vigorou ao longo destes anos, mostrando de forma perspicaz a dificuldade dos EUA em reencontrar um sentido norteador de sua atuação no Sistema Internacional após a eliminação do rival soviético. Mais do que diferenças, os autores apontam as semelhanças em táticas e retóricas entre as administrações (em particular o recorrente tema da democracia e do lugar especial da liderança no mundo, associada ao seu intervencionismo) que enfrentaram estes momentos do pós-Guerra Fria, identificando-os, como indica o subtítulo do livro de “os anos mal-compreendidos entre a queda do Muro de Berlim e o começo da Guerra Contra o Terror (GWT)”. Leia Mais

História da Enfermagem | ABEn | 2015

HISTORIA DA ENFERMAGEM3 Novecento

História da Enfermagem: Revista Eletrônica – HERE (Brasília, 2009-) é uma publicação do Fórum Permanente de Pesquisadores de História da Enfermagem, tem periodicidade semestral e sua publicação é em versão eletrônica, pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), com sede em Brasília-DF.

A revista tem como missão promover a disseminação do conhecimento relativo à História da Enfermagem, Saúde e Educação, por meio da publicação arbitrada de artigos que contribuam com o conhecimento histórico, para a expansão de referenciais teóricos e metodológicos, fontes de pesquisas históricas e propiciem a interlocução entre pesquisadores e interessados em história da enfermagem e da saúde.

Seu propósito é enfocar a História na perspectiva das ciências da saúde e mais especificamente da enfermagem, enquanto disciplina. Neste sentido, pretende uma interlocução interdisciplinar com as áreas de conhecimento que fazem interface com a Enfermagem e sua história, dando ênfase nos aspectos do cuidado, educação e saúde.

[Periodicidade semestral] [Acesso livre]

ISSN 2176 7475

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Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes | Samuel Pinheiro Guimarães

O atual secretário-geral de relações exteriores do Brasil, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães escreve uma obra fundamental para compreendermos os principais dilemas do desenvolvimento nacional frente ao cenário já consolidado da Globalização enquanto processo no qual o Brasil está irremediavelmente inserido. É interessante localizar este trabalho, para entendermos melhor as suas motivações e apurarmos a nossa leitura.

Nos seus mais de 30 anos de carreira, Guimarães assistiu às diversas transformações na política externa brasileira, incluindo-se atuação na SUDENE e na Embrafilme durante o regime civil-militar. Foi um dos principais advogados da não-entrada do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas ao longo dos últimos 10 anos. Contudo, a notoriedade do trabalho do autor só ganhou espaço devido com a guinada nas relações exteriores do Brasil que ocorre inicialmente em 2003 e, mais notadamente, no segundo mandato do governo Lula. Leia Mais

The Visible Hand of China in Latin America | Javier Santiso

Quando der errado, culpe a China! É uma fórmula de sucesso infalível. Aquecimento global? Culpa da China. Desemprego nos Estados Unidos e na Europa? Culpa da China. Inflação mundial? Culpa da China. Aumento nos preços do petróleo? Culpa da China. Aumento no preço dos alimentos? Culpa da China. Fracasso da Rodada de Doha? Culpa da China. Ditaduras na África? Culpa da China. Desindustrialização no Brasil? Culpa da China. Não há, enfim, problema no mundo para o qual não surja algum “especialista” com a resposta na ponta da língua: é culpa da China!

Até o que não é problema, se ocorre na China, é. Os chineses inventaram muitas coisas, da pólvora ao macarrão, mas não consta que tenham inventado a dublagem. Mas se utilizam esse recurso – que se usa no mundo desde a primeira película do cinema falado – para realizar a mais bela abertura dos Jogos Olímpicos de que se tem notícia nos tempos modernos, é um problema. E se a empresa de material esportivo do ex-atleta chinês que acendeu a tocha olímpica correndo na perpendicular pela borda do estádio aumenta seu valor na Bolsa de Xangai em US$ 30 milhões, é um problema. Se fosse a Nike ou a Adidas, aí tudo bem. Leia Mais

A ingratidão: a relação do homem de hoje com a História | Alain Finkielkraut

Nosso sentimento de superioridade sobre um passado – que, queiramos ou não, nos pertence – de preconceitos, exclusões e crimes, necessariamente nos torna mais livres e abertos do que nossos antepassados? É esta a questão que o filósofo francês Alain Finkielkraut nos apresenta em A ingratidão, obra sobre a postura do homem atual frente à história. Nascido em 1949, participante das rebeliões de maio de 1968, se na juventude Finkielkraut erguia barricadas contra o status quo, na maturidade não hesita em advogar a defesa de valores, tradições ou instituições centrais da cultura ocidental. É o que se depreende da leitura de obras como A memória vã e, sobretudo, A derrota do pensamento, ambas traduzidas para o português há duas décadas [1].

Publicada na França em 1999 (Ed. Gallimard), e no ano seguinte no Brasil, A ingratidão recebeu o Prêmio Aujourd’hui, concedido a obra histórica ou política sobre a atualidade. Apesar de publicado originalmente há quase dez anos, o livro conserva uma atualidade impressionante, o que justifica esta resenha. Fruto de uma entrevista ao jornalista do órgão Devoir Antoine Robitaille, natural de Quebec (província canadense de língua francesa), A ingratidão é como o diagnóstico do pensamento, dado por um filósofo, dos males e perspectivas da inteligência humana no início do século XXI.

Embora praticamente todo o conteúdo seja de autoria de Finkielkraut, dado que as intervenções de Robitaille são bem pontuais, o texto conserva a estrutura de uma entrevista, aliás, muito bem conduzida pelo entrevistador, interado da obra do filósofo e interessado em questões atuais relevantes. No prefácio da obra Finkielkraut destaca seu apoio ao projeto, ao afirmar que “Não existe cabeça bem formada que não seja também uma cabeça repleta de amigos exigentes ou de obsessivos contraditores” (p. 8). Todavia, sabe-se das dificuldades que acompanham o projeto de livro derivado de entrevista. Maria Lúcia Pallares-Burke, que organizou uma coletânea de entrevistas com historiadores, sintetizou-as por meio de uma frase do historiador britânico A. J. P. Taylor, após uma entrevista: “Após viver tanto tempo com livros (…) se começa a preferi-los às pessoas [2] ”. Mas, apesar deste empecilho que, potencialmente, acompanha todo intelectual, Finkielkraut é honesto o bastante para reconhecer que “Para argumentar, não basta (…) possuir toda a razão; é preciso ver-se coagido a usá-la” (p. 8).

A obra é dividida em cinco capítulos – “Os inimigos e os demônios”, “O esquecimento do presente”, “O abandono da língua”, “O impudor dos vivos” e “Por que somos tão morais” –, sendo que os vários temas abordados no livro se entrelaçam numa visão abrangente do diálogo. É difícil, em uma resenha, discorrer sobre todos. Opto por destacar três deles, correlatos com assuntos prementes em nossa época e até nos noticiários: o judaísmo e o Estado de Israel; o paradoxo, num mundo globalizado, da luta das “pequenas nações” por autonomia; e – o que melhor revela a ingratidão para com a história, que intitula o livro – o relativismo cultural.

Em janeiro de 2008, uma polêmica entre a Federação Israelita do Rio de Janeiro e a escola de samba Viradouro a respeito de uma alegoria sobre o genocídio dos judeus pelos nazistas – o “holocausto” – ganhou os tribunais. O carro alegórico, a pedido da FIERJ, foi impedido pela Justiça de desfilar no carnaval. Sérgio Niskier, presidente da entidade, teria afirmado em conversa com o carnavalesco Paulo Barros que a função da entidade é combater o nazismo “24 horas por dia”. Este fato recentíssimo – obviamente, não citado no livro – ilustra um ponto levantado por Finkielkraut (nascido numa família judia): o choque do “holocausto” erigiu os judeus em referência moral do Ocidente, paradigmas do infortúnio e apóstolos contra a catástrofe. Vítimas por excelência, os judeus agora primam pela eterna vigilância sobre a memória do totalitarismo, função por eles aceita. Revelam-no a instrumentalização do anti-semitismo e o aparente monopólio da memória do genocídio nazista.

Há uma expressão utilizada por Finkielkraut sobre algumas minorias étnicas que bem cabe para qualificar tal postura: “mentalidade de credores”. Povos que sofreram no passado agora se sentem isentos de crítica; às vezes, podem até impingir sofrimento, reclamando imunidade para si. Se, para o autor, o paradigma desta mentalidade é a Sérvia (é de lembrar que o texto data de 1999, ano da intervenção das tropas da OTAN na crise entre o governo sérvio e Kosovo), os judeus – ou melhor, o Estado judeu, Israel – não o são menos. Há poucos anos, o pesquisador francês Pascal Boniface publicou um livro intitulado É permitido criticar Israel? (Est-il Permis de Critiquer Israël?, ed. Robert Laffont), que despertou violento debate na França. Ao criticar Israel pela instrumentalização do anti-semitismo – algo como: quem reprova Israel só pode ser anti-semita –, Boniface também alertava para o uso do “holocausto” como justificativa da agressiva política israelense relativa aos palestinos. O que é isto, senão a “mentalidade de credor” denunciada pelo filósofo?

É de notar que Finkielkraut apóia um “dever de memória” especial relativo ao nazismo, alegando a singularidade de fatos como o campo de concentração de Auschwitz. Os crimes hitleristas são paradigmáticos (em primeiro lugar) para o Ocidente por dois motivos: pela fabricação industrial de cadáveres e por ter sido cometido sob a égide de valores caros aos ocidentais, como a racionalização, o objetivo do progresso e a submissão da vontade à lei. A bem da verdade, o autor tem razão em destacar o “holocausto” entre outros genocídios. Como diz Marcos Marguiles, “cada vez menos pessoas entendem que os judeus foram as únicas vítimas ideologicamente predeterminadas e ‘cientificamente’ pré-selecionadas pelo nazismo. As outras (…) tinham fuga – os judeus eram condenados por terem nascido [3] ”. Finkielkraut lembra que o trauma de Auschwitz (metonímia, no livro, do genocídio nazista) é tão grande que levou a Alemanha a renunciar ao nacionalismo. Ainda são nítidas em nossa memória as imagens da Copa do Mundo de 2006, talvez a primeira explosão de patriotismo alemão em muitas décadas, exceto a ocasião especial da queda do Muro de Berlim.

Assumidamente judeu e comprometido com o “dever de memória”, Finkielkraut recusa, todavia, a identificação de tudo que ocorre no presente com Auschwitz. Isto é, a seu ver, uma memória preguiçosa, pois não leva em conta o hoje. Porém – aqui o autor denuncia um viés da ingratidão –, a pretexto de combater este tipo de memória, muitos querem dessacralizar in totum o passado. É o caso de historiadores israelenses que almejam reescrever criticamente a história do Estado. Se estes têm o mérito de refutar uma memória apologética, erram ao subordinar o passado ao presente e pretender uma cidadania “pura”, livre da etnia. Finkielkraut observa que todo país tem seus mitos, seus heróis, seu romance nacional, especialmente “pequenas nações” como Israel. Menosprezar tais traços revela ingratidão com as origens, a herança, com a própria história.

Para o leitor, chamar Israel – Estado poderoso, ponta-de-lança dos EUA no Oriente Médio – de “pequena nação” pode soar irônico. Mas, explica Finkielkraut, o conceito de “pequenas nações” se refere àquelas que têm sua existência posta em dúvida. As “grandes nações” têm uma existência imemorial que dispensa explicações; as pequenas, como Israel, têm de se agarrar ao seu romance nacional. Aliás, o autor afirma que deve a Israel o não ter sucumbido ao desprezo pelas pequenas nações. Não gratuitamente, Finkielkraut assume ser solidário ao Estado judeu, contudo, menos por sua origem étnica do que pelo modo de vida e participação política dos israelenses, pelo menos nas primeiras décadas do Estado. O que o desaponta em Israel é a admissão, pelo Estado, daquela “memória preguiçosa” a partir do fim dos anos 1970, revelada na “orgia analógica” da identificação entre as agressões impostas pelos vizinhos árabes e o “holocausto”. Foi esta postura – encarnada no então general Ariel Sharon – uma das responsáveis pelo assassinato do primeiro-ministro Ytzakh Rabin, em 1995, por um judeu, que não perdoara ao dirigente o “ter-se entendido com Hitler”.

Israel ocupa um lugar especial no livro – o segundo capítulo é quase todo dedicado àquele país e à “nação judaica” –, como se supõe, pelas origens do autor (que também escreveu La réprobation d’Israël, ed. Denoël), a importância do Estado judeu no mundo atual e sua vinculação inegável com o “dever de memória”, construção do século XX imposta pelo trauma do nazismo. Mas a discussão sobre Israel faz parte de um tema mais amplo: o significado das pequenas nações e seu lugar em meio à globalização. Como pode uma nação preservar sua identidade ao mesmo tempo em que participa de grandes blocos políticos e econômicos, em meio à expansão dos mercados e livre fluxo de capitais e sob a pressão de Estados multinacionais indispostos a lhes conceder autonomia ou mesmo reconhecimento?

A presente leitura de A ingratidão remete o leitor à questão do difícil reconhecimento, pela comunidade internacional, da recente proclamação de independência de Kosovo. Pode-se dizer que Finkielkraut antecipa as dificuldades a um projeto de autonomia de Kosovo na comparação que faz com a Bósnia. Esta tem uma composição multiétnica, enquanto o nacionalismo de Kosovo é genuinamente albanês. Como há, hoje, uma obsessiva atração por formações cosmopolitas, as entidades que não o são passam a serem ignoradas e até oprimidas, com a conivência alheia. Isaac Akcelrud, autor de um livro sobre o Oriente Médio, perguntado se uma defesa intransigente das nacionalidades provocaria um “aumento desordenado” de pequenas nações, responde com a pergunta: “que são ‘pequenas nações inexpressivas’[4] ?” Com efeito, Finkielkraut ressalta o perigo que é a má-vontade para com estas nações, observando que o século XX, marcado pela traição e desprezo àquelas entidades, deve servir como lição para o presente. Lição, talvez, não entendida por alguns países, como revela a questão kosovar. O caso de Kosovo remete a uma conclusão de Finkielkraut sobre o panorama ideológico da Europa no final do século XX: venceu o projeto de um continente em que as “grandes nações” hão de absorver os “peixes pequenos”.

Um argumento forte contra o apoio radical ao direito à autonomia das pequenas nações é a vigilância democrática. Afinal, em nome da liberdade, uma destas nações pode se tornar um reduto do despotismo do qual afirmam querer escapar. É nesta intrincada questão que Finkielkraut nos faz pensar ao discorrer – a pedido do entrevistador – sobre o caso de Quebec, província de língua francesa do Canadá que há décadas reclama autonomia política. A recusa da opinião pública ocidental em apoiar o projeto autônomo revela um desprezo clássico pelas nações pequenas ou uma saudável vigilância democrática? O filósofo responde com a afirmação de que o debate revela o choque entre duas idéias de nação – uma (cara a Quebec) baseada na memória, na tradição e na vinculação cultural (língua francesa); outra (cara ao Canadá anglófono), baseada no vínculo racional tecido em torno dos valores democráticos –, sendo que prevalece a que encarna um valor dos nossos dias: o cosmopolitismo. Isto é, vence a idéia de nação capaz de abrigar várias heranças culturais.

No entanto, é contra o cosmopolitismo do início do século XXI que Finkielkraut se coloca. O cosmopolita, de acordo com o significado tradicional da palavra, desfruta do teste do outro, deseja estar com o outro. Já o neocosmopolita não quer testar o diferente, mas ser como todos os outros ao mesmo tempo. Abre mão, assim, da cultura de que é herdeiro – de sua identidade – em prol de um “vir-a-ser turista” permanente. É o caso de homens e mulheres ocidentais que são adeptos de técnicas de relaxamento ou de sexualidade orientais, como a yoga e o kama sutra, mas que não deixam as comodidades do american way of life. Observação semelhante pode ser feita a respeito daqueles que criam sua própria religião, às vezes misturando elementos de várias delas, acabando por não professar nenhuma. Na verdade, trata-se de uma voluntária e radical desvinculação da herança. Para Finkielkraut, o cidadão tradicional, cioso de sua cultura, talvez seja mais benéfico para a democracia, porque lembra a existência e a legitimidade do outro.

Será que o Ocidente está perdendo sua identidade? Talvez sim, se a civilização ocidental preferir se enclausurar em si mesma, se recusando a disseminar suas conquistas. Estas palavras podem provocar a ira dos defensores das sociedades não-ocidentais, especialmente em tempos de exportação pela força de seus valores, encarnados pelos EUA. Só que muitos dos militantes que pretensamente combatem pelo “direito à diferença” contra a arrogância ocidental não percebem que a legitimidade de sua luta se baseia em conquistas tipicamente ocidentais, como a democracia e a liberdade de expressão. Esquecê-lo é “desvincular o ser da herança”, isto é, se portar (da maneira que convém) no hoje como um ocidental descartando todos os pressupostos que o ontem nos legou na construção da civilização. Um sinal desta distorção é a validade concedida ao relativismo e ao subjetivismo, propiciada por uma equivocada radicalização da democracia.

Se “todas as coisas são democráticas”, para que hierarquizar a arte, os estilos, os saberes, os protocolos, a idade? Finkielkraut diagnostica e lamenta um mundo em que todas as maneiras de viver e todos os enunciados se equivalem. O filósofo afirma que a transição para o século XXI testemunha um “niilismo triunfante”, que atinge todas as dimensões da cultura. O termo “niilismo” cai como uma luva no argumento, pois, com efeito, nossa época é a que nada vale mais ou menos do que nada. O valor de uma obra de arte, por exemplo, é relativo, dado por quem queira dar. O autor nota que um dos lugares em que esta tirania do relativismo e subversão dos valores tem mais força é a escola obrigatória, uma conquista do Iluminismo. Como tudo equivale, já não se cultiva a reverência aos grandes autores, às obras clássicas, à língua dos poetas. Finkielkraut justifica o lugar central das obras-primas ocidentais no ensino: se não são as melhores do mundo, são as melhores da nossa cultura. Mas a escola passou a ser ingrata com a história que a precede, em favor da valorização do momento e do gosto da clientela. No ensino da língua, um exemplo claro é o do “internetês”. Chama atenção a quem visita o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, que, ao fim de um enorme painel sobre a história e evolução do português, há uma parte dedicada a uma nova forma de escrever o idioma, utilizada principalmente pelos adolescentes e jovens, na internet: “vc naum ta em ksa hj?”.

Será Finkielkraut um conservador, tradicionalista, retrógrado? Do ponto de vista atual, a resposta é afirmativa. Mas o filósofo nos quer levar à conclusão de que um programa “conservador”, que defenda os valores clássicos, as hierarquias, a cultura erudita e a não-equivalência – enfim, que combata o relativismo –, é a verdadeira subversão. Ao lembrar de 1968, quando a palavra de ordem era contra a escola e a favor da vivência de todas as sensações possíveis, o autor – com certa nostalgia inconfessa – alerta que há, na verdade, um “conservadorismo do movimento”. O relativismo cultural revela sua face mais intransigente no multiculturalismo e na escrita da história que o legitima, um ponto de muito interesse para nós, historiadores.

Talvez nenhuma palavra seja mais ouvida nos atuais discursos sobre a “diferença” do que tolerância. Toleram-se todas as opiniões, religiões, manifestações culturais, orientações sexuais, todas as escolhas, desde que não contrariem a tolerância. Finkielkraut observa que este discurso da tolerância é extremamente tirânico: no fundo, só tolera a si mesmo. Não se admite meio-termo: quem não defende o casamento gay é homofóbico ou, no Brasil, quem não apóia as cotas para negros é racista. Tirania que condiciona até o uso da língua. É de notar que Lula da Silva – cujo governo, aliás, tem como símbolo a palavra “Brasil” escrita em várias cores e como slogan a divisa “Um país de todos” – sempre inicia suas saudações televisivas com “a todas e a todos”.

Há vinte anos atrás, em A derrota do pensamento, Finkielkraut já alertava sobre o multiculturalismo no item “Um par de botas vale tanto quanto Shakespeare [5] ”. Ou seja, um simples trabalho artesanal não podia ser considerado “menor” que uma obra-prima da literatura universal. Aliás, perguntarão os multiculturalistas, por que obra-prima? Eis um ponto-chave do relativismo cultural: este se preocupa menos com a disciplina do verdadeiro do que com o reconhecimento mútuo. A história escrita sob a égide da “política do reconhecimento”, ao assumir feições vingativas contra o Ocidente (alegando “reparação”), partilha lógica semelhante. Na política educacional brasileira, temos diante de nós a obrigatoriedade do ensino de história africana nas escolas; na academia, os gays que escrevem a história do homossexualismo. Studies que, em nome de minorias historicamente oprimidas, condenam os white males. Para os representantes daquelas, a historiografia clássica não passa de porta-voz de um grupo desprezível: os machos europeus. Com efeito, se uma outra história tem pontos positivos (expansão dos objetos de estudo, valorização de outros pontos de vista), ela transforma o objeto em sujeito do discurso e é, no limite, preconceituosa: só se admira o que não é branco e ocidental. As tradições são descartadas pelo mero fato de o serem, enquanto os “livros desconcertantes”, que destroem símbolos e tradições herdados, é que são valorizados [6].

Finkielkraut, por tudo o que assume, é polêmico e corajoso, sem dúvida. Suas opiniões são ainda mais legitimadas pela qualidade de Robitaille, que não se furta a questioná-lo, interrompê-lo e mesmo provocá-lo. Por exemplo, quando o jornalista lembra o autor de que há intelectuais que se rejubilam em serem “do contra”, ou quando diz que havia chegado o momento de “pôr as cartas na mesa”: Finkielkraut não defende um programa conservador? Um livro apenas escrito pelo filósofo seria indubitavelmente de grande valor, mas, derivado de uma entrevista, a obra amplia o conhecimento do leitor sobre o intelectual, a ponto de aquele desejar, em alguns momentos, estar no lugar de Robitaille para interpelar o entrevistado.

Apesar do tom incisivo de suas palavras, Finkielkraut passa ao largo da intransigência. Não vê no relativismo cultural o fim da humanidade ou da história. O que o filósofo quer é nos deixar um alerta: escarnecer dos valores tradicionais, da história, enfim, da nossa própria herança, é ato tão corajoso quanto espancar nossa avó. Se uma memória que deplora os males do passado, como o genocídio nazista, é benéfica, nos faz falta outro tipo de memória, que venere o que há de bom no pretérito. Senão, seremos apenas uns ingratos, desmemoriados e intransigentes conservadores de plantão, papel inadvertidamente assumido pelos auto- apregoados arautos do reconhecimento mútuo, das minorias e da “reparação” histórica.

Notas

1. A derrota do pensamento. Trad. Mônica Campos de Almeida. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988; A memória vã: do crime contra a humanidade. Trad. Rosa Freire d’Aguiar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

2. Introdução. As muitas faces da história: nove entrevistas. São Paulo: Ed. UNESP, 2000, p. 17.

3. Na contracapa de Hannah Arendt. Origens do totalitarismo, I: o anti-semitismo, instrumento de poder, uma análise dialética. Trad. Roberto Raposo. 2a ed. Rio de Janeiro: Documentário, 1979 (grifo original).

4. Isaac Akcelrud. O Oriente Médio: origem histórica dos conflitos – imperialismo e petróleo; judeus, árabes, curdos e persas. 4a ed. São Paulo/Campinas: Atual/Ed. da Unicamp, 1986, p. 2.

5. Op. cit. (1988), pp. 131-40.

6. Como diz Bronislaw Baczko: “A época das ortodoxias parece, pois, ultrapassada; vivemos, muito felizmente, na época das heresias ecléticas”. Imaginação Social. In: Einaudi. Vol. 5 (Antropos – Homem). Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985, p. 308.

Fernando Gil Portela Vieira – Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense e doutorando no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo.


FINKIELKRAUT, Alain. A ingratidão: a relação do homem de hoje com a História. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. Resenha de: VIEIRA, Fernando Gil Portela. Um Reencontro com o Ocidente. Cantareira. Niterói, n.13, 2008. Acessar publicação original [DR]

História do tempo presente | Gilson Pôrto Júnior

A obra História do tempo presente, organizada por Pôrto Jr.1 contempla dezessete capítulos cujo tema central perpassa as considerações da História do Tempo Presente (HTP) na educação brasileira e na escrita da História por historiadores. Os demais autores são também professores nacionais e internacionais. Esta obra a ser resenhada apresenta como tema central o ensino da História no e do Tempo Presente. Ela é introduzida pela apresentação da HTP, seguida de contribuições teóricas, passando para a terceira parte na qual se expõe considerações sobre o professor pesquisado, levando a seguinte referente à pesquisa e ensino de História do Tempo Presente e fechando o trabalho com uma parte dedicada a História e Historiografia e seus debates em torno do presente.

O professor de História precisa despertar no aluno o interesse de desenvolver pesquisas que envolvem a HTP. Esta recente abordagem no campo da História, iniciada nos anos 70, portanto situada na História Contemporânea, despertou o interesse da Escola do Annales para as lições de uma história do presente. A partir daí os estudos, seja social ou político tomaram a história de um passado recente como base para suas interpretações. Leia Mais

Educação & Realidade | UFRGS | 1976

Educacao e Realidade Novecento

Educação & Realidade (1976) tem como missão a divulgação da produção científica na área da educação e o incentivo ao debate acadêmico para a produção de novos conhecimentos. Visa, também, a disponibilização de novas ferramentas analíticas, de modo a expandir as fronteiras do pensamento e da prática no campo da educação. Nos seus quase 40 anos de existência, Educação & Realidade vem realizando essa missão por intermédio de uma política editorial consistente e centrada na qualidade dos textos oferecidos aos seus leitores.

Educação & Realidade é uma publicação trimestral e publica artigos relacionados às várias áreas do campo da educação e suas interfaces com as artes, filosofia, letras, ciências sociais e humanas, resultantes de estudos teóricos, pesquisas empíricas, análises sobre práticas concretas ou debates polêmicos e atuais. A revista publica artigos em português, inglês ou espanhol e todos os textos passam por avaliação cega por pares, independente da forma como foram submetidos.

Para que um artigo seja publicado em Educação & Realidade, ele deverá ser inédito e oferecer uma perspectiva que contribua para a discussão e o avanço dos modos como o tema até então tem sido tratado no campo da educação. Todos os números de Educação & Realidade são organizados em torno de um tema que garante uma identidade aos mesmos (eles recebem um título, que aponta a problemática em destaque naquela edição). Isso se dá tanto em números em que todos os artigos estão relacionados diretamente a um tema, quanto em números que apresentam uma seção temática, além de artigos sobre outros assuntos.

Busca-se manter espaço para outros temas como forma de continuar acolhendo e publicando artigos que espelham a rica produção dos pesquisadores da educação, enviados diretamente à Educação & Realidade. A apresentação de uma pluralidade de perspectivas teóricas é um dos pilares da política editorial de Educação & Realidade, como atesta a sua história de liderança na proposição de questões candentes na área da educação. A revista tem como objetivo servir de veículo não apenas para o conhecimento e as pesquisas já consolidadas, mas também para perspectivas inovadoras, tanto no que se refere à argumentação quanto à metodologia, e que se apresentam como alternativas aos modelos estabelecidos

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Scripta Mediaevalia | UNCUYO | 2008

Scripta Novecento

Scripta Mediaevalia (Mendoza, 2008-) es una publicación del Centro de Estudios Filosóficos Medievales dependiente del Instituto de Filosofía de la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad Nacional de Cuyo (Mendoza, Argentina) y busca ser un medio más de expresión de los avances científicos en el espacio del pensamiento y de la filosofía medieval.

El área del conocimiento al que se dirige la revista se define como “pensamiento medieval”. Se trata de aquel sector transitado por los denominados borders, es decir, aquellos académicos e investigadores que han radicado su objeto de estudio en las problemáticas confluencias de disciplinas tales como la filosofía, la historia, la teología, la literatura y otras más. Lejos de significar indefiniciones, estos aportes procuran una mirada holística y, sobre todo, realista de la Edad Media, periodo en el que las divisiones disciplinares estancas propias de la Modernidad, y que hoy nos parecen insuperables, no existían.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2362-4868

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Emerging Johannesburg: perspectives on the pos-Apartheid city | Richard Tomlinson et al.

Resenhista

Jó Klanovicz


Referências desta Resenha

TOMLINSON, Richard et al (Org.). Emerging Johannesburg: perspectives on the pos-Apartheid city. London: Routledge, 2006. Resenha de: KLANOVICZ, Jó. História Debates e Tendências. Passo Fundo, v. 7, n. 2, p. 265-271, jul./dez. 2007. Acesso apenas pelo link original [DR]

Otro siglo perdido. Las politicas de desarollo em América Latina (1930 – 2005) | V. L. Urquidi

A crescente especialização acadêmica trouxe aspectos positivos e negativos para o campo da História Econômica. Entre os primeiros, destaca-se a melhor compreensão de processos históricos específicos, mediante análises estruturadas sobre dados empíricos sólidos. Entre os segundos, cita-se o perigo da perda da visão do todo. Muitos desses estudos, excessivamente verticalizados, não demonstram capacidade de articulação entre a parte por eles analisada e complexo tecido da história. O resultado é a terrível sensação de um quebra-cabeça, no qual apenas um dos seus inúmeros pedaços se encontra em nossas mãos. Como o resto se esvaiu, torna-se impossível saber qual seria a imagem formada pelo jogo completo. Leia Mais

Neohegemonia Americana ou Multipolaridade? Pólos de Poder e Sistema Internacional | Paulo Vizentini e Marianne Wiesebron

Desde o fim da Guerra Fria, os debates sobre o reordenamento do sistema internacional tem sido uma constante, trazendo diversos desafios para os Estados que se relacionam neste novo sistema e buscam estabelecer uma agenda positiva que responda a esta realidade e a seus dilemas internos. Assim, estamos diante de uma fase de reordenamento do poder mundial, na qual mais do que respostas, apresentam-se perguntas sobre os novos equilíbrios que se construirão no médio e longo prazo. Aprofundando estas reflexões e oferecendo um panorama sobre o tema, surge como essencial a publicação do livro Neohegemonia Americana ou Multipolaridade? Pólos de Poder e Sistema Internacional, organizado por Paulo Vizentini e Marianne Wiesebron.

Editado pela Ed. UFRGS, consolidando sua tradição na área, o livro é composto por uma coletânea de artigos e pertence à Série Estudos Internacionais- NERINT/ILEA. Tais artigos originaram-se de Seminário realizado pelo Instituto Clingendale de Relações Internacionais de Haia, e representam um esforço conjunto de debate sobre os pólos de poder do sistema, tentando responder à pergunta título: neohegemonia ou multipolaridade? Leia Mais

The Global Cold War | Odd Arne Westad

Ao nos aproximarmos do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlin, a prolixidade acadêmica acerca da Guerra Fria continua firme e forte. Assim como The Cold War: A New History, de John Gaddis (resenhado na edição 1/2006 desta revista), o livro de Arne Westad traz novas interpretações, baseadas em arquivos recém-abertos dos Estados Unidos, da União Soviética e de diversos países do Terceiro Mundo, que desafiam antigas visões da Guerra Fria.

Um dos principais problemas para estudiosos da Guerra Fria é a sua definição: ela pode ser vista como um período, um conflito ideológico, uma disputa político-militar ou de uma série de outras formas. Westad propõe estudá-la como um conflito verdadeiramente global entre duas superpotências, cada uma portadora de um projeto ideológico universalista da modernidade. O grande palco da disputa entre esses dois arautos da modernidade – que o autor caracteriza, não sem ironia, como o “império da liberdade” (EUA) e o “império da justiça” (URSS) – teria sido o Terceiro Mundo, que ao emergir do processo de descolonização, buscava alcançar a independência política e o desenvolvimento econômico. O livro é concebido, portanto, como uma história do intervencionismo das superpotências no Terceiro Mundo ao longo da Guerra Fria. Leia Mais

Sistema internacional com hegemonia das democracias de mercado: desafios de Brasil e Argentina | Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis

Um duro retrato da realidade internacional: esta talvez seja a frase que melhor sintetiza o livro de Eduardo Viola, professor titular de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, e Héctor Ricardo Leis, professor da Universidade Federal de Santa Catarina. Após quase vinte anos do colapso da União Soviética as transformações operadas no sistema internacional agora podem ser melhor percebidas: coube aos autores descrevê-las de forma coerente e contundente.

A linha central de pensamento dos autores é que o sistema de estados que delineia a ordem internacional vigente é baseado na hegemonia das democracias de mercado. Nesse sentido, o protagonismo norte-americano só é válido em composição com outras grandes potências: juntas, como democracias de mercado consolidadas, fazem da democracia seu modelo político, do capitalismo de mercado sua moldura econômica definidora e da globalização seu veículo de manutenção ou transformação da ordem vigente. Ainda que exaltando o verdadeiro liberalismo, a análise de ambos aponta para uma valorização do progresso social e econômico como metas universais, em detrimento de orientações puramente ideológicas. Leia Mais

O golpe e a ditadura militar: quarenta anos depois (1964-2004) | Daniel Aarão Reis, Marcelo Ridenti e Rodrigo Sá Motta

Em 2004 muitos foram os pesquisadores que se reuniram em seminários, palestras e eventos tendo como objetivo discutir a questão da ditadura militar no Brasil. Foi um momento de refletir um acontecimento – o golpe militar – que marcou profundamente a história do povo brasileiro. Já tinham se passado quarenta anos, mas as lembranças daquele momento permaneciam na memória daqueles que presenciaram os direitos democráticos se desfazerem com as ações políticas dos militares.

A produção historiográfica referente ao golpe civil-militar de 1964 e o governo que se instalou desde então vem aumentando constantemente. Essa preocupação pode ser compreendida devido ao acesso a determinados documentos que anteriormente eram impossíveis de serem analisados, embora o estudo sobre a ditadura ainda careça de fontes. A intensa revisão desse momento histórico pode ser dada pelo fato desse período ainda provocar muitas contradições, como por exemplo a construção de narrativas daqueles que defenderam o regime e dos que foram vítimas desse sistema ditatorial. O que ocorre também é uma tentativa de redefinição desse passado pelos diferentes sujeitos, de um lado aqueles que vivenciaram essa experiência ditatorial e de outro os que investigam e interpretam esse passado com base em documentos escritos e orais. Leia Mais

A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje | Maurício Murad

O futebol tem ocupado, cada vez mais, um espaço como objeto de estudo dos vários pesquisadores, cuja formação se liga à História, à sociologia, à antropologia e demais áreas correlatas. Isso significa que o esforço de análise acerca desta temática vem deixando de ser algo restrito a uma prática diletante, para também ser analisada no âmbito das universidades. Neste aspecto, não tenho dúvidas quanto ao pioneirismo e ao brilhantismo do Professor Maurício Murad, quando nos reportamos à reflexão sobre a temática apontada, sobretudo no que diz respeito a um dos principais problemas que habita o universo do futebol: a violência. O livro é parte de amplas pesquisas que o autor já vem realizando há algum tempo, o que o coloca como indispensável para aqueles que estudam ou venham a estudar e/ou conhecer questões relacionadas ao futebol, também numa perspectiva da pesquisa acadêmica.

Desde já, creio ser necessário concordar com uma das principais teses do autor em questão, quando ele nos sugere em seu livro, que não se deve comparar a violência no futebol com a violência do futebol. A partir desta premissa, provavelmente o autor queira nos alertar quanto às ocasionais conclusões que poderiam naturalizar o futebol como algo estruturalmente violento, tal como muitas vezes alguns jornais impressos, programas de rádios e/ou de televisão, enfim, os diferentes veículos de comunicação poderiam nos levar a crer, quando noticiam os jogos de futebol. Não se trata de rejeitar a existência de absurdos ligados à violência absolutamente condenáveis que, de fato, estão presentes no esporte. Leia Mais

China: Infra-estruturas e crescimento econômico | E. Jabbour

Trata-se da dissertação de mestrado do autor, publicada com pequenas alterações de texto e formato. O assunto, a economia chinesa, tem-se mostrado cada vez mais relevante na pauta de assuntos ligados à Economia e à História contemporâneas. O mercado editorial doméstico tem, em concordância com essa demanda, inundado as prateleiras das livrarias especializadas com títulos abordando o desempenho e as razões deste para a China, que adentra o século XXI como um país verdadeiramente emergente no cenário internacional, uma economia interna que mantém as maiores taxas de crescimento mundiais, e um parceiro comercial temido e desejado.

Como em todo boom editorial, a qualidade das obras é bastante heterogênea, com títulos realmente informativos e, por outro lado, livros que, ao refletirem pouco além do senso comum ou de pontos específicos de marketing internacional estadunidense (como no caso das traduções), praticamente deixam o leitor no mesmo lugar de onde o retiraram no início. Seria o caso deste livro? Leia Mais

O Renascimento do Império | Claudia Trevisan

Saiu pela editora Planeta do Brasil o relato da jornalista Cláudia Trevisan sobre sua viagem e permanência na China. Trata-se de obra de cunho jornalístico e, assim, pouco rigorosa, do ponto de vista da análise social e econômica. Mas num contexto onde uma visita à China é difícil, e as informações escassas, mesmo a aparente pouca objetividade do relato biográfico é uma fonte valiosa para a pesquisa social.

O objetivo da autora é revelar informações e impressões que teve no período em que viveu na China. Logo, são as informações que o livro traz as que mais importam para a discussão sócio-econômica da China atual, e não a estrutura da obra propriamente dita, ou suas idéias e teses, explícitas ou subjacentes. Uma seqüência de capítulos da primeira das oito partes do livro é: “Cerimônias em alta, casamentos em baixa; Os esquecidos; A língua; Xangai; Beleza Artificial”. Isto é, faz-se uma miscelânea, lançando-se mão de curiosa diagramação: os capítulos mais formais, com informações sociais e econômicas, esto em formatação comum; os capítulos com relatos sobre costumes, cultura etc., estão em itálico. Leia Mais

Uma associação para a tecnologia brasileira: Abipti 25 anos | Shozo Motoyama, Paulo Queiroz Marques e Maria Anglélica Rodrigues Quemel

Shozo Motoyama, Paulo Queiroz Marques e Maria Angélica Rodrigues Quemel prestam um importante serviço à documentação e historiografia sobre o desenvolvimento da tecnologia no Brasil da segunda metade do século XX ao reunir documentos, depoimentos e informações diversas sobre a formação da Abipti.

A Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), criada no início dos anos 1980 com o intuito de representar as instituições de pesquisas em tecnologia, demonstrou ao longo de 25 anos, mesmo em situações de turbulências econômicas, autonomia frente às autoridades governamentais, negociando e mostrando aos mesmos, as reais necessidades de fomento de pesquisa e inovação na área tecnológica. Leia Mais

Integração Regional: os Blocos Econômicos nas Relações Internacionais | Alfredo da Mota Menezes e Pio Penna Filho

Em setembro de 2006, ao comentar a reunião do Grupo Mercado Comum (GMC) que se realizara naquele mês em Brasília, o jornalista Sérgio Léo, do Valor Econômico, comentava: “A burocracia tem suas vantagens, e uma delas é a falta de dúvidas existenciais: enquanto se debate publicamente o risco de dissolução do Mercosul, as instâncias burocráticas do bloco continuam funcionando com certa normalidade.” Provavelmente não assistimos à “dissolução” do bloco, mas, sem dúvida, estamos longe de um período em que o otimismo quase generalizado com relação ao Mercosul justificava-se sem maiores explicações e as notícias dos jornais o reproduziam abundantemente. O que se passou desde então?

Aos interessados em conhecer não só o processo de construção do Mercosul, mas também a história e os principais desafios atuais encontrados em vários processos de integração econômica pelo mundo, uma boa pedida é a leitura do livro de Alfredo da Mota Menezes e Pio Penna Filho. Em linguagem bastante acessível, o livro dirige-se ao leitor não-especialista, que poderá compreender esse fenômeno internacional. Quais as diferenças entre uma união aduaneira e uma zona de livre comércio? A integração deve melhorar o bem-estar social das sociedades integradas, mas como integrar economias tão díspares como as da Alemanha e de Portugal ou como as do Brasil e do Paraguai? Embora, em geral, a integração seja vista pelo cidadão comum como uma forma a ser buscada para que os países atinjam um bom padrão de inserção internacional, obstáculos das mais diversas naturezas devem ser enfrentados, e os de natureza política não são os menores deles. Leia Mais

O século XXI no Brasil e no mundo | Maria Izabel Valladão de Carvalho e Maria Helena de Castro Santos

Theodore Hook, escritor inglês, afirmava que a melhor forma de predizer o futuro é inventando-o. Esse mote singulariza muito bem o empreendimento de desbravadores, inventores e vanguardistas da arte, pois a engenhosidade humana parece dispor de irrestrito estoque de surpresas que transformam o espaço e a consciência que temos de nós mesmos. É com artifício semelhante que gerações de pesquisadores perscrutam uma grande “invenção” coletiva, que é a realidade social que nos cerca.

Para examiná-la, criam-se métodos, derrubam-se axiomas e debatem-se idéias – um processo que redunda na grade de conhecimento que ajuda a tornar compreensível os complexos processos que enfrentamos. Nos últimos anos, contudo, esses exercícios demandam cada vez mais desvelo e mobilização por parte dos corifeus da academia, pois a realidade parece constituir um agregado difícil de decompor, de dar inteligibilidade e de explicar. Leia Mais

Desafios brasileiros na era dos gigantes | Samuel Pinheiro Guimarães

Nos últimos anos, intensificaram-se os debates nos meios de comunicação e na academia sobre a política externa brasileira, em decorrência do êxito eleitoral da oposição no âmbito federal em 2002, após três pleitos disputados (89, 94 e 98). Deste modo, o cotejo entre o desempenho das gestões de Fernando Henrique Cardoso e de Luis Inácio Lula da Silva foi constante, ainda mais durante as vésperas da última eleição presidencial (2006), de cujo resultado se extrairia a confirmação do atual titular.

Em face da proximidade das políticas econômicas executadas no último decênio, a política externa tornar-se-ia para muitos o cenáculo em que situação e oposição – manifesta não apenas nos meios partidários se avaliariam, por ela eventualmente possibilitar a diferença das linhas traçadas, posterior execução e, por fim, auferimento dos êxitos. Leia Mais

Do Terror à Esperança: auge e declínio do neoliberalismo | Theotônio dos Santos

Se tivesse que recomendar a meus alunos de história três livros sobre globalização e neoliberalismo que eles devessem levar para uma ilha deserta, facilmente poderia incluir este último livro de Theotônio dos Santos, juntamente com Globalização em Questão, de Paul Hirst e Grahame Thompson (Ed. Vozes, 1998) e Globalization and its Descontents, de Joseph Stiglitz (W.W. Norton & Company, 2002). Hirst & Thompson desmistificam muitas das crenças infundadas sobre a globalização, provando que não é um fenômeno tão novo assim (os movimentos líquidos de capital em relação ao tamanho das economias eram maiores nas décadas do padrão-ouro, anteriores à Primeira Guerra Mundial, do que nas últimas décadas do século XX), nem tão “global” assim (a maioria das companhias ditas “transnacionais” tem claro centro decisório nacional; a maior parte de sua produção é realizada e vendida no país-matriz, o mercado de mão-de-obra absolutamente não é global, etc.).

Já a imperdível obra de Stiglitz me faz lembrar aqueles livros de ex-agentes da CIA que desnudam a Agência por dentro. Stiglitz, prêmio Nobel de economia em 2001, ex-Economista-Chefe do Banco Mundial, critica, com o conhecimento embasado de um insider, o funcionamento de organismos como o FMI, que, em seu afã “globalizante” de disseminar doutrinas de cunho neoliberal nos anos 1990, acabavam por condenar países em desenvolvimento a políticas recessivas. Quanto a este último livro, fica apenas o lamento de que, como as memórias de ex-agentes da CIA, as críticas geralmente vêm post factum, ou seja, após os atualmente criticados golpes de estado, promovidos pela CIA no Terceiro Mundo, ou políticas econômicas equivocadas para os países devedores terem sido implementadas… Leia Mais

Brasil e EUA no novo milênio | Marcos Guedes de Oliveira

O estudo das relações Brasil-Estados Unidos e do reconhecimento do outro dentro do cenário internacional vem gradativamente fornecendo concretos trabalhos e trazendo interesse para os pesquisadores de diversas áreas, principalmente em Relações Internacionais, dada sua multi e interdisciplinaridade. Nesse sentido, a obra organizada por Marcos Guedes de Oliveira busca contribuir para a redução de eventuais desconhecimentos acerca do outro, procurando demonstrar que muito do que se pensa a respeito dos EUA confunde-se com resquícios preconceituosos presentes no imaginário popular.

A primeira parte da obra, composta por textos de Eduardo Viola e Carlos Pio (Doutrinarismo e Realismo na Percepção do Interesse Nacional), Shiguenoli Miyamoto e Paulo César Manduca (Segurança Hemisférica, Uma Agenda Inconclusa) e Antônio Jorge Ramalho (Entre Redes e Hierarquias, Entre Regras Internas e Regras Internacionais: A Projeção dos Interesses dos EUA na Alca), busca trazer à tona questões de extrema complexidade no cenário político-internacional atual, quais sejam, a percepção do outro em um cenário de mudanças, as questões relativas à segurança do hemisfério e a dificuldade de se implementar uma política de segurança comum para o continente, além das disputas políticas e econômicas na formulação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Leia Mais

Historia de España | UBA | [?]-

Historia de Espana Novecento

La revista Cuadernos de Historia de España (Buenos Aires, es una publicación periódica perteneciente al Instituto de Historia de España Dr. Claudio Sánchez-Albornoz (Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Buenos Aires). Difunde trabajos originales e inéditos sobre las diferentes áreas de la historia de España en sus influencias y múltiples proyecciones a través del tiempo y del espacio. La revista está dirigida a un público académico y general, tiene una periodicidad anual y se publica en noviembre de cada año abarcando el período que va desde ese momento hasta octubre del año siguiente.

Periodicidade anual.

Acesso livre.

ISSN 0325-1195 Print version

ISSN 1850-2717 On-line version 

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Aprendizagem Aberta e a Distância | ABED | 2002

APRENDIZAGEM ABERTA Novecento

A Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância – RBAAD (2002) é um jornal eletrônico interativo, de livre acesso, com foco em pesquisa, desenvolvimento e prática de ensino e aprendizagem interativa a distância, em todos os níveis educacionais, formais e informais, e com o uso de todas as tecnologias disponíveis. São artigos voltados para os êxitos e desafios em educação a distância para pessoas de todas as idades, grupos ou níveis, nos sistemas formal e informal de educação. Os artigos podem ser classificados em: Artigos originais, Relatos de experiência, Revisões de literatura ou Resenhas..

O público da RBAAD é multidisciplinar e inclui professores de ensino fundamental, médio, de graduação e pós-graduação, pesquisadores, especialistas em desenvolvimento de recursos humanos e administradores.

Com uma esfera de ação internacional, a revista aceita e publica artigos em três idiomas – português, inglês e espanhol; a política e a seleção de artigos são determinadas pelos editores da revista e por orientações específicas.

A RBAAD é uma publicação da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) e está sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. O acesso a todos os conteúdos é livre. Não é cobrada taxa para submissão, tampouco para publicação dos artigos.

Periodicidade anual

Acesso livre

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Paleontologia | SBP | 2001

Revista Brasileira de Paleontologia Novecento

A Revista Brasileira de Paleontologia é o periódico oficial da Sociedade Brasileira de Paleontologia.

Acesso livre

Periodicidade quadrimestral

ISSN: 1519 7530 (Impresso)

ISSN: 2236 1715 (Online)

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Centro de Referência Luso-Brasileira 2000-2001 | Anais do Museu Histórico Nacional | 2001

Organizador

José Bittencourt

Referências desta apresentação

BITTENCOURT, José. Apresentação. Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v.33, p.155-159, 2001. Acesso apenas no link original [DR]

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Ensino, Educação e Ciências Humanas | Kroton | 2000

Ensino Educacao e Ciencias Humanas Novecento

A Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas (2000-) tem escopo nas Áreas de Ensino e Educação. Recebe artigos em fluxo contínuo e está hospedada no Portal de Periódicos Científicos Kroton.

Rua Marselha, Londrina,PR.

Contato Principal: Selma Ellwein – Kroton Educacional, Londrina – PR, telefone (43) 3371-7931. E-mail: selma.elwein@kroton.com.br

Acesso livre

Periodicidade trimestral

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Meridiano 47 | UnB | 2000

Meridiano 47 Novecento

Meridiano 47 – Journal of Global Studies (Brasília, 2000-) é uma revista do Centro Estudos Globais da Universidade de Brasília dedicada a promover a reflexão, a pesquisa e o debate acadêmico sobre os temas da agenda internacional contemporânea.

Meridiano 47 publica artigos científicos cuja temática se situe na grande área de Relações Internacionais, e mais particularmente sobre Política Internacional, Política Externa, Economia Internacional, Instituições e Regimes Internacionais, História das Relações Internacionais e da Política Externa e sobre questões envolvendo áreas geográficas e países.

Periodicidade anual.

Acesso livre.

ISSN 1518-1219

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Historia Argentina | UNLP | 2000

Anuario de Historia Argentina Novecento

Anuario del Instituto de Historia Argentina (Buenos Aires, 2000-) es una revista semestral (desde el año 2016)  del Centro de Historia Argentina y Americana del Instituto de Investigaciones en Humanidades y Ciencias Sociales perteneciente a la Facultad de Humanidades y Ciencias dela Educación de la Universidad Nacional de La Plata y al Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas, que publica artículos y documentos de trabajo originales e inéditos, comunicaciones, reseñas y críticas bibliográficas sobre historia política, social y económica argentina y latinoamericana, en español, portugués e inglés.

El Anuario, que comenzó a editarse en papel (ISSN 1668-950X) en el año 2000, tiene como objetivo ofrecer un medio de comunicación especializado que contribuya al desarrollo de la disciplina. La revista está dirigida a investigadores, docentes, directives, funcionaries, profesionales y estudiantes de la Historia.

Con periodicidad anual hasta el año 2015, desde 2016 edita dos números al año con aparición en junio y diciembre. Sus contenidos están disponibles en línea en la página oficial de la revista (http://www.anuarioiha.fahce.unlp.edu.ar) y en los repositorios institucionales de la UNLP.

Anuario del Instituto de Historia Argentina se publica bajo licenciCreative Commons 4.0 Internacional (Atribución-NoComercial-CompartirIgual). Los números anteriores a 2019 fueron publicados según se indique, bajo licencia Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 2.5 Argentina y Creative Commons Atribución -NoComercial-CompartirIgual 3.0.

ISSN 2314-257X (Online)

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Topoi | UFRJ | 2000

Topoi2 Novecento

Topoi – Revista de História (Rio de Janeiro, 2000-), publicação quadrimestral do Programa de Pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem como objetivo central – desde seu primeiro número, em 2001 – estimular os debates acadêmicos através de artigos, entrevistas, resenhas e ensaios de crítica histórica.

Trazendo ao público resultados de pesquisas e reflexões em torno de campos disciplinares, períodos e temas históricos diversos, Topoi – Revista de História mantém sua vocação de pólo divulgador da produção historiográfica brasileira contemporânea.  A partir de seu décimo sétimo número, em dezembro de 2008, Topoi – Revista de História, anteriormente impressa pela Editora 7Letras, passou a apresentar-se exclusivamente como revista eletrônica, baseada nos princípios do livre acesso.

Periodicidade quadrimestral.

Acesso livre.

ISSN 1518-3319 (Impressa)

ISSN 2237-101X (Online)

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Percursos | UDESC | 2000

Percursos UDESC Novecento

A Revista PerCursos (Florianópolis, 2000) é um periódico interdisciplinar aberto a diferentes campos de conhecimento, mas fortemente referenciado nas Ciências Humanas e nas Ciências Sociais Aplicadas.

Neste sentido, privilegia temas transversais aos debates e reflexões presentes contemporaneamente entre antropólogos, educadores, geógrafos, historiadores, sociólogos, profissionais da informação e planejamento. Os Percursos são diversos e a revista se propõe a discutir os caminhos da reflexão teórica e das práticas disciplinares, a partir de contribuições originais de pesquisadores/as sensíveis ao papel da produção do conhecimento na compreensão das inquietações da sociedade contemporânea.

A revista foi criada em 2000, e está vinculada ao Centro de Ciências Humanas e da Educação (FAED) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Periodicidade quadrimestral

Acesso livre

ISSN 1984-7246

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Cognitio | PUC-SP | 2000

Cognitio Novecento

Editada pelo Centro de Estudos de Pragmatismo do Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a Cognitio (2000-) é uma revista de filosofia com foco em temas relacionados principalmente ao Pragmatismo clássico.

A Cognitio propõe-se a publicar artigos, ensaios e comunicações de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, funcionando assim como espaço para um fértil diálogo e debate de ideias entre a comunidade filosófica nacional e internacional. Está, portanto, aberta a contribuições e abordagens diversas, mas que de alguma forma tangenciem o universo teórico do Pragmatismo, afeito à teoria do conhecimento, à semiótica e à lógica, à filosofia da linguagem, à ética e à metafísica. Ainda no âmbito deste projeto, a Cognitio propõe-se a publicar também entrevistas, resenhas, traduções e notícias, entre outras contribuições.

Periodicidade contínua

ISSN 2316 527

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Educação | ANPEd | 2000

Revista Brasileira de Educacao1 Novecento

Revista Brasileira de Educação, publicada pela ANPEd – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, dedica-se à publicação de artigos acadêmico-científicos, fomentando e facilitando o intercâmbio acadêmico no âmbito nacional e internacional.

É dirigida a professores e pesquisadores, assim como a estudantes de graduação e pós-graduação das áreas das ciências sociais e humanas.

Áreas de interesse – educação; educação básica; educação superior e política educacional; movimentos sociais e educação.

A Revista Brasileira de Educação é uma publicação em fluxo contínuo.

Em 2017, a partir do número 70, a publicação passou a ser co-editada pela Zeppelini Editorial.

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História Unisinos | Unisinos | 2000

Historia Unisinos 1 Novecento

História Unisinos (São Leopoldo, 2000-) é um periódico científico do campo do conhecimento histórico sob responsabilidade editorial do Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

A revista publica textos resultantes de pesquisas avançadas, preferencialmente conectadas à área de concentração do Programa, a saber, Estudos Históricos Latino-Americanos. Seu conteúdo é de acesso livre, disponibilizado na internet, o que visa, ao mesmo tempo, a democratização do conhecimento produzido e ao atendimento de sua vocação para a internacionalização.

As origens da História Unisinos podem ser localizadas no ano de 1966, quando foi criado o periódico Estudos Leopoldenses, que circulou, ininterruptamente, até 1996. A partir de 1997, assumiu o nome de Estudos Leopoldenses – Série História, que vigorou até 1999. A atual denominação foi adotada a partir do ano 2000, sendo que, desde o ano de 2004, a revista pode ser acessada na web.

Periodicidade quadrimestral.

Acesso livre.

ISSN 2236-1782

Acesse resenhas [Coletar 2004-2008]

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Filosofía Práctica e Historia de las Ideas | INCIHUSA | 2000

estudios filosofia practica e historia de las ideas Novecento

¿Por qué Estudios – Filosofía Práctica e Historia de las Ideas? (Mendonza, 2000-) Decía Alberdi que en nuestras naciones la filosofía, si bien se nutría de las fuentes universales del saber, debía surgir de nuestras necesidades. Sin desmedro de la dimensión puramente teórica, Alberdi acentuaba la dimensión práctica del saber filosófico.

En estos días de vertiginosos cambios, fragmentaciones y perplejidades, se hace menester profundizar en la dimensión práctica de la filosofía. Al mismo tiempo se advierte la necesidad de una comprensión histórica que permita desentrañar las contradicciones de nuestro pasado y presente, abrir nuevas perspectivas para la interpretación de la actualidad, evaluar críticamente tradiciones culturales, iluminar las decisiones y orientar las acciones que se proyectan hacia el futuro. La publicación de ESTUDIOS de Filosofía Práctica e Historia de las Ideas contribuirá a la investigación seria y rigurosa sobre estas problemáticas, a su discusión y clarificación.

Esta publicación pretende, por una parte, ser un vehículo para la difusión y transferencia de la producción científica relativa a los estudios de Filosofía Práctica, Historia de las Ideas y disciplinas o problemáticas afines (estética, ética aplicada, ética social, estudios de género, estudios sobre la cultura, filosofía del derecho, filosofía moral, filosofía política, historia de las ideas latinoamericanas y del Caribe, historia de las ideas ibéricas, problemática de los derechos humanos, entre otras). Por otra parte, aspira a constituirse en un espacio de encuentro, diálogo, discusión, y análisis crítico de propuestas procedentes de todos los rincones del país, de América Latina y del mundo con la sola exigencia de la calidad científica y académica.

Periodicidade semestral.

Acesso livre

ISSN 1851-9490

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Alea | UFRJ | [2000]

Alea3 Novecento

Alea: Estudos Neolatinos – [2000-] Revista organizada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que compreende as seguintes áreas de concentração: Língua Espanhola e Literaturas Hispânicas; Língua Francesa e Literaturas de Língua Francesa; Língua e Literatura Italiana.

A publicação visa à divulgação de trabalhos de pesquisa originais provenientes das diversas áreas de produção de conhecimento relacionadas com a área de letras e que se articulem com as línguas e as literaturas neolatinas.

Periodicidade quadrimestral

Acesso livre

ISSN 1517-106X (Online)

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Terra Brasilis | RBHGGH | 2000

Terra Brasilis Novecento

Terra Brasilis ([?] 2000-) é uma publicação da Rede Brasileira de História da Geografia e Geografia Histórica, coletivo nacional de pesquisadores interessados na história da geografia, a geografia histórica, a história do pensamento geográfico, a história da cartografia e a história da geografia escolar, com ênfase no Brasil e na América Latina.

Acesso livre

[Periodicidade semestral]

ISSN  2316-7793 (Online)

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Caribe | UFMA | 2000

Caribe2 3 Novecento

A Revista Brasileira do Caribe (São Luís, 2000-) tem como foco o estudo das culturas Afro-Americanas na sua relação com outras culturas e com suas matrizes africanas. A missão da revista está orientada pela compreensão da relação Brasil/Caribe.

É uma publicação do Grupo de Pesquisa de Estudos Caribenhos e do Programa de Pós-Graduação em História da UFMA.

Periodicidade semestral.

Acesso livre

ISSN 1984-6169 (Online)

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Ensaio | UFMG | 1999

Ensaio Pesquisa1 Novecento

Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências (1999-) é um periódico de fluxo contínuo, arbitrado por pares, que publica artigos nacionais e internacionais que sejam inéditos, de caráter empírico ou teórico, com temas de interesse ao campo da pesquisa em educação em ciências da natureza e suas interlocuções com as ciências sociais e humanas, buscando atender a critérios de rigor acadêmico e de relevância social e educacional.

O periódico editado sob a responsabilidade do Centro de Ensino de Ciências e Matemática – CECIMIG (www.fae.ufmg/cecimig), órgão de pesquisa e extensão na área de ensino de ciências da Faculdade de Educação da UFMG  e conta com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG.

O primeiro número da revista foi editado, no formato impresso, em 1999. Até 2006, passou a ser disponibilizada em formato eletrônico, com três números anuais, e a partir de 2017 tornou-se uma publicação de fluxo contínuo com volume único anual unicamente digital.

Ao longo dos últimos vinte anos, buscamos nos consolidar como uma revista de referência na área de educação em ciências. Procuramos sempre aprimorar o nosso processo de recebimento, avaliação e publicação de artigos contando com uma equipe editorial qualificada, com o apoio de colaboradores, colaboradoras e colaboradorus de diferentes instituições.

e-ISSN: 1983-2117

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Maracanan | UERJ | 1999

Maracanan 2 Novecento

Maracanan (Rio de Janeiro, 1999-) é a publicação científica editada pelo corpo docente do Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Periodicidade quadrimestral

Acesso livre

ISSN 1807-989X (Impresso)

ISSN 2359-0092 (Online)

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Historein | CIHS | 1999

Historein Novecento

Historein (Athens, 1999)   is an international, peer-reviewed, open-access electronic journal published biannually by the Cultural and Intellectual History Society (Athens). It is both historical and interdisciplinary in its perspective. It is thus situated within a scholarly “free trade” zone that encourages the interaction between history, philosophy, social anthropology, sociology, gender and labour studies, epistemology, literary and cultural studies. Its main aim is to promote the study of themes and phenomena that cannot be approached solely from within one discipline.

Historein strongly supports approaches that tend to erase the distance between theory and research by making self-reflection a vital element of historical scholarship at all levels and stages. At the centre of its interest are questions concerning the production of knowledge about the past, the historicity of interpretative and argumentative strategies, and the politics of disciplinarity. Within this framework, Historein also aims at the enrichment of the evolving debates around class, gender, race, ethnicity, nationality, religion and generation, and the impact respective conceptualisations have had on the establishment of collective formations and subjectivities.

The journal invites articles that present research around the theme of each issue. Contextual approaches and case-studies are welcomed, while emphasis is put on the national, transnational and global structures and dynamics that have defined and determined these phenomena in the modern era. Apart from scholarly articles, it also contains a review section referring mostly to recently published works mainly but not exclusively on Greece. Its intention is to create a vibrant forum for critical insights and exchanges, and invites contributions that include reviews, commentaries and review articles that promote crucial dialogue and take positions within contemporary debates in the fields of history and the humanities.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN [?]

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Diálogos – Revista Electrónica de Historia | UCR | 1999

Dialogos Revista Electronica de Historia Novecento

Diálogos – Revista Electrónica de Historia (San José, 1999-) del Centro de Investigaciones Históricas de América Central (CIHAC) se especializa en Historia, en el análisis de trayectorias históricas desde distintas perspectivas teóricas y metodológicas y su fin es publicar investigaciones originales, sometidas a revisión por pares, para construir nuevo conocimiento histórico. Se publica desde 1999, con una periodicidad semestral y cuenta con el apoyo de la Escuela de Historia de la Universidad de Costa Rica.

Este espacio de publicación está dirigido a personas investigadoras centroamericanas y centroamericanistas de las diferentes ramas de la Historia, a la población universitaria y a todas aquellas personas lectoras y autoras interesadas en la presentación y evaluación de artículos científicos sobre historiografía costarricense, centroamericana, caribeña, latinoamericana, norteamericana y global/mundial. Asimismo, se fomenta la publicación en campos específicos de la historiografía como la historia de género, la historia económica, la historia del poder y de la memoria, la historia colonial, la historia ambiental, la historia de la ciencia, la historia de la desigualdad, de la marginalidad y de la pobreza, la historia social, entre otros, además de artículos de carácter teórico-metodológico. También se publican fuentes primarias, inéditas y originales, reseñas de libros, así como bases de datos, que permitan el acercamiento a nuevas preguntas de investigación.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2215-3292

ISSN 1409-469X

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História Debates e Tendências | UPF | 1999

Historia Debates e Tendencias Novecento

A Revista História – Debates e Tendências (Passo Fundo, 1999-) é um periódico quadrimestral, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade de Passo Fundo (PPGH/UPF), que conta com os cursos de Mestrado e Doutorado.

A revista está ativa desde 1999, com periodicidade regular e sistema de dossiê temáticos organizados por um colaborador externo e outro interno.

Tem como público alvo a comunidade de pesquisadores da área de História e Ciências Sociais, vinculados a instituições de ensino superior e centros de pesquisa do país e do exterior.

Tem como missão divulgar trabalhos de pesquisa na área de História e Ciências Humanas e Sociais, publicando, após processo de avaliação entre pares, contribuições inéditas de resultados de pesquisas em sua perspectiva histórica e em suas diversas interrelações. Aceita artigos em português, espanhol, francês, italiano e inglês.

Periodicidade quadrimestral.

Acesso livre.

ISSN 1517-2856 (Impresso)

ISSN 2238-8885 (Online)

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Historical Studies in Education | UBC | 1999

Historical Studies in Education UBC Novecento

We publish articles on every aspect of education, from pre-school to university education, on informal as well as formal education, and on methodological and historiographical issues. We also look forward to articles which reflect the methods and approaches of other disciplines. Articles are published in English or French, from scholars in universities and elsewhere, from Canadians and non-Canadians, from graduate students, teachers, researchers, archivists and curators of educational museums, and all those who are interested in this field.

La Revue d’histoire de l’education (Vancouver, 1999-) publie des articles portant sur tous les aspects de l’éducation, depuis la maternelle jusqu’à l’université, tant formelle qu’informelle, y compris des réflexions méthodologiques et historiographiques. La Revue est également ouverte aux contributions reflétant les méthodes et les approches propres à d’autres disciplines. Les articles publiés, en français ou en anglais, sont le fait de scientifiques, universitaires ou non, de Canadiens et de non Canadiens, d’étudiants diplômés, d’enseignants, de chercheurs, d’archivistes, de conservateurs de musées scolaires et, enfin, de tous ceux qui sont intéressés par le domaine de l’histoire de l’éducation.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN [?]

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Historia Regional | ISPEL | 1999

Historia Regional ISPEL Novecento

Historia Regional (Villa Constitución, 2013-) es una publicación científica de la Sección Historia del Instituto Superior de Profesorado “Eduardo Lafferière” (Villa Constitución, Argentina).

Editada semestralmente, Historia Regional apunta a un público constituido (ampliamente) por investigadores y docentes en Historia, así como a graduados y estudiantes. Está pensada para albergar en sus distintas secciones trabajos de investigación, síntesis, interpretación, opinión, debates, fundamentalmente sobre historia (en el más amplio de los sentidos) y didáctica de la historia, sin que ello desaliente la presencia de otras perspectivas particularmente interdisciplinarias.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2469-0732

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Tempos Históricos | UNIOESTE | 1999

Tempos Historicos UNIOESTE Novecento

A revista Tempos Históricos (Marechal Cândido Rondon, 1999-) é um periódico científico na área de História, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História e ao Curso de Graduação em História da Universidade do Oeste do Paraná – Campus de Marechal Cândido.

A revista é uma publicação direcionada, prioritariamente, ao público universitário e aberta à pluralidade teórico-metodológica, tendo como objetivos difundir e divulgar a produção de pesquisadores da Unioeste, bem como propiciar o intercâmbio e a divulgação da produção especializada de pesquisadores de outras instituições.

A revista tem periodicidade semestral, propondo-se a publicar pesquisas inéditas, de reconhecido rigor teórico, relevância intelectual e científica na área de História e Ciências Humanas, artigos teóricos voltados para a discussão da historiografia e ensino da História, resenhas de livros nacionais e estrangeiros de publicação recente.

Periodicidade semestral

Acesso livre.

ISSN 1517-4689 (Online)

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Educação e Pesquisa | USP | 1999

Educacao e Pesquisa1 3 Novecento

Educação e Pesquisa (1999-) é uma publicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP. A partir de 2018, é editada de forma contínua em volume único anual.

Publica artigos inéditos na área de educação em português, espanhol e inglês, resultantes de pesquisas de caráter teórico ou empírico, ou de revisões da literatura, caracterizadas por diálogo consistente com o campo educacional e a área de estudos a que se filiam, pelo detalhamento do trabalho conceitual e metodológico, pela explicitação dos processos analíticos, bem como pela relevância das contribuições para o desenvolvimento dos conhecimentos em Educação.

O título abreviado da revista é Educ. Pesqui., que deve ser usado em bibliografias, notas de rodapé e referências e legendas bibliográficas.

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Fluxo contínuo

ISSN 1517-9702 (Impresso)

ISSN 1678-4634 (On-line)

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A miragem da pós- modernidade: democracia e políticas sociais no contexto da globalização | Silvia Gerschman e Maria Lúcia Werneck Vianna

Este livro é uma coletânea de 12 ensaios apresentados originalmente num seminário realizado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em julho de 1995. O livro inovou ao ressaltar os efeitos políticos e sociais da globalização econômica, rompendo com a tradição economicista predominante nesta área. Os artigos convergiram para três preocupações: o futuro da democracia, os rumos do setor público e a natureza das políticas sociais na época da globalização. Cada tema aglutinou quatro artigos em uma média de 15 páginas.

O primeiro bloco, intitulado ‘Globalização, democracia e questão social’, inclui os artigos teóricos de Schmitter, Reis, Gerschman e Viola. Phillippe Schmitter ressalta a consolidação do sistema político democrático como o fato mais conclusivo da globalização. O mundo aderiu à democracia e assumiu seus mecanismos de representação. Schmitter acredita que o futuro desta sociedade “será incrivelmente tumultuado, incerto e muito acidentado”. Surpreendentemente, o grande desafio à globalização viria das “democracias liberais consolidadas” (DLCs). Países recém-democratizados, ou “neodemocracias recentes” (NDRs), são seguidores de modelos e, naturalmente, não dispõem de condições objetivas para mudar os rumos. Muitas das NDRs são ordenações políticas oligárquicas que se aproveitam do sistema democrático para manter seu domínio. O retrato dado pelo autor é de pioneiros democratas, de um lado, e de seguidores autoritários, de outro, forçados a assumir o sistema de representação por acidente do destino. A verdadeira mudança social sempre acontecerá nos países pioneiros, enquanto os países em desenvolvimento estarão confinados às “democraduras”. Leia Mais

História Oral | ABHO | 1998

HISTORIA ORAL Novecento

A ABHO, Associação Brasileira de História Oral, tem como um dos pontos centrais de sua proposta programática priorizar a publicação e a distribuição da revista História Oral  (Rio de Janeiro, 1998), que se destina aos associados e interessados na metodologia e teoria das pesquisas com fontes orais.

Criada em junho de 1998, a revista História Oral da ABHO é a primeira publicação brasileira inteiramente dedicada à divulgação de trabalhos nacionais e internacionais sobre a oralidade, desempenhando assim importante papel na formação de pesquisadores.

Nossa revista pode ser vista como um lugar plural onde se confrontam trabalhos interdisciplinares evidenciando as interfaces da história oral com vários campos do conhecimento.

Periodicidade semestral

[Acesso livre]

ISSN 2358-1654

Acessar resenhas [Coletar 1998-2008, 2020]

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História Econômica & História de Empresas | ABPHE | 1998

Historia Economica e Historia de Empresas 2 Novecento

Editada desde 1998 pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), História Econômica & História de Empresas tem por objetivo disseminar conhecimento científico nas áreas de história econômica, história de empresas e história do pensamento econômico. A revista publica trabalhos inéditos, de autores nacionais ou estrangeiros, que se encontrem na interseção e na fronteira da pesquisa das referidas subáreas de história e economia. Publicação oficial de uma das mais relevantes associações acadêmicas brasileiras da área das ciências sociais, História Econômica & História de Empresas é reconhecida como o segundo periódico mais importante da América Latina na área de história econômica.

Periodicidade quadrimestral

Acesso livre

ISSN 1519-3314 (Impresso)

ISSN 2525-8184 (Online)

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Contextos Estudios de Humanidades y Ciencias Sociales | UMCE | 1998

Contextos Estudos de Humanidades Novecento

Revista Contextos, Estudios de Humanidades y Ciencias Sociales (Santiago, 1998-) es una publicación semestral, editada de forma ininterrumpida por la Facultad de Historia, Geografí­a y Letras de la Universidad Metropolitana de Ciencias de la Educación desde 1998. Su principal misión es la difusión de trabajos en los que se discuta, analice y reflexione en torno a la literatura, lenguaje, filosofí­a, artes plásticas, música, comunicación, historia, geografí­a y semiología.

Periodicidade semestral

Acesso livre

ISSN 0717 7828 (Impresso)

ISSN 0719 1014 (Online)

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Magallania | UMAG | [1998]

Magallania Novecento

Magallania (Antigua serie Ciencias Humanas de Anales del Instituto de la Patagonia – Punta Arenas, 1998-) es una revista de la Universidad de Magallanes, Instituto de la Patagonía, destinada a publicar contribuciones originales referidas a temas relacionados con historia, etnografía, bioantropología y arqueología, en el ámbito geográfico de Patagonia, Tierra del Fuego, Antártica e islas adyacentes y el océano Pacífico sur-oriental.

Periodicidade semestral.

Acesso livre

ISSN [?]

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Travesía | UNT | 1998

Travesia Novecento

Travesía (San Miguel de Tucumán, 1998-) con una trayectoria de 17 años, es una publicación del Instituto de Estudios Socio-Económicos, Facultad de Ciencias Económicas, Universidad Nacional de Tucumán. El equipo técnico pertenece al Instituto Superior de Estudios Sociales (ISES, UNT-CONICET). El Editor Responsable de Travesía es el Director del ISES y vice-director del Centro Científico Tecnológico (CCT) – Tucumán.

TravesíaRevista de historia económica y social, publicación semestral, nació en 1998 de la confluencia de un grupo de investigadores dispuestos a sostener una publicación de historia económica de carácter regional y excelencia académica. Se coincidía en que la historia, como aventura del conocimiento, no debía atarse a ninguna ortodoxia o a principios teóricos y/o metodológicos normativos excluyentes; y que los procesos e instituciones económicas no podían abordarse abstrayéndose de las “inextricables relaciones entre las vicisitudes económicas y las vicisitudes sociales, políticas y culturales”, al decir de Carlo Cipolla. Por tanto, Travesía, dirigida a especialistas, investigadores y estudiantes de nivel superior, acogerá una pluralidad de enfoques sobre los procesos económicos y sociales regionales latinoamericanos, así como los referidos a los problemas generales de las disciplinas que se ocupan del análisis sociohistórico.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2314-2707

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Historia Antigua Medieval y Moderna | UBA | 1998

Historia Antigua Medieval y Moderna 1 1 Novecento

Anales de Historia Antigua, Medieval y Moderna (Buenos Aires, 1998-) es una revista científica con arbitraje externo editada por el Instituto de Historia Antigua y Medieval (Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Buenos Aires). Es la continuación de Anales de Historia Antigua y Medieval, editada entre 1948 y 1997.

La revista está orientada a un público académico especializado y tiene como objetivo publicar trabajos de investigación originales e inéditos del ámbito de los estudios en Historia Antigua (Clásica), Medieval y Moderna.

Periodicidade [semestral].

Acesso livre.

ISSN 1853-1555

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Pilquen | UNCOMA | 1998

Pilquen Novecento

Revista Pilquen. Sección Ciencias Sociales, (Buenos Aires, 1998) es una publicación anual del Centro Regional Zona Atlántica de la Universidad Nacional del Comahue. Es una revista multidisciplinaria.

Los trabajos contenidos son resultados de investigaciones en curso. Los autores son profesores, investigadores y becarios del Centro Regional. Tiene como objetivo contribuir con la producción científica en el campo de lengua, literatura y comunicación, psicopedagogía, historia, ciencia política y administración pública. Mantiene intercambios con otras instituciones, investigadores y docentes interesados en estas temáticas.

Periodicidade trimestral.

Acesso livre.

ISSN 1851-3123

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Argentina y Brasil: enfrentando el Siglo XXI | Felipe A. M. de la Balze || Processos de integração regional e sociedade: o sindicalismo na Argentina/ Brasil/ México e Venezuela Hélio Zylberstain, Iram J. Rodrigues e Maria S. P. de Castro || MERCOSUL: direito da integração | Ana C. P. Pereira || Sistema de Solução de Controvérsia no MERCOSUL: perspectivas para a construção de um modelo institucional permanente | Luizella G. B. branco || A ordem jurídica do MERCOSUL | Deisy F. L. Ventura || MERCOSUL: acordos e protocolos na área jurídica | 

A produção acadêmica e a literatura especializada sobre os processos de integração regional na América Latina e, em especial, sobre o Mercosul e o processo Brasil-Argentina, parecem finalmente estar encontrando, no Brasil, uma “velocidade de cruzeiro”. As obras que são discutidas a seguir tratam todas dos desafios jurídicos, político-institucionais e econômicos da construção da integração regional, demonstrando que, se a sua marcha econômico-comercial adota o estilo andante-veloce, o ritmo jurídico-institucional conhece, por motivos diversos, um certo compasso de espera. Se os teóricos e “juristas” da integração impacientam-se com a “resistência anticomunitária” dos burocratas governamentais, os empresários, agricultores e sindicatos operários manifestam visível preocupação com uma certa “pressa livre-cambista” que vigoraria sobretudo no vizinho do Prata.

É precisamente da Argentina que nos vem o primeiro dos livros compulsados neste artigo-resenha, aliás o único da meia dúzia de obras aqui discutidas, confirmando plenamente a fama de boa qualidade analítica dos estudos publicados na outra margem do Prata. Ele foi organizado por Felipe de la Balze para o CARI, o Conselho Argentino de Relações Internacionais. Leia Mais

Fronteiras | UFGD | 1997

Fronteiras Revista de Historia Novecento

A revista Fronteiras (Dourados, 1997-) é uma publicação semestral vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História (PGH/FCH/UFGD) que publica artigos inéditos e de pesquisas originais da área de História e de áreas que fazem um diálogo profícuo para/com a historiografia contemporânea, divulgando práticas de pesquisas e resenhas de livros.

A revista Fronteiras tem por finalidade publicar e divulgar, preferencialmente, trabalhos inéditos da área de história e áreas afins, evitando sua apresentação simultânea em outro periódico.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2175-0742 (Online)

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