La Geste du Prince Igor | Christiane Pighetti
Obra destinada ao grande público, apresentada e traduzida do russo para o francês com grande maestria, por Cristiane Piqhetti.
Trata-se de um dos documentos mais importantes da literatura medieval Ucraniana, escrito em eslavo eclesiástico por volta de 1185, o poema traz referências a épocas muito mais remotas, tornando-se uma importante fonte para o estudo deste período.
Os documentos mais antigos da literatura ucraniana surgidos em tempo do esplendor político e cultural do Estado de Kiev e do Estado da Galícia e Volínia mostram grande riqueza de formas e possuem elevado valor artístico. São marcados pelo espírito heróico de uma nação que, embora ainda se alimente de antigas tradições eslavas pagãs, com orgulho toma consciência da nova fé cristã.
O original do “Canto sobre a campanha de Igor”, durante vários séculos ficou desaparecido, sendo redescoberto em 1795 pelo Barão Alexij Mussin Púshkin, sendo feita uma cópia com a qual foi presenteada a imperatriz Catarina II. O Barão Púshkin logo se deu conta do valor da obra, traduzindo-o para o russo da época, e tratando de fazer uma edição tipográfica deste documento. Contou com a colaboração dos historiógrafos Malinovski e Ramenski, editando a obra em Moscou, em 1800.
Em 1812, o incêndio ocorrido durante a ocupação Napoleônica em Moscou, destruiu a biblioteca Púshkin, desaparecendo para sempre o manuscrito. Assim para fins de estudo existe somente a copia oferecida a Catarina II, reescrita várias vezes, com todas as implicações e decorrências desta transmissão.
Porém as referências ao “Slovo” em outros documentos da época, atestam sua autenticidade, corroborada por Roman Jakobson ainda em 1948. Atualmente não há ninguém que coloque sob suspeita a certeza de que a obra é de fato do séc. XII e reflete acontecimentos históricos reais.
Trata-se de uma obra que registra o ápice da rica criação literária dos tempos do Principado da Rus´ de Kiev, um paralelo dos poemas épicos do mundo Romano-Greco-Escandinavo, com quem a Ucrânia de então, mantinha estreitas relações.
O poema “Canto sobre a campanha de Igor”, extravasa os limites da literatura Ucraniana, para se tornar uma obra prima da cultura eslava oriental rutena, e um dos tesouros da literatura universal.
Em meados do séc. XI a poderosa e terrível tribo dos cumanos, governada por Khans, invadiu a Ucrânia, denominada então Rutênia, pelas fronteiras do sudeste tendo ocupado dentro de pouco tempo as regiões dos rios Volga e Don, do Mar de Azov e do Mar Negro até o Danúbio.
Em 1185, os príncipes Igor Sviatoslavytch, seu filho Volodymyr Ihorevytch, e o filho menor Oleg Ihorevytch, seu irmão Vsévolod e seu sobrinho Sviatoslaw, empreenderam uma expedição contra os cumanos que eram chefiados pelos Khans Kontchák e Gzá. A expedição terminou em desastre total. Os príncipes rutenos foram cercados, derrotados e caíram prisioneiros. Somente Igor teve a sorte de escapar da prisão. Todos os outros com seus exércitos jamais recuperaram a liberdade, com exceção de Volodynyr que se casou com a filha do Khan Kontchák e voltou à Ucrânia em 1187.
Esta expedição contra os cumanos serviu de tema para a epopéia heróica do “Canto sobre a campanha de Igor”, escrita – segundo novas pesquisas – no séc. XIII por um autor anônimo.
“La Geste du Prince Igor” é um poema heróico, cavalheiresco, fundamentado na honra e na fé, que são os dois grandes princípios da sociedade medieval.
Este poema atinge o nível da genialidade da criação literária. Ele retrata a própria alma do povo ucraniano em estado de permanente angústia, frente a constante ameaça da perda da liberdade, como também atinge o âmago do ser humano em suas complexas relações com as forças transcendentais da natureza e do universo.
Oksana Boruszenko – Universidade Federal do Paraná e Universidade de Kiev. E-mail: boruszenko@yahoo.com.br
PIGHETTI, Christiane (Trad.). La Geste du Prince Igor. Paris: La Différence, 2005. Resenha de: BORUSZENKO, Oksana. Brathair – Revista de Estudos Celtas e Germânicos. São Luís, v.6, n.1, p. 42-43, 2006. Acessar publicação original [DR]