História & Ensino. Londrina, v.29, n.1, 2023.
- Publicado: 2023-06-30
- Edição completa
- Edição Completa
- Expediente
- Expediente
- 000-006
- Editorial
- História & Ensino
- 007-009
- Artigos
- Sobre pensar historicamente e o desafio da educação histórica
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2023v29n1p010-029
- Robert Thorp, Anders Persson
- 010-029
- A “Prática de ensino de História” como categoria de pesquisa em História e Educação Stricto Sensu no Brasil (1987-2017)
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2023v29n1p030-055
- Dennis Fernandes, Vivianny Bessão de Assis
- 030-055
- A instrução primária de Fortaleza em debate:representações educacionais escolares na segunda metade do século XIX (1868 – 1876)
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2023v29n1p056-077
- Adson Rodrigo Silva Pinheiro, Francisco Carlos Bernardino Filho
- 056-077
- Leitura literária e ciências humanas. Um estudo de caso sobre essa “trama leitora”
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2023v29n1p078-099
- Pedro Giovannetti Moura, Carlos Eduardo de Barros Moreira Pires
- 078-099
- Rock Nacional e Ensino de História:o uso das músicas “Fábrica” e “Capitão de Indústria” como suporte didático
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2023v29n1p100-118
- Fábio Chilles Xavier
- 100-118
- Tempos de suspensão:ensino de História, narrativas e pandemia (Goiás – 2020)
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2023v29n1p119-141
- Cristiano Nicolini, Adriel de Oliveira Dias
- 119-141
- Além da norma:a BNCC e as repercussões no Ensino de História
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2023v29n1p142-167
- Claudia Cristina da Silva Fontineles, Marcelo Sousa Neto
- 142-167
História & Ensino. Londrina, v.28, n.2, 2022.
- Publicado: 2022-12-30
- Edição completa
- Edição completa
- Editorial
- História & Ensino
- Artigos
- Desnaturalizando a violência contra mulheres:saberes docentes e aprendizagens em história
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n2p010
- Artur Nogueira Santos e Costa
- 010-035
- História antiga no ensino fundamental brasileiro:possibilidades de estudo a partir de uma história em quadrinhos sobre a Deusa Hera
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n2p036
- Janira Feliciano Pohlmann
- 036-054
- Processos de escolha de livros didáticos de história no ensino médio:nuances entre guia e professores(as)
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n2p055
- Emy Francielli Lunardi, Bernardo André Mantovani
- 055-078
- Reinventar-se:narrativas digitais da docência na pandemia Covid-19 em 2020
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n2p079
- Claudia Moraes SOUZA, Cristiane Fátima Barbosa
- 079-105
- Ensino de História e ditadura civil-militar brasileira (1964/1989):a representação cinematográfica dos grupos de resistência
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n2p106
- Aruana Mariá Menegasso, Humberto Perinelli Neto
- 106-128
- Ensino de História em espaços educativos não-formais:perspectivas teórico-metodológicas na formação docente de licenciatura
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n2p129
- RENATO PINHEIRO DA COSTA, Adilson Júnior Ishihara Brito
- 129-149
- A disciplina de História e o documento curricular do Estado do Pará:caminhos e descaminhos para o fortalecimento da identidade negra
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n2p150
- Edvan da Silva Conceição, Vilma Nonato de Brício
- 150-170
História & Ensino. Londrina, v.28, n.1, 2022.
- Publicado: 2022-06-30
- Expediente
- Expediente e Editorial
- 001-008
- Apresentação
- Problematizando a avaliação no ensino de história:contribuições ao debate sobre a aprendizagem da história ensinada
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p009-017
- Juliana Alves de Andrade, Marcus Bomfim
- 009-017
- Dossiê – Avaliação das aprendizagens em História: Práticas, Teorias e Políticas
- Avaliação como processo de tradução e subjetivação:diálogo e conflito no ensino de história
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p018-034
- Suzana Ribeiro
- 018-034
- A avaliação da aprendizagem histórica:um estudo a partir do ENEM e de exames vestibulares
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p035-057
- Alessandro Monteiro, Souza, Eder Cristiano de
- 035-057
- Séries televisivas, interações em rede e experiências formativas em história:aprendizagens a partir da série Game of Thrones
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p058-077
- Társio Roberto Macedo, Roberto Sidnei Macedo
- 058-077
- Gameficação e avaliação no ensino de história:uma proposta de renovação metodológica
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p078-099
- Bárbara Araújo Machado, Renan da Cruz Padilha Soares
- 078-099
- Uma proposta de avaliação da aprendizagem histórica utilizando o GRADECAM
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p100-134
- Armando Augusto Oliveira
- 100-134
- Saberes e sentidos sobre práticas avaliativas de professores-referência na formação docente em história
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p135-160
- Augusto Ridson de Araújo Miranda, Luis Fernando Cerri, Antonio Germano Magalhães Junior
- 135-160
- Os cadernos de história:avaliação de aprendizagens na formação docente inicial
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p161-178
- Caroline Jaques Cubas
- 161-178
- Avaliação do ensino de história em lugar de fronteira
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p179-200
- André Francisco Berenger de Araujo
- 179-200
- Ações “instituintes” nas escolas organizadas em ciclos e a política de avaliação na disciplina de história na rede municipal de Niterói (RJ)
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p201-225
- Maria de Fátima Barbosa Pires
- 201-225
- Entre resistências, adesões e dificuldades:vozes de professores de história sobre o ENEM
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2022v28n1p226-251
- Carla Alessandra Oliveira Nascimento, Selva Guimarães
- 226-251
História & Ensino. Londrina, v.27, n. 2, 2021.
Artigos
- A resistência durante a última Ditadura Militar nos manuais de História de nível médio da educação argentina
- Emilce Lorena Geoghegan
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Obstáculos ao ensino de história nos anos iniciais do ensino fundamental: problematização para considerar e refletir
- Paulo Jorge Medeiros, Najela Tavares Ujiie, Paulo Cesar Gomes
- O trabalho com monumentos como possibilidade de resistência aos processos de invisibilização de grupos sociais
- Nayara Silva de Carie, Débora Cristina Alves da Silva
- Branquitude, privilégio de cor e história ensinada: perspectiva de jovens estudantes em região de colonialidade germânica
- Carla Beatriz Meinerz, Carlos Eduardo Ströher
- Narrativas conservadoras e o sequestro do futuro: os materiais de Educação Moral e Cívica (1971)
- André Luan Nunes Macedo
- A escravidão no sul de Mato Grosso: intervenções didáticas no ensino de história regional
- Edinéia da Silva Santos, Kátia Cristina Nascimento Figueira
- Epistemologias do sul, descolonizando o ensino de história do Brasil: o samba canta a mulher negra Ruth de Souza
- Ana Lúcia da Silva
- História da Educação
- História da educação de surdos: as disputas entre o falar e o sinalizar e as práticas no Imperial Instituto de Surdos-Mudos (1857-1957)
- Ernesto Padovani Netto
- Histórico de políticas públicas de altas habilidades/superdotação (AH/SD) no Brasil
- Lívio Luiz Soares de Oliveira
- Os processos de constituição dos grupos escolares em Campo Bom, Sapiranga e Novo Hamburgo/RS (1930-1934)
- José Edimar de Souza
- TEXTO COMPLETO EM PDF
Resenhas
- Combater e resistir: uma análise do livro “Novos Combates pela História”
- João Henrique Inacio Correa
Expediente
História & Ensino. Londrina, v. 27, n. 1, 2021.
Apresentação
- Apresentação
- Eder Cristiano de Souza | PDF
Artigos
- Estágio obrigatório não presencial no Ensino de História: Inquietações de estudantes antes e durante a pandemia do novo coronavírus (UFMS/CPTL, 2017-2020)
- Cintia Lima Crescêncio |PDF
- Formação de professores de História: institucionalização e pesquisas acerca da formação
- Maria Caroline Aguiar da Silveira, Gionara Tauchen, Júlia Silveira Matos | PDF
- Currículo, temas e abordagens: a form(a)ção do professor de História no Brasil
- Maria Andréa Angelotti, Luiz Carlos do Carmo | PDF
- A Ditadura civil-militar e a democracia no Paraná na perspectiva da Educação Histórica
- Geraldo Becker, Ana Claudia Urban | PDF
- Identidade fraturada: O desmemoriamento da “Adesão do Pará” no ensino de história.
- Adilson Junior Ishihara Brito | PDF
- Ensino de História para a (re)educação das relações raciais: processo de significação e produção de sentidos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
- Maria Aparecida Lima dos Santos, Lourival dos Santos, Janaina Soares Cecílio dos Santos | PDF
- Se tudo é História, por que continuamos a estudar Pré- história na escola? Os conceitos de História e Pré- história nos livros didáticos contemporâneos
- Ana Lucia do Nascimento, Juliana Alves de Andrade, Luiz Adriano Lucena Aragao | PDF
- Ideias prévias de estudantes da educação básica: Um estudo a partir das contribuições da Didática da História
- Aaron Sena Cerqueira Reis | PDF
- Representações do negro nos manuais didáticos “História: Sociedade & Cidadania”
- Giovanni França Oliveira, Andrea de Souza Ferrão | PDF
- Um modelo de avaliação de aprendizagem, da disciplina de História, baseado em projetos e mapas conceituais
- Patricia Maria dos Santos, Fábio Paraguaçu Duarte da Costa | PDF
- Notas exploratórias sobre a mídia cinemática no ensino de história na cidade do Rio Grande/ RS
- Luiz Paulo da Silva Soares | PDF
- A arte como fonte histórica e História como contextualização da arte: Possibilidades de interdisciplinaridade no ensino médio
- Edinaldo Gonçalves Coêlho | PDF
- Fotografia e Ensino de História: A exposição “Visualidades e conhecimento histórico- imagens narrando história e práticas culturais”
- Jairo Carvalho do Nascimento | PDF
- Possibilidades de utilização do cinema no processo ensino-aprendizagem de história: um estudo de caso das escolas de Campo Bom-RS
- Vitória Duarte Wingert, Márcia Blanco Cardoso | PDF
História da Educação
- O Guia das Escolas Cristãs: um marco no surgimento da pedagogia moderna
- Clóvis Trezzi | PDF
- “A serviço de Deus e meu”: A formação do letrado no Império Português reinado de D. João III
- Luciana de Araújo Nascimento-Guaraldo, Célio Juvenal Costa, Sezinando Luiz Menezes | PDF
- Construção do município de Londrina- PR: ações de educação e de cultura (1934-1960)
- Bruna Ester Gomes Yamashita, Tony Honorato | PDF
- A história da educação escolar no contexto de privação de liberdade para adolescentes: Discursos e sentidos
- Márcia Cossetin, Ireni Marilene Zago Figueiredo, Mariza Scheffer Freire | PDF
Expediente
- Expediente | PDF
Novos combates pela história: desafios, ensino | Carla Bassanezi Pinsky e Jaime Pinsky
[…] nossos adolescentes detestam a História. Votam-lhe ódio entranhado e dela se vingam como podem, ou decorando o mínimo de conhecimento que o “ponto” exige ou se valendo lestamente da “cola” para passar nos exames. Demos absolvição à juventude. A História que lhes é ensinada é, realmente, odiosa. (MENDES apud NADAI, 1992/1993, p. 143)
Ensinar História no Brasil é um ato desafiador. Perspectivas eurocêntricas e narrativas que se distanciam da realidade da maioria de nossos alunos pautam os conteúdos propostos nos currículos e materiais didáticos. Soma-se aos impasses mencionados, a desvalorização da carreira docente, os bombardeios negacionistas, relativistas e anticientíficos proferidos nas falas de tantas autoridades do meio político. A História, tida por muitos estudiosos como ciência das revoluções, hoje se encontra ferida no meio acadêmico, nas escolas e no cotidiano. Leia Mais
História & Ensino. Londrina, v.26, n.2, 2020.
- Publicado: 2020-12-13
- Apresentação
- Apresentação
- 4-7
- Artigos
- Uma escola, cem partidos: a multiplicidade de posições político-econômicas entre estudantes em um estudo quantitativo
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p8
- 8-28
- O lugar do ensino de história no Brasil da redemocratização
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p29
- 29-50
- Aprendizagem histórica: diálogos para uma aproximação com a teoria
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p51
- 51-72
- Currículo escolar, prática pedagógica e saberes disciplinares da História
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p73
- 73-90
- Constituição da disciplina de História no Rio Grande do Norte (1835-1911)
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p91
- 91-111
- O Ensino de História no Ensino Médio Integrado: reflexões a partir das narrativas de estudantes de dois cursos técnicos
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p112
- 112-134
- Fazendo História: possibilidades didáticas para a problematização teórica da pesquisa histórica nas salas de aula da Educação Básica
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p135
- 135-158
- Ensino de História e formação humana: a atividade de estudo como condição para o desenvolvimento do pensamento teórico pelos estudantes
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p159
- 159-182
- Sentidos do Trabalho no Ensino de História: revisão da produção científica produzida no período de 1996 a 2018
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p183
- 183-208
- O Ensino de História e a formação do pedagogo: uma análise da percepção docente
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p209
- 209-233
- Projeto Conhecer Londrina: narrativas e saberes pelas ruas da cidade
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p234
- 234-259
- A representação cultural dos povos indígenas nos livros didáticos de História do sexto ano do Ensino Fundamental
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p260
- 260-286
- A Amazônia representada nos livros didáticos de História: sobre História, narrativa e ensino
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p287
- 287-312
- O uso de textos e imagens para a construção de relações entre o presente e o passado no Ensino de História
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p313
- 313-336
- Entre professores e mestres: o RPG e as experiências docentes no ensino de história
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p337
- 337-356
- Letramento em História no atendimento escolar hospitalar: um direito subjetivo ao conhecimento histórico
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p357
- 357-373
- A pesquisa sobre jogos como recursos didáticos no campo do Ensino de História no Brasil: um estudo do estado do conhecimento
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p374
- 374-399
- História da Educação
- Notas sobre o ensino de História da Educação no curso de Pedagogia da UEPG (1963-2012)
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p401
- 401-430
- O ideal cívico republicano na escola pública paranaense na revista A Escola
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p431
- 431-448
- História da educação especial brasileira (1854-1956): a inteligência e as iniciativas de saúde pública e privada
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p497
- 497-518
- A modernização pela instrução pública: a educação brasileira de 1841 a 1889, a partir do Serro / MG
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p449
- 449-475
- As orientações sobre o ensino profissionalizante na Revista do Ensino do Rio Grande do Sul em 1972
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p476
- 476-496
- Mapas conceituais como facilitadores de aprendizagem
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p520
- 520-539
- Laboratório (artigo)
- Ensino de História e Educação Patrimonial em Rio Grande/RS: proposição de atividades no “jogo de escalas”
- DOI: https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p541
- 541-558
- Expediente
- Expediente
- 560-561
História: demandas e desafios do tempo presente – produção acadêmica, ensino de história e formação docente – ARAÚJO (HE)
ARAÚJO, Raimundo Inácio Souza et al. História: demandas e desafios do tempo presente – produção acadêmica, ensino de história e formação docente. São Luís: EDUFMA, 2018. Resenha de VARGAS, Karla Andrezza Vieira. História: demandas e desafios do tempo presente – produção acadêmica, ensino de história e formação docente. História & Ensino, Londrina, v. 25, n. 02, p. 475-480, jul./dez. 2019.
O livro História: demandas e desafios do tempo presente – produção acadêmica, ensino de História e formação docente, é um material escrito a muitas mãos. Mãos de pesquisadores/as e professores/as, com vínculo em diferentes universidades, que tingiram em seus textos a problemática do pensar a Ciência Histórica coadunada às práticas que tangenciam a atividade do Ensino de História, na modalidade da Educação Básica, no agora. Organizada por Erinaldo Cavalcanti (professor Adjunto da Faculdade de História da Unifesspa), Geovanni Gomes Cabral (professor Adjunto da Faculdade de História da Unifesspa), Margarida Maria Dias de Oliveira (professora adjunta da UPE, Campus Nazaré da Mata) e Raimundo Inácio Souza Araújo (professor da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Maranhão – COLUN-UFMA), a obra marca, também, as intenções do núcleo de pesquisa Interpretação do Tempo: ensino, memória, narrativa e política (iTemnpo), associado à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), do qual emanou a escrita dessa coletânea.
O contexto de produção da obra está tensionado pela conjuntura política educacional, prescrita pela Reforma do Ensino Médio, que torna a matéria História optativa no currículo escolar, segundo a Lei nº 13.415, de fevereiro de 2017. Assim, na apresentação, os/a organizadores/a (também autores/a), registram a importância e a funcionalidade da História em tempos de cólera. Nos textos, não encontramos resoluções acabadas, mas reflexões para um repensar de práticas que possam ser transgressoras ao universo acadêmico e as “velhas” formas de narrar a História. Fazer circular outras narrativas e outras experiências de pesquisa, segundo as proposições abordadas na obra, pode/deve contribuir para a formação de professores/as no chão da sala de aula.
A coletânea compõe treze textos, distribuídos em três eixos temáticos: História, formação docente e ensino; História, ensino e narrativas e A História entre diálogos acadêmicos e o ensino. No primeiro, encontramos quatro capítulos que se articulam pela compreensão de que a História é espaço de saber e de poder, bem como expressão de formação docente. No capítulo que abre o debate, temos a escrita do professor Erinaldo Cavalcanti submetida ao título A História e o ensino nas encruzilhadas do tempo: entre práticas e representações. Aqui, Cavalcanti localiza a questão da chamada História do Tempo Presente, seus sentidos e significados. Na esteia desse tempo, o autor apresenta discussões referentes aos currículos dos cursos de Licenciatura em História das Instituições de Ensino Superior Federais da Região Norte do Brasil, problematizando os usos dos livros didáticos nas práticas de ensino de egressos/as desses espaços. Margarida Dias e Itamar Freitas, no segundo capítulo, tecem considerações sobre a primeira versão da Base Nacional Comum Curricular. Construída no ano de 2015, a BNCC, previa alterações significativas do ponto de vista dos conteúdos (abertura para estudos regionais, para as questões africanas, afro-brasileiras, indígenas…), com impacto na formação e na atuação de professores/as. Base Nacional Curricular Comum: caminhos percorridos, desafios a enfrentar nomeia as reflexões dos autores.
Ainda, sobre os debates referentes à formação de professores/as de História, visualizamos no terceiro capítulo, as pesquisas de Thiago Calabria e José Batista Neto. Em Formação continuada de professores de Pernambuco para o uso das TDIC e o protagonismo dos exames estandardizados, os autores buscam analisar as ações formativas referentes às tecnologias digitais da informação e da comunicação (TDIC), nas práticas de ensino. Finalizando a primeira parte da obra, Maria Auxiliadora Schmidt, recupera a teoria da consciência histórica e a sua contribuição para a construção de uma matriz didática. A autora realiza um estudo sobre a Educação Histórica em vários territórios, desde o final do século XX, ancorado, especialmente, nas concepções epistemológicas de teóricos como Jörn Rüsen (2016). O texto intitula-se A teoria da consciência histórica e sua contribuição para a construção de matrizes da didática da educação histórica.
História, ensino e narrativas, segundo eixo do livro, problematiza a questão da pluralidade narrativa como um arcabouço analítico possível para se pensar o Ensino de História. Em narrativas fantásticas, ensino de História e a redescoberta da diversidade da cultura afro-maranhense, Inácio Raimundo discute a importância da construção de suportes materiais acerca da cultura afro-maranhense, atinente às prerrogativas dos marcos legais para o Ensino da História e da cultura africana, afro-brasileira e indígena Lei nº 10.639/03 e Lei nº 11.645/08. Na sequência, e seguindo o percurso da discussão apontada pelas demandas identitárias do tempo presente, Edson Silva, Maria da Penha e Márcio Vilela, procuram escutar as vozes das populações indígenas. Povos indígenas no ensino de História: a Lei 11.645/2008 interculturalizando o ensino fundamental avalia os efeitos, os sentidos e as apropriações dadas à temática indígena na modalidade de Ensino Fundamental.
Em A xilogravura no ensino de História: usos do passado na arte do poeta José Costa Leite, Geovanni Cabral, traz para o cenário a ideia de ampliação do corpus documental a ser potencializado na pesquisa e nas salas de aula da Educação Básica. As xilogravuras presentes em folhetos de cordel, produzidos por José Costa Leite, segundo Cabral, encontram-se carregadas de representações e visões de mundo que podem dialogar com os acontecimentos históricos nacionais e do lugar. Na dimensão da História Local, encontra-se o trabalho de Cristiani Bereta da Silva e Rosiani Marli Antônio Damásio. As autoras tomam como território o município de Garopaba (Santa Catarina) para discutir a invenção de uma tradição cultural açoriana e a sua influência no currículo escolar, a partir de 1990. Trata-se do título Tradição, culturas histórica e escolar: o desafio de se ensinar história local no presente. As prescrições curriculares são também preocupações de Márcio Henrique Baima Gomes em As mudanças curriculares e seus reflexos sobre o ensino de história do Maranhão (1970 a 2015). Gomes encerra a segunda parte da obra, apontando as transformações do currículo formal de História do estado do Maranhão, a sua projeção no ensino e os desafios enfrentados na sala de aula no presente.
A terceira e última parte da coletânea, A História entre diálogos acadêmicos e o ensino, encontramos o trabalho de Pablo Porfírio acerca dos diálogos discursivos entre a Guerra Fria e o movimento das Ligas Camponesas no Estado de Pernambuco. Aqui, vê-se um exercício de experimentação do objeto de pesquisa do autor e sua contribuição para o Ensino de História, intitulado Guerra fria e ligas camponesas no Brasil: outras histórias possíveis. Para além do conteúdo, este eixo incide, também, sobre estudos com impressos e suas potencialidades em práticas pedagógicas da História como disciplina escolar. A partir de O que os jornais (não) dizem sobre a cidade e sua gente: uma breve proposta de ensino de história a partir dos periódicos, Thiago Santos realiza análises de relatos publicados em periódicos do XIX e suas representações discursivas, para pensar em pontes de encontro entre o que se produz na academia e o que pode encontrar terreno fértil no espaço escolar, nas aulas de História.
O trato com a memória e a questão do patrimônio cultural, são também temáticas abordadas na terceira parte do livro. Com Márcia Milena Galdez Ferreira, a partir das memórias referentes à migração de nordestinos e maranhenses para o Médio Mearim (Maranhão), pode-se refletir sobre outras agências no processo de aprendizagem histórica de estudantes. Em destaque, também, a luta pela terra, assim como bem coloca o título do capítulo Da história e memória da migração de nordestinos e maranhenses à luta pela terra no Médio Mearim, MA: proposta de mediação didática. Sobre os debates referentes ao patrimônio cultural e seu lugar na atividade de ensinar História, temos o trabalho de Magdalena Almeida. Em Conhecimento local e ensino de história: Reflexões sobre usos do patrimônio cultural, a autora problematiza os múltiplos objetos que constituem o patrimônio cultural do Estado de Pernambuco, bem como a construção de narrativas que se deseja veicular e significar.
A obra revela a diversidade de possibilidades da Ciência Histórica escrita nas universidades, suas conexões com o universo da Educação Básica e sua extensão na vida cotidiana. Como se vê, há um esforço de todos/as envolvidos/as na produção e circulação de narrativas plurais. Em todo o trabalho, percorrem-se as concepções do teórico Jörn Rüsen (2011) e a dimensão do sentido prático do saber histórico. Um saber comprometido com as questões do presente e do futuro. As reflexões sobre as temporalidades estão estruturadas pelas contribuições de pesquisadores como Paul Ricoeur (2012) e Reinhart Koselleck (2014). Assim, a noção de que o passado precisa/deve/pode ser desnaturalizado, tal qual postulou Durval Muniz Albuquerque Júnior (2012), é o que melhor caracteriza a organização do livro.
Da capa ao desfecho da obra o que se vê é movimento, cor, experiência, expectativa. Na imagem da capa, a ampulheta que instiga o tempo fluído pelo movimento da areia; a moldura que sugere uma janela aberta, repleta de possibilidades; as mãos que seguram a ampulheta indicam que a construção do tempo e da História é essencialmente humana. Há, portanto, um horizonte, um futuro. Sóbrio como as cores que compõem a capa e as pesquisas que dão vida ao livro. Ao final, encontramos a descrição da trajetória dos autores, elemento pontual para compreendermos inclusive as ambições desse projeto.
Referências
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Fazer defeitos nas memórias: para que servem o ensino e a escrita da história? In: GONÇALVES, Márcia de Almeida et al. (org.). Qual o valor da história hoje?. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. p. 21-39.
KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Rio e Janeiro: Contraponto: Editora PUC-Rio, 2014.
RICOEUR, Paul. O passado tinha um futuro. In: MORIN, Edgar (org.). A Religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
RÜSEN, Jörn. Didática da história: passado, presente e perspectiva a partir do caso alemão. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (org). Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2011.
RÜSEN, Jörn. Contribuições para uma teoria da didática da história. Curitiba: W & A Editores, 2016.
Karla Andrezza Vieira Vargas – Professora de História da Educação Básica da rede estadual de Santa Catarina. Doutoranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Livro didático de História: conhecimento histórico e didática da história no mundo contemporâneo / História & Ensino / 2018
Neste dossiê, intitulado “Livro didático de História: conhecimento histórico e didática da História no mundo contemporâneo”, reunimos artigos com discussões sobre a produção e uso do livro didático e suas políticas de avaliação. Dois eventos realizados na Universidade Estadual de Londrina contribuíram, direta ou indiretamente, com o estudo sobre o livro didático no Brasil e os resultados de tais estudos se fazem presentes nas questões apresentadas nos textos que, dentre outras temáticas, avançam quanto à compreensão do espaço que o livro didático assume na atualidade. O primeiro evento foi a participação da UEL no Programa Nacional do Livro Didático – 2017 (PNLD – 2017), no período de 2015 a 2017. O segundo deles, ocorrido em outubro de 2017, foi a realização do Seminário “Livro Didático de História: Conhecimento Histórico e Didática da História no Mundo Contemporâneo”.
O debate em torno do que é um bom manual didático em História sempre esteve presente entre os segmentos da sociedade [3] e são vários os processos instaurados, pelas mais diferentes pessoas e instituições, demandando do Ministério da Educação (MEC) explicações e reformulações quanto ao tratamento que os autores concedem a este ou aquele conteúdo. Em paralelo a um expressivo crescimento quanto ao conhecimento no campo da Didática da História, vivenciamos, nas últimas décadas no país, a intensificação das contestações sobre a História que se ensina na escola, interpelações estas que precisam ser compreendidas a partir de um contexto expandido, pois colocam em disputa o projeto de Educação escolar do país.
Segundo o Historiador Jörn Rüsen (2011, p. 115) o livro didático ideal teria quatro características importantes: um formato claro e estruturado; uma estrutura didática clara; uma relação produtiva com o aluno; e uma relação com a prática da sala de aula.
Ao elegermos os temas a serem contemplados na apresentação deste dossiê, optamos por explanar, com algumas minúcias, os caminhos e descaminhos vivenciados durante o processo de avaliação de obras didáticas de História articulando com o decurso da gestão pública, revisitando e transcrevendo trechos de documentos que registram o projeto de Educação em pauta.
Há tempos em que a tarefa do historiador é intensificada quanto a sua função de chamar o passado para contextualizar e ampliar a compreensão das infindáveis disputas do tempo presente. Em 1993, Jacques Le Goff, ao prefaciar a obra póstuma e inacabada de Marc Bloch, Apologia da História ou O ofício de historiador, reeditada por seu filho Étienene Bloch, finaliza argumentando de que a obra é produto de um momento no qual Bloch “[…] capta os primeiros frêmitos de uma esperança, tanto de uma libertação da história, que é preciso ajudar na resistência ativa, como de um progresso da ciência histórica, que é preciso esclarecer escrevendo este livro” (2001, p. 34). Oito anos após, na apresentação para a edição brasileira, Lilia Schwarcz destaca os tempos difíceis a partir do qual Bloch escreve a obra e conclui que:
Mesmo nesses contextos extremos, em que a realidade se torna mais do que confusa, inomeável, Bloch defendeu a autonomia da reflexão e a ideia de que a responsabilidade e a necessária militância não eram sinônimos de fórmulas acabadas e índices milagrosos (2001, p. 12).
Le Goff e Schwarcz formulam seus argumentos tendo por referência a reflexão inacabada de Bloch que nos coloca a pensar sobre o ofício do historiador o qual deve, a todo momento, questionar as evidências:
[…] preciso prová-la. Depois, uma vez fornecida esta prova – que não temos o direito de considerar evidente, ou mesmo antecipadamente impraticável – restava ainda, aprofundando mais a análise, perguntar-se por que, de todas as atitudes psicológicas possíveis, estas se impuseram ao grupo. Pois, a partir do momento em que uma reação da inteligência ou da sensibilidade não for natural, ela exige, por sua vez, caso se produza, que nos esforcemos para descobrir suas razões. Resumindo tudo, as causas, em história como em outros domínios, não são postuladas. São buscadas. (BLOCH, 2001, p. 159).
O inacabamento do texto nos coloca frente ao convite de prosseguir com as buscas em todos os campos nos quais se fizer necessário. Hoje, no mundo contemporâneo, o campo do Ensino de História, e, em particular, no que se refere à produção de material didático para essa área do conhecimento, se configura como um campo emergencial para o historiador exercer o seu ofício.
- O PNLD 2017 – História: contexto e desdobramentos
No ano de 2015, a Universidade Estadual de Londrina foi selecionada, via Chamada Pública SEB / MEC Nº 01 / 2015, para coordenar o processo de avaliação pedagógica dos livros didáticos de História destinados aos alunos e professores dos anos finais do ensino fundamental. Naquele ano, quando tomamos a decisão de participar do processo de seleção, o país vivenciava o primeiro ano do segundo mandato da Presidenta Dilma Rousseff, eleita em outubro de 2014, em pleito no qual concorreu à reeleição pela chapa liderada pelo Partidos dos Trabalhadores [4] (PT), tendo por vice Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). O então senador Aécio Neves, candidato opositor pela chapa encabeçada pelo Partido Social Democrata Brasileiro [5] (PSDB) e seus aliados, questionaram, abertamente, o resultado das urnas e colocaram em curso um regime de oposição que, distanciando dos temas voltados para o desenvolvimento social, cultural e econômico do país, pautou-se no acirramento de um processo de construção de um inimigo nacional comum, o Partido dos Trabalhadores, na figura da então Presidenta e do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o país de 2003 à 2010.
Problemas crônicos do sistema político brasileiro, cuja origem pode ser identificada em nosso passado colonial, patriarcal e escravocrata, foram simplificados e personificados vendendo-se a ideia de que extirpando tais pessoas, ou partidos, os problemas nacionais seriam resolvidos. No que se relaciona ao objeto desse dossiê, consideramos importante destacar que o cenário político nacional, em curso durante a realização do PNLD / 2017 (que para as universidades respondentes à Chamada Pública realizada pelo MEC, teve início em 2015 e finalização em 2017 [6] ), precisa ser registrado, pois influenciou, efetivamente, na redefinição dos contornos ao qual foi submetido o programa após o golpe de 2016 que levou à presidência de Michel Temer (PMDB).
No Ministério da Educação, o entra e sai de mandatários seguiu o clima conturbado vivenciado no país nos anos de 2015 e 2016: Cid Gomes (PDT) assume o ministério em 02 de janeiro de 2015 e permanece por menos de três meses, deixando a pasta em 19 de março. Em abril de 2015, o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo, Renato Janine Ribeiro, assume o cargo, permanecendo no mesmo até outubro do mesmo ano quando, em meio à readequação política no governo, é substituído por Aloizio Mercadante (PT) que ficará no cargo até 11 de maio de 2016, dias antes do início da tramitação do processo de afastamento da Presidenta Dilma, finalizado em 31 de agosto de 2016. Em seu lugar, Michel Temer indica Mendonça Filho (DEM), que sairá em abril de 2018 para concorrer a uma vaga no senado pelo estado de Pernambuco, não sendo eleito.
Na Secretaria de Educação Básica (SEB) e na Coordenação de Materiais Didáticos (COGEAM) – setores diretamente responsáveis pela implementação das políticas públicas sobre o livro didático no Ministério da Educação – a alteração nos cargos de chefia foi menor, o que, de certa forma, favoreceu à realização do PNLD 2017 em patamares menos conflituosos quanto à relação da Universidade com o Governo Federal. A Secretaria de Educação Básica (SEB) passou pela coordenação de Maria Beatriz Luce, pedagoga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Rossiele Soares da Silva, advogado e ex-Secretário de Educação do Estado do Amazonas. Na COGEAM, passaram pela coordenação Junia Salles Moreira, historiadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Tassiana Cunha Carvalho, Cientista Política e funcionária de carreira do MEC. Durante alguns meses, Cristina Thomas de Ross, funcionária de carreira do MEC, respondeu pela COGEAM até a efetivação da Tassiana Cunha Carvalho no quadro.
A realização de cada etapa do PNLD é marcada por uma exaustiva rotina de reuniões, envolvendo os responsáveis pelas pastas, os coordenadores do processo avaliativo e os representantes das editoras. Os gestores são peças fundamentais nesse processo e a depender de seu entendimento, envolvimento e atuação no campo da Educação escolar, e, em especial, no campo da produção de material didáticos, vai se constituindo um perfil para o que se entende por um bom livro didático que pode, ou não, influenciar na elaboração dos mesmos, considerando que estamos a tratar de processos com uma temporalidade alargada. Por isso, entendemos que o estudo minucioso do histórico de cada processo avaliativo, em suas singularidades e abrangendo vários escalões do MEC, forneceria dados importantes para a compreensão de como vai se configurando, e também se desconfigurando, os desenhos de uma política pública para a elaboração, avaliação e distribuição dos livros didáticos no país.
Retornando ao PNLD – 2017 – História, sob a responsabilidade da UEL, o resultado da Chamada Pública SEB / MEC Nº 01 / 2015 foi publicado via Portaria nº 28, de 10 de Agosto de 2015, e divulgado no Diário Oficial da União do dia 11 de Agosto de 2015 (Figura 1). Foram selecionadas sete instituições, sendo a UEL a única instituição estadual. Não temos conhecimento do número de concorrentes em cada componente curricular e esta informação seria relevante, pois indicaria o interesse e envolvimento das universidades públicas com o processo de avaliação dos livros didáticos.

Em dezembro de 2015, publica-se no Diário Oficial da União a Resolução nº 13, de 4 de Dezembro de 2015, na qual o Presidente Substituto do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE aprova o apoio financeiro para a UEL realizar o PNLD 2017- História. O que se seguiu foi um amplo processo de adequações e gerenciamentos entre a Secretaria de Educação Básica, por meio da Coordenação Geral de Material Didático, então sob a coordenação de Tassiana Cunha Carvalho [7] , visto que, como já dito, a UEL foi a única instituição estadual selecionada, o que demandou ajustes no sistema de descentralização de verbas por se tratar de transferência de recursos entre esferas administrativas distintas (federal e estadual). Efetivamente, os recursos chegaram à UEL no mês de março de 2016. Apresentamos tais dados para registrar e fomentar futuros estudos sobre o tratamento que as políticas públicas sobre o livro didático receberam do governo federal ao longo de quase um século de existência, a considerar como marco inicial a criação do Instituto Nacional do Livro (INL), em 1929. Em 1994, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), coloca-se, em curso, um processo de retomada e redefinições quanto à distribuição e avaliação dos livros, o qual confere os contornos ao PNLD, vigorando, com alterações, até os dias atuais.
O MEC nomeou para a coordenação técnica do PNLD 2017, cuja função foi estabelecer o contato entre o MEC e a Instituição que sediaria o processo de avaliação, a Profª Drª Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o nome de todos os participantes do processo está publicado junto ao Guia PNLD 2017 – História, disponível na página do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) [8] (BRASIL, 2016).
Nos textos de introdução do Guia citado [9] , para além da contextualização de todo processo, da apresentação dos dados e das análises do Edital PNLD 2017, tem-se um estudo que detalha como as coleções aprovadas abordam os seguintes eixos: tratamento escolar das fontes históricas; relação entre texto-base e atividades; tratamento da temporalidade histórica; Temática Africana e Temática Indígena.
Cada um dos eixos citados fornece uma chave de leitura para interpretar as obras aprovadas, bem como remetem a pontos cruciais que um “bom livro didático de História deveria contemplar”, de acordo com o processo avaliativo e o edital que direcionou a forma e o método de avaliação. Na linha interpretativa seguida para a apresentação dos resultados no Guia optou-se por trabalhar com quatro indicadores de qualificação, independentes entre si, e entre os quatro volumes que compõem a coleção, mas que apontam para os patamares quanto ao que se espera com relação à progressão da complexidade em torno do tratamento do eixo, ao longo da coleção. Além disso, se o professor colocar lado a lado os resultados de cada coleção, disponibilizada no Guia em formato de alvos, o documento oferece dados que permitem compreender as diferenças entre as coleções. Os indicadores de qualificação dos eixos (Figura 2) foram formulados a partir do exigido no Edital PNLD 2017 – História, em seu Anexo III.
Os cinco eixos e os quatro indicadores de qualificação, acrescidos da análise, também apresentada no Guia, quanto à concepção sobre os significados de ensinar e aprender História para jovens no ensino fundamental, que alicerçava o Edital 2017, balizaria o perfil de livro didático de História almejado e indicaria os desafios a serem enfrentados. Dentre tantos desafios destacamos:
[…] a proposição de um ensino que conecte, efetivamente, os jovens a um saber contextualizado e que promova o protagonismo juvenil, dimensão tão cara, em nosso caso, à construção da compreensão da noção de sujeito histórico. (GUIA PNLD 2017, p. 10).
Chegamos, assim, ao segundo evento que confere contornos a proposição deste dossiê: a realização, em outubro de 2017, do Seminário “Livro Didático de História: Conhecimento Histórico e Didática da História no Mundo Contemporâneo”. A realização de uma ação avaliativa no formato evento, foi uma das propostas constantes no plano de trabalho enviado, quando da participação da Chamada Pública SEB / MEC Nº 01 / 2015. A princípio, e em síntese, seu objetivo seria avançar na construção de caminhos para os desafios identificados durante o processo de avaliação. No entanto, o sistema público de Educação no país, nos anos de 2016 e 2017, foi assolado por uma série de acontecimentos que imprimiram urgências quanto à discussão sobre o que se entende por conhecimento histórico, bem como a respeito de qual seu lugar e função na escola.
O acirramento de posições em torno do processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as alterações impetradas no PNLD via decreto, redimensionaram o formato e a dimensão do Seminário, cujo objetivo inicial era promover análises que nos auxiliassem a compreender a relação entre a historiografia e os conteúdos nos livros didáticos de História, na almejada articulação com o pensamento dos jovens e as narrativas do mundo contemporâneo, fosse ampliado a fim de contemplar temáticas que contribuíssem com o pensar de caminhos para o livro de História, seja no contexto das reformulações em curso no PNLD, seja quanto às perspectivas para o mesmo na relação com a BNCC.
- O livro didático e sua função em meio aos embates contemporâneos
Considerando o que estamos vivenciando no país nos últimos quatros anos (2015 – 2018), observamos que os textos presentes neste dossiê transitam por temáticas que reafirmam, e aprofundam, princípios do Ensino de História (muitos dos quais anunciados no já citado Guia PNLD 2017 – História) construídos ao longo de décadas, em diferentes países do mundo, por pessoas que tem o campo do Ensino de História como lugar de ofício, quer seja na pesquisa, docência ou mesmo na produção de material didático. O resultado de todo esse trabalho foi (e continua sendo) publicado em diversos livros, periódicos, eventos e encontros. Portanto, estamos a tratar de uma caminhada construída passo a passo, pesquisa a pesquisa, aula a aula, ao longo de 30 anos, a qual fornece respostas plausíveis para o que se compreende por conhecimento histórico e em como ensiná-lo na escola. Estamos a tratar da Didática da História e de um dos temas caros a esse campo – o livro didático. Nesse sentido, não podemos silenciar frente a propostas que, simplesmente, desconsiderem toda a produção científica de uma área.
Ao longo do século XX, o livro da História da humanidade ampliou-se com capítulos dolorosos e sangrentos, mas, também, com conquistas científicas que redimensionaram as relações entre as pessoas em todo o planeta. Recorrer a Marc Bloch para iniciar a apresentação deste dossiê tem toda uma simbologia e direciona nosso objetivo para muitos comprometimentos. No Brasil, avançamos na produção de uma historiografia que valorizou outros eixos, para além do político, e possibilitou conhecer as várias histórias que formam a História do Brasil. Nos documentos curriculares produzidos no final da década de 1980, no contexto de redemocratização nacional, já se identifica o questionamento a um ensino de História direcionado somente para o passado e pautado na memorização de alguns fatos canônicos de uma história erigida a versão oficial (BITTENCOURT, 1998)
No apagar das luzes do século XX, a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394 / 1996) reafirma e legaliza, em seu artigo terceiro, o compromisso do país em construir um sistema de Educação Escolar baseado nos seguintes princípios:
I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber. III – Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. IV – Respeito à liberdade e apreço à tolerância. V – Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. VI – Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. VII – valorização do profissional da educação escolar. VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino. IX – Garantia de padrão de qualidade. X – Valorização da experiência extraescolar. XI – Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII – Consideração com a diversidade étnico-racial. (BRASIL, 1996)
O contexto de elaboração e promulgação da LDB foi marcado por divergências, mas não identificamos, até o fechamento deste texto, estudos que apontem rupturas quanto a indicação de tais princípios como estruturantes da Educação Escolar no país. Podemos concluir que, em 1996, havia um certo consenso em torno de tais princípios. É neste contexto que são publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1997 (BRASIL, 1997), com o objetivo de indicar, como o nome mesmo assinala, parâmetros para a elaboração das propostas curriculares dos estados e municípios. Em sintonia com o preconizado na Lei, e como uma tentativa de concretizar nas escolas os princípios anunciados, o MEC elege os temas Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo, e Pluralidade Cultural, para que perpassem todas as disciplinas e os anos de escolaridade, denominando-os por Temas Transversais.
Nas primeiras décadas do século XXI, fomentou-se a necessidade de olhar ao redor e identificar as diferenças, de todos os tipos, para podermos construir relações de respeito, de empatia. No campo específico da História, os estudos sobre nosso passado, a partir dos mais variados recortes e fontes, e sob a liberdade de um regime democrático, ampliaram-se significativamente. Com a ampliação de universidades por todo território nacional, novos cursos de História foram criados e, em decorrência, ramificaram-se os olhares atentos para a realidade vivida, interpretando-a na constante relação temporal que caracteriza o trabalho do historiador. Soma-se, aqui, também, a ação de diversos Movimentos Sociais que, em torno de pautas distintas, colocaram em visibilidade uma cartela de justas reivindicações de populações que eram (e são) empurradas para a margem da sociedade. A conquista de direitos, por esses grupos, redimensionou, dentre outras tantas questões, o que se ensina sobre a História do Brasil na escola.
O que o livro didático de História ainda não alcançou é a capacidade de permitir ao aluno, a partir de sua leitura, chegar aos sentidos, despertar a fascinação e os raciocínios históricos. A forma de apresentação do passado nas narrativas do livro didático de História não incita a percepção das experiências históricas. Segundo Rüsen (2001, p.119) “[…] o livro didático de história deveria abrir os olhos das crianças e jovens para as diferenças históricas e as diferentes qualidades da vida humana através dos tempos.” Não apresentando como fazem hoje os livros didáticos “[…] unicamente experiências históricas já interpretadas e a percepções já assimiladas de forma cognitiva” (p.119). Caramez (2014), em estudo com professores de História, ao analisar as relações com a experiência de utilização do livro didático, percebeu que ele não proporciona determinados tipos de experiências didáticas como, por exemplo, o uso da internet possibilitaria:
Como a ruptura com a linearidade da história, a possibilidade de visitar vários passados e de encontrar diferentes perspectivas de um mesmo acontecimento histórico, uma vez que nos livros didáticos, as fontes primárias e secundárias, geralmente, concordam com o texto didático do autor, como também, no que diz respeito à mudança na relação entre o presente e o passado, na medida em que a relação com o passado é quantitativamente aumentada e qualitativamente expandida (CARAMEZ, 2014, p. 98-99).
O livro didático de História que temos hoje no país traz em sua constituição todo esse histórico de alterações. No processo de elaboração de cada edital, a equipe técnica responsável tinha a difícil tarefa de transformar os princípios, acima elencados, em regras claras para comporem, juntamente com os saberes de cada disciplina, um conteúdo escolar. Como o PNLD é um programa de temporalidade alargada é possível, ao longo dos últimos 20 anos, identificar como os livros didáticos de História se alteraram e, sem nenhuma dúvida a respeito, se modificaram na direção de uma abordagem da História mais próxima daquela compreendida como capaz, se não de fomentar o desenvolvimento do pensamento histórico, pelo menos de permitir que os alunos tivessem acesso a uma história plural e com contornos sociais definidos por políticas públicas que inseriram, no campo da produção didática, temas antes relegados à iniciativa do professor para serem abordados em sala de aula. Como exemplo tem-se a História da África e dos africanos antes da escravização no Brasil, assim como a abordagem da História indígena antes da chegada dos portugueses por estas terras, bem como a continuidade da existência de indígenas para além do mundo colonial brasileiro. Além deles, há outros temas, já abordados pela historiografia contemporânea, mas que demoraram para serem trabalhados nos livros didáticos de História, como a História das mulheres, dos idosos ou mesmo das crianças.
Os critérios de avaliação dos livros didáticos de História preservaram, até o momento, aquilo que é mais importante na área de História: o respeito pela produção científica. Temos de garantir que sejam quais forem os princípios e critérios propostos para avaliação de livros didáticos, estes estejam representados pela pluralidade de ideias, bem como pelo rigor metodológico e científico e, de igual modo, que a legitimidade dos conteúdos históricos seja determinada pela ciência histórica e não por valores morais ou religiosos. Pensando, como afirma Isabel Barca, que a avaliação de livros didáticos se insere em políticas públicas para formação de cidadãos, defendemos que estes sejam avaliados com o objetivo de formar gente livre, com ideias próprias e atentas ao que se passa à sua volta, em vez de simples cidadãos – robôs, muito competentes tecnicamente, mas que não pensam por suas consciências, e sim, o que lhes propõem pensar. Estes objetivos são importantes para defesa dos valores da democracia e da liberdade em sociedades contemporâneas.
Notas
3. Sobre o assunto ver MIRANDA; ALVIM. (2013) e CASSIANO (2017), dentre outros.
4. Coligação “Com a força do povo”, PT, PMDB, PSD, PP, PR, PDT, PRB, PRÓS e PCdoB.
5. Coligação “Muda Brasil”, PSDB, SD, PMN, PEN, PTN, PTC, DEM, PTdoB e PTB.
6. O prazo de finalização do PNLD em cada universidade pode apresentar variações ditadas pelas demandas dos editais e recursos.
7. O processo de avaliação das obras teve início no mês de dezembro de 2015, antes da liberação dos recursos, devido a mediação da COGEAM que custeou as passagens e a estadia dos avaliadores para a realização do primeiro treinamento.
8. Disponível em: http: / / www.fnde.gov.br / programas / programas-do-livro / livro-didatico / guiado-livro-didatico / item / 8813-guia-pnld-2017
9. Os textos de introdução do Guia PNLD 2017 – História foram elaborados pela Profª. Drª. Sonia Regina Miranda, da Universidade Federal de Juiz de Fora, convidada para compor a equipe na função de Coordenadora Pedagógica do Guia do Livro Didático
Referências
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Propostas curriculares de História: continuidades e transformações. In: BARRETO, Elba S. de Sá. (Org.). Os currículos no ensino fundamental para as escolas brasileiras. São Paulo: Autores Associados / Fundação Carlos Chagas, 1998, p. 127-161.
BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394 / 96, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC / SEF, 1997.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais – História / Geografia (1ª a 4ª séries). Brasília: MEC / SEF, 1997.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais – História. Brasília: MEC / SEF, 1998.
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Edital de Convocação 02 / 2015 – CGPLI: Edital PNLD / 2017.
CARAMEZ, Cláudia Senra. A aprendizagem histórica de professores mediada pelas tecnologias da informação e comunicação: perspectivas da educação histórica. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) – Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
CASSIANO, Célia Cristina de Figueiredo. Política e economia do mercado do livro didático no século XXI: globalização, tecnologia e capitalismo na educação básica nacional. In: ROCHA, Helenice; REZNIK, Luis; MAGALHÃES, Marcelo de Souza (Org.). Livros didáticos de história: entre políticas e narrativas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017, p. 83 – 100.
LE GOFF, Jacques. Prefácio, por Jacques Le Goff. In: BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 15 – 34.
MIRANDA, Sonia Regina; ALVIM, Yara. Livros na batalha de ideias: a sedução da verdade no debate público em torno dos livros didáticos de história. In: GALZERANI, Maria Carolina Bovèrio; PINTO JUNIOR, Arnaldo; BUENO, João Batista Gonçalves (Org.). Paisagens da Pesquisa Contemporânea sobre o Livro Didático de História. Campinas: Paco Editorial / Centro Memória Unicamp, 2013, p. 373-398.
RÜSEN, Jörn. O livro didático ideal. In Schmidt, M.A., Barca, I., & Martins, E.R.. Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Editora da UFPR; Braga (PT): Uminho. 2010
SCHWARCZ, Lilian Moritz. Apresentação à edição brasileira. In: BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 7 – 12.
Marlene Rosa Cainelli1 – Professora do Departamento de História e Pesquisadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação e do programa de Mestrado em História- Coordenadora Institucional do PNLD / 2017.
Sandra Regina Ferreira de Oliveira2 – Professora do departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina e Pesquisadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação- Coordenadora Pedagógica do PNLD / 2017.
CAINELLI, Marlene Rosa; OLIVEIRA, Sandra Regina Ferreira. Livro Didático de História: conhecimento histórico e Didática da História no mundo contemporâneo. História & Ensino, Londrina, v.24, n.2, 2018. Acessar publicação original [DR].
(Re)Construindo o passado: o papel insubstituível do ensino da História – MAIA et. al (HE)
MAIA, Tatyana de Amaral; ALVES, Luís Alberto Marques; HERMETO, Miriam; RIBEIRO, Cláudia Sofia Pinto (Org.). (Re)Construindo o passado: o papel insubstituível do ensino da História. Porto Alegre: EdiPUCRS; Porto: CITCEM, 2016. 286 p. Resenha de: CARMO, Maria Andréa Angelotti. A responsabilidade social do ensino de história. História & Ensino, Londrina, v. 23, n. 2, p. 231-237, jul./dez. 2017.
Historicamente, uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades está no controle sobre a memória, o esquecimento e os silêncios na História, conforme argumenta Le Goff (2003). Nessa perspectiva, as batalhas entre os registros e a hegemonia sobre determinada memória são marcadas pelos silêncios, esquecimentos e confrontos que compõem a história das sociedades humanas e, em especial, das democracias atuais. As sociedades, cujas histórias encontram-se inseridas em processos ditatoriais, têm enfrentado seus passados recentes a partir de temas e conteúdos compreendidos como sensíveis, dolorosos e de difícil consenso.
É o caso das sociedades ibéricas e sul-americanas. Qual, então, o papel do ensino de História no processo de construção, reelaboração, manutenção, mediação, e outros tratamentos da memória, nessas sociedades? Um olhar atento sobre esses passados, e seu ensino, nas sociedades ibéricas e sul-americanas, constitui a feliz contribuição que se apresenta na coletânea (Re)Construindo o Passado: o papel insubstituível do ensino de História, publicada pela Editora da Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul em parceria com o Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM) da Universidade do Porto, Portugal.
A obra é organizada pelas professoras brasileiras Tatyana de Amaral Maia, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Miriam Hermeto, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pelos professores portugueses Luís Alberto Marques Alves e Cláudia Sofia Pinto Ribeiro, ambos da Universidade do Porto. A coletânea conta com análises e pesquisas da temática no Brasil e em Portugal e traz, ainda, a participação de pesquisadores espanhóis e argentinos num exercício em que compreendem a necessidade contínua de reflexão sobre os usos do passado, e de como eles se apresentam, e são tratados, no ensino. Os artigos resultam de distintas pesquisas que envolvem perspectivas de alunos, professores, propostas curriculares e manuais didáticos de ensino de História. Ainda, abordam a forma como memórias, narrativas, percepções do passado são eleitas para comporem, ou não, o quadro dos conteúdos, formas de apresentação e abordagens históricas.
A coletânea está dividida em duas partes, de modo a contemplar os estudos sobre as sociedades ibéricas e sul-americanas em suas peculiaridades e particularidades: Os passados dolorosos na Europa e Os passados dolorosos na América Latina são compostas por quatro artigos cada uma, o que disponibiliza, ao leitor, um amplo panorama da temática nos diferentes países e contextos, a partir de análises de um rico e diverso leque de fontes e do emprego das mais diversas metodologias.
Na primeira parte, Luís Alberto Alves e Cláudia Ribeiro refletem sobre o que temos feito dos “nossos passados históricos”, dos quais não queremos lembrar. Ensinar passados dolorosos, aprender com o uso pedagógico da história apresenta os resultados e análises de uma longa pesquisa realizada com estudantes do 9º. e do 12º. anos da Educação Básica, e professores de História, em Portugal. Os autores compreendem que o passado, por mais doloroso que seja, deve transformar-se “num conhecimento inteligível e, a partir daí, acreditar num devir de melhoria (esperança) que seja suportado na inteligibilidade” (p. 28). Os passados dolorosos precisariam ser trabalhados por docentes “preparados cientificamente e intelectualmente honestos”, a fim de fornecer “recursos variados, perspectivas heterogêneas, sínteses consensuais englobando contributos dos seus interlocutores” (p. 27). Por meio das análises de entrevistas com professores e alunos, os autores tratam as “questões socialmente vivas” e remanescentes da Guerra Colonial, consideradas, pela maioria dos entrevistados, como o ápice do passado doloroso da sociedade portuguesa.
Na análise de Aprendizagem histórica dos passados dolorosos: as “guerras coloniais” nas narrativas de jovens portugueses, Marçal de Menezes Paredes e Tatyana de Amaral Maia refletem acerca da aprendizagem e educação histórica como campo de pesquisa em que se busca “investigar os processos pelos quais alunos constroem o seu conhecimento histórico e como aprendem os conceitos estruturantes da disciplina” (p. 51). Em um segundo momento, os autores analisam as maneiras de compreender a história da Guerra Colonial dos alunos portugueses, considerando os passados dolorosos circunscritos às experiências traumáticas e “passados que ameaçaram romper com a cultura histórica moderna que inclui a defesa de valores considerados universais e intrínsecos aos indivíduos” (p. 63). Nessa pesquisa, a apreciação das narrativas de estudantes leva os autores a entenderem que a História ensinada ainda exerce um papel tido por essencial na compreensão da experiência vivida. No entanto, revelam, também, os desejos de esquecimento, o silêncio sobre esse passado ou mesmo o tratamento superficial das questões na forma como são abordadas no ensino ou pela opinião pública.
Beatriz de Las Heras, no artigo (Re)construindo a história a partir da (re)presentação visual: memória da Guerra Civil espanhola em Madrid por meio da fotografia, argumenta que a fotografia não mostra a realidade, mas mostra realidades (p. 82). A autora trabalha quatro conceitos chaves considerados relevantes para a compreensão do processo de (re)construção da história a partir das imagens: memória, fragmento, saber lateral e (re)presentação.
As formas como trabalharam os fotógrafos na cidade de Madrid, bem como as estratégias de propaganda mais utilizadas durante a guerra, também são consideradas ao longo do texto. Apresentando um conjunto de fotografias e tecendo profundas análises, Las Heras aponta as estratégias de mostrar, ocultar, reter e reconduzir, utilizadas pelas autoridades durante a guerra civil espanhola. Neste texto, a fotografia e todo seu processo de “fabricação” são compreendidos como um processo de criação de um discurso que finda por se converter na memória do acontecimento. A leitura nos apresenta a inquietação e preocupação quanto aos usos, produção e emprego das imagens, especialmente na sociedade contemporânea, em que a chegada da tecnologia se converteu em um grande programador de olhares, e registros, de memórias.
No artigo Abordagem ao ensino da Guerra Civil e da ditadura de Franco na Espanha contemporânea, Claire Magill observa as “diferenças nas abordagens dos professores no que respeita à relação explícita entre o passado e o presente” (p. 116), e analisa as metodologias adotadas pelos profissionais do ensino ao ministrarem os temas da Guerra Civil e da Ditadura de Franco. As investigações da autora levam-na a deparar-se com cinco grupos/categorias de professores, assim descritos: aqueles que não se privaram de ensinar o tema potencialmente polêmico, mas também não criaram oportunidades para abordar tais questões (p. 120); aqueles que enfrentam verdades desconfortáveis, mitos e preconceitos, e procuram sensibilizar seus alunos para os perigos de reduzir questões históricas e complexas a explicações simplistas e maniqueístas da História (p. 122); aqueles que em vez de apresentar múltiplas perspectivas e incentivar seus alunos a fazerem suas próprias escolhas, tendem a apresentar suas próprias opiniões, sem incentivar o debate ou a discussão (p. 126); aqueles que mostram clara preferência por manterem-se afastados de questões polêmicas ou controversas; aqueles que relutam em abordar o tema ou relacionar o passado e o presente; aqueles que tratam a questão, mas não conseguem explorar o tema em profundidade.
Não se trata apenas de nomear uma ou outra atuação docente, tampouco culpar os docentes e sua atuação, mas busca-se refletir acerca das dificuldades encontradas para trabalhar questões não amplamente consensuais e conflituosas na sociedade contemporânea. Ressalta-se a necessidade de desenvolver programas de formação profissional, adequados e pertinentes, no contexto espanhol e em outros contextos.
Na segunda parte da obra temos O ensino de história e os “passados dolorosos”: a questão das ditaduras na América Latina, texto no qual Marcos Napolitano e Mariana Villaça apresentam o debate historiográfico sobre a temática, propondo oferecer alguns subsídios para que o professor possa abordar o tema, instigando os alunos a compreendê-lo historicamente (p. 155). Após apresentar um panorama das ditaduras na América Latina e suas principais questões, os autores indicam um conjunto de temas, conteúdos, materiais, e atividades didáticas, que podem auxiliar os professores no tratamento dessas questões, além de indicarem bibliografias sobre os golpes e regimes militares.
Por sua vez, Maria Paula Gonzáles debruça-se sobre a última ditadura na Argentina e a observa como “um passado que não passa” perpetua-se em um grande desafio para a escola habituada e convencida de seu caráter neutro. O Ensino da História e passados sensíveis: olhares sobre o caso argentino provoca-nos ao trazer uma abordagem acerca das narrativas, dos regulamentos educativos e, principalmente, das práticas e desafios que se apresentam aos professores de história no ensino de uma temática histórica do tempo presente. Após mergulhar na documentação, e analisar as práticas de ensino como estratégias e táticas construídas no tempo e no contexto, a autora aponta que o tratamento da história nas escolas está “tensionado pela natureza recente e polêmica, a condição aberta e inacabada, o caráter traumático, as questões éticas e políticas, o privilégio da memória sobre a história” (p. 219). A autora destaca, ainda, a relevância de se reconhecer os problemas acarretados pelo tratamento dado ao passado, oportuniza a revisão das maneiras pelas quais pensamos a história como reelaboração do passado, e os significados que damos ao seu ensino.
Com o título de Justa memória, dívida ética e passados-presentes dolorosos: questões a partir da análise de interpretações sobre a ditadura militar brasileira (1964-1985) em livros didáticos de História, o penúltimo artigo da obra apresenta a reflexão de Mateus Henrique de Faria Pereira e Miriam Hermeto, que versa sobre a “tensão entre as práticas do dever de memória e do trabalho de memória” (p. 228). Os autores discorrem sobre os temas da arte engajada e do Golpe de 1964, e de como eles são abordados e dispostos nos 46 manuais didáticos analisados. Os livros didáticos são compreendidos como produtos culturais e instrumentos pedagógicos que se tornaram guardiões e construtores da memória e do saber escolar (p. 243), e o ensino de história pode contribuir para o exercício de superação de uma história “puramente traumática” em direção à transformações no e do presente. O texto encoraja a discussão de maneira crítica e sistemática da escrita da produção didática e a reflexão sobre o dever e o trabalho de memória, cuja incumbência parece incidir sobre ensino de História, de modo a contribuir para que processos históricos não voltem a ocorrer.
O empenho contido no último artigo da obra, Os passados dolorosos no ensino de História: trauma, memória e direitos humanos, de Tatyana de Amaral Maia, é compreender como a legislação e os documentos curriculares que orientam o ensino de História tratam do tema e expõem a ação oblíqua do Estado brasileiro, quanto ao dever de memória e à ampliação da justiça de transição (p. 264). Após profundas análises acerca da instituição e atuação da Comissão Nacional da Verdade e seus contextos, bem como dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a autora provoca quanto à naturalização da seleção de determinados conteúdos históricos, e sobre o discurso meramente retórico de defesa dos direitos humanos, apontando que é preciso integrar os currículos dedicados ao ensino de História e à Educação em Direitos Humanos, de modo a favorecer a superação dos legados autoritários na sociedade. Para a autora, o ensino de História pode ser um espaço privilegiado para a reflexão sobre a ditadura militar e seus legados, e pode romper com a “política do esquecimento” que teria sido implantada junto com a “transição negociada” experimentada pela sociedade brasileira (p. 263).
A obra (Re)Construindo o passado: o papel insubstituível do ensino da História instaura a oportunidade de olhar para os passados dolorosos sob a perspectiva do ensino, mas também possibilita ampliar o olhar para além de materiais didáticos e conteúdos curriculares, apresentando diferentes fontes, linguagens, e contextos, em que se pesam elementos como o compromisso e a honestidade intelectual para com a sociedade e seus enfrentamentos sociais e históricos, bem como para com as populações, e grupos, diretamente marcados pela violência, cujas memórias parecem manter-se sob a “sombra” dos registros e discursos hegemônicos.
A coletânea oportuniza rememorar o privilégio e o dever do ensino de História no processo de (re)construção de passados recentes, reconhecimentos e esclarecimentos de usos e abusos. (Re)construção de sua força no combate aos “esquecimentos” e de sua possibilidade de contribuição na formação de uma sociedade nas quais suas histórias não repitam os processos cingidos pela dor.
Maria Andréa Angelotti Carmo – Professora Adjunta no Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia. Doutora em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-doutoranda em História pela Universidade do Porto, Portugal.
rajetória educacional dos imigrantes alemães no interior do Estado de São Paulo – VAROLO (HE)
VAROLO, Flávia Renata da Silva; RIBEIRO, Arilda Ines Miranda; FELIX, José Luís. Trajetória educacional dos imigrantes alemães no interior do Estado de São Paulo. Uma escola alemã na colônia Riograndense: 1922-1938 (Maracaí/Cruzália-SP). Jundiaí: Paco Editorial, 2015. Resenha de: SAMPAIO, Thiago Henrique. Terra, educação e imigração: uma escola na colônia de alemães no interior do Estado de São Paulo. História & Ensino, Londrina, v. 23, n. 2, p. 243-247, jul./dez. 2017.
VAROLO Flávia Renata da Silva (Aut), RIBEIRO Arilda Ines Miranda ([Apres]), FELIX José Luís (Apres), Trajetória educacional dos imigrantes alemães no interior do Estado de São Paulo (T), Imigrantes alemães, SAMPAIO Thiago Henrique (Res), Colônia alemã riograndense, Escola alemã, Paco Editorial (E)
Quando estudamos movimentos migratórios, temos que entender as tentativas de implantação de uma cultura de imigrantes, em seus novos espaços de convívio, como uma forma de continuação das experiências de sua terra de origem. Dentro dessa perspectiva, a obra Trajetória educacional dos imigrantes alemães no interior do Estado de São Paulo apresentou um panorama da colônia Riograndense e sua escola alemã.
Na apresentação José Luís Felix, professor da Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/Assis), salientou a importância do papel de um sistema escolar dentro da comunidade de imigrantes alemães no Brasil. Dessa forma, a história da escola da colônia Riograndense confunde-se com a trajetória da própria localidade. O recorte temporal apresentado na obra é de 1922 a 1938, na região dos municípios de Cruzália e Maracaí. O ano final da escolha da pesquisa deve-se à deterioração da Escola Alemã, durante o Estado Novo com suas medidas educacionais.
Na introdução, Flavia Renata da Silva Varolo, apresentou suas motivações ao escrever a obra e seu contato com a cultura e língua alemã durante sua trajetória de formação. Seu livro usou como metodologia a História Oral, articulando-se com a História Cultural, durante toda a obra. Suas fontes são fotografias, textos, e narrativas, dos moradores da colônia e pessoas que passaram pela Escola Alemã.
O livro é resultado de sua dissertação de Mestrado em Educação, A educação alemã na colônia Riograndense: 1922-1938 (Maracaí/Cruzália-SP) defendida, em 2010, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente (UNESP/Presidente Prudente).
No primeiro capítulo, O imigrante alemão no solo brasileiro, a autora mostrou o início da vinda dos alemães em território nacional. Isso era desencadeado por motivos como má distribuição de terras, problemas econômicos, e altos impostos, em suas localidades. Para a pesquisadora, o início do movimento migratório alemão para o Brasil começou com a vinda da família real portuguesa, em 1808, que trouxe alguns alemães em sua comitiva.
O aumento do fluxo da população alemã ao Brasil iniciou-se em 1820, com um decreto de D. João VI para incentivar a entrada de indivíduos europeus, com a finalidade de gerar o branqueamento da população do território. Entre 1822 a 1826, a vinda de alemães ganhou força com a Imperatriz Leopoldina, filha do imperador da Áustria, Francisco I.
No caso do Estado de São Paulo, a imigração alemã pode ser dividida em quatro fases: a primeira, de 1827 a 1849, devido a políticas imperiais adotadas no país; a segunda, de 1850 a 1870, acarretado às agitações sociais nos territórios alemães; a terceira, de 1870 a 1945, motivada por parcerias entre as administrações do estado com companhias; e a quarta, de 1945 aos dias de hoje. Na década de 1930, o fluxo de alemães se intensificou para o Estado devido a política de branqueamento adotado durante o Estado Novo.
Nas décadas de 1920 a 1930, a educação brasileira não penetrava nas grandes camadas populares, isso incluiu os imigrantes em território nacional. A educação pública era essencialmente aristocrática e patriarcal. Com o movimento da Escola Nova, buscou-se uma renovação escolar através do discurso progressista e liberal.
Durante a Era Vargas, aconteceram mudanças formais e substanciais na educação através de algumas medidas como a criação do Ministério da Educação e Saúde (1930), a Reforma Francisco Campos (1931), e a Reforma Gustavo Capanema (1942). Com uma pasta própria para assuntos educacionais, ocorreram a formação do Conselho Nacional de Educação, que buscou a organização do ensino superior, secundário e comercial; a organização da Universidade do Rio de Janeiro, e a adoção de medidas no regime universitário.
No capítulo seguinte, Uma colônia de alemães no interior do Estado de São Paulo, a autora tratou da formação da Colônia Riograndense, em 1922. A população da localidade era originária da Alemanha, Áustria, Suíça e de alemães que já estavam no Brasil e se mudaram para a região. Para escrever sobre a história da colônia foi utilizada documentação oficial, depoimentos e diários de habitantes. O nome da região origina-se da influência de colonos do Rio Grande do Sul.
Durante o início da colônia aconteceu propaganda para a vinda de alemães a área. Esse marketing era enganoso, pois divulgava terras planas e próprias para a agricultura. Ao chegarem na localidade, os colonos deveriam abrir matas para a construção de casas e cultivos. Além disso, a viagem da Alemanha para o Brasil era extremamente cansativa e penosa, principalmente para crianças e idosos. Muitos, que tentaram vir, morreram devido a problemas na viagem e causadas por tifo.
A colônia Riograndense passou por três núcleos de colonização: em 1922, na região central da localidade; em 1924, começou um segundo núcleo, formado por habitantes de maioria católica e com grandes propriedades; e em 1929, uma região de população majoritária de gaúchos em torno da Fazenda Galvão.
As mulheres e crianças ajudavam na derrubada de matas para a criação de áreas cultiváveis e habitacionais na colônia. A agricultura era de produtos de subsistência: mandioca, milho e feijão. Entretanto, a economia da colônia ganhou força com a comercialização de alfafa, produto ficou em alta até a década de 1950. Na década de 1960, a alfafa foi substituída pelo cultivo de trigo e soja. A localização da área colonial era de fácil acesso à estrada de ferro (Sorocabana), possibilitando um rápido escoamento de sua produção.
Católicos e luteranos conviviam na localidade. Desde o início do processo de colonização as igrejas eram construídas. Desta forma, fé e religião eram uma força para os colonos superarem as dificuldades das mudanças.
No último capítulo, A educação alemã na colônia rio-grandense: escolas, clubes e práticas culturais, a autora buscou demonstrar o papel primordial desempenhado pela educação no processo de inserção dos imigrantes alemães. A educação nas colônias, na maioria das vezes, era responsabilidade dos seus próprios moradores, que construíram escolas e contratavam professores devido à ausência de investimentos do Estado nas localidades. Na colônia Riograndense não foi diferente.
A Escola Alemã da colônia Riograndense era no meio rural e mista (meninos e meninas frequentavam). A primeira escola foi construída em madeira e após um incêndio, em 1926, uma nova escola foi inaugurada. No currículo escolar estavam presentes o catecismo, a bíblia, a escrita e a aritmética. O material didático era de língua alemã adaptada à realidade brasileira. Seu programa curricular era flexível e diversificado para o momento.
O professor possuía responsabilidades além da escola, como o desenvolvimento de atividades culturais e religiosas, além da importância econômica para a localidade. A manutenção do colégio ficou a cargo dos colonos (prédio e salário de professor).
Os espaços educacionais não se restringiram apenas à escola, pois os autores do livro demonstram que outros espaços sociais, como os clubes e igrejas, tinham importância na formação educacional das crianças e jovens, principalmente após a perseguição e preconceito a alemães, desencadeados após a Segunda Guerra Mundial.
Com a Reforma de Gustavo Capanema teve início o fim da escola, pois houve a implementação de escolas públicas na colônia Riograndense. Esta reforma colocou como obrigatória o ensino do português nas escolas públicas. O número de alunos da Escola Alemã diminuiu com o início das reformas educacionais do período do Estado Novo
Durante a Segunda Guerra Mundial, os habitantes da colônia sofreram com associação ao nazismo. Muitos imigrantes alemães foram perseguidos pela polícia, tiveram suas casas invadidas e alguns bens confiscados.
Com o passar do tempo, aprender alemão perdeu importância entre os colonos, pois começaram a se considerar integrados à sociedade brasileira. Este processo de aculturação da colônia foi movido por vários fatores, entre eles a Segunda Guerra Mundial, nacionalização do ensino e casamento de seus habitantes com pessoas de fora da colônia. Entretanto, micro-resistências dos habitantes se mantinham, como a preservação da língua dentro dos espaços do lar.
Em suas considerações finais, a autora salientou a relação construída dos imigrantes com a sociedade brasileira, como eram vistos por nós e como entendiam o Brasil. A colônia alicerceava-se na escola e na igreja, sendo o colégio um lugar de construção da cultura, da língua e cidadania.
Com a mudança de hábitos na colônia, ocorreram alterações também na Escola Alemã. Ela ficou responsável pela formação dos filhos dos colonos para a obtenção de postos de trabalho melhores que de seus pais. Entretanto, na medida em que se exportou mão de obra qualificada, se impôs um fim lento e gradual da colônia e, com isso, de sua escola.
A obra Trajetória educacional dos imigrantes alemães no Estado de São Paulo é ímpar ao mostrar o papel da educação como sinônimo de oportunidades a imigrantes em uma localidade nova. O livro aborda a coesão de um povo para a manutenção da sua cultura e de suas práticas sociais, distantes de sua pátria mãe. Com uma escrita agradável e esclarecedora, a autora faz o leitor analisar o papel da educação como algo fortalecedor de uma comunidade em prol da prosperidade coletiva e manutenção de suas raízes histórico-culturais.
Thiago Henrique Sampaio – Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História pela Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/Assis).
Patrimônio cultural e ensino de história – GIL; TRINDADE (HE)
GIL, Carmen Zeli de Vargas; TRINDADE, Rhuan Targino Zaleski (Org.). Patrimônio cultural e ensino de história. Porto Alegre: Edelbra, 2014. Resenha de: OLIVEIRA, Ana Maria Nogueira. História & Ensino, Londrina, v. 23, n. 2, p. 239-241, jul./dez. 2017.
A obra é resultado de estudos e pesquisas de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal de Santa Catarina, todos envolvidos com a Educação Patrimonial. Em outra parte, são professores da Educação Básica e os licenciandos em História da UFRGS que compartilham suas experiências, as quais foram adquiridas nas atividades da disciplina de estágio de Docência em História III- Educação Patrimonial, que aconteceram de 2010 a 2012 em museus, arquivos, praças e escolas do Rio Grande do Sul.
Professores e estudantes relatam suas experiências e fazem reflexões acerca do espaço do tema do patrimônio no ensino de História, numa perspectiva atual. Ao relatarem suas ações educativas em escolas, museus e outros espaços de cultura, os licenciandos em História e professores, apresentam novas estratégias e perspectivas para a educação patrimonial. Chamam a atenção não somente para o papel do patrimônio de monumentos, mas também para o patrimônio local e imaterial, os saberes e fazeres populares que por muito tempo ficaram esquecidos, no ensino de História.
Segundo Carmem Zeli de Vargas Gil, professora da disciplina Estágio de Docência em História III, a escola, uma instituição fechada, aos poucos se abre para dialogar com outros espaços com potenciais educativos. Neste caso, a prática é uma oportunidade dos futuros professores refletirem, não só em metodologias e teorias, mas também em sua própria formação cultural. Além disso, eles entram em contato com outras formas de aprender e “ampliam suas reflexões a respeito da história”.
A partir dos anos 1980 a educação para o patrimônio ganhou importância, acentuando-se nos últimos anos e despertando grande interesse dos pesquisadores. No entanto, o termo educação em relação ao patrimônio já aparece desde as primeiras políticas de preservação. Mário de Andrade, quando da elaboração do documento de criação do SPHAN, nos anos 30, dizia que a preservação do patrimônio histórico já seria uma forma de educação. Recentemente, foi ampliado quando em 2002, o patrimônio intangível ou imaterial foram incluídos nas políticas oficiais para o patrimônio.
Outro importante aspecto que hoje percebemos na Educação Patrimonial é a visão crítica em relação à constituição do patrimônio. Nas ações educativas, tanto nos museus e centros de cultura quanto nos centros históricos, é importante dar relevância à discussão da constituição desse patrimônio e suas implicações políticas e sociais. Por que determinada produção cultural foi valorizada em detrimento de outra? Quem e em quais circunstâncias essas pessoas fizeram as escolhas do que preservar ou não?
Nos relatos dos docentes e discentes podemos perceber isso. Eles nos apresentam novas abordagens para a Educação Patrimonial no ensino de História. Baseando-se na ampliação do conceito de patrimônio, procurou-se a valorização dos saberes e fazeres populares, além de valorização do patrimônio local.
A experiência na Unochapecó, em que alunos dos cursos de Matemática, História, Artes Visuais e Letras foram incentivados a pesquisar junto às pessoas de seu próprio convívio, é um exemplo. A partir de questões da educação patrimonial, eles pesquisaram os saberes matemáticos, históricos, artísticos e literários. Os alunos se surpreenderam com o conhecimento que encontraram. Com isso perceberam o campo vasto de possibilidades para se trabalhar com patrimônio e memória no ensino de História.
Outro aspecto importante que apareceu em todas as experiências é o questionamento e reflexão em torno do patrimônio constituído. E necessário que conheçamos em qual circunstância e objetivos certos patrimônios foram constituídos. Para isso é necessário contextualizar e aprender mais sobre a história local e nacional nos seus aspectos sociais, políticos e econômicos. Nos museus, por exemplo, sabemos que a exposição é apenas um discurso construído, uma versão de muitas outras possíveis.
A experiência no Museu da Medicina mostrou o discurso dos médicos através da exposição de objetos que lá havia, mas também possibilitou falar dos saberes populares no campo da saúde: uso de plantas medicinais, benzedeiras e parteiras e outros.
As estratégias e recursos utilizados nas práticas merecem ser mencionados: leituras reflexivas da cidade, fotografias com discussão, entrevistas com pessoas do convívio, reflexão sobre o patrimônio do próprio bairro. Essas estratégias foram eficientes porque anteriormente houve a discussão acerca da contextualização histórico e social, local e nacional. Tudo isso possibilitou aos alunos fazerem relações e compreenderem as circunstâncias e escolhas pelas quais o patrimônio e a memória são constituídos. Além disso, é importante mencionar que os graduandos procuraram uma base teórica que desse suporte às suas práticas. Em seus textos percebemos as discussões e diálogos com os teóricos da área. Entre outros, podemos citar Walter Benjamim e seus conceitos de memória e patrimônio e sua relação com as experiências vividas; Mário Chagas também é citado, inclusive pelo seu questionamento do termo “educação patrimonial” que para ele é redundante, pois educação já é patrimonial. Márcia Chuvas, também, aparece em muitos dos textos, além de Chartier, Le Goff e Michel de Certeau.
É pertinente considerar que o estudo apresentou interessantes abordagens e estratégias de educação para o patrimônio. Valorizando não só o patrimônio monumentalizado, mas também os saberes e fazeres da cultura popular. Ademais, valorizou-se a contextualização nas atividades de estudo, possibilitando dessa forma reflexões sobre a forma de constituição do patrimônio e suas implicações políticas e sociais. É necessário discutir tanto aquilo que foi preservado quanto aquilo que foi esquecido. Assim, penso que esse estudo contribuiu para o desenvolvimento do campo da Educação para o patrimônio e de suas possibilidades no ensino de História.
Ana Maria Nogueira Oliveira – Instituto Brasileiro de Museus_ IBRAM/MinC. Mestre em Educação pela Universidade Federal de São João Del-Rei.
Ensino (d)e História Indígena – WITTMANN (HE)
WITTMANN, Luisa Tombini (Org.). Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015. Resenha de: BIGELI, Maria Cristina Floriano. Ensino (d)e história indígena: um livro necessário. História & Ensino, Londrina, v. 22, n. 2, p. 297-304, jul./dez. 2016.
Iniciar a introdução do livro Ensino (d)e História Indígena com a indagação “O que você sabe sobre os índios?”, já nos põe em estado de reflexão antes mesmo de passarmos os olhos pelas primeiras frases contidas nessa seção. Afinal, o que a maioria de nós, professores ou não, porém, antes de tudo, brasileiros e brasileiras, sabe sobre os povos que outrora já habitavam essas terras? Além daqueles que possuem acesso a bibliografias especializadas, a população brasileira, majoritariamente, tem conhecimentos parcos e aquém do necessário. Para Wittmann, organizadora e autora de um dos capítulos do livro, a escassez de saberes a respeito dos povos indígenas brasileiros “[…] revela o desconhecimento de nossa sociedade sobre a própria história” (WITTMANN, 2015, p. 9). Contudo, há diversos motivos para tal insciência, sendo o principal deles a ausência ou a insuficiente abordagem de histórias e culturas indígenas em instituições educacionais.
Por décadas, os indígenas foram apartados da escrita da História do Brasil, portanto, pouco abordados nos currículos escolares. Quando apareciam nos livros e materiais didáticos, eram enfocados no passado, vistos como coadjuvantes e jamais como sujeitos históricos. Além disso, até meados de 1990, não havia menção aos indígenas em tempos anteriores à colonização espanhola e a portuguesa na América Latina na maioria dos livros didáticos brasileiros. Esses povos passavam a existir na História somente com a chegada dos estrangeiros e, consequentemente, a partir de seus olhares. No que se concerne à vinda dos povos indígenas ao continente americano, quase nenhuma informação era encontrada (GRUPIONI, 1996).
Dando mais um passo para trás, a exiguidade de estudos sobre indígenas na área de História pode estar relacionada ao imaginário construído com a chegada dos colonizadores, eternizado na famosa frase de Varnhagen, presente em História Geral do Brasil, livro de 1854: “de tais povos na infância não há história: há só etnografia” (VARNHAGEN, [1854] 1953, p. 31). Bittencourt (2013, p. 111-112) infere que, a partir dessa frase e dessa obra, “[…] poucos foram os historiadores que se ocuparam dos povos indígenas, assim como vários autores de livros didáticos se limitaram a reproduzir essa escassa produção sobre esses ‘povos sem história’, que tornaram-se, quase que exclusivamente, objeto de estudo de etnólogos”. Corroborando, assim, com nosso atual desconhecimento acerca de histórias e culturas dos povos indígenas brasileiros.
Desde a metade final dos anos 1990, com a instituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), teve início uma reformulação do ensino brasileiro, bem como uma renovação nos ensinos fundamental e médio. A partir de então, passou-se a aceitar o termo “diversidade” como princípio norteador dos PCN para o ensino de História e, do mesmo modo, o termo “pluralidade” aparece em evidência. A temática indígena também é mencionada em diversos pontos, tanto nos PCN para as disciplinas de História e Geografia destinados aos primeiros ciclos do ensino fundamental (de 1ª a 4ª série, atualmente denominados de 1º ao 5º ano), como nos PCN destinados à História dos anos finais do ensino fundamental (5ª a 8ª série, atuais 6º ao 9º ano).
A partir de tais parâmetros, diversos livros didáticos brasileiros incluíram conteúdos sobre indígenas em contextos anteriores à colonização europeia, passando a versar sobre o continente americano em temáticas relacionadas à Pré-história. Dessa forma, “a antiga tradição de começar nossa História com a chegada dos portugueses foi superada. Mantém-se, contudo, o predomínio da apresentação dos índios a partir do passado, mas isso se explica, em grande parte, por se tratar de livros de História” (FUNARI; PIÑÓN, 2011, p. 100).
Anos após a publicação dos PCN, a lei 11.645/2008 torna obrigatório o estudo da história e cultura1 indígena nas escolas públicas e particulares. Assim, em colaboração com essa lei, o livro Ensino (d)e História Indígena tem o objetivo de compartilhar e gerar conhecimentos a respeito da temática indígena, sendo uma obra destinada a professores e professoras da educação básica, principalmente para o ensino médio. Contudo, acreditamos que as diversas abordagens sobre povos indígenas, divididas em cinco capítulos, nos trás uma multiplicidade de informações sobre a pluralidade de histórias indígenas de nosso país e colaboram com aulas de todos os níveis escolares – inclusive com aulas universitárias.
Na introdução, Wittmann nos mostra o que está por vir a partir da discussão de uma nova área de estudos da temática: a Nova História Indígena. Essa área tem consolidado espaço nos estudos históricos por abordar ações e interpretações de sujeitos e povos indígenas diante de múltiplas realidades, além de buscar desconstruir afirmações até então bastante difundidas, tais como: “populações indígenas estão em vias de desaparecimento”, “povos indígenas já fazem parte do passado”, “extermínio indígena” ou mesmo visões “conservadoras”, a saber, as que não consideram indígenas aqueles que deixaram de residir em suas terras e/ou comunidade de origem; aqueles que têm contato com objetos não indígenas que fazem parte da sociedade capitalista, como aparelhos eletrônicos (celulares, televisão, rádio, computador etc.), vestimentas (calça jeans, roupas íntimas, calçados, bonés etc.), automóveis, acesso a internet, entre outros. Ou seja, essas visões “conservadoras” não consideram indígenas aqueles que não mantiveram suas culturas estáticas (como se isso fosse possível!) e se apropriaram de objetos de outras culturas.
De fato, o livro cumpre o que propõe em seus cinco capítulos de autoria de pesquisadores e pesquisadoras com formação acadêmica em História. Nesses, as histórias e culturas indígenas são grafadas a partir de diversos olhares e abordam variadas regiões brasileiras, desconstruindo, de prontidão, as ideias de uma única história indígena ou de apenas uma cultura indígena. Além disso, percebe-se o cuidado com a diagramação da obra, pois os capítulos são constituídos de figuras coloridas e quadros informativos. Esses quadros são destacados do texto em caixas quadradas de cor púrpura e trazem informações, complementações e explicações essenciais para a compreensão dos assuntos abordados nos capítulos, ampliando, dessa forma, os conhecimentos dos leitores e tornando o assunto ainda mais dinâmico e compreensível.
Vamos às análises desses trabalhos. Giovani José da Silva, autor do primeiro capítulo, intitulado “Ensino de História Indígena”, após versar sobre as dificuldades em se reconhecer, no Brasil, a diversidade pluricultural e multiétnica, enfatiza a sua experiência em uma escola indígena localizada no Mato Grosso do Sul. Silva foi professor de ensino fundamental e médio da escola fixada na aldeia Bodoquena, dos indígenas Kadiwéu, na qual realizou uma experiência didático-pedagógica em História e a narra em seu capítulo. Entretanto, antes da experiência contada, o autor descreve suas dificuldades em se aprender o idioma falado pelos Kadiwéu – filiado à família Guaikuru – e também pela experiência que vivenciou ao acompanhar a instalação das escolas indígenas na região do Pantanal.
Com linguagem fácil para leigos, já que o livro não é destinado a acadêmicos e sim para docentes de escola básica, Silva explana algumas trocas de conhecimentos e experiências ocorridas durante sua permanência de sete anos nessa região do Mato Grosso do Sul. Ao final, assim como há nos capítulos seguintes, o autor propõe sugestões de atividades visando auxiliar os docentes na preparação das aulas escolares. Cada atividade possui um “texto de apoio para o(a) professor(a)”, que complementa o assunto abordado. Silva propõe atividades que vão além do assunto central de seu capítulo, ampliando a gama de possibilidades de se abordar História Indígena dentro da sala de aula. O autor sugere trabalhar, por meio de vídeo, a presença indígena na sociedade brasileira atual; refletir sobre as representações acerca dos indígenas presentes em canções; compreender os porquês das datas comemorativas, entre essas, o dia 19 de abril como “Dia do Índio”; realização de pesquisa a respeito da inserção da temática indígena nas aulas; e discussão de memórias construídas sobre a participação dos indígenas na Guerra do Paraguai. Enfim, há diversas propostas que os docentes podem se apropriar, se inspirar ou utilizar como norte para as aulas escolares.
Saindo do Centro-oeste e caminhando para região Norte do país, “Índios cristãos na Amazônia colonial”, de autoria de Almir Diniz de Carvalho Júnior, aborda as relações ocorridas entre indígenas que habitavam a região amazônica e os europeus através das “missões católicas” – utilizadas como mais uma forma de colaborar com a conquista do território recém-“descoberto”. Dentro dessas “missões” – núcleos de pequenos povoados instalados nas proximidades dos primeiros centros coloniais – havia uma maior concentração de indígenas do que de brancos (esses eram soldados, padres, missionários e alguns colonos), mas, obviamente, as impressões sobre tal período, registradas em documentos oficiais, vêm dos olhares dessas “minorias” brancas.
Deslocando o foco do olhar do europeu para o indígena, o autor do segundo capítulo descreve as relações e o dia a dia dentro desses lugares de “missões”, como: as diversas funções cumpridas; os espaços de controle; a administração; as novas formas de conceber e administrar o tempo; o uso de panos de algodão para cobrir os corpos; a imposição de uma ética de trabalho que não condizia com os significados que os povos indígenas atribuíam a essas atividades laborais; as estratégias criadas para se livrarem dos serviços; ou seja, a imposição e a adaptação dos indígenas a essa lógica religiosa e cultural cristã. Portanto, os personagens, como diz o autor, obscurecidos na historiografia brasileira, são trazidos nesse capítulo para que compreendamos as transformações dos povos indígenas da região amazônica brasileira.
O terceiro capítulo, “Identidades indígenas no Nordeste”, de Mariana Albuquerque Dantas, aborda as transformações nas identidades e culturas dos povos indígenas habitantes da localidade compreendida hoje como Nordeste, precisamente da região de Pernambuco, a partir da formação dos aldeamentos ocorrida no século XIX. Esse capítulo nos põe em estado de reflexão para entendermos as origens dos discursos que são disseminados, até a atualidade, a respeito da “pureza” dos indígenas. A autora também aborda o surgimento dos “caboclos” (remanescente de indígenas, na concepção daqueles que compreendem que a identidade é algo estático e imutável), as relações dos povos indígenas com o surgimento de aldeamentos, além do processo de extinção das aldeias articuladas pelos discursos acerca da mestiçagem.
Dantas constrói o texto de maneira didática, com figuras, mapas e documentos históricos, o que facilita tanto o processo de entendimento do professor como o do leitor que tenha interesse na temática. Além disso, a autora traz problematizações envolvendo os discursos dominantes das autoridades que ocupavam cargos administrativos e a falta de produções documentais a partir da fala dos indígenas, elucidando que, para se analisar fontes do século XIX a respeito da participação indígena na construção da História, é necessário que o leitor/pesquisador tenha um posicionamento crítico. Nas sugestões de atividades há a utilização de vídeos e da Literatura para se comparar imagens construídas acerca dos indígenas (como a imagem idealizada presente em “O Guarani”, de José de Alencar, e a representação do povo mestiçado, considerado indolente e sem terra, contida no livro “O Caboclo”, de Estêvão Pinto), além de textos de apoio para os docentes.
Luisa Tombini Wittmann, organizadora do livro, é a autora do quarto capítulo “Relações interétnicas ao Sul”, que aborda histórias indígenas da região do Vale do Itajaí, localizado no estado de Santa Catarina. De escrita mais literária, o que possibilita uma leitura deveras agradável, a autora narra os “(des)encontros de dois mundos” – assim como a própria escreve – ocorridos entre o mundo dos indígenas Xokleng e o dos imigrantes europeus, majoritariamente alemães, que chegaram em Santa Catarina no século XIX. Além de informações sobre a criação de grupos denominados de “bugreiros”, destinados à caça de indígenas, o que mais chama atenção, no capítulo, é a reconstrução das histórias de crianças indígenas retiradas de seus núcleos de nascimento para viverem nas cidades com outras famílias não indígenas com o intuito de serem “civilizadas”. As histórias das irmãs Ana e Korikrã, duas indígenas Xokleng que foram retiradas do grupo para serem educadas com não indígenas (Ana recebeu o sobrenome alemão de Waldheim e foi viver junto às freiras no Colégio Sagrada Família e Korikrã foi adotada pela família Gensch) além de provocarem emoção no leitor, vêm a colaborar com a demonstração de como é incoerente ainda se dizer, no Brasil, que há “uma história indígena” (no singular), pois, as diversas etnias, os diversos povos, as diversas regiões brasileiras têm suas particularidades e suas diferentes histórias.
O último capítulo, escrito por Clovis Antonio Brighenti, “Movimento indígena no Brasil”, aborda, além do assunto já explícito no título, os desafios para a consecução dos movimentos indígenas – como as demarcações de terras; a legislação indigenista no Brasil; a criação de órgãos como o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI); as assembleias organizadas por Chefes Indígenas; as repressões e os apoios; e as diversidades dos movimentos indígenas devido às variedades de povos indígenas no Brasil. Um dos pontos importantes do texto é a desmistificação, já no início, da ideia do “bom selvagem”, imbuída pelo pensamento europeu da época dos descobrimentos intramarinos (século XVI), demonstrando que os movimentos de resistências indígenas têm início no mesmo século, logo após a chegada dos portugueses.
O livro ainda possui, como anexo, uma série de “Materiais comentados sobre a temática indígena”, no qual a organizadora visa auxiliar professores e estudantes para as reflexões acerca dos indígenas no ambiente escolar. Os materiais são divididos em: sites, músicas, mapas e filmes – com links daqueles que estão disponíveis para o domínio público em sites de internet.
Como já assinalado no início desta resenha, além de cumprir o objetivo de compartilhar e gerar conhecimentos sobre a temática indígena, o livro vai mais à frente. Colabora com a desconstrução de clichês como “o bom selvagem”, mostrando as resistências e organizações indígenas surgidas a partir das próprias populações originárias; também favorece a desedificação de ideias que generalizam os povos indígenas, como se fossem todos iguais, evidenciando as diversas histórias e culturas presentes em várias regiões brasileiras; e põe em cheque a velha máxima de que esses povos estão desaparecendo, trazendo a tona reflexões acerca das identidades indígenas e das elaborações das mesmas.
A partir dos olhares de cinco pesquisadores, cada qual partindo da área de História, porém com diversas trajetórias acadêmicas e diferentes objetos de pesquisas, temos, neste livro, saberes que são essenciais para colaborar com a desconstrução de estereotipias sobre os indígenas e demonstrar algumas das produções da área de pesquisa intitulada Nova História Indígena. Compreendemos que, de tais povos, não há “história” no singular. Mas, há “histórias” no plural, há singularidades, há transformações, há lutas, há protagonismos, há presenças, há memórias, há sujeitos, há participantes da construção da História do Brasil, da constituição do povo brasileiro e da composição das diversas culturas que fazem parte de nosso país. Portanto, Ensino (d)e História Indígena é um livro necessário para brasileiros e brasileiras, sejam professores ou não.
Referências
BITTENCOURT, C. F. História das populações indígenas na escola: memórias e esquecimentos. In PEREIRA, A. A.; MONTEIRO, A. M. (Org.). Ensino de história e cultura afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.
BRASIL. Lei nº 11.645. “Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena’. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm> Acesso em: 13 de abril de 2014
______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino fundamental. Brasília: MEC/SEF, 10 volumes, 1997.
FUNARI, P. P.; PIÑÓN, Ana. A temática indígena na escola: subsídios para os professores. São Paulo: Contexto. 2011.
GRUPIONI, L. D. B. Imagens Contraditórias e Fragmentadas: sobre o lugar dos índios nos livros didáticos. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v.77, n. l86, p. 409-437, maio/ago. 1996.
VARNHAGEN, F. A. de. História Geral do Brasil. Tomo 1. 5 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1953.
WITTMANN, L. T. (Org.). Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
Nota
1 Na lei é denominado “história” e “cultura” no singular. Nós optamos por sempre referenciar a “histórias” e “culturas” indígenas por partirmos da concepção de que os povos indígenas são diversos e plurais, sendo inadequado generalizar e considerar que todos os povos são iguais e possuem apenas uma história e uma cultura.
Maria Cristina Floriano Bigeli – 1 Doutoranda UNESP – Assis. Professora UNESP – Marília.
Ensino de história e temas transversais / História & Ensino / 2016
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ou PCN, foram lançados no final da década de 1990 pelo Ministério da Educação do Brasil, como um conjunto de diretrizes para a elaboração de matrizes curriculares. Passados quase vinte anos de seu primeiro lançamento, pode-se afirmar que, efetivamente, os PCN não tiveram maior repercussão no ambiente escolar brasileiro. Apesar disso, reflexões sobre os temas transversais e o ensino de diferentes componentes curriculares escolares se fazem necessárias e são bastante pertinentes, especialmente em um momento em que a escola pública brasileira se encontra ameaçada pela intolerância e por projetos como o “Escola Sem Partido”. Assim, o dossiê Ensino de História & Temas Transversais apresenta seis textos, cada um relacionado a um tema transversal proposto nos PCN: Ética, Pluralidade cultural, Meio ambiente, Orientação sexual, Saúde, Trabalho e consumo.
Ana Lúzia Magalhães Carneiro alerta para o fato de que quando as escolas decidem desenvolver projetos sobre as relações de desrespeito e o tipo de imagem que as crianças constroem de si e do Outro, o componente curricular História assume importante trabalho de formação. O artigo da autora discute uma experiência vivenciada por professores e alunos de anos iniciais do Ensino Fundamental, na qual a alfabetização e a Ética constituíram-se como eixos para o desenvolvimento de um projeto de formação / ação docente e discente.
Anna Maria Ribeiro Fernandes Moreira da Costa socializa uma proposta didático-pedagógica para o Ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental desenvolvida em Mato Grosso. O livro infanto-juvenil O rei e o menino índio, dos sertanistas Cláudio e Orlando Villas Bôas (1993) foi o ponto de partida para os debates sobre Pluralidade Cultural. O suporte teórico adotado pela historiadora vinculou-se às tramas históricas e, assim, formaram um tecido interdisciplinar para divulgar fatos históricos, tendo o Parque Indígena do Xingu como cenário principal.
Ely Bergo de Carvalho e Jamerson de Sousa Costa perscrutam as dificuldades epistemológicas de aproximação entre Ensino de História e Meio Ambiente, no Brasil. A LDB (Lei n. 9.394 / 1996) estabeleceu o Meio Ambiente como um dos temas transversais da Educação Básica e a Política Nacional de Educação (Lei n. 9.795 / 1999) propugnou a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, não enquanto disciplina autônoma, mas como parte integrante e transversal de cursos regulares. Todavia, o Ensino de História vem se mostrando bastante impermeável a tais exigências legais.
Giovani José da Silva e Jaime Sousa Silva enfrentam o tema Orientação Sexual no Ensino de História, informando que se fazem necessárias profundas reflexões e ações transformadoras a respeito deste tema transversal, tendo em vista as recentes discussões e os embates sobre sexualidades e gênero nas escolas brasileiras. O objetivo dos autores é apresentar contribuições da Psicologia Social e da teoria Queer para se pensar o tema das sexualidades na Educação, sobretudo no Ensino de História, tomando como ponto de partida os Parâmetros Curriculares Nacionais e seus temas transversais.
Luciane Pedro lembra que a população brasileira alcança índices cada vez mais elevados no número de idosos. O fato remete à reflexão sobre a importância do tema Saúde nas abordagens de educação e no Ensino de História. Considerando-se Saúde como um direito humano fundamental e como algo que se constrói ao longo da vida, condicionada às condições sociais, econômicas e emocionais que acompanham a todos, a autora aponta questões relativas à importância da discussão sobre o envelhecimento de forma associada à educação para a cidadania.
Maria Belintane Fermiano apresenta a Educação para o Consumo como uma proposta para o Ensino de História, uma vez que vai ao encontro dos objetivos da área e aborda a construção de identidade a partir do consumo; a relação do marketing com crianças e jovens; o consumo como uma relação de desigualdade; a compreensão de assuntos econômicos; a educação para o consumo consciente e a cidadania. A autora reafirma, ainda, a importância do tema transversal Trabalho e consumo nos dias atuais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, lançados como subsídios para apoiar os projetos da escola brasileira na sua organização curricular e, dessa forma, atender as diversas realidades e necessidades de professores e alunos de cada região brasileira, merecem, sempre, releituras e reflexões. Os artigos reunidos no dossiê expressam diferentes pontos de vista que podem ajudar a enriquecer os debates sobre o Ensino de História. São, portanto, muito bem-vindos para auxiliar professores e futuros professores de História na transversalização de conceitos, atitudes e procedimentos.
Boas leituras!
Giovani José da Silva – Universidade Federal do Amapá (Unifap) e Universidade Federal Fluminense (UFF).
SILVA, Giovani José. Ensino de História & Temas Transversais. História & Ensino, Londrina, v.22, n.2, 2016. Acessar publicação original [DR].
Os lugares de formação de professores de história em questão: dilemas, impasses e desafios para o século XXI / História & Ensino / 2015
A responsabilidade do professor, de que às vezes não nos damos
conta, é sempre grande. A natureza mesma de sua prática
eminentemente formadora sublinha a maneira como a realiza. Sua
presença na sala é de tal maneira exemplar que nenhum professor
ou professora escapa ao juízo que dele ou dela fazem os alunos, e
o pior talvez dos juízos é o que se expressa na “falta” de juízo. O
pior juízo é o que considera o professor uma ausência na sala.
Paulo Freire
A formação de professores de História para Educação Básica tem sido objeto de estudo ao longo das últimas décadas no Brasil. As pesquisas neste sentido têm participado, ativamente, da reflexão em torno da História Ensinada, posto sua relação necessária com as questões de ensino. Não há como pensar a formação sem ter a prática em perspectiva e, da mesma forma, as análises acerca da prática docente e, sobretudo, em relação aos diversos aspectos que permeiam as questões do ensino (a História do Ensino de História; o livro didático, sua produção e usos, entre outras tantas temáticas) informam as pesquisas sobre a formação do professor.
Pensar, então, a formação do professor é ter a prática em perspectiva e pensar a prática docente e os seus objetos implica, necessariamente, a reflexão sobre a formação. Deste ponto de partida, esse dossiê temático tem como objetivo contribuir com o debate sobre História e Ensino de História no país, por meio de reflexões relacionadas à formação do professor de história, em suas diversas dimensões – tanto aquelas ocupadas com os percursos de formação acadêmica quanto às relativas à formação adquirida no espaço escolar, por meio da experiência profissional. Nesse sentido, incorporam-se as pesquisas sobre currículos, habilitações, aportes teóricos, espaços de formação e, também, aquelas que dão conta das experiências docentes no âmbito da Educação Básica.
O dossiê entende, portanto, a formação não apenas como o processo de qualificação desenvolvido na universidade, mas também assume a experiência em sala de aula na Educação Básica como um processo formativo de igual importância. Assim, discutir a formação implica o enfrentamento do debate sobre o lugar da docência na construção da identidade profissional do historiador no século XXI, evidenciando os impasses forjados a partir dos binômios ensino versus pesquisa, produção versus reprodução, licenciatura versus bacharelado.
Da mesma forma, significa a problematização dos significados associados ao ensino de história e ao saber histórico escolar presentes na formação docente, seja aquela desenvolvida no percurso acadêmico, seja aquela construída ao longo do percurso profissional.
Diante do exposto, é como imenso prazer que apresentamos os artigos que compõem o presente dossiê, congregando uma rede de professores pesquisadores da área de Ensino de História de diferentes regiões e instituições de ensino do país. Ao longo desses textos, o leitor poderá perceber como cada autor(a) procurou responder ao desafio lançado de se pensar o lugar do professor de História no contexto da formação inicial e continuada, bem como da sua prática, tendo por referência os dilemas e impasses da construção da sua identidade profissional e das questões postas pela reformas em curso na Educação Básica, no Ensino Superior e na regulamentação do ofício de historiador.
O artigo “Ensino, História e Educação com / sem convergências”, de Carlos Augusto Lima Ferreira (UEFS) e Marcella Albaine Farias da Costa (UFRJ), que abre o presente dossiê, traz reflexões acerca da história do ensino de História ao problematizar questões relativas ao fazer docente nos processos de formação inicial no Brasil.
Em seguida, Nilton Mullet Pereira, Carla Beatriz Meinerz e Caroline Pacievitch (UFRGS), no ensaio “Viver e pensar a docência em História diante das demandas sociais e identitárias do século XXI”, abordam os desafios enfrentados pelo professor de História, diante das questões sociais e identitárias contemporâneas, em especial em relação ao diálogo intercultural, ao patrimônio cultural e aos passados imaginados nas mídias.
No artigo “A formação docente em História como profissional do magistério da Educação Básica”, Crislane Azevedo (UFRN) discorre acerca dos desafios da formação dos professores de História à luz das novas diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério da Educação Básica e discute os possíveis encaminhamentos de propostas, levandose em consideração o repensar da organização e prática curricular dos cursos de formação docente inicial em História.
No próximo texto, intitulado “Aula de história: evento, ideia e escrita”, Helenice Rocha (UERJ) traz contribuições para o tratamento da aula e de seu planejamento como conteúdos na formação de professores de História a partir do diálogo com bibliografia historiográfica e pedagógica sobre o tema, considerando a especificidade dos conteúdos e objetivos da aula de História no ensino básico.
Na esteira desse debate, em “O que precisa saber um professor de História?”, Flávia Eloisa Caimi (UPF) dialoga com os autores do campo da História, do Ensino da História e da Educação, com a finalidade de problematizar algumas das principais demandas que se apresentam ao fazer do professor de História, diante da diversidade e complexidade das práticas sociais e culturais que adentram o universo da escola na contemporaneidade.
Tendo por foco os anos iniciais de trabalho docente, Osvaldo Mariotto Cerezer (UNMAT) e Selva Guimarães (UFU) apresentam o artigo “Professores de História iniciantes: entre saberes e práticas”. Neste texto os autores analisam alguns aspectos importantes relacionados à fase inicial da carreira profissional e suas implicações com a formação da identidade profissional docente, tomando como ponto de partida a análise de narrativas orais de professores de História iniciantes no Estado de Mato Grosso.
Em “Entre textos e práticas: ensino de História, instituição escolar e formação docente”, Renilson Rosa Ribeiro (UFMT) debate a tensa relação entre história ensinada, escola e formação de professores a partir da historiografia do Ensino de História no Brasil produzida nas últimas quatro décadas, evidenciando dilemas, problemas e perspectivas da prática docente na construção da identidade do profissional da História.
No ensaio “Lugar de formação: a produção intelectual discente sobre Ensino de História na pós-graduação strictu sensu na região Norte”, Mauro Cezar Coelho e Wilma de Nazaré Baía Coelho (UFPA) analisam como a temática do Ensino de História, com ênfase para os estudos sobre a formação continuada dos professores de História, tem se apresentado nas pesquisas de estudantes de pós-graduação strictu sensu na região Norte do Brasil.
O artigo “A produção de lugares na formação docente: experiências no Laboratório de Ensino de História da UFDG”, de autoria de Nauk Maria de Jesus e Fernando Perli (UFGD), tem como objetivo demonstrar como o curso de História da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), uma universidade nova, localizada numa espacialidade fronteiriça no Estado de Mato Grosso do Sul, marcada pela diversidade cultural, por desigualdades e conflitos sociais, tem atuado na formação de professores de História, tendo como foco de análise o Laboratório de Ensino de História (LABhis).
Fechando o dossiê com o texto “Entre expectativas e experiências: a gênese do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Didática da História (LEPEDIH) da UNESP / Assis”, Ronaldo Cardoso Alves (UNESP / Assis) historia os elementos que deram origem ao LEPEDIH na Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Assis, a fim de mostrar diferentes possibilidades de pesquisa em Ensino de História, por meio do repertório epistemológico da teoria da consciência histórica, oriunda da Didática da História, tendo em vista a discussão necessária a respeito da função pública da História.
A diversidade das abordagens e temáticas apresentadas aqui traduz o universo amplo e rico de estudos em desenvolvimento nas territorialidades do Ensino de História no Brasil, sempre expandindo e ressignificando suas fronteiras, construindo novas formas de pensar, sentir, ensinar e pesquisar o nosso fazer na interface entre a História e a Educação. Sem o envolvimento e a dedicação de nossos colegas convidados para a construção desse dossiê tal empreitada não seria possível e tão instigante.
Aqui registramos nossos agradecimentos aos autores pelo aceite de compor narrativas sobre a formação dos professores de História, o que na verdade significa falar também de nós mesmos, professores formadores das licenciaturas. Somos gratos ao Conselho Editorial da Revista História & Ensino, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), por acolher de forma entusiástica e propositiva a ideia desse dossiê.
Aos possíveis leitores, esperamos que possam encontrar aqui possibilidades para pensar sobre o Ensino de História, tendo os professores da Educação Básica como personagens que merecem reflexão, diálogo e respeito. Boa leitura!
Wilma de Nazaré Baía Coelho – UFPA.
Renilson Rosa Ribeiro – UFMT.
COELHO, Wilma de Nazaré; RIBEIRO, Renilson Rosa. Os lugares de formação de professores de história em questão: dilemas, impasses e desafios para o século XXI. História & Ensino, Londrina,v.21, n.2, 2015. Acessar publicação original [DR].
Ensino de História – ABUD et al (HE)
ABUD, K. M.; SILVA, A. C. M.; ALVES, R. C. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010, 178p. Resenha de: ROIZ, Diogo da Silva. A história, sua escrita e seu ensino. História & Ensino, Londrina, v. 18, n. 2, p. 305-308, jul./dez. 2012.
O ensino de História tem voltado a estar em discussão. Por certo, suas discussões não se encerram, mas, de tempos em tempos, há maior envergadura dos debates. E, neste caso, entre 1996 e 2006, da discussão e aprovação da última LDB até as recentes deliberações sobre história e cultura africana e afro-brasileira, indígena e dos povos orientais, tais questões deram novo fôlego as discussões e questionamentos sobre a aplicação, ensino e reflexão sobre a História e sua escrita em sala de aula.
A publicação do interessante livro de Kátia Maria Abud, André Chaves de Melo Silva e Ronaldo Cardoso Alves, Ensino de História, além de estar inserido neste contexto, também demonstra como o tema em questão é promissor e tem gerado uma série de debates nos últimos anos. A proposta da obra é viabilizar um conjunto de técnicas e procedimentos, que sejam operacionais e adequados para o trabalho docente em sala de aula. Ao buscarem demonstrar a importância dos documentos escritos para o ensino de história, e por meio deles inserir o trabalho com jornais, obras literárias, letras de música, mapas, fotografias, cinema, cultura material e os espaços da história nos museus, além de ser indicada a necessidade do estudo do meio, a obra nos oferece uma série de mecanismos para tornarem mais dinâmico o trabalho em sala de aula.
Sendo a Didática da História uma metodologia, uma prática e meios de favorecerem melhor oferecimento e apreensão do ensino de história, ela também “constitui-se em torno de um objeto diverso do objeto da História”, por que se “esta investiga o passado e constrói um conhecimento próprio, a versão escolar ultrapassa a simples transmissão de saberes, para se tornar um campo de conhecimento no qual se imbricam a História ciência e a História escolar, cada uma com elementos próprios” (p. IX). Nesse aspecto, o “saber escolar seria constituído sobre a base do conhecimento histórico em conjunção com outros conhecimentos e nas relações com os saberes dos quais os alunos são portadores” (p. X).
Se o “conceito de História como campo de conhecimento é fundamentalmente relacionado ao conceito de fontes históricas”, para “proporcionar o desenvolvimento do pensamento histórico do aluno e fazê-lo distanciar-se do senso comum, a Didática da História propõe procedimentos críticos em relação às fontes, analisadas como recursos para a aprendizagem do aluno”, quer dizer, “promove a utilização do raciocínio comparativo, da periodização do tempo histórico, distinto de um tempo subjetivo, da maestria do grau de generalização dos conceitos, distinguindo completamente a História de seus usos”, e, para isso ser feito adequadamente, “mobiliza metodologias clássicas das ciências humanas e sociais: questionamento e observação, coleta de dados, exame e descrição e coloca em perspectiva os desdobramentos entre noções comuns e conceitos históricos” (p. XIII).
Por essa razão fazem um rápido panorama dos desenvolvimentos da escrita da história e da prática de seu ensino, conformada numa didática especial, entre o século XIX e o XX. De imediato, questionam-se sobre a importância das fontes para a pesquisa e para o ensino de história, demonstrando a diferença nos usos, leituras e interpretações, e o papel fundamental que tem para o ensino de História. Desse modo, em cada capítulo elaboram um rápido esboço da fonte e como foi tratada pela historiografia, como deve ser trabalhada em sala de aula, com sugestões de atividades e questões que podem ser feitas. O livro traz ainda quadros didáticos sobre tipologia de fontes, fragmentos de documentos e roteiros de análise de fontes, com as respectivas bibliografias especializadas, tratadas no capítulo, ao final de cada um, com rápidos comentários sobre cada uma das indicações.
Assim, o fazem quando tratam dos jornais e das publicações periódicas; quando discutem a literatura (tomando como exemplo o conto O homem na multidão de Edgar Allan Poe); ao discutirem a função das letras de música para a aprendizagem da História; ao passarem para o estudo do meio (e mostrarem como a literatura e as letras de música podem contribuir para o seu aprendizado em sala de aula); ao o articularem com o estudo dos mapas, para que seja vislumbrada mudanças e permanências no território analisado; ao ser enfocada a cultura material, pois, sua utilização como “meio de construir conhecimento histórico não se esgota na análise dos artefatos [do passado], mas impõe aos historiadores a mesma abordagem em relação às suas etapas de confecção” (p. 112), e, em sala de aula, o “trabalho pedagógico [permite] desmistifica[r] a idéia de que os objetos só são importantes historicamente se pertencerem às classes dominantes no passado (visto que a maioria dos museus conserva apenas os objetos pertencentes à elite político-econômica das sociedade)” (p. 115); ao articularem esta análise com o estudo dos espaços da história fornecidos pelos museus, que “é fruto de uma série de forças e interesses que operaram na sua construção, instituição e manutenção” (p. 138); deles passarem para o estudo das fotografias, que “é uma rica fonte de informações para a reconstituição do passado, ainda que sua utilização também possa comportar a constituição de ficções” (p. 147); e, por fim, ao demonstrarem a importância do cinema em sala de aula, tendo em vista que “à semelhança do que ocorre com o conhecimento histórico, são produzidos com base em processos de pluralização de sentidos ou verdades”, e, por isso, “as obras cinematográficas são construções carregadas de significados, construídos a partir da seleção de elementos que irão compor as imagens e o som que as acompanham e, depois, na articulação entre os diferentes conjuntos de imagens a partir da edição e montagem dos filmes” (p. 165).
Em todos os casos, de aplicação e usos de fontes em sala de aula, o livro fornece instrumentais seguros para que o professor de história possa alçar novos voos sobre o ensino de História e no trabalho com seus alunos. Donde ser uma referência para o tratamento de questões, que seguramente com as mudanças recentes da sociedade e operacionalizadas pelas políticas públicas no ensino de História, ainda se mantém em aberto, e sujeitas as mais variadas formas de tratamento e resolução. Por tudo isso, a obra chega em boa hora, ainda mais por se tratar de uma base de consulta extremamente atual.
Diogo da Silva Roiz – Doutorando em História pela UFPR, bolsista do CNPq. Mestre em História pela Unesp, Campus de Franca. Professor dos cursos de História e de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), na Unidade de Amambai.
História do ensino da história no Brasil – MATTOS (HE)
MATTOS, Ilmar Rohloff (org.). História do ensino da história no Brasil. Rio de Janeiro: Acess, 1998. Resenha de: CERRI, Luis Fernando. História & Ensino, Londrina, v. 8, p. 151-156, out. 2002.
Afirmamos continuamente que não há assunto que não possa ser melhor compreendido com o recurso à História. Este é um dos argumentos centrais para a manutenção da História como disciplina escolar, e das graduações em História; por que não deveria valer também para o próprio estudo da disciplina? Com esta perspectiva, Ilmar de Mattos organiza a apresentação de trabalhos de pesquisa de profissionais com diferentes formações e diferentes situações na carreira acadêmica, o que não desiguala o nível da contribuição de cada um dis trabalhos elencados (produzidos por profissionais ligados ao Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Com isso, a principal contribuição coletânea é uma reflexão séria e empenhada sobre o que foi o ensino de História no Brasil durante o império e até meados do século vinte, que possibilita pensar as teorias, metodologias e práticas que hoje se discute e que se no normatiza, debate acadêmico e na legislação.
A obra dá seqüência a uma perspectiva de retomada da História da disciplina, que tem expoentes nos nomes de Elza Nadai, Kátia Abud e Circe Bittencourt, entre outros(as). Mas a coletânea organizada por Mattos distingue-se e avança, pois traz ao público trabalhos que aprofundam os contextos competentemente reconstituídos pelas pesquisas anteriores, esmiuçando obras, autores, instituições e influências que pesaram sobre o quadro atual da disciplina escolar em questão.
A coletânea é aberta por Kaori Kodama, que retoma as variadas considerações da historiografia sobre o texto de Von Martius (“Como se deve escrever a história do Brasil”) c sobre o papel do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no processo de constituição e de viabilização do ensino da história nacional na primeira metade do século XIX, com especial destaque para os preconceitos raciais que aí se inscrevem e que até hoje demandam combate incessante, não por serem explicitamente assumidos, mas por Imiscuírem-se em informações, explicações e posturas consagradas no ensino da história nacional.
Selma Rinaldi de Mattos abre uma importante seara, analisando os manuais de história produzidos pelo consagrado escritor Joaquim Manoel de Macedo. estabelecendo uma ponte necessária entre a literatura e a história mergulhadas no mesmo ambiente do nacionalismo romântico que esteve presente na constituição cultural da nação, concomitante à sua construção em outras áreas como a diplomática, política e econômica, protagonizada pelo Estado surgido em 1822. A autora dá destaque ao componente aristocrático presente no projeto político e conseqüentemente na obra pedagógica de Macedo, que para a autora é o primeiro que dá a feição de manual didático à história lida por Varnhagen no clássico “História Geral do Brasil”.
O texto de Patrícia Santos Hansen traz um recorte cronológico posterior, que enfoca a reconstrução da disciplina sob novos princípios político, na implantação da República, por meio da análise da obra de João Ribeiro, autor de livro didático adotado pelo Colégio Pedro 11 no período. Para Hansen, João Ribeiro indica, em sua obra, uma ruptura com “a concepção de história vigente”, isto é, aquela consagrada durante o império, colocando-nos diante de um caso importante para a compreensão dos processos de confronto de perspectivas historiográficas e pedagógicas no ensino da história, do qual podem ser levantadas algumas reflexões, sobretudo referentes às permanências e às continuidades entre propostas que se confrontam.
Luiz Rcsnik narra e discute um outro processo de confronto de concepções sobre o ensino de História, num outro momento político nacional. Trata-se do debate sobre a autonomização ou não da História do Brasil em relação à História Geral ou da Civilização, que teve lugar no início da década de 1930. Neste momento permanecem as afirmações, nas obras de autores consagrados e nas orientações legais ou oficiais, sobre o papel central do ensino de História na formação do sentimento patriótico do cidadão. O diferencial neste momento é o debate sobre o método e sobre o tratamento do conteúdo (memorização dos fatos x compreensão e raciocínio sobre a História), colocado principalmente pela influência da Escola Nova. Para os partidários desta vertente educacional, grosso modo, o ensino da história nacional o reforço das diferenças e das rivalidades internacionais; para o IHGB, entretanto, esse ensino era imprescindível para garantir aos brasileiros o assumir da vocação de cidadãos de um país destinado à grandeza. Sustentada no governo federal, esta proposta sai vitoriosa, e acaba transformando-se numa importante ferramenta política do Estado Novo.
Neste ponto da coletânea é que podemos começar a reconhecer mais claramente alguns traços das propostas contemporâneas, que equivocada e apressadamente acabamos por chamar de “novas”, referentes por exemplo ao papel ativo do aluno no processo pedagógico, ao espaço para outras abordagens da história para além do político e do factuaL Essas “novidades” são contemporâneas à criação da Revista Annales, do que se deduz a inadequação das abordagens que lêem na influência desta vertente sobre a historiografia e o ensino de história no Brasil a raiz das propostas alternativas atuais.
Essas reflexões podem ser continuadas para os dois textos seguintes, que tratam do período que precede e inclui os primeiros tempos do regime militar. Neles, Daniel Mesquita Pereira (utilizando como fonte o Boletim de História Faculdade Nacional de Filosofia) e Francisco José Calazans Falcon (num depoimento na condição de docente da mesma faculdade neste período) dotam o leitor de informações e considerações sobre o debate da História e seu ensino neste momento e nesta instituição.
Ao final da leitura, a impressão que se tem lembra a tese de Amo Mayer (em A Força da Tradição, Cia. Das Letras), para o qual, os antigos regimes europeus mantêm sua força e disposição de determinar a história pelo menos até a Primeira Guerra Mundial, permanecendo, resistindo com sucesso às forças burguesas, urbanizantes, republicanas. Mayer destaca a sedução exercida pela nobreza sobre a burguesia, destacando que, mais que suprimir a primeira, a segunda almejava atingir o seu status, o que levou a uma simbiose entre ambas na maior parte da Europa, ao contrário do que se pensa ao reduzir a análise a nações às quais historicamente se deu maior destaque.
Esta impressão impõe-se pela similaridade que é possíve1 encontrar entre as afirmaçôes que se faz incansavelmente hoje sobre os parâmetros hodiernos de qualidade do ensino da história, cujos princípios estavam delineados na década de 20, sendo suprimidos no Estado Novo, reafirmados na democratização nos anos 50 e 60, novamente suprimidos pelas reformas educacionais do regime militar, e novamente afirmados na redemocratização nos anos 80 e 90, desta vez aparecendo como “novo” ou “renovado”. Para usar estes termos, mostra-nos a obra, é preciso considerar a tradição quase secular do “novo” (uma contradição em termos), em relacionamento de longa data de confronto com o “tradicional”, o arcaico, muitas vezes incorretamente chamado de positivista. A conclusão, enfim, é que o ensino de História hoje tem diante de si alternativas que não podem ser tratadas a partir de um critério temporal (novo, inovador x tradicional), mas que precisam ser recuperadas em sua longa duração, em seu embasamento teórico e filosófico que atravessa o tempo e engloba vários séculos.
Por Luis Fernando Cerri – Doutor em Educação (Metodologia do Ensino), professor do DEHIS Universidade Estadual de Ponta Grossa -lfcerri@uepg.br
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Festa: cultura e sociabilidade na América portuguesa – JANCSÓ; KANTOR (HE)
JANCSÓ, István; KANTOR, Íris. (orgs.). Festa: cultura e sociabilidade na América portuguesa. São Paulo: Imprensa Oficial; Hucitec; Edusp; Fapesp, 2001. 2v. 992p. (Coleção Estante USP – Brasil 500 anos, 3). Resenha de: RODRIGUES, André Figueiredo. História & Ensino, Londrina, v.8, p. 157-160, out. 2002.
A ligeira mulata, em trajes de homem
Dança o quente hmdu e o vil batuque;
E aos cantos do passeio inda se fazem
Ações mais feias, que a modéstia oculta.1
o poeta e jurista Tomás Antônio Gonzaga em suas Cartas Chilenas aludiu ao lundu e ao batuque, respectivamente, canto e dança, muito populares nas festas mineiras do século ‘I’11 como ele, alguns historiadores observam as festas, ou melhor, as manifestações da cultura popular como um lugar de subversão, de transgressão à norma disciplinadora do poder. Gonzaga, por ser aristocrata e moralista, vê a festa como uma grande promiscuidade, onde se misturam brancos, negros e mulatos, chegando mesmo a comparar Vila Rica em festas (atual Ouro Preto) às cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra.
Ao historiador, seguindo uma tradição herdada da Sociologia e da Antropologia, ficou a percepção que as manifestações populares nos dão acesso às experiências cotidianas de segmentos da população que ficaram por muito tempo silenciados. Daí o fascínio pela festa, um cenário privilegiado para observação do universo cultural dominante e, também, ambiente onde se encontra mesclado elementos próprios da cultura popular, com suas tradições, seus símbolos e suas práticas, constituindo-se num espaço de grande sociabilidade.
Assim, entender esse espaço, mostrar pesquisas que estão em andamento e fazer um balanço da produção recente sobre as festividades na América portuguesa e, conseqüentemente, suas implicações na formação da nacionalidade e da cultura nacionais, são os objetivos da edição da coletânea Festa: cultura e sociabilidade na América portuguesa, organizada pelos professores e historiadores István Jancsó e lris Kantor.
O livro, fruto de um seminário internacional realizado na USP em 1999, reúne 49 artigos escritos por pesquisadores brasileiros e portugueses, que se preocuparam em compreender as manifestações coletivas (festas, cerimônias, ritos, atos de sociabilidade, etc.) que influenciaram na construção de nossa identidade nacional. Segundo os organizadores, as festas são um dos pontos principais da imagem que o brasileiro faz de si mesmo e do estrangeiro sobre o país. Para grande parte da população, elas significavam um instrumento fuga ao controle exercido pelo Estado absolutista, com o qual sempre tivemos uma relação de sofrimento e de antagonismo. O Estado criado por nossas elites nunca foi um instrumento de harmonia, mas sim de desagrega1ção, pois jamais ele foi utilizado como mecanismo de identificação e de libertação.
Comu as festas coloniais nem sempre tinham a mesma dinâmica nem os mesmos objetos de pesquisa e, portanto, não podiam ser abordadas da mesma forma e através dos mesmos instrumentos analíticos, a obra pode ser dividida em três grandes momentos: um primeiro que trata das festas religiosas ligadas aos jesuítas e a catequese dos indígenas; um segundo período ligado ao processo de consolidação da sociedade urbana desde fins do século XVII e durante a centúria seguinte, notadamente em Minas Gerais. Isso se explica devido à urbanização ocorrida ao longo do setecentos, resultado de uma extensa rede de centros urbanos, e à diversificação da economia através do comércio, do artesanato, da mineração (do ouro e de diamantes), da agricultura e da pecuária. Somam-se a esses dados ainda o contingente populacional, a estrutura administrativa e a constituição de um mercado consumidor interno.
Nas sociedades urbanas, muitas festas, seguindo o modelo ditado pela metrópole, cultuavam o rei e/ou se dedicavam aos ritos processuais católicos, como as celebrações da Semana Santa, do Triunfo Eucarístico e do atual “Corpus Christi”. Mas, ao lado destas festividades, tínhamos também a existência de um número quase que incontável de festas de caráter popular.
Nas interessantes “subversões e inversões da ordem festiva”, uma das divisões do livro que pode ser incluída nesse segundo momento, nota-se que conhecemos muito pouco das festas de caráter político não oficial que integravam o cotidiano das vilas coloniais. Um exemplo dessas curiosas celebrações jocosas que utilizavam signos de poder ocorreu em 1732, quando desafetos do governador dom Lourenço de Almeida promoveram-lhe enterro simbólico, por ocasião de sua partida da capitania de Minas Gerais, enquanto outros celebraram uma missa paródica pela sua alma que, julgava-se, ardia no inferno.
Outras formas de resistência à ordem festiva e social vieram através da circulação de cartas e sátiras anônimas que insuflavam a população à rebeldia, ou ainda através da existência de representações teatrais, como a “Serração da Velha” -cerimônia caricata que ocorria na época da Quaresma, onde um grupo de foliões serrava uma tábua, aos gritos estridentes e prantos intermináveis, fingindo serrar uma velha que, representada, ou não por algum dos vadios da banda, lamentava-se num berreiro. A Velha representava uma entidade maléfica (3 morte) ou algo grotesco que perturbava a felicidade ou dificultava a conquista legítima de alguma coisa. Nesses casos, a festa era um “lugar por excelência capaz de tornar realidade uma das exigências básicas dos protestos: a mobilização popular, que constituiu recurso imprescindível da prática amotinadora a fim de garantir poder de pressão às suas exigências” (p. O terceiro momento é o das “festas na corte portuguesa”, período que se inicia com a transmigração da família real lusitana para o Brasil e vai até a nossa Independência. Nesse instante, as festas tornaram-se mais seletivas e as músicas se apresentaram com novos elementos funcionais, técnicos e estéticos, devido à importação de novos instrumentos musicais e a enriada de novos ritmos na corte dom João Além dos dois volumes que compõe a obra, encontra-se encartado no primeiro exemplar um belo CD com 26 músicas que acnrnpanharam o universo sonoro festas na América portuguesa, desde as tradiçôes medievais, no século XIII, até as práticas indígenas, religiosas e afro-americanas do século XVIII. A apresentação coube ao historiador e músico Maurício Monteiro c a direção artística à Ana Maria Kieffer.
Referências
GONZAGA, Tomás Antônio. Carta 6ª: Em que se conta o resto dos festejos. In: Cartas Chilenas. Edição organizada por Pereira Furtado. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.143.
André Figueiredo Rodrigues – Mestre em História Social / FFLCH-USP.
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Páginas de prazer – DeNIPOTTI (HE)
DeNIPOTTI, Cláudio. Páginas de prazer. Campinas: UNICAMP, 1999. Resenha de: JOANILHO, André Luiz. Sobre o prazer. História & Ensino, Londrina, v. 6, p. 203-205, out. 2000.
Podemos imaginar um distinto senhor caminhando pelas ruas empoeiradas de Curitiba, numa tarde quente de verão, nos anos dez. O fraque, a cartola e a bengala não traem a distinção de um jovem advogado.
A cidade pretende cosmopolitismo e, às vezes, os sons urbanos até enganam; engraxates, vendedores de jornais, ambulantes, conversas pessoais trazem consigo as vozes dissonantes, por um momento, da imigração em massa.
Flanando calmamente, o nosso distinto senhor aproveita os lentos minutos que seguem o almoço, que seus amigos chamam de déjeuner, numa inútil tentativa de se sentirem mais próximos da sonhada Europa.
Ele caminha em direção à Biblioteca Pública e, evidentemente, deseja que conhecidos notem a sua entrada no prédio, assim, manteria a imagem de letrado. Poucos passos faltam para o prédio, quando uma bela senhora, acompanhada pela ama, de traços joviais e muito bem vestida cruza-lhe o caminho. Rapidamente, retira o chapéu e cumprimenta a jovem senhora, que lhe retribui com um sorriso e um longo olhar de soslaio, pelo menos foi o que imaginou.
Isto foi preocupante. A esposa de seu melhor amigo. Alguns pensamentos impuros lhe assaltam a mente. Um conflito interno toma proporções épicas: ao mesmo tempo que se deleita com os devaneios carnais, sente-se extremamente culpado. Sonha com o colo da bela dama, mas, vê-se execrado pela sociedade.
Ao adentrar a biblioteca, desiste do compêndio de direito que iria consultar e, envergonhado, sem o demonstrar, solicita a obra de Mantegazza, Higiene do amor. Preocupa-se, agora, com a normalidade dos seus pensamentos. Até onde, para ele, aqueles pensamentos impuros são desvios patológicos?
Enquanto toma o livro na mão, tenta se consolar afirmando a si mesmo que, pelo menos, não era pederasta, provado pelo desejo que o assolou a poucos instantes.
A consulta ao livro poderia lhe ajudar a resolver o conflito entre o desejo e a situação social. De suas páginas, reafirmase a superioridade do casamento monogâmico e, esperança longínqua, o médico aceita o divórcio como solução para casamentos infelizes (claro que sob certas circunstâncias). Convencido, de certa maneira, pelas orientações do médico que, para ele, tinha atingido um grau superior do conhecimento, como quase todos os médicos, encerra a consulta e retorna ao seu escritório de advocacia.
Talvez, esse personagem imaginário, que parece saído de uma obra literária considerada “água-com-açúcar”, não fosse tão incomum naqueles dias. O saber médico atingia o seu ponto culminante, entre os letrados, como ciência que explicava a vida e determinava a melhor maneira de vivê-Ia, superando, para muitas pessoas o papel, da Igreja. Sendo assim, as orientações que partiam desse saber tinham quase força de lei.
É justamente neste universo mental, que Cláudio DeNipotti aventurou-se com o seu livro Páginas de Prazer (Editora da UNICAMP, 1999). Inspirado pelas proposições de Robert Darton sobre leitura, o autor busca, numa pesquisa minuciosa, compreender o universo dos leitores da Biblioteca Pública do Paraná, durante a década de dez, no início do século.
Não vamos estranhar se pudermos imaginar um leitor como o jovem advogado acima, ou centenas de outros personagens, após a leitura do livro. Fugindo do padrão de trabalhos acadêmicos, o texto nos remete para o mundo dos leitores que buscam orientações, explicações, respostas ou, até mesmo, o simples prazer, para as suas sexualidades. E este é um trabalho difícil, pois o autor, aqui no caso, o historiador, deve seguir indícios muito tênues, quase imperceptíveis. Os livros de consultas da biblioteca, redescobertos ao acaso, puderam indicar alguns caminhos, mas não se tornariam algo, sem o trabalho indiciário executado pelo autor.
Para conduzir o leitor nesse seu trabalho, o autor, utilizando um recurso original, cria um personagem, um bibliotecário bem plausível, que irá nos ciceronear pelas ruas de Curitiba e pelas leituras de alguns freqüentadores da Biblioteca Pública.
O texto é construído numa relação constante entre o particular e o geral, isto é, a partir das leituras individuais de obras que tratam direta ou indiretamente sobre a sexualidade, podemos perceber como era pensada esta questão por uma camada da população que se quer letrada e culta.
Assim, acredito que o livro em questão conseguiu atingir o que François Furet chamou de primum movens do historiador, a curiosidade intelectual e a atividade gratuita de conhecimento do passado (Pensando a Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989). O que DeNipotti nos traz é a redescoberta de personagens há muito esquecidos, de preocupações cotidianas mas que pouco aparecem nos nossos livros de História. Pode caber ao título do livro, resumi-lo. Efetivamente, são páginas de prazer.
André Luiz Joanilho – Professor Adjunto da UEL e do Programa Associado de Pós-Graduação em História UEM/UEL
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História Indiscreta da Ditadura e da Abertura – Brasil 1964-1985 – COUTO (HE)
COUTO, Ronaldo Costa. História Indiscreta da Ditadura e da Abertura – Brasil 1964-1985. Rio de Janeiro: Record, 1998, 517p. Resenha de: FERRAZ, Francisco César Alves. História & Ensino, Londrina, v.6, p.199-201, 2000.
Os interessados na história recente do Brasil têm à sua disposição uma obra que é proveitosa tanto do ponto de vista do seu conteúdo, quanto do perspectiva de quem a escreveu. A História Indiscreta da Ditadura e da Abertura -Brasil: 1964-1985, de Ronaldo da Costa Couto, além do estilo agradável e direto, sem as retorções acadêmicas de praxe, possui, dentre suas principais virtudes, o fato de oferecer uma síntese da história política brasileira recente a partir da perspectiva de quem participou de vários de seus momentos principais, seja sob as luzes do palco principal, seja nos bastidores do poder.
Costa Couto foi, ao longo das décadas de 70 e 80, secretário de governos estaduais do Rio de Janeiro e Minas Gerais, bem como ministro em duas pastas e governador de Brasília. A história que escreveu ajuda a entender melhor como alguns homens públicos neste país concebem sua função política e social.
É um tipo de história que tem sido escasso nesses últimos tempos, a do pOlítico de Estado que escreve histórias de seu presente, para além de suas memórias particulares. Dois exemplos deste tipo de história podem ser lembrados: a volumosa História da Segunda Guerra Mundial, do estadista britânico Winston Churchill, e o recém reeditado clássico da historiografia brasileira do século XIX Um Estadista do Império, do parlamentar Joaquim Nabuco.
A maior diferença desses trabalhos com o de Costa Couto é que este foi apresentado, originalmente, como tese de doutorado na Universidade de Paris-Sorbonne (Paris IV). A maior semelhança é a de ter a perspicácia de compreender a estrutura e o funcionamento dos acontecimentos políticos a partir de uma interpretação singular, combinando duas dimensões da história pol ítica que nós, historiadores acadêmicos, deixamos de lado como “história factual’ ou desprovida de interesse. Uma delas é aquilo que nossos parlamentares e membros do poder executivo chamam de “entendimentos”, ou seja, aquelas conversas de bastidores entre políticos, aqueles acordos ou rompimentos que nós, da plateia, só descobrimos quando o roteiro já foi todo rearranjado, à nossa revelia e muitas vezes às nossas custas … Essa dimensão da “política miúda” é enredada com o poder de síntese histórica que, queiramos ou não enxergar, alguns políticos possuem de sobra, principalmente quando tentam articular os meios que dispõem para os fins que desejam. Esse é o ponto mais forte desse livro. Se desejamos conhecer como as coisas realmente acontecem na política brasileira, precisamos aprender a ler as notinhas de jornais com o mesmo apetite que lemos as matérias de primeira página.
A fonte documental básica para o livro de Costa Couto contribui bastante para esta compreensão: são os depoimentos de trinta e duas pessoas de relevante importância política, de Luís Inácio Lula da Silva ao general João Baptista Figueiredo. Alguns dos depoentes não concediam entrevistas a historiadores acadêmicos, o que torna o estudo de Costa Couto uma boa oportunidade para conhecer certos meandros do poder no Brasil. Essas entrevistas propiciam ao leitor uma perspectiva que, dificilmente, seria conseguida com o estudo dos documentos usuais de nossa história recente. Têm, contudo, o inconveniente de limitar a compreensão dos processos históricos nas fronteiras do que é possível um político dizer em público. Pessoas públicas que têm uma imagem a zelar não costumam revelar nada além do que é permitido e já divulgado. Neste sentido, é uma história “discreta”, sem novidades para os leitores mais atentos de nossa produção historiográfica.
Assim, alguns problemas do livro aparecem. O principal, já evidente desde o título, é prometer algo maior do que o que pode cumprir: o que o autor quer dizer com ‘história indiscreta”? Não é uma história de fofocas do poder, adianta na apresentação
o historiador (recentemente falecido) Francisco Iglésias. Ainda bem. Mas ao fazer uma história da política brasileira a partir dos bastidores, “sem comprometer ninguém (p.20)”, sem o risco de propor explicações mais gerais do que a dinâmica de poder palaciano, perde-se uma oportunidade única de oferecer ao leitor uma reflexão sobre o porquê de “plantinhas tão tenras” (nas palavras do político Octávio Mangabeira) como democracia, direitos, cidadania e igualdade social, aparecerem com mais frequência de modo instrumental e oportunista, nas considerações de nossos homens públicos, do que como princípios fundamentados na vivência e na dignidade da vida política.
Não obstante essa “discrição” -por não revelar nada novo ou “guardado a sete chaves” pelo poder -o livro é importante pelas pistas que, voluntariamente ou não, oferece para estudos futuros sobre a história do poder político no Brasil. Nessa história, eu, você, todos nós, leitores, aparecemos mais como a plateia do que como coadjuvantes, menos ainda como protagonistas da história. Não se trata apenas de uma divisão entre classes, ou entre elites e massas. Se essa estrutura política ainda sobrevive às vésperas da virada do século, se ainda é possível combinar o discurso da modernidade com o clientelismo mais tradicional, e se tudo isso ainda aparece na história dos livros didáticos como algo pertencente à ordem natural das coisas, nossa atenção deve deslocar um pouco das explicações que reduzem a política à expressão dos interesses de classe. Talvez seja o momento de saber o que alguns políticos pensam de si mesmos, e como concebem a história da qual se vêem como os atores principais. Neste sentido, o livro de Costa Couto é um importante e útil ponto de partida.
Francisco César Alves Ferraz – Professor da Universidade Esiadual de Londrina e Doutorando em História na USP.
[IF]Uma História do Brasil – SKIDMORE (HE)
SKIDMORE, Thomas. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. Resenha de: JOANILHO, André Luiz. Para inglês (e brasileiro) ver. História & Ensino, Londrina, v. 5, p. 165-168, out., 1999.
Inicialmente escrito para um público norte-americano, Uma História do Brasil, Paz e Terra, 1998, deve ser lido pelos brasileiros. Sem a necessidade de filiação com determinadas linhas de interpretação da nossa História, Skidmore pôde apresentar uma narrativa geral sobre a nossa formação e, mais ainda, traçar uma rota para compreendê-la.
A questão fundamental para o autor é perceber como foi possível constituir uma identidade nacional num país que apresenta características de formação tão disparatadas e aí está o seu grande mérito.
Se uma das nossas maiores preocupações em relação ao estrangeiro é passar uma imagem de civilidade, este livro, justamente, nos mostra como podemos ser percebidos e compreendidos por alguém de fora, que busca ir além dos estereótipos, explicando-os. Assim, podemos perceber a extensão do que somos, ou melhor, de como somos explicados a um público de cultura média e, no caso, norte-americano.
É evidente que, se procuramos análises complexas por parte do autor, não as teremos, e aí está outro dos grandes valores do livros. Sem a necessidade de linguagem rebuscada, Skidmore apresenta um quadro claro e bastante elucidativo da nossa formação. Isto é possível justamente por estar livre de filiações acadêmicas ou linhas interpretativas da nossa História. Percebese que o texto não rende homenagens a este ou àquele pensador nacional, pois a preocupação de Skidmore é a possibilidade de síntese para um público que desconhece querelas acadêmicas, o que dá fluidez ao texto, sem cair em simplificações.
Skidmore identifica bem a nossa situação racial ao centrála na figura do mulato. Este, expoente de uma sociedade multirracial que se constituiu durante o período colonial, teve ascensão social limitada, mas significativa, praticamente inviabilizando a separação legal entre as raças. O racismo da elite branca se revela mais “sutil” do que o da elite norteamericana. A idéia de “branquear” a população através da imigração européia é parte constitutiva da ideologia da sociedade multirracial.
O autor percebe em parte esta trajetória, mas acredito que faltou compreender um pouco melhor o espírito da “Casa Grande” na qual a aparência é fundamental-um grande fazendeiro nunca aceitou rótulos negativos sobre a sua conduta ou condição social, logo faz de tudo para se promover e aparentar.
Desse modo, o mito multirracial não é só fruto de cruzamentos, é também formas da elite aparentar cordialidade, bondade, preocupação com os pobres e também poder, pois os mulatos, muitos filhos bastardos de grandes proprietários, não podiam ser deixados à míngua, logo lhes eram arranjadas colocações junto à administração pública, uma maneira de estender o poder da Casa Grande em direção à esfera do espaço público.
Essa expressão da nossa elite e, porque não, da nossa sociedade, é difícil de ser notada por alguém que não vivencia tal experiência. A explicação de Skidmore é bem americana: “ocorreu que uma constante carência de mão-de-obra européia nos escalões mais altos da força de trabalho brasileira deixou abertas algumas oportunidades de trabalho para negros livres, que eram bem mais numerosos no Brasil colonial do que na América do Norte colonial” e corretamente acrescenta: “não se deve concluir daí que o Brasil estava livre de preconceito” (pág. 42).
Ora, essa certa ascensão do mestiço, para Skidmore, aliviou as tensões raciais até os nossos dias, o que não é de modo algum satisfatório. É necessário um sistema ideológico e de constituição do social que assegure, além das condições econômicas, a situação racial e, no nosso caso, a situação das classes. Não que exista engano na observação do autor, mas ela não é suficiente. Um sistema que apresenta como representação social a possibilidade das diferentes culturas se manifestarem, a ideologia da democracia racial, são elementos constitutivos das relações interaciais.
A parte esta questão, a narrativa de Skidmore, longe de ser inédita, privilegia junto com as questões de formação, a trajetória política do nosso país e é justamente aqui que o livro se mostra muito interessante. A necessidade de síntese leva o autor a nos fornecer quadros amplos e bastante compreensivos acerca dos acontecimentos de nossa História. A análise do período militar é particularmente profícua nesse sentido. Os mais críticos verão um quadro simplificado, mas tendo em vista os objetivos da obra, o que o autor nos apresenta é uma descrição sintética sem perder o gosto explicativo.
Enfim, é uma obra que deve ser lida, pois ao evitar filiações, pode nos apresentar um painel instrutivo e de fácil leitura da nossa História.
André Luiz Joanilho – Professor Adjunto da UEL e do Programa Associado de Pós-Graduação em História UEM/UEL.
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O Hitler da História – LUKACS (HE)
LUKACS, John. O Hitler da História. Trad. de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, 250p. Resenha de: FERRAZ, Francisco César Alves. Hitler, a História e a Historiografia. História & Ensino, Londrina, v. 5, p.169-170, out. 1999.
Adolf Hitler foi, sem dúvida, a personalidade mais importante da história do século XX. Por mais que possamos reagir com merecida indignação a qualquer esforço de legitimação ou reabilitação dos atos que, direta ou indiretamente, desencadeou, não podemos negar que, para o bem e para o mal, o século que está terminando não seria o mesmo sem ele e o que ele representou e ainda representa.
Mas o que significa a trajetória de um único homem no fluir da história? Pergunta interessante, sempre presente nas discussões sobre a biografia como uma modalidade do conhecimento histórico. Nos bancos escolares, aprendemos que homens sozinhos não fazem a história, mas grupos sociais (sejam estes classes, estamentos, grupos políticos, religiosos, étnicos, etc). Mas será que o caso de Hitler se encaixa neste princípio geral? Afinal, qual o lugar de Hitler na história da Alemanha, da Europa e do século XX?
Essas e outras questões importantíssimas para o entendimento da história mais recente da civilização ocidental são a base para O Hitler da História, livro de John Lukacs, historiador húngaro radicado nos Estados Unidos. Nele, o autor analisa a imensa variedade de biografias e estudos sobre Adolf Hitler, uma massa historiográfica que soma mais de uma centena de títulos, se ficarmos apenas nas obras consideradas “mais sérias” ou de maior repercussão.
Lukacs inicia seu rigoroso balanço das biografias e interpretações sobre Hitler com um pressuposto básico: embora moralmente compreensível, a demonização de Hitler não contribui em nada para entender seu papel na história. Mais do que simplesmente condenar Hitler pelos males da guerra e do nazismo, é preciso compreendê-lo historicamente, cotejar as fontes documentais, entender os influxos do passado e do presente nas interpretações sobre o líder nazista.
Somos apresentados, assim, a um debate que envolveu historiadores que procuravam entender o fenômeno Hitler e, ao mesmo tempo, entender o lugar dos alemães naquele passado. Esse debate foi marcado ideologicamente pela Guerra Fria e seus maniqueísmos. Enquanto historiadores “de esquerda” procuravam definir Hitler e o nazismo ora como fenômenos da extrema-direita alemã e européia, ora como decorrências históricas do imperialismo capitalista, outros, auto-denominados “conservadores”, procuravam explicar o Terceiro Reich como uma anomalia, um desvio da história alemã, ou mesmo como uma resposta histórica a um mal maior, que seria representado pelo então totalitarismo comunista. Na esteira dessas variadas interpretações, documentos de toda espécie eram invocados para corroborar tais afirmações, enquanto outros seriam desprezados por negá-las ou colocá-Ias em dúvida.
Dessa maneira, o leitor é sempre lembrado de que não basta ser uma interpretação tradicional ou mesmo inovadora, se ela não estiver respaldada em metodologias e aparatos documentais coerentes e abrangentes. Neste ponto, Lukacs é particularmente ácido nas críticas a obras que, nos meios acadêmicos brasileiros, são bastante prestigiadas, como Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt (que critica pelo uso arbitrário e assistemático de fontes, “cheio de falhas e desonesto”) e Ascensão e Queda do Terceiro Reich, de William Shirer (“superficial e germanófobo”).
Após esse breve balanço, Lukacs elegeu alguns problemas históricos e historiográficos da vida de Hitler e qual a relação desses com a história da Alemanha e do mundo na primeira metade do século XX. Alguns desses problemas são tão fundamentais como polêmicos, para o entendimento do lugar de Hitler na história.
a) As idéias e crenças de Hitler a respeito da política, dos judeus e do papel da Alemanha no mundo consolidaram-se em Munique, após a primeira Guerra Mundial.
Para Lukacs, se existem indícios suficientes para apontar
o período vienense como a base para o seu germanismo e antisemitismo, a consolidação dessas idéias e a luta para transformálas em realidade, porém, só puderam acontecer após a derrota alemã e o fracasso da revolução comunista na Baviera em 1919. Em Munique, Hitler descobriu ser um orador de talento, e que suas idéias encontravam ressonância: o repertório de ódios explícitos aos judeus, aos comunistas, aos “traidores da Alemanha”, aos inimigos de Versalhes (p.50-61) encontrou terreno fértil na Baviera e, depois, no resto do país.
- b) Hitler foi, a seu modo, mais revolucionário do que reacionário.
Depois de discorrer sobre os problemas da definição do que é ser revolucionário e/ou reacionário, Lukacs afirma algo que apenas alguns inimigos contemporâneos a Hitler (como Winston Churchill) intuíram: Hitler era perigoso por ser revolucionário, e não por ser reacionário. Muitas das idéias de Hitler eram modernas. Em que pese seus métodos, sob sua liderança, a Alemanha transformou-se numa potência econômica e tecnológica mais respeitável do que era antes da Primeira Guerra Mundial, com auto-estima e prosperidade recuperadas (p.78). E dentre os ingredientes da modemidade de Hitler, estava sua habilidade para conquistar tanto as classes conservadoras quanto as massas em um mesmo discurso de transformação e mudança. Nas palavras de Lukacs,
o que isso significa para o passado recente o historiador pode -e tem o dever –de reconhecer: que Hitler foi um novo tipo de revolucionário, um revolucionário populista em uma era democrática, não obstante os elementos mais antigos das instituições e da sociedade alemã ainda existentes em sua época, muitas das quais ele sabia usar para seus próprios fins (p.88).
- c) Ele era mais nacionalista que racista.
Embora a questão racial fosse fundamental para toda sua ideologia, sua racionalidade política buscava, quando lhe convinha, apoio em japoneses, chineses, árabes, croatas, romenos, etc, desde que isso significasse auxflio no combate aos inimigos dos “arianos” (p.94). Além disso, a despeito de não se encontrar claramente uma definição diferencial de Hitler se a “Raça Ariana”ou a “Nação Alemã” é que iria governar seu mundo, existem indícios suficientes de que seu pensamento e ação elegiam a Nação Alemã, concebida sob prisma mais cultural que biológico. A Nação seria a realização histórico-cultural do Volk (Povo), liderada não por um Estado tradicional de funcionários públicos, mas por um Volkgenossenstaat, um “Estado de camaradagem do Povo”. Assim, segundo Lukacs, diferenças entre arianos e negros, amarelos, etc não chamavam tanto a atenção de Hitler quanto àquela que dizia respeito à “luta dentro da raça branca, entre arianos e judeus”. Os judeus seriam sua obsessão, por viverem entre os “legítimos membros da nação alemã”. E nesse ponto, seu ódio obsessivo aos que considerava “inimigos da nação” era insuperável (p.98).
- d) De certa maneira, Hitler foi um estadista e estrategista competente
Assim como o êxito do líder alemão deveu-se, em grande parte, à sua subestimação pelos seus inimigos e aliados de ocasião, muitos historiadores desprezam-no a priori como estadista e estrategista. Lukacs, no capítulo mais longo do livro, recoloca em discussão o problema. Para ele, Hitler demonstrou, principalmente no período que antecedeu a guerra, atitudes de estadista que eram esperadas de líderes de potências européias daquele tempo. Embora condenáveis moralmente, sua política possuia uma celia racionalidade na adequação dos meios (muitas vezes ultrajantes) para os fins que se propunha. Na Alemanha de Hitler, a política interna e externa se apoiavam mutuamente.
Do ponto de vista estratégico, suas decisões, se examinadas friamente, tiveram sucessos retumbantes embora, a longo prazo, terminassem em fracassos flagrorosos. Apesar da oposição de alguns generais do Exército, a prioridade às forças terrestres de rápida mobilidade não apenas garantiu as vitórias iniciais alemãs como contribuiu para drásticas mudanças nas doutrinas de guerra de então. Mesmo aquele que é apontado como como seu maior equ ívoco estratégico -a criação da Segunda Frente, ao invadir a União Soviética -pode ser entendido a partir da suposição de Hitler de que as principais potências capitalistas (Inglaterra e Estados Unidos) hesitariam em combater mortalmente a nação que pudesse subjugar a ameaça bolchevique. Lukacs chama a atenção para documentos que mostram que, até as vésperas do fim, Hitler acreditava que a aliança “improvável” entre o Ocidente capitalista e a potência comunista poderia ser rompida (p.115 e segs.). E conclui com uma ressalva: se por um lado sentiu-se “obrigado a enfatizar que ele [Hitler] possuía talentos políticos e militares”, por outros, esses “coexistiam com obsessões não raro fanáticas”. Além disso, embora Hitler não tenha sido o autor de todas as decisões e ações do Terceiro Reicl1, ele sabia que suas principais diretrizes eram cumpridas fielmente. E por isso é que “ele foi sem dúvida responsável pelas maldades mais brutais cometidas por seus esbirros (p.126)”.
- e) Não há como dissociar Hitler da “Solução Final” dos Judeus.
Embora tenha havido tentativas, como a de David Irving, de eximir Hitler de qualquer responsabilidade de planejar e ordenar a execução em massa dos judeus (afirmando que quem planejara e ordenara tudo foram os auxiliares de Hitler, sem seu conhecimento e autorização), o que a vasta documentação e as interpretações mostram é que ele ordenou -ou pelo menos consentiu com -o extermínio em massa dos judeus, o que ficou conhecido como a “Solução Final”. Se não foi encontrada sua “assinatura” em documentos dessas espécie, isso só prova uma coisa: havia um mínimo de consciência de que o que se estava cometendo era uma atrocidade sem pararelos, e isso obviamente não podia ser documentado, ainda mais na iminência de uma invasão aliada (p.135). O que merece ser ainda melhor pesquisado é o quanto a população germânica realmente sabia sobre os campos de concentração e sobre a “Solução Final” e como quem sabia de algo lidava com isso.
- f) Hitler foi parte da história alemã, e não um “desvio” acidental e indesejável.
Segundo Lukacs, há entre os alemães uma tendência em ver Hitler como um episódio antinatural na história do país. No entanto, o Terceiro Reich representou muito mais uma continuidade do que uma aberração na história alemã. Isso não quer dizer que Hitler e o nazismo seriam inevitáveis. Mas a ascensão de Hitler e as crenças e atitudes do povo alemão da primeira metade do século estavam intimamente interligadas:
o nacionalismo e a unidade nacional alemã constituíram também forças poderosas durante a I Guerra Mundial. Hábitos nacionais profundamente enraizados de obediência e disciplina persistiram e culminaram na /I Guerra Mundial. A estrutura psíquica (e social) dos sucessos do povo alemão na /I Guera Mundial, porém, mudou, e isto foi tanto condição quanto resultado da ação de Hitler. Sem Hitler, os alemães não poderiam ter conseguido o que conseguiram, e Hitler tampouco poderia ter realizado oque realizou sem opovo alemão –ou mais exatamente, sem a aceitação esmagadora de sua pessoa pela maioria (p. 142).
É preciso separar o movimento historiográfico de “reabilitação” de Hitler e dos alemães sob o Terceiro Reich das tentativas conhecidas como “revisionistas”. Esses últimos sequer podem ser considerados como dignos de figurar no debate historiográfico, pois além da pobreza e má fé documental de seus escritos, são sectários escrevendo para um número limitado de leitores, que já estavam convencidos de antemão ou prontos para sê-lo (p.156). De outra natureza são especialistas, alguns com assento nas universidades e institutos de pesquisa e que, inadvertidamente ou não, tentam minimizar os apectos sombrios do Reich e de Hitler, bem como distribuir responsabilidades para outros agentes históricos, como no caso do desencadear da 11 Guerra Mundial, atribuída aos “objetivos bélicos e inflexível má vontade de seus inimigos”. No entanto, Lukacs não aprofunda os porquês de tal posicionamento. Talvez, o que se deve perguntar é como o clima da Guerra Fria e de anti-comunismo contribuiu para justificar e promover aberrações interpretativas como essas…
Trata-se, portanto, de um balanço histórico e historiográfico de grande importáncia, para todos aqueles que se interessam por conhecer melhor Hitler e o nazismo, bem como o debate historiográfico a respeito. É uma obra admirável, de estilo agradável e que aprofunda pontos bastante polêmicos de nossa história mais recente. Para não ficar apenas nos elogios, acredito que pelo menos dois problemas devem ser comentados, embora não comprometam a grandeza do conjunto.
Um deles é seu sistemático desprezo às abordagens marxistas sobre seu tema. Embora tenha alguma razão ao apontar a pouca variação dos argumentos marxistas, ele não desenvolve nehuma discussão aprofundada sobre quais seriam os equívocos dessa corrente, preferindo refugiar-se no chavão de que o marxismo padece de determinismo econômico, como se não existissem abordagens bem distantes desses lugarescomuns.
O outro problema é que, depois de passar o livro todo chamando a atenção para a necessidade de abordagens sem demonizações de qualquer espécie, discorre ao final sobre as “características malignas espirituais” de Hitler, e propõe “a necessidade de uma interpretação cristã de Adolf Hitler (p. 180 e
- 240, n. 49 e segs.)”. Particularmente, prefiro sua proposta inicial, de que por mais que provoque nossa indignação moral, é preciso compreendê-lo historicamente, e não como o Anticristo ou a emanação do Mal em seu estado mais absoluto.
Mostrar a crueldade, a monstruosidade e tudo o que é mais abjeto, obscuro e inumano no nazismo é imprescindível, mas nunca será o suficiente. Por mais de 50 anos partilhamos a condenação moral do que acreditamos ser a origem da maior tragédia do século. No entanto, seu espectro resiste, se fortalece e se diversifica (como os grupos neonazis, skinheads, nacionalistas de extrema-direita e os defensores de “limpezas étnicas”, por exemplo), num mundo sem utopias libertadoras e regido pelo pensamento único do mercado. Até agora nos satisfizemos em condenar o nazismo. O desafio, para o presente e o futuro, é compreendê-lo. Mais do que um avanço historiográfico, é um ato de militância pela dignidade da política. E este livro proporciona considerável contribuição para isso.
Francisco César Alves Ferraz – Professor-Assistente do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina-PR.
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O limpo e o sujo, uma história da higiene corporal – VIGARELLO (HE)
VIGARELLO, Georges O limpo e o sujo, uma história da higiene corporal. São Paulo: Martíns Fontes, 1996. Resenha de: JOANILHO, André Luiz. O limpo e o sujo: anotações sobre um livro. História & Ensino, Londrina, v.4, p. 173-176, out. 1998.
Um texto límpido. Não é bom começar uma resenha sobre um livro fazendo trocadilho com o título e objeto, porém é irresistível. A objetividade traçada desde o princípio, a clareza da linguagem, cria uma imagem muito precisa sobre o que Georges Vigarello propõe no seu livro O limpo e o sujo, uma história da higiene corporal, da Martins Fontes, 1996. Dividido em quatro partes que ganharam títulos apropriados: “Da água festiva à água inquietante”, “A roupa branca que lava”, “Da água que penetra o corpo àquela que o reforça” e “A água que protege”. A propriedade dos títulos está no texto que segue cada um, pois apresenta justamente o que foi anunciado.
Viajando no tempo desde o século XIV, chega até meados do nosso século, tratando de um único assunto, a higiene corporal. Mas, surpresa, não se trata de como os homens evoluíram no trato com o seu próprio corpo, e sim de uma linha sinuosa ao longo dos séculos que parte do banho medieval e chega no banho moderno.
Insuspeitamente acreditamos que os banhos medievais tinham o mesmo caráter dos banhos contemporâneos: limpar. Ledo engano, eles não visam a higiene, e sim a lubricidade (desculpem a palavra). A umidade dos banhos é prenúncio dos prazeres da cama. Os banhos são tomados em estabelecimentos específicos, porém, como contíguos à bordéis, tavernas, e eles visam a excitação e não ahigiene.
Tudo muda. Estamos em plena Renascença. O temor das epidemias se associa ao temor das águas. Água que enlanguesce os músculos, os orgãos, abre os poros aos miasmas com as suas doenças. O conselho é evitar de toda forma os banhos e muito mais a imersão completa. O ideal é manter o corpo limpo através de uma segunda pele: a roupa branca justa, limpa e, de preferência feita de finos tecidos -é claro que isto se aplica à nobreza. Ela absorveria as impurezas naturais expelidas pelo próprio corpo e manteria uma certa proteção dos ares malsãos. No entanto, por mais contraditório que seja, a fuga dos banhos não significa que o período barroco foi mais descuidado da higiene corporal, muito pelo contrário, é nesse momento que surge a idéia de limpeza mais íntima, pois o que está além do olhar é que deve ser cuidado, ou melhor “o íntimo é gradualmente incluído no visível” (p. 251).
É o espetáculo do que é visível dentro do processo civilizatório, isto é, o processo de recalcamento das pulsões na sociedade (podemos lembrar do consagrado estudo de Norbert Elias, O processo civilizatório, da Jorge Zahar, sobre a etiqueta no Antigo Regime, associando-a ao desejo de distinção de classe por parte da nobreza). Aquilo que é vergonhoso e não deve ser visto, e ao contrário, o que é valorizado e todos devem ver.
De novo tudo muda. Insinua-se novas idéias sobre o corpo e as correspondentes práticas de limpeza. O vigor do organismo deve ser estimulado agora pela água. Assim passamos da água lúbrica, para aquela que é veículo de doenças e no século XVIII, para água que revigora. Representações de classe no trato do corpo e a limpeza. Para uma burguesia que quer conquistar é preciso corpos rígidos, fortalecidos, longe do enlanguecimento corporal provocado pelas representações que a nobreza “ociosa e devassa” tem de si mesma. A ciência do final do século XVIII corrobora a imagem que a burguesia tem de si ao legitimar que a limpeza protege e reforça o corpo. O banho frio enrijece, revigora o organismo, enquanto que o banho quente enlanguesce.
Durante o século XIX vamos assistir o reforço dessa idéia de vigor proporcionado pela limpeza, e mais ainda, a limpeza íntima é fundamental nesse novo processo. O asseio corporal passa a ser a salvaguarda contra as doenças, mas ao mesmo tempo há um avanço inexorável do pudor. Nos séculos XVII e XVIII a roupa branca íntima representava o ideal de limpeza e delicadamente deveria ser notada pelos outrosrendas saindo nos punhos, ou visíveis através de decotes ousados, sendo comum os camareiros pessoais participarem da higiene do patrão. Já no século XIX se torna impensável a presença de alguém estranho nos momentos de higiene pessoal, muitas vezes se estendendo aos familiares.
Esse novo pudor, inventado pela burguesia, mostra as práticas que envolvem o corpo nas sociedades capitalistas, e com o avanço da ciência, essa higiene se personaliza cada vez mais. Mas, de novo a surpresa. A paranóia em relação aos micróbios, desvelados como agentes patológicos, leva a idéia de higiene ao paroxismo. Médicos, higienistas propõem, na passagem do século, a lavagem das paredes, a desinfecção das casas, rígidas quarentenas, uma perseguição sem tréguas à sujidade e à falta de asseio. E com isso triunfa a idéia do banho diário e a higiene íntima. Porém, é demonstrável que a essa nova concepção de higiene é muito mais uma representação que a sociedade ocidental criou sobre o corpo.
As cidades, a arquitetura, os fluxos de água, ar, esgotos, fazem parte desse imaginário sobre o corpo e sobre o indivíduo. É antes uma psicologia, sensações que se traduzem em práticas cotidianas. O bem-estar, o consumo, o temor do que não é visível. Assim, a higiene não é simples imperativo com bases científicas, é antes de mais nada, uma imagem que a sociedade produz sobre si mesma, sobre os indivíduos, sobre os cuidados de si.
Pode-se afirmar que na realidade o trabalho de Geoges Vigarello trata de parte da história da idéia de intimidade. Entretanto, além dessa viagem surpreendente, uma outra questão chama a atenção do leitor mais atento, e que é uma vantagem para os desatentos: não há enunciações teóricas, ou melhor, o autor prescinde da citação de autoridade, o que lhe dá um ganho, pois não precisa enunciar métodos e nem complicadas fórmulas para compreender o objeto, e não que o autor não tenha reflexão. Atentamente transparece vários conceitos teóricos, mas que, pelo menos é o que transparece, não são citados pela segurança que o autor demonstra nas suas discussões, dispensando o recurso à autoridade. É desnecessário citar este ou aquele teórico para corroborar com as conclusões da pesquisa. Dispensável porque antes de serem aqueles que conformaram o objeto sem o saber, eles aparecem como inspiradores da análise e conclusão.
Ele bebe em vários filósofos e historiadores. Alguns aparecem claramente, outros nem tanto. Foucault, para começar, mas também Norbert Elias -já destacado acima. Além destes cabe lembrar Jacques Le Goff, Georges Duby e Roger Chartier, não por estarem citados, mas por trabalharem com o que se convencionou chamar de mentalidades. Há também que lembrar de Pierre Bordieu, este sociológo, e que trabalhou com a noção de hábito. Isso para não apontar outros mais clássicos, como Freud, para questões da psicologia, e Marx para as questões de classe. Porém, apesar de toda essa inspiração, o autor não faz referências diretas a elas, e por isso que os leitores mais desatentos, ou melhor, o leitor não especialista em história pode ter o prazer de ler um grande livro, e ainda por cima refletir um pouco sobre si mesmo.
André Luiz Joanilho – Professor do Departamento de História -Universidade Estadual de Londrina -PR.
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História e prática: a pesquisa em sala de aula / André Joanilho
A Proposta Curricular para o Ensino de História, lançada sob responsabilidade da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, em 1992, tem gerado inúmeras controvérsias, desde o seu surgimento até sua aplicação -ou não -nas escolas públicas paulistas. É no contexto de sedimentação desses debates que surge o livro de André Luiz Joanilho (Mercado de Letras, 1996), que propõe a realização de uma a análise crítica da “Proposta” (como ficou conhecida entre os professores). Para tanto, circunda esta análise com uma reflexão sobre os mecanismos de funcionamento da instituição escolar, a política educacional do governo paulista e uma proposta de metodologia para viabilização da Proposta através do trabalho com projeto de pesquisa em sala de aula. É preciso lembrar que este novo currículo surge no contexto em que o govemo peemedebista estava implantando o projeto “Escola-Padrão”, derivando disto, muitas vezes, uma interpenetração das críticas tecidas sobre os dois assuntos.
O núcleo da obra, portanto, é a crítica da Proposta Curricular, no que o autor segue o comentário geral entre os profissionais aos quais pediu-se a sua implantação: a proposta é teoricamente boa, bem elaborada, mas na prática é de difícil -senão impossível aplicação. Para reforçar esta tese, Joanilho elenca o comodismo sistemático dos corpos docente e discente, viciados nas metodologias tradicionais e no livro didático, a estrutura da escola em si, os graves problemas de formação da maioria dos professores de história, a descontinuidade e má qualidade dos cursos de aperfeiçoamento e materiais de complementação pedagógica lançados pela Secretaria da Educação.
A questão central é o jogo entre o ideal e o real, e as conseqüências da aplicação de um bom princípio teórico Joanilho afirma que sua crítica é externa, e não interna numa realidade educacional que muito deixa a desejar. Invertendo a ordem dessa problemática, poderíamos perguntar se faz sentido lançar propostas que não ultrapassem a situação dada, sejam plenamente factíveis e, conseqüentemente, não introduzam mudanças.
Para Joanilho, a flexibilidade da Proposta traz duas ordens de problemas. Em primeiro lugar, o professor, fragilizado em sua formação e em suas condições de trabalho, sente-se perdido e inseguro perante a responsabilidade de criar os próprios materiais e conduzir a ordem dos conteúdos. Por outro lado, essa flexibilidade (que o autor chama de lacunas) , perante a situação discutida acima, traz o risco de que a aplicação do novo currículo não altere nada ou pior, que crie incoerências e que caia no senso comum, prestando um desserviço à causa do aperfeiçoamento e adequação do ensino de história às novas vertentes teóricas e metodológicas. A isso, seria preferível a coerência dos currículos tradicionais.
A ingenuidade da Proposta estaria em crer que a organização em torno de temas, em substituição à linearidade dos conteúdos, seria capaz de induzir o profissional a uma nova abordagem prática em sala. Faltaria, então, um recheio de orientações, critérios, dicas, material, enfim, uma normatização. Todavia, uma concepção de proposta inovadora que preferisse cercar todas as possibilidades e fornecer todo o material a ser trabalhado acabaria por passar longe das pretensões de construção crítica do conhecimento, de abertura à pluralidade de visões, de valorização do professor enquanto profissonal competente. Não seria “Proposta”, mas a imposição que acabou ocorrendo pelo seu mal uso nos corredores da burocracia, fazendo com que a inovação pendesse, nas escolas, como ameaça sobre a cabeça dos menos avisados.
Joanilho acaba cobrando da Proposta responsabilidades que não cabem a ela: seu papel, antes de mais nada, é sugerir, colocar ideais e questionamentos, introduzir uma crise de crescimento no seio do professorado, deixando evidentes as deficiências para que
o corpo docente sinta a necessidade de aperfeiçoamento e cobre isso dos órgãos competentes. Faltam critérios, claras orientações metodológicas, e até mesmo material para ser utilizado, afirma; não há, apesar da competência e boa vontade de seus elaboradores, verdadeira intenção de que os objetivos sejam atingidos (protegida pela falsificação do marketing, a política educacional sabotaria a si mesma).
Ao analisar os mecanismos de funcionamento da escola, Joanilho explica, pelos mesmos, as “deficiências” da Proposta: o objetivo das reformas introduzidas pela escola padrão não é criar o aluno crítico e com formação humanística, mas sim produzir trabalhadores semiqualificados que preencham imediatamente o mercado de trabalho ou que ingressem nas universidades pagas, de qualidade duvidosa. Daí aparecer como extremamente oportuna a defasagem não resolvida entre a teoria da proposta e a prática manca das salas de aula. As incompetências do professor são deliberadas -premeditadamente, ao que parece e mantidas de forma a garantir que a proposta não funcione. Esta visão pessimista da instituição escolar não leva em conta sua heterogeneidade nem a presença marcante das subjetividades no processo, ou o dado de que aproximadamente 40% dos alunos da Unicamp, por exemplo, são egressos da escola pública (Jornal da Unicamp, jul./96, p. 2). A abordagem da escola como fábrica de um tipo especial de mais-valia, comprova esta perspectiva da qual o autor lança mão para sua crítica.
Para Joanilho, a “aplicação da Proposta pura e simples” resulta em aberração, em um ensino incoerente e improdutivo. Mas a Proposta não está de todo perdida. Guardadas as advertências, bem como as suas sugestões metodológicas apresentadas (projeto de pesquisa em sala de aula), que visam atender à lacuna que foi deixada, é possível quebrar a ordem estabelecida pela política educacional paulista e fazer o oposto do que era esperado: fazer com que a Proposta funcione ( !). Não é mais do que desejamos todos nós, comprometidos com o processo de aperfeiçoamento do ensino de história. E as contribuições são sempre bem vindas: a Proposta é estruturalmente aberta a elas.
Luis Fernando Cerri – Professor do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino Universidade Est. de Ponta Grossa-PR.
JOANILHO, André L. História e prática: a pesquisa em sala de aula. São Paulo: Mercado de Letras, 1996. Resenha de: CERRI, Luis Fernando. História & Ensino, Londrina, v.3, p.123-125, abr. 1997. Acessar publicação original .[IF]
História & Ensino | 1997-2001
História & Ensino. Londrina, 26, n. 1, 2020.
Sumário
Editorial | Eder Cristiano de Souza | 2-3
Artigos
- A Matriz Disciplinar de Jörn Rüsen como chave para compreender as Diretrizes Curriculares da Educação do estado do Paraná | Ricardo Marques de Mello | 4-19
- O Ensino de História na educação pública brasileira: uma análise dos pressupostos historiográficos dos currículos estaduais da década de 1980 | Geyso Dongley Germinari, Flávio Jose Dalazona | 20-36
- A Consciência Histórica como potencial para leitura de mundo | Vera Lucia Trennepohl | 37-55
- A cultura histórica escolar contemporânea: uma análise a partir das categorias rüsenianas | Larissa Klosowski Paula, Isabela Candeloro Campoi | 56-77
- Por um ensino de história indígena em Mato Grosso: o povo Chiquitano na fronteira Brasil/Bolívia | Renilson Rosa Ribeiro, Leticia Antonia de Queiroz | 78-112
- Um cineclube no interior da Amazônia: o uso do audiovisual como prática de aprendizagem histórica | Érico Silva Muniz, Silvane da Silva e Silva | 113-133
- A BNCC e os Referenciais Curriculares do estado da Paraíba: considerações sobre o ensino de História nos Anos Finais do Ensino Fundamental | Eduardo Roberto Jordão Knack, Lidiane Elizabete Friderichs | 134-159
- A História Regional e o uso de tecnologias da informação e comunicação (TDIC’s) em sala de aula | Taís Temporim de Almeida, Lourdes Madalena Gazarini Conde Feitosa, Fabio Paride Pallotta, Laís Prestes Redondo, Gabriela Isbaes, Marco Antônio de Morais Júnior | 160-180
- “Lugar de autoria”: outros olhares sobre a produção de livros didáticos | Adriana Soares Ralejo | 181-199
- Ensino de História e desenvolvimento do pensamento histórico nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental | Eleta Carvalho Freire, Dayse Kássia Silva Amorim, Laís Almeida Souza 200-225 | A invisibilidade da cultura negra brasileira através do discurso da “mestiçagem” | Bruno Marcelo de Souza Costa, Paulo Jorge Martins Nunes, Piedade Lino Videira, Elivaldo Serrão Custódio | 226-243
- O ensino híbrido nas aulas de História nos Anos Finais do Ensino Fundamental: impactos e transformações no processo de aprendizagem | Samanta Trivilin Comiotto | 244-260
- As religiões afrodescendentes no ensino de História: a série Mojubá, contribuindo para uma educação antirracista | Caio Isidoro Silva | 261-281
- O Ensino de História para a Educação de Jovens e Adultos na ANPUH-Brasil (1961-2015) | Claudia Smuk da Rocha, Iône Inês Pinsson Slongo | 332-356 | História da Educação | Breve História do Brasil: a influência do Ratio Studiorum na escrita de padre Raphael M. Galanti | Ligia Bahia de Mendonça | 282-303
- Jornal Formação como meio de atuação do Centro Estudantal Campinense (1936/1953) | Ajanayr Michelly Sobral Santana, Lia Machado Fiuza Fialho, Charliton José dos Santos Machado | 304-331
Expediente | 35
História & Ensino. Londrina, v. 25, n. 2, 2019.
Sumário
- Editorial | Ronaldo Cardoso Alves | 5-6 | Apresentação | Apresentação | Ronaldo Cardoso Alves | 7-12
Artigos
- A imprensa escrita como afirmação do discurso docente: práticas para o ensino de História | Regina Beatriz Guimarães Neto, Jonathas Duarte Oliveira de Souza | 13-34
- Didática do Ensino Superior e a Lei 10.639/03 nos cursos de História do Ceará | Joselina da Silva, Angela Maria Bessa Linhares, Adriano Ferreira de Paulo | 35-57
- Cidadania, democracia e saber escolar na legislação do Ensino Médio no Brasil | Mauro Cezar Coelho, Rafael da Silva Saldanha | 59-82
- Conhecimento histórico, Ditadura Civil Militar e Democracia : o que pensam alunos do Ensino Médio | Maria Cristina Dantas Pina, Maria Alessandra dos Santos Aquino | 83-113
- Sob o falso prestígio do maravilhoso: o ensino de história nos pareceres da Instrução Pública de 1883 | Ane Luise Silva Mecenas Santos, Cristiano Ferronato | 115-137
- O ensino de história na Era Digital: a inclusão como possibilidade real. O caso dos NTE e NTM em Mossoró-RN | Paulo Augusto Tamanini, Maria do Socorro Souza | 139-166
- Ensino de história e sensibilidade: o ver, o ouvir e o imaginar nas aulas de História | Azemar dos Santos Soares Júnior | 167-190
- Modos de aprender a ensinar sobre Gênero nas aulas de História: apontamentos sobre os relatos de experiências do PIBID/UNIFAL (2015-2016). | Leonara Lacerda Delfino | 191-216
- A ditadura militar narrada nos livros didáticos de história | Osvaldo Rodrigues Junior, Leticia Seba | 217-237
- Pesquisas na área do ensino da história e o software IBM SPSS Statistics: limites e possibilidades no diagnóstico do conhecimento histórico escolar em grande escala | Wilian Carlos Cipriani Barom | 239-268
- A sala de aula no arquivo: análise de uma experiência no Arquivo Público do Estado de São Paulo com alunos da Educação Básica | Stanley Plácido da Rosa Silva, Andresa Cristina Oliver Barbosa | 269-296
- Tinha uma pedra: interlocuções entre o ensino de história e a história pública na implementação da lei 11.645-08 | Maria de Fátima Barbosa Pires | 297-324
- A morte e a morte de Quincas Berro D’água, história e literatura: diálogos, singularidades e possibilidades de análise | Anderson Teixeira Renzcherchen, Silvéria da Aparecida Ferreira | 325-345
- Juventude e contracultura: investigações sobre a consciência histórica de alunos da rede pública e privada | Ruhama Sabião | 347-372
- Um campo de possibilidades: práticas de Ensino de História no Cemitério São João Batista de Guarabira- PB | Paulo Hipólito | 373-400 | Laboratório (artigo) | Panorama da escrita sobre a história e ensino no Brasil Central (2011-2016) | Dennis Rodrigo Damasceno Fernandes | 401-428
- Construção do conhecimento histórico na Escola | Matheus Mendanha Cruz | 429-448
- A identidade indígena brasileira por meio das imagens do livro didático de história | Nádia Narcisa de Brito Santos | 449-473
Resenhas
- História: demandas e desafios do tempo presente – Produção Acadêmica, Ensino de História e Formação Docente | Karla Andrezza Vieira | 475-480 |
Expediente H&E v. 25, n. 2 | 481-482 |
História & Ensino. Londrina, v. 25, n. 1, 2019.
Sumário
Apresentação
- Apresentação – Ronaldo Cardoso Alves | 5-11
Artigos
- Cem anos: livro escolar de História do Brasil (1808-1908) | Maria Inês Sucupira Stamatto | 13-40
- Religiosidades: uma análise de duas coleções de livros didáticos do ensino público Brasileiro | Elison Antonio Paim, Guilherme Braunsperger de Lima Vieira | 41-69
- De boas intenções o inferno está cheio: as metodologias de ensino nos livros didáticos de História | Olavo Pereira Soares, Juliana Renata Miguel Monteiro | 71-96
- Livro didático do PNLD campo: considerações sobre ensino de História em escolas localizadas no campo | Rita de Cássia Gonçalves, Geyso Dongley Germinari | 97-118
- A análise das representações e narrativas sobre a História e Cultura Africana e Afro-Brasileira em livros didáticos do ensino médio em Cuiabá/MT | Jaqueline Ap. M. Zarbato | 119-138
- Material didático do Programa NEJA: tensões entre possibilidades emancipatórias e currículo prescritivo no trabalho docente em História | Alessandra Nicodemos, Débora Petrillo Grasso Flor | 139-157
- O que aconteceu com as pessoas? a ditadura nos livros didáticos de História | Juliana Pirola da Conceição Balestra, Rogério Anderson Silva | 159-182
- Percepções acerca do ensino e aprendizagem em História: uma análise sobre a temporalidade e o livro didático | Flávio Batista dos Santos | 183-202
- O protagonismo indígena nas aulas de História: problemas e desafios no livro didático. | Francis Mary Soares Correia da Rosa | 203-226
- Por que e para quê ensinar História? | Maria Terezinha Bellanda Galuch, Cleonice Aparecida Raphael da Silva | 227-252
- Quilombo, identidade e educação escolar: o ensino de História na escola David Miranda em Santana-Amapá | Elivaldo Serrão Custódio, Eugénia da Luz Silva Foster, Silvaney Rubens Alves de Souza | 253-277
- Fotografia, tempo e ensino de História: articulações para uma aprendizagem significativa | Katani Monteiro Ruffato, Lara Moncay Reginato | 279-304
- Porque vocês não sabem do lixo ocidental: ensino de história da educação e a “questão do outro” | Ana Luiza Jesus Costa | 305-332
- O uso de documentos históricos em sala de aula: impactos sociais da Crise de 1929 pelas lentes do fotojornalismo | Daniel Precioso | 333-351
- A Ditadura de 1964-1985 na iniciação à docência: o ensino entre o dever de memória e as disputas midiáticas | Walter Francisco Figueiredo Lowande, Vinícius Pedro Fonseca, Pedro Otávio Carvalho Fernandes | 353-372
- A Universidade, o Museu e a Escola: o ensino de História e o viés extensionista | Érika Oliveira Amorim, Luciana do Carmo Narciso, Thaise Oliveira Paula | 373-389 | História da Educação | Um estudo sobre intelecto, livre arbítrio e virtudes no campo da História da Educação Medieval | Terezinha Oliveira, Ana Paula dos Santos Viana | 391-408
- Estratégias e táticas na docência da disciplina estudo de problemas brasileiros durante a Ditadura Civil-Militar na Universidade Federal do Paraná (1971-1984) | Rosa Lydia Teixeira Corrêa, Rudimar Gomes Bertotti | 409-425
- Eugenia, educação e saber médico: o discurso eugênico na I Conferência Nacional de Educação (1927) | Alexandre Alves, Audrei Rodrigo da Conceição Pizolati | 427-451
- Por entre narrativas e documentos escritos: uma História da escola primária no Sul de Sergipe (1930-1960) | Raylane Andreza Dias Navrro Barreto, Laísa Dias Santos | 453-483
- História e ensino durante a Ditadura Militar no Brasil: uma reflexão a partir das memórias de um professor adventista (1954-1982) | Janaina Silva Xavier, Jonathan Contrera Ávila, Pâmela Silveira da Silva, Willian Batista dos Santos Junior | 485-508 | História nos Anos Iniciais | Seleção e os usos dos livros didáticos de História para os anos iniciais do ensino fundamental: algumas questões a partir do olhar de duas professoras | Cristiani Bereta da Silva, David de Souza João | 509-528
- O PNLD e a educação em Direitos Humanos: da definição dos critérios de avaliação à inserção nas coleções de História | Aléxia Padua Franco, Emilene Júlia da Silva Freitas Carvalho | 529-559
Resenhas
- Livros didáticos de história: entre políticas e narrativas. Rocha, Helenice; Reznik, Luis e Magalhães, Marcelo de Souza (org). Rio de Janeiro, FGV, 2017. | Erinaldo Vicente Cavalcanti | 561-569 | Laboratório (artigo) | O ensino de História Antiga em debate: educação com pluralidade ou tradicionalismo acadêmico? | Matheus Vargas de Souza | 571-588 |
Expediente | 589-590
História & Ensino. Londrina, v. 24, n. 2, 2018.
Sumário
Editorial |Ronaldo Cardoso Alves | 5-11
Apresentação
- Dossiê – Livro Didático de História: conhecimento histórico e Didática da História no mundo contemporâneo | Marlene Rosa Cainelli, Sandra Regina Ferreira de Oliveira | 13-28
Autor(a) Convidado(a)
- A Cognição Histórica Situada e os critérios de avaliação de Manuais Didáticos no Brasil | Maria Auxiliadora Schmidt | 29-53
Dossiê
- O conceito “Escravidão” nos Manuais Didáticos de História: diálogos, itinerários e narrativas em Brasil e Portugal | Ana Paula Squinelo, Glória Solé, Isabel Barca | 55-86
- O que ensinam e como ensinam os Livros Didáticos de História para os adolescentes? Uma experiência de leitura crítica do Guia de Livros Didáticos de História – Anos Finais do Ensino Fundamental (PNLD 2017) | Daniela Casoni Moscato | 87-106
- Livro didático e imagens: uma análise no Instituto Federal do Maranhão | Delcineide Maria Ferreira Segadilha, David Silva Dias | 107-133
- Livros Didáticos e Epistemologia da História: perspectivas e abordagens do Conhecimento Histórico na Cultura Escolar | Éder Cristiano de Souza | 135-161
- Apropriações do tempo presente no Livro Didático de História: o caso das Jornadas de junho de 2013 | Flavia Eloisa Caimi, Letícia Mistura | 163-195
- Narrativas de Professoras sobre textos impressos e virtuais no Ensino de História para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental | Magda Madalena Tuma, Kátia Maria Abud | 197-216
- Livro didático, currículo escolar e história pública: futuro do pretérito | Márcia Elisa Teté Ramos | 217-259
- A ideia de pátria nos livros didáticos aritmética elementar – Livro 1 e Nossa Pátria | Rosa Lydia Teixeira Corrêa, Roberto João Eissler, Denilson Roberto Schena | 261-285
- O Programa Nacional do Livro Didático e o processo de constituição de uma didática da história para os anos iniciais | Tiago Costa Sanches | 287-311
- O Ensino de História Regional no Livro Didático de Mato Grosso do Sul (2005) | Vivianny Bessão de Assis, Dennis Rodrigo Damasceno Fernandes | 313-336
- Livros Didáticos, História Pública e o conhecimento histórico produzido sobre o Judeu no Brasil: diálogos e perspectivas | Helena Ragusa | 337-361
- Livro didático público de história do estado do paraná: relações entre ensino, pesquisa e formação de professores | Sueli de Fátima Dias, Siumara Sagati, Fábio de Oliveira Cardoso, Altair Bonini | 363-380
- A “História Nova do Brasil” enquanto lugar de memória e Livro Didático e Político | Tiago Conte | 381-399
Entrevista
- Com a palavra, os Autores: os desafios na produção de Livros Didáticos de História | Ana Beatriz Accorsi Thomson | 401-409
Expediente | 411-412
História & Ensino. Londrina, v. 23, n. 2, 2017.
Sumário
Apresentação – Ronaldo Cardoso Alves | 5-9
Artigos
- A aula-oficina como campo metodológico para a formação de professores em História: um estudo sobre o PIBID/História/UEL | Marlene Rosa Cainelli, Elizabete Cristina de Souza Tomazini | 11-33
- Ensino de história e cidadania: uma proposta de análise das instituições escolares na perspectiva do interacionismo simbólico | Rivail Carvalho Rolim | 35-58
- La prueba de acceso a la Universidad como reguladora del proceso de enseñanza/aprendizaje de Historia | María del Mar Bernabé Villodre (ESPAÑOL (ESPAÑA)) | 59-83
- História indígena no período republicano e os livros didáticos de História: uma reflexão necessária | André Luis Bertelli Duarte, Felipe Cesar Peres Tedeschi | 85-108
- As concepções de professores do ensino fundamental II sobre a idade média: uma análise sob a ótica da educação histórica | Max Lanio Martins Pina, Janaína Bernardes Silva | 109-131
História da Educação
- O “Madre Benícia” nas memórias de uma professora: o álbum de recordações de Cléris Becker | José Edimar Souza | 133-154
História nos Anos Iniciais
- A Independência do Brasil nos livros didáticos para crianças: uma análise da produção didática entre as décadas de 1970 e 2000 | Sandra Regina Ferreira de Oliveira, Luciana Fernandes de Aquino | 155-180
- Temporalidade (s) na historiografia didática: notas sobre o ensino de história e cultura indígena no município de Maringá (2014-2016) | João Paulo Pereira Coelho, Maria Aparecida Leopoldino, Daniella Castellini Nunes | 181-205
Laboratório (artigo)
- Estágio supervisionado em História: as vivências, desafios e possibilidades do graduando na prática docente | Ruhama Sabião | 207-229
Resenhas
- A responsabilidade social do ensino de História | Maria Andréa Angelotti Carmo | 231-237
- Resenha: Patrimônio cultural e ensino de história | Ana Maria Nogueira Oliveira | 239-241
- Terra, Educação e Imigração: uma escola na colônia de alemães no interior do Estado de São Paulo | Thiago Henrique Sampaio | 243-247
Expediente – | 249-250 |
História & Ensino. Londrina, v. 23, n. 1, 2017.
Sumário
- Editorial | Ronaldo Cardoso Alves | 5-6
Apresentação
- Apresentação | Ronaldo Cardoso Alves | 7-9
Artigos
- Um lugar na História para a Didática da História | Luis Fernando Cerri | 11-30
- Educação patrimonial e aprendizagem histórica: percursos epistemológicos na história ensinada | Jaqueline Aparecida Martins Zarbato | 31-55
- O papel da História na formação moral do educando segundo Kant | Renata Cristina Lopes Andrade | 57-70
- Iconografia Pictórica Histórica e seu diálogo com o Ensino de História | Jucilmara Luiza Loos Vieira | 71-96
- Representações sociais sobre o trabalho docente: concepções de cidadania de professores da rede estadual de MG no ano de 2014 | Doan Ricardo Neves da Cruz | 97-112
- Lobo em pele de cordeiro: novas roupagens e velhas atitudes no Ensino de História proposto pela BNCC | Henrique Ferreira Pacini | 113-138
- Considerações sobre a história das Áfricas no estágio supervisionado de História (2000-2006, UDESC) | Maíra Pires Andrade | 139-158
- Ensino de História para alunos surdos: práticas educacionais em Escola Pública de Educação de Surdos de São Paulo | Carlos Cesar Almeida Furquim Pereira | 159-172 |
Expediente | 173-174 |
História & Ensino. Londrina, v. 22, n. 1, 2016.
Sumário
Artigos | História na Base Nacional Comum Curricular: déjà vu e novos dilemas no século XXI | Jean Carlos Moreno | 07-27
- O Museu em processo: oralidades no uso pedagógico do Museu de Artes e Ofícios em Belo Horizonte/MG | Jezulino Lucio Mendes Braga | 29-49
- Representações de docentes de história sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira na educação básica | Delton Aparecido Felipe | 51-70
- As publicações do projeto Jovens e a História (2007–2014): Metodologia, conceitos, temáticas, abordagens e algumas conclusões | Wilian Carlos Cipriani Barom | 71-90
- A história do ensino de história no Brasil da última década | Rafaela Paiva Costa | 91-107
- Um silêncio historiográfico: o livro didático regional e as pesquisas acadêmicas | Danielle da Silva Ferreira | 109-125
- A polêmica História Nova do Brasil: um projeto de vanguarda derrotado politicamente | Vanessa Clemente Cardoso | 127-154
História da Educação
- História e educação: a pedagogia e os primórdios da educação em Marília-SP | Luana Silva Souza | 155-175
Fundamentos da Educação
- Bertrand Russell e a cura dos provincialismos por meio do ensino da história | Júlio César Augusto do Valle | 177-200
Laboratório (artigo)
- Salas de cinema em Londrina: conhecimentos prévios e o uso da “Folha de Londrina” para o estudo do Cine Ouro Verde | Matheus Henrique Marques Sussai | 201-221
Divulgação | Projeto Zorzal: um site para o ensino da história latino-americana | Ernesto Bohoslavsky, María Paula González | 223-227
Expediente – 22, n. 1, 2016 | 229 |
História & Ensino. Londrina, v. 21, n. 2, 2015.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos | 5
Apresentação
- Os lugares de formação de professores de história em questão: dilemas, impasses e desafios para o século XXI | Wilma de Nazaré Baía Coelho, Renilson Rosa Ribeiro | 7-11
- Ensino, história e educação com/sem convergências | Carlos Augusto Lima Ferreira, Marcella Albaine Farias da Costa | 13-30
- Viver e pensar a docência em história diante das demandas sociais e identitárias do século XXI | Nilton Mullet Pereira, Carla Beatriz Meinerz, Caroline Pacievitch | 31-53
- A formação do docente em história como profissional do magistério da educação básica | Crislane Azevedo | 55-82
- Aula de história: evento, ideia e escrita | Helenice Aparecida Bastos Rocha | 83-103
- O que precisa saber um professor de história? | Flávia Eloísa Caimi | 105-124
- Professores de história iniciantes: entre saberes e práticas | Osvaldo Mariotto Cerezer, Selva Guimarães | 125-150
- Entre textos e práticas: ensino de história, instituição escolar e formação docente | Renilson Rosa Ribeiro | 151-179
- Lugar de formação: a produção intelectual discente sobre ensino de história na pós-graduação stricto sensu na região norte | Mauro Cezar Coelho, Wilma de Nazaré Baía Coelho | 181-207
- A produção de lugares na formação docente: experiências no Laboratório de Ensino de História da UFGD | Nauk Maria de Jesus, Fernando Perli | 209-234
- Entre expectativas e experiências: a gênese do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Didática da História (LEPEDIH) da UNESP/Assis | Ronaldo Cardoso Alves | 235-264
Artigos
- Estágio curricular supervisionado em história – PARFOR – UNOCHAPECÓ: limites e possibilidades | Maria de Lurdes Pertile, Sandra Agostini | 265-282
- Entre teoria e prática: a formação docente e a apropriação da lei 10.639/2003 no cotidiano escolar | Ednalva da Conceição Dias, Adriano Cecatto | 283-306
- A formação do professor de história e os desafios contemporâneos | Francisco Gleison da Costa Monteiro, Valdécio Sá Rocha | 307-324
- Olhares sobre a cidade: um olhar sobre o casario antigo de Cachoeiro de Itapemirim | Adilson Silva Santos | 325-342
- Autoetnografia na pesquisa em educação histórica um desafio autonarrado | Lisiane Sales Rodrigues, Fernando Jaime González | 343-361
Expediente 21, n. 2, 2015 | 36 |
História & Ensino. Londrina, v. 21, n. 1, 2015.
Sumário
Apresentação – Márcia Elisa Teté Ramos | 5-8
Artigos
- Enfoque sobre competências no ensino de história na argentina: análise a partir do novo paradigma educativo de “história a debate” | Mariela Coudannes Aguirre (ESPAÑOL (ESPAÑA)) | 9-27
- Inclusão de história de mulheres no novo paradigma de história da educação: análise e de ensino propostas curriculares | Carmen Suárez Suárez, Sonia García Galán (ESPAÑOL (ESPAÑA)) | 29-56
- Abrindo as portas da história: proposta de “historia a debate” para um novo paradigma didático | Domingo Marrero Urbín (ESPAÑOL (ESPAÑA)) | 57-82
- Iconografia pictórica histórica: a produção de evidências e a aprendizagem histórica | Jucilmara Luiza Loos Vieira, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt | 83-113
- Fotografia e escravidão: uma proposta de utilização da produção de Victor Frond no ensino de história | Amanda Camargo Pereira, Jean Carlos Moreno | 115-133
- Por uma educação ambiental: representações da natureza no livro didático história | Alexandra Lima da Silva, Tulasi Krishnadasi dos Santos Branco | 135-148
- História e memória: pesquisa-ação-participativa no ensino da História Local | Soeli Regina Lima | 149-172
- Seminários de ensino de história: experiência de integração entre ensino, pesquisa e extensão na UFRB | Leandro Antonio Almeida | 173-198
- Leitura dos textos históricos em sala de aula | Luisa Teixeira Andrade | 199-228
- Os desafios da valorização da memória e história local em Cambira (PR) a partir do estudo das interações sociais nos limites paroquiais | Alessandro Arzani | 229-252
- Educação patrimonial e ensino de história na Ilha do Mel | Evandro Cardoso do Nascimento | 253-269
Laboratório (artigo)
- História em conflito: discutindo os conceitos e preconceitos da história com os docentes recém-formados pela UEPB – Campus III | Paulo Gracino | 271-287
- As histórias, os sujeitos, as narrativas: uma análise do regime fascista nos livros didáticos | Ana Paula Rodrigues Carvalho | 289-306
Expediente v. 21, n. 1, 2015 | 307 |
História & Ensino. Londrina, 20, n. 2, 2014.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos, Marlene Rosa Cainelli | 05-06
Artigos
- Especialistas e amadores da ciência histórica: a criação do curso de mestrado em história da UFPR, em 1972 | Bruno Flávio Lontra Fagundes | 07-29
- As contribuições do subprojeto PIBID/história da UNICENTRO para a profissionalização docente, Irati-PR (2012-2014) | Claércio Ivan Schneider, Silvéria Aparecida Ferreira | 31-58
- Cantando o Brasil pós-64: revisitando algumas discussões sobre música e ensino de história | Maria de Fátima da Cunha | 59-86
- Cultura afro-brasileira: um olhar docente da educação básica de Cruz Alta | Vânia Oliveira Freitas, Aristeu Castilhos da Rocha | 87-103
- Cultura: noções e apropriações na escrita didática da História | Washington Tourinho Júnior | 105-128
- Formação dos professores de história: educação histórica, pesquisa e produção de conhecimento | Adriane Quadros Sobanski | 129-142
História da Educação
- Da memória nasce a história: clio e a narrativa do nascimento da escola de polícia dos gaúchos | Daltro Lucena Ulguim | 143-169
Fundamentos da Educação
- As borboletas de Zagorski: uma análise de princípios da defectologia vigotskiana | Andréa Fabiane Machado Diniz | 171-189
História nos Anos Iniciais
- Vestígios e memórias: História Local e o ensino de história nos anos iniciais do Ensino Fundamental | Clarice Bianchezzi, Arlene Medeiros Coelho, Denise Costa da Silva, Érica de Souza e Souza | 191-209
Laboratório (artigo)
- Imaginando o passado… A construção de desenhos como forma de aproximar os alunos do “outro”, distante no tempo e no espaço | Maria Luiza Galle Lopedote | 211-227
Expediente v. 20, n. 2, 2014 | 22 |
História & Ensino. Londrina, v. 20, n. 1, 2014.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos, Marlene Rosa Cainelli | 5-6
Artigos
- Potencialidades didáticas da literatura infantil de ficção histórica no ensino de história: um estudo com alunos portugueses do 6º ano do Ensino Básico | Glória Solé, Diana Reis, Andreia Machado | 7-34
- Formar-se professor, refletir sobre a prática: algumas questões sobre estágio supervisionado em história | Geni Rosa Duarte | 35-54
- As sonoridades e ruídos de clio: os usos e abusos da música nas aulas de história | Cláudia Crisitina da Silva Fontineles, Pedro Pio Fontineles Filho | 55-82
- Das resistências ao ensino escolar de história da África: algumas considerações | José Henrique Rollo Gonçalves | 83-100
- PIBID e formação docente em história: possibilidades e contribuições | Ordália Cristina Gonçalves Araújo | 101-121
- A constituição histórica do trabalho docente no período militar | Kamylla Pereira Borges | 123-141
- O ensino de história e a formação cidadã dos jovens: um estudo em uma escola pública de Ituiutaba, MG, Brasil | Astrogildo Fernandes Silva Júnior, Camilla Aparecida Nogueira Santos | 143-169
- As apropriações do saber histórico por meio do livro didático de história da rede salesiana de escola | Geane Kantovitz | 171-195
- Notas sobre ensino de história e currículo: reflexões sobre o conhecimento histórico no Ensino Fundamental. Uberlândia-MG. (2000 – 2010) | Regina Ilka Vieira Vasconcelos, Artur Nogueira Santos e Costa | 197-221
- Histórias em quadrinhos no ensino da pré-história: relato de experiência | Geraldo Magella de Menezes Neto | 223-242
Laboratório (artigo)
- História e cinema na infância: a história dos povos indígenas e o ensino da linguagem cinematográfica na escola | Artur Alves da Silva | 243-270
Expediente v. 20, n. 2 (2014) | 271 |
História & Ensino. Londrina, v. 19, n. 1, 2013.
Sumário
- Editorial | Márcia Elisa Teté Ramos | 06
Artigos
- La enseñanza del “tiempo histórico”. Problemas y propuestas didácticas | Gerardo Mora, Rosa Ortiz Paz | 07-25
- O historiador na reflexão didática | Luis Fernando Cerri | 27-47
- História e Vida: o encontro epistemológico entre Didática da História e Educação Histórica | Ronaldo Cardoso Alves | 49-69
- Reflexões sobre a Práxis: as vivências no Estágio Supervisionado em História | Aristeu Castilhos da Rocha, Maria Catharina Lima Pozzebon | 71-98
- Um caderno, uma tese e algumas histórias sobre o ensino acadêmico de história | João Paulo Gama Oliveira | 99-117
- Ensino de história e currículo: relações entre diretrizes, parâmetros, conteúdos e conhecimento histórico na sala de aula de escolas públicas do ensino fundamental. Uberlândia-MG (2000-2010) | Artur Nogueira Santos e Costa, Regina Ilka Vieira Vasconcelos | 119-142
- O ensino da história local e itinerários sobre a disciplina Tópicos de História da Educação em Alagoas: diálogos possíveis | Roseane Maria Amorim, Ângela Maria dos Santos | 143-162
- O processo de organização da instrução pública patense no contexto republicano de 1892-1928 | Andréa Fabiane Machado Diniz | 163-194
Autor(a) Convidado(a)
- Estratégias de ensino da história e dos Estudos Sociais no 1º Ciclo do Ensino Básico | Gonçalo Marques, Ana Barroso, Ana Carolina Pereira, Carla Joana Matos, Filipa Machado, Marlene Pereira | 195-220
Tradução
- O ensino da história e o pacto de cidadania: questões e problemas | Érica da Silva Xavier | 221-245
Laboratório (artigo)
- A violência discutida na Educação Básica: o Malleus Maleficarum como documento histórico | João Davi Avelar Pires | 247-261
Expediente v. 19, n. 1, 2013 | 26 |
História & Ensino. Londrina, v. 18, n. 2, 2012.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos | 05
Artigos
- Propostas de ensino da história e expectativas de aprendizagem na reorientação curricular em São Paulo | André Luiz Paulilo | 07-41
- A educação piauiense em tempos de Fundef: entre as promessas e as inovações | Claudia Cristina da Silva Fontineles, Marcelo de Sousa Neto | 43-76
- A constituição do campo de pesquisa em ensino/aprendizagem histórica pela revista História & Ensino | Márcia Elisa Teté Ramos | 77-102
- A “hora da história”: memórias e possibilidades no currículo da escola multisseriada (Novo Hamburgo/RS – 1952/1969) | José Edimar de Souza | 103-124
- História local e identidade: um estudo de caso na perspectiva da Educação Histórica | Geyso Germinari, Gerson Buczenko | 125-142
- O ensino de história no Brasil na transição da quarta para quinta série: tensões e perspectivas | Lidiane Camila Lourençato, Marlene Rosa Cainelli, Talyta da Silva Selari | 143-160
- “Para as crianças e homens simples do povo”: uma análise a partir dos livros didáticos de história do Brasil | Alexandra Lima da Silva | 161-178
- O uso de fontes no ensino de história: o livro Úrsula de Maria Firmina dos Reis na busca pelo escravo real. | Janaína dos Santos Correia | 179-201
- Ensino de história: na busca de novas atuações, abordagens e perspectivas | Josiane Alves da Silveira | 203-232
- A concepção de Ensino de História presente nos planos de ensino dos licenciandos em História da USP | Murilo José de Resende | 233-247
Autor(a) Convidado(a)
- Formação geral: Bildung na Alemanha | Sylvia Ewel Lenz | 249-280
Tradução
- Cultura: universalismo, relativismo ou o que mais? | Daniel Carlos Knoll, Pedro Lazaro dos Santos | 281-291
Laboratório (artigo)
- Uma experiência de utilização da Revista Virtual de História da Biblioteca Nacional no estudo de tópicos de História do Brasil colonial | Laura Nogueira Oliveira | 293-304
Resenhas
- A História, sua escrita e seu ensino | Diogo da Silva Roiz | 305-308
Expediente – História & Ensino, Londrina, v. 18, n. , jul./dez. 2012 | 309 |
História & Ensino. Londrina, v. 18, 2012. | Edição Especial – PIBID
Artigos acadêmicos produzidos pela experiência e reflexão dos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID do curso de História (orientação Profª Drª Marlene Cainelli) e Pedagogia (orientação Profª Drª Sandra Regina de Oliveira) da UEL.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos | 5
Artigos
- O uso de HQ para o ensino de conceitos históricos de segunda ordem | Brayan Lee Thompsom Ávila, Anne Isabelle Vituri Berbert | 07-30
- Novela em sala de aula: a utilização de “Escrava Isaura” em uma proposta de aula-oficina | Henrique Bresciani | 31-53
- As transformações no calçadão de Londrina: elementos para a construção de identidade | Silvana Muniz Guedes | 55-72
- Aula-oficina: a música como proposta de produção de conhecimento histórico com os alunos | Jemima Fernandes Simongini, Marcela Taveira Cordeiro | 73-94
- Para além do lazer: a utilização do filme como recurso didático em sala de aula | Aline Apolinário Furtunato, Cinthia Torres Aranha | 95-109
- A música e a Ditadura Militar: como trabalhar com letras de música enquanto documento histórico | Bruno Paviani, Thaisa Lopes Ferreira | 111-130
- Aula-oficina: uma proposta de utilização de documentos históricos em sala de aula | Amábile Sperandio, Ana Paula Anunciação | 131-156
- Andanças pela Rua Sergipe | Kenya Vieira de Souza e Silva, Vanessa Duarte, Carolina Rodrigues de Carvalho, Sirlei Borrasca de Brito | 157-173
Expediente – v.18, Especial – PIBID, 2012 | 175 |
História & Ensino. Londrina, v. 18, n. 1, 2012.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos | 05
Artigos
- Ensinar e aprender história com lições e testes Moodle | Armando Augusto Oliveira | 07-25
- RPG (Role Playing Game): notas para o ensino-aprendizagem de História | Sérgio Paulo Morais, Rafael Rocha | 27-47
- Conhecimento e aprendizagem histórica: tensões entre as perspectivas da transposição didática e da literacia histórica a partir da experiência de professores | André Luiz Batista Silva | 49-69
- Apontamentos sobre a produção do conhecimento científico e a construção do conceito de historicidade | Carlos Bauer | 71-87
- “Aprendi a Pensar que Música Também é História” A Canção Vai à Escola: Perspectivas da Educação Histórica | Luciano de Azambuja, Maria Auxiliadora Schmidt | 89-112
- O ensino de história e as políticas governamentais para a distribuição dos manuais escolares | Júlia Silveira Matos | 113-139
- O “negro” no livro didático de história do Ensino Médio e a Lei 10.639/03. | Fernando Santos Jesus | 141-171
- Fontes no ensino de história da educação: uma discussão sobre construção do conhecimento. | Hardalla Santos do Valle | 173-186
Autor(a) Convidado(a)
- Interpretação de fontes patrimoniais em Educação Histórica | Helena Pinto | 187-218
Tradução
O modelo da Educação Histórica: experiência de inovação para a educação básica. | Gerardo Mora, Rosa Ortiz Paz | 219-237
Laboratório (artigo)
- A música como recurso pedagógico: a representação dos bombardeios aéreos da 2ª guerra mundial nas letras de heavy metal | Caroline Loise Dähne, Jonathan de Oliveira Molar | 239-257
Expediente – História & Ensino, Londrina, v. 18, n. 1, jan./jun. 2012 | 259 |
História & Ensino. Londrina, v. 17, n. 2, 2011.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos | 217
Artigos
- Diálogos com o cavaleiro inexistente: o ensino de história enquanto campo de pesquisa | André Victor Cavalcanti Seal da Cunha | 219-234
- As crônicas coloniais no ensino de história da América | Susane Rodrigues de Oliveira | 235-256
- Empatia histórica em sala de aula: relato e análise de uma prática complementar de se ensinar/aprender a história | Breno Gontijo Andrade, Gilmar Rodrigues Junior, Alexis Nascimento Araújo, Júnia Sales Pereira | 257-282
- Os caminhos da institucionalização do ensino superior de história | Norma Lucia da Silva, Marieta de Moraes Ferreira | 283-306
- Discursos em campo: Moacyr versus Zumbi ou quem é o quê no Ceará | Silviana Fernandes Mariz | 307-325
- Da colônia à reforma Francisco Campos (1931): análise histórica do ensino secundário no Brasil | Pedro Ernesto Fagundes | 327-338
- História e investigação na escola: a experiência de formação do professor-pesquisador | Crislaine Barbosa de Azevedo | 339-359
- “Ela só quer, só pensa em namorar”: considerações iniciais de pesquisa sobre a produção de corpos femininos na revista Capricho | Flávia Mantovani | 361-381
- Os sentidos no ensino de história | Aline Machado Krause, Gabriel Vinicius Vieira | 383-401
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.17, n.2, jul./dez. 2011 | 403 |
História & Ensino. Londrina, v. 17, n. 1, 2011.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos | 5
Artigos
- Livros didáticos e ensino de história: a Idade Média nos manuais escolares do Ensino Fundamental | Edlene Silva | 7-31
- A entrevista mediada como estratégia metodológica no ensino de história | Wilian Carlos Cipriani Barom | 33-54
- O ensino de história no ensino médio em escolas integrantes do programa universidade-escola da Unochapecó | Elison Antonio Paim, Alan Kaufmann de Mattos, Anderson Poli, Anderson Silva, Aline Maisa Lubenow, Álisson Domingos Prior, André Detoni, Daniel Dalla Zen, Eny D. Pereira, Raquel Reis, Daniel Dalla Zen, Rodrigo Brivio | 55-76
- A história dos cristãos-novos no Brasil colonial: escrita e representações nos livros didáticos nos últimos vinte anos | Helena Ragusa | 77-99
- Educação para a comunidade: algumas perspectivas para o ensino de história | Philippe Delfino Sartin | 101-121
- Conhecendo a cidade, descobrindo o olhar: uma experiência de educação patrimonial com história e fotografia | Maria das Graças de Andrade Leal | 123-147
- A história como jogo: contribuições de Michel Foucault para o ensino da história | Luciano Rocha Pinto | 149-165
- História e memória em sala de aula: as ideias dos alunos sobre as manipulações fotográficas no governo de Stálin (1923-1954) | Andreya Susane Seiffert | 167-181
- Cultura Negra em Blumenau: problematizando identidade e diferença na sala de aula | Carla Fernanda da Silva, Ricardo Machado | 183-193
- A concepção de ensino pensada por Roberto Mange – a formação de mão de obra SENAI: a escola do SENAI – PR | Desirê Luciane Dominschek | 195-210
Expediente – História & Ensino, Londrina, v. 17, n. 1, jan./jun. 2011 | 211 |
História & Ensino. Londrina, v. 16, n. 1, 2010.
Sumário
Editorial |Márcia Elisa Teté Ramos | 5
Artigos
- Leitores e leituras em aulas de história: professores, alunos e a inventividade sobre o livro didático | Jeferson Rodrigo da Silva | 7-23
- O que o cinema pode ensinar sobre a história? Ideias de jovens alunos sobre a relação entre filmes e aprendizagem histórica | Éder Cristiano de Souza | 25-39
- A Lei nº 10639/03: entre práticas e políticas curriculares | Rosemeire dos Santos | 41-59
- Didática da história como sub-disciplina da ciência histórica | Rafael Saddi | 61-80
- O ensino de história nas séries iniciais do ensino fundamental: a apropriação do livro didático | Susana Barbosa Ribeiro Bernardo | 81-98
- Imaginação histórica e sala de aula: um estudo de caso e uma possibilidade teórica | Rafael Aparecido Monpean, Yasmin Carli Albino | 99-112
- Manual escolar: guia de estudo ou prática de competências? Estudo com professores e alunos do ensino secundário | Maria Isabel Afonso | 113-126
- Significado de laboratórios de ensino de história de ies públicas sob a concepção da didática da história e educação histórica | Marilu Favarin Marin | 127-141
Expediente – História & Ensino, Londrina, v. 16, n. 1, 2010 | 143
História & Ensino. Londrina, v.15, 2009.
Sumário
Apresentação – Marcia Elisa Tete Ramos | 5-8
Artigos
- Literacia histórica: um desafio para a educação histórica no século XXI | Maria Auxiliadora Schmidt | 9-21
- O ensino de história regional nos anos iniciais da educação básica | Elison Antonio Paim, Jussara Odete Correa | 23-37
- Caminhos percorridos e outros: a descobrir e a percorrer | Ernesta Zamboni | 39-50
- Memórias e práticas no ensino e pesquisa de história | Helenice Ciampi | 51-66
- Do conteúdo à recepção: o guia do livro didático de história (2005/2008) | Júlia Helena Simões Moreira, Júnia Sales Pereira | 67-83
- Tempo histórico e cronologia: o conhecido e o ensinado por professoras dos anos iniciais | Magda Madalena Tuma | 85-102
- Cinema e ensino de história: propaganda e crítica em outubro e o triunfo da vontade | Marcos Silva | 103-117
- O ensino de história, a memória e o patrimônio cultural | Margarida Maria Dias de Oliveira | 119-130
- Livros didáticos de história: o passado sempre presente | Maria Inês Sucupira Stamatto | 131-157
- Escrever e pensar historicamente: recursos cognitivos envolvidos com a produção textual | Maria Lima | 159-172
- A história ensinada no estágio supervisionado do curso de história: a aula expositiva como experiência narrativa | Marlene Rosa Cainelli | 173-181
- Pontes, jabuticabeiras, princípios pedagógicos e o ensino de história | Sandra Regina Ferreira de Oliveira | 183-196
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.15, 2009 |
História & Ensino. Londrina, v. 14, 2008.
Sumário
Apresentação Gilmar Arruda | 5-6
Artigos
- Ensinar a escrever sobre história | Ivo Matozzi | 7-28
- Os textos clássicos e o movimento da história | Aroldo Alcantara de Paula Souza | 29-52
- Concepções de tempo e ensino de história | Dilma Célia Mallard Scaldaferri | 53-69
- Aprendendo a ler, aprendendo a escrever história: o olhar das crianças na produção do conhecimento histórico | Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt, Tânia Maria Figueiredo Braga Garcia | 71-84
- O lugar da Prática de Ensino na formação inicial do professor de história: um estudo sobre o curso de história da UNESP, campus de Assis. | Mariana Reis Feitosa | 85-94
- O que dizem os professores sobre o sistema de cotas para negros nas universidades públicas | Lorene dos Santos, Lana Mara de Castro Siman | 95-114
- Sobre a cultura do tempo e o livro didático de história | Yara Cristina Alvim, Sonia Regina Miranda | 115-132
- A produção de narrativas históricas de alunos do ensino fundamental: um estudo exploratório | Osvaldo Rodrigues Júnior | 133-144
- Saber histórico de professores nas séries iniciais: algumas perspectivas de ensino em sala de aula | Marlene Cainelli, Tiago Costa Sanches | 145-155
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.14, 2008 |
História & Ensino. Londrina, v. 13, 2007.
Sumário
Apresentação – Gilmar Arruda
Artigos
- Indicios, lecturas indiciarias, estrategia indiciaria y saberes populares: una hipótesis sobre los límites de la racionalidad burguesa moderna | Carlos Antonio Aguirre Rojas | 9-44
- Abordagens sócio-históricas da formação dos profissionais da educação: um percurso pela literatura brasileira | Ana Lúcia da Costa Silveira | 45-62
- Educação e preservação de sítios arqueológicos | André Cabral Honor | 63-69
- Nos trilhos da cultura ferroviária: documentos de arquivo familiar no ensino de história | Daniel Augusto Arpelau Orta | 71-89
- O lúdico e o sério: experiências com jogos no ensino de história | Débora El-Jaick Andrade | 91-106
- Ensinar história regional e local no ensino médio: experiências e desafios | Elison Antonio Paim, Vanessa Picolli | 107-126
- A incorporação de outras linguagens ao ensino de história | Fabiana de Paula Guerra, Leudjane Michelle Viegas Diniz | 127-139
- Histórias do Brasil em quadrinhos: narrativas da participação do país na segunda guerra mundial | Francisco César Alves Ferraz, João Paulo Delgado Wolff | 141-156
- Garantindo o bom governo do rei: a construção de bases teóricas e simbólicas para urna governabilidade eficaz no estado moderno – uma proposta de oficina em sala de aula | Marcello José Gomes Loureiro | 157-176
- Língua escrita e consciência histórica em produções de crianças e adolescentes | Maria Lima | 177-202
- A Construção do conhecimento histórico dos movimentos político-culturais da década de 1960 | Milton Joeri Fernandes Duarte | 203-214
- O ensino para educação das relações étnico-raciais: um olhar para o cotidiano escolar | Roseane Maria de Amorim | 215-228
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.13, 2007.
História & Ensino. Londrina, v. 12, 2006.
Sumário
Apresentação – Gilmar Arruda | 5-7
Artigos
- Historiografia e ensino de história: algumas reflexões sobre o ensino fundamental | Airton de Moraes | 9-33
- O imperador e as ciências: sobre a construção de um mito | Alda Heizer | 35-48
- As narrativas históricas escolares e suas matrizes de referência | André Victor Cavalcanti Seal da Cunha | 49-66
- Biografia e desempenho do docente: como melhorar a qualidade do ensino de história? | Bruno Bezerra Cavalcanti Godoi | 69-82
- Contar a vida, pensar a história: experiências na utilização das fontes orais no ensino da história | Cleusa Maria Gomes Graebin, Rejane Silva Penna | 83-100
- A educação como elemento de reconstrução nacional: o caso da Nicarágua Sandinista | Gerson Wasen Fraga | 101-112
- Consciência histórica, ensino de história e a educação ambiental | Gilmar Arruda | 113-122
- Alternativa de intervenção social para o estágio supervisionado: minicursos em questão | Isaíde Bandeira Timbó | 123-140
- A historiografia escolar na comissão nacional do livro didático: pareceres de Jonathas Serrano (1938/1941) | Itamar Freitas | 141-155
- História e cinema: luz, câmera, transposição didática | Liz de Oliveira Motta Ferraz, Vanessa R. S. Cavalcanti | 157-168
- Memória oficial em sala de aula: percepções de alunos do ensino médio e fundamental de Marechal Cândido Rondon-PR sobre patrimônio e bens culturais locais | Méri Frotscher | 169-185
- Estágio: contribuições para a formação do professor de história | Sandra Agostini, Elison Antonio Paim | 187-202
- O estudo da guerra em história militar segundo os futuros líderes das forças armadas brasileiras | Tania Regina Pires de Godoy | 203-214
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.12, 2006 |
História & Ensino. Londrina, v. 11, 2005.
Sumário
Apresentação – Marlene Cainelli | 3-5
Artigos
- Digressões sobre a educação e o ensino de história no século XXI | Ernesta Zamboni | 7-23
- Processos de construção do saber histórico escolar | Katia Maria Abud | 25-34
- Saber escolar e conhecimento histórico? | Maria Auxiliadora Schmidt | 35-49
- Formação de professores para o século XXI: dimensões de uma crise vivenciada | Geni Rosa Duarte | 51-61
- O que fomos, o que somos e o que queremos ser: uma reflexão sobre a docência | Sandra Regina Ferreira de Oliveira | 63-73
- A difusão do conhecimento científico sobre meio ambiente nos livros didáticos de história | Jozimar Paes de Almeida | 75-95
- Por uma leitura crítica da linguagem publicitária em sala de aula | Márcia Elisa Teté Ramos | 97-113
- O trabalho como fundamento para a transformação da concepção de tempo formada a partir do livro didático de história | Simone Varela | 115-131
- A guerra como tema no cinema brasileiro | William Reis Meirelles | 133-142
- Avaliação e novas perspectivas de aprendizagem em história | Marisa Noda | 143-152
- Laboratório de ensino de história: desafios de repensar a formação continuada de professores | Francisco C. Ferraz, Gilmar Arruda, Marlene Cainelli, William Reis Meirelles | 153-158
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.11, 2005 |
História & Ensino. Londrina, v. 10, 2004.
Sumário
- Apresentação – Dez anos de história e ensino | William Reis Meirelles | 3-4
Artigos
- A construção dos heróis e a memória nacional entre os não letrados | Marlene Cainelli | 5-19
- Apontamentos sobre ensino de história do Paraná | Lucinéia Cunha Steca | 21-40
- O ensino, a história e a lei 10.639 | Paulo Fernando de Souza Campos | 41-52
- Representações dos professores sobre saber histórico escolar | Oldimar Pontes Cardoso | 53-63
- Produção de vídeos e ensino da história | Henrique Luiz Pereira Oliveira | 65-75
- O cinema na história: o uso do filme como recurso didático no ensino de história | William Reis Meirelles | 77-88
- As crônicas de João do Rio e o ensino da história | Magali Gouveia Engel | 89-102
- A religiosidade das classes populares e a reflexão docente | Jorge Antonio de Queiroz e Silva Silva | 103-113
- A oficina da história é como uma marcenaria | Gilmar Arruda | 115-126
- Historiografia e a escravidão africana no Paraná: alguns apontamentos | Airton de Moraes, Rita de Cássia Galdin Rocha | 127-144
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.10, 2004 |
História & Ensino. Londrina, v. 9, 2003.
Sumário
Apresentação – Marlene Cainelli | 3-7
Artigos
- A história ensinada: algumas configurações do saber escolar | Ana Maria F. C. Monteiro | 9-35
- Meio ambiente e ensino de história | Circe Maria Fernandes Bittencourt | 37-61
- Professores universitários que escrevem livros didáticos: análise de depoimentos de autores brasileiros contemporâneos | Décio Gatti Júnior | 63-96
- Projeto pedagógico dos parâmetros curriculares nacionais: identidade nacional e consciência histórica | Ernesta Zamboni | 97-107
- O processo do conhecimento/pesquisa no ensino de história | Helenice Ciampi | 109-132
- Lineas de investigación en didáctica de las ciencias sociales | Joaquim Prats | 133-155
- Reflexões sobre o ensino de história: discussão de algumas proposições de Jacques Le Goff | Joana Neves | 157-170
- A construção curricular na sala de aula | Katia Maria Abud | 171-183
- Práticas culturais e práticas escolares: aproximações e especificidades no ensino de história | Lana Mara de Castro Siman | 185-204
- Festas nacionais: uso e didatização do saber histórico nas pedagogias do cidadão | Luis Fernando Cerri | 205-222
- O trabalho histórico na sala de aula | Maria Auxiliadora Schmidt, Tânia Braga Garcia | 223-242
- ANPUH: contribuições e limites nas definições sobre o ensino de história | Margarida Maria Dias de Oliveira | 243-257
- O ensino de história nas séries iniciais: cruzando as fronteiras entre a história e pedagogia | Sandra Regina Ferreira de Oliveira | 259-272
- Profissão docente: formação e prática de professores de história no ensino médio | Serlei Maria Fischer Ranzi, Cláudia Regina Kawka Martins | 273-299
- O que significa educar para a compreensão da história? um olhar a partir de um programa de avaliação educacional | Sonia Regina Miranda | 301-323
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.9, 2003 |
História & Ensino. Londrina, v. 8, 2002. | Edição Especial
Sumário
Apresentação – Gilmar Arruda | 5-6
Artigos
- Fronteiras do conhecimento entre história e geografia | Jozimar Paes de Almeida | 7-18
- A concepção de história nos manuais didáticos: uma releitura | Angelo Priori | 19-26
- Tempo, história e cronologia | Nelson Dacio Tomazi | 27-36
- Para que serve o ensino de história? | Gilmar Arruda | 37-45
- Elementos para a construção do currículo de história | Nicholas Davies | 47-58
- Uma análise sobre o ensino de história e o livro didático | Sonia Maria Gazola Pastro, Diná Teresa Contiero | 59-66
- Cantando o Brasil pós-64 | Maria de Fátima da Cunha | 67-81
- Teatro e política: uma redescoberta do prazer da história | Sandra de Cássia A. Pelegrini | 83-94
- Apontamentos sobre a história da leitura | Cláudio DeNipoti | 95-106
- Ensino de história e identidade nacional: desmontando o século dezenove | Jaime Francisco P. Cordeiro | 107-124
- Como Martim Afonso virou trineto de Mavutsinim? | José Henrique Rollo Gonçalves | 125-142
- Por que pesquisar-ensinar história sob a perspectiva das relações de gênero? | Andréa Ferreira Delgado | 143-154
- O cinema como fonte para o estudo da história | William Reis Meirelles | 155-167
- Lendo imagens criticamente: uma alternativa metodológica para a formação do professor de história | Maria Auxiliadora Schmidt | 169-184
- Cinema e aprendizagem em história | Serlei Maria Fischer Ranzi | 185-194
- Formação contínua e ensino de história: uma possibilidade de utilização de imagens | Teresa Jussara Luporini | 195-213
- Sete categorias de perguntas e a interpretação de fontes históricas no primeiro grau | Regina Ferreira de Oliveira | 215-229
- O 7 De Setembro Em Mandaguaçu (PR): a construção de um novo conceito de festa da pátria | Reginaldo Dias | 231-243
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.8 edição especial, 2002 |
História & Ensino. Londrina, v. 8, 2002.
Sumário
Apresentação – William Reis Meirelles | 3-5
Artigos
- O ensino de história no Paraná, na década de setenta: as legislações e o pioneirismo do estado nas reformas educacionais | Cláudia Regina Kawka Martins | 7-28
- O ensino de história presente nos parâmetros curriculares do ensino médio (PCNEM): a construção do sujeito adequado | Marco Antonio Neves Soares | 29-44
- Povos indígenas e ensino de história: subsídios para a abordagem da temática indígena em sala de aula | Edson Silva | 45-61
- O uso do jornal para trabalhar com a noção de fato e tempo histórico | Rivail Carvalho Rolim | 63-84
- Os vikings e o estereótipo do bárbaro no ensino de história | Johnni Langer | 85-98
- Do professor real ao professor ideal ou vice-versa: a representação do professor de história no discurso historiográfico | Renilson Rosa Ribeiro | 99-120
- Neonazismo e neoliberalismo: o enlace esquecido | Alexander Martins Vianna | 121-142
- Ler, ouvir e ver. A revolução documental na pesquisa histórica: uma abordagem das formas da construção da história | William Reis Meirelles | 143-150
Resenhas
- Ilmar Rohloff de Mattos (org.). História do ensino da história no Brasil | Luis Fernando Cerri | 151-155
- JANCSÓ, István & KANTOR, Íris. (orgs.). Festa: cultura e sociabilidade na América portuguesa) | André Figueiredo Rodrigues | 157-160
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.8, 2002
História & Ensino. Londrina, v. 7, 2001.
Sumário
Apresentação – William Reis Meirelles | 3-7
Artigos
- A hegemonia da mídia televisiva e o ensino de história | Cássia Rita Louro Palha | 9-22
- Uma ficção bem documentada | Antonio Paulo Benatti | 23-32
- Memória familiar nos objetos biográficos e nas obras literárias | Clêidna de Lima | 33-45
- Artesãos em São Paulo | Antonia Terra de Calazans Fernandes | 47-60
- Coronelismo e contextos históricos | Isnara Pereira Ivo | 61-82
- Globalização e história local | Jorge Antônio de Queiroz e Silva | 83-102
- O ensino de história e a história local: experiências de pesquisas desenvolvidas por alunos do ensino médio na cidade de viçosa (MG) | Raquel dos Santos Sousa Lima | 103-122
- Algumas reflexões sobre os conteúdos de história antiga nos livros didáticos brasileiros | Gilvan Ventura da Silva, Ana Teresa Marques Gonçalves | 123-141
- O uso de documentos escritos no ensino de história: premissas e bases para uma didática construtivista | André de Faria Pereira Neto | 143-165
- Reflexões sobre o uso do mapa conceitual na disciplina de história | Maria Lima | 167-196
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.7, 2001 |
História & Ensino. Londrina, v. 6, 2000.
Sumário
Apresentação – William Reis Meirelles | 7-9
Artigos
- Os tupinambás e os papagaios amarelos ou as relações entre Brasil e França entre os séculos XVI e XVII | Mary Del Priore | 11-32
- Cruzada de educadoras católicas: a marcha das mulheres contra o laicismo nos anos 30 | Maria das Graças Andrade Ataíde de Almeida | 33-46
- A maçonaria brasileira e a defesa do ensino laico (século XIX) | Eliane Lucia Colussi | 47-56
- Os manuais de educação e o debate sobre a infância na segunda metade do século XIX, no Brasil | Mariana de Aguiar Ferreira Muaze | 57-71
- O índio brasileiro no livro didático | Leandro Henrique Magalhães | 73-89
- O ensino da história nos cursos de graduação em educação física | Victor Andrade de Melo | 91-101
- A história além das placas: os nomes de ruas de Maringá (PR) e a memória histórica | Reginaldo Benedito Dias | 103-120
- Os autos criminais e as possibilidades de pesquisa em história regional | Enezila de Lima | 121-130
- A construção da nacionalidade | André Luiz Joanilho | 131-140
- Mulher e historiografia: da visibilidade à diferença | Maria de Fátima da Cunha | 141-161
- Imigração portuguesa para o Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX | Rosana Barbosa Nunes | 163-177
- Geraldo Horácio de Paula Souza: a atuação de um higienista na cidade de São Paulo 1925-1945 | Cristina de Campos | 179-186
- A renascença de Michelet a tarefa pedagógica do historiador diante de seu povo | Gabriela Rizo | 187-198
Resenhas
- Resenha | Francisco César Alves Ferraz | 199-201
- Sobre o prazer | André Luiz Joanilho | 203-205
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.6, 2000 |
História & Ensino. Londrina, v. 5, 1999.
Sumário
Apresentação – William Reis Meirelles
Artigos
- Esse bom amigo, o livro: representações da leitura. Paraná (1880-1930) | Cláudio DeNipoti | 7-22
- Uma memória institucionalizada: os livros escolares e a história-pátria | Paulete Maria Cunha dos Santos | 23-40
- A questão indígena no livro didático: toda a história | Lúcio Tadeu Mota, Isabel Cristina Rodrigues | 41-59
- Indo além da temática histórica: a linguagem pictórica como recurso pedagógico | Mônia L. Silvestrin, Ana Gilka D. Carneiro | 61-70
- Razão e educação no ocaso do milênio | Carlos Alberto Pereira Silva | 71-85
- Crise do fordismo, neoliberalismo e educação brasileira | Cristiano Lima Ferraz | 87-102
- Entre o nada e o anódino: parâmetros, diretrizes e a reforma da educação nacional | José Miguel Arias Neto | 103-126
- Por uma graduação em história crítica e pluralista: reflexões sobre o curso de história da Unicamp | Pedro Paulo A. Funaril | 127-135
- Os objetivos do ensino de história | Luis Fernando Cerri | 137-146
- Construindo conceitos no ensino de história: a captura lógica da realidade social | Maria Auxiliadora Schmidt | 147-164
Resenhas
- Para inglês (e brasileiro) ver | André Luiz Joanilho | 165-167
- Hitler, a história e a historiografia | Francisco César Alves Ferraz | 169-176
Expediente – História e Ensino, Londrina, v. 5, 1999 |
História & Ensino. Londrina, v. 4, 1998.
Sumário
Apresentação – Gilmar Arruda
Artigos
- Lendo imagens criticamente: uma alternativa metodológica para a formação do professor de história | Maria Auxiliadora Schmidt | 9-23
- Cinema e aprendizagem em história | Serlei Maria Fischer Ranzi | 25-33
- Formação contínua e ensino de história: uma possibilidade de utilização de imagens | Teresa Jussara Luporini | 35-52
- Alguns problemas do ensino escolar de história regional | José Henrique Rollo Gonçalves | 53-75
- Jogando e aprendendo: ensinando história no ensino fundamental | Marlene Rosa Cainelli, Regina Célia Alegro | 77-88
- Sete categorias de perguntas e a interpretação de fontes históricas no primeiro grau | Sandra Regina Ferreira de Oliveira | 89-102
- 07 de setembro em Mandaguaçu (PR): a construção de um novo conceito de festa da pátria | Reginaldo Dias | 103-114
- Relações entre civis e militares no Brasil: um esboço histórico | Francisco César Alves Ferraz | 115-137
- Sociedade informática, globalização e cultura | Gilmar Arruda | 139-152
- Os espaços da festa: o carnaval popular de rua do Brasil dos anos 20 | Zélia Lopes da Silva | 153-172
Resenhas
- O limpo e o sujo: anotações sobre um livro | André Luiz Joanilho | 173-176
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.4, 1998 |
História & Ensino. Londrina, v. 3, 1997.
Sumário
Apresentação – Gilmar Arruda
Artigos
- Ensino de história e identidade nacional: desmontando o século dezenove | Jaime Francisco P. Cordeiro | 7-21
- Como Martim Afonso virou trineto de Mavutsinim? | José Henrique Rollo Gonçalves | 23-36
- Por que pesquisar-ensinar história sob a perspectiva das relações de gênero? | Andréa Ferreira Delgado | 37-45
- Histórias de mulheres: a problemática das fontes | Yonissa Marmitt Wadi | 47-56
- Fonte judicial na pesquisa histórica: o crime de sedução | Edméia Aparecida Ribeiro | 57-71
- Impressões, experiências, dificuldades e escolhas dentro da sala de aula | Elisabete Mari Ghisleni | 73-77
- Tensões sociais na 1ª república através de Lima Barreto | Leandro Henrique Magalhães | 79-86
- As fantásticas máquinas do futuro | José Miguel Arias Neto | 87-94
- Fenômeno Getúlio Vargas: estado, discursos e propagandas | Ana Heloísa Molina | 95-112
- O cinema como fonte para o estudo da história | William Reis Meirelles | 113-122
Resenhas
- Resenha | Luis Fernando Cerri | 123-125
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.3, 1997 |
História & Ensino. Londrina, v. 2, 1996.
Sumário
Apresentação – Gilmar Arruda
Artigos
- Projeto de pesquisa: como fazer | André Luiz Joanilho | 7-21
- Elementos para a construção do currículo de história | Nicholas Davies | 23-33
- Uma análise sobre o ensino de história e o livro didático | Sonia Maria Gazola Pastro, Diná Teresa Contiero | 35-41
- Alfabetizar/ensinar história no peart | Regina Célia Alegro, Maria das Graças Fernandes | 43-53
- Cantando o Brasil pós-64 | Maria de Fátima da Cunha | 55-67
- Teatro e política: uma redescoberta do prazer da história | Sandra de Cássia A. Pelegrini | 69-79
- Apontamentos sobre a história da leitura | Cláudio DeNipoti | 81-91
- Estado moderno, democracia e ecologia | Jozimar Paes de Almeida | 93-99
- República de Weimar: Alemanha 1919-1933 | Sylvia Lenz de Mello | 101-111
- Temas de política internacional para historiadores: a crise do golfo pérsico em 1991 | João Fábio Bertonha | 113-128
- A constituição das indústrias Klabin de papel e celulose S/A | Nilva Giane Trajano | 129-137
Resenhas
- Resenha | Marlene Rosa Cainelli | 139-140
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.2, 1996 |
História & Ensino. Londrina, v. 1, 1995.
Sumário
Apresentação – Marlene Rosa Cainelli
Artigos
- Fronteiras do conhecimento entre história e geografia | Jozimar Paes de Almeida | 7-15
- A concepção de história nos manuais didáticos: uma releitura | Angelo Priori | 17-22
- Progresso e destruição | Rivail Carvalho Rolim | 23-32
- Tempo, história e cronologia | Nelson Dacio Tomazi | 33-39
- Cinema e história: considerações de um objeto de estudo | William Reis Meirelles | 41-48
- A implementação do novo currículo de história na rede de ensino do Paraná: reflexões de um colaborador | Reginaldo Dias | 49-59
- Para que serve o ensino de história? | Gilmar Arruda | 61-68
- Pioneirismo: discurso político e identidade regional | José Miguel Arias Neto | 69-82
- Classes trabalhadoras e estado: resenha crítica da historiografia sobre o sindicalismo nos anos 30 | Ronaldo Pereira de Jesus | 83-100
Expediente – História e Ensino, Londrina, v.1, 1995.
Antiguidade Clássica: a história e a cultura a partir dos documentos – FUNARI (HE)
FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Antiguidade Clássica: a história e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Edunicamp, 1995. 150p. Resenha de: CAINELLI, Marlene Rosa. História & Ensino, Londrina, n. 2: 139-140, 1996.
O Prof. Pedro Paulo Abreu Funari enuncia que o livro Antiguidade clássica; a história e a cultura a partir dos documentos é indicado para alunos de graduação e também para professores de 1 ° e 2° graus, assim como o público em geral.
No 1° capítulo Funari analisa a utilização de documentos por historiadores, desde os documentos tradicionais até o uso da “narrativa para compreensão do discurso histórico”. A especificidade do estudo da antigüidade clássica, a diversidade dos documentos e uma discussão sobre periodização são temas abordados pelo autor no segundo capítulo.
O autor apresenta documentos textuais, materiais, epigráficos e arqueológicos, utilizando-se de diversas abordagens: “textos filosóficos, poesias, documentos oficiais, leis.” Vários documentos são traduzidos pelo autor, portanto inéditos em língua portuguesa.Os documentos aparecem no texto divididos em temáticas: memória, práticas, sentimentos, reflexões, expressões, poderes, espaços e experimentos. É importante destacar que as divisões temáticas utilizadas pelo autor são originais fugindo a forma tradicional de apresentação usadas na maioria dos livros didáticos, paradidáticos e coleção de documentos existentes no mercado.
Os documentos são comentados pelo autor que elucida uma série de relações desconhecidas pelo leitor, facilitando assim o entendimento do texto, que sem as explicações do autor, ficaria prejudicado. Além dos comentários Pedro Paulo Abreu Funari preocupa-se em indicar atividades para o trabalho com os documentos, dividindo as tarefas em atividades encaminhadas e propostas.
Nas atividades propostas o autor sugere de maneira exaustiva que o leitor reflita sobre diversos temas e também remeta-se para outras bibliografias que auxiliem o entendimento dos documentos.
É certo que Antigüidade clássica… é indicado para alunos de graduação, porém para professores de 10 e 2° graus, o texto mostra-se dificil. O ensino de história antiga nas escolas, talvez seja o mais sofrivel no que tange aos conteúdos trabalhados. As dificuldades apresentadas pelos professores impede-os, por exemplo, de seguir sugestões de atividades sugeridas pelo autor como a atividade proposta na pág. 36: “elencar as principais coleções bilingües (originais grego ou latino e tradução para o idioma moderno) e observar o papel do aparato critico nestas séries.”
Como em outros livros didáticos ou paradidáticos indicados para professores de 10 e 2° graus, o autor elabora questões e as responde, talvez com medo que o leitor não consiga responde-Ias de acordo com as suas expectativas.
Um problema apresentado pelo texto que dificulta a leitura e o possível uso do livro por professores de 10 e graus é que os documentos aparecem no texto divididos por temas sem uma ordem cronológica que facilite a procura por determinado documento para uso em sala de aula, de acordo com o periodo estudado.
O livro tem a qualidade de apresentar para o leitor uma série de documentos inéditos, interessantes e instigantes, mas demonstra o quanto é necessário entender do periodo, das discussões bibliográficas para compreender o texto, demonstra também o que todos sabemos, o documento preCisa de um leitor atento e instruído, não é dado a ele o poder da fala.
Marlene Rosa Cainelli – Professora do Departamento de História -Universidade Estadual de Londrina -Londrina-PR.
[IF]
História & Ensino | UEL | 1995
A Revista História & Ensino: Revista do Laboratório de Ensino de História (Londrina, 1995-) foi criada pela Profª Drª MARLENE CAINELLI. Foi a primeira revista científica do país a abordar o ensino de História.
Inicialmente era destinada aos graduandos do curso de História e aos professores de História do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Ao longo de sua trajetória tornou-se um importante veículo de divulgação da pesquisa sobre ensino de história sem deixar de estabelecer um elo e um espaço de discussão entre os três níveis de ensino. A Revista História & Ensino é parte das ações do Programa de Extensão Laboratório de Ensino de História.
O campo de discussão da Revista História & Ensino engloba: ensino de história; educação histórica; metodologias para o ensino de História; aprendizado histórico; Didática da História; construção do saber histórico escolar; história da disciplina de História (escolar ou acadêmica); estágio de História; ensino de História extraescolar; História da Educação; currículo de História (escolar ou acadêmico); cognição histórica; relações entre Ensino de História e História Pública; formação do professor de História; História da infância e da juventude.
Entende que os artigos devem veicular resultados de pesquisas e que os relatos de experiências didático-pedagógicas devem ser fundamentados em termos teóricos e metodológicos. Devem ser inéditos.
Destina-se aos alunos do curso de História, professores de História de todos os níveis de ensino, pesquisadores voltados para o ensino de História.
Periodicidade semestral.
Acesso livre.
ISSN 2238-3018
ISSN-L 1212-3488
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