Posts de Itamar Freitas
Os restauradores | Camillo Boito
Os Restauradores foi uma conferência realizada por Camillo Boito (1836-1914) na Exposição de Turim em 7 de junho de 1884 e posteriormente publicada em texto. Ela é considerada bibliografia básica para quem deseja entender sua obra e a história do restauro como um todo.
Boito foi uma personalidade muito importante para a conceituação teórica acerca da restauração. Ele formulou teorias influenciadas por inúmeros aspectos, conhecidas como restauro “científico” ou “filológico”, que resultaram numa espécie de meio-termo entre as conflitantes mais discutidas na época sobre restauração: as do francês Viollet-le-Duc e as do inglês John Ruskin. Leia Mais
História & Ciências Sociais. Rio Grande, v.11, n. 22, 2019.
Gênero e números: estudos sobre as mulheres em diferentes tempos e espaços (Jul-Dez/2019)
Expediente
- · Expediente RBHCS
- Editores RBHCS
Apresentação
- · Apresentação do Volume 11 Número 22 da Revista Brasileira de História & Ciências Sociais
- Denize Terezinha Leal Freitas, Fabiano Quadros Ruckert, Jonathan Fachini da Silva, José Carlos da Silva Cardozo, Tiago da Silva Cesar
Apresentação ao Dossiê
- · Gênero e números: estudos sobre as mulheres em diferentes tempos e espaços
- Ana Silva Volpi Scott, Denize Terezinha Leal Freitas
Dossiê
- · Notas sobre a participação partidária das comunistas no Brasil
- Theófilo Machado Rodrigues
- · Das “polacas” e “francesinhas” às “regateiras” e “decantadas”. Crítica ao imaginário e historiografia da prostituição da Manaus da Borracha
- Paulo Marreiro dos Santos Júnior
- · Castelos de Orquídeas: Rena Butler, as relações de gênero e a presença protestante no espaço público
- Rogério de Carvalho Veras, Loyde Anne Carreiro Silva Veras
- · Uma análise populacional dos domicílios no extremo sul da América portuguesa: mulheres chefes de fogos (Porto Alegre, séc. XVIII-XIX)
- Denize Terezinha Leal Freitas
- · Indústrias criativas no segmento da moda: distribuição dos vínculos por sexo e escolaridade na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2008 e 2017
- Margarete Panerai Araujo, Moisés Waismann, Judite Sanson de Bem
Artigos Livres
- · Qualificados novos por estarem a dois meses no território do Brasil e não saberem falar nada a língua portuguesa: Charqueadas e tráfico ilegal de africanos (Bahia – Pelotas – Brasil meridional, 1834)
- Paulo Roberto Staudt Moreira
- · Sistema de aluguel de escravos em obras públicas viárias do Brasil Império: uma análise das listas nominais de trabalhadores livres e escravos em Minas Gerais (1867-1873)
- Télio Cravo
- · Republicanos históricos, divergências internas e destinos sociais: a atuação política dos fundadores de duas entidades de propaganda republicana da cidade de Paranaguá (Estado do Paraná, 1881-1920)
- Sandro Aramis Richter Gomes
- · Um projeto de desenvolvimento regional do governo republicano rio-grandense
- José Antonio Moraes do Nascimento
- · A economia da “sempre-viva” em São João da Chapada (Diamantina, MG), meados do século XX
- Marcos Lobato Martins
- · As particularidades da violência em unidades de saúde e como o sistema de segurança interfere nesses ambientes: o caso rio-grandense
- Ricardo Cortez Lopes
- · Violência nas escolas: percepções e práticas de violência entre alunos em duas escolas de Portugal e duas escolas no Brasil
- Fabiana Maria Roque Chaves
- · Un análisis de los cambios en las legislaciones migratorias en Brasil y Argentina: implicaciones para la población de origen senegalés
- João Carlos Tedesco, Gisele Kleidermacher, Patricia Grazziotin Noschang
Acadêmicos e Pesquisas
- · Pensando mulheres escravizadas e libertas: Um olhar interseccional para as cartas de alforria de Cachoeira do Sul/RS
- Marina Camilo Haack
Resenhas
- · Gramsci no “mundo grande e terrível”: a nova biografia
- Sabrina Areco
Publicado: 2020-02-01
Gramsci: una nuova biografia A. D’orsi
O italiano Antonio Gramsci (1891-1937) pode ter seu pensamento caracterizado como essencialmente dialógico. Tendo sua personalidade intelectual construída em um período de crises marcado pela I Guerra e a ascensão do nacionalismo fascista, procurou dar respostas às questões de seu presente tanto no âmbito da elaboração intelectual como na política prática. Compreender seu pensamento exige conectá-lo com seu tempo histórico e assumir como premissa a dupla orientação de pensamento e ação que lhe marcou. Essa premissa pode parecer banal, mas devemos lembrar que se trata de uma produção mobilizada e disputada inicialmente pelo PCI (Partido Comunista Italiano) e depois pela leitura liberal estimulada especialmente a partir de Norberto Bobbio. Mais recentemente, conservadores radicais nos EUA e Brasil têm tratado a produção gramsciana como um tipo de manual que haveria orientado a esquerda em uma luta cultural, segundo esses conservadores vencida por seus antagonistas. Embora tais grupos e leituras não possam ter tratados como equivalentes, elas ilustram a persistente atenção a Gramsci e suas ideias, ainda que por vezes as mesmas sejam simplesmente instrumentalizadas ou intencionalmente distorcidas. Enfim, Gramsci está bastante vivo nos debates e controvérsia do tempo presente e não apenas no Brasil. Leia Mais
História & Ciências Sociais. Rio Grande, v.11, n. 22, 2019.
Gênero e números: estudos sobre as mulheres em diferentes tempos e espaços (Jul-Dez/2019)
Expediente
Editores RBHCS
Apresentação
- · Apresentação do Volume 11 Número 22 da Revista Brasileira de História & Ciências Sociais
- Denize Terezinha Leal Freitas, Fabiano Quadros Ruckert, Jonathan Fachini da Silva, José Carlos da Silva Cardozo, Tiago da Silva Cesar
Apresentação ao Dossiê
- · Gênero e números: estudos sobre as mulheres em diferentes tempos e espaços
- Ana Silva Volpi Scott, Denize Terezinha Leal Freitas
Dossiê
- · Notas sobre a participação partidária das comunistas no Brasil
- Theófilo Machado Rodrigues
- · Das “polacas” e “francesinhas” às “regateiras” e “decantadas”. Crítica ao imaginário e historiografia da prostituição da Manaus da Borracha
- Paulo Marreiro dos Santos Júnior
- · Castelos de Orquídeas: Rena Butler, as relações de gênero e a presença protestante no espaço público
- Rogério de Carvalho Veras, Loyde Anne Carreiro Silva Veras
- · Uma análise populacional dos domicílios no extremo sul da América portuguesa: mulheres chefes de fogos (Porto Alegre, séc. XVIII-XIX)
- Denize Terezinha Leal Freitas
- · Indústrias criativas no segmento da moda: distribuição dos vínculos por sexo e escolaridade na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2008 e 2017
- Margarete Panerai Araujo, Moisés Waismann, Judite Sanson de Bem
Artigos Livres
- · Qualificados novos por estarem a dois meses no território do Brasil e não saberem falar nada a língua portuguesa: Charqueadas e tráfico ilegal de africanos (Bahia – Pelotas – Brasil meridional, 1834)
- Paulo Roberto Staudt Moreira
- · Sistema de aluguel de escravos em obras públicas viárias do Brasil Império: uma análise das listas nominais de trabalhadores livres e escravos em Minas Gerais (1867-1873)
- Télio Cravo
- · Republicanos históricos, divergências internas e destinos sociais: a atuação política dos fundadores de duas entidades de propaganda republicana da cidade de Paranaguá (Estado do Paraná, 1881-1920)
- Sandro Aramis Richter Gomes
- · Um projeto de desenvolvimento regional do governo republicano rio-grandense
- José Antonio Moraes do Nascimento
- · A economia da “sempre-viva” em São João da Chapada (Diamantina, MG), meados do século XX
- Marcos Lobato Martins
- · As particularidades da violência em unidades de saúde e como o sistema de segurança interfere nesses ambientes: o caso rio-grandense
- Ricardo Cortez Lopes
- · Violência nas escolas: percepções e práticas de violência entre alunos em duas escolas de Portugal e duas escolas no Brasil
- Fabiana Maria Roque Chaves
- · Un análisis de los cambios en las legislaciones migratorias en Brasil y Argentina: implicaciones para la población de origen senegalés
- João Carlos Tedesco, Gisele Kleidermacher, Patricia Grazziotin Noschang
Acadêmicos e Pesquisas
- · Pensando mulheres escravizadas e libertas: Um olhar interseccional para as cartas de alforria de Cachoeira do Sul/RS
- Marina Camilo Haack
Resenhas
- · Gramsci no “mundo grande e terrível”: a nova biografia
- Sabrina Areco
Publicado: 2020-02-01
Educational memory of Chinese Female Intellectuals in Early Twentieth Century – JIANG (SEH)
Lijing Jiang /
JIANG, L. Educational memory of Chinese Female Intellectuals in Early Twentieth Century. Singapore: Springer, 2018. Resenha de: GUO, Mengna. Social and Education History, v.9, n.2, p.224-226, feb., 2020.
Educational Memory of Chinese Female Intellectuals in Early Twentieth Century describes the campus life, teacher-student interaction, academic career, and ideological change of the first generation of female intellectuals trained in higher education in China as the Chinese society changed in the early 20th century.
Using the research methods of life history, oral history, and history of mentalities, the author reveals the special experiences and ideological journeys of Chinese female intellectuals by the literature works of three firstgeneration Chinese female intellectuals and other people’s interpretations and commentary on their works. It also analyzes the relationship between many factors such as society, academia and education, especially higher education, and female intellectuals.
Chapter 1 is the introduction of the whole book. It explains the emergence of Chinese intellectuals, in particular, Chinese female intellectuals. The author also illustrates two essential factors that promote the transformation of traditional Chinese intellectuals into contemporary intellectuals, and states research methods.
Chapter 2 Flexible Borderline: Beijing Female Normal School in 1917 describes the architectural structure design of Beijing Female Normal School and the relationship between its design and traditional Chinese culture. After that, the author introduces the educational life of the students of Special Training Major of Chinese Literature and Language in Beijing Female Higher Normal College and compares the traditions of female education in feudal China with the educational situation of Peking University that only recruit male. The process and obstacles of Beijing Female Normal School transformed to Beijing Female Higher Normal University are also mentioned, as well as the role played by key men during this process. All of the above indicate the variability of the external environment and the reconstruction of social order in China, providing possibilities for social and educational changes.
Chapter 3 Diversified Traditions: Early Education Life of Female Individuals describes the early life and educational experience of three firstgeneration female intellectuals in China– Cheng Junying, Feng Shulan and Lu Yin. Their early experience reveals their reasons for giving up traditional female identities and lifestyles, as well as their motivation to study. It is a very unique growth experience and life story different from the male intellectual.
In the 19th century, there were three schools of thought in the mainstream of Chinese literature academia in the 1990—Tongcheng Style, Wenxuan Style, Jiangxi Style inherited from Song Dynasty. In chapter 4 Education Situation Plagued by Academic Conflicts: Beijing Female Higher Normal College During May Fourth Movement, since Hu Shi proposed literary reform, the concept of orthodox literature ideas began to be criticized at the end of 1916, and two Chinese literature masters coming to the Special Training Major of Chinese Literature and Language of Beijing Female Normal School in August 1918 proposed to “carry on extinct studies and support marginal studies”. But this cannot stop the rejection of the new trend of thought. The reform of Chen Zhongfan and the emerging of intellectuals such as Hu Shi and Li Dazhao not only contributed to the establishment of a modern academic education system, but also provided indispensable conditions for the generation of Chinese female intellectuals.
In Beijing Female Higher Normal College, the three female intellectuals underwent the impact of traditional Chinese learning and new culture, revolutionists and reformists. Their obedience and stubborn abidance to traditions and authority were replaced by independent choice-making rights.
Chapter 5 Seeking for and Recognizing the New Identity: Female Individual’s Transmutation and Rebirth deeply describes the transformation of three females, Cheng Junying, Feng Yuanjun (Feng Shulan), and Lu Yin, in Beijing Female Higher Normal College and their academic interaction with the teacher. Meanwhile, the three female intellectuals also gradually found their true vocation and the “irreplaceable” inner aspiration and interest through constant attempts and exploration under the intricacies of influences.
Although the three Chinese female intellectuals’ early experiences and specific careers are different, they all “had the responsible sense of ‘mission in life’ inherited from Chinese traditional culture or inspired by the society behind their personal interest and pursue”. Chapter 6 Scholars and Academia: Female Individuals’ Long Journeys for Gentry introduces the educational life, academic life and family life of the three female intellectuals after they left the campus. In this period, they have encountered harsh life and challenges, but the spirit which transcends personal interest and considers culture inheritance as personal responsibility has driven them to move forward.
This book shows the changes in thoughts and interests experienced by three Chinese female intellectuals with the changes of the broad social context. At the same time, it also tries to show the special role played by higher education in promoting academic transformation and establishing a modern academic education system.
Mengna Guo – Universidad de Barcelona. E-mail: guomengna19940511@gmail.co.
[IF]La mujer que salvaba a los niños – MULLEY (SEH)
MULLEY, C. La mujer que salvaba a los niños. Barcelona: Alienta Editorial, 2018. Resenha de: SÁNCHEZ, Elena Duque. Social and Education History, v9, n.1, p.121-123, feb., 2020.
El presente libro es una biografía de Eglantyne Jebb, nacida en 1876 en Ellesmere (Reino Unido) en una familia de clase media intelectual, que tal y como se detalla en el libro, poseían una casa en la que en todas las habitaciones era posible encontrar libros. Una pasión, la lectura que Eglantyne inició desde pequeña y no abandonó hasta su muerte. Licenciada en historia por la universidad de Oxford decidió en 1899 comenzar a dar clases en una escuela para niños y niñas de clase trabajadora y con situación económica precaria. Esta experiencia la llevó a apasionarse por la educación y por la búsqueda de mejores metodologías de aprendizaje y a estudiar la carrera de magisterio.
Tal y como se muestra a través del libro, los varios problemas de salud que tuvo nuestra Eglentyne generaron que tuviera que pasar largos períodos sin trabajar. Fue a partir de 1916 que empezó a unirse aún más a su hermana Dorothy, que movida afiliada a Liga internacional por la paz y la libertad y activista pacifista. Dorothy estaba convencida que la promoción de una visión más humanitaria de los enemigos de la Gran Bretaña se podría conseguir una paz negociada (recordemos que para esas fechas, ya se había iniciado la I Guerra Mundial). Uno de los proyectos de Dorothy para combatir la información sesgada sobre la guerra en los periódicos de Gran Bretaña, fue la de publicar noticias de la misma guerra, pero en periódicos de los países enemigos o neutrales. Con el objetivo de mostrar el sufrimiento de ambos bandos y no justificar la guerra. Entre su equipo de colaboradoras y traductoras se encontraba su hermana Eglentyne que dominaba con fluidez el francés y el alemán En 1919, entre cuatro y cinco millones de niños y niñas se estaban muriendo de hambre en Europa. Dorothy creó en marzo la Oficina de Información sobre el Hambre con el objetivo de recoger información fiable de la verdadera situación de los niños y niñas víctimas colaterales de la guerra. En estos momentos se empezaron también a elaborar y distribuir folletos de niños y niñas austríacas hambrientas, mostrando así las secuelas que estaba teniendo la guerra para un colectivo totalmente inocente. Motivo por el que fue detenida Eglentyne y otra compañera y llevadas a juicio. El motivo fue la distribución de propaganda no autorizada por el gobierno.
La propaganda involuntaria de dicho juicio fue aprovechada por las dos hermanas y convocaron una “Reunión contra la hambruna” el 19 de mayo de 1919. Fecha que se considera la creación de Save de Children. En dicha reunión Eglentyne dio un mensaje muy poderoso sobre los niños y niñas: “Tenemos un único objetivo, salvar a tantos como sea posible. Tenemos una sola regla, les ayudaremos sea cual sea su país, sea cual sea su religión” (p.319).
Aunque existían otras organizaciones humanitarias en terreno de guerra, la realidad era que los niños y sus necesidades no eran tenidos en cuenta.
Siendo así que Save the Children se convirtió en la primera organización benéfica especial creada para niños sin hogar y la primera fundada por mujeres. También es la mayor organización internacional independiente para la mejora de la infancia. Y, por lo tanto, también ha contribuido a crear conciencia de la existencia de derechos de un colectivo totalmente invisibilizado como eran los niños y niñas.
A partir de su creación, el trabajo se centró en recaudar fondos para hacer llegar la ayuda al máximo de niños y niñas y a crear una conciencia de que éstos ser considerados terreno neutral. Para hacer aún más clara esta posición de la asociación, se decidió poner su sede en Ginebra, considerado país neutral.
Al trabajo en Save the Children como presidenta de Eglentyne, se unió su empeño por crear un documento con reconocimiento que reuniera los derechos imprescindibles de los niños y niñas, tal y como se detalla en el capítulo 15, llevó a Eglantyne a elaborar un inicial redactado llamado “Carta del niño” con cinco puntos que fue el punto de partida de la promulgación de los Derechos del niño y la niña por parte de las Naciones Unidas. En este libro se pueden encontrar los detalles de la trayectoria de una mujer que se rebeló también contra las imposiciones sociales de su época y consiguió hacer partícipe a la humanidad de la necesidad de poner en el centro del bienestar a los niños y niñas.
Elena Duque Sánchez – Universidad de Barcelona. E-mail: elenaduquesa@ub.edu.
[IF]Passagens – Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica. Niterói, v.12, n.1, jan./abr., 2020.
Editorial
- Editorial – Vol. 12, n.1, jan./abr., 2020)
- Gizlene Neder, Gisálio Cerqueira Filho
Artigos
- Usos e abusos do estado de sítio na França (1849-1875)
- Antonio Gasparetto Júnior
- Direito internacional público, migrações em massa e constitucionalismo internacional
- Arménio Alberto Rodrigues da Roda, Dirley da Cunha Júnior
- Pós-abolição: Imprensa antiabolicionista e pena de morte no Uruguai nas primeiras décadas do século XX
- Daniel Fessler
- PDF (Español (España))
- O crime de barregania no reinado de D. João II: O caso de Jsabell Aluarez
- Denise da Silva Menezes do Nascimento, Ana Clara Atanazio Cunha
- A busca pela identidade transnacional no pensamento de António Sardinha e Gilberto Freyre
- Felipe Cazetta, Laurindo Mekie Pereira
- ‘O homem que é propenso a cometer um crime”: O paradigma indiciário e o racismo de Estado no cientificismo policial do século XIX
- Murilo Duarte Costa Corrêa, Eduardo Reis de Mello
- O mito de São Tomé ou Sumé: O nexo teológico-político entre o Oriente e o Ocidente
- Pedro Dalla Bernardina Brocco
- Em busca de mandatos infinitos. A eleição e reeleição de governadores nas províncias de Chaco, Formosa e Misiones (1983-2015)
- Sergio David Valenzuela, Marcos Walter Medina
- PDF (Español (España))
Resenha
- LITURATERRA [Resenha: 2020, 1] Resiliência como posição política
- Dráuzio Gonzaga
Colaboradores deste Número
- Colaboradores deste número
- Gizlene Neder
Publicado: 2020-02-01
O fotógrafo Benicio Whatley Dias | Cêça Guimaraens
O que seria da arquitetura sem seus fotógrafos? Ou antes, o que seria de uma cidade sem eles? De Paris sem Atget; de Nova York sem Stieglitz; do Rio sem Ferrez; de São Paulo sem Militão; de Buenos Aires sem Coppola; de Salvador sem Verger; do Recife sem Benicio Dias? O que sua presença – como de tantos outros fotógrafos – tem a dizer dessas cidades que eles retrataram? Da transformação de sua fisionomia, das múltiplas maneiras de enxerga-las, dos acúmulos temporais nelas flagrados, dos vestígios do perene, do fugidio, do insólito? Que cidades ao fim e ao acabo eles revelaram? Que imagens elaboraram ou consagraram a seu respeito?
O livro acerca da obra fotográfica de Benicio Dias organizado por Cêça Guimaraens ajuda-nos a responder algumas dessas questões. Não apenas aos que, como nós, nascemos no Recife ou que estudamos a história da cidade em que cedo ele emergiu como um de seus intérpretes mais vigorosos. Mas a todo aquele interessado nas relações da cidade com a fotografia e com as arenas culturais que estimularam o surgimento de representações visuais tão eloquentes acerca do urbano. Leia Mais
Urbana. Campinas, v.11 n. 2, 2019.
mai./ago. [22] – Dossiê: Livre
ARTIGOS
- As transformações do espaço fabril em S. Caetano do Sul-SP no século XX:o caso da I.R.F. Matarazzo
- Enrique Grunspan Staschower
- Proteção Urbana e planejamento da cidade do Rio de JaneiroDa redemocratização aos grandes eventos.
- Claudio Lima Carlos
- Conflito social e espaço urbano.As experiências de organização da população villera da Cidade de Buenos Aires entre 1958 e 1976
- Juan Pablo Nardulli
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Charges e cultura visualum olhar sobre a problemática da cidade brasileira através da revista arquitetura, 1961-1968
- José Carlos Huapaya Espinoza, Eder Luís Villarpando
- Paralelos e contexto do urbanismo moderno no sul do BrasilDe Brasília ao Jacuí
- Sergio Moacir Marques
- Brasília construída em madeiraresidências de Zanine Caldas em Brasília 1963 – 1985
- Giselle Marie Chaim
- Robert Vischer e Heinrich Wölfflinum recorte do pensamento germânico sobre a apreensão do espaço construído a partir da memória.
- Diana Oliveira dos Santos
PUBLICADO: 2020-02-01
Revista de Literatura, História e Memória. Cascavel, v.15, n.26, 2019.
PÁGINAS INICIAIS
- PÁGINAS INICIAIS
- Conselho Editorial
APRESENTAÇÃO
- APRESENTAÇÃO
- Conselho Editorial
PESQUISA EM LETRAS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO E LITERATURA, ENSINO E CULTURA
- A LITERATURA TRANSGRESSORA DE ALUÍSIO AZEVEDO: A RECEPÇÃO DO NATURALISMO NO BRASIL: REFLEXÕES HISTORIOGRÁFICAS
- Raick de Jesus Souza
- CONFLITOS E TROCAS CULTURAIS EM RELATO DE UM CERTO ORIENTE E DOIS IRMÃOS, DE MILTON HATOUM
- Marcos Douglas Bourscheid Pereira
- O ETHOS DE IRACEMA: ANÁLISE RETÓRICA DA VOZ FEMININA NA OBRA DE JOSÉ DE ALENCAR
- Renan Paulo Bini
- AS MULHERES E SUAS HISTÓRIAS: FIDELIDADE E VIDA CONJUGAL EM A BELA INFANTA E A INCRÍVEL HISTÓRIA DA IMPERATRIZ PORCINA
- Carolina Veloso
- REPRESSÃO E RESISTÊNCIA A PARTIR DAS RELAÇÕES DE PODER EM MORGAN, DE GRISELDA GAMBARO
- Ana Cristina Alvarenga de Souza
- MEMÓRIA E IDENTIDADES NOS DESACONTECIMENTOS DE ELIANE BRUM
- Any Mary Ossak Cordeiro, Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira
- MULHER, MEMÓRIA E DITADURA NO BRASIL: OS LUGARES DE ESCASSEZ EM OUTROS CANTOS, DE MARIA VALÉRIA REZENDE
- Caroline Peres Martins
- JUSTIÇA OU MOTIVAÇÃO AFETIVA: A CONSTITUIÇÃO DUPLA DOS PERSONAGENS DE RUBEM FONSECA
- Antonio Rediver Guizzo, Maíra Soalheiro Grade
- NUNCA MÁS! NUNCA MAIS! HORROR, GEOGRAFIAS, VARIÁVEIS E CALAFRIOS EPISTEMOLÓGICOS
- Paula Godinho
- A ATIVIDADE EPISTOLAR DE MÁRIO DE ANDRADE
- Valdemar Valente Junior
PUBLICADO: 31-01-2020
Temporalidades. Belo Horizonte, v.11, n.3, 2020.
Edição 31 – Temporalidades, Belo Horizonte, Vol. 11, n.3 (set./dez. 2019)
Expediente
- Allysson Fillipe Oliveira Lima; Ana Luísa Ennes Murta e Sousa, Gisele Gonçalves Dias Pinto, Henrique Rodrigues Caldeira, Kelly Morato de Oliveira, Laura Jamal Caixeta
- I – IV
Editorial
- A Ciência na Históriaconstruindo e desconstruindo fronteiras
- Henrique Rodrigues Caldeira, Laura Jamal Caixeta
Apresentação
- A Ciência na Históriaconstruindo e desconstruindo fronteiras
- Gustavo Rodrigues Rocha
Dossiê Temático
- A Criação inteira geme em dores de parto: desenvolvimento e natureza nas cartas encíclicas e apostólicas papais (1967-2015)
- Gabriel Schunk Pereira
- A História das Ciências como um campo historiográficoDebate e discussões teóricas
- Bianca Rezende Godói
- Crise na academia e avanço das pseudociênciasa divulgação científica como tentativa de solução nos EUA.
- César Haueisen Zimerer Perpétuo
- Da fome às estrelas40 anos de ciência soviética
- Thiago Mauer
- Estudos históricos do presenteum diálogo entre colonialismo e colonialidade
- Arthur Harder Reis
- Formigas, ovos e formigueirosuma análise sobre as propriedades terapêuticas e a utilidade dos animais em Paraguay Natural Ilustrado (1771-1776)
- Rebeca Capozzi
- Notas sobre colonialidade e violência nas obras de Pierre Clastres e Walter Mignolo
- Cairo de Souza Barbosa
- O século XX e suas razõesCarl Sagan, Thomas Kuhn e Paul Feyerabend e suas distintas visões sobre o conhecimento científico
- Alice Fernandes Freyesleben
- Simulando as “mentes passadas”a Historiografia Cognitiva entre a História e as Ciências Cognitivas
- Thales MM Silva
Artigos Livres
- A cidade de Buenos Aires e a construção da hegemonia porteña
- Felipe de Melo Alvarenga
- Abordagem da Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985) na segunda edição do livro didático História em Movimento
- Rafael Fiedoruk Quinzani, José Iran Ribeiro
- Assim na terra como no maras relações raciais ilustradas no Bom Crioulo de Adolfo Caminha (1895)
- Vinicius Barbosa Lima
- De onde eu venho, qual o meu passado e o que eu quero para o meu futuro?Memórias e identidades de Luíza Erundina de Sousa (1934 -)
- Roger Camacho Barrero Junior
- Memórias construídasRevolta Federalista e da Armada na correspondência de Santa-Anna Nery a Floriano Peixoto (França-Brasil, 1894)
- Waleska Sheila Gaspar
- Memórias de migrantes rurais da Zona da Mata Mineira
- Isadora Moreira Ribeiro, Sheila Maria Doula, Marco Paulo Andrade, João Paulo Louzada Vieira, Jeferson Henrique dos Reis Lopes
- O ensino cívico através do livro contos cívicos de Theobaldo Miranda Santos
- Aline Aparecida Pauloski Alenski, Ernando Brito Gonçalves Junior
- O ingresso de Siegfried Heuser na política
- Gustavo Henrique Kunsler Guimarães
- O intelectual da Idade Média Centralescolástico, urbano, universitário e humanizado – uma aproximação histórica dos estudos no século XIII
- Bruno Alves Coelho
- O O Muro de Berlimsímbolo maior da Guerra Fria
- Laura Martins de Lima, Rafaela Gulgelmin Collovini, Charles Sidarta Machado Domingos
- Possibilidades do sublime em Walter de Maria (1968-1977)
- Ana Lúcia Guimarães
- Progressão do conhecimento históricoum olhar sobre a produção brasileira
- Matheus Oliveira da Silva
- Quando a espada “corta” a penacensura moral no romance Terra Encharcada, de Jarbas Passarinho
- Francisco Américo Martins Moraes
- Quando no Oeste construía-se uma Naçãoos Povos Indígenas e a formulação de novos projetos nacionais (1937-1948)
- Thays Fregolent de Almeida
- Surrealismogênese de uma leitura revolucionária
- Thayna Alves Rocha
- Traduções
- Medievalismouma breve introdução
- Luiz Felipe Anchieta Guerra, Eduarda Moysés Temponi
Resenhas
- Do singular ao pluralpensar e operar a multiplicidade temporal na/da história
- Maicon da Silva Camargo
Entrevistas
- Entrevista com Bernardo Jefferson de Oliveira
- Laura Jamal Caixeta, Henrique Rodrigues Caldeira
- Entrevista com Maria da Glória Oliveira
- Laura Jamal Caixeta, Henrique Rodrigues Caldeira
- Interview with Ronald L. Numbers
- Laura Jamal Caixeta, Henrique Rodrigues Caldeira
- Entrevista com Ronald L. Numbers
- Laura Jamal Caixeta, Henrique Rodrigues Caldeira
Publicado: 2020-01-31
Língu@ Nostr@. Vitória da Conquista, v.6, n.2, 2019.
Apresentação
- APRESENTAÇÃO DA 13ª EDIÇÃO DA REVISTA LINGU@ NOSTR@
- Alceu Vanzig, Lucimauro Palles da Silva | Artigos – Dossiê
- Escrita ESCRITA E REESCRITA DE TEXTOS EM SALA DE AULA NO ENSINO FUNDAMENTAL
- Cícera Janaína Rodrigues Lima | PDF
- CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA REFUGIADOS LATINO – AMERICANOS.
- Jéssica Caroline Pessoa Santos | PDF
- DESAFIOS ATUAIS PARA O ENSINO DE GRAMÁTICA – REFLEXÕES SOBRE AS HABILIDADES DE ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
- Francisco Rafael Mota de Sousa | PDF
- ENSINAR A LÍNGUA FRANCESA DA GASTRONOMIA: RELATOS E REFLEXÕES
- Rita Maria Ribeiro Bessa | PDF
- PORTUGUÊS/LINGUAGEM: CONCEPÇÃO DE VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS EM LIVROS DIDÁTICOS PARA OS ANOS FINAIS DO FUNDAMENTAL
- Elionai Mendes da Silva | PDF
Resenhas
- LETRAMENTOS, MÍDIAS, LINGUAGENS
- Nádson Santos, Wilton Santos | PDF
Publicado: 2020-01-31
Cidade, personagens e ocupações dos espaços | História Oral | 2019
O tema Cidade, personagens e ocupações dos espaços – dossiê proposto para este número – estimula nossa imaginação e, ao mesmo tempo, provoca inquietude por querermos lembrar experiências e personagens na luta contra o esquecimento. Sejam de tempos mais afastados de nosso presente cotidiano, sejam de momentos mais próximos de nossas vivências atuais. A temática é complexa, multifacetada e sempre atual.
As autoras e os autores em seus textos escritos assinalam os traços do passado que ainda estão a significar os espaços das cidades no presente: “… reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as publique” (Dom Casmurro, Machado de Assis). Acontecimentos traumáticos também marcam e constroem outras memórias superpostas a uma imensa variedade de histórias em tempos diferentes. Certamente, a matéria das lembranças multiplica o campo de imagens e transforma-se em narrativas tecidas com as experiências individuais e coletivas. Leia Mais
História Oral. Rio de Janeiro, v.22, n.2, 2019.
Cidade, personagens e ocupações dos espaços
- Arthuro Grechi
APRESENTAÇÃO
- · Apresentação
- Regina Beatriz Guimarães Neto, Sara Oliveira Farias
DOSSIÊ
- · Experiências urbanas e tensões: trajetória, oralidade e música em Bezerra da Silva
- Maria Izilda Santos de Matos, Eder Aparecido Ferreira Sedano
- · História Oral, prática futebolística e cidades no Brasil: conflitos e apropriações nas narrativas de ocupação dos campos de “futebol de várzea” de Belo Horizonte
- Bernardo Borges Buarque de Hollanda, Raphael Rajão Ribeiro
- · A sirene que não toca: memórias sobre ruínas e desocupação de uma cidade mineradora
- Andrea Casa Nova Maia, Regina Helena Alves da Silva
- · “Menino do Beco”: memórias de uma infância vivida numa zona de meretrício em Diamantina-MG (1950-1968)
- Débora Antonieta Silva Barcellos Teodoro, Keila Auxiliadora Carvalho
- · Memória individual como expressão de uma memória social: reminiscências reveladoras das múltiplas facetas de Fortaleza
- Gisafran Nazareno Mota Jucá
- · Os açorianos no Rio de Janeiro – inserção social e estabelecimento
- Daniel Evangelho Gonçalves
- · Memórias e práticas culturais: a modernização do comércio de alimentos de uma cidade do Sertão de Pernambuco na década de 1970
- Helder Remigio de Amorim
- · Espaços culturais de Teresina-PI: cotidiano, memórias e sociabilidades (décadas de 1980 e 1990)
- Raimundo Nonato Lima dos Santos
- · Para além das margens: o Conjunto Habitacional Itararé e as remodelações dos espaços urbanos em Teresina (década de 1970)
- Claudia Cristina da Silva Fontineles, Marcelo de Sousa Neto
- · Urban Sketchers e a cidade: sociabilidades, materialidades e sensibilidades
- Paulo Henrique Tôrres Valgas
ARTIGOS VARIADOS
- · O Uso da História Oral na construção de museus indígenas: experiências em Roraima
- Ananda Machado
- · As trajetórias das professoras do Jalapão e seus percursos formativos
- Odaléa Barbosa de Sousa Sarmento, Jocyléia Santana dos Santos, Daniela Patrícia Ado Maldonado
RESENHAS
- · “Operária da música brasileira”: Nara Leão e uma memória musical do Brasil
- Carlos Eduardo Pereira de Oliveira
- · Uma história social da memória da ditadura: o lugar da História Oral na investigação do regime militar
- Samuel Silva Rodrigues de Oliveira
PUBLICADO: 2020-01-30
Instituto de Menores Artesãos (1861-1865): informação, poder e exclusão no Segundo Reinado | Douglas de Araújo Ramos Braga
Resultado de uma pesquisa de iniciação científica que se tornou tema de trabalho de conclusão de graduação, o livro é fruto da monografia de Douglas de Araújo Ramos Braga- graduado em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), mestre em História das Ciências e da Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz (COC-FIOCRUZ) e atualmente doutorando em História pela Universidade de Brasília (UNB) 1.
Instituto de Menores Artesãos (1861-1865): informação, poder e exclusão no Segundo Reinado concede centralidade às noções de “criança”, “infância” e “menor”, numa análise que busca entender a experiência institucional do instituto de vida efêmera que exerceu profundo impacto sobre os indivíduos que para ela foram enviados-retirados das ruas ou mandados por familiares que não tinham condições de criá-los. O que eram crianças? O que eram menores? Como e porque eram inseridos junto a outras figuras – homens, mulheres, livres, escravos, imigrantes, africanos livres de diversas idades – nas chamadas “classes perigosas”? O que era ser criança, o que era infância? São algumas das perguntas que norteiam as reflexões do autor, que insere sua problemática no debate maior acerca das políticas públicas de controle e esquadrinhamento social pelo Estado Imperial. Leia Mais
Revista de História da UEG. Morrinhos, v.9, n.1, 2020.
Tema Livre
Imagem de Capa:
Fotógrafo fotografando a si mesmo em estúdio. Autor: A. H. Wheeler. Berlin, 1893.
Fonte: wikipedia.org.
Artigos (Tema Livre)
- Os missionários católicos orionitas e a educação como instrumento de catolicização do antigo extremo norte goiano nas décadas de 1950 e 60The Orionite Catholic missionaries and the education as an instrument of catholicization of the ancient far northern of Goiás in the 1950s and 1960s.
- Raylinn Barros da Silva
- e912019
- Enfermidades, sanitarismo e preconceito: uma análise histórica de Comunidades Caiçaras e Quilombolas do litoral norte de São Paulo, Brasil, no decorrer do Século XXEnfermedades, saneamiento y prejuício: un análisis histórico de Comunidades Caiçaras y Quilombolas de la costa norte de São Paulo, Brasil, en el desarrollar del siglo XX
- Clayton Galdino Rosendo dos Santos, Maria Aparecida Chaves Ribeiro Papali, Pedro Ribeiro Moreira Neto
- e912018
- Narrativa artesanal e sabedoria popular no norte de Goiás (2017-2019): a arte de produzir conhecimento por meio da oralidadeArtisanal narrative and popular wisdom in northern Goiás (2017-2019): the art of producing knowledge through orality
- Lucas Pires Ribeiro, Matheus Lucio dos Reis Silva
- e912017
- Os africanos livres enviados para Itaboraí RJ – Brasil (1831-1864)The Free Africans sent to Itaboraí, RJ – Brazil (1831-1864)
- Gilciano Menezes Costa
- e912014
- A interiorização das ações em saúde no início do século XX em Viçosa (MG – Brasil)The internalization of health actions in the early Twentieth Century: Viçosa, Minas Gerais, Brazil
- Vanessa Lana, Mayra Christian Sabino
- e912013
- O anti-darwinismo católico na imprensa brasileira durante a segunda metade do século XIXCatholic anti-darwinism in the brazilian press during the second half of the 19th century
- Raick de Jesus Souza
- e912012
- Uma voz libertária na revista Careta: Domingos Ribeiro Filho e a crônica como literatura útilA libertarian voice in the Careta Magazine: Domingos Ribeiro Filho and the chronicle as useful literature
- Angela Maria Roberti Martins; Mariana da Silva Rodrigues de Lima
- e912011
- Memórias para a (in)diferença: reflexões sobre a possibilidade de usos éticos do passado da ShoahMemories for (in)difference: reflections on the possibility of ethical uses of the Shoah’s past
- Michel Ehrlich
- e912010
- A indústria pela educação: a FIESC e o estado de Santa Catarina (Brasil)The industry for education: FIESC and the Santa Catarina State (Brazil)
- Mariléia Maria da Silva, Amanda Caroline de Oliveira
- e912009
- A arquitetura religiosa no projeto modernista de Brasília (DF – Brasil): entre o Catolicismo e as Novas ReligiosidadesReligious architecture in the modernist project of Brasília (DF – Brazil): between Catholicism and New Religiosities
- Pepita de Souza Afiune
- e912008
- A expansão dos interesses mercantis do Recife (PE – Brasil) nos “sertões de fora”: Uma análise a partir da trajetória do coronel João de Barros Braga na capitania do Siará GrandeLa expansión de los intereses mercantiles de Recife (PE – Brasil) em los “Sertones de Fuera”: un análisis a partir de la trayetoria del Coronel João de Barros Braga en la Capitanía de Siará Grande
- Gabriel Parente Nogueira
- e912007
- “Sereis testemunhas de mim… até a parte mais distante da terra”: a Igreja Católica Apostólica Romana no Norte do Rio Grande do Sul (1889-1930)“You shall be my witnesses… to the most distant part of earth”: the Roman Catholic Church in the north of Rio Grande do Sul (1889-1930)
- Jonas Balzan
- e912006
- O sonho de modernização deságua no Rio Araguaia: apropriação e consolidação do rio como lugar de turismoThe dream of modernization drain on the Araguaia River: appropriation and consolidation of the river as a place of tourism
- Maria de Fátima Oliveira, Carla Edieni da Silva Alves
- e912005
- Do surgimento da Escolástica (Patrística, século V) ao Argumento Ontológico de Anselmo de Cantuária (Século XI)From the emergence of Scholasticism (Patristic, 5th century) to Anselmo Canterbury’s ontological argument (11th century)
- Ramon Maciel de Souza
- e912004
- O real e o ficcional nos saberes vulgares: ensaio sobre as fronteiras e zonas de transparência entre a História e a LiteraturaThe real and the fictional in ordinary knowledge: essay on the boundaries and zones of transparency between History and Literature
- Matheus Pinheiro da Silva Ramos, Cid Morais Silveira
- e912003
- O papel do instrumentista/compositor como elemento de síntese entre o erudito e o popular nos espaços de prática do choroThe role of the instrumentalist/composer as an element of synthesis between the scholar and the popular in the spaces of practice of choro
- Alexandre Pompermaier
- e912002
- O Ensino Religioso Confessional como Programa Moral na Visão do Supremo Tribunal FederalConfessional religious teaching as a moral program in Supreme Court View
- Alexandre Forte Maia
- e912001
Notas de Pesquisa
- Periferia, migração e cotidiano: notas acerca da inserção de migrantes nordestinos em um pequeno município paulista (1990-2010)Periphery, migration and daily life: notes about the insertion of northeastern migrants in a small municipality of São Paulo (1990-2010)
- Bruno Cesar Pereira
- e912015
Resenhas
- GREEN, James Naylor; QUINALHA, Renan; CAETANO, Marcio; FERNANDES, Marisa (Org.). História do Movimento LGBT no Brasil. 1.ed. São Paulo: Alameda, 2018.
- Rhanielly Pereira do Nascimento Pinto
- e912016
Publicado: 2020-01-28
Ágora. Vitória, n.30, 2019.
Dossiê: Auctoritas e potestas no Ocidente Tardo Antigo e Medieval
Homenagem à Professora Doutora Ana Paula Tavares Magalhães
- LETAMIS
- Apresentação
- Sergio A. Feldman, Ludmila Noeme Santos Portela, Roni Tomazelli
- Conflito e convivência entre donatistas e católicos a partir do epistolário de Agostinho de Hipona
- Jose Mário Gonçalves
- ‘Entre justos e ímpios’: Conflitos teológicos entre Idácio de Aquae Flaviae e Salviano sobre os Vândalos no quinto século
- Geraldo Rosolen Junior
- Na urdidura do Palácio: a corte de Justiniano e as transformações das relações políticas no mundo tardo antigo
- Kelly Cristina da Costa Bezerra de Menezes MAMEDES
- A gênese literária e filosófica da Apolitia na Civitas Homines do medievo cristão: uma interpretação arendtiana
- Diego Avelino de Moraes Carvalho
- A itinerância como exercício do poder: a atuação de Diego Gelmírez (1101-1140) frente à rebelião compostelana de 1116-11171
- Jordano Viçose
- A Auctoritas da Linhagem dos Ynglingos na obra de Snorri Sturluson (c. 1179-1241) como objeto educacional da política medieval
- Luciano José Vianna
- O medo do feminino em construção no século XV
- Sara Schneider de Bittencourt
- Os conflitos sociais enquanto reprodução e movimento dialético da formação social feudal no reino da França (1180-1226)
- Edilson Alves Menezes
- Universidades medievais: ente auctoritas e potestas
- Cícera Leyllyany F.L.F. Müller
- Do debate de Paris (1240) ao debate de Barcelona (1263)
- Regilene Amaral dos Santos, Sergio Alberto Feldman
- A historiografia alemã do século xix: política e poder na construção do “mito da nação”
- Ana Paula Tavares Magalhães
Resenha
- A escrita da História numa outra Idade Média: descobrindo a historiografia bizantina (600-1490)
- Guilherme Welte Bernardo
Artigos
- As transformações no mundo do trabalho e os impactos no Brasil a partir de 1990: Uma breve análise no Município de Pelotas/RS
- Miria Raquiel da Rocha, Carlos Eduardo Arns
- A trajetória de Dona Rosa Maria de Mendonça: uma enjeitada na freguesia da Cidade do Natal (1722?-1797)
- Thiago Torres do Nascimento Torres de Paula
- A Revolução Industrial e a produção de roupas
- Valéria Feldman, Dib Karam Junior
Publicado: 23-01-2020
Le silence dans l’art médiéval. Liturgie et théologie du silence dans les images médiévales – DEBIAIS (APHG)
DEBIAIS, Vincent. Le silence dans l’art médiéval. Liturgie et théologie du silence dans les images médiévales. Paris: Éditions du Cerf, 2019. 312p. Resenha de: PIERROT, Loïc. Association des Professeurs d’Histoire et de Géographie (APHG). 22 jan. 2020. Disponível em: <https://www.aphg.fr/Vincent-Debiais-Le-silence-dans-l-art-medieval>Consultado em 11 jan. 2021.
Il existe bien des silences. Il y a celui du repos, le soir venu, après une journée saturée par les bruits du travail et de la ville ; celui de la vie intérieure au passage des pensées et des émotions ; ou encore celui, plus gênant, d’une conversation incommode. Les chercheurs se sont naturellement emparés de ce fait aux aspects multiples, en particulier les « historiens du sensible ». En France, Alain Corbin a proposé une approche des « paysages sonores » là où d’autres, à l’étranger, ont développé les sensory studies ou encore les sound studies. En 2010, l’anthropologue David Howes allait jusqu’à suggérer un sensual turn s’ajoutant aux nombreux autres tournants que les sciences sociales emprunteraient aujourd’hui. Le silence comme objet d’étude n’en est pas moins difficile à situer en l’absence d’une approche globale de celui-ci dans une perspective historique. Parmi tous ces remous heuristiques, Vincent Debiais s’est néanmoins démarqué en 2019 en proposant une histoire du silence à la croisée de l’histoire, de l’histoire de l’art et de la philosophie. Historien chargé de recherche au CNRS, Vincent Debiais questionne le silence dans l’art médiéval en le traitant comme une « positivité » (p.11), c’est-à-dire comme une entité présente dans l’image et dans son sujet. Il contribue ainsi à dégager une nouvelle approche des évocations du silence et de sa présence dans les productions artistiques du Moyen Âge, tout en rappelant le rôle essentiel du fait-silence dans la culture et la vie spirituelle de l’Occident chrétien.
L’approche de V. Debiais, à la fois solide et prudente, comprend aussi quelques audaces intéressantes en osant à plusieurs reprises des parallèles avec l’art contemporain et son traitement du silence. Ces comparaisons ne sont jamais gratuites et permettent de restituer sa radicalité au geste créatif médiéval. Sa méthode ne se départit pas, enfin, d’une vigilance appréciable vis-à-vis des conceptions contemporaines du silence. L’historien ne se laisse déborder ni par les théories contemporaines du silence artistique – où il n’existe pour l’essentiel qu’en tant que performance en soi ou comme paratexte de l’œuvre –, ni par les constructions néo-romantiques ou pseudo-zen du silence qui ont cours aujourd’hui. Avec Vincent Debiais, le silence médiéval devient un signe à part entière et retrouve son épaisseur sémantique et créative.
Un sens chrétien du silence
Les images médiévales ne nous parlent pas. Elles ne nous parlent plus, du moins, comme elles le faisaient avec leurs observateurs du Moyen Âge. Ce constat abrupt paraît d’autant plus vrai face aux représentations médiévales du silence. Il serait peut-être intéressant, si nous nous risquons comme l’auteur au jeu de la comparaison, de rapprocher ce rapport incomplet à l’image passée avec celui décrit par Chris Marker et Alain Resnais dans Les Statues meurent aussi (1953) : devant les figurations médiévales du silence, ce sont deux mondes qui se font face, parce que notre manière de voir et de comprendre n’est pas médiévale. Les intentions se heurtent et font place à une incompréhension qui comporte le risque de la déformation, voire de l’exotisme. Pour comprendre à nouveau le silence dans l’art, il faut donc partir sur les traces du silence médiéval. La première partie de l’ouvrage de Vincent Debiais est consacrée à la définition de ce silence. Au terme de développements sur la discipline et la ritualité du silence dans la civilisation gréco-romaine, l’auteur aborde la question du silence biblique et chrétien. Au sein du corpus vétérotestamentaire, les épisodes de silence marquent généralement une distance angoissante de Dieu – ainsi le livre d’Ézéchiel – ou bien un temps de pédagogie divine vers la sagesse – comme dans le livre de Job. Ce silence pédagogique se retrouve également dans le Nouveau Testament, lorsque le serviteur attend la parole du maître, mais il se double aussi du silence résigné de la Passion qui n’est brisé qu’au dernier souffle du Christ. Or, malgré la récurrence des silences dans la Bible, seules deux scènes se démarquent particulièrement dans la production artistique du Moyen Âge : le silence primordial de la Genèse et le silence à l’ouverture du septième sceau. Cela ne signifie pas pour autant que le silence est absent de la théologie chrétienne. Les Pères de l’Église lui consacrent quelques réflexions parfois concurrentes, mais tous s’accordent pour dire que le silence – subi ou recherché – est une condition nécessaire d’accès à Dieu, qu’il constitue un à-côté de la parole de vérité et de foi et qu’il peut être caractérisé et apprécié au même titre que la lumière ou le son. Le silence s’avère central pour des théologiens apophatiques comme Clément d’Alexandrie (Stromateis, IIe-IIIe s.) ou Philippe de Harvengt (De silentio, v. 1150) parce que la contemplation de Dieu est pour eux au-delà du langage, là où les paroles sont silence. Augustin d’Hippone, pour sa part, distingue la parole silencieuse de Dieu, chargée de vérité intérieure, de la parole sonore et inconséquente des hommes. Plus encore : Augustin estime qu’en musique le silence n’est pas un « vide » mais un son prononcé silencieusement, une pause mesurable, dotée de qualités esthétiques. Conçu comme un « plein », le silence connaît une telle portée au Moyen Âge qu’il est pourvu d’une note au cours de la théorisation de la musique au XIIIe siècle. Après Augustin, le silence devient qualifiable et représentable. Le Moyen Âge s’en saisit.
Le silence dans tous ses états
Vincent Debiais propose une typologie du silence dans les arts médiévaux. Il distingue tour à tour le silence comme transparence, le silence-lieu, le silence-geste et le silence-corps qu’il présente au lecteur en quatre parties richement illustrées. Il observe d’abord les représentations de l’ouverture du septième sceau dans l’Apocalypse de Jean en examinant les enluminures et leur dispositif en regard du texte (« Quand il ouvrit le septième sceau, il y eut dans le ciel un silence d’environ une demi-heure » – Ap 8,1). L’historien s’attarde sur l’Apocalypse de Beatus de Liébana puisque le moine Beatus a insisté dans sa glose sur le fait que le silence devient visible dans la révélation johannique, mais il complète son analyse avec d’autres manuscrits. Il mentionne le cas du ms. Vitrina 14-2, f. 162 (Madrid, Biblioteca Nacional), où la monumentalisation épigraphique du mot silentium, tracé avec des modules larges, rempli d’or et en écriture d’apparat, semble donner une consistance physique au silence et crever le parchemin en faisant « émerger du fond de la peau un cri assourdissant » (p.67). Ce cri de silence n’est pas sans rappeler à V. Debiais un autre cri, celui peint par Edvard Munch en 1893, qui est resté la figuration la plus célèbre du cri silencieux. L’auteur trouve dans d’autres manuscrits un souci de rendre perceptible le silence par l’ornement, restituant ainsi la brutalité du verset biblique en produisant l’effet du silence dans la lecture.
Au chapitre suivant, Vincent Debiais s’attache à mieux comprendre le silence monastique. Il rappelle brillamment que la conception médiévale du désert n’est pas celle d’un espace silencieux, mais d’un espace isolé et hostile ; ce qui est silencieux, en revanche, c’est le pendant métaphorique du désert : le monastère. Jusqu’au XIIe siècle, sous l’influence de l’interprétation clunisienne de la règle bénédictine, le silence monastique remplit trois fonctions : la lutte contre les péchés de la langue, la concentration dans la louange de Dieu et la mise en accord de la vie du moine avec celle de l’ange (disciplina coelestis) qui, en face à face avec Dieu, n’a plus besoin de parler pour connaître et louer. Le silence clunisien est alors renoncement au monde et, par imitation, présence terrestre d’une réalité céleste. Quant au silence cartusien, qui n’est pas une simple retenue de la parole mais une abstinence absolue, il est moins un silence angélique qu’un silence de quiétude nécessaire rendant le cœur disponible à la contemplation de Dieu. Vincent Debiais remarque, à juste titre, que le silence monastique est un processus : il est pour le moine un moyen d’accéder à un état de l’âme. Le bâti du monastère se doit alors d’être une « traduction architectonique d’un état du monde » (p.117). Le cloître comme lieu de silence absolu, hors du cadre cartusien, est une construction théologique qui n’a jamais existé dans les faits. Il est l’image du Paradis, coin de terre ouvert au ciel, alliant le minéral, le végétal et la lumière, exigeant le silence. Les feuilles d’acanthe des chapiteaux du cloître sont d’ailleurs moins des motifs ornementaux qu’une végétalisation de la pierre rappelant le Paradis. Le cloître apparaît donc, en tant qu’image du silence céleste, comme un absolu du silence servant de toile de fond au silence relatif de la vie monastique. L’auteur propose ici un parcours de quelques abbayes, notamment Notre-Dame de Sénanque et Saint-Pierre de Moissac. Il en conclut qu’au monastère, il n’existe pas de représentation en soi du silence, mais une mise en ordre des lieux et des décors qui imposent le silence.
Les deux dernières parties de l’ouvrage sont consacrées au silence liturgique et à la corporalité du silence. Partant d’œuvres d’artistes contemporains comme John Cage ou Yves Klein, Vincent Debiais insiste sur le fait que les images montrent moins la normativité du silence que sa portée spirituelle. D’où l’importance du silence dans le temple et le service divin : nombreuses sont les représentations du silence imposé par la domus Domini qui utilisent essentiellement l’image de l’index ou de la main couvrant les lèvres, aussi bien sous la forme de mosaïques – comme au baptistère de la basilique Saint-Marc de Venise – que dans les enluminures. La représentation de Zacharie privé de parole par l’ange, qui est plus une privation de la nature prophétique de la parole qu’un silence sensoriel selon l’auteur, ouvre une réflexion sur le silence rituel. La liturgie romaine d’aujourd’hui laisse moins de place au silence qu’au Moyen Âge, où il était une condition nécessaire à la célébration efficace de l’eucharistie. Le silence liturgique donne lieu à de multiples représentations : les apôtres faisant silence pour louer Dieu dans leur cœur en sont une manifestation aussi frappante que la représentation du roi David silencieux face au diable. Silence de protection de soi vis-à-vis du péché, silence de respect et d’humilité, silence de prière et de disponibilité à Dieu, ce silence du rite se superpose aux signes sonores de la messe comme les paroles du prêtre et les tintements des cloches. Il est une performance singulière et quiète de la voix placée au centre de l’expérience spirituelle médiévale. Ce silence contraint de la liturgie devient par ailleurs silence de plénitude au moment de communier : « la bouche, organe de la voix, est remplie de l’image du Christ, empêchée de parler par la réalité matérielle du mystère » (pp.204-205). Après ce rapprochement du silence du cœur et du silence des lèvres, Vincent Debiais poursuit la combinaison des sens en liant le silence à la vue. Les récits de vision béatifique de Dieu (visio Dei), genre littéraire florissant dès le XIIIe siècle, mettent en avant une expérience éminemment visuelle indissociable d’un silence complet du corps. Nombreuses sont les enluminures et sculptures qui donnent à voir la stupor admirationis ressentie lors de la théophanie, particulièrement lors de l’Apocalypse. C’est ainsi que l’Apocalypse Getty (Los Angeles, Getty Museum, ms. Ludwig III 1) montre Jean contemplant le silence : c’est, pour V. Debiais, un « basculement sensoriel » et une « mise en voir du silence » (p.221). Ces représentations remarquables finissent par amener l’auteur à un développement sur l’angéologie médiévale. L’ange était en effet supposé savoir ce qui n’est pas dit et évaluer la qualité du silence, de même qu’il était tout à la fois doté d’une voix compréhensible en s’adressant aux hommes et inaudible face à Dieu. Il est la présence de la louange, parole silencieuse et silence de lumière. Jusqu’à l’extrême fin du Moyen Âge, jusque dans les fresques florentines de Fra Angelico, les paroles et les silences emplis de l’Esprit-Saint sont représentés par la lumière – là où le noir et le mauve qui envahissent la toile ou le mur sont silence de mort.
Face à l’image
Au terme de notre promenade silencieuse, que retenir ? Comment comprendre le silence sans le forcer à parler ? Pour Vincent Debiais, l’étude du silence médiéval échappe à toute approche iconographique car il ne peut se plier à une traduction signe-à-terme. Les silences de l’art sont trop variés et leurs artistes trop différents. Le silence médiéval, qui n’est en aucun cas absence de bruit, est toujours une évocation, une présence contenue dans l’image qu’il faut sans cesse traquer – sans la provoquer. Ce silence de l’art médiéval, chrétien et religieux, qui ne prend pas en compte les silences qui peuplent les sources littéraires et judiciaires, est finalement à lui seul un discours qu’il appartient à l’observateur d’aujourd’hui de retrouver. Le livre généreux et éclairant de Vincent Debiais nous donne les clés pour le faire. S’il s’adresse pour l’essentiel à un public averti et ne pourra guère convenir à un lectorat trop jeune, il ravira à coup sûr les enseignants et les étudiants qui sauront en tirer une culture plus solide et, sans doute, un regard plus acéré.
Loïc Pierrot – Élève à l’École nationale des Chartes, étudiant à l’École normale supérieure de Paris.
[IF]Democracia, Patrimônio e Direitos: a década de 1980 em perspectiva / Anais do Museu Paulista / 2020
Os artigos reunidos nesse dossiê têm como foco as experiências e reflexões do campo do patrimônio cultural brasileiro na década de 1980. A motivação primeira que nos uniu para pensar os anos 1980 foi a percepção de um desafio historiográfico de superação dos sensos comuns da década tida como perdida, entendendo que nas práticas e políticas de preservação de patrimônio houve uma expansão sem precedentes dos espaços, temáticas e agentes possíveis. Na luta pela democracia, o patrimônio constituiu-se como lugar de tensões, debates e ações, nem sempre lineares ou bem-sucedidos, sobre as identidades, os direitos culturais e urbanos, as práticas e os conceitos estabelecidos.
A necessidade de debater a década foi impulsionada também pelos duros ataques e desmontes das instituições de cultura e de patrimônio que têm ocorrido desde 2017 e estão sendo aprofundados em 2019. A partir de uma perspectiva multidisciplinar e ampla em termos de território nacional, organizamos um encontro com pesquisadores tendo em vista o desafio de problematizar a década e os mais variados questionamentos.
Buscamos atentar para situações concretas daquele contexto e também projetar um olhar prospectivo. Nesse sentido, fontes muito variadas foram consideradas nas análises, evidenciando sua riqueza e densidade. Destaque para a Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que marcou presença na maioria dos artigos. A releitura dos números lançados nos anos 1980 surpreende o leitor, pelos temas variados, pela salutar presença do debate e do contraditório, de certa forma espelhando um sentimento de esperança, que tem nos feito muita falta nos dias atuais, em que só vemos a destruição de toda ordem.
Em junho de 2019, no auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), realizou-se o seminário “Democracia, patrimônio e direitos: a década de 1980 em perspectiva”, uma parceria da FAUUSP com a Escola de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Os textos aqui reunidos decorrem diretamente do seminário e têm por objetivo mais geral ampliar a compreensão das práticas patrimoniais e de sua história no Brasil, concentrando-se na década da redemocratização.
Acreditando na multidisciplinaridade do patrimônio também no que se refere aos diálogos acadêmicos, foram reunidos autores com vinculações institucionais diversas, oriundas da história, geografia, sociologia, museologia e arquitetura, que se dispuseram a discutir o período lançando olhares a agentes e lugares variados, bem como produzindo narrativas a partir de suas próprias centralidades: do Ceará a Santa Catarina, passando por Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, pelas práticas de estados e municípios, pelo patrimônio natural, bens móveis, bens edificados, pelos agentes e sujeitos sociais, sem deixar de lado o chamado “patrimônio nacional”. Os textos mostram a variedade e complexidade das ações, sem a pretensão de ver nelas caráter exemplar, mas de apontar as inúmeras possibilidades de investigação. Um campo de desafios que não se encerra aqui, mas que, assim se espera, abra novos caminhos de pesquisa, reflexão e, quem sabe, ação.
A década de 1980 no Brasil foi marcada pelas disputas políticas no processo de redemocratização. As articulações para a saída do regime militar e os caminhos para a democracia levaram quase uma década de consolidação. Da Lei da Anistia, em 1979, até a Constituição Cidadã em 1988 e as eleições diretas em 1989 – de acordo com a periodização proposta para a redemocratização –, dez anos de pressões e lutas democráticas tiveram lugar. A luta por direitos urbanos e a ação dos grupos sociais nas demandas pelo direito à moradia e, sobretudo, à cidade já estavam presentes desde o final dos anos 1970 e ganharam protagonismo na década de 1980. Neste processo, assiste-se a muitas reações às sucessivas transformações do período de ditadura militar, no qual a modernização conservadora autoritária modificou, entre outras coisas, o padrão de urbanização do país.
O patrimônio cultural passou a se situar no vértice das ações e debates sobre o urbano, mas não somente nesse ponto. As disputas por memórias e narrativas acerca da identidade nacional colocaram o passado e a preexistência física das cidades no campo de disputas que pressionaram por ações para além daquelas impostas pela chamada “ortodoxia do patrimônio”. Dentro do órgão federal, à época denominado Subsecretaria ou Secretaria do Patrimônio do Histórico e Artístico Nacional / Fundação Nacional Pró-Memória (Sphan / PróMemória), e, para muito além dele em órgãos estaduais e municipais não somente do campo específico do patrimônio cultural, chegando às políticas que são formuladas a partir da Constituição, assiste-se a uma ampliação sem precedentes.
A década foi um momento de muitas transformações no pensamento sobre a preservação em âmbito nacional, redundando em ações, debates e políticas inovadoras no contexto da história do patrimônio brasileiro, que não necessariamente tiveram continuidade, como analisado neste dossiê.
O período culminou na promulgação da Constituição Federal de 1988, em que os preceitos de patrimônio cultural brasileiro foram legalmente transformados, incluindo toda sorte de temas da cultura e expressões que extrapolaram o excepcional. Em 2020, completam-se 32 anos desde a promulgação da nova Constituição Brasileira, e podemos afirmar que o campo do patrimônio transformou-se profundamente. Essas mudanças, largamente incrementadas pelas políticas culturais dos anos 2000, referem-se à amplitude e diversificação das políticas públicas, em conexão intersetorial, com base nos novos conceitos de patrimônio, que aproximaram a temática do universo dos direitos – urbanos, por exemplo, como o direito à moradia, e o direito à cultura. Referem-se também à inclusão de novos sujeitos no amplo debate sobre diversidade cultural brasileira, associada ao direito à memória, bem como ao reconhecimento de grupos tradicionalmente pouco assistidos pelas políticas patrimoniais, especialmente após a implantação de uma política em 2001 para a salvaguarda do patrimônio imaterial.
No caso dos afrodescendentes brasileiros, o debate remonta aos anos 1970, período em que os movimentos negros foram fortalecidos, em parte na esteira dos amplos debates que se davam nos EUA. No contexto da redemocratização, a luta antirracista e por direitos iguais tornou-se bandeira partilhada por setores progressistas da intelectualidade, que se juntaram a representantes dos movimentos negros, mediando várias de suas reivindicações no campo do patrimônio. Ao mesmo tempo, como sujeitos desse processo, integrantes do movimento passaram a lutar por espaços políticos e institucionais, para conduzir uma política de afirmação da cultura negra. No artigo de Márcia Chuva, essa discussão se coloca no âmbito das políticas de memória e patrimônio no Rio de Janeiro, a partir da análise das medidas adotadas pelo órgão estadual de patrimônio, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e pela Sphan / Pró-Memória, nos anos 1980, e, numa leitura também prospectiva, do Rio de Janeiro tornado Patrimônio Mundial nos anos 2010.
O contexto também demandava o conhecimento das práticas distintivas desse grupo formador da sociedade brasileira, e em seu artigo Márcia Sant’Anna analisa um projeto muito bem-sucedido realizado em Salvador, que foi o Mapeamento de Sítios e Monumentos Religiosos Negros da Bahia. Mapeamentos e inventários são metodologias tradicionais no campo do patrimônio e sua utilização, nesse caso, produziu material inédito. Sua importância extrapola o evento em si, tendo contribuído para formular o conceito de patrimônio cultural, que hoje substituiu amplamente o tradicional patrimônio histórico e artístico, como também para incluir bens relacionados à cultura afro-brasileira no seletivo rol do patrimônio, tendo em vista os vários terreiros de candomblé tombados a partir do ato inaugural do Terreiro da Casa Branca em Salvador, em 1984.
Contudo, esse universo de bens ainda permanece sub-representado na lista geral de bens protegidos. Outro problema que merece ser apontado, e que se repete em outras situações, é a insistência em adotar rigores estilísticos inadequados ao tipo de bem. Vimos, portanto, mudanças importantes no sentido de novos sujeitos de atribuição de valor intervindo nas políticas de seleção, mas a gestão desses bens tombados ainda requer mudanças substanciais na cultura patrimonial. Problema similar se deu com o tombamento da Serra da Barriga, local do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, em 1985. Fruto da pressão do movimento negro, sua gestão colocava questões que se misturavam a desafios urbanos e habitacionais, para os quais a instituição federal não tinha respostas. O artigo de Joseane Brandão contém uma riqueza de informações sobre a trajetória de reconhecimento dos quilombos como patrimônio brasileiro, no qual a pesquisadora analisa o processo histórico e jurídico de construção social da categoria de comunidades remanescentes de quilombos. Esse processo teve início na Constituição Federal Brasileira de 1988, que determinou o tombamento de quilombos, enfatizando assim o caráter de reparação desse gesto. Isso ocorreu graças à pressão dos movimentos negros na Constituinte.
Num olhar prospectivo, consolida-se a ideia de pedidos de reparação como solicitações de reconhecimento. Todo esse processo tem contribuído para a reflexão sobre a escravidão no Brasil, o pós-abolição e o racismo como problemas estruturais de nossa sociedade e como oportunidade para o campo do patrimônio intervir social e culturalmente, ao associar processos de reparação ao reconhecimento do patrimônio afro-brasileiro.
Portanto, no universo dos direitos, o patrimônio aproximou-se de políticas afirmativas, de reparação e de inclusão, com experiências inúmeras e bastante diversificadas que resultaram em novas estratégias políticas. Esse crescimento do campo também resultou na e da ampliação de investigações acadêmicas e da formação profissional, com a criação de cursos de pós-graduação ou a inserção do tema em áreas de formação tradicionais, voltando-se para a reflexão sobre o patrimônio e as políticas públicas no setor, bem como sua inclusão nas graduações por meio de diversas disciplinas. Dessa forma, os trabalhos aqui reunidos são fruto do campo acadêmico do patrimônio cultural e mostram a importância da reflexão histórica sobre o assunto. Os autores se debruçam sobre aspectos diversos e complementares do período, e os artigos contribuem para a compreensão da história e da historiografia do patrimônio cultural brasileiro, uma vez que apresentam e problematizam o período de modo inédito.
Entre narrativas e práticas, o campo do patrimônio se redimensiona nos anos 1980. A historiografia é ponto-chave e talvez inicial para lançar luz sobre a década. Por isso, optamos por abrir o dossiê com o artigo de Luciano Teixeira, que aborda os primeiros passos da construção de uma historiografia do patrimônio, a partir de duas publicações seminais desse contexto, que demarcaram a possibilidade de uma escrita da história do patrimônio no Brasil. Acompanhada da efervescência dos debates que transcorriam em São Paulo, nos anos 1980, numa rede distinta de agentes e instituições, acirravam-se os debates e as disputas sobre o controle do discurso patrimonial no processo de redemocratização, especialmente no caso do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e pela Sphan / Pró-Memória, órgão de grande importância para o período, presente em todos os artigos deste dossiê. Sua história é, sem dúvida, mais uma frente de pesquisa a ser abordada, como aponta este dossiê.
Como o campo do patrimônio se distingue historicamente pelas práticas que se rotinizam na agência federal, optamos pelo contraponto entre narrativas e práticas, colocando em sequência o artigo de Beatriz Kühl sobre as restaurações realizadas pela Sphan / Pró-Memória. Justamente pela ausência de documentos reflexivos, normativos ou teóricos sobre essas restaurações desde os anos 1930, as fontes privilegiadas neste artigo foram os quatro números da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional dos anos 1980, já mencionados, nos quais há densos artigos sobre restaurações emblemáticas realizadas na época. Esse material é analisado com olhar crítico, e reflete sobre a forma de circunscrição do tema e de sua abordagem, trazendo outros artigos desses números para matizar os debates sobre a restauração de então.
É consenso entre estudiosos que uma das grandes mudanças perpetradas pela modernização conservadora autoritária do regime militar foi a do perfil urbano do Brasil, dada por diversos processos, dentre os quais a urbanização e a metropolização somadas às novas conexões territoriais pela onda rodoviarista. A emergência de um debate urbano do patrimônio no Brasil surge pari passu às transformações nas cidades e às ações de planejamento urbano e territorial organizadas pelo governo militar. A pressão urbana nas cidades consideradas “históricas” e as perdas substanciais em outras tantas estão claras desde a década de 1970, mesma época em que o “patrimônio urbano” como campo conceitual se consolida no cenário internacional, com a promulgação de cartas patrimoniais e políticas urbanas específicas para áreas patrimonializadas, como aconteceu na França, Itália e Reino Unido.
No Brasil, as ações são assumidas ainda nos anos 1970 – o que tensiona, como já visto, as temporalidades da década de 1980 – pelo campo do planejamento urbano de municípios que organizaram inventários, conceitos e novas formas de acautelamento a partir de leis urbanas e planos diretores. Os conceitos de ambiente urbano e de patrimônio ambiental urbano foram mobilizados no contexto de áreas urbanas no Rio de Janeiro e em São Paulo – aqui discutidas pelos textos de Marly Rodrigues e Andréa Tourinho, Mariana Tonasso e Flávia Brito do Nascimento –, ao mesmo tempo que buscaram incluir a cidade nas práticas patrimoniais. No entanto, e apesar das importantes mudanças que foram capazes de implantar na área – com a inclusão de novos agentes e novas áreas urbanas até então não consideradas como patrimônio –, muitas vezes recaíram nos cânones arquitetônicos, protegendo bens isolados e afastando-se das demandas por consideração das relações entre habitantes e bens culturais.
Nos anos 1980, o debate sobre a cidade e o patrimônio cultural assume-se democrático em níveis municipal, estadual e federal, quando a Sphan / Pró-Memória passa a proteger muitas áreas urbanas a partir dos argumentos da história, entendendo a própria cidade como um documento. A cidade-documento, discutida no texto de Lia Motta, viabiliza a permanência do Iphan no debate urbano que passou a proteger novos núcleos urbanos e utilizar critérios inéditos, como são exemplares os casos de Laguna, Natividade e Petrópolis.
O ambiente como argumento de preservação urbana era parte de um quadro ainda mais amplo da discussão ambiental, um dos temas latentes do período. Da mesma forma, nas cidades, a pressão da urbanização desde os anos 1960 e seus impactos nefastos nas áreas ditas naturais ou nas comunidades tradicionais levou à mobilização da comunidade internacional, com o papel decisivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). No Brasil, o protagonismo do debate sobre as áreas naturais veio de dois agentes novos no campo, ainda na década 1970: a geografia e o Estado de São Paulo. O papel decisivo de Aziz Ab’Saber, geógrafo e professor da Universidade de São Paulo, no Condephaat, estabelecendo parâmetros conceituais para a consideração da natureza como patrimônio nos seus aspectos memoriais, foi analisado por Simone Scifoni.
A atuação do Condephaat nas áreas naturais é característica do envolvimento de novos agentes na busca pela preservação de novos objetos, espaços e práticas. A abertura do conselho às universidades públicas paulistas permitiu práticas para além das ortodoxias, emblemáticas do acolhimento de novos temas e possibilidades de expansão das práticas patrimoniais a partir da legislação de tombamento. Abertura essa hoje ameaçada, com a redução da presença das universidades no conselho. A natureza tombada era salvaguardada naquilo que tinha de valores memoriais, históricos e culturais. A criação de novos instrumentos de proteção, segundo o interesse do planejamento pela preservação urbana, aparece também nos debates sobre o licenciamento ambiental, tratado por Claudia Leal. Trata-se de uma temática urgente, em razão da recente política ambiental perversa e destruidora da vida, que vem sendo implantada no Brasil, com imensas interseções com o campo do patrimônio.
Outra vertente de atuação no campo é sua relação com a museologia, aqui também apresentada a partir do Condephaat. Inês Gouveia analisa o assunto a partir da trajetória de Waldisa Rússio, voltando-se para a contribuição teórica e política da museóloga, que incorpora na ideia de museu a noção de direito e acesso aos patrimônios e às memórias. Daí também a ampliação do debate da museologia enquanto área de conhecimento específica que ocorre nos anos 1980. A interlocução da museologia com o patrimônio fica marcada por sua atuação no grupo executivo que propõe a criação do Condephaat. Contudo, o campo museológico pouco aderiu, naquele momento, às transformações que o diálogo com o patrimônio trouxeram. Ainda assim é surpreendente o protagonismo dessa mulher, aqui tangenciado pela perspectiva dos estudos de gênero, cujas relações com o patrimônio merecem ser aprofundadas.
A cultura que adjetiva o patrimônio mudou, desde os anos 1970, as perspectivas de atuação dos novos agentes nos níveis municipal e estadual, não somente em instituições de patrimônio, mas também em associações da sociedade civil. A dimensão política da preservação tornou-se evidente nos anos 1980, como novo instrumento da luta política por direitos, aspecto que é ressaltado em vários artigos deste dossiê. O texto de Lucina Matos mostra a presença da sociedade civil organizada na valorização do patrimônio ferroviário, colocada em marcha pelos movimentos sociais e associações de defesa deste patrimônio, que lutaram pelo direito à memória e ao passado ferroviário, abrindo diálogos e embates pela sua preservação. Trata-se de um processo longo e disputado, cujos desdobramentos serão vistos quase três décadas depois com a Lei 11.483 de 2007, que atribuiu ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a responsabilidade de administrar os bens móveis e imóveis nesse âmbito da extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA).
Um aspecto fundamental do olhar voltado para a década de 1980 neste dossiê foi a possibilidade de compreender as temporalidades da patrimonialização no Brasil, constituídas ao longo das últimas quatro décadas. Se muitas das práticas foram estabelecidas nos anos de redemocratização e puderam ser, de certa forma, atendidas naqueles anos, outras tantas tiveram na Constituição de 1988 um ponto de chegada e de partida. O patrimônio ferroviário é exemplo claro: os sucessivos desmontes dos anos 1990 ampliaram as demandas do direito à memória ferroviária e se tornaram tema de atenção institucional nos anos 2000.
Este dossiê também põe em pauta aspectos regionais das políticas de patrimônio, que surgem antes mesmo dos anos 1970 em diversos locais, incentivados especialmente pelas possíveis associações entre patrimônio, turismo e desenvolvimento. A progressiva organização de movimentos e associações locais em favor do patrimônio é indício de novas narrativas patrimoniais, articuladas por argumentos de pertencimentos e identidades urbanas. Várias iniciativas dessa época trouxeram novos agentes para o campo, bem como temas ainda ausentes dos processos de patrimonialização. Um deles é a imigração e modos de vida dos colonos imigrantes no Brasil. Esse tema é trabalhado por Daniela Pistorello, que problematiza a imaginação do imigrante alemão em Santa Catarina a partir da dissecação do projeto “Roteiro Nacional da Imigração”, que gerou não apenas um enquadramento do imigrante alemão, como o apagamento de outras etnias ali presentes.
A entrada ou não de novos agentes e outros sujeitos sociais tem desdobramento nas novas visualidades no final da década de 1970 e nos anos 1980, quando a diversidade cultural se anunciava como tema. A fotografia, tal como tratada por Eduardo Costa, embora presente desde o início da atuação do Iphan, vai dialogar com distintas formas de compreensão do patrimônio, seja por meio da inclusão dos habitantes nas representações ou pelas novas profissões que se ocupam do patrimônio, como a do designer Aloísio Magalhães.
Outras formas de construção patrimonial aparecem na regionalização do patrimônio ou nas ações regionais interessadas nas tradições locais como temáticas de grande significado para o campo da cultura no Brasil, explícitas em manifestações diversas desde os anos 1960. No patrimônio, novamente, a temporalidade dessas explorações conceituais finca raízes nos anos 1970: por exemplo, nas tão propaladas ações do Centro Nacional de Referência Cultural de Aloísio Magalhães (CNRC). A experiência do Centro de Referência Cultural do Estado (Ceres), entre 1975 e 1990, tratada por Antonio Gilberto Nogueira, de mapeamento e registro audiovisual da memória da cultura tradicional popular no Ceará é também emblemática do alcance das ações locais e de seus efeitos na relação entre cultura e turismo.
O debate sobre o local ou, mais especificamente, dos estados e municípios na valoração e gestão do patrimônio tem se intensificado desde a década de 1970. A questão regional e a ação dos estados e municípios – em caráter colaborativo e não concorrente, tal como posto no Artigo 216 da Constituição – são um dos temas ainda importantes e irresolutos para o patrimônio no Brasil. A tentativa de estabelecer um sistema nacional de patrimônio nos anos 2000 e os ensaios de gestão compartilhada que começaram nos anos 1980 têm sido interrompidos ou são pontuais. Na época, as experiências se basearam no planejamento urbano ou na criação de instituições municipais e estaduais de preservação, sendo o caso de Belo Horizonte, tratado por Flávio Carsalade, significativo para pensar a questão, principalmente quando Minas Gerais assumiu o protagonismo ao incluir municípios na valorização e salvaguarda do patrimônio a partir da “Lei Robin Hood” de 1995. Como essas experiências mimetizaram a legislação federal de preservação e seguiram a ortodoxia do patrimônio nacional ou abriram novos caminhos de valoração é ainda campo de investigações futuras. As questões aqui tratadas apontam para a reiteração de lógicas fincadas no patrimônio arquitetônico e monumental, ao mesmo tempo que buscam novas formas de acautelamento e proteção.
Como se pode confirmar com a leitura deste dossiê, as mudanças no campo do patrimônio condensadas nos anos 1980, e sintetizadas no marco legal da nova Constituição, são evidentes e passaram, acima de tudo, por uma análise diacrônica. Desse modo, a reflexão se deu em conjunto, por vezes indiretamente, sobre a hegemonia da chamada ortodoxia do patrimônio, com seu império estético e formal, e trouxe à luz inúmeras situações que dela divergem ou com ela se confrontam. Apontou também aqui a inércia dessa ortodoxia, que ainda perdura nos dias atuais. Talvez em posição menos evidente, mas ainda em combate.
É na dimensão política da preservação evidenciada nos anos 1980 que nota-se uma mudança estrutural, capaz de suscitar novos paradigmas, colocados em disputa no campo. Isso diz respeito à ideia de que o patrimônio não existe em si e, portanto, não pode mais ser (des)vendado ou (des)coberto. Tudo o que alcançou o status de patrimônio cultural – categoria também forjada naquele contexto – tornou-se patrimônio pela vontade dos homens.
Evidentemente, não tivemos a intenção de esgotar todas as frentes que a política patrimonial abrange, tampouco trazer casos exemplares para o dossiê. Buscamos, sim, enfatizar a complexidade do campo e, sobretudo, apontar o modo como integra a história política e social brasileira, recusando a abordagem empobrecedora que coloca o tema à parte, como assunto apenas técnico, para digestão por especialistas.
Desejamos uma boa e instigante leitura!
Referências
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VELHO, Gilberto. Patrimônio, negociação e conflito. Mana [online], v. 12, n. 1, p. 237-248, 2006. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2020.
Flávia Brito do Nascimento – Professora na graduação e pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Bacharel e licenciada em História pela Universidade Federal Fluminense, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, obteve o título de mestre e de doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Realizou pós-doutorado na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. https: / / orcid.org / 0000-0002-6889-7614
Márcia Regina Romeiro Chuva – Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com pós- -doutorado na Universidade de Coimbra. Pesquisadora do CNPq. É professora associada do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e do Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
CHUVA, Márcia Regina Romeiro. Introdução. Anais do Museu Paulista. São Paulo, v.28, p.1-12, 2020. Acessar publicação original [DR].
Arqueologia – FUNARI (VH)
FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2010, 125p. ALMEIDA, Fábio Py Murta de. Varia História. Belo Horizonte, v. 28, no. 47, Jan./ Jun. 2012.
O livro Arqueologia, do professor doutor Pedro Paulo Funari, livre docente de História da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), é uma composição ímpar, indicado especialmente aos cursos introdutórios de História, Arqueologia e de História da Literatura do Antigo Oriente Próximo. Seu texto tem forma agradável e objetiva; mérito do autor, fruto dos anos de atividade profissional e dedicação ao estudo arqueológico. Assim, pela larga experiência na temática, Pedro Funari busca objetivamente apresentar a Arqueologia tendo em vista o ramo da história cultural, isso com uma linguagem fácil e direta; aponta logo no início da obra que a arqueologia não se compreende apenas pelas descobertas das figuras e das imagens, mas institui-se num campo muito reflexivo, envolvendo tanto a leitura, quanto a prática nos sítios arqueológicos.
Olhando mais detidamente sua obra, Pedro Funari começa informando basicamente o “estado da questão” da ciência arqueológica, definindo seu objeto de estudo e a evolução do pensamento. Para ele, a arqueologia consiste nos conhecimentos dos primórdios, dos relatos das coisas antigas. Só mais recentemente, por conta do campo de atuação e de envolvimento (diálogo) com ciências sociais, é que a arqueologia vem se traçando de forma interdisciplinar. Com ela, não se visa revelar apenas o sentido das coisas e dos artefatos desenterrados, mas configurar que os “ecofatos e biofatos são vestígios do meio ambiente e restos dos animais que passaram sobre apropriação do ser humano”, o que retira a limitação do estudo arqueológico apenas ao passado, mas, também, liga-o ao presente, como o é na arqueologia industrial. Mesmo assim, pensando especificamente na idealização do passado, indica-se que esse pensamento é metodologicamente pautado nas etapas arqueológicas, sempre olhando dados e artefatos. Materiais entre os quais podem ser vistos indicativos das relações sociais que foram produzidos, uma vez que atuam como mediadores das atividades humanas, determinando estereótipos e comportamentos de uma sociedade. Para a atividade é fundamental entender que a partir da “reintegração dos artefatos a um contexto cultural como o nosso e em um invólucro da relação de poder que o artefato produz, o mesmo adquire importância crucial”, portanto, o arqueólogo tem que inserir tais objetos no interior das relações sociais em que foram produzidos, fazendo-os exercer novas funções de mediações. Portanto, é dentro da cultura,1 como desenvolvimento e criação humana, que o objeto transforma-se em artefato, recebendo uma formulação junto à humanidade.
Outro nicho de saberes destacado pelo autor são as formas de pesquisa na arqueologia: indicando um “complexo de técnicas utilizadas pelo arqueólogo, formulações não neutras, que se inserem num complexo de questões metodológicas que derivam das políticas do arqueólogo”. Técnicas, por exemplo, como o desenterramento e a escavação estratificada. Elas teriam evoluído ao longo do tempo dividindo-se em três importantes fases: a primeira, a preocupação com a superposição de níveis de ocupação e com datação relativa aos artefatos; a segunda, com o estudo e registro dos estratos; e a terceira, com a escavação de amplas superfícies, preocupada com o estudo do funcionamento da sociedade que ali viveu. Infelizmente, no Brasil, inicialmente, houve uma “desvalorização do contexto histórico devido às grandes importações de técnicas e ideologias (no caso, arqueológicas), advindas da Europa, ou seja, a valorização de um passado externo ocasionou a desvalorização da memória nativa (indígena)”. Ainda sim, apesar do desenvolvimento exemplar que a arqueologia vem tendo no Brasil, ela está longe de ser valorizada. Percebe-se que recentemente está ocorrendo uma grande reviravolta na pesquisa brasileira e internacional, trazendo um diálogo entre a arqueologia brasileira e a mundial, o que dinamiza o estudo nacional. No detalhe da relação entre a arqueologia e as outras áreas do conhecimento, Pedro Funari mostra que essa ciência não pode ser desarticulada das outras disciplinas. Deve estar relacionada com as demais ciências (como a história, a antropologia, a biologia, a geografia, a física, a arte, a arquitetura, a filosofia, a linguística e a museologia), pois elas são e foram fundamentais para sua evolução, como já indicamos.
No fim, a obra Pedro Funari faz uma explanação e um convite ao aprendizado arqueológico no Brasil. Indica, antes de qualquer coisa, que o arqueólogo deve ter o compromisso com a burocracia regional e responsabilidade social. Também, aponta que deve haver respeito para com a sociedade no todo, desde grupos majoritários até os minoritários. Para ele, a arqueologia é uma ação política2 que, por isso, tem algumas dificuldades de inserção no Brasil, até mesmo por que, como profissão, tem um difícil reconhecimento por não haver uma graduação específica na área. Mesmo assim, existe pós-graduação nessa área de atividade profissional, e pode-se atuar como professor, pois em museus, laboratórios, arqueologia (setor burocrático) de contrato, como maneira de proteger o patrimônio arqueológico, e na gestão turística do patrimônio arqueológico brasileiro. Enfim, algumas áreas podem servir como convite ao estudo e trabalho arqueológico. Merece destaque a gama de projetos e novos horizontes arqueológicos, pois nosso território é um vasto campo de pesquisa sobre as comunidades que aqui habitaram no passado.
Por fim, com vasto conhecimento acerca da ciência arqueológica, não só no Brasil, mas também, em outros países em que realiza suas pesquisas, Pedro Paulo Funari expõe de maneira singular, sucinta e principalmente realista uma ampla visão acerca da arqueologia e do seu desenvolvimento ao longo dos últimos séculos. Sobre a abordagem dos conceitos e objetos de estudos, o livro Arqueologia pode ser encarado como um belo convite ao seu estudo como disciplina acadêmica. Caso os leitores queiram aprofundar os apontamentos apresentados pelo autor, vale a pena à consulta de obras, como, por exemplo, a História do pensamento arqueológico de Bruce G. Trigger3 e algumas obras da vasta bibliografia do professor Pedro Funari.4 Ao fim da resenha, destacamos a admiração pelo esforço do autor que, mesmo em um texto relativamente pequeno, consegue ter riqueza de detalhes e não deixa de enaltecer as questões histórico-metodológicas da disciplina. Por isso, pensamos que cumpriu o objetivo de explorar de forma suscita questões que vem levantado a arqueologia nos últimos anos, bem como exauriu o intento de introduzir suas questões de forma geral. Assim, em termos de historiografia, o autor faz uma aproximação da disciplina de arqueologia junto a um ramo da história, a luz dos termos e conceitos reconhecidos na história cultural. Propriamente, aproxima a variante da nova história cultural, principalmente a estilizada por Roger Chartier, com as questões que vêm levantado os embates da cultura material escavada como as: representações, poder e práticas culturais – ajudando no diálogo história e arqueologia sobre o prisma do conceito simbólico de cultura de Clifford Geertz e de Marshall Sahlins.5 Agora, pensando mais longe, é urgente que as editoras se preocupem em produzir livros desse tipo, sendo relevantes ao nicho dos alunos e aos cursos introdutórios de nível superior. Assim, fica aqui o apelo para a produção de livros e materiais que sejam sucintos e que possam da melhor forma introduzir o estudo dos discentes às cadeiras acadêmico-científicas.
1 A noção de cultura utilizada pelo autor é ligada á história cultural, vista em FUNARI, Pedro Paulo A. e PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. Quando Pedro Funari utiliza da contribuição decisiva de Roger Chartier, autor que aponta a história cultural relacionada com a “noção de ‘representação’ e de ‘práticas’ (…) tanto os objetos culturais seriam produzidos ‘entre as práticas e representações’, como os sujeitos produtores e receptores da cultura circulariam entre esses dois pólos, que de certo modo corresponderiam respectivamente aos ‘modos de fazer’ e aos ‘modos de ver'”, como cita BARROS, José D’Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2004, p.76.
2 Sobre ação política e seu destaque dentro da história política, vide a descrição de Marieta de Moraes Ferreira quando comenta a obra de René Rémond: “Nova História Política (…) ao se ocupar do estudo e da participação na vida política (…) integra todos os atores, mesmo os mais modestos, perdendo assim o caráter elitista e individualista e elegendo as massas como seu objeto central”, RÉMOND, René. Por uma história política.Rio de Janeiro: FGV, 2003, p.7. Assim, a ação política permeia o respeito aos atores sociais de diferentes grupos ligados as redes de poder que constituem a sociedade.
3 TRIGGER, Bruce G., História do pensamento arqueológico. Tradução de Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odysses Editora, 2004.
4 Citamos aqui, por exemplo, as duas obras: FUNARI, Pedro Paulo A. Arqueologia e patrimônio, Erechim: Habilis, 2007; e FUNARI, Pedro Paulo A. (org.). Cultura material e arqueologia histórica. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1999.
5 Assim para Clifford Geertz e Marshall Sahlins o conceito de cultura pode ser definido como um conjunto de sistemas de signos e significados constituídos pelos grupos sociais. Portanto, para interpretar as culturas, no caso do antropólogo Clifford Geertz significa interpretar: símbolos, mitos, ritos. Agora, partindo de Clifford Geertz, Marshall Sahlins defende que os grupos de uma cultura também “representam” suas interpretações do passado no presente. Vide para isso, GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1978; e SAHLINS, Marshall. Ilhas de história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
Fábio Py Murta de Almeida – Historiador e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professor de História da Faculdade Batista do Rio de Janeiro (FABAT) e pesquisador do grupo de Arqueologia do Mundo Bíblico ligado a UMESP Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Rua Jose Higino 416, Tijuca, Rio de Janeiro. CEP: 20510-412. pymurta@gmail.com.
Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v.53, ano 2020
Edição completa
Editorial
- Editorial
- Alvaro Marins, Aline Montenegro Magalhães, Maria Isabel Ribeiro Lenzi, Rafael Zamorano Bezerra
Apresentação
- Apresentação do dossiê do Rio para o mundo na rota do café (com escala no Real Gabinete)
- Angela Telles
Dossiê temático
- Rio de Janeiro sede da Corte e dos primeiros cafezais
- Humberto Fernandes Machado
- 12-22
- Portugueses no tráfico ilegal de escravizados para o Brasil os casos de Manoel Pinto da Fonseca e José Bernardino de Sá
- João Marcos Mesquita
- Do Rio para o mundo na rota do café as exposições nacionais e internacionais de café organizadas pelo Centro da Lavoura e Comércio na década de 1880
- Angela Telles
- Vistas das fazendas de café encomendadas ao pintor Facchinetti e utilizadas como propaganda nas exposições do produto
- Maria Pace Chiavari
- Notícias de uma fazenda de café a Fazenda Lordelo e a Marquesa de Paraná
- Ana Pessoa
- Entre palmeiras e pincéis Zeferina Carneiro Leão e a Fazenda Lordelo
- Ana Lucia Vieira dos Santos
- A crise da escravidão brasileira no final século XIX e os congressos agrícolas (1878)
- Otto Reuter Lima
Artigos
- Inconfidência Mineira em três tempos em museus brasileiros
- Letícia Julião, Carmem Silvia Lemos
- Pinturas de história como discurso diplomático Pinturas de história como discurso diplomático
- Guilherme Frazão Conduru
- Sentidos da formação em Museologia o Curso de Introdução à Museologia de Maria Barreto, no Museu Nacional da Universidade do Brasil
- Anna Paula da Silva
Publicado: 2021-01-18
Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a distância. São Paulo, v. 19, n.1, 2020.
Publicado: 2020-01-14
Artigos Originais
- Feedback como parte Integrante da Avaliação Formativa em um Curso de Pós-graduação a Distância: Concepções da Equipe Multidisciplinar
- Marize Lyra Silva Passos (Autor)
- PDF (English)
- O Dilema na Escolha de Curso por Alunos EAD: Engenharia por Vocação ou Gestão Por Necessidade
- Angela Cristina Tripoli (Autor)
- PDF (English)
- Técnica de Rastreamento Ocular Revela Estratégias de Ações Múltiplas e não Lineares de Navegação Virtual de Alunos de EAD no AVA e na Internet
- Eduardo Santos Junqueira (Autor)
- PDF (English)
- Diretrizes para Concepção de Cursos em EAD
- Andreza Regina Lopes da Silva, Juliana Bordinhão Diana, Fernando José Spanhol (Autor)
- PDF (English)
- O Uso do Learning Management System (LMS) por Gestores de Educação a Distância.
- Paulo Cristiano de Oliveira, Marina Keiko Nakayama, Maricel Karina López Torres , Carolina Schmitt Nunes (Autor)
- Taxa de Engajamento em Disciplinas Ministradas Na Modalidade a Distância
- Alex Rodrigo dos Santos Sousa (Autor)
- Proposta de Melhoria dos Dados de Relatórios de uma Plataforma de MOOCS Brasileira
- Vanessa Faria de Souza (Autor)
- Práticas pedagógicas inovadoras para a formação de professores
- Mônica Garbin, Edison Trombeta de Oliveira, Nádia Rubio Pirillo, Aparecida Santos Azevedo (Autor)
- Educação a Distância em Políticas Nacionais de Formação
- Daniela Karine Ramos (Autor)
- Relação Entre os Estilos e o Nível de Autorregulação da Aprendizagem dos Alunos de Cursos de Graduação a Distância
- Anna Priscilla Vieira Braga, Geida Maria Cavalcanti de Sousa, Carla Fernanda Ferreira Rodrigues, Ilana Pereira Bandeira, Queila Haine Andrade Campos (Autor)
- Estudo sobre a criação de vínculos afetivos por professores da modalidade EAD
- Simone Imperatore, Simone Echeveste (Autor)
- PDF (English)
- A Educação de Surdos em Paralaxe: O Desenvolvimento de um Modelo Colaborativo de Aprendizagem
- Dirceu Esdras, Bruno Galasso (Autor)
- PDF (English)
- Didática do Continuum
- Gisele Cristina Boucherville, S.P. P. Marinho (Autor)
- PDF (English)
- Estratégias Ativas no Contexto da Educação Pro ssional e Tecnológica – Ept:
- Priscilla Caires Santana Afonso, Iracema Cruz Veiga, Ramony Maria da Silva Reis, Amanda Seixas Murta (Autor)
- PDF (English)
- Reações Prospectivas de Estudantes Frente aos Estudos Remotos ou a Distância durante a Pandemia da COVID-19
- Prof. Gustavo Souza, Prof. Nilton Lima, Prof. Yuri Marques, Prof. Leandro Liberato, Profª Aline Santos, Prof. Geraldo Junior (Autor)
- PDF (English)
- Quatro elementos compartilhados pelo campo cultural dos games e dezesseis princípios de aprendizagem
- Luis Henrique Sforzin Pazzini, Gilda Helena Bernardino de Campos (Autor)
Relatos de Experiência
- O Uso de Questionários Avaliativos ‘On Line’ na Formação Técnica em Assentamentos Rurais
- FABIANA Borges, BRANDÃO, G. C. A. (Autor)
- PDF (English)
Modos. Campinas, v.4, n.1, 2020.
EDITORIAL
- MODOS. Revista de História da Arte
- Maria de Fátima Morethy Couto, Emerson Dionisio Gomes de Oliveira, Marize Malta
ARTIGOS – COLABORAÇÕES
- BidibidobidibooDetails of deception and irruptions in Maurizio Cattelan’s inventions
- Stefania Portinari
- PDF (ENGLISH)
- Faxinal das ArtesA constituição de um acervo museológico a partir de uma residência artística
- Janaina Silva Xavier
- Manifesta e Vila SulDiásporas, deslocamentos e migrações através de eventos e programas de arte contemporânea
- Alejandra Hernández Muñoz
- A primeira recepção da Minimal Art no Brasil, em 1965Uma tensão interpretativa
- Guilherme Moreira Santos
- Nós não sabíamosUm percurso sobre fotografias, arquivo e violência na arte
- Melissa Rocha
DOSSIÊ – INTERSECÇÕES DO EXÍLIO
- Apresentação. Intersecções do exílioRedes artísticas transnacionais, associações e colaborações
- Maria de Fátima Morethy Couto, Leonor de Oliveira
- Novos caminhos da figuraçãoA migração dos artistas portugueses para Londres e Paris no pós-guerra
- Joana Baião, Leonor de Oliveira
- Cícero Dias em Lisboa“Uma poética e imaginada visão da realidade”
- Angela Grando
- Del “conceptualismo ideológico” al “conceptualismo socialista”Los años de exilio del poeta y artista chileno Guillermo Deisler en Bulgaria (1973-1986)
- Katarzyna Cytlak
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- International Movement vs. OrganizationThe Situationist Times and the Situationist International (1962-1967)
- David A. J. Murrieta Flores
- PDF (ENGLISH)
- Los salvajes del SurInmigración y expresionismo en Uruguay en la primera mitad del siglo XX
- Maria Frick
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Bernard Berenson, Lionello Venturi e a crítica de arte italianaUma introdução ao epistolário (1907-1957)
- Fernanda Marinho
- 1930: Margherita Sarfatti entre Buenos Aires, Roma y Milán
- Laura Moure Cecchini
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Bernard Berenson, Margherita Sarfatti e o ambiente artístico portenho do segundo pós-guerra
- Ana Gonçalves Magalhães
- “Un’idea del Brasile”Pietro Maria Bardi’s second life
- Paolo Rusconi
- PDF (ENGLISH)
PUBLICADO: 2020-01-13
Vestígios. Belo Horizonte, v. 13 n. 2 (2019)
APRESENTAÇÃO
- Arqueologia do passado contemporâneouma olhada desde a Península Ibérica
- Alfredo González Ruibal
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
ARTIGOS
- Arqueologia da guerra após a guerraa organização da resistência anti-franquista no Noroeste da Península Ibérica
- Carlos Tejerizo-García, Alejandro Rodríguez Gutiérrez
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Etnoarqueologia da repressão franquista na Pobra do Brollón (Galiza, Espanha) (1936-1949)
- Xurxo Ayán Vila
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Cambedo, 1946Carta sobre o achamento de Portugal
- Rui Gomes Coelho, Xurxo Ayán Vila
- Transformações recentes nas paisagens rurales da Cordilheira Cantábrica (Noroeste Ibérico)reflexões a partir da Arqueologia Contemporânea
- David González-Álvarez
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Arqueologias do Desenraizamento.Uma aproximação do processo de abandono e destruição do rural: o caso Hontanillas (Guadalajara, Espanha)
- Rafael Millán Pascual, Alváro Falquina Aparicio, Gonzalo Compañy
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- “La Commune n’est pas morte”Arqueo-geografia de uma paisagem memorial
- David Barreiro, Pastor Fábrega-Álvarez
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Desenvolvimentismo, tortura e internaçãotecnologias da repressão na Ditadura Brasileira de 1964-1985
- Pedro Pablo Fermin Maguire
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- O centro clandestino de detenção e tortura Los Vagones del Barrio Olímpico (Canelones)testemunho material e prova judicial da participação da polícia Uruguaia no terrorismo do estado
- Carlos Marín Suárez, Nicolás Gazzán, Diego Aguirrezabal, Alberto de Austria Millán, Cristina Cancela, Natalia Díaz, Jimena Blasco, Abel Guillén Ruiz, Jean François Macé, Jesús Arguiñarena Biurrun, Ignacio Ampudia de Haro, Martín Márquez Berterreche, María Julia de Izaguirre
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
DOI: https://doi.org/10.31239/vtg.v2i13
PUBLICADO: 2020-01-13
Boletim Cearense de Educação e História da Matemática. Fortaleza, v.6, n.18, 2019.
Boletim Cearense de Educação e História da Matemática
EDITORIAL
ARTIGOS
- HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO BRASIL:Principais marcos da evolução da pesquisa cientifica matemática no Brasil.
- Kleberth Guilherme Andrade, Tonivaldo Barbosa de Souza
- INTRODUZINDO A GEOMETRIA FRACTAL NO ENSINO MÉDIO POR MEIO DA PERSPECTIVA DE MODELAGEM MATEMÁTICA
- Francisco Geovane da Silva Araújo, Alessandra Senes Marins
- GRANDEZAS E MEDIDAS: DA ORIGEM HISTÓRICA À CONTEXTUALIZAÇÃO CURRICULAR
- João Pedro Mardegan Ribeiro
- AS BARRAS DE CALCULAR DE NAPIER: Percepções de uma primeira manipulação
- Eugeniano Brito Martins; Ana Carolina Costa Pereira
- O USO DA ENGENHARIA DIDÁTICA E DA SEQUÊNCIA FEDATHI COMO FERRAMENTAS METODOLÓGICAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
- Gisele Pereira Oliveira, Ana Carolina Costa Pereira
PUBLICADO: 2020-01-12
Quinto Sol – Revista de História. Santa Rosa, v.24, n.1, 2020.
enero / abril
Fotografía de tapa: Local del Partido Intransigente en calle Yapeyú del barrio Zona Norte de Santa Rosa, noviembre de 1982. Banco de imágenes del Proyecto de Extensión Universitario de la UNLPam “Imágenes del pasado reciente: la última dictadura militar y el renacer democrático en fotografías. Rescate para la conservación del patrimonio cultural pampeano”, incorporado al Banco de Imágenes del IESH-FCH. Agradecemos la cesión de la imagen al PEU y al diario La Arena.
ARTÍCULOS
- La policía y el proceso de territorialización de la ciudad de Buenos Aires. Medio siglo de proyectos, 1782-1824
- María Agustina Vaccaroni
- HTML
- El Museo Social Argentino (1911-1925). Los vínculos de los reformadores sociales en el Cono Sur de América
- Juan Carlos Yáñez Andrade
- HTML
- De Rodríguez Larreta al Libro Azul Revisitando el triunfo electoral de Perón en 1946
- Carolina Cerrano
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- Los que seleccionan (y los seleccionados). Una aproximación a los diputados nacionales peronistas por la provincia de Buenos Aires entre 1946 y 1955
- Oscar Humberto Aelo
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- Productividad y política obrera desde las bases: la imaginación técnica popular en las cartas a Perón (1946-1955)
- Hernán Comastri
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- Salir al mundo en tiempos de dictadura: Abuelas de Plaza de Mayo y las redes transnacionales de derechos humanos (1977-1983)
- Fabricio Andrés Laino Sanchis
- HTML
- El Partido Intransigente en la reconstrucción democrática. Perspectiva microanalítica y aproximaciones de escala. Mar del Plata, Argentina (c. 1982-1991)
- Marcela Ferrari
- HTML
DEBATES, ENSAYOS Y COMUNICACIONES
- La generación historiográfica de 1984
- Eduardo José Míguez
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- RESEÑAS
- Marisa Moroni, Fernando Casullo y Gabriel Carrizo (Eds.) Justicia, seguridad y castigo. Concepciones y prácticas cotidianas en Patagonia (1884-1955)
- Melina Yangilevich
- HTML
- Cecilia Raffa e Ivana Hirschegger (Dirs.) Proyectos y concreciones. Obras y políticas públicas durante el primer peronismo en Mendoza (1946-1955)
- Eugenia Molina
- HTML
- Florencia Garramuño. Brasil Caníbal. Entre la Bossa Nova y la extrema derecha.
- Juan Lucca
- HTML
PUBLICADO: 2020-01-07
História Agrária: conflitos e resistências (do Império à Nova República) | Dayane Nascimento Sobreira e Júlio Ernesto Souza Oliveira e Rafael Sancho Carvalho Silva
Obra organizada por Dayane Nascimento Sobreira, Júlio Ernesto Souza Oliveira e Rafael Sancho Carvalho Silva, o livro História Agrária: conflitos e resistências (do Império à Nova República) apresenta as recentes discussões realizadas na I Jornada de História Agrária: Conflitos e Resistências na Construção da Nação, evento que ocorreu na Universidade Federal da Bahia (UFBA) entre os dias 10 e 11 de 2019. O colóquio foi organizado pela equipe do GT História Agrária da Bahia (HISTAGRO).
Analisando processos históricos de luta pela terra, partindo da ruralidade como eixo de análise, o livro se propõe a discutir a História do Brasil através de dimensões de violência e resistência que são constitutivas dos conflitos agrários, observando tais conflitos em suas múltiplas especificidades nos períodos imperial e republicano brasileiro. Dividida em quatro partes, a obra aborda a História Agrária como um campo plural em suas possibilidades de estudo e pesquisa. Os textos discutem a História Agrária a partir de relações fundiárias, étnico-raciais, de gênero e de trabalho, com reflexões teórico-metodológicas que contribuem para o campo da História Agrária e Rural da Bahia. Leia Mais
Brasil caníbal. Entre la Bossa Nova y la extrema derecha | Florencia Garramuño
Durante las últimas dos décadas, la historia política brasileña ha adquirido un creciente interés en las ciencias sociales y políticas en Argentina, tal vez como una forma elíptica para comprender las vicisitudes locales, bajo el candil de un país en creciente expansión y resonancia internacional desde la llegada del gobierno del Partido de los Trabajadores y la figura de Lula da Silva a la presidencia1 . La vocación por poner en palabras castellanas los avatares lusitanos del vecino país, llevaron inclusive a que se produjera un enorme acervo de traducciones de obras brasileñas, bajo el intento de ofrecer retazos para construir una biografía ordenada o un “caminho das pedras”2 que permita transitar la multiplicidad que encierra aquel país. En este marco, la aparición del libro de Florencia Garramuño, Brasil caníbal…, es un intento acertado por ofrecer parajes o destinos donde anclar en este archipiélago diverso y complejo de la historia brasileña del siglo XX y XXI, más que brindar una brújula para un tránsito apolíneo que clausure los sentidos o desoiga los cantos de sirena que trasuntan por la Odisea brasileña.
En esta publicación se entremezclan aproximaciones desde los estudios culturales y la literatura, la historiografía sobre el pasado reciente y la sociología, las observaciones participantes y la perplejidad de la experiencia en primera persona. Sin embargo, claramente estás observaciones están escritas a caballo de un presente que la inquieta por la radicalización y la llegada de un gobierno post autoritario de Jair Bolsonaro por un lado, y la proliferación de aristas que la han llevado a enamorarse de Brasil como un enigma, por el otro. Escrito con una pluma liviana, voraz, seductora y profusa, ofrece un derrotero panorámico, complejo y ligero sobre el devenir de ese país desde su configuración identitaria como Estado nación hasta su perplejidad actual como sociedad en crisis. Leia Mais
Uma ecologia política dos riscos: princípios para integrarmos o local e o global na promoção da saúde e da justiça ambiental – PORTO (TES)
PORTO, Marcelo Firpo de Souza. Uma ecologia política dos riscos: princípios para integrarmos o local e o global na promoção da saúde e da justiça ambiental. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2012, 2. ed., 270 p. Resenha de: MIRANDA, Ary Carvalho de; TAMBELLINI, Anamaria Testa. Revista Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.12, n.1, jan./abr. 2014.
A abordagem de Marcelo Firpo de Souza Porto, em Uma ecologia política dos riscos…, traz uma contribuição valorosa ao debate, não só acadêmico, mas do conjunto da sociedade, sobre os riscos à saúde humana e ao ambiente a que estamos submetidos, decorrentes do modelo de desenvolvimento socioeconômico em curso. A partir da identificação dos conflitos socio-ambientais, fundamenta, com a complexidade conceitual que este campo de conhecimento e- prática exige, o escopo metodológico de abordagem de riscos ambientais e ocupacionais, não só fazendo a crítica aos modelos reducionistas utilizados, mas também apontando para caminhos que nos permita um desenvolvimento que tenha como preocupação fundamental a condição humana.
A compreensão sobre Vulnerabilidade Social é colocada no centro deste estudo como fio condutor da construção metodológica sobre os riscos, numa perspectiva integradora de diversos campos de conhecimentos, incluindo aqueles oriundos de fora do meio acadêmico. Deste modo, a sabedoria que provém da experiência das pessoas atingidas pelos problemas estudados se constitui também num pilar fundamental na construção do conhecimento necessário aos seus enfrentamentos. Unificando a ciência acadêmica com o conhecimento advindo de fora dela, no exercício da transdisciplinaridade, o autor nos apresenta caminhos mais consistentes aos desafios dos riscos em contexto no qual as complexidades tecnológicas de sistemas e produtos consumidos pela sociedade já não permite conferir à Ciência Normal e ao Estado a exclusividade de seus enfrentamentos. Os vários exemplos de acidentes ampliados, decorrentes de tecnologias complexas, como as tragédias de Chernobyl e Bhopal, apenas para citar dois acidentes que ganharam enorme notoriedade, pela gravidade e extensão, atestam esta realidade.
É preciso, portanto, desnaturalizar e contextualizar o risco, com base em uma visão crítica às concepções tecnicistas que sistematicamente desconsideram as populações afetadas, sobretudo as mais vulneráveis. Tal contextualização permitirá também estabelecer conexões entre os fenômenos locais e aqueles de natureza mais global, conferindo à análise das situações concretas de riscos a capacidade de articulá-los aos modelos socioeconômicos que imperam no mundo globalizado em que vivemos. Esta opção, particularmente, destaca o autor, “não é apenas uma técnica didática para facilitar a vida do leitor”, mas tem sua origem numa concepção teórico-filosófica que faz parte dos vários conflitos que marcam a crise da chamada Ciência Normal, tal como formulada por Thomas Kuhn, em A estrutura das revoluções científicas. Trata-se, então, de uma cosmologia que coloca o universo epistemológico necessariamente mediado pela ética, sem a “neutralidade” propagada pela ciência moderna e que supera a dicotomia entre o pesquisador e seu objeto de estudo. É uma abordagem metodológica que permite que o conhecimento gerado para construção de soluções concretas, diante dos riscos a que estamos submetidos, possa ser apropriado pelo conjunto da sociedade, proporcionando soluções compartilhadas, fazendo da ciência um componente importante na tomada de consciência social e adoção de medidas que possam pavimentar não a sustentabilidade do modelo vigente, mas uma sociedade sustentável.
Tendo tais princípios como referência às abordagens metodológicas para prevenção de riscos ambientais e ocupacionais em suas complexidades, o autor destaca que não existem respostas fáceis nem exclusivas. O desafio deve incorporar, de forma integrada, conceitos provenientes de diversos campos de conhecimento, tais como a saúde coletiva, as ciências sociais, as ciências ambientais, a ecologia política e a economia ecológica. Com esse pressuposto, estrutura o trabalho em cinco capítulos, traçando um recorrido que começa apresentando os referenciais empíricos e teóricos, ponto de partida fundamental aos estudos de riscos. Já neste momento está destacada a incorporação das dimensões éticas e sociais inerentes à sua abordagem, sustentando a necessidade de superação dos limites reducionistas para compreensão dos territórios. Tal superação será buscada nos postulados de Milton Santos sobre o território, ou seja, é um lugar de projetos e disputas, de onde emergem, ademais, questões sociais, ambientais e de saúde. É nos territórios onde a vida se constrói, expressando as contradições de uma sociedade estratificada econômica e socialmente. Esta estratificação gera contextos diferenciados, tornando inadequada a generalização de modelos científicos na análise, controle e prevenção de riscos. Nessa diferenciação se expressa a vulnerabilidade de grupos sociais, reveladora da lógica de modelos de desenvolvimentos que se dão em nome do crescimento produtivo, que concentra poder e riqueza ao mesmo tempo que gera exclusão social e pobreza. É nesse cenário que o autor traz o conceito de ‘vulnerabilidade’ como elemento central para o desenvolvimento de análises integradas e contextualizadas dos riscos. A partir deste conceito, destaca suas diversas dimensões, prioriza a Vulnerabilidade Social como componente fundamental do pro- cesso analítico, articula o local e o global, revela as limitações da Ciência Normal e assume uma nova base epistemológica: as concepções da Ciência Pós-normal, tal como formulada por Funtowics e Ravetz.
Deste modo, as respostas sociais tornam-se componente de destaque na perspectiva de enfrentamento dos riscos socioambientais. O autor enfatiza, então, a importância do Movimento pela Justiça Ambiental e as ações solidárias em rede, como manifestações dos movimentos sociais voltadas para a transformação da realidade e destaca o princípio da precaução, colocando-o como desafio civilizatório no enfrentamento das incertezas decorrentes da complexidade tecnológica, que cada vez mais é incorporada à vida social. Nesta dimensão, a incerteza passa a assumir condição de destaque nas avaliações de risco. E são vários os tipos de incertezas assignados. Vão da incerteza técnica, relacionada, por exemplo, à qualidade de bases de dados utilizados para a formulação de cálculos, passando pela incerteza metodológica, expressa na margem de valores relacionados a intervalos de confiança, chegando à incerteza epistemológica, esta a mais grave, pois, conforme assinalado no livro, expressa uma “lacuna estrutural entre o conhecimento disponível e a capacidade de analisar e realizar previsões acerca do problema analisado”.
Para melhor precisar o referencial conceitual analítico na análise dos riscos, ou seja, a Vulnerabilidade, e, apoiado nos marcos da epistemologia ambiental da ciência Pós-normal, o trabalho destaca que a Vulnerabilidade é um conceito polissêmico, utilizado em diversos campos de conhecimentos e, portanto, em diversas situações. No mundo fisicalista, analisado pela física, química e as engenharias, a Vulnerabilidade está relacionada a máquinas, instalações e processos produtivos possíveis de acidentes e falhas. Trata-se de uma abordagem funcionalista, cujo universo considera apenas a perda de função do sistema técnico. A ergonomia francesa do pós II Guerra dá uma passo adiante com relação a esta abordagem reducionista, ao transformar sistemas técnicos em sociotécnicos, relacionando, assim, a confiabilidade técnica à humana.
No mundo da vida, analisado pelas ciências biológicas e biomédicas, a Vulnerabilidade é um conceito relacionado aos sistemas complexos dos seres vivos, envolvendo organismos e ecossistemas. No universo da biologia e da ecologia, é considerada como perda de vigor, incapacidade adaptativa ou descontinuidade de espécies ou ecossistemas. Na biomedicina, a noção de vulnerabilidade está referida à existência de indivíduos ou grupos sociais suscetíveis com predisposição para contração de doenças diante de situações de risco. Ao desconsiderar as dimensões sociopolíticas, econômicas, culturais e psicológicas, na análise das situações de saúde, este paradigma reduz a vida a sua dimensão biológica ou genética, cujo exemplo histórico ficou cunhado na difusão da eugenia aplicada pelos nazistas para produzir, com base na seleção humana sustentada pela genética, a superioridade de certas ‘raças’.
Na perspectiva de superação do reducionismo do paradigma biomédico, o campo da saúde pública passa a incorporar elementos sociais, culturais e econômicos na análise de situações de riscos a determinadas doenças. Será, então, no mundo do humano que a noção de Vulnerabilidade ganha sua dimensão mais complexa, estando relacionada a sistemas sociais, sociotécnicos e de relações de poder. Tem, então, como campos de conhecimento as ciências sociais e humanas, assim como a filosofia, exigindo que questões de natureza ética e moral sejam incorporadas às suas análises. Visto sob esta perspectiva, o estudo destaca a natureza humana e social da Vulnerabilidade, valorizando os processos históricos no condicionamento dos riscos gerados pelos modelos de desenvolvimento econômico e tecnológico. Trata-se, então, de considerar Contextos Vulneráveis. Nesses contextos, o conceito de Vulnerabilidade Social protagoniza-se e está tipificado em dois componentes: o das populações vulneráveis, aquelas mais atingidas em situações de injustiça ambiental, e aquele relacionado ao Estado e à sociedade civil.
O primeiro componente, chamado de ‘Vulnerabilidade Populacional’, corresponde a grupos sociais submetidos a determinados riscos, decorrentes de maior carga de danos ambientais que incidem em populações de baixa renda, grupos sociais discriminados, grupos étnicos tradicionais, bairros operários e populações marginalizadas em geral. Expressam-se, por exemplo, através de discriminação social e racial, que se concretizam por desigualdades no acesso à renda, educação, moradia, proteção social, atenção- à saúde, assim como em precárias relações de trabalho. São grupos sociais muitas vezes ‘invisíveis’, com baixa capacidade de organização e influência nos poderes decisórios, situação que contribui, também, para a invisibilidade dos riscos a que estão submetidos, tornando-os ainda mais vulneráveis.
O segundo componente, a Vulnerabilidade Institucional, relaciona-se ao papel do Estado, envolvendo capacidade institucional (incluindo recursos técnicos e humanos), assim como as políticas econômicas, tecnológicas e arcabouço jurídico. Resulta de relações complexas de alcance internacional, nacional e local, expressando contradições e disputa de interesses decorrentes do antagonismo de classes. No escopo deste componente da Vulnerabilidade Social, o autor destaca o fenômeno da globalização atual que procura impor a quebra de barreiras de proteção aos Estados nacionais, fazendo fluir fluxos financeiros internacionais, cuja dinâmica pode produzir colapsos em economias nacionais, com importantes impactos sociais.
Por fim, são expressos 11 princípios norteadores da proposta de análise integrada e contextualizada de riscos em situações de vulnerabilidade e injustiça ambiental, no sentido de proporcionar uma visão abrangente dos problemas ambientais e ocupacionais, em situações de importantes desigualdades sociais, como é caso da realidade brasileira. Englobam a ecologia política dos riscos; a visão ecossocial da saúde humana; os aspectos multidimensionais e cíclicos dos riscos; as relações entre os níveis local e global; a necessidade de integração de conhecimentos e práticas; o agravamento dos ciclos do perigo em contextos vulneráveis; as singularidades de contextos onde os riscos ocorrem; a importância do conhecimento local e das metodologias participativas nas abordagens analíticas dos riscos; as incertezas inerentes a situações de risco; a importância da prevenção, precaução e promoção e o destaque às articulações dos movimentos sociais no enfrentamento das ameaças. São, em verdade, 11 pilares sobre os quais a análise integradora de situação de risco é sustentada com maior firmeza metodológica.
Toda esta construção metodológica traz consigo a busca de uma “ciência sensível” superando as dicotomias estabelecidas entre o técnico, o humano e o social, incrustadas nos discursos e práticas reducionistas da ‘ciência normal’. Com esta superação articula técnicos, cientistas, trabalhadores e cidadãos em geral na defesa da vida e da democracia. Enfim, é um trabalho solidário, justo e de grande densidade intelectual, refletindo a possibilidade concreta de encontros produtivos da ciência com os afetos.
Ary Carvalho de Miranda – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. E-mail: ary@fiocruz.br
Anamaria Testa Tambellini – Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: anatambellini@gmail.com
[MLPDB]A pesquisa histórica em trabalho e educação – CIAVATTA; REIS (TES)
CIAVATTA, Maria; REIS, Ronaldo Rosas (Orgs.). A pesquisa histórica em trabalho e educação. Brasília: Liber Livro Editora, 2010, 200 p. Resenha de: DAMASCENO, Rosangela Aquino da Rosa. Revista Trabalho, Educação e Saúde, v.12, n.1, Rio de Janeiro, jan./abr. 2014.
A coletânea dos organizadores Maria Ciavatta e Ronaldo Rosas Reis apresenta estudos e pesquisas desenvolvidos no âmbito do Programa de Cooperação Acadêmica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Procad/Capes) que resultam de cinco pesquisas, duas teses e uma dissertação. Estruturado em duas partes – a primeira, “Trabalho e educação: interfaces com a história e a arte”, e a segunda, “Trabalho e educação: a indústria, seus processos e ideologias” -, o livro é permeado de registros sobre a produção da existência humana, mais especificamente no que tange à pesquisa histórica em trabalho-educação.
Conduzindo o olhar para os centros de memória, observa-se que eles se constituem para a preservação das múltiplas memórias e integram um espaço estimulador de reflexão do fazer histórico dos vários segmentos sociais. Em um entendimento mais aprofundado de cidadania, a memória torna-se processo de construção da identidade, porque contribui para a formação cultural, compreensão do real e análises da evolução de lutas sociais que se desenvolvem no tempo e no espaço.
A pesquisa “Arquivos da memória do trabalho e da educação: centros de memória e formação integrada para não apagar o futuro”, de Maria Ciavatta, expressa os resultados de uma pesquisa mais ampla, da qual foram selecionados os seguintes recortes: a historicidade do conceito de formação integrada nos debates político-pedagógicos; arquivos escolares e centros de memória sobre a escola e o trabalho; a memória fotográfica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Química de Nilópolis, unidade Rio de Janeiro (Cefetq), e o Centro de Memória do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet/RJ). Partindo dessas abordagens, a autora situa a história em sua relação espaço-tempo e defende a importância do registro na construção da identidade de grupos sociais. A questão da relação trabalho-educação é dissecada no espaço das escolas de ensino médio-técnico de forma contextualizada, com a proposta, sobretudo, de discussão e reflexão sobre o tema da formação integrada. Assim, a escola, em toda a sua complexidade, cenário de lutas ideológicas, se inscreve com todas as suas tensões e mediações como ‘lugar de memória’.
Nesse contexto, a falta de políticas e fomento para criação de espaços destinados à guarda de acervo e à preservação do patrimônio colabora de forma ostensiva para os apagamentos da memória institucional, o que o texto em diversos momentos flagra. O estudo aponta ainda a memória do trabalho e da educação como um tema pouco explorado. Ressalta também a pesquisa à luz das fotografias, realizada nos centros de memória do Cefetq e do Cefet/RJ, como uma fonte de pesquisa social que precisa constituir-se num movimento de intertextualidade com outras fontes. Em suas considerações finais, alerta: “o primeiro pressuposto da formação integrada é a existência de um projeto de sociedade” – e defende o centro de memória “como elemento aglutinador, gerador de coesão social”.
Ainda na primeira parte do livro, Jorge Gregório da Silva apresenta o artigo “A reconstrução dos caminhos da educação profissional em Manaus (1856-1877): refletindo sobre a criação da Casa dos Educandos Artífices”, no qual, sob a lente do materialismo histórico, busca desvelar as categorias recorrentes no discurso sobre trabalho e educação em Manaus. Partindo de um levantamento baseado em uma pesquisa documental e uma pesquisa bibliográfica, revela que a Casa dos Educandos Artífices alicerçou sua proposta pedagógica em um detalhado plano de organização didática e administrativa da educação escolar. Para esta publicação, o autor dividiu seu estudo em três seções: trabalho e capital: antecedentes históricos do projeto de educação profissional em Manaus; a criação da Casa dos Educandos Artífices de Manaus; os efeitos das categorias de análise no processo histórico de construção da educação profissional em Manaus (1856-1877). As reflexões sobre estas questões, notadamente, mobilizam uma argumentação que se alimenta no protagonismo do ideário marxista.
No artigo “Trabalho, arte e educação no Brasil – notas de pesquisa: sobre a dualidade no ensino de arte”, Ronaldo Rosas Reis coaduna as interfaces da arte com a história. Ao apresentar o contexto do trabalho desenvolvido, ressalta que há alguns anos pesquisa as relações sociais entre produção artística e o ensino de arte no Brasil. De forma analítica, introduz três notas sobre as investigações: nota explicativa, sobre o sistema de belas-artes; nota 1, sobre a Escola de Arte e de Ofícios numa sociedade ‘modernizada’; nota 2, sobre a arte no modernismo; e nota conclusiva, a razão dualista, a arte e o ensino artístico. O resultado, uma fecunda obra com significativa contribuição para os estudos sobre educação e arte e trabalho-educação, descortina oportunidades para outros estudos e mediações sobre o tema.
Encerrando a primeira parte do livro, Maria Inês do Rego Monteiro Bonfim apresenta o artigo “Trabalho docente na escola pública brasileira: as finalidades humanas em risco”, organizado em duas seções: o capitalismo e as especificidades do trabalho de ensinar; e o Estado brasileiro e o enfraquecimento do trabalhador docente. Com ênfase, defende a ideia de que o trabalho docente é determinado historicamente pelo modo de produção capitalista e denuncia, de forma contundente, a expropriação do trabalhador docente ante a dominação e o controle hegemônico, reiterando a importância de se pensar o trabalho docente da escola pública em sua articulação com a dinâmica social no capitalismo da atualidade.
A segunda parte do livro é protagonizada pela relação trabalho-educação, em temas ligados à indústria, seus processos e ideologias. Abre a cena o trabalho de Arminda Rachel Botelho Mourão, comprometido em subsidiar estudos que trazem para discussão a universidade tecnológica no contexto das políticas de ciência e tecnologia. Assim, “Tecnologia: um conceito construído historicamente”, estudo indispensável por seu caráter de atualidade e relevância do tema, é explicitado nas seções: a técnica: diferentes concepções (a técnica como instrumento de uso; a técnica como entidade autônoma; e a técnica como produto histórico); discutindo a tecnologia; e a construção de uma nova visão tecnológica.
O trabalho de Eliseu Vieira Moreira, “A teoria da qualidade total como política educacional do capitalismo”, está estruturado didaticamente em duas partes. A primeira – a teoria da qualidade total: um novo simulacro transplantado para a educação básica – busca “entender que a materialidade histórica da transplantação ideológica da qualidade total, do campo empresarial para o campo educacional, se deu em quatro focos diferentes”. A segunda – a qualidade como categoria de controle da educação – mostra as políticas implementadas pelo Banco Mundial e outros organismos, visando ao ajuste estrutural e sua manipulação nas relações de trabalho. Contrapondo-se à teoria da qualidade total, um projeto integralmente baseado na lógica do ideário neoliberal, o autor defende a ideia de uma qualidade na qual esteja inserida a qualidade de vida. Aportado em suas reflexões, filia-se claramente ao embate teórico, colocando-se frontalmente contra a transplantação da teoria da qualidade total no campo produtivo-empresarial para o campo das políticas educacionais. A pesquisa instiga a reflexão e a necessidade de se pensarem formas de intervenção e resistência ao modelo perverso e excludente ditado pelo ideário neoliberal.
Em “Crescimento econômico do capital, emprego e qualificação profissional no Amazonas”, Selma Suely Baçal de Oliveira debruça-se sobre a questão do desemprego, analisando as modificações impostas pelos atuais padrões do processo produtivo – competitividade e maior acumulação – presentes no conflito histórico entre capital e trabalho. O contexto da investigação desmembra-se nos temas metodologia e procedimentos; o debate teórico; o movimento do emprego/desemprego no estado do Amazonas no início do século XXI; e a indústria eletroeletrônica no Brasil e o contexto manauara. Com atenção aos processos metodológicos da pesquisa, promove um detalhado levantamento no qual analisa os indicadores de emprego e desemprego na Zona Franca de Manaus, no período de 2000 a 2003, com trabalhadores da categoria de eletroeletrônicos. Sua abordagem contempla a reflexão sobre as relações de trabalho e o contexto atual da disputa trabalho-capital. Alerta ainda para significativas mudanças no ‘mundo do trabalho’, em que destaco: a forte entrada do capital estrangeiro, o avanço tecnológico (automação da produção) e as perdas dos direitos sociais de cidadania conquistados pelo conjunto dos trabalhadores, cidadania essa preconizada pelo Estado em suas reformas.
A segunda parte do livro encerra-se com “Educação corporativa na indústria naval”, artigo de Antonio Fernando Vieira Ney. Notável por suas contribuições ao debate sobre educação corporativa, revela a manobra do capital para formar mão de obra do seu interesse. Para tal, lança seu olhar sobre a indústria naval e sobre como ocorre a divisão do trabalho nos estaleiros. Desdobra suas análises em questões como a conceituação de educação corporativa; a constituição da educação corporativa; as considerações sobre o trabalhador da indústria naval e a aplicação do tecnólogo na indústria naval. O autor elabora seu estudo com expressiva contribuição para pesquisadores da área trabalho-educação, trazendo à luz elementos que podem auxiliar na compreensão do interesse do capital em assumir a responsabilidade de formação profissional, abrindo um campo de possíveis reflexões e ações no espaço político.
Por fim, cabe o registro da percepção de uma costura ideológica e uma linha discursiva contra-hegemônica permeando as produções dos autores.
Rosangela Aquino da Rosa Damasceno – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: rosangela.rosa@ifrj.edu.br
[MLPDB]Revueltas. Revista Chilena de Historia Social Popular. Santiago, n.1, 2020.
Presentación
- Tiempos de revuelta, tiempos de historia
- Núcleo de Historia Social Popular y Autoeducación Popular
Diálogos / Comunicaciones académicas
- Historizar el neoliberalismo para combatir la barbarie: Una propuesta de agenda para la Historia Social Popular
- Camila Silva Salinas
Artículos
- “Entre lo social y lo político”. Para una historiografía de las mujeres populares en Chile: Balance historiográfico y aportaciones teóricas
- Consuelo Cáceres Aedo
- El proceso de reconfiguración del movimiento de pobladores (1973-1993): Erradicación, exclusión sociopolítica y nuevas formas de organización
- Nelson Bravo Bustamante
- Activismo radial lesbofeminista en Chile: performances y tácticas de un movimiento invisible (1998-2004)
- Roxana Gomez Tapia
- El concepto de ‘solidaridad’ de las organizaciones urbano-populares de Chile durante la década de los 80. Aproximaciones, desde abajo, a la Historia Conceptual
- Daniel Fauré Polloni
- El movimiento de Estudiantes Secundarios: Violencia Política y Protesta Popular en el marco de las Jornadas de Protesta, 1983-1986, Santiago, Chile
- Alvaro Rivas Castro
Reseñas
- Sol y Lluvia. voces de la resistencia
- Marcelo Arce Marín
Publicado: 2020-01-15
Tempo. Niterói, v.26, n.3, 2020.
- Os lusíadas, de Camões, e a História trágico-marítima: por uma poética do bem comum Artigo
- Felipe, Cleber Vinicius do Amaral
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Engolo e capoeira. Jogos de combate étnicos e diaspóricos no Atlântico Sul Artigo
- Assunção, Matthias Röhrig
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Lições continentais. o impacto do golpe de Estado brasileiro nas eleições presidenciais chilenas de 1964 Artículo
- Casals, Marcelo
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- O centro clandestino de detenção como produto histórico: uma abordagem do dispositivo repressivo ditatorial na Argentina (El Vesubio, 1976-1978) Artículo
- Tizón, Rodrigo González
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
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- Direitos humanos e infância: construindo a Convenção sobre os Direitos da Criança (1978-1989) Artigo
- Arend, Silvia Maria Fávero
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
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- Tempo e eternidade: a dinâmica entre o temporal e o atemporal na Geisteswissenschaft de Herbert Cysarz Artigo
- Silva, Walkiria Oliveira
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- O clero secular ibero-americano na Época Moderna. Institucionalidade, carreira eclesiástica e conexões sociais Dossiê El Clero Secular Iberoamericano En La Época Moderna
- Wanderley, Marcelo da Rocha; Salvador, Rodolfo Aguirre
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
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- Vias de acesso à apresentação real do clero nas Índias no final do século XVIII: o caso chileno Dossiê El Clero Secular Iberoamericano En La Época Moderna
- Enríquez, Lucrecia Raquel
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
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- Estratégias e mobilidade social: o acesso de descendentes de escravos e libertos ao clero secular no bispado do Rio de Janeiro (1702-1745) Dossie El Clero Secular Iberoamericano En La Época Moderna
- Oliveira, Anderson José Machado de
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- Texto: PT
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- Dificuldades e conflitos no processo de conformação do cabido catedral da igreja de Mérida, bispado de Yucatán (século XVI) Dossie El Clero Secular Iberoamericano En La Época Moderna
- Ojeda, Pedro Miranda; Aguirre, Pilar Zabala
- Resumo: ES PT
- Texto: ES
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- Casablanca no século XX: um porto, uma cidade, uma dominação Resenha
- Honorato, Cezar
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- A complexa relação civil-militar no Chile Resenha
- Valenzuela, Francisca Eunice Beroíza
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Cadernos Pagu. Campinas, n.60, 2020.
- Imaginações rebeldes: disputas e derivações da artepensamento feminista Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Bessa, Karla; Alexandre Sobrinho, Gilberto
- Texto: PT
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- A rebeldia do cinema de mulheres no Brasil: os desafios de Maria do Rosário Nascimento e Silva, em anos de ditadura civil-militar* Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Oliveira, Alcilene Cavalcante de
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- Ôríe as vozes e o olhar da diáspora: cartografia de emoções políticas* Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Alexandre Sobrinho, Gilberto
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- Luz(es) del Fuego: rebeldia e feminismos Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Bessa, Karla
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- A encenação de uma cena: política feminista em Jogo de Cenae The Arbor Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Brás, Patrícia Sequeira
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- Cultura cinematográfica e identidades queerno Brasil contemporâneo Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Dennison, Stephanie
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- Por que não existiram grandes cineastas mulheres no Brasil?*Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Holanda, Karla
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- Vulnerabilidad y deseo. Las superficies de La Casa de la Fuerza(Angélica Liddell, 2009)* Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Culp, Edwin; del Rey, Sara Barragán
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
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- Musa Michelle Mattiuzzi:perambulações radicais, gestos de terror e fugitividade em carne Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Lopes, Fabiana
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- Mujeres Creando: militantes feministas e a arte de habitar o contraditório* Dossiê Imaginações Rebeldes:disputas E Derivações Da Artepensamento Feminista
- Oliveira, Alessandro José
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- Como era bizarro o nosso cinema: a transgressão conservadora de Sady Baby Artigo
- Jesus, Diego Santos Vieira de
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- De “bom exemplo” em “bom exemplo”: consumo cinematográfico e presença das mulheres no espaço urbano da Belle Époquecarioca Artigo
- Lapera, Pedro Vinicius Asterito
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- Texto: PT
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- Arte contemporânea e legitimação: o caso das jovens artistas Artigo
- Santos, Guilherme Marcondes dos
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- “ Construir puentes en la educación superior”: una ruta entre la formación profesional y la industria minera del 2035 Artigo
- Salinas Meruane, Paulina Irene; Romaní Chocce, Gianni
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- Texto: ES
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- Desarticulando la guerra y el patriarcado, una propuesta museográfica de Medellín – Colombia* Artigo
- Sosa, Ana María; Arias, Daniel
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- Texto: ES
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Almanack. Guarulhos, n.26, 2020.
Almanack. Guarulhos, n.26, 2020.
Words for debate
- O MOVIMENTO ABOLICIONISTA DE 1879-1888: LIÇÕES DE UM MOVIMENTO DE REFORMA POPULAR | Needell, Jeffrey D. EN
- IGLESIA ATLÂNTICA. IGLESIA UNIVERSAL. IGLESIA ROMANA. ESCENARIOS DE LA MODERNIDAD CATÓLICA EN EL SIGLO XIX | Martínez, Ignacio; Santirocchi, Ítalo Domingos
Dossiê
- THE CATHOLIC CLERGY IN THE NORTH ATLANTIC AREA, 1763-1830: PATTERNS OF DEVIANCY | Codignola, Luca
- A GOVERNANÇA DA IGREJA ESCRITA ENTRE O NACIONAL E O GLOBAL: A PRESENÇA DAS CONGREGAÇÕES CARDINALÍCIAS EM MANUAIS BRASILEIROS DE DIREITO ECLESIÁSTICO (1853-1887) | Albani, Benedetta; Martins, Anna Clara Lehmann
- PAPADO DE PIO IX E A DINAMIZAÇÃO TRANSCONTINENTAL DO ANTICLERICALISMO OITOCENTISTA: ECOS NO PARLAMENTO IMPERIAL BRASILEIRO1 | Silva, Ivo Pereira da
- APAGANDO A NOTA QUE DIZ ESCRAVA: EFIGÊNIA DA SILVA, O BATISMO, O COMPADRIO, OS NOMES, AS CABEÇAS, AS CRIAS, O TRÁFICO, A ESCRAVIDÃO E A LIBERDADE (LUANDA, C. 1770-C. 1811) | Ferreira, Roquinaldo; Guedes, Roberto
- Os DESAFIOS PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DA CONGREGAÇÃO DA MISSÃO NO SUPERIORATO DO PADRE JEAN-BA
- ISTE ÉTIENNE (1843-1874) | Santirocchi, Ítalo Domingos; Santirocchi, Pryscylla Cordeiro Rodrigues
- CAMBIO DE GUARDIA: DEL PATRONATO HISPÁNICO A LA PAX AMERICANA (1889-1903) | Lago, José Ramon Rodriguez
- DA REVOLTA ÀS REGATAS: O REMO E A “RECONSTRUÇÃO” DE NITERÓI (1895-1904) | Melo, Victor Andrade de
- LIBERALISMO, INDUSTRIALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO: AS IDEIAS ECONÔMICAS DE JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA | Salomão, Ivan Colangelo
- ALMA PIEDOSA, CORPO SÃO: O PAPEL DA DEVOÇÃO NA CURA DAS DOENÇAS NO BRASIL COLONIAL | Viotti, Ana Carolina de Carvalho; Santos, Clara Braz dos
- MANIFESTAÇÕES DA CONTRARREVOLUÇÃO MIGUELISTA NO BRASIL (1823-1834) | Gonçalves, Andréa Lisly; Guimarães, Nívea Carolina
- A CRIADAGEM SERVIL E AS TENTATIVAS DE REGULAÇÃO POLICIAL DOS TRABALHOS DOMÉSTICOS EM FORTALEZA, 1880-1887 | Rodrigues, Eylo Fagner Silva
Resenha
- SECULARIZAÇÃO E REFORMA CATÓLICA NO PERU NA VIRADA PARA O SÉCULO XX | Neder, Gizlene
- A AFIRMAÇÃO DO ATLÂNTICO NA HISTORIOGRAFIA ITALIANA | Silva, João Gabriel Covolan
Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v.28, n.3, 2020
- · Produção feminista, o tempo, perdas e polêmicas sobre palavra Editorial
- Lago, Mara Coelho de Souza; Minella, Luzinete Simões; Ramos, Tânia Regina Oliveira; Wolff, Cristina Scheibe
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- · Feminismo De(s)colonial como Feminismo Subalterno Latino-Americano Artigos
- Ballestrin, Luciana
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- · O corpo importa: corpos falantes e a produção discursiva do sexo Artigos
- Gomes, Camilla de Magalhães
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- · Sacerdotisas africanas no mundo bíblico. Leitura decolonial de Êxodo 4.24-26 Artigos
- Caldeira, Cleusa; Artuso, Vicente
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- · Gênero na perspectiva decolonial: revisão integrativa no cenário latino-americano Artigos
- Dimenstein, Magda; Silva, Gabriel de Nascimento e; Dantas, Candida; Macedo, João Paulo; Leite, Jáder Ferreira; Alves Filho, Antonio
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- · Abuso e exploração sexual em operações de paz: o caso da MINUSTAH Artigos
- Toledo, Aureo; Braga, Lorraine Morais
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- · Uma perspectiva feminista ao jornalismo para a paz Artigos
- Salhani, Jorge; Santos, Heloisa dos; Cabral, Raquel
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- · Guerreiras ou Anjos? As Mulheres Brasileiras e a Grande Guerra Artigos
- Rocha, Elaine Pereira
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- · Raça e gênero na construção de trajetórias de mulheres quilombolas Artigos
- Ferreira, Maria Raquel Dias Sales; Eiterer, Carmem Lúcia; Miranda, Shirley Aparecida de
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- · Feminismos criminológicos e “tecnopolíticas”: novos ‘quadros’ para violência de gênero Artigos
- Martins, Fernanda
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- · Abordagens à violência sexual em julgamentos por crimes contra a humanidade na Argentina Artigos
- Alvarez, Victoria
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- · Trilhas para o enfrentamento da violência contra a mulher Artigos
- Bearzi, Paula Suséli Silva de; Martins, Aline Blaya; Marchi, Renato José De; Reser, Aline Rodrigues
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- · Cumprindo pena juntos Artigos
- Duarte, Thais Lemos; Chaves, Luana Hordones; Araújo, Isabela Cristina Alves de
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- · Lado a lado? Feminismos e Estado durante o ‘ciclo progressista’ latino-americano Artigos
- Gonzalez, Débora de Fina
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- · Novos feminismos? Conexões e conflitos intergeracionais entre feministas Artigos
- Saavedra, Renata Franco
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- · Tensões entre os direitos das mulheres e a proteção da infância Artículos
- LLobet, Valeria
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- · Negociando normalidade(s): construções da identidade de gênero entre meninas Artigos
- Guimarães, Jamile; Cabral, Cristiane da Silva
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- · Corporalizar as etnografias a partir das perspectivas feministas Artículos
- Pozo, Lola Martínez
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- Oliveira, Mariana de Moraes Duarte; Junqueira, Telma Low Silva
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- · As experiências das Oficiais da Marinha do Brasil no exercício do comando Artigos
- Reis, Vanessa Coelho dos; Zucco, Luciana Patrícia
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- · As mulheres pioneiras da arquitetura equatoriana Artigos
- Rosero Añazco, Verónica Alexandra; Freire Silva, María José
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- · Mulheres e jornalismo esportivo: possibilidades e limitações em um campo masculino Artigos
- Pacheco, Leonardo Turchi; Silva, Silvio Ricardo da
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- · Comicidade crítica e riso autodepreciativo: um estudo com mulheres palhaças Artigos
- Fuchs, Ana Carolina Muller; Icle, Gilberto
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- · O destino indelével do desejo: o sonho do amor plural entre anarquistas libertários Artigos
- Flores, Maria Bernardete Ramos
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- · Ficções porno-políticas do corpo (a partir) de Preciado Ponto De Vista
- Oliveira, Ana
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- · O Charme Sapatão de Esther Newton: uma entrevista sobre a vida, a obra e as paixões da lendária antropóloga Ponto De Vista
- Henning, Carlos Eduardo
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- · Teoria Crítica Feminista em tempos de capitalismo financeirizado Ponto De Vista
- Assis, Mariana Prandini; Rodrigues, Cristiano; Andrade, Darlane Silva Vieira
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- · As vozes insurgentes são feministas Dossiê Inflexões Feministas E Agenda De Lutas No Brasil Contemporâneo
- Peixoto, Leonardo Ferreira; Pelúcio, Larissa
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- · Manifestações textuais (insubmissas) travesti Dossiê Inflexões Feministas E Agenda De Lutas No Brasil Contemporâneo
- York, Sara Wagner; Oliveira, Megg Rayara Gomes; Benevides, Bruna
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- · Não é fumaça, é fogo! Cruzada antigênero e resistências feministas no Brasil Dossiê Inflexões Feministas E Agenda De Lutas No Brasil Contemporâneo
- Melo, Flávia
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- · ‘Alfinetar’: currículos, ódios e gêneros Dossiê Inflexões Feministas E Agenda De Lutas No Brasil Contemporâneo
- Süssekind, Maria Luiza; Carmo, Lorena Azevedo do; Nascimento, Stephanie Duarte Láu do
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- · #paslui: feminismos brasileiros no hexágono europeu Dossiê Inflexões Feministas E Agenda De Lutas No Brasil Contemporâneo
- Pelúcio, Larissa; Paz, Diego
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- · Quem mandou matar Marielle? – uma conversa com Luyara Franco Dossiê Inflexões Feministas E Agenda De Lutas No Brasil Contemporâneo
- Peixoto, Leonardo Ferreira
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- · Desigualdades de gênero na democracia brasileira Resenhas
- Machado, Camila Borges
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- · Experiência e família na literatura de Ana Castillo Resenhas
- Madella, Thayse
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- · Psicanálise e Gênero: tão íntimo, tão estranho Resenha
- Angeli, Gustavo; Barros, Vinicius da Rocha
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- · Quem são as “vítimas de verdade” nas delegacias da mulher? Resenha
- Pellegrini, Elizabete; Boen, Mariana Tordin
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- · A discussão do colonialismo partindo da língua portuguesa Resenha
- Nodari, Sandra; Sousa, Jorge Pedro de
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- · Uma contribuição para a teoria de gênero Resenhas
- Signorelli, Marcos Claudio
- Texto: PT
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- · Before and after gender, o “livro perdido” de Marilyn Strathern Resenhas
- Sander, Vanessa
- Texto: PT
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- · Um réquiem pelas mulheres Resenhas
- Dutra, Paula Queiroz
- Texto: PT
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- · Errata: Manifestações textuais (insubmissas) travesti Errata
- Texto: PT
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Mosaico. Goiânia, v.13, 2020.
ARQUEOLOGIA E PAISAGEM
Editorial
- HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA E PAISAGEM
- Thais Alves Marinho
Apresentação / Presentation
- ARQUEOLOGIA E PAISAGEM
- Marcos André Torres de Souza, Julio Cezar Rubin de Rubin
Artigos de Dossiê / Dossier
- PAISAJES GEOCULTURALES DE LA REGIÓN ESTE DE URUGUAY
- Irina Capdepont Caffa
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- BITUCAS E A MATERIALIZAÇÃO DO EQUÍVOCO: QURNA E SUAS PAISAGENS POTENCIAIS
- José Roberto Pellini
- CAMINHOS QUE LEVAM À GLÓRIA: VILLA AYMORÉ – APONTAMENTOS ARQUEOLÓGICO-PAISAGÍSTICOS DE UM SÍTIO HISTÓRICO
- Jackeline de Macedo, Rubens de Andrade
- A FLORESTA COMO ESCONDERIJO: ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM NA MATA ATLÂNTICA DO RIO DE JANEIRO
- Rogério Ribeiro de Oliveira, Rúbia Graciele Patzlaff, Rita Scheel-Ybert
- A PAISAGEM COMO ELEMENTO DE ANÁLISE: MESOPOTÂMIA DOS RIOS ARAGUAIA E PEIXE, GOIÁS.
- Julio Cezar Rubin de Rubin, Marcos André Torres de Souza, Maximiliano Bayer, Rosiclér Theodoro da Silva, Maira Barberi
- ARRÁBIDA, TERRITÓRIO DA ESPIRITUALIDADE: GEOLOGIA, ARQUEOLOGIA E ARTE
- Luís Jorge Gonçalves, Mila Simões de Abreu, Cláudia Matos Pereira
- APROXIMACIÓN GEOARQUEOLÓGICA EN LOS CICLOS DE POBLAMIENTO Y ABANDONO DEL CAUCA MEDIO COLOMBIANO
- Martha Cecilia Cano Echeverri
- MUSEU, CULTURA MATERIAL E GRAVURA RUPESTRE: A CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM NO UNIVERSO DAS COISAS POLIDAS
- Marcélia Marques, César Ulisses Veríssimo, Jefferson Lima dos Santos
- PAISAGEM, GRAVURAS, PROBLEMAS DE CONSERVAÇÃO: UM OLHAR SOBRE O SÍTIO POÇO DA BEBIDINHA
- Maria Conceicão Soares Meneses Lage, Welington Lage, Ana Luisa Meneses Lage do Nascimento
Artigos Livres / Articles
- PAISAGEM NA ARTE: ANOTAÇÕES SOBRE A ESTÉTICA DA NATUREZA EM GOETHE E CARUS
- Esdras Araujo Arraes
- A IDEIA DE NOBREZA NO IMPÉRIO PORTUGUÊS EM FINS DO SÉCULO XVIII E INÍCIO DO XIX
- Karla Maria Silva, Denis Carlos Moser Ieni
- LINGUAGEM, APRENDIZAGEM E ENSINAMENTO NA PRÉ-HISTÓRIA MÍTICA DE A GUERRA DO FOGO (1981)
- Ademir Luiz da Silva
- A MEMÓRIA SOCIAL ATRAVÉS DO JORNAL FUNDINHO CULTURAL: CRÔNICAS DA CIDADE DE UBERLÂNDIA
- Nildo Viana, Ivanilda Junqueira
- UMA PANDEMIA DE LONGA DURAÇÃO: VIOLÊNCIA DE GÊNERO CONTRA MULHERES
- Cláudia de Jesus Maia
Resenhas / Reviews
- RAZÃO E IRRACIONALIDADE NO MICROCOSMO POLÍTICO E ECONÔMICO DE CATALÃO (1962-1992)
- Alexandre Prates de Campos Ribeiro
Tempo. Niterói, v. 26, n.2, 2020.
- Práticas jurídicas nas fronteiras da América Hispânica. As dinâmicas dos poderes locais na construção de um modelo de encomienda no Paraguai em meados do século XVII Artigo
- Ribeiro, Fernando Victor Aguiar
- Resumo: EN PT
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- Salinas insulares. Sal das Canárias no Antigo Regime Artigo
- Santana-Pérez, Juan Manuel
- Resumo: ES PT
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- O lado sombrio de Thomas Jefferson: formação jurídica, direitos naturais e jus positivismo (1760-1779) Artigo
- Pinheiro, Marcos Sorrilha
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- Animismo no Chaco do século XVIII Artigo
- Felippe, Guilherme Galhegos
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- O meio militar como arena política: conflitos e disputas por direitos no Regimento de Homens Pardos do Rio de Janeiro, 1805 Artigo
- Souza, Adriana Barreto de
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- Texto: PT
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- A saga dos índios da Ibiapaba e outras ações indígenas diante da lei do Diretório no Ceará oitocentista Artigo
- Costa, João Paulo Peixoto
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- Uma personagem por sua roupa: o gibão como representação do bandeirante paulista Artigo
- Marins, Paulo César Garcez
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- De Baltimore às “Lavras Diamantinas”: internacionalização/interiorização da saúde na Bahia (1920-1930) Artigo
- Batista, Ricardo dos Santos
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- A Amazônia euclidiana e os programas de integração da hileia durante o governo Geisel (1974-1979) Artigo
- Coelho, George Leonardo Seabra
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Memória, disputas, resistência e ressentimento: a luta pelo protagonismo na narrativa de Therezinha Zerbini Artigo
- Duarte, Ana Rita Fonteles
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- Pode a história da África Antiga ser contada através de autores greco-romanos Resenha
- Lemos, Rennan
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- Texto: PT
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Cadernos Pagu. Campinas, n.59, 2020
- Tecnopolíticas de Gênero Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Araújo, Daniela Camila de; Manica, Daniela Tonelli; Kanashiro, Marta Mourão
- Texto: PT
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- Tecnologias, infraestruturas e redes feministas: potências no processo de ruptura com o legado colonial e androcêntrico* Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Oliveira, Débora Prado de; Araújo, Daniela Camila de; Kanashiro, Marta Mourão
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- Lacunas Geracionais: Mulheres, Tradições Rurais e Redes Comunitárias Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Bidwell, Nicola
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- Digitalizando o cuidado: mulheres e novas codificações para a ética hacker* Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Natansohn, Graciela; Reis, Josemira
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- Negras in tech: apropriação de tecnologias por mulheres negras como estratégias de resistência* Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Lima, Dulcilei C.; Oliveira, Taís
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Objeciones textiles: interferencias y activismo textil-digital Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Cortés-Rico, Laura; Pérez-Bustos, Tania
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Aplicativos de monitoramento do ciclo menstrual e da gravidez: corpo, gênero, saúde e tecnologias da informação* Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Paletta, Gabriela Cabral; Nucci, Marina Fisher; Manica, Daniela Tonelli
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- Em busca da cegonha: “tentantes”, “instamigas” e possíveis ativismos em redes sociais* Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Allebrandt, Débora; Freitas, Camilla Iumatti
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Corpos transmasculinos, hormônios e técnicas: reflexões sobre materialidades possíveis* Dossiê Tecnopolíticas De Gênero
- Souza, Érica Renata de
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Escola e infância: a transfobia rememorada* Artigo
- Bento, Nosli Melissa de Jesus; Xavier, Nubea Rodrigues; Sarat, Magda
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Estrategias comunicativas desde el ciberfemismo: @Feminismosmad y la cifusión en Twitterde la Huelga del 8M en Madrid Artigo
- Calvo, Dafne; Díez-Garrido, María; López, Noel Bandera
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
- PDF: ES
- Por que o termo feminicídio incomoda tanto? um estudo de caso de comentários de posts da página do Facebook do Jornal O Globo Artigo
- Hauber, Gabriella
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- “Se não for pra causar nem quero”: a visibilidade das transformações corporais e a produção de feminilidades por meio das cirurgias plásticas*Artigo
- Rohden, Fabíola; Silva, Jéssica Brandt da
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
- PDF: EN PT
- Corpo e poder: as condições de vulnerabilidade da mulher mãe no debate midiático sobre o parto Artigo
- Lage, Leandro Rodrigues; Cal, Danila; Silva, Bárbara Tuanni Veloso da
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- Interacciones sexuales en el mundo online*Artigo
- VALCUENDE DEL RÍO, Jose Maria; COSTA, Patricia Rosalba Salvador Moura; MACARRO, Maria José Marco
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
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- El feminismo de la gobernanza en la CEDAW: la cuestión sobre el trabajo sexual y la prostitución*Artigo
- JARAMILLO RUIZ, Felipe; CÉSPEDES-BÁEZ, Lina-María
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
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- Una antropóloga en la policía: una reflexión sobre actuación de género y relaciones de poder en el campo*Artigo
- Sirimarco, Mariana
- Resumo: EN ES
- Texto: ES
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- Encontros e imaginações compartilhadas: lições sobre o que pode o queer*Resenha
- Teixeira, Flavia do Bonsucesso
- Texto: PT
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- As masculinidades da nossa América*Resenha
- Barros, Betina Warmling
- Texto: PT
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Amazonia 1900-1940. El conflito, la guerra y la invención de la frontera | Carlos Gilberto Zárate Botía
O tema das fronteiras amazônicas, seja em sua concepção de linhas demarcatórias de territórios nacionais, seja como zonas de múltiplas interações envolvendo diferentes sujeitos, impõe desafios significativos à pesquisa histórica. Primeiramente, trata-se de um espaço que, a despeito de sua vastidão geográfica, nem sempre recebeu a devida atenção no conjunto das historiografias sul-americanas. Em segundo lugar, a investigação sobre as fronteiras amazônicas requer o cruzamento de fontes procedentes de arquivos espalhados nos países da Pan-Amazônia (e, por vezes, em outros continentes) e o cotejamento de bibliografias de diferentes nacionalidades, que frequentemente apresentam linhas de interpretação francamente antagônicas.
O livro Amazonia 1900-1940, do historiador e cientista social colombiano Carlos Gilberto Zárate Botía, representa justamente uma contribuição que supera esses desafios ao revisitar o tema dos conflitos peruano-colombianos na definição dos limites amazônicos entre os dois países. O autor é professor da Universidad Nacional de Colombia– Sede Amazônica (Letícia), com destacada atuação no Grupo de Estudios Transfronterizos, vinculado ao Instituto Amazónico de Investiagaciones (IMANI). Carlos Zárate é um dos mais importantes cientistas sociais que se dedicam ao estudo das fronteiras amazônicas e, em sua vasta obra, o enfoque interdisciplinar sobre o tema se destaca. Leia Mais
Bilros. Itaperi, v.8, n.17, 2020.
Apresentação
- APRESENTAÇÃO
- Maria Adaiza Lima Gomes, Reverson Nascimento Paula
Artigos
- “AÍ, POLÍTICO, EU SOU A FACA QUE ARRANCA SUA PELE”: A POLÍTICA DO COTIDIANO E OS RAPPERS BRASILEIROS
- Roberto Camargos
- CANÇÃO POPULAR E POLÍTICA EM BELÉM: SONORIDADES “CABOCLAS” E AÇÕES NACIONAIS DESENVOLVIMENTISTAS NA MPB
- Cleodir Moraes
- NOTAS SOBRE A CAPOEIRA PARANAENSE (XIX-XX): RESISTÊNCIA SUBALTERNA
- Jeferson Nascimento Machado, Juliano Lima Schualtz
- AS CORREIÇÕES CAMARÁRIAS NA CAPITANIA DO RIO GRANDE: O CASO DO CAPITÃO DOMINGOS DA SILVEIRA (1718-1719)
- Sarah Karolina Sucar Ferreira
- PREVENÇÃO QUE SEGREGA: HIGIENISMO EM FOCO NOS DISCURSOS DO I CONGRESSO MÉDICO DE PERNAMBUCO (1909)
- Beatriz Chianca Macario, Vicentina Maria Ramires Borba
- DO “DIÁRIO DO HOSPÍCIO” AO “HOSPÍCIO É DEUS”: (RE) VISITANDO OS DIÁRIOS DE LIMA BARRETO E MAURA LOPES CANÇADO
- Edivaldo Rafael de Souza
- O SISTEMA CARCERÁRIO FEMININO BRASILEIRO (SÉCULO XXI): QUAIS VIDAS IMPORTAM?
- Thífany Piffer, Luíza Zelinscki Lemos Pereira
História do Direito. Curitiba, v.1, n.1, 2020.
Apresentação | | PDF
EXPERIÊNCIAS
- Direito dos Letrados nos Confins da Expansão Portuguesa: Ouvidores Régios de Paranaguá/São Paulo em Curitiba (1711-1738) | Luís Fernando Lopes Pereira | PDF
- Os Desembargadores da Casa da Suplicação na Estrutura de Poder: O Caso da Assembleia Constituinte | Arno Wehling | PDF
- Ideología e Independencia: Los Fundamentos Intelectuales de Los Protagonistas de 1810 | Jacqueline Blanco Blanco | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- La constitución republicana española de 1931 y su ambiente intelectual en la Asamblea Constituyente brasileña de 1933-1934 | Ezequiel Abásolo | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- O Código do Processo Criminal e a Reforma de 1841: Dois Modelos de Organização dos Poderes | Monica Duarte Dantas | PDF
- Uma história do crime de adultério no Império do Brasil (1830-1889) | Gustavo S. Siqueira | PDF
- Um código de sociólogos? O caso do código da propriedade do Principado do Montenegro | Carlos Petit Calvo | PDF
- A Eficácia da Justiça: A Formação e a Seleção de Magistrados Antes e Durante a Segunda República Espanhola | Manuel Ángel Bermejo Castrillo | PDF
- “Uma Revista para o Direito Vivo”: Pontes de Miranda e a orientação da prática jurídica nacional na Revista ‘Ciência do Direito – Revista dos Juízes e Juristas Brasileiros’ (1934) | Alfredo de J. Flores | PDF
- A Questão Agrária na Era Vargas (1930-1964) | Gilberto Bercovici | PDF
- Entre regra e exceção: normas constitucionais e atos institucionais na ditadura militar brasileira (1964-1985) | Cristiano Paixão | PDF
FERRAMENTAS
- ‘Moderno’ y ‘posmoderno’ en la historia del derecho en Italia | Paolo Grossi | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- ‘Dizer a verdade’: uma missão impossível para a historiografia? | Pietro Costa | PDF
- Como comemorar duzentos anos de constitucionalismo? | Cristina Nogueira da Silva | PDF
- L’ipotesi Tocqueville | Paolo Cappellini | PDF (ITALIANO)
- O que entendemos quando falamos de inovação jurídica? Um olhar a partir da História do Direito. | Massimo Meccarelli | PDF
- Direito e história: questões para uma estranha disciplina | José Reinaldo de Lima Lopes | PDF
- Traditions, translations, betrayals: dialogues among legal cultures | Ricardo Marcelo Fonseca | PDF (ENGLISH)
- Historia Plural del Derecho | José Ramón Narváez | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- O Sattelzeit diferido da América Ibérica: reflexões sobre uma história dos conceitos políticos fora do mundo europeu | Christian Edward Cyril Lynch | PDF
RESENHAS
- Corporativismo e autoritarismo em perspectiva transnacional: caminhos para a história do direito (Resenha de Authoritarianism and corporatism in Europe and Latin America: crossing borders [New York, Routeledge, 2019], de A. C. Pinto e F. Finchelstein) | Maria Pia Guerra | PDF
- Os conceitos e as coisas ou as palavras e os vestígios? (Resenha de Escrever história do direito: reconstrução, narrativa ou ficção? [São Paulo, Editora Contracorrente, 2020], de Michael Stolleis) | Samuel Barbosa | PDF
- Historicizando a “grande dicotomia”. (Resenha de Diritto pubblico e diritto privato: una genealogia storica [Bologna, Il mulino, 2020], de Bernardo Sordi) | Sérgio Said Staut Júnior | PDF
- Leituras introdutórias de uma longa história (Resenha de A short history of European law: the last two and a half millennia [Cambridge, Harvard University Press, 2018], de Tamar Herzog) | Gustavo César Machado Cabral | PDF
- As tensões do Estado constitucional (Resenha de Il cerchio e l’elisse: I fondamenti dello Stato costituzionale [Roma/Bari, Laterza, 2020], de Maurizio Fioravanti) | Walter Guandalini Junior | PDF
Almanack. Guarulhos, n.25, 2020.
Almanack. Guarulhos, n.25, 2020.
Palavras para debate
- SOBRE A FECUNDIDADE DAS CRISES | Costa, Wilma Peres
Fórum
- OS TEMPOS DA INDEPENDÊNCIA: ENTRE A HISTÓRIA DISCIPLINAR E A HISTÓRIA COMO SERVIÇO | Turin, Rodrigo
- OS ESQUECIDOS NO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA: UMA HISTÓRIA A SE FAZER1 | Neves, Lucia Maria Bastos Pereira das
- INDEPENDÊNCIA E REVOLUÇÃO: TEMAS DA POLÍTICA, DA HISTÓRIA E DA CULTURA VISUAL | Oliveira, Cecilia Helena de Salles
- ÀS VÉSPERAS DOS 200 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: O QUÊ E COMO DISCUTIR? | Slemian, Andréa; Chaves, Cláudia
- CHINESES NO VALE DO PARAÍBA CAFEEIRO: PROJETOS, PERSPECTIVAS, TRANSIÇÕES E FRACASSOS – SÉCULO XIX | Santos, Marco Aurélio dos
- O TRABALHO ESCRAVO NAS COMPANHIAS INGLESAS DE MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS: UMA SITUAÇÃO DESAFIADORA PARA O ANTIESCRAVISMO BRITÂNICO, 1840-1883 | Ré, Henrique Antonio
- UM CANAL PARA O RIO SÃO FRANCISCO: DEBATES E PARTICULARIDADES DO PROJETO DE CANALIZAÇÃO NO SÉCULO XIX1 | Oliveira, Gabriel Pereira de
- IMIGRAÇÃO INTERNACIONAL E CONTRATOS DE TRABALHO NO IMPÉRIO DO BRASIL: COLONOS EUROPEUS NA CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS NA DÉCADA DE 1830 | Cravo, Télio Anísio; Rodrigues, Pedro Conterno; Godoy, Marcelo Magalhães
- JUAN BAUTISTA ALBERDI E O IMPÉRIO DO BRASIL OLHARES CRUZADOS SOBRE A CONSTRUÇÃO DAS NAÇÕES NO SÉCULO XIX | Sá, Maria Elisa Noronha de
- O DONATÁRIO DA PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO”: A ELITE IMPERIAL A PARTIR DA TRAJETÓRIA DE VIDA E LIDERANÇA PARTIDÁRIA DE PEDRO FRANCISCO DE PAULA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE (1840-1875) | Rosas, Suzana Cavani; Cadena, Paulo Henrique Fontes
- DOIS MESTRES DE OFÍCIO ALEMÃES NO RECIFE OITOCENTISTA: MUNDO DO TRABALHO ARTESANAL E SOCIABILIDADES COTIDIANAS | Cord, Marcelo Mac
- COMPOSIÇÃO INTELECTUAL COMO FRUTO DE REPERTÓRIOS MOBILIZADOS: O CASO TOBIAS BARRETO1 | Barreto, Raylane Andreza Dias Navarro
Resenha
- EM DEFESA DA EXPERIÊNCIA LIBERAL | Chnaiderman, Lucas Soares EN EN MONARQUIA PORTUGUESA E POLÍTICA REGALISTA: ORDENS RELIGIOSAS NO FINAL DO SETECENTOS | Martins, William de Souza
A fotografia em instituições de memória: experiências no Brasil e em Portugal / Revista de História da UEG / 2020
No dossiê “A fotografia em instituições de memória: experiências no Brasil e em Portugal”, reunimos entrevistas e artigos que trazem uma série de informações, reflexões e problematizações em torno da pesquisa sobre fotografia, tendo em vista sua presença em instituições de memória. O dossiê insere-se num contexto de incorporação da fotografia nos campos de estudo da História, da Antropologia, da Comunicação e das Artes, dando continuidade a um processo iniciado há algumas décadas. De acordo com o balanço historiográfico realizado por Ana Mauad (2016), os estudos, ao tomarem a fotografia como objeto e fonte de investigação, têm possibilitado significativos avanços nas reflexões sobre diversos temas: as formas de linguagem, as maneiras de representação do mundo social, o modo como as imagens amparam vivências individuais e coletivas, bem como a influência da imagem nas formas de percepção do espaço e do tempo e nas políticas de memória. As pesquisas, em suas diferentes vertentes teóricas, têm refletido tanto sobre os modos de produção das imagens, como sobre suas formas de circulação e de apropriação social.
Nesse processo, foi e tem sido vital a organização e a disponibilização de acervos fotográficos [1] públicos e privados, pessoais ou institucionais, que amparam pesquisas em diferentes domínios e sem os quais não teria sido possível trilhar grande parte dos caminhos percorridos. Ao serem abrigados por instituições que são concebidas como lugares de memória (NORA, 1993), – tais como os arquivos, museus, bibliotecas, centros de documentação – estes acervos adensam o patrimônio histórico e cultural de seus respectivos países. Tanto no Brasil quanto em Portugal, verifica-se certa sensibilidade para a necessidade de guarda, tratamento e disponibilização dos acervos fotográficos. Há, nestes dois países, instituições públicas e privadas que são referências importantes para o trabalho com a história da cultura visual fotográfica e que se tornaram verdadeiros repositórios, capazes de viabilizar o trabalho com as memórias dos sujeitos, das famílias, dos governos, dos movimentos sociais e, também, dos próprios fotógrafos, com suas histórias pessoais, seus aparelhos, técnicas e métodos de trabalho. Nos limites desta apresentação, não será possível traçar um panorama da situação dos acervos fotográficos nos dois países, mas podemos indicar alguns aspectos para reflexão.
No caso do Brasil é possível afirmar que três instituições podem ser vistas como referência para o trato dos acervos fotográficos, pois contribuíram e ainda contribuem para pensar as políticas de guarda, preservação e difusão: a Funarte, a Biblioteca Nacional e o Instituto Moreira Salles. A Funarte começou a atuar no final da década de 1970 por meio do seu Núcleo de Fotografia, renomeado INFoto (Instituto Nacional de Fotografia) em 1984, e colaborou na implantação de uma política pública para os acervos fotográficos do país (VASQUEZ, s / d). Graças especialmente ao Programa Nacional de Preservação e Pesquisa da Fotografia, o INFoto contribuiu para disseminar a importância da valorização dos acervos fotográficos em arquivos públicos e particulares, universitários e sindicais, nos âmbitos federal, estadual e municipal (VASQUEZ, s / d). Foi nesse âmbito de atuação que surgiu a colaboração com a Biblioteca Nacional por meio do Projeto de Preservação do Acervo Fotográfico da Biblioteca Nacional (PROFOTO), iniciado em 1990, e que se revelou um dos mais importantes trabalhos com acervos fotográficos do país. A Biblioteca Nacional se tornou, com essa iniciativa, uma referência “(…) na afirmação e na definição de uma política de tratamento das coleções fotográficas representada por meio de publicações técnicas, orientação, processo de identificação e indexação, bem como da guarda desse material” (ZAHER, 2004). Já o Instituto Moreira Salles afirmou-se nas duas últimas décadas como uma referência na constituição de acervos fotográficos de caráter autoral, com ênfase especial em fotógrafos do século XIX e XX, contendo cerca de 800 mil fotografias. Muitas outrasinstituições no país guardam acervos fotográficos de relevância, tais como Arquivo Nacional, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o Museu Paulista da USP, a Fundação Joaquim Nabuco, o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa e o Arquivo Público Mineiro. Para oferecer uma visão mais ampla do assunto, teríamos que levar em consideração as instituições públicas e privadas do âmbito estadual e municipal, as bibliotecas, centros de documentação de universidades, etc. Além disso, teríamos que acrescentar a presença da fotografia nas coleções dos museus de arte. Enfim, fazer um balanço da situação dos acervos fotográficos no país é muito delicado, mas é possível afirmar, seguindo Aline Lacerda (2012, p. 284), que a fotografia se apresenta de maneira sistemática nos arquivos, sejam eles públicos ou privados, institucionais ou pessoais.
Uma questão importante diz respeito à digitalização de acervos, que é um desafio enfrentado pelas instituições de memória a partir da década de 1990. Desde então, vários projetos têm sido implantados. De acordo com Rubens Silva (2006), a digitalização permite a preservação da memória visual, traz a possibilidade de fortalecer as identidades e de ampliar os conhecimentos no que tange à formação educacional e cultural, principalmente quando ocorre a disponibilização de acervos online. Assim, o acesso remoto, ao mesmo tempo em que maximiza a utilização, satisfaz parcialmente as necessidades e as demandas da sociedade e, embora não permita o acesso à materialidade dos objetos fotográficos, apresenta-se como um caminho possível para democratizar a informação. Alguns exemplos de sucesso nesse campo podem ser citados: a Biblioteca Nacional Digital, o Instituto Moreira Salles e o Arquivo Público Mineiro. Cabe destacar, pela sua excelência, o projeto da Brasiliana Fotográfica, que é um dos desdobramentos da expertise alcançada pela Biblioteca Nacional no tratamento dos acervos fotográficos. A iniciativa surgiu da parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), obtendo posterior adesão de outras instituições [2]. O acesso remoto de acervos fotográficos abre a possibilidade de fruição, ampliação da consciência, facilita o acesso de pesquisadores, constitui uma forma de preservar o documento original, abrindo oportunidades para a produção de conhecimento crítico. Um dos grandes desafios atuais diz respeito à entrada dos arquivos nato-digitais nos acervos fotográficos das instituições de memória.
Em Portugal, existem instituições de referência para o estudo e para a conservação da fotografia, tal como o Centro Português de Fotografia, o Arquivo Municipal Fotográfico de Lisboa e o Arquivo de Documentação Fotográfica da Direcção Geral do Património Cultural, cuja coordenadora, Alexandra Encarnação, é entrevistada neste dossiê. O projeto de investigação Fotografia no Arquivo e no Museu Colonial Português 1850 – 1950, desenvolvido em 2013 e coordenado pela historiadora Filipa Lowndes Vicente, explorou a existência de fotografias em diversas instituições de memória em Portugal e analisou-as à luz dos debates internacionais historiográficos sobre o colonialismo e a condição colonial. Graças a esse trabalho, podemos construir uma visão ampla sobre a presença da fotografia nos acervos de diversas instituições [3]. Mais precisamente, nesse contexto, a existência de fotografias em instituições de memória em Portugal foi exaustiva e até então, a nosso conhecimento, ineditamente mapeada – ainda que sob a perspectiva da sua inscrição ou afetação a um contexto colonial. Desde então, alguns desses arquivos e fundos vêm passando por reconfigurações institucionais, como, por exemplo, o Instituto de Investigação Científica Tropical, hoje sob a tutela da Universidade de Lisboa. Além disso, foram surgindo outros projetos de pesquisa na área da fotografia, – como, por exemplo, a OPSIS – Base Iconográfica de Teatro em Portugal, Mobilizando Arquivos, Photo Impulse, Perphoto –, assim como conferências, publicações, colóquios e investigações acadêmicas dedicadas ao estudo da fotografia no contexto histórico português, bem como à relação entre fotografia e (sua representatividade no e do) arquivo.
O arquivo surge então aqui como um conceito sinônimo de instituição de memória, embora possamos considerar a existência de arquivos não institucionais, tais como os fundos pessoais e as fotografias “soltas”, ou seja, não consideradas enquanto corpus arquivável. Desde há cerca de uma década, assistimos igualmente a uma gradual afirmação no panorama cultural português de instituições de memória dedicadas, direta ou indiretamente, à fotografia, tais como: o Museu da Imagem em Movimento, em Leiria; a Casa-Estúdio Carlos Relvas, na Golegã; ou, mais recentemente renovado, o Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s, no Funchal. À semelhança do caso brasileiro, outro movimento importante no contexto português tem sido o da dinamização de projetos de constituição de fundos fotográficos digitais disponibilizados (exclusivamente ou não) online, que promovem a difusão de seus acervos e facilitam o trabalho dos pesquisadores [4].
Ainda à semelhança do caso brasileiro, para termos uma visão mais ampla da representatividade dos acervos fotográficos em instituições de memória em Portugal, deveríamos considerar a sua presença em nível distrital, municipal, das bibliotecas e de centros de documentação diversos; e, sobretudo, considerar a sua presença nas coleções dos museus de arte, onde se privilegia uma prática fotográfica autoral. Consideramos que o balanço da situação dos acervos fotográficos no caso português é ainda mais incerto do que no caso do Brasil, tendo sido pouco pesquisado de forma sistemática. Mas, em suma, na última década, assistimos em Portugal a um processo de consideração da fotografia, quer enquanto imagem / janela quer enquanto objeto / material, e mais particularmente como fonte de interesse da disciplina da História (e das ciências sociais em geral). Assistimos ainda ao aumento dos estudos e cuidados (de restauro, conservação, inventariação, digitalização…) com as coleções fotográficas, ou ao seu devir institucional: a sua integração em arquivos e acervos, bem como a uma crescente visibilidade da fotografia em museus e exposições de natureza diversa.
O presente dossiê reúne duas entrevistas e oito artigos. No que tange às entrevistas, temos duas conversas bem interessantes com representantes de instituições de alta relevância para a memória cultural e histórica de seus respectivos países. Pela Biblioteca Nacional do Brasil, temos Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, servidor da instituição há trinta e nove anos, que fez um amplo balanço do trabalho com os acervos fotográficos que esta vem realizando há algumas décadas, o que a tornou referência na área. Pelo Arquivo de Documentação Fotográfica, temos Alexandra Encarnação, que faz um balanço dessa mesma instituição de grande relevância no que diz respeito ao panorama dos arquivos fotográficos em Portugal, assim como do trabalho desenvolvido pela mesma na guarda de outros acervos. Na entrevista, destaca-se ainda alguns exemplos de coleções e imagens no arquivo, fundamentais quer para a história da fotografia em Portugal quer na Europa.
No que diz respeito aos artigos, talvez devido ao fato de ser esta publicação uma iniciativa “brasileira”, houve uma resposta mais expressiva em relação às pesquisas que incidem em coleções fotográficas no Brasil. Na apresentação dos artigos, optamos por trazê-los em conjuntos. Temos dois artigos nos quais os autores, cada qual partindo de uma fotografia específica, problematizam a participação das referidas imagens nas práticas sociais. O artigo de Marcus Vinicius de Oliveira discute as formas de apropriação da fotografia de uma criança guineense de nome Augusto na época de sua produção, no contexto da Exposição Colonial de 1934, na cidade do Porto. Estuda-se a trajetória da imagem com o objetivo de problematizar o colonialismo contemporâneo, por meio das reflexões em torno dos usos e funções desempenhados pela imagem. Já o artigo de Aline Montenegro Magalhães e Maria do Carmo Teixeira Rainho problematiza a trajetória histórica da fotografia de uma mulher de turbante, realizada provavelmente no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, pelo fotógrafo alemão Albert Henschel. Em ambos, podemos acompanhar a potência dos estudos de biografia das imagens e o quanto uma única fotografia pode constituir-se como instância de sentido, a partir da qual várias problemáticas podem ser levantas, na medida em que ela é tomada enquanto fonte histórica polissêmica. Os autores nos mostram que as imagens devem ser interpeladas em relação às suas características formais, à sua autoria, ao contexto de produção, bem como analisadas em virtude da produção, circulação, consumo e apropriações diversas ao longo da história.
Um segundo conjunto de artigos nos leva para dentro de instituições de memória que lidam com acervos fotográficos, sendo que um deles tematiza a experiência de um museu e o outro aborda uma escola. O artigo de Guilherme Marcondes Tosetto apresenta um histórico da atuação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) na incorporação da fotografia em seu acervo. A partir do levantamento das exposições realizadas pelo museu e da atuação do Clube de Colecionadores de Fotografia, o autor constrói uma descrição detalhada do conjunto fotográfico sob guarda da instituição, indicando os questionamentos artísticos que orientaram o trabalho de curadoria na constituição da coleção. Já o artigo de Hugo Rodrigues Cunha traz o relato do encontro fortuito e inesperado com um material fotográfico guardado em uma área da escola onde é docente da disciplina de Química: o Liceu Camões, em Lisboa. A partir de um pequeno conjunto formado por objetos, negativos e fotografias, ele realiza algumas reflexões sobre a relação entre memória e história e os silêncios e invisibilidades, intencionais ou involuntários, que marcam as ações humanas na escola e em outros espaços.
Outro conjunto formado por três artigos se dedica ao estudo, cada um a seu modo, dos acervos dos fotógrafos Mario Baldi, Pierre Verger e Paulino de Araújo Ferreira Lopes. Mario Baldi, fotógrafo austríaco, realizou um amplo trabalho de fotografia, escrita de artigos e reunião de objetos da cultura indígena no Brasil, entre as décadas de 1930 e 1950. Marcos de Brum Lopes analisa a coleção do fotógrafo, que é compartilhada por duas instituições de memória: o Serviço de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Teresópolis (SPHAC), no Brasil; e o Weltmuseum Wien (WMW), na Áustria. O texto de Marcos Lopes discute como o “Projeto Baldi” vem sendo desenvolvido pelas duas instituições e reflete sobre os motivos e intenções do colecionismo. O artigo de Marilécia Oliveira Santos e Thiago Machado de Lima clarifica o trabalho minucioso sobre a constituição da Fundação Pierre Verger, enfatizando o papel da instituição na guarda do legado fotográfico do fotógrafo e antropólogo francês, que viajou por muitos lugares do mundo e se radicou na Bahia em 1946. Os autores detalham o trabalho desenvolvido pela Fundação com o propósito de constituir uma organização interna que garanta a conservação do acervo fotográfico e permita a memorialização e valorização do legado fotográfico de Verger. Por fim, o artigo de Marcos Ferreira de Andrade traz um relato do trabalho de organização do Centro de Memória Cultural do Sul de Minas (CEME), desenvolvido entre 1996 e 2000, na cidade de Campanha (MG), quando era professor na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Nossa Senhora de Sion, hoje pertencente à Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Em seu trabalho, ele discute a importância dos centros de memória dirigidos por instituições de ensino em localidades com carência de arquivos públicos. Ele apresenta o escopo de todo o projeto, mas enfatiza o trabalho realizado junto ao acervo fotográfico de Paulino de Araújo Ferreira Lopes, fotógrafo que atuou na região entre o final do século XIX e meados do século XX.
Finalizando o dossiê, o artigo de Laila Zilber Kontic não se concentra numa instituição de memória específica, mas problematiza as representações sobre os indígenas brasileiros na fotografia, a partir da visita a acervos fotográficos do Museu do Índio, da Biblioteca Nacional Digital, do Instituto Moreira Salles, do Museu do Quai Branly, e da Galeria Vermelho. Em um primeiro tempo, a autora analisa fotografias do século XIX de fotógrafos como E. Thiesson, Albert Frisch e Marc Ferrez; em um segundo tempo, ela discute o trabalho de documentação realizado pela Comissão Rondon, e por reportagens da revista O Cruzeiro; em um terceiro tempo, a autora discute o trabalho da fotógrafa suíça Claudia Andujar, que mora no Brasil desde 1955 e construiu uma convivência próxima com os Yanomami, desde a década de 1970. O objetivo principal de Laila Zilber Kontic repousa em mostrar como o trabalho artístico de Andujar elabora novas formas de utilizar a fotografia para abordar os costumes e valores do povo Yanomami, diferentemente do que fizeram outros fotógrafos com suas representações de indígenas.
Esperamos que este dossiê contribua para o aprofundamento da análise da fotografia em instituições específicas e que, deste modo, se alcance uma visibilidade quer sinóptica quer precisa da existência e da representatividade da fotografia nos arquivos e demais instituições de memória, em Portugal e no Brasil. Esperamos ainda que o dossiê constitua uma pequena contribuição para a valorização (institucional ou não) de fundos fotográficos até então invisibilizados. Finalmente, esperamos lançar o mote para pesquisas futuras e outras ações, como exposições ou mostras online, que estabeleçam análises, relações e sinergias entre coleções, fundos e acervos fotográficos nos dois países: Portugal e Brasil.
Desejamos uma ótima leitura!
Notas
1. Segundo Aline Lacerda (2013, p. 240) acervos fotográficos são “grupos de documentos tão distintos quanto arquivos estritamente fotográficos, arquivos mais tradicionais que abarcam, além de documentos de gênero textual, também o material fotográfico, parcelas de arquivos que foram desmembrados e dos quais restam apenas seu componente fotográfico, coleções mais orgânicas de fotografias (pois que produzidas com alguma sistemática), coleções menos orgânicas de fotografias (pois que mais fragmentadas), pequenos conjuntos de fotografias avulsas reunidas sob critérios vários etc.”
2. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz, Dir. Pat. Hist. Documentação da Marinha, Fundação Bibliioteca Nacional, Fundação Joaquim Nabuco, Instituto Moreira Salles, Leibniz-Institut fuer Laenderkunde, Museu Aerospacial, Museu da República e Museu Histórico Nacional.
3. Arquivo Histórico da Marinha, Arquivo Histórico Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Arquivo Histórico do Patriarcado de Lisboa, Arquivo Histórico do Ex-Banco Nacional Ultramarino, Arquivo Histórico Militar, Arquivo Histórico Ultramarino, Arquivo Municipal de Lisboa – Fotográfico, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Biblioteca Nacional da Ajuda, Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, Centro Português de Fotografia, Fundação Mário Soares, Divisão de Documentação Fotográfica / Direcção-Geral do Património Cultural, Palácio Nacional da Ajuda, Sociedade de Geografia de Lisboa.
4. Como exemplo podemos citar a base iconográfica do teatro em Portugal, OPSIS; o site em desenvolvimento dedicado a fotografia vernacular portuguesa Foto-Sintese; coleções digitais fotográficas da Fundação Calouste Gulbenkian; registos fotográficos do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa disponibilizados online; imagens fotográficas da secção Cinemateca Digital da Cinemateca portuguesa; a coleção online do Centro Português de Fotografia; o repositório digital do Arquivo Científico Tropical.
Referências
DIAS, Inês Sapeta; FAZENDA, Maria do Mar Fazenda; NASCIMENTO, Susana. O que é o arquivo? / What is the Archive? Lisboa: Sistema Solar / Documenta, 2018.
LACERDA, Aline Lopes de. Quatro variações em torno do tema acervos fotográficos. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, n.7, p. 239-248, 2013, Disponível em: http: / / wpro.rio.rj.gov.br / revistaagcrj / wpcontent / uploads / 2016 / 11 / e07_a11.pdf. Acesso em: 28 jun. 2020.
MAUAD, Ana Maria. Sobre as imagens na História, um balanço de conceitos e perspectivas. Revista Maracanan, Rio de Janeiro, v. 12, n. 14, p. 33-48, jan. / jun. 2016. Disponível em: http: / / www.e-publicacoes.uerj.br / index.php / maracanan / issue / view / 1194 / showToc. Acesso em 28 out. 2017.
NORA, Pierre. Entre Memória e História – A problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n. 10, p. 7–28, dez. 1993. Disponível em: http: / / revistas.pucsp.br / index.php / revph / article / view / 12101 / . Acesso em: 10 jul. 2010.
SILVA, Rubens. Acervos fotográficos públicos: uma introdução sobre digitalização no contexto político da disseminação de conteúdos. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 3, p. 194-200, set. / dez. 2006. Disponível em: https: / / www.scielo.br / scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 19652006000300018&lng=pt&nrm=isso Acesso em: 29 jun. 2020.
VASQUEZ, Pedro. As ações do INFoto. Brasil Memória das artes. s / d. Disponível em: http: / / portais.funarte.gov.br / brasilmemoriadasartes / acervo / infoto / as-acoes-do-infoto / . Acesso em: 10 jul. 2020.
VICENTE, Filipa (Coord.). O império da visão: a fotografia no contexto colonial português (1860–1960). Lisboa: Edições 70, 2014.
ZAHER, Celia Ribeiro. Comentário IV. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v.12, p. 35-37, jan. / dez. 2004, Disponível em: https: / / www.scielo.br / scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0101 – 471420040001&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 08 jul. 2020.
Rogério Pereira de Arruda – Doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); professor Adjunto III na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus JK-Diamantina. E-mail: rogerio.arruda@ufvjm.edu.br
Ana Gandum – Doutora em Estudos Artísticos – Artes e Mediações pela Universidade Nova de Lisboa (UNL); pesquisadora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Portugal. E-mail: anagandum@gmail.com
ARRUDA, Rogério Pereira de; GANDUM, Ana. Editorial. Revista de História da UEG, Morrinhos – GO, v.9, n.2, jul / dez, 2020. Acessar publicação original [DR]
Revista de Ensino de Geografia. Uberlândia, v. 11, n. 20, jan./jun. 2020.
APRESENTAÇÃO
ARTIGOS
- APONTAMENTOS SOBRE CURIOSIDADE EPISTÊMICA E IMAGINAÇÃO NA EDUCAÇÃO DO GEÓGRAFO
- Bruno José Rodrigues Frank |
- A DIDÁTICA, A CONSTRUÇÃO CURRICULAR E SUA IMPORTÂNCIA NO ENSINO DE GEOGRAFIA
- Gilvan Charles Cerqueira de Araújo
- CONCEPÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM GEOGRÁFICA EM QUE EDUCANDOS E EDUCADORES SEJAM SUJEITOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
- Cleber Abreu da Silva | Leda Valéria Santos
- GEOCIÊNCIAS E GEOMORFOLOGIA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA E GEOGRÁFICA
- William Zanete Bertolini1 | Letícia Ribeiro Lyra
- SUJEITOS E SABERES NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA NO PIBID
- Clarice Cassab | Andréa Moreira | Gilmar Vianella
- PENSANDO A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: CONTEXTOS E VIVÊNCIAS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA | Ana Paula Kiefer | Natália Lampert Batista | Tascieli Feltrin
- O ENSINO DE GEOGRAFIA E OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE EM SALA DE AULA | Maria Silmara Cruz Sousa
- PERCEPÇÕES SOBRE O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DA CARTOGRAFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
- Antônio Carlos Freire Sampaio | Keityane da Costa Pimenta | Elivonete Pereira de Sousa Nunes
- O USO DO KAHOOT! NO ENSINO DE GEOGRAFIA: PESQUISAAÇÃO CRÍTICO-COLABORATIVA EM UMA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL EM CAMPINAS – SP
- Matheus Anézio Pereira Gusmão
- O TRABALHO DE CAMPO COMO METODOLOGIA FACILITADORA DA APRENDIZAGEM NA OPINIÃO DE PROFESSORA E ALUNOS DE UMA ESCOLA PRIVADA EM MANAUS-AM
- Francisco Augusto Tavares Pinto | Rosimeire de Souza Barbosa | Wilcilene da Silva Corrêa
- A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO DO COTIDIANO ESCOLAR: UMA ANÁLISE A PARTIR DA VIVÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA
- Anderson Felipe Leite dos Santos | Nathália Rocha Morais
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS
- O LÚDICO NO ENSINO DA GEOGRAFIA DO AMAZONAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Maria Genis Sousa Egas Soares | Marcela Vieira Pereira Mafra
- O USO DE TIRINHA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE QUESTÕES AMBIENTAIS COM ALUNOS DE 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
- Rafael Alves de Freitas | José Silvan Borborema Araújo
- A CAATINGA COMO OBJETO DE ENSINO EM GEOGRAFIA: UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA EM ANANINDEUA-PA
- Marcos Vinícius Sousa Leal | Marina Lorena Fernandes Amador
Memoria Americana – Cuadernos de Etnohistoria. Buenos Aires, v.28, n.2, 2020.
Dossier “La administración de justicia en el Río de la Plata: agentes, competencias y prácticas (siglos XVII-XIX)”, organizado por Elisa Caselli y Dolores Estruch: 1 presentación y 5 artículos. Convocatoria abierta: 4 artículos y 2 reseñas.
Presentación
- Preliminares: autoridades, créditos y sumario
- Comité Editorial Memoria Americana
Dossier
- Introducción al Dossier: La administración de justicia en el Río de la Plata: agentes, competencias y prácticas (siglos XVII-XIX)
- Elisa Caselli, Dolores Estruch
- HTML
Artículos Dossier
- “No consienta que el encomendero nos obligue a servicios personales ni nos maltrate”. Violencia y castigos infrajudiciales en un Pueblo de indios riojano, fines del siglo XVII
- Marisol García
- HTML
- Las competencias jurisdiccionales en el gobierno y la administración aduanera en el Río de la Plata: La comisión secreta de Francisco Ximénez de Mesa en la Real Aduana de Montevideo en 1786
- María Evangelina Vaccani
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- Los alcaldes de barrio de Jujuy. Entre la colonia y la revolución
- Dionila Baldiviezo
- HTML
- La organización de los juzgados urbanos: los jueces de paz en su quehacer cotidiano, entre recursos materiales y tramas administrativas (Rosario, 1854-1872)
- Evangelina de los Rios
- HTML
- Justicia criminal: actores, proceso y derecho en la provincia de Buenos Aires (1875-1881)
- María Angélica Corva
- HTML
Convocatoria abierta
- Notas para una discusión sobre el estudio de registros cartográficos coloniales
- María Laura Pensa
- HTML
- Condena moral, temor político y provecho mercantil: actitudes y políticas españolas ante las “borracheras” indígenas (frontera de la Concepción de Chile, siglo XVIII)
- Sebastián L. Alioto
- HTML
- Despojo territorial y campañas de exterminio indígena en el noreste santafecino (1866-1890)
- Aldo Gastón Green
- HTML
- Des-indianización y etnicidad evangélica en el piedemonte y el altiplano andinos de Jujuy. Una etnografía histórica
- Mariana Espinosa
- HTML
Reseñas
- Reseña de: Devastación. Violencia civilizada contra los indios de las llanuras del Plata y Sur de Chile (Siglos XVI a XIX), de Sebastián L. Alioto, Juan F. Jiménez y Daniel Villar (comps.) (2018).
- Sasha Quindimil
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- Reseña de: Historia y justicia. Cultura, política y sociedad en el Río de la Plata (Siglos XVI-XIX), de Darío Barriera (2019)
- Romina Zamora
- HTML
Publicado: 2020-11-02
Outras Fronteiras. Cuiabá, v.8, n.2, 2020.
Gênero, Interseccionalidade e Subjetividade
Dossiê Temático
- Outras Fronteiras de Gênero, Interseccionalidade e Subjetividade
- Ariadne Marinho
- Djamila Ribeiro como intérprete do Brasil ou sobre as interpretações nacionais desde um ponto de vista feminista negro
- Alessandro Cerqueira Bastos
- Marielle Franco nós sentimos o seu reflexo: Ánalise das produções acadêmicas sobre raça e gênero na Psicologia, 2016 -2018)
- Samanta Costa Calcagno, Tainá Valente Amaro, Marcel Jardim Amaral
- Memórias e impressões de trabalhadoras domésticas de Três Lagoas-MS e as relações entre o trabalho, gênero e raça
- Anderson Vicente dos Santos
- As mulheres sob as lentes do livro didático: perspectivas decoloniais e discussões feministas
- Caíque Gonçalves Araújo, Ana Carolina da Silva Borges
- As “Novas Evas”: o discurso presente no Diário de Pernambuco sobre a corporalidade trans (1970-1985)
- Anne Raquel da Silva Nascimento
- “Ideologia de Gênero”, História das Mulheres e currículo: embates políticos e ideológicos na educação brasileira/“Gender Ideology”, Women’s History and curriculum: political and ideological clashing in brazilian education
- Mariane Pizarro de Souza, Lourdes Conde Feitosa
- “Ser mãe na ditadura” – afeto e política caminham de mãos dadas
- Caroline Rios Costa
- Documentos e fontes: mulher rendeira e a renda irlandesa de Divina Pastora (SE)
- Heyse Souza de Oliveira
- A literatura de autoria feminina nipo-brasileira (1980-1988)
- Luana Martina Magalhães Ueno
Artigos
- Os arranjo políticos na construção da Fronteira Oeste, 1850-1893
- JOAO BATISTA LOBO DOS SANTOS
- Nem conciliador, nem progressista: a transformação da linguagem do Partido Liberal na imprensa do Rio de Janeiro (1860-1870)
- Karulliny Silverol Siqueira, Driely Neves Coutinho
Entrevistas
- A luta pela Liberdade na profissão das historiadoras e no ensino de História: entrevista com a Professora Ana Maria Marques
- Valeska Bassi de Souza, Andreia Marcia Zattoni
- Não nasceu mulher, tornou-se mulher: entrevista com Jaqueline Ângelo dos Santos Denardin
- Ariadne Marinho, Dejenana Keila Oliveira Campos
- Atraque: subvertendo o (cis)tema. Vamos falar sobre travestilidade? Entrevista com Angie Hope, Luísa Lamar, Lupita Amorim, Raphaely Luz e Sophie
- Ariadne Marinho, Antonio Leôncio de Barros Lima, Thiago Costa
Trabalhos de Iniciação Científica (PIBIC e VIC) e Docência (PIBID)
- Mulheres e Inquisição na América Portuguesa no século XVII
- Julia Piovesan Pereira, Sezinando Luiz Menezes
Recorde. Rio de Janeiro, v.13, n.2, 2020.
Artigos
- MÉTODOS QUANTITATIVOS E CIÊNCIA DE DADOS NOS ESTUDOS DO ESPORTE: PROLEGÔMENOS A UMA RELAÇÃO EMERGENTE
- Jimmy Medeiros, Bernardo Buarque de Hollanda
- O AMÉRICA FUTEBOL CLUBE (MG) E O PROFISSIONALISMO: O MITO DA RESISTÊNCIA VERMELHA (1933-1943)
- Sarah Teixeira Soutto Mayor, Sílvio Ricardo da Silva
- DA PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NAS DANÇAS EM BARBACENA – MG (Cidade de Barbacena, 1915-1930)
- Igor Maciel da Silva
- OS PRIMEIROS ANOS DO FUTEBOL BELO HORIZONTINO: DA CONSTRUÇÃO DA CIDADE À MEADOS DO SÉCULO XX
- Wanessa Pires Lott
- REGIMES DE CONTROLE NO ESPORTE: DAS MULHERES AOS CORPOS TRANS/INTERSEXO
- Guilherme Borges Batista, Wagner Xavier de Camargo
- FUTEBOL, USINA E IDENTIDADE: PARAÍSO FUTEBOL CLUBE, USINA PARAÍSO E O DISTRITO DE TÓCOS
- Lucas Batista Barcelos, Gustavo Siqueira da Silva
- FRANCISCO CARREGAL: A TRAJETÓRIA DE UM PIONEIRO NEGRO EM UM CLUBE DE FOOTBALL NO RIO DE JANEIRO
- Lucas Salgueiro Lopes
Resenhas
- FILM REVIEW ICARUS: DOPING BETWEEN AN INDIVIDUAL CHOICE AND A GEOPOLITICAL ISSUE
- Charlotte Markham, Henrique Estides Delgado, Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro
- O ESPORTE COMO MEDIADOR DAS REIVINDICAÇÕES POLÍTICAS PALESTINAS: APONTAMENTOS ACERCA DO DOCUMENTÁRIO “SOBRE FUTEBOL E BARREIRAS”
- Hanin Majdi Waleed Mustafa Kassem Dawud, Evelise Amgarten Quitzau, Marcelo Moraes e Silva
Diritto pubblico e diritto privato: una genealogia storica | Bernardo Sordi
Bernardo Sordi, professor de história do direito medieval e moderno na Universidade de Firenze (Itália), grande especialista na área da história da administração e do direito administrativo, integrante da renomada Escola Florentina de História do Direito e membro do conselho editorial da importante revista jurídica “Quaderni fiorentini per la storia del pensiero giuridico moderno”, na obra “Diritto pubblico e diritto privato: una genealogia storica”, publicado pela editora Il Mulino, realiza uma reflexão muito interessante e erudita do longo e complexo itinerário europeu da dicotomia público e privado.
Como não poderia deixar de ser, o autor procura incansavelmente historicizar e problematizar a distinção, demonstrando que, para além das palavras (ius publicum e ius privatum), os significados e os imaginários envolvendo a dicotomia são profundamente dependentes dos seus contextos culturais, são sempre contingentes (Hespanha, 2012, p. 13)2 Bernardo Sordi evidencia e explica a profunda relatividade histórica dos termos. Diferentes temporalidades e localidades, riqueza e diversidade deste jogo de palavras. Leia Mais
Revista Brasileira de Política Internacional. Brasília, v.63, n.2, 2020.
· The Chinese South-South development cooperation: an assessment of its structural transformation Article
- Vadell, Javier; Brutto, Giuseppe Lo; Leite, Alexandre Cesar Cunha
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · From poverty reduction to global challenges, a new horizon for international development cooperation? Article
- Orliange, Philippe Andre
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · From the paradigmatic to the practical battlefield: Southern development cooperation practices in a traditional aid hosting context Article
- Moreira, Alvaro
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Enlarging the donor base: an analysis of the World Food Programme’s reform process and the Brazilian bridge diplomacy Article
- Lima, Thiago; Santana, Jenifer Queila
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · International Organizations diffusion in South-South Cooperation dynamics. Notes on the Uruguayan case in the 21st Century Article
- Morasso, Carla; Lamas, Lorena
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Patterns of Official Development Assistance in Tajikistan: effects on growth and poverty reduction Article
- Abduvaliev, Mubinzhon; Bustillo, Ricardo
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Sharing responsibility: jeopardised multilateralism and the growing centrality of Triangular Cooperation Article
- Zoccal, Geovana
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Development finance with Chinese characteristics: financing the Belt and Road Initiative Article
- Liu, Hongsong; Xu, Yue; Fan, Xinzhu
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Negotiating accountability in South-South Cooperation: the case of Brazil Article
- Waisbich, Laura Trajber
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · The OECD enlargement in Latin America and the Brazilian candidacy Article
- Mello, Flavia de Campos
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Development policy from a systemic perspective: changes, trends and its future role within a broader framework for transnational co-operation Article
- Klingebiel, Stephan; Gonsior, Victoria
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · Regulated Improvisations: bringing the private sector back into the International Development Cooperation field Article
- Esteves, Paulo; Soares, Frederico Lamego de Teixeira
- Resumo: EN
- Texto: EN
- PDF: EN
- · International Development Cooperation and Multipolarity: Scrambling North and South? Editorial
- Esteves, Paulo; Zoccal, Geovana
- Texto: EN
- PDF: EN
Signum – Revista da ABREM. Londrina, v.21, n.2, 2020.
Dossiê: Visões dantescas: a Comédia entre Idade Média e Contemporaneidade
- APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ: O PASSADO E O PRESENTE DA COMÉDIA DE DANTE
- Yuri Brunello, Barbara Costa Ribeiro
- MITOLOGIA DANTESCA: A PRESENÇA ALEGÓRICA DE GÉRIÃO NA COMMEDIA, DE DANTE ALIGHIERI
- Daniel Lula Costa
- DISCURSOS SOBRE A DIVINA COMÉDIA OU TEMPORALIZAÇÕES DE DANTE ALIGHIERI? A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE IDADE MÉDIA E UMA ANÁLISE DECOLONIAL POR MEIO DA TEORIA DO MEDIEVALISMO
- Maria Eugenia Bertarelli, Clínio de Oliveira Amaral
- A IDEOLOGIA FRANCISCANA NA DIVINA COMÉDIA DE DANTE E NOS AUTOS DAS BARCAS DE GIL VICENTE
- Fabio Sanches Paixão
- AS VISÕES DANTESCAS NO CANCIONEIRO GERAL DE GARCIA DE RESENDE
- Geraldo Augusto Fernandes
- SOBRE APORTES, ECOS E CIRCULAÇÕES DO COMENTO SOPRA LA COMEDIA NA AMÉRICA LATINA: DANTE ALIGHIERI, CRISTOFORO LANDINO E SEUS LEITORES DURANTE O PERÍODO COLONIAL
- Matheus Silva Vieira
- “DANTE NEGRO”: A DIVINA COMÉDIA, SEGUNDO CRUZ E SOUSA
- Júlio Cezar Bastoni da Silva
- LA OSCURA SELVA DEL SUPERVENTAS: DANTE Y LA DIVINA COMEDIA EN LA NARRATIVA DEL SIGLO XXI
- Antonio Huertas Morales
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
Entrevista
- INTERVISTA SU DANTE A DAVID LUMMUS (UNIVERSITY OF NOTRE DAME)
- Jadirlete Lopes Cabral, Daniel Fonnesu
- INTERVISTA SU DANTE A MARCO BERISSO (UNIVERSITÀ DEGLI STUDI DI GENOVA)
- Gesualdo Maffia
Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v.28, n.2, 2020
- · Pandemia na necroeconomia neoliberal Editorial
- Wolff, Cristina Scheibe; Minella, Luzinete Simões; Lago, Mara Coelho de Souza; Ramos, Tânia Regina Oliveira
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Na luta para mudar o mundo: mulheres, reprodução e resistência na América Latina Artigos
- Federici, Silvia; Valio, Luciana Benetti Marques
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Covid-19, instituições financeiras internacionais e continuidade das políticas androcêntricas na América Latina Artigos
- Bohoslavsky, Juan Pablo; Rulli, Mariana
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Debaixo do Tapete: A Violência Política de Gênero e o Silêncio do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados Artigos
- Pinho, Tássia Rabelo de
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Chega de Silêncio Artigos
- Arguello, Katie Silene Cáceres; Horst, Juliana de Oliveira
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · A violência doméstica e racismo contra mulheres negras Artigos
- Carrijo, Christiane; Martins, Paloma Afonso
- Resumo: EN PT
- Texto: EN PT
- PDF: EN PT
- · A Injustiça Epistêmica na violência obstétrica Artigos
- Gabriel, Alice de Barros; Santos, Breno Ricardo Guimarães
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Diálogos de gênero na educação: considerações sobre o projeto Lei Maria da Penha vai às escolas Artigos
- Albuquerque, Kristine Kelly de
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Corpos de mulheres (des)Colonizados de acordo com Assia Djebar Artigos
- Serrano-Niza, Dolores
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Carolina Maria de Jesus e o pensamento liminar na literatura brasileira Artigos
- Rosa, Carolina Schenatto da; Silva, Gilberto Ferreira da
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Nísia Floresta e ainda a controvérsia da tradução de Direitos das mulheres e injustiça dos homens Artigos
- Barbosa, Lia Pinheiro; Maia, Vinícius Madureira
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · A insígnia do pecado: The Magdalene Sisters Artigos
- Silva, Cristina Ennes da; Silva, Tiago
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Jornalismo e gênero: a emergência de uma disciplina e um relato de docência compartilhada Artigos
- Bertasso, Daiane; Nascimento, Fernanda; Gustafson, Jessica
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Programação esportiva, que lugar as mulheres ocupam? Artigos
- Abajo, Judit Martínez; Leonet, Gema Lasarte; Gomez, Rakel Gamito; Morales, María Teresa Vizcarra
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Discursividades sobre identidade, sexualidade e feminismo em redes sociais Artigos
- Remenche, Maria de Lourdes Rossi; Machado, Paulo Henrique; Rohling, Nívea
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · “Imagina ela nua!”: Experiências de mulheres que se autodeclaram gordas Artigos
- Menezes, Camila Ferraz Jucá; Ferreira, Rebeca Luisa Passos; Mélo, Roberta de Sousa
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Aborto, militância e subjetividade Artigos
- Evangelista, Marcela Boni
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Viuvez nas mulheres. Diferentes abordagens nas ciências sociais Artigos
- González, Eugenia Galicia; Pinto, Neide Maria de Almeida; Fiúza, Ana Louise de Carvalho
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Direitos humanos e vulnerabilidades atravessadas Artigos
- Ghisleni, Pâmela Copetti; Lucas, Doglas Cesar
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Traduzir o queer: uma opção viável? Artigos
- Alós, Anselmo Peres
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Morar na rua: experiências corporais para pensar sobre os gêneros em Bogotá (Colômbia) Artigos
- Lizarralde, Carolina Rodríguez
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Mulheres adolescentes morando com seus parceiros. Negociação da sexualidade e autonomia na tomada de decisões desde uma perspectiva de gênero Artigos
- Aristegui, Daniela González
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Notas sobre o amor e a melancolia: da estrutura à resistência Ponto De Vista
- Stephan, Cassiana Lopes
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · La primera mujer directora de la Orquesta Filarmónica de Montevideo: entrevista con Ligia Amadio Ponto De Vista
- Fernández, Marcela Pini; Arisi, Barbara Maisonnave; Caramori, Alessandra Paola
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Releituras feministas da “virada afetiva” Sección Temática Feminismos, Afecto Y Política
- Solana, Mariela; Vacarezza, Nayla Luz
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Sentimentos feministas Sección Temática Feminismos, Afecto Y Política
- Solana, Mariela; Vacarezza, Nayla Luz
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Agora que estamos juntas: memórias, políticas e emoções feministas Sección Temática Feminismos, Afecto Y Política
- Bacci, Claudia Andrea
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Afetos no engajamento político das Marchas das Vadias no Brasil (2011-2017) Seção Temática Feminismos, Afeto E Política
- Guzzo, Morgani; Wolff, Cristina Scheibe
- Resumo: EN PT
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Simulação como atuação afetiva nas origens do feminismo Sección Temática Feminismos, Afecto Y Política
- Macón, Cecilia
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Escrever a violência contra as mulheres. O feminismo, afetos e hospitalidade Sección Temática Feminismos, Afecto Y Política
- Peller, Mariela; Oberti, Alejandra
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Animalidade, comunidade e imaginários trans na obra visual de Nicola Costantino Sección Temática Feminismos, Afecto Y Política
- Francica, Cynthia
- Resumo: EN ES PT
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Argentina, Brasil, Chile entre feminismos e os direitos das mulheres Resenhas
- Aleixo, Mariah Torres
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Uma chuva constante Resenha
- Monaco, Helena Motta
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Armadilhas da culpabilização materna Resenhas
- Ávila, Alana Aragão
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Prácticas generizadas del tango milonguero Resenha
- Castelao-Huerta, Isaura
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Representações de gênero em Vira-Vira, Violeta Resenhas
- Diniz, Rozeane Porto; Karlo-Gomes, Geam
- Texto: PT
- PDF: PT
- · A família no centro das disputas políticas nos Estados Unidos Resenhas
- Santos, Rayani Mariano dos
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Você pode ser gorda: questões para os feminismos Resenha
- Almeida, Lysia da Silva
- Texto: PT
- PDF: PT
- · Explorando la sala oscura: el cine porno como espacio (literario) subversivo Resenhas
- Peralta, Jorge Luis
- Texto: ES
- PDF: ES
- · Errata: A Violência Doméstica e Racismo Contra Mulheres Negras Errata
- Texto: EN PT
- PDF: EN PT
Contraponto. Teresina, v.9, n. 2, 2020.
História e Literatura
Apresentação
- Apresentação – História e Literatura
- Teresinha Queiroz, Maged Elgebaly, Ronyere Ferreira
Dossiê
- Os arquivos literários e a invenção da literatura
- Roger Chartier
- Entre o real e o ficcional: escritas biográficas e escritas históricas
- Talita Jordina Rodrigues
- A institucionalização do culto à Maria na literatura episcopal na prévia do Concílio de Éfeso (século V)
- Ludimila Caliman Campos
- Fausto histórico e literário: um mito do individualismo no contexto de transição da Idade Média para a Era Moderna
- Silmara Rodrigues
- Paris e a Terceira República: as tendências literárias e culturais na configuração de uma nova conjuntura histórica
- Paulo Rodrigo Andrade Haiduke
- A multiplicidade de sentimentos na poesia de Luíza Amélia de Queiroz
- Jaiane da Silva Santos, Geisiane Dias Queiroz
- História, literatura e ótica social: a ordem, a desordem e a cor nas Memórias de um Sargento de Milícias
- Nilvânia de Souza Santana
- O embaralhar das cartas: a cartomante de Machado de Assis e de Júlia Lopes de Almeida
- Fábio da Silva Júnior
- O realismo do fantástico em Machado de Assis
- Alysson Quirino Siffert
- O negro (na nação) de O Mulato de Aluísio Azevedo
- Marlzonni Marrelli Matos Mauricio
- O negro em Uma parisiense no Brasil: uma imagem em (des)construção no século XIX
- Iranildo Mota da Silva
- Ordem, higiene e progresso: as reformas urbanas na cidade do Rio de Janeiro através do romance O Cortiço, de Aluísio de Azevedo
- Yuri Leonardo Rosa Stelmach
- República de bacharéis no Império? Uma leitura de Esaú e Jacó à luz da História e do Direito
- Maria do Socorro Fonseca de Oliveira
- “Um folhetim é uma coisa ligeira, vaporosa, saltitante”: as representações dos folhetins nos periódicos teresinenses (1871-1903)
- Wellington dos Santos Pereira, Pedro Pio Fontineles Filho
- Antônio de Alcântara Machado e os registros de uma cidade à procura de um autor: São Paulo, História e Literatura
- Leonardo da Silva Claudiano
- A Amazônia de Waldemar Henrique e de Mário de Andrade no modernismo brasileiro (1927-1945)
- Robert Madeiro Dias
- Belém, quando as letras encontram as telas: a representação da cidade analisada por Raimundo Morais nos quadros de Georges Wambach
- Tunai Rehm
- História e Literatura: considerações de ordem teórico-metodológicas acerca das obras de Carolina Maria de Jesus
- Sara Munique Noal
- Memórias de uma Infância infeliz: Violência, opressão e… “Um cinturão”
- Helton Marques
- Sentidos de infância no romance memorialístico Menino de engenho e no Brasil da Primeira República: literatura como fonte à história da infância
- Thatianny Jasmine Castro Martins de Carvalho, Vanessa Pinto Rodrigues Farias
- Jorge Amado e a Editorial Claridad: La Vida de Luiz Carlos Prestes como “autoria coletiva”
- Bruno Rafael de Albuquerque Gaudêncio
- A “Biblioteca do Delito” como alegoria da trajetória intelectual de Jorge Luis Borges
- Danilo Souza Ferreira
- Entre história e ficção: Palha de arroz e a cidade incendiada
- Alody Costa Cassemiro, Raimunda Celestina Mendes da Silva
- Os romances históricos de Assis Brasil
- Vanessa Maira de Aquino Santos
- Homens urbanos, homens rurais: a masculinidade nos romances de Assis Brasil
- Priscila de Moura Souza
- A prostituta e a prostituição retratadas em Beira rio beira vida, de Assis Brasil
- Irisneide Máximo
- Escrita de uma paraibanidade cultural em Lendas e superstições de Ademar Vidal
- Maria Joedna Rodrigues Marques
- “O Brasil não é o meu país, é o meu abismo”: percursos literários de Jomard Muniz de Britto pelas contradições do Brasil contemporâneo (1982-2002)
- Fábio Leonardo Castelo Branco Brito
- O “Fazedor de Sobral”: reflexões sobre o espaço literário em Lustosa da Costa (1942-2012)
- Cid Morais Silveira
- Lendo Xue Xinran: protagonismo, estruturas sociais e contradições nas contribuições de uma autora chinesa para as humanidades
- Daniel da Silva Klein
- Nas margens da história: relaçoes de gênero e violência no romance de Ilko Minev
- Neila Braga Monteiro
- História e literatura / realidade e ficção, presente e passado, espaço e tempo: os pares conceituais em três histórias de Ana Miranda
- Mônica Naiara Pereira da Silva Santos
- Matrinchã do Teles Pires: um passeio entre a história e a ficção na literatura de Luiz Renato
- Rosane Gallert Bet, Henrique Roriz Aarestrup Alves
- O Brasil colonial pelo olhar de Ana Miranda: uma leitura do feminino em Desmundo
- Dinameire Oliveira Carneiro Rios
- Imagens do tempo em Vozes de Tchernóbil de Svetlana Aleksiévitch
- Barbara Mangueira do Nascimento
- Objetividades, afetividades e escrita em debate na obra de Manoel Bomfim
- Clayton José Ferreira
Artigos livres
- A cultura africana na obra Terra sonâmbula de Mia Couto e a proposta metodológica para o ensino da literatura
- Alexandre António Timbane, Bárbara Oliveira Bomfim
- Imagens de mulheres na música caipira “Prato do dia”
- Alideia Oliveira Rodrigues, Maria Lúcia Porto Silva Nogueira
- “O abolicionismo do Ceará e o jornal A Província de S. Paulo”: o papel do Libertador na projeção do vanguardismo abolicionista cearense no teatro do jornalismo (1881-1883)
- Francisco Paulo de Oliveira Mesquita
- A escrita literária dos beneditinos na Bahia do século XIX: história das práticas de escrita e de leitura e suas aproximações com a circulação de impressos
- Márcia Gabriela de Aguiar Barreto
- Entre o Império e a República: a memória revisitada em Jovita ou a heroína de 1865, de Jônatas Batista
- Ronyere Ferreira
Domínios da Imagem. Londrina, v.14, n.27, 2020.
Expediente
- Expediente
Apresentação
Apresentação de Dossiê
- Claudia Eliane P. Marques Martinez
Apresentação dos editores
- José Rodolfo Vieira, Richard Gonçalves André
Artigos do dossiê
- De original e inédito a pasticho: a trajetória de o Tiradentes de Araújo Guerra (São Paulo, 21 de abril de 1889)
- André Figueiredo Rodrigues
- 9-32
- As Máquinas de Wimshurst do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo
- Bruno Bianchi Lopes Gonçalves
- Rachel Whiteread e a arte pública: o monumento como lugar de memória
- Emanuelly Mylena Velozo Silva
- A tímida entrada dos eletrodomésticos nos lares portugueses: os discursos imagéticos e textuais na revista Fémina (1933-1938)
- Isabel Drumond Braga
- Catres, leitos, redes e camas: móveis de dormir e rouparia de cama nos domicílios do termo de Mariana, 1722 – 1760
- Luciana da Silva
- Papéis em circulação na capitania de São Paulo (século XVIII): apontamentos preliminares
- Maria Aparecida de Menezes Borrego, Igor Alexandre Silva Cassemiro
- A história em cacos: a cultura material Jê pré-colonial: um estudo de caso
- Natália Gomes Turchetti
- Café no bule: história e narrativa sobre o norte do Paraná em três álbuns fotográficos
- Rogério Ivano
- Os albúns de fotografias do jardim de infância modelo de Natal: memórias das infâncias escolares
- Sarah de Lima Mendes
- Os processos fotomecânicos na cultura visual Primeiras aproximações
- Solange Ferraz Lima, Eric Danzi Lemos
- Materialidad, agencia y linealidad cerámicas durante la dominación inca en el valle de Uspallata (Mendoza, Argentina)
- Vanina Victoria Terraza, Andrés Darío Auteri
Artigos gerais
- Das imagens da arte à criação em dança: afeto e ruído em Vincent
- Daniel Silva Aires, Verônica Maria Prokopp Oliveira
- São Raimundo Nonato dos Mulundus, o santo vaqueiro: travessias da religiosidade em movimento
- Marcus Ramusyo de Almeida Brasil
- O uso de imagens no processo de ensino-aprendizagem: reflexões acerca de um recurso midiático de um curso ofertado na modalidade a distância
- Michele Silva da Mata, Aline Freitas da Silva Xavier, Danielli Veiga Carneiro Sondermann, Marcelina das Graças de Almeida
- Estranha matéria: ensaio com a vida sensível de Fernanda Young
- Pablo Vinícius Dias Siqueira
- A Aids no cinema: uma análise do regime de imagéité no longa-metragem experimental Blue
- Thiago Henrique Ramari
- O Alquimista em Busca da Pedra Filosofal: “alquimiando” ciência e arte a partir de uma pintura
- Wilmo Ernesto Francisco Junior
Pesquisas seminais
- Transcorpocinetismo estético-político: o cotidiano do corpo trans e o dissenso nas minhas práticas em arte contemporânea
- Brenda Gomes Bazante
- Memes de discussão pública: o mito da conspiração comunista no Brasil
- Guilherme Popolin
- Relatos monçoeiros (1953): um panegírico à “conquista do Brasil pelos brasileiros” através do Rio Tietê
- Jean Gomes Souza
- A Mona Lisa e suas reproduções: uma obra de arte que atravessou os séculos
- Marina dos Santos Galli
Mosaico. Goiânia, v.13, 2020.
NOVAS PERSPECTIVAS DA RELIGIOSIDADE POPULAR
Editorial
- RELIGIOSIDADE POPULAR E HISTÓRIA: POR UMA REVISÃO DO SINCRETISMO
- Thais Alves Marinho
Apresentação / Presentation
- NOVAS PERSPECTIVAS DA RELIGIOSIDADE POPULAR
- Eduardo Gusmão de Quadros, Robson Rodrigues Gomes Filho
Artigos de Dossiê / Dossier
- CONGADA DE CATALÃO (GO): O SINCRETISMO DA FESTA POPULAR NA PERSPECTIVA DOS DEVOTOS
- Marcos Manoel Ferreira
- OS BENTINHOS COMO PATUÁS: O PROCESSO DE AFRICANIZAÇÃO DE UM OBJETO DEVOCIONAL CATÓLICO NO BRASIL ESCRAVISTA
- Daniel Precioso
- EXU: O IMAGINÁRIO INDIVIDUAL E COLETIVO DO CANDOMBLÉ
- Paulo Petronilio Correia
- ULTRAMONTANISMO E CATOLICISMO POPULAR EM GOIÁS NO INÍCIO DO SÉCULO XX: CARACTERIZAÇÕES E PROBLEMATIZAÇÕES
- Robson Rodrigues Gomes Filho
- INTERPRETANDO O DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE
- Karine Monteiro da Silva
- A MEMÓRIA NOS GUIA: TRAJETOS E TREJEITOS DE UMA FESTA RELIGIOSA NO POVOADO DO BACALHAU – GOIÁS
- Eduardo Quadros, Raquel Miranda Barbosa
- A RELAÇÃO ENTRE MÍSTICA, RELIGIOSIDADE E POLÍTICA NO PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL DO ASSENTAMENTO ELI VIVE (MST – LONDRINA – PR)
- Lenir Candida Assis, Fabio Lanza, José Wilson Assis Neves
Artigos Livres / Articles
- O QUILOMBISMO NA CANÇÃO: UM DIÁLOGO COM AS TEXTUALIDADES INTELECTUAL DE ABDIAS NASCIMENTO E LÍRICA DE DONA IVONE LARA
- André Luiz de Souza Filgueira
- TERRITORIALIDADE E DESTERRITORIALIDADE NA HISTÓRIA DE SANTA TEREZINHA DE GOIAS
- Fudio Matsuura, Antônio Pasqualetto, Ubirajara de Lima Ferreira
- CORES, HINOS E MASCOTE: GOIÂNIA ESPORTE CLUBE
- Djalma Oliveira de Souza
- A NEGRITUDE NO SÉCULO XXI NAS HQ’S DA TURMA DA MÔNICA
- Tatianne Silva Santos, Eduardo José Reinato
- O PRESIDENTE COMO EXECUTOR E ADMINISTRADOR DA PROVÍNCIA: A PREOCUPAÇÃO COM NOVOS CAMINHOS PARA MATO GROSSO
- Patrícia Figueiredo Aguiar
- O PODER SIMBÓLICO EM OS REIS TAUMATURGOS: DIÁLOGO ENTRE PIERRE BOURDIEU E MARC BLOCH
- Diego Sander Freire
Resenhas / Reviews
- KALUNGA: HISTÓRIA E MEMÓRIA DE UM QUILOMBO GOIANO
- Rosinalda Côrrea da Simoni
Folia Histórica del Nordeste. Resistência, n. 37, 2020.
In Memoriam
- In Memoriam Bartomeu Melià (1932-2019.
- María Laura Salinas
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Artículos
- LOS OPERATIVOS DE LAS ORGANIZACIONES ARMADAS A TRAVÉS DE UNA ANÁLISIS SISTEMÁTICO. EL CASO DE LAS FUERZAS ARMADAS REVOLUCIONARIAS (1970-1973)
- Carlos Ignacio Custer
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- Debates en torno a la reforma del régimen municipal. Entre la apertura democrática y la restricción. Córdoba, 1923-1925
- Osella Desirée del Valle
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- Inmigración y matrimonio en Catamarca. Últimas décadas del siglo XVIII
- Gabriela de la Orden
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- Más allá del saladero. Una mirada sobre la producción de carne salada en el Río de la Plata del siglo XVIII
- Nicolás Biangardi
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- Todo lo que nos rodea: estudio de representaciones sociales de lo ambiental y la naturaleza en una facultad de Ciencias Naturales
- Iván Paolocá
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Notas y documentos
- La relación sobre las costumbres y poblados de los mocovíes y abipones tutelados por jesuitas, escrita en el exilio por el Padre Antonio José Bustillo
- Carlos Page
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Reseñas Bibliográficas
- Reseña bibliográfica de la obra de Eduardo Toniolli (2018). Manuel Gálvez. Una historia del nacionalismo argentino, Rosario, Editorial Remanso.
- María Florencia Antequera
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- Reseña bibliográfica de la obra de Eduardo Palermo (2019) Terra brasiliensis. La región histórica del norte uruguayo en la segunda mitad del siglo XIX, 1850-1900. Porto Alegre: FCM, pp. 371.
- Fatima Victoria Valenzuela
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- Reseña bibliográfica de la obra de Mariela Leguizamón (2019). Un civil del proceso: el gobierno de Rodolfo Rhiner: 1981-1983. Corrientes: Editorial de la Universidad Nacional del Nordeste EUDENE.
- Dania Bordón
O lugar do saber / Márcia W. Kambeba
A obra em análise é um livro de sessenta e quatro páginas e editado pela Casa Leiria, de São Leopoldo/RS. O livro teve apoio do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA, ligado à Província dos Jesuítas do Brasil. Tal livro coloca-se como o volume 1 da Série Saberes Tradicionais desta editora e traz poemas da escritora indígena Márcia Wayna Kambeba.
Vale falar um pouco da autora para melhor compreender esta obra poética. Márcia Kambeba é uma indígena amazonense da etnia Omágua/Kambeba. Ela nasceu na aldeia Tikuna chamada Belém do Solimões, no Alto Solimões/AM. Kambeba vive em Belém e trabalha a partir desta cidade urbana. Sendo muito requisitada atualmente, ela visitou vários cantos do Brasil e do mundo, participando de eventos, programas de rádio e televisão, executando suas performances e dando entrevistas. Leia Mais
Regulação de conflitos na Idade Média / Tempo / 2020
Entre poderes: jurisdições e regulação de conflitos na Idade Média. Séculos V ao XV
Nas últimas duas décadas, as pesquisas referentes a estudos sobre a Idade Média experimentaram um vertiginoso e consistente crescimento na historiografia produzida por pesquisadores brasileiros. Neste caso, não se trata apenas do aumento no número de publicações na área, sejam em livros, artigos ou anais de eventos científicos. Para além disso, destacamos que as pesquisas sobre o período medieval vêm experimentando um reconhecimento nacional e internacional, verificado através do surgimento de novos laboratórios e grupos de pesquisa, fortalecimento dos trabalhos em rede com historiadores e universidades estrangeiras, e pela “democratização” do acesso a uma bibliografia atualizada e fontes documentais, fruto dos constantes processos de digitalização e disponibilização on-line do material de pesquisa em História Medieval.
O resultado do fortalecimento da área dos estudos medievais apresenta ainda outra consequência extremamente positiva: a diversificação nas temáticas de pesquisa. Atualmente, encontramos pesquisas que se localizam nos mais diversos recortes temporais, geográficos, temáticos, o que permite o fortalecimento do diálogo com outras ciências, como Arqueologia, Ciência Política, Direito, Literatura, Artes e Antropologia.
Devido a esse cenário de transformações e fortalecimento da área junto aos estudos de História no Brasil, hoje em dia não caberia uma proposta de dossiê junto a um periódico apenas pautado pelo título de “História Medieval” ou “Idade Média”. Por isso, este dossiê não é recortado apenas por balizas cronológicas amplas em comparação com outros períodos da História (Moderna, Contemporânea, Colonial, do Tempo Presente, entre outros). Mais do que isso, trazemos aqui artigos que lidam de maneira mais específica com questões relacionadas ao recurso à Justiça e suas formas específicas de ação, legitimação e atuação, bem como a compreensão sobre sua função de intermediar e promover a resolução de conflitos no período medieval.
Atualmente, o termo jurisdictio designa, de forma relativamente precisa, a instituição do Judiciário, ou seja, o poder de julgar e, por extensão, o limite desse poder. Esta compreensão se desenvolveu, sobretudo, a partir do século XVIII. No final da Idade Média, a etimologia da palavra jurisdictio refletia sua íntima ligação com determinadas práticas legais. Associados a ela, encontramos ainda os termos edictum (editar) e dictum, “o que ele diz”, recorrente nos inquéritos e procedimentos judiciais em geral. (Billorè; Mathieu, 2012)
Todavia, quando recuamos alguns séculos no tempo, percebemos que a concepção medieval de jurisdictio deve boa parte de sua significação à estruturação institucional da Igreja. A ausência de uma definição estrita de jurisdictio, longe de levar apenas à confusão em sua compreensão, multiplicava as possibilidades de extensão dos usos do poder da justiça. Dessa forma, era por meio de uma malha de superposições jurisdicionais que muitos conflitos eram regulados no período medieval (Guillot; Rigaudière, 1999).
Nesta perspectiva, o que este dossiê pretende é apresentar um panorama da problemática sobre a Justiça e o exercício do poder em diferentes contextos de resolução de conflitos, contribuindo para o fortalecimento de um debate importante no âmbito da historiografia do Direito e suas aplicações no estudo das sociedades medievais. Acreditamos que os artigos aqui apresentados possibilitarão ao leitor o contato e algumas reflexões com abordagens historiográficas atualizadas sobre o tema. Além da aproximação com a área do Direito e da Ciência Política, o dossiê Entre poderes: jurisdições e regulação de conflitos na Idade Média. Séculos V ao XV também propõe um diálogo mais próximo com outras áreas da História, como a História Moderna, na medida em que a questão do estudo das jurisdições é temática recorrente em ambas as áreas.
Assim sendo, o dossiê se inicia com o artigo de Marcelo Cândido da Silva, “Valor e cálculo econômico na Alta Idade Média”, trazendo uma reflexão sobre a presença do cálculo econômico na definição dos preços dos gêneros alimentícios, partindo da análise da relação entre avaliação dos produtos e definição de seus preços. O autor trabalhou com documentos oriundos da Gália e da Península Itálica.
Na sequência, dois artigos que tratam do mundo anglo-saxônico e anglo-normando, a partir de recortes cronológicos e documentais distintos. No trabalho intitulado “Propriedade fundiária na Nortúmbria anglo-saxônica: jurisdição, conflito e confluências (século VIII)”, Renato R. da Silva discute, a partir da análise da questão fundiária na Inglaterra anglo-saxônica, como se davam as redefinições, discussões e conflitos presentes sobre esta questão, uma vez que a jurisdição sobre os regimes de propriedades ainda não se apresentava plenamente constituída e uniformemente aceita nesta sociedade. Já José Manuel Cerda propõe uma análise sobre a distinção dos conselhos gerais e do conselho privado e cerimonial durante o período de governo de Henrique II, na segunda metade do século XII. Percebendo uma ampliação das grandes assembleias, Cerda verifica que Henrique II e sua corte teriam introduzido um grande número de reformas e medidas, apoiadas pelo consentimento baronial. Suas reflexões estão presentes no artigo “King Henry Plantagenet in the midst of his barons: public and territorial consultation at great assemblies in England (1155-1188)”.
Os dois últimos artigos deste dossiê lidam com análises localizadas na Península Ibérica, concentrando-se no estudo da atuação do poder real, não restrito exclusivamente à figura do monarca. No artigo “Inquirir em nome de Afonso II: a jurisdição régia a serviço da aristocracia cristã (Portugal, século XIII)”, Maria Filomena Coelho coloca em discussão certa naturalidade presente nas análises sobre as iniciativas régias do governo de Afonso II em Portugal. A autora propõe uma relativização sobre a visão dessa centralização do poder real que permite ampliar os estudos das inquirições, ligando-as a um cenário político mais amplo e menos centrado na figura do monarca.
Por fim, encerrando este dossiê, no artigo “Jurisdições das rainhas medievais portuguesas: uma análise de queenship”, Mirian Coser propõe uma análise a respeito de como os domínios da rainha de Portugal sobre determinadas propriedades conferiam a ela não apenas recursos econômicos, mas também o exercício da Justiça. Por meio da pesquisa sobre as crônicas do reino, a autora aponta para o fato de os recursos econômicos e exercício de uma Justiça por parte da rainha constituírem um espaço de poder legítimo que se relaciona não apenas com o matrimônio, a linhagem e a maternidade, mas também com o patrocínio, a piedade religiosa e a intercessão junto ao rei, inclusive nos assuntos da guerra.
Portanto, tendo como eixo os estudos sobre a Justiça e o exercício do poder na Idade Média, o dossiê Entre poderes: jurisdições e regulação de conflitos na Idade Média. Séculos V ao XV apresenta cinco artigos que mantêm o foco no tema proposto, mas diversificam a análise tanto no que diz respeito às balizas temporais, com trabalhos que tratam desde a Alta até a Baixa Idade Média, como também nos recortes geográficos, apresentando reflexões sobre a Gália, a Península Itálica, a Inglaterra anglo-saxã, a Inglaterra anglo-normanda e o mundo Ibérico. Acreditamos que os trabalhos aqui reunidos representam, em diferentes medidas, os impactos recentes das reflexões propostas por uma Nova História Política e pela Nova História Cultural.
Referências
BILLORÈ, Maitre; MATHIEU, Isabelle; AVINGNON, Carole. La justice dans la France Médiévale. VIIe-XVe siècle. Paris, Armand Colin, 2012. [ Links ]
GUILLOT, Olivier; RIGAUDIÈRE, Albert; SASSIER, Yves. Pouvoirs et institutions das la France médievale: des origines à l’époque féodale. Tome 1. 3 ed. Paris, Armand Collin, 1999. [ Links ]
Fabiano Fernandes – Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Guarulhos (SP), Brasil. E-mail: fabfer2007@hotmail.com http: / / orcid.org / 0000-0002-1384-9156
Renato Viana Boy – Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó (SC), Brasil. E-mail: renatoboymedieval@gmail.com http: / / orcid.org / 0000-0001-5500-6256
FERNANDES, Fabiano; BOY, Renato Viana. Apresentação. Tempo. Niterói, v.26, n.1, jan. / abr., 2020. Acessar publicação original [DR]
Abatirá | UNEB | 2020
Abaritá (Eunápolis, 2020) é uma publicação eletrônica do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias do Campus XVIII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e tem como escopo fomentar a produção científica para a construção do conhecimento no campo da Educação.
A revista ABATIRÁ é organizada através textos originais de diferentes perspectivas teórico-metodológicas, que contribuam para o debate acadêmico sobre as várias dimensões da educação: políticas públicas educacionais; trabalho docente e as práticas pedagógicas; produção e difusão do conhecimento nas diversas áreas dos currículos, nos diferentes níveis e modalidades de educação; processo de ensino e aprendizagem; contribuição de outras áreas do conhecimento no constructo de epistemologias, metodologias, currículos e inovações didáticas no campo da educação.
Busca a publicação de estudos científicos inéditos, de caráter teórico ou aplicado e de reconhecida qualidade acadêmica, produzidos por pesquisadoras(es) de universidades e instituições de pesquisa do Brasil e do exterior.
Periodicidade semestral.
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
ISSN 2675-6781
Enseigner l’histoire à l’heure de l’ébranlement colonial. Soudan, Égypte, empire britannique (1943-1960) – SERI-HERSCH (CEA)
SERI-HERSCH Iris. Enseigner l’histoire à l’heure de l’ébranlement colonial. Soudan, Égypte, empire britannique (1943-1960). Paris: IISMM – Karthala, 2018. 382p. Resenha de: MATASCI, Damiano. Cahiers d’Études Africaines, v.240, p.1042-1044, 2020.
Version remaniée d’une thèse de doctorat soutenue en 2012 à l’université d’Aix-Marseille, cet ouvrage, rédigé par Iris Seri-Hersch, propose une analyse fascinante et empiriquement bien étayée de l’enseignement de l’histoire tel qu’il était dispensé au Soudan colonial entre 1943 et 1960. Ce sujet est abordé à partir d’une perspective de recherche qui mérite d’emblée deux considérations générales. Tout d’abord, l’auteure se focalise principalement sur les contenus et les prescriptions officiels associés à cette discipline scolaire, plutôt que sur les usages sociaux des manuels ou les réceptions des élèves. Son but est de montrer toute la pertinence de s’intéresser (encore) au point de vue des colonisateurs, pariant sur le potentiel heuristique d’une approche méthodologique mettant en lumière les effets recherchés de l’entreprise éducative coloniale. À cet égard, Iris Seri-Hersch rappelle que l’histoire de cette dernière est riche en paradoxes, car contrairement à certaines lectures « postcoloniales » parfois trop hâtives, l’éducation n’a pas comme seul et unique objectif l’uniformisation culturelle et le gommage de l’identité des colonisés. Ensuite, la période au cœur de l’enquête, celle de l’« ébranlement colonial », terme qui est préféré à celui de « décolonisation », jugé trop linéaire et théologique, présente un grand intérêt. Les années qui suivent la fin de la Seconde Guerre mondiale sont en effet marquées par une grande incertitude quant à l’avenir des territoires africains, ce qui favorise les expérimentations et les réformes pédagogiques. Elles se caractérisent aussi par un tournant « paternalo-progressiste » de la politique coloniale, de plus en plus influencée par l’idéologie du « développement ». Iris Seri-Hersch restitue donc l’importance, encore quelque peu négligée par l’historiographie, des enjeux éducatifs au moment culminant de la « crise des empires », mettant notamment à jour les liens entre une discipline scolaire — l’histoire — et le processus de construction nationale au Soudan.
On l’aura compris, ce livre se situe à la croisée de plusieurs champs historiographiques et amène des éclairages inédits, non seulement sur l’histoire du Soudan mais aussi, plus largement, sur la production des savoirs coloniaux, sur la didactique de l’histoire et sur les réalités multiformes de l’éducation (post)coloniale. Les deux premiers chapitres présentent le contexte — politique et éducatif — dans lequel s’inscrit la trajectoire scolaire soudanaise, rendue particulièrement intéressante par le statut de ce territoire, un condominium soumis à la double tutelle britannique et égyptienne. Ils apportent au lecteur, notamment au non-spécialiste, les éléments de compréhension nécessaires pour aborder le cœur de l’ouvrage, à savoir le contenu et les modalités de l’enseignement de l’histoire dans les écoles primaires, qui est de loin la filière la plus fréquentée durant l’époque coloniale. L’étude se focalise tout particulièrement sur l’analyse des programmes pensés et élaborés après la Seconde Guerre mondiale (chapitre 3), sur le système de valeurs et les représentations du passé qui y sont transmises (chapitre 4), ainsi que sur les modalités de communication, d’apprentissage et d’évaluation de l’histoire scolaire (chapitre 5). Enfin, un dernier chapitre compare le cas soudanais avec celui d’autres colonies et de la Grande-Bretagne. De cette analyse serrée et bien menée se dégagent, tout d’abord, les particularités du type d’histoire prescrit aux autochtones. Contrairement à une image reçue, celui-ci ne véhicule pas nécessairement un message univoque où le passé africain serait négligé ou effacé. Comme l’ont récemment montré Céline Labrune-Badiane et Étienne Smith pour l’Afrique occidentale française, l’enseignement est adapté aux contextes locaux et aux connaissances pratiques des élèves1.
Ainsi, l’histoire dispensée dans les écoles est à la fois celle des colonisateurs et des colonisés, les programmes incluant des sujets relevant de l’histoire « mondiale », européenne, islamique et soudanaise, allant de l’Antiquité à l’ère contemporaine. Encore plus surprenant, le thème de la lutte anticoloniale y est fortement présent. Celle-ci, toutefois, ne se traduit pas par une critique directe du condominium anglo-égyptien (qui n’est par ailleurs pas véritablement intégré au passé historique), mais vise plutôt les envahisseurs ottomano-égyptiens du XIXe siècle et renvoie à des héros et à des figures mythiques comme Guillaume Tell. Quant à l’histoire du Soudan, elle est mise en récit suivant un enchevêtrement de perspectives nord-soudanaises et britanniques : les équipes chargées de l’élaboration des programmes et des manuels n’incluent pas d’acteurs sud-soudanais ou égyptiens et doivent composer avec les objectifs politiques des autorités britanniques de Khartoum, hostiles à une éventuelle unification du Soudan avec l’Égypte. C’est donc pour des raisons pragmatiques que les éducateurs coloniaux s’attellent — par le biais d’un enseignement de l’histoire s’adressant à la population musulmane arabophone et ignorant les minorités religieuses et linguistiques — à alimenter un nationalisme soudanais « indépendantiste » et à accompagner la transition du pays vers une modernité post-impériale.
3Iris Seri-Hersch inscrit aussi la trajectoire scolaire soudanaise dans le contexte plus large de la fin de l’Empire britannique, afin d’en dégager les spécificités et les similarités avec d’autres colonies africaines (Ouganda, Rhodésie du Nord, Nigeria), l’Inde, l’Égypte ou encore avec l’enseignement en métropole. Particulièrement avisée, cette démarche comparative a l’avantage de rendre compte de la grande diversité des situations et des multiples finalités de l’histoire scolaire. Elle permet également de « connecter » l’exemple soudanais à des débats qui dépassent largement le cadre d’une seule colonie ou d’un empire. Rapidement évoquée par l’auteure, cette question mériterait par ailleurs d’être approfondie. Il serait en effet intéressant de retracer les circulations transimpériales — d’idées, de modèles et d’individus — qui ont accompagné l’élaboration des manuels d’histoire soudanais, ainsi que de savoir comment les expériences en cours dans d’autres territoires ont servi de référence ou de repoussoir. Une telle ouverture entrerait aussi en écho avec les appels récents, issus notamment du monde académique britannique, invitant à décentrer l’étude du fait colonial et à placer dans un seul cadre analytique les dynamiques de connexion, de rivalité et de coopération qui ont émaillé l’expansion européenne et la fin des empires.
Avec les dimensions circulatoires, l’examen de la période postcoloniale constitue une autre piste de recherche prometteuse. Comme le rappelle justement Iris Seri-Hersch dans ce livre et dans ses autres travaux sur le sujet, l’indépendance ne marque pas nécessairement une rupture quant au contenu et à l’usage des manuels coloniaux. Dans le cas du Soudan, la reconfiguration des programmes précède l’accès à la souveraineté nationale, les textes scolaires ne subissant par ailleurs pas de changements particuliers jusqu’aux années 1970. À nouveau, l’auteure donne à voir la complexité et les paradoxes qui caractérisent le fait éducatif (post)colonial, laissant entrevoir ses multiples répercussions jusqu’à nos jours. Les conclusions de l’ouvrage sont en effet particulièrement instructives pour comprendre la situation actuelle. À la question de savoir dans quelle mesure l’enseignement de l’histoire au cours de la période coloniale tardive a pu contribuer à la scission du pays en 2011, Iris Seri-Hersch répond avec une hypothèse captivante : les représentations de l’histoire soudanaise dans les manuels coloniaux, utilisés pendant des décennies, auraient participé à renforcer le fossé social et culturel opposant les Khartoumois (britanniques et nord-soudanais) aux populations des périphéries (Darfour, Monts Nouba, Sud-Soudan), favorisant de ce fait la remise en cause, dès 1956, de la nature même de l’État postcolonial soudanais.
Notes
1 C. Labrune-Badiane & É. Smith, Les Hussards noirs de la colonie. Instituteurs africains et « petites patries » en AOF (1913-1960), Paris, Karthala, 2018.
[IF]As diversas faces da pobreza: histórias dos pobres na longa duração | Revista Latino-Americana de História | 2020
A pobreza, enquanto mote de pesquisa, há algum tempo despertou interesse de um público amplo das ciências humanas, dentre eles claro, historiadores e historiadoras. O pioneiro estudo de Stuart Woolf já encarava a pobreza como um tema global, visto que eram os mecanismos que controlavam ou assistiam as camadas pobres da população que variavam conforme o contexto e o local de análise. Desde fins da Idade Média até a consolidação dos Estados modernos, pobres se relacionavam às instituições que promoviam a assistência e a prática cristã da caridade ou, posteriormente, a filantropia governativa. Neste sentido, controlar este setor da população significava controlar a ordem pública, visto que eram essas lógicas que estavam por traz de muitas dessas instituições ou políticas estatais.
Uma das questões centrais em torno da pobreza vieram em mudanças recentes e alteraram as perspectivas em relação à temática, pesquisas em âmbito da história social deixaram de relacionar esse grupo como uma massa amorfa diluída, pura e simplesmente, num contexto de marginalidade. Atualmente, pesquisas têm tratado a esses ou essas como atores ou atoras sociais, que pertencem a um grupo, família, com nome e atribuições, ou seja, que interagem com o sistema social ao qual pertencem através de práticas e estratégias de sobrevivência. Leia Mais
Ciclo Ciência Viva (I) / Circumscribere / 2020
Circumscribere na pandemia
O ano de 2020 será lembrando como um período de profundas transformações nas sociedades no mundo. A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) interrompeu o fluxo normal das atividades humanas. Isolados em suas casas, professores e pesquisadores de diferentes áreas e países tiveram de reinventar seu modo de produzir e transmitir o conhecimento científico. O uso de ferramentas tecnológicas foi fundamental nesse sentido; por meio de plataformas como Teams, Zoom, Google Meet, entre outras, esses profissionais conseguiram dar continuidade às aulas, reuniões, pesquisas, bancas, reuniões cientificas etc., mantendo universidades e instituições de ensino e pesquisa em pleno funcionamento.
A equipe da revista Circumscribere também manteve seu ritmo de trabalho, logrando dar andamento à produção de dois volumes este ano. Ao nos darmos conta de que o mundo acadêmico apoiava-se cada vez mais nas plataformas digitais, decidimos expandir nossas atividades e lançar um ciclo de debates para congregar professores, pesquisadores e interessados em assuntos relacionado à História da Ciência. Assim, nasceu o ciclo CIÊNCIA VIVA, com o objetivo de debater temas fundamentais da área e refletir a própria pandemia do ponto de vista da história da ciência.
Neste volume da revista Circumscribere, apresentamos alguns dos resultados desses debates. Os textos resultam de apresentações realizadas virtualmente durante a pandemia e de debates com professores e pesquisadores de vários centros de ensino e pesquisa do país. Outros volumes deverão ser lançados nos próximos semestres com base em novos temas abordados no Ciclo. Com iniciativas como essas, esperamos poder ampliar a presença de professores e pesquisadores nas redes sociais, de modo a contribuir para o combate das chamadas Fake news, bem como do pensamento anticiência que ganha força no mundo.
Boa leitura.
José Luiz Goldfarb
GOLDFARB, José Luiz. Circumscribere, São Paulo, v.26, 2020. Acessar publicação original [DR]
Impressões Rebeldes. Niterói, v.8, n.1, jan./jun., 2020.
Intolerância Religiosa, Laicidade e Política / Projeto História / 2020
O presente dossiê, intitulado “Intolerância Religiosa, Laicidade e Política”, traz um assunto muito atual no mundo político e na sociedade brasileira, o aumento das mais variadas formas de intolerância religiosa, racismo religioso, fundamentalismo religioso e questionamento da frágil laicidade do nosso país.
Com o findar da Ditadura Civil-Militar, novos atores religiosos entraram no cenário político brasileiro, impondo uma lógica concorrencial à Igreja Católica no campo político e social. O número de evangélicos cresceu exponencialmente e, também, os intitulados “sem religião”, enquanto o catolicismo perdeu fiéis. O Brasil passou de uma “hegemonia católica” para uma maioria de católicos. O campo religioso brasileiro pluralizou-se, inclusive com a ampliação de propostas religiosas não cristãs.
Nesta nova radiografia do perfil religioso brasileiro, novos formatos de intolerância surgiram. No campo político partidário, as bancadas evangélicas e católicas trabalham em conjunto na defesa de projetos de “escola sem partido” para impedir o debate das questões de gênero nas escolas, defendendo um ensino religioso confessional e a perseguição aos aspectos religiosos e culturais das religiões de matriz africana. Ou seja, há uma atuação política que impede que a laicidade do Brasil seja vivenciada conforme aponta a Constituição de 1988.
A laicidade consiste na não perseguição a qualquer forma de religião ou religiosidade, pelo contrário, é o direito do indivíduo, em seu aspecto particular, escolher ter ou não uma religião. O Estado precisa ser neutro em matéria de confessionalidade. Não cabe às autoridades beneficiar instituições religiosas autorizando o funcionamento de feriados religiosos, partidos confessionais, bancadas religiosas, concessão de rádio e TV para grupos religiosos, investimento de dinheiro público em empreendimentos de instituições confessionais, dentre outras atividades. O Brasil precisa de um projeto de governo que lute pelos direitos humanos e a laicidade é um dos pontos principais que precisa de uma revisão.
A capa1 que escolhemos, tomando os devidos cuidados com as associações, dialoga no sentido figurativo com o atual momento do Brasil. A cada dia muitas pessoas são mortas, presas, violentadas, estigmatizadas, recriminadas, ou ridicularizadas pela sua opção religiosa ou por não ter religião. Quanto mais o exercício da fé se afastar dos valores judaicocristãos, mais o fiel sofrerá intolerância religiosa.
Dito tudo isso, o presente dossiê apresenta textos de alta qualidade que discutem essa relação entre laicidade, política e intolerância religiosa, nos mais plurais temais atuais e ao longo da História do Brasil. São nove artigos do dossiê, três artigos da sessão livre, duas resenhas, uma entrevista e uma notícia sobre as pesquisas em andamento no Programa de História da PUC SP.
Abrimos o dossiê com o texto intitulado “A falsificação do jornal católico O São Paulo: Uma análise da reação midiática à edição Mea Culpa (1982)”, escrito pelos pesquisadores Fábio Lanza, José Wilson Assis Neves Júnior e Raíssa Regina Brugiato Rodrigues, todos estudiosos ligados à Universidade Estadual de Londrina. Este artigo analisa o processo de falsificação de uma edição do jornal católico O São Paulo (1982). Usando instrumentos teóricos e metodológicos das ciências sociais, os referidos autores utilizam a análise do discurso para entenderem como foram desenvolvidas as falsificações dos artigos do jornal analisado, e como e de que forma a intolerância religiosa aparece nos conteúdos.
Em seguida, temos o artigo ““A milícia dos remidos marcha impoluta”: Campanha de evangélicos assembleianos ao legislativo paranaense em 2018”, no qual foram analisadas dezenas de candidaturas, coletando informações nas redes sociais dos candidatos. A Assembleia de Deus é a maior instituição evangélica do Brasil. De forma descentralizada e plural, está presente em todos os territórios do país. Em termos políticos, é a instituição religiosa que consegue eleger o maior número de representantes dos poderes executivos e legislativos. Os autores nos mostram como este fenômeno da presença da AD na política ocorreu no ano de 2018 no processo eleitoral.
O artigo nomeado “A “Modernização” Política da Igreja Católica no Brasil (1850-1930): Uma aproximação a partir da teoria crítica de Jürgen Habermas”, discute de forma profunda as questões relacionadas à Igreja Católica e o Estado Brasileiro entre 1850-1930, período muito conturbado na história política do Brasil. Neste período, nosso país muda de regime político, passando da monarquia para o regime republicano, e ainda ocorreu a subida de Getúlio Vargas à presidência do Brasil. Independente dos episódios históricos, a Igreja Católica participou ativamente nas questões políticas, ora se aproximando como parceira do Estado, ora se posicionando contrária a algumas medidas.
O texto “Entre o Trono e o Altar: A questão religiosa em Portugal e no Brasil, notas para uma laicidade à brasileira” é fruto de uma pesquisa de pós-doutoramento pensando a questão da secularização e da laicidade em Portugal e no Brasil. O interessante deste texto é a apresentação de uma relação bem diferente estabelecida no Brasil, no tocante à intercessão entre religião e política no espaço público ocorrida em Portugal. A pesquisa, de certa forma, mostra aspectos próximos e distantes da construção histórica entre Igreja e Estado no Brasil e em Portugal.
O debate sobre a identidade do componente “ensino religioso” nas escolas públicas e como os grupos religiosos e não religiosos desenvolvem estratégias, negociam, discursam e articulam a defesa da sua visão sobre a existência ou não do ensino religioso na década de 1930, consiste a discussão do seguinte artigo, denominado “Laicidade e educação: O Pe. Leonel Franca S.J. e o debate sobre o decreto do Ensino Religioso na escola pública brasileira (1931)”. Com o advento da presidência do Getúlio Vargas, a Igreja Católica retoma o status de instituição religiosa mais beneficiada pelas autoridades brasileiras.
O artigo “O ensino religioso e a escola José Bonifácio: um estudo de caso da prática pedagógica desenvolvida no quilombo do Cria-ú no Amapá” discute a proposta didático-pedagógica da escola José Bonifácio, que se localiza no maior Quilombo do Estado do Amapá. O texto alerta para a necessidade de quebrar a resistência do corpo docente da escola e da direção em trabalhar os aspectos religiosos e culturais do quilombo. Há parteiras, benzedeiros, festas populares, rezas, ladainhas, missas, e outros aspectos da cultura afro-ameríndia que fazem parte do cotidiano do quilombo e não são pensadas pela escola como forma de ensino às crianças.
O texto intitulado “O ultraje a religião tradicional da família paraense: A separação Igreja-Estado no Brasil República e a prisão de Justus Nelson em Belém do Pará. (1889-1925)”, desvela como foi este rompimento e suas consequências na sociedade paraense, além de problematizar a prisão de Justus Nelson.
O historiador Ipojucan Dias Campos, ligado à Universidade Federal do Amapá, com o artigo “Políticas laico-religiosas: Casamento, família e divórcio na fabricação do Código Civil Brasileiro (Belém-PA, 1915)” discute as características do casamento, concepção de família e divórcio na sociedade paraense no início do século XX. A problematização se dá a partir do Código Civil Brasileiro aprovado na República Velha.
O artigo “Religiões, Laicidade e Ensino de História: Diálogos culturais para o trabalho em sala de aula”, discute aspectos fundamentais da necessidade da História das Religiões estar presente nas aulas de ensino de História, tendo como contribuição os aspectos teóricos e metodológicos da História Cultural. Com a pluralidade do campo religioso brasileiro, professores e pesquisadores precisam desenvolver estratégicas de transposição do conhecimento para que os alunos entendam, nos mais variados tempos históricos, a influência das religiões e religiosidades nas sociedades.
Iniciando a sessão de artigos livres, o artigo intitulado “Dilemas da propaganda socialista em Manaus no alvorecer do século XX”, escrito pelo pesquisador Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro, apresenta como a propaganda socialista foi feita em Manaus no século XX. De acordo com o autor, houve periódicos que se posicionaram a respeito da falta de leis trabalhistas e da exploração que os empregados eram sujeitos em seus postos de trabalho.
Os historiadores argentinos Laura Cucchi e Leornardo Hirsc assinam juntos o artigo “Conflicto político, diseños electorales y el problema de las minorías en la Argentina de fines del siglo XIX”, no qual dissertam a respeito dos conflitos políticos entre as minorias e as autoridades públicas na Argentina no início do século XIX. Os autores mostram as limitações da legislação vigente no período da participação política de grupos minoritários no contexto argentino.
A historiadora Flávia da Cruz Santos contribui para este número com o título “O conceito de divertimento na cidade de São Paulo (1828- 1867)”, no qual ela problematiza o conceito de divertimento na cidade de São Paulo no século XIX. As fontes utilizadas foram os jornais: A Phenix, Correio Paulistano, Diário de S. Paulo, Ensaios Literários, O Acayaba, O Farol Paulistano, e O Novo Farol Paulistano, além da literatura produzida por viajantes estrangeiros.
Passada a sessão temática e a sessão de artigos livres, o presente número publica duas resenhas. A primeira intitulada “Memórias da juventude na Rua Maria Antônia”, escrita pelo autor Gustavo Hatagima, sobre a obra “ABDALA JUNIOR, Benjamin. (org.) Um mundo coberto de jovens. São Paulo: Com-Arte, 2016”, e a outra resenha denominada “Religiosidade em trânsito. Práticas cotidianas do sagrado no Brasil da Primeira República, escrita pela autora Elena Pajaro Peres, sobre a obra “WISSENBACH, Maria Cristina Cortez. Práticas Religiosas, Errância e Vida Cotidiana no Brasil (Finais do Século XIX e Inícios do XX), São Paulo: Intermeios; USP-Programa Pós-Graduação História Social, 2018”. Ambas as resenhas trazem excelentes análises das obras supracitadas.
Na presente edição trazemos ainda a “Entrevista com Durval Muniz de Albuquerque Júnior: As Veredas Subjetivas de um Historiador”, feita pela historiadora Valéria Barbosa de Magalhães Daisy Perelmutter. A entrevista explora aspectos da sua vida particular, sua visão sobre diversos temas da historiografia, dentre outros assuntos.
E para findar esta edição, trazemos a notícia da pesquisa de doutoramento da estudante Adriana Bastos Kronemberger com o título “Vozes da militância – Nova Iguaçu nas décadas de 1970 e 1980”. A estudiosa objetiva compreender as particularidades das lutas do povo da cidade de Nova Iguaçu nas décadas de 1970 e 1980 ao lado de seu bispo, Dom Adriano Hypólito.
Boa leitura,
Nota
1Sobre a capa, o autor Claudinei Cássio de Rezende, explica que “A tela representa o momento exato em que a Santa Engrácia de Saragoça, mártir da Igreja Católica, é morta no ano 303 d.C. Antes de ser executada padeceu de castigos violentos da tortura. A ordem de sua execução partiu de Diocleciano (244 – 311 d.C), então imperador romano que promoveu a maior perseguição aos cristãos. Esta situação foi bem tratada historiograficamente por Edward Gibbon em sua obra escrita entre 1776 e 1778, “Declínio e queda do Império Romano”, em seu sexto capítulo. No que se refere à questão iconográfica, a escolha da pintura se alinha à temática da intolerância religiosa e da política. Bertolomé Bermejo (c. 1440 – 1500) foi um dos mais importantes artistas pré-renascentistas espanhóis, cujo estilo foi profundamente influenciado pela pintura flamenga quatrocentista. Seu retábulo tríptico “A Virgem de MontSerrat”, de 1485, guarda uma marca indubitável do estilo dos irmãos Van Eyck e de Rogier van der Weyden, o que atesta a informação biográfica de suas viagens para Flandres para conhecer a técnica do óleo – que viria a chegar no renascimento italiano por Antonello da Mesina e Hugo van der Goes nesta mesma época. Podemos dizer que o patrimônio pictórico barcelonês deve muito à obra de Bertolomé Bermejo, para quem ora prestamos a homenagem desta capa num tema tão importante quanto este, da tolerância e da misericórdia religiosa.”
Luiz Antonio Dias – Professor do Departamento de História da PUC / SP Orcid: http: / / orcid.org / 0000-0001-8834-442X
Marcos Vinicius de Freitas Reis – Professor da Universidade Federal do Amapá. Líder do Centro de Estudos Políticos, Religião e Sociedade – CEPRES.
DIAS, Luiz Antonio; REIS, Marcos Vinicius de Freitas. Apresentação. Projeto História, São Paulo, v.67, 2020. Acessar publicação original [DR]
Saúde, Segurança e Direitos do Trabalhador / Projeto História / 2020
Iniciamos incitando o leitor a lançar um olhar mais demorado sobre a imagem da capa que já é, de per si, uma apresentação. Trabalhando com a fotografia de Caio Guatelli, fotógrafo da Folha de São Paulo, seu autor, o professor Claudinei Cássio de Rezende, explicita que a escolha se deu por ser representativa destes tempos, em que a saúde e a segurança do trabalhador foram postas de lado. Trata-se de um entregador de aplicativos, revoltado durante uma manifestação contra o rebaixamento de suas condições de sobrevivência, mesmo que, com isso, aumente os riscos à sua saúde. Nada mais sintomático em uma imagem sobre esses tempos, e sobre o conjunto de ameaças vivenciados por trabalhadores.
Isso porque, enquanto se preparava o fechamento desta edição da Revista Projeto História, cujo tema é Saúde, Segurança e Direitos do Trabalhador, o mundo assistia a uma das maiores epidemias de sua história, afetando diretamente a humanidade em todo o planeta. Ao lado da Grande Peste que marca o fim da Idade Média e da Gripe Espanhola no começo do século XX, o mundo se defrontou com uma grave pandemia, capaz de promover a mortandade de cerca de três a cinco por cento dos que dela forem acometidos.
As quarentenas obrigatórias e voluntárias se ampliaram no mundo, e mais uma crise do capital, anunciada desde fins 2018, 1 mostrou a faceta mais cruenta inerente a essa forma de caminhar da humanidade. Certamente, a crise econômica não fora derivada do Corona Vírus, 2 mas sua erupção foi sentida de forma bastante agudizada em vários países do mundo. Premidos ante o dilema: salvar as economias ou as vidas, governos oscilaram entre ciclos de quarentenas e aberturas, ou deixaram à deriva seus povos, populações inteiras viram-se à beira do abismo. Campanhas se disseminaram no mundo, solicitando que não houvesse paralisações dos setores produtivos e de comércio, enquanto trabalhadores reivindicavam, no mundo todo, medidas substanciais de manutenção de suas vidas. Se, para tanto, estivessem impossibilitados de realizar aglomerações, em muitos países, essas continuaram presentes no quotidiano de suas vidas, fosse nos trajetos para o trabalho, no interior de suas miseráveis vivendas ou nos espaços desordenados das urbanidades a que se vêm relegados.
Nesse pêndulo, foram consideradas essenciais atividades econômicas que mantivessem o consumo em alta, numa clara ilusão de que o capitalismo engendra a si mesmo, quando, “na realidade, o capitalismo não engendra a si mesmo, mas explora a mais-valia do trabalhador”, conforme recupera Žižek (2008, p. 88, apud FONTENELLE, 2014, p. 211), autor que repõe os resultados das “análises de Marx sobre a produção do excedente de capital e sua expansão infinita na esfera da circulação. 3
Em todo o mundo, a consciência de que o capital não fora capaz de preservar vidas e se deteve em salvar economias e lucros se evidenciou. Fábricas de automóveis na Itália4 mantiveram suas atividades em meio à pandemia até explodirem greves de trabalhadores, contrariando suas direções sindicais e determinações do Estado.
Alguns países até realizaram campanhas visando a manutenção das atividades econômicas em meio à pandemia. Exemplo disso, na própria Itália- que teve como epicentro da epidemia o norte do país, com maior atividade industrial, o prefeito realizou campanhas, difundidas inclusive em redes sociais, com o lema, “Milão não pode parar”. Reino Unido, através do Primeiro Ministro Boris Johnson, Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, iniciaram medidas de contenção verticalizadas, até que estudos de especialistas demonstraram que a mortandade seria alta o suficiente para promover, além da paralisação da economia, um alto índice de rejeição e revolta. Rapidamente, de posse de tais estudos, congressistas aprovaram medidas sociais de isolamento social, promovendo ajuda assistencial. Mas as contenções não foram suficientes, e trabalhadores acabaram se mobilizando e se concentrando nas ruas contra as medidas violentas do Estado, capitaneadas especialmente pelas polícias, mas não só. Dados apontados mostram que negros e latinos estão entre os mais afetados pela pandemia nos Estados Unidos, demonstrando que, embora a doença não tenha endereço e cor de pele, a falta de acesso aos sistemas de saúde, torna mais vulneráveis os pobres e negros.
No Brasil, além da negação da pandemia, incentivos às aglomerações promovidas pela Presidência da República, altos índices de trabalho informal, trabalhadores se defrontaram com o agravamento da crise no Sistema Único de Saúde e o aumento da violência policial. Relatórios já de 2019, publicados pelo portal G15 demonstravam que a atuação policial no Brasil era mais violenta nas periferias e que crescia exponencialmente o número de jovens negros assassinados. Tal violência institucional amplia a vulnerabilidade socioeconômica e acentua a exclusão aos direitos de cidadania, a que se somam, por um lado, o aumento de desemprego e, de outro, a redução dos direitos trabalhistas.
Nunca foi tão importante discutir como o tema da saúde e segurança do trabalhador, assim como seus direitos, foi colocada em diferentes momentos da história, o que é o objeto desse dossiê. Ou seja, voltarmos nossos olhares para o tema da Saúde, Segurança e Direitos do Trabalhador
Nesse sentido, abrimos o dossiê com o artigo de Ricardo Normanha intitulado A centralidade do trabalho em debate: notas para um balanço histórico e apontamentos para o presente e futuro da luta de classes, no qual o autor analisa a reestruturação produtiva e suas consequências no mundo do trabalho, recuperando a análise ontológica da centralidade do trabalho para a compreensão das formas complexas e também precarizadas de exploração da mão de obra.
Em seguida, Wanderson Fabio de Melo discute em, A Revolução Russa e o direito à moradia: De 1917 a 1945, as questões habitacionais na Rússia no período imediatamente posterior à Revolução Socialista, os déficits habitacionais e as consequentes políticas engendradas para resolver a questão de moradia para os trabalhadores russos, percebendo que o isolamento russo diante do mundo conflagrou situações inamovíveis no que tange à moradia.
Em Aspectos da modernização da agricultura durante a Ditadura CivilMilitar Brasileira (1964-1985): vínculos, métodos e estratégias, os historiadores Cintia Wolfart, Marcio Antonio Both da Silva e Marcos Vinicius Ribeiro se debruçaram na compreensão dos impactos das políticas para o campo implantadas no Brasil. A partir daí demonstram como as estratégias utilizadas pelos governos, responderam às demandas das oligarquias rurais, provocando a expropriação de terras dos pequenos proprietários, a ampliação da monocultura em detrimento da agricultura de subsistência. Resulta daí a expansão do complexo agroindustrial, ao mesmo tempo em que se promoveu a cooptação de amplos setores para tal política, através dos grupos 4-S, com intenso trabalho pedagógico educativo, corroborado pelo Estado brasileiro.
No artigo de Danilo Ferreira da Fonseca, intitulado Autoritarismo, ajuste estrutural e neoliberalismo: Ruanda após o genocídio de 1994, temos um panorama sobre o processo de implementação do neoliberalismo no pósgenocídio, demonstrando como, combinado com o autoritarismo da Frente Patriótica Ruandesa, as condições de vida dos trabalhadores se desdobrou em desemprego, fome, e de expropriação de suas terras ancestrais, impelindo-os na busca por trabalho na mineração.
Em Entre Engels e os dias atuais: abordagem crítica sobre as condições de saúde da classe trabalhadora no Brasil, Luziane Dias Simão, Leonardo Carnut e Áquilas Mendes, abordam as condições de saúde dos trabalhadores no Brasil contemporâneo, resgatando a análise de Engels sobre trabalhadores no século XVIII. Centram sua reflexão na questão da saúde da classe trabalhadora através dos periódicos publicados no sistema SIBI-USP, demonstrando que as condições de vida, mesmo com as tecnologias do século XXI, ainda permanecem precárias, restando-lhes a alternativa revolucionária como condição para superação das dificuldades enfrentadas.
Damián Andrés Bil, Sebastián Norberto Cominiello e Viviana Hansi, analisam o caso de um laticínio na Argentina para compreender a situação de crise no setor. O artigo, denominado, La crisis de acumulación en la Argentina a partir del estudio de caso de una empresa del sector lácteo, debruça-se no entendimento dos percalços enfrentados pela empresa diante especialmente da competitividade internacional.
David Maciel, em artigo Mudanças políticas e institucionais na crise da Nova República: rumo a uma nova institucionalidade política, analisa o democrático, posterior ao fim da última ditadura militar no Brasil, compreendendo que a manutenção da autocracia burguesa se deu através de uma nova institucionalidade democrática que manteve características autoritárias e fascistas. Destacando as mudanças operadas a partir de 2011 com o início de uma escalada autoritária, que se desdobra no golpe de 2016, conclui sobre o surgimento de uma nova institucionalidade política, da qual decorre uma crise na Nova República.
Encerramos o dossiê com o artigo Relações Internacionais e Questão Agrária: mundialização do capital, agronegócio e as lutas pela terra em Porto Nacional – Tocantins, de Fabiana Scoleso, que analisa a mundialização do capital e o consequente impacto nas relações entre capital e trabalho, exacerbado especialmente a partir da agenda neoliberal adotada na América Latina. A partir da exposição das concretude representada pelo Porto Nacional, no Tocantins, expõe como a financeirização da terra e o poder do agronegócio, ensejaram as novas configuração do campo, vinculadas à particular forma de desenvolvimento do capitalismo no Brasil, assim como a expropriação compulsória da terra, ensejou novas formas de lutas de classes ainda hoje vigentes. Ainda é de se notar que a integração regional adotada, particularmente com as commodities, são aspectos relevantes para demonstrar a atuação do Estado. Atuação esta que se desvela com investimentos estatais que beneficiam o agronegócio, em detrimento, inclusive dos povos originários da região.
No espaço dedicado aos artigos livres, abrimos com o texto de Cristiane Medianeira Ávila Dias, intitulado A Ditadura Civil-Militar Brasileira e a repressão além fronteiras, abordando o monitoramento efetuado pelo Centro de Informações do Exterior (CIEX) e pela Divisão de Segurança e Informações do Ministério das Relações Exteriores (DSI / MRE), sobre brasileiros, a partir do Golpe de 11 de setembro de 1973 no Chile. Nesse sentido, o artigo destaca a atuação de tais órgãos fora das fronteiras nacionais, demonstrando anuência dos demais estados, bem como a integração desses países na rede Condor.
Em seguida, trazemos o artigo de Walbi Silva Pimentel, Marcos Vinicius Freitas Reis e Fábio Py, intitulado Aspectos Sócio Histórico da Igreja Católica na Amazônia, em que analisam a presença da Igreja Católica e as diversas ordens religiosas ali colocadas para a catequização dos povos originários, negros e colonos desde o século XVI. O artigo aborda as diversas formas de atuação da Igreja, desde o início da colonização da região até o século XX, as contradições encontradas e os novos desafios com a separação entre Igreja e Estado no limiar do século XIX para o XX.
Frederico de Oliveira Toscano trouxe-nos o artigo O Inimigo é a Fome: breve histórico da escassez alimentar no Nordeste e do papel do Estado em seu enfrentamento, recorrendo à análise historiográfica de construção da associação do Nordeste brasileiro à fome, enfatizando a obra do geógrafo Josué de Castro, percebendo o papel de intelectuais na discussão de que não se trata, para aquela região, de um problema climático, mas de uma questão que deve ser enfrentada socialmente pelo Estado e pela sociedade.
O artigo Stanislaw Szmajzner: o único sobrevivente do campo de extermínio de Sobibor no Brasil, de autoria de Felipe Cittolin Abal, aborda o caso de Szmajzner, que migrou para o Brasil ao fim da Segunda Guerra Mundial. Seu artigo parte da infância desse sobrevivente até ser encaminhado para Sobibor, sua participação na revolta ocorrida no campo, e a vida no Brasil. Shlomo, como ficou conhecido, foi um dos que reconheceram Gustav Wagner, um dos participantes do genocídio impetrado. O trabalho teve como preocupação o resgate da memória, a seleção do que o autor considerou pertinente para a constituição do texto, e traz como desafio recontar a história de um sobrevivente individualmente, como expressão de um genocídio de grandes proporções.
Ainda com a preocupação de auxiliar na produção acadêmica dos pós-graduandos, a Revista Projeto História traz a seção Notícias de Pesquisa. Nesse número, Breno Ampáro Alvares Freire, em: Dissonâncias Perfeitas: o protagonismo dos músicos de orquestra rumo à institucionalização da categoria em São Paulo (1913-1949), analisou a atuação dos músicos de orquestra em São Paulo, em busca de tornarem-se uma categoria profissional, demonstrando as contradições existentes entre a atividade artística e a associação profissional desses músicos.
Por fim, trazemos a resenha do livro de Leandro Pereira Gonçalves, intitulado O passado e a atualidade do pensamento político fascista: análises sobre o catolicismo conservador de Plínio Salgado entre Brasil e Portugal, realizada por Pedro Ivo Dias Tanagino, como importante contribuição para a compreensão da atuação de Plinio Salgado.
Boa leitura,
Notas
1Os alertas começaram a circular em fins de 2018. No encontro de Davos em fevereiro de 2019, a “ diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, alertou(…), após dois anos de sólida expansão, a economia mundial está crescendo mais lentamente do que o esperado e os riscos estão aumentando. ‘Isso significa que há uma recessão global dobrando a esquina? Não. Mas o risco de um declínio mais acentuado no crescimento global certamente aumentou’, ressaltou”. Cf. CORRÊA, Alessandra. O mundo está à beira de uma nova grande crise econômica? BBC News Brasil, 2 / 02 / 2019. Disponível em: https: / / www.bbc.com / portuguese / internacional-46967791. Acesso em 04 / 08 / 2020.
2 “A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas), e aproximadamente 20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório”. Cf. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sobre a doença: o que é a Covid-19. Disponível em: https: / / coronavirus.saude.gov.br / sobre-adoenca. Acesso em 04 / 08 / 2020.
3 FONTENELLE, I. A. O estatuto do consumo na compreensão da lógica e das mutações do capitalismo. Lua Nova, São Paulo, 92: 207-240, 2014, p. 211.
4 Em março de 2020, quando a Itália se tornou o epicentro da pandemia mundial, algumas organizações de esquerda, especialmente, noticiaram a eclosão de greves na indústria automobilística na Itália, especialmente ao norte do país, região mais industrializada, e, portanto, mais afetada pela Covid-19. Conferir em: https: / / www.wsws.org / pt / articles / 2020 / 03 / 17 / ital-m17.html. Acesso em 04 / 08 / 2020.
5 Nos dias 22 e 23 de junho de 2020, o portal G1 trouxe as manchetes de aumento de letalidade provocada por policiais nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, demonstrando, inclusive, a queda das taxas de homicídios na série histórica analisada. Conferir as reportagens em: https: / / g1.globo.com / rj / rio-dejaneiro / noticia / 2020 / 06 / 22 / rj-tem-maior-numero-de-mortes-por-policiais-em-22-anose-o-2o-menor-indice-de-homicidios-ja-registrado-pelo-isp.ghtml e https: / / g1.globo.com / sp / sao-paulo / noticia / 2020 / 06 / 23 / batalhoes-da-grande-sp-matam60percent-mais-em-2020-na-capital-aumento-de-mortes-por-policiais-militareschega-a-44percent.ghtml. Acessos em 04 / 08 / 2020
Jussaramar da Silva – Doutora e Professora da Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora / MG Pesquisadora do Centro de Estudos de História da América Latina e Caribe (CEHAL) da PUC-SP
Vera Lucia Vieira – Doutora e Professora da PUC-SP
SILVA, Jussaramar da; VIEIRA, Vera Lucia. Apresentação. Projeto História, São Paulo, v.68, 2020. Acessar publicação original [DR]
Fronteiras, sertões e território / Projeto História / 2020
O número 69 da Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História, da PUC / SP, traz a público o dossiê “Fronteiras, sertões e território”. Em linha com nosso projeto editorial, interessa-nos abrir espaço para multiplicidade teórica, temática e regional.
Esse número buscou jogar luz para a produção historiográfica acerca do Brasil de dentro, mas também de regiões afastadas dos centros de poder de outros países da América do Sul. Esse número pretende abrir espaço para os estudiosos das zonas interioranas, dos sertões profundos, das fronteiras em seus vários sentidos. Sertão, aqui, não significa apenas o semiárido nordestino, mas sobretudo o interior, variado e múltiplo, áreas culturais, históricas e geográficas cuja historicidade nem sempre tem o devido espaço na historiografia brasileira.
A ampliação dos programas de pós-graduação durante os governos Lula (2002-2010) e Dilma (2010-2016) foi notável, ampliando a produção historiográfica, inclusive em universidades localizadas no interior do país. Apesar da interrupção da expansão e, pior dos ataques a universidade, é preciso reconhecer que uma considerável produção intelectual. Mas é preciso difundir esse conhecimento, nascido, quase sempre o financiamento público.
Pensar as fronteiras, os sertões, os interiores, os territórios sempre em disputas a partir da história reconhece a inevitável interdisciplinaridade, aberto às conexões geográficas, artísticas (da pintura à literatura), geopolíticas (e cartográficas), sociológicas e simbólicas que a temática impõe, temática de nenhum modo presa a recortes temporais fechados.
Não é por outra razão, portanto, que abrimos o dossiê com o artigo Leituras da apropriação territorial europeia na sedimentação de identidades no Brasil, de Jorge Luiz Barcellos da Silva. Nele, o autor buscou identificar de que maneira as diferentes leituras das territorialidades se constituíram em ferramentas auxiliares na sedimentação de identidades no Brasil. Partindo da análise de pinturas de Ekhout e mapas com distintas representações da América portuguesa, Barcellos da Silva demonstra como essas representações do território e de seus habitantes instrumentalizaram a sistematização do processo da posse europeia em diferentes partes do mundo. No caso específico do Brasil, o autor argumenta que foram os fundamentos topológicos que enquadraram os discursos e práticas dando sentido às apropriações territoriais e ao estabelecimento de fronteiras, conferindo novos contornos ao entendimento do que seria o Brasil.
Logo em seguida apresentamos o texto de Gabriel Passetti, intitulado “La cuestión de limites”: intelectuais, diplomatas e a disputa pelas fronteiras entre Argentina e Chile (séculos XIX a XXI). A sensibilidade para temas latino-americanos é um firme compromisso da Projeto História, que não hesitou em nunhum momento em aceitar a proposta. No artigo, o autor coloca em foco as discussões acerca da linha internacional de fronteiras a partir de uma perspectiva comparada e conectada, dando protagonismo às conexões entre intelectuais, diplomatas, políticos e militares. O artigo apresenta o modo como a produção dos intelectuais sobre a questão dos limites entre Argentina e Chile foi levado à esfera pública, culminando na mobilização e construção de rivalidades e tensões internacionais que quase acabou levando os países à guerra em três ocasiões.
O terceiro artigo do dossiê, intitulado Visões sobre o humano: a fronteira-sertão do Brasil meridional (1889-1905), é assinado por Bruno Pereira de Lima Aranha. Neste trabalho, de notável qualidade, o autor se propõe a analisar os relatos das expedições brasileiras destinadas à fronteira com a Argentina entre 1889 e 1905, na atual província de Misiones (Argentina) e regiões sudoeste do Paraná e oeste de Santa Catarina, bem como o Rio Grande do Sul (Brasil). O objetivo é alargar a ideia de fronteira, tradicionalmente pensada a partir de um marco delimitador, inserindo-a em uma concepção baseada na experiência de fronteira móvel, caracterizada por uma borderland, idealizada por viajantes como um sertão a ser ocupado formalmente pelo Estado. O autor destaca as percepções acerca dss populações sertanejas desses espaços, caracterizada por diversas nuances, especialmente pela transnacionalidade do espaço, cuja demarcação, de fato, sequer havia ocorrido.
Na sequência apresentamos o artigo Reflexões sobre uma zona de fronteira no século XVII: a província do Guairá e Sertão dos Carijós, de Dora Shellard Corrêa. Neste trabalho a autora discute as relações de poder e o conhecimento que os europeus detinham sobre fronteiras dos impérios ibéricos localizadas na porção Sul do continente americano. Trata-se de um espaço indígena, localizado no atual estado do Paraná, mas que, na segunda metade do século XVI e primeiras décadas do XVII, configurava parte da província espanhola do Guairá, também conhecida como Sertão dos Carijós pelos portugueses. Seu objetivo é discutir esse movimento das fronteiras europeias na América durante o mercantilismo, destacando que a realidade do conceito de fronteira é muito mais complexa do que a que vem sendo descrita, sobretudo se levarmos em conta uma dinâmica espacial indígena à qual os portugueses e demais europeus que ocuparam a região tiveram que se adaptar.
O quinto artigo deste dossiê intitula-se A ferrovia e a ocupação do sertão paulista: a Companhia Paulista e sua linha tronco oeste, pesquisa de Cristina de Campos e Luciana Massami Inoue. As autoras analisam o papel das ferrovias na estruturação do território paulista durante o século XIX, destacando dois momentos: o primeiro, que seguia o ritmo do avanço do café pelo interior; e o segundo, quando as companhias ferroviárias passaram a antecipar as plantações. É neste segundo momento que o foco das autoras irá se concentrar, em especial no que diz respeito à linha tronco oeste da Companhia Paulista, que teriam constituído uma espécie de modelo de ocupação de sertão, de acordo com o que foi observado nas áreas por onde se constituíram as principais companhias ferroviárias paulistas.
O artigo intitulado A escola “Pluvífera” e as secas no Nordeste do Brasil: o caso do “Gargalheiras” (1877-1959), assinado por Yuri Simonini, Ângela Lúcia Ferreira e Adriano Wagner da Silva, trata da duradoura ressonância que as discussões e críticas feitas pelo Instituto Politécnico sobre as secas de 1877 no Nordeste tiveram no debate sobre a influência climática a partir da construção de grandes reservatórios. Recorrendo aos métodos e a contribuição historiográfica da História Ambiental, os autores utilizaram os relatórios governamentais a fim de detalhar as teorias surgidas no Oitocentos que acabaram por legitimar propostas e edificações de barragens levantadas no século seguinte como foi o caso de Gargalheiras, em Acari, no Rio Grande do Norte.
Em seguida publicamos O Nordeste brasileiro e o Noroeste argentino: o sertão cearense e o chaco seco santiagueño em meio às secas da década de 1930, assinado por Leda Agnes Simões de Melo. Nele a autora se dedica a uma análise comparada das coberturas jornalísticas da forte seca que atingiu o estado do Ceará, no Nordeste brasileiro, e a província de Santiago del Estero, no Noroeste argentino, durante a década de 1930. Os periódicos analisados pela autora foram o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, e El Mundo, de Buenos Aires. Seu principal objetivo é investigar como as construções discursivas da cobertura jornalística de ambos periódicos estavam ligadas ao padrão de sociedade moderna desses territórios no decorrer dos séculos.
O oitavo artigo deste dossiê, escrito por de Juciene Batista Felix Andrade, intitula-se Os sertões em debate: fronteiras, secas e instituições. Nele a autora problematiza o tema das “secas” no Nordeste a partir de uma perspectiva historiográfica, propondo uma breve incursão nos reportórios de memória estabelecidos nos mais distintos suportes documentais. O destaque conferido pela autora à essa diversidade documental e narrativa acerca das “secas” serve para deslocar o olhar dos historiadores dos sertões de um repertório já muito empregado e consagrado, mais ligados à literatura e ao folclore, para outras temáticas, o trabalho, a economia, as técnicas, os corpos, etc. A pesquisa se vale de importante documentação, como os relatórios técnicos, plantas baixas, ofícios, telegramas, jornais, etc. A diversificação da problemática e das fontes contribuem para alargamentos e enriquecimento do que poderíamos chamar de história social dos sertões.
Em seguida apresentamos o artigo “Doutores” do Sertão: Discursos do III Congresso Médico do Brasil Central (1951), de Éder Mendes de Paula. Neste trabalho, o autor analisa os discursos proferidos durante o III Congresso do Brasil Central e V do Triângulo Mineiro, a fim de compreender as relações entre região e nação. Ao perceber a oposição de sentidos que os médicos atribuíam aos conceitos de saúde e doença nos estados do Brasil central em relação aos do litoral, o autor propõe uma reflexão acerca da construção das concepções de saúde e doença. A pesquisa também trata da própria identidade dos médicos, a partir de uma perspectiva sertaneja segundo as abordagens dos próprios participantes do evento em Goiânia no ano de 1951.
O artigo seguinte, escrito em formato ensaístico, intitula-se Memória, escrita de si e identidade nos sertões: ensaio sobre a busca por novas alteridades nas fronteiras, por Evandro Santos. Neste trabalho o autor parte da problematização acerca da dimensão social da produção do conhecimento científico para refletir acerca das possibilidades e limites da escrita da história desde os sertões. No que diz respeito à temática mais específica deste dossiê, o artigo investiga o impacto exclusivamente exterior sobre regiões fronteiriças, como os sertões, apresentando um estudo de caso do sertão do Rio Grande do Norte como resultado de uma pesquisa mais ampla sobre os sertões nordestinos.
O fechamento deste dossiê se dá com o artigo O Brasil sertanejo: a construção do espaço nacional em O sertanejo (1875) de José de Alencar, escrito por Artur Vitor de Araújo Santana e Natanael Duarte de Azevedo. Neste trabalho os autores partem da literatura de José de Alencar, em particular o romance O sertanejo. O objetivo é analisar a construção de um espaço nacional no qual o interior do Brasil é visto como uma paisagem autêntica e o vaqueiro é o principal personagem na formação social do país. Para tanto, Santana e Azevedo recorrem a uma análise mais internalista do romance, buscando caracterizar a geografia física sertaneja e relacioná-la aos debates e concepções da época sobre a nação. O estudo não deixa de abordar a recepção da obra de Alencar nos periódicos do Rio de Janeiro.
Na seção dedicada aos artigos livres, a Projeto História publica O Menino do Gouveia: a história real que inspirou o primeiro conto homoerótico brasileiro de 1914, de Valmir Costa. No artigo, o autor reconstitui o lançamento do primeiro conto homoerótico do Brasil, “O Menino do Gouveia”, lançado em 1914, pela revista erótica O Rio Nu (1898-1916). Pautada em distintos periódicos cariocas da época, a pesquisa revela que o conto é inspirado em fatos reais e que o nome Gouveia acabou por se transformar em gíria e mesmo lenda urbana no Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX. O trabalho de reconstituição das condições de publicação e circulação do conto revela, dentre outros aspectos, os espaços e as opções sócios sexuais para a experiência da homossexualidade masculina na virada do século XIX para o XX.
Já o segundo artigo livre, chamado a A guinada pragmática da linguagem e “a invenção do cotidiano”, de Gerson Luís Trombetta e Fabrício Antônio Antunes Soares, nos apresenta as características gerais da “guinada pragmática da linguagem”, especialmente na filosofia de Ludwig Wittgenstein. Mais que isso, os autores também apontam como as teses centrais dessa “guinada da linguagem” influenciaram a obra de Michel de Certeau, acerca da narrativa historiográfica, postulando que a maneira como se dá o diálogo teórico entre Certeau e Wittgenstein abre perspectivas para a narrativa historiográfica que extrapolam as limitações empiristas.
A Projeto História, interessada em valorizar a produção de jovens pesquisadores, mantém há muitos anos a seção Notícias de Pesquisas, espaço que tem o objetivo de valorizar a produção de pesquisas em andamento. Este volume traz a pesquisa de mestrado de Bruna Carolina de Oliveira Rodrigues, intitulada O embaixador de Hollywood e o cinema brasileiro (1953 – 2000). Nela a autora reconstitui a trajetória de Harry Stone, um lobista dos interesses do cinema estadunidense no Brasil, durante o período em que este viveu no país.
Por fim, o volume 69 da revista se encerra com duas resenhas. A primeira, da pesquisadora Thays Fregolent de Almeida, mais ligada ao dossiê, Fronteiras, sertões e território, trata da obra coletiva Rondon: inventários do Brasil (1900-1930), organizada pelas professoras Lorelai Kury e Magali Romero Sá, em 2017. Já a segunda resenha, em linha com o projeto editorial da revista, comprometido com a pluralidade, abre espaço para a história da escravidão durante o período imperial no Brasil. Em Estado imperial, ordens religiosas, senhores e escravos em um contexto de crise, William de Souza Martins debate a tese de doutorado de Sandra Rita Molina, publicada em livro pela Paco Editorial em 2016.
É parte do esforço editorial da Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em História da PUC / SP criar espaços para que pesquisadores de outras universidades, de diferentes regiões do Brasil, e mesmo outros países, possam contribuir com suas pesquisas.
Esperamos que os leitores apreciem criticamente os trabalhos selecionados, e que eles possam ter recepção fértil, gerar novas pesquisas e outras inquietações.
Alberto Luiz Schneider
José Rogério Beier
SCHNEIDER, Alberto Luiz; BEIER, José Rogério. Apresentação. Projeto História, São Paulo, v.69, 2020. Acessar publicação original [DR]
História da Arte e da Cultura | Unicamp | 2020
A Revista de História da Arte e da Cultura (Campinas, 2020-) é uma publicação vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas e uma iniciativa do Centro de História da Arte e Arqueologia (CHAA), desta universidade. Seu principal objetivo é promover um contínuo desenvolvimento da História da Arte e da Cultura no Brasil, relacionando-as com a produção internacional da área.
A Revista de História da Arte e da Cultura é a continuação natural da Revista de História da Arte e Arqueologia (RHAA), que em seus 24 números, entre 1994 e 2015, tornou-se referência das revistas científicas brasileiras na área, além de ser a primeira a tratar as duas disciplinas de modo correlato. O objetivo da nova RHAC é continuar com excelência o trabalho, adequando-se às novas necessidades e determinações dos padrões internacionais das revistas acadêmicas.
Primeiro a Revista de História da Arte e Arqueologia e agora a Revista de História da Arte e da Cultura são partícipes do crescente interesse na disciplina, que no departamento de História da Universidade Estadual de Campinas cristaliza-se com a área de concentração em História da Arte e suas linhas de pesquisas. Este periódico afirma o compromisso com a área e sua divulgação em um cenário internacional. Sua publicação online garante uma irrestrita visualização a todos os interessados na disciplina.
A RHAC tem por objetivo a publicação e divulgação da produção acadêmica na área de História da Arte e da Cultura. Abrange textos voltados particularmente à reflexão sobre a visualidade, em suas conexões com o campo cultural. A publicação de trabalhos em português, inglês, francês, italiano e espanhol facilita o acesso a leitores brasileiros e estrangeiros. Publica inéditos de especialistas nacionais e estrangeiros nas seguintes modalidades: artigos, resenhas, entrevistas e transcrições de documentos. Propostas para dossiês podem ser encaminhadas para aprovação no conselho.
Periodicidade semestral.
Acesso livre.
ISSN 2675-9829
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Revista Maracanan | Rio de Janeiro, n.15, 2016 / n.25, 2020.
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.25, 2020.
Poderes, trajetórias e administração no Império português (séculos XVI-XVIII)
- O presente dossiê busca promover a produção científica e o debate sobre as relações de poder, as trajetórias e os conflitos entre os diversos agentes régios no Império português entre os séculos XVI e XVIII. As dinâmicas presentes no âmbito das representações políticas, econômicas e socioculturais das instituições administrativas aparecem em diferentes abordagens, perspectivas e sobre objetos diversos. Assim, é possível, reunindo tantas possibilidades de análise, compreender mais e melhor quais os dispositivos que tornavam factível o exercício do mando no campo de aplicação do poder dos agentes metropolitanos e locais na época moderno. |
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Apresentação
- Poderes, trajetórias e administração no Império português (séculos XVI-XVIII) | Rafael Ricarte da Silva, Reinaldo Forte Carvalho | PDF
Dossiê
- Casa, serviço e memória: origens sociais, carreira e estratégias de acrescentamento social dos governadores-gerais do Estado do Brasil (século XVII) | Hugo André Flores Fernades Araújo | PDF
- Império português, poderes locais e a administração do Hospital de São João de Deus da Vila de Cachoeira (Bahia, século XVIII) | Tânia Maria Pinto de Santana | PDF
- A trajetória de Pedro Barbosa Leal e as redes de conquistas no sertão da capitania da Bahia, 1690-1730 | Hélida Santos Conceição | PDF
- Um correio pelo caminho de terra: as comunicações no Estado do Maranhão e Grão-Pará nos princípios do século XVIII | Romulo Valle Salvino | PDF
- A Restauração de Angola e os pedidos de mercês no século XVII | Ingrid Silva de Oliveira Leite | PDF
Entrevistas
- Entrevista com George Felix Cabral de Souza, Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco | Rafael Ricarte da Silva, Reinaldo Forte Carvalho | PDF
- A controversa trajetória de Diogo Inácio de Pina Manique, Intendente-Geral da Polícia da Corte e do Reino. Entrevista com a Profa. Laurinda Abreu (Universidade de Évora) | Thiago Enes | PDF
Notas de Pesquisa
- Administrar a justiça d’El Rei no Reino e no Ultramar: a trajetória do bacharel José Álvares Ferreira (1772-1810) | Wanderlei de Oliveira Menezes | PDF
- Cidades e corpos – Histórias e movimentos | Sheila Hempkemeyer | PDF
- Abelhas ou Zangões: as primeiras normas para o profissional da farmácia do Brasil no início do século XIX | Amanda Peruchi | PDF
Artigos
- Visitando obras historiográficas do Império Lusitano na Oceania: Um recorte da história de Timor-Leste | Hélio José Santos Maia, Urânia Auxiliadora Santos Maia de Oliveira | PDF
- Os artífices do poder: mecanismos de ascensão social em Guarapiranga (MG), 1715-1820 | Débora Cristina Alves | PDF
- No fio da navalha: a questão do tráfico internacional de escravos no Conselho de Estado | Ricardo Bruno da Silva Ferreira | PDF
- Tráfico de escravos e escravidão na trajetória do Barão de Nova Friburgo – século XIX | Rodrigo Marins Marretto | PDF
- O que a cidade de Ipásia tem a nos dizer sobre pixação? Leituras possíveis de As Cidade Invisíveis, de Ítalo Calvino, e São Paulo/SP | Bianca Siqueira Martins Domingos, Fabiana Felix do Amaral e Silva, Valéria Regina Zanetti | PDF
- Imagens em versos e acordes: a representação da cidade de Feira de Santana através do seu hino | Aldo José Morais Silva | PDF
- A cidade “perigosa” e sua instituição “tranquilizadora”: o Recife no contexto da reforma prisional do Oitocentos | Aurélio de Moura Britto | PDF
- Salvador, Rio de Janeiro e o donativo para o casamento da Rainha da Grã-Bretanha e para a Paz de Holanda (1662-1679) | Letícia dos Santos Ferreira | PDF
Resenhas
- COTA JUNIOR, Eustáquio Ornelas. A formação da coleção latino-americana do MoMA: Arte, cultura e política (1931-1943). Jundiaí, SP: Paco, 2019. 236 p. | Igor Lemos Moreira | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.24, 2020.
A cidade e suas imagens
- A definição de “cidade” e “imagem” não é tarefa epistemológica simples e o cruzamento das apreensões já propostas pode levar a um labirinto tão desafiador quanto atraente. São duas coordenadas complexas, cujas relações desenham planos intrincados, exigindo uma abordagem multidisciplinar. Frequentemente, e desde há muito tempo, as urbes vêm sendo tematizadas por diferentes imagens dos registros cartográficos às mídias digitais, passando pelas artes plásticas, fotografia, cinema, TV, vídeo, grafite e pichação – produzindo representações que alargaram as possibilidades de interpretação e produção de sentidos sobre as cidades, vistas em perspectiva histórica. Desse modo, as cidades em ampliação e transformação foram largamente fixadas em imagens cada vez mais várias e complexas, um processo que não ficou de fora do conjunto de interesses dos historiadores. Assim, o encontro entre o urbano e o imagético por meio da análise de uma variedade de cidades, reais e imaginárias, e de imagens dos mais diferentes suportes, está presente nos 18 artigos e na entrevista que compõem a presente edição da Revista Maracanan. |
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Apresentação
- A cidade e suas imagens | Amanda Danelli Costa, Carlos Eduardo Pinto de Pinto, Viviane da Silva Araújo | PDF
Entrevistas
- Explorar visualmente o mundo social: a cidade e suas imagens. Entrevista com Ana Maria Mauad | Amanda Danelli Costa, Carlos Eduardo Pinto de Pinto, Viviane da Silva Araujo | PDF
Dossiê
- De Revert Henry Klumb a Guilherme Antonio dos Santos: O Rio de Janeiro em 100 anos de fotografia estereoscópica (1850-1950) | Maria Isabela Mendonça dos Santos | PDF
- Lugares de memória pública e retóricas da identidade teuto-brasileira no Estado do Paraná (Séc. XX) | Michel Kobelinski | PDF
- A revista O Observador Econômico e Financeiro e as favelas cariocas: fotografia documental e os regimes de representação da pobreza urbana (1942-1953) | Samuel Silva Rodrigues de Oliveira | PDF
- “Como o fotógrafo artista vê os aspectos mais marcantes da cidade”: Fotografia amadora e poder público na construção da imagem de Belo Horizonte em 1953 | Lucas Mendes Menezes | PDF
- Fotografias de Cesar Barreto no contexto do “Rio Olímpico”: transformações espaciais e arquitetônicas na região portuária | Débora Gauziski, Ricardo Ferreira Freitas, Vania Oliveira Fortuna | PDF
- A imagem da cidade: o Centro Comercial de Campo Grande, Rio de Janeiro, no século XXI | Paulo Henrique Araújo Barata | PDF
- Rio de imagens: cultura midiática na Belle Époque | Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo | PDF
- O Rio de Janeiro e a construção do imaginário do Cinema Novo | Wolney Vianna Malafaia | PDF
- Imagens da urbanidade e a cidade-síntese africana na Oréstia, de Pier Paolo Pasolini | Francisco Das Chagas Fernandes Santiago Júnior | PDF
- Do jornal para as telas: do discurso jornalístico à narrativa de memória sobre a guerra da Cidade de Deus | Mauro Amoroso, Gustavo Romano | PDF
- Encontros nas margens: percursos urbanos, corpo e desejo na filmografia de Marcelo Caetano | Fabio Allan Mendes Ramalho | PDF
- Cidade, patrimônio e favela no Rio de Janeiro | Leonardo Perdigão Leite, Pedro Jorge Lo Duca Vasconcellos | PDF
- Fraturas contemporâneas de histórias indígenas em Belém: sobre mármores e grafites | Ivânia dos Santos Neves | PDF
- Nunca sabemos o que esperar das viagens: Performance em trens urbanos e diálogos nos espaços públicos em In_Trânsito com Cia. Marginal | Ana Paula Alves Ribeiro | PDF
Artigos
- Política, história e instituições republicanas no primeiro Quattrocento: a Florença de Leonardo Bruni | Fabrina Magalhães Pinto | PDF
- A construção da “República de Ipanema” no Rio de Janeiro dos anos 1960 | Andréa Cristina de Barros Queiroz | PDF
- As Brasílias dos saraus das periferias: imagens além do cartão postal | Lucía Tennina | PDF
- Da barbárie à memória: imagens urbanas como espaços de resiliência | Hércules da Silva Xavier Ferreira, Luana Campos, Pedro Gustavo Morgado Clerot | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.23, 2020.
História das Propriedades e Direitos de Acesso
- O presente dossiê tem como propósito recuperar um conjunto de questões voltadas para uma temática tão antiga quanto atual. Tomando como fio condutor a história das propriedades e o direito de acesso, pretende-se contemplar uma variedade de trabalhos com recortes regionais e temporais distintos, apresentando perspectivas e análises com ênfase para os séculos XVII-XIX. Desta feita, reúnem-se estudos que pretendem iluminar debates e reflexões acerca da propriedade de forma plural, expressando assim a multiplicidade do campo, sem jamais pretender esgotar as possibilidades de analises. |
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Apresentação
- História das Propriedades e Direitos de Acesso | Marina Monteiro Machado, Carmen Alveal | PDF
Dossiê
- A Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e as patentes de invenção: tecnologia e propriedade no Império do Brasil | Leandro Miranda Malavota | PDF
- Fazendo divisas em terrenos alheios: um estudo preliminar sobre posse, propriedade da terra e conflitos em intendências municipais no Pará entre fins do século XIX e início do XX | Carlos Leandro Esteves | PDF
- Um negociante das “Terras Frias”: uma análise das estratégias de aquisição fundiária do português Antonio José Mendes (Nova Friburgo, 1860-1914) | Gabriel Almeida Frazão | PDF
- A Diretoria da Agricultura sob a chefia de Machado Assis: Os processos de solicitação de compra de propriedade no Amazonas (1887-1889) | Pedro Parga Rodrigues | PDF
- Escravizados, pobres e livres e povos originários na história rural de Mato Grosso: as roças e a antítese da propriedade pelos caminhos e quilombos (séculos XVIII e XIX) | Maria Celma Borges | PDF
- Morgadios coloniais entre a nobilitação e o mercado: Trajetória e patrimônio de Francisco Barreto de Menezes, restaurador do Recife | Ronaldo Vainfas, Márcia Menendes Motta | PDF
Notas de Pesquisa
- A Guerra do Contestado e a Lei de Terras imperial: um estudo de caso da Fazenda Figueiredo (Lages, 1855-1917) | Flávia Paula Darossi | PDF
- Depoimentos
- Os camponeses: notas sobre rastros, indícios e experiências de pesquisa | Paulo Pinheiro Machado | PDF
Entrevistas
- Entrevista com Margarida Sobral Neto, Professora Catedrática de História Moderna da Universidade de Coimbra | Marina Monteiro Machado, Carmen Alveal | PDF
Artigos
- Jurisdição e subordinação: tentativas de provincialização da Igreja no Piauí (1822-1830) | João Vitor Araújo Sales, Marcelo de Sousa Neto | PDF
- Índio do Brasil: um sujeito entre o discurso jurídico e o discurso médico-psiquiátrico | William Vaz Oliveira | PDF
- Eurindia o el organizador sintáctico de los fragmentos de mundo. Una aproximación al concepto de fusión en la obra de Ángel Guido | María Florencia Antequera | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Entre o “milagre econômico” e o “quinquênio de ouro”: análise introdutória dos planos econômicos brasileiro e português (1968-1973) | Monica Piccolo, Werbeth Serejo Belo | PDF
- Experiências sociais rurais e as implicações dos silenciamentos:diálogos entre História e Sociologia | Francivaldo Alves Nunes | PDF
- Sob o riso de Mefisto.História Agrária no Brasil: tragédias e esquecimentos | Marcio Antônio Both da Silva | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.22, 2019.
As vidas abertas da América Latina: escritas (auto)biográficas
- Em uma época marcada pelo retorno ao sujeito, não resulta de coincidência que nas últimas décadas as explorações em torno do “eu” tenham se multiplicado e diversificado, assim como as expressões de tipo (auto)biográfico. Considerando um amplo leque de manifestações, o dossiê em tela busca apresentar alguns exemplos e possibilidades, a partir de uma perspectiva multidisciplinar e que abarque distintas realidades latino-americanas. Convidamos à leitura pesquisadores principalmente da área de história, literatura e ciências sociais, estendendo nosso convite ao público de outras áres e leigo, interessado nos artigos aqui publicados. | Esta edição comemorativa marca os 20 anos da Revista Maracanan (1999-2019) e vai dedicada in memorian à professora Marilene Rosa Nogueira pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. |
Expediente
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Apresentação
- Revista Maracanan: 20 anos | Tania M. T. Bessone da C. Ferreira | PDF
- As vidas abertas da América Latina: escritas (auto)biográficas | Wilton C. L. Silva, Aurelia Valero Pie | PDF
Dossiê
- Sobre el repunte de la biografía a inicios del siglo XXI: Algunas valoraciones teóricas desde el caso mexicano | Rodrigo Terrazas | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- “La realidad tiene el tamaño de la imaginación”: Sobre El bastardo de Carlos María Domínguez | Julia Musitano | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- “Tener mi vida organizada por otros”. Biografía y ficción en “Magnetizado”, de Carlos Busqued | Patricio Miguel Fontana | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Poética da escavação: figurações da memória em Laura Alcoba | Dayane Campos da Cunha Moura, Silvina Liliana Carrizo | PDF
- Memoria individual y colectiva en Viena: una ficción de Andreas Kurz | Mario César Islas Flores | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- A crença no Profeta: uma abordagem crítica das memórias de Samuel Wainer | Mariana Dias Antonio, Marcella Lopes Guimarães | PDF
- A perspectiva interseccional-rizomática nas narrativas (auto)biografias de universitárias | Andrea Abreu Astigarraga | PDF
- Narrativas Locais e Memória Coletiva: estudo de caso de três monumentos da cidade de Vitória da Conquista | Gerlane Bezerra Rodrigues, Juliana Rodrigues Morais | PDF
- Seção Especial
- Biografiar a Beatriz Sarlo | Judith Gabriela Podlubne | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
Notas de Pesquisa
- De la anécdota a la biografía: formas de difusión de las entrevistas realizadas por un historiador colonialista | Mario Alberto Magaña Mancillas | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Alícia Vega: Taller de Cine para Niños nos labirintos do tempo | Verônica Pacheco de Oliveira Azeredo, Marília Sousa Andrade Dias | PDF
- Assim foi meu passado: escrita autobiográfica, histórias e memórias do poeta José Costa Leite | Geovanni Gomes Cabral | PDF
Resenhas
- Os caminhos da biografia: teorias, métodos, experiências e possibilidades | João Muniz Junior | PDF
- A opção intelectual: Mário Pedrosa e a política. | Victor Emmanuel Farias Gomes | PDF
- A participação de Octavio Corrêa na Revolta dos 18 do Forte de Copacabana | Lucas Mateus Vieira de Godoy Stringuetti | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.21, 2019.
Trabalhadores livres e escravizados no Mundo Atlântico
- Os estudos sobre os mundos do trabalho, produzidos no Brasil, têm passado por significativas transformações nos últimos anos. Uma das mais significativas diz respeito às investigações incluírem, a partir principalmente dos anos 2000, os escravizados como parte fundamental da história do trabalho brasileira. Nesse sentido, as pesquisas ressaltaram a importância de questionar a formação da classe trabalhadora no nosso país como sendo composta unicamente por operários livres, homens, brancos, em sua maioria de origem europeia e apontam à necessidade de também serem analisadas as relações entre trabalhadores livres e escravizados, bem como as formas de organização e manifestação destes. |
Expediente
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Apresentação
- Trabalhadores livres e escravizados no Mundo atlântico | Renata Figueiredo Moraes, Paulo Cruz Terra | PDF
Dossiê
- O Serviço doméstico e o mundo do trabalho carioca: uma análise das relações de trabalho de criadas nacionais e estrangeiras na passagem do século XIX para o XX | Natália Batista Peçanha | PDF
- Escola Agrícola da Bahia de São Bento das Lages: experiências na formação de operários agrícolas na Vila de São Francisco do Conde (1850-1890) | Idalina Maria Almeida Freitas | PDF
- A representação escrava em O Jornal do Pilar: a execução de Francisco e a crise do escravismo em Alagoas (1874-1876) | Fábio Francisco de Almeida Castilho | PDF
- Do “mercado imperfeito”: sobre corpos, africanos e médicos no Rio de Janeiro oitocentista | Iamara da Silva Viana, Flávio dos Santos Gomes | PDF
Entrevistas
- Entrevista com a professora Fabiane Popinigis (UFRRJ) | Renata Figueiredo Moraes, Paulo Cruz Terra | PDF
Artigos
- O futebol no Oeste de Minas: os encontros intermunicipais e os sentidos das práticas esportivas em Oliveira (1916-1925) | Daniel Venâncio, Euclides Freitas | PDF
- Oposicionistas, vagas do terço e eleições parlamentares: o caso das disputas para o cargo de deputado federal no Paraná (1915-1918) | Sandro Aramis Richter Gomes | PDF
- Percurso metodológico na catalogação, digitalização e preservação dos livros eclesiásticos da Freguesia de Nossa Senhora da Vitória, Termo de Oeiras-Piauí | Francisco Gleison da Costa Monteiro, Amanda Fernanda Costa Leal | PDF
- Entre linhagem e méritos: notas sobre o conceito de nobreza e as nomeações de capitães generais no final do século XVIII | Nívia Pombo | PDF
Notas de Pesquisa
- Congresso Internacional de História da América (1922): Redes de intelectuais e disciplinarização do conhecimento histórico | José Lúcio Nascimento Júnior | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.20, 2019.
História das Religiões: da construção de uma disciplina aos seus desafios atuais |
Expediente
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Apresentação
- História das Religiões: da construção de uma disciplina aos seus desafios atuais | Bruna Soalheiro, Fernando Torres Londoño | PDF
Dossiê
- Um santo brâmane: a trajetória do oratoriano José Vaz e sua missão em Ceilão | Ana Paula Sena Gomide | PDF
- “E se o frade quiser ser perfeitinho”: instruções para uma conduta exemplar do clero regular português no século XVIII. | Eliane Cristina Deckmann Fleck, Mauro Dillmann | PDF
- O romance missionário-protestante Candida: autoria feminina e relações de gênero na obra de Mary Hoge Wardlaw (séc. XIX-XX) | Sergio Willian de Castro Oliveira Filho | PDF
- Civilizar para colonizar en Urabá (Antioquia, Colombia), 1918-1940 | Carolina María Horta Gaviria | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- A teologia da prosperidade na Igreja Universal do Reino de Deus e a demonização das religiões afro-brasileiras | Marcello Felipe Duarte | PDF
- Por uma Arqueologia dos Candomblés: contribuições da ciência do passado aos estudos dos fenômenos religiosos | Rodrigo Pereira, André Leonardo Chevitarese | PDF
Notas de Pesquisa
- A atividade litúrgico-musical da ermida de Nossa Senhora dos Remédios: Expressão de uma identidade nobiliárquica da cidade de Angra nos séculos XVI e XVII | Luís Henriques | PDF
- O cristianismo na terra dos lamas: mais uma forma de sagrado chega ao Tibete (sec. XVII e XVIII) | Bruna Soalheiro | PDF
- Fragmentos de (auto)imagem: notas sobre o Fundo Yvonne Jean no Arquivo Público no Distrito Federal (1911-1981) | Rafael Pereira da Silva | PDF
Entrevistas
- Entrevista com o Professor Adone Agnolin (USP) | Bruna Soalheiro, Fernando Torres Londoño | PDF
- Entrevista com a Professora Mariza Soares | Carolina Barcellos Ferreira | PDF
Artigos
- A organização dos comunistas na região Sul Fluminense no período pré-golpe civil-militar (Barra Mansa, Volta Redonda, Barra do Piraí e Piraí) | André Rocha Carneiro, Lúcia Maria de Assis | PDF
- Lepra e exílio: a biopolítica da monarquia havaiana no século XIX | André Luiz de Souza Oliveira, Thaddeus Gregory Blanchette | PDF
- Os percursos das Notícias Práticas das Minas de Cuiabá e Goiás na capitania de São Paulo (séculos XVIII – XX) | Maria Aparecida de Menezes Borrego, Jean Gomes de Souza | PDF
- Rendas e Gravatas: moda, identidade e gênero na Imprensa Ilustrada carioca, 1900-1914 | Cláudia Maria de Silva de Oliveira | PDF
- Entre a repressão policial e o saber médico: o controle social da loucura no Espírito Santo entre o fim do século XIX e os anos 1950 | Júlia Freire Perini, Marcelo Durão Rodrigues da Cunha | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.19, 2018.
Nobrezas e Hierarquias sociais, séculos XV-XIX
- O presente dossiê foi concebido com o intuito de reunir estudos sobre o papel da nobreza e das hierarquias sociais de maneira mais ampla. Congrega, portanto, textos que versam sobre as formas como essas hierarquias e o próprio conceito de nobreza eram pensados entre os séculos XV e XIX, bem como análises sobre as estratégias, redes e trajetórias de grupos ou indivíduos na mesma temporalidade. |
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Apresentação
- Nobrezas e hierarquias sociais, séculos XV-XIX | Camila Borges da Silva, Thiago Krause | PDF
Dossiê
- Do Algarve ao Império e à titulação: estratégias de nobilitação na Casa dos Barretos da Quarteira (1383-1599) | Nuno Vila-Santa | PDF
- Vasco de Mascarenhas: nobreza e trajetória de serviços (1626-1640) | Érica Lôpo de Araújo | PDF
- Redes, hierarquia e interdependência social nas relações de compadrio do século XVIII (Viamão, 1747-1769) | Israel Silva Aquino, Fábio Kuhn | PDF
- A trajetória de uma rede familiar no Pará setecentista: O caso da família Góis | Marcia Eliane Alves de Souza e Mello | PDF
- A distância entre a cidade efêmera e a memória das pedras: arquitetura e hierarquia no Rio de Janeiro do período joanino | Carlos Eduardo Pinto de Pinto | PDF
- O espaço da nobreza: hierarquia do poder em Minas Gerais no século XIX | Luiz Fernando Saraiva | PDF
Notas de Pesquisa
- Nobreza ibérica na Alta Idade Moderna: o mérito, a linhagem, os discursos | Marcone Zimmerle Lins Aroucha | PDF
- Nobres e magistrados: uma discussão sobre o conceito de nobreza | Nara Maria de Paula Tinoco | PDF
- Estratégias sociais nas festas de São Sebastião: o exemplo do arrematador José Antônio de Freitas Guimarães no Rio de Janeiro (1795-1810) | Maria Beatriz Gomes Bellens Porto | PDF
Entrevistas
- Entrevista com a Professora Doutora Mafalda Soares da Cunha (Universidade de Évora) | Thiago Krause | PDF
Artigos
- Disputas pela história contemporânea de Portugal: a polêmica político-historiográfica entre José Agostinho de Macedo e Hipólito da Costa | André da Silva Ramos, Valdei Lopes de Araújo | PDF
Resenhas
- Sob o signo da complexidade: trocas interculturais entre França e Brasil | Tania Regina de Luca | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.18, 2018.
Crise na e da História: desafio à escrita e à reflexão crítica |
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Apresentação
- Crise: a exceção que se tornou regra | Beatriz Vieira, Eduardo Ferraz Felippe, Thiago Lima Nicodemo | PDF
- Seção Especial
- A necessária clareza de Antonio Candido | Pedro Meira Monteiro | PDF
Dossiê
- Muito além das virtudes epistêmicas. O historiador público em um mundo não linear | Fernando Nicolazzi | PDF
- Indisciplinando a historiografia: do passado histórico ao passado prático, da crise à crítica | Arthur Lima de Avila | PDF
- A crise da história e a onda pós-estruturalista | Carlos Alvarez Maia | PDF
- Temporalidade e crise: sobre a (im)possibilidade do futuro e da política no Brasil e no mundo contemporâneo | Thamara de Oliveira Rodrigues, Marcelo de Mello Rangel | PDF
- Junho de 2013: crítica e abertura da crise da democracia representativa brasileira | Daniel Pinha Silva | PDF
- A República de Weimar, suas crises e o Nazismo como alternativa | Luís Edmundo de Souza Moraes | PDF
- A Pandorga e a Lei: passado-presente-futuro | Joana D’Arc Fernandes Ferraz | PDF
- Entre as crises e o colapso: cinco notas sobre a falência estrutural do capitalismo | Maurílio Lima Botelho | PDF
- Um museu de grandes novidades: capital fictício, fundo público e a economia política da catástrofe | Javier Blank | PDF
- Dimensão temporal da(s) crise(s) | Dilma Andrade de Paula | PDF
Notas de Pesquisa
- Crise do capital e crise da gestão estatal: a socialdemocracia e o Brasil Potência | Ana Elisa Cruz Corrêa | PDF
- Crise: entre o comum, o sentido, o governo, o motim e a comuna | Frederico Lyra de Carvalho | PDF
Entrevistas
- Escrever a crise: Entrevista com Marcos Siscar | Beatriz Vieira, Eduardo Ferraz Felippe, Thiago Lima Nicodemo | PDF
- A crítica da economia política da barbárie: Entrevista com Marildo Menegat | Beatriz Vieira, Eduardo Ferraz Felippe, Thiago Lima Nicodemo | PDF
Resenhas
- Testemunhos de um mundo partilhado | Alfredo Bronzato da Costa Cruz | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.17, 2017.
Fontes e Métodos na escrita da História: novas perspectivas de abordagens
- Hoje existem inúmeras possibilidades sobre a forma como a fonte pode ser investigada, tratada, ou, como diria Bloch, interrogada. Análise dos discursos, história oral, história comparada, história dos conceitos, história serial e história quantitativa são apenas algumas delas. Métodos e formas que nos abrem um enorme leque de alternativas para o fazer histórico. O presente dossiê tem como propósito contar um pouco dessa história, reunindo de forma plural uma variedade de fontes e métodos utilizados pelos autores para a elaboração de seus artigos. |
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Apresentação
- Fontes e Métodos na escrita da História: novas perspectivas de abordagens | Ana Carolina Delmas, Marina Monteiro Machado, Isadora Tavares Maleval | PDF
Dossiê
- A estranha vida dos objetos: Os alcances e limites de uma historiografia da ciência a partir dos instrumentos científicos. | Janaina Lacerda Furtado | PDF
- As Listas Nominativas de habitantes como fontes para a história dos preços, 1798-1810 | Tiago Luís Gil | PDF
- Retrato, biografia e conhecimento histórico no Brasil oitocentista | Paulo Roberto Jesus Menezes | PDF
- Uma lágrima sobre a cicatriz: o desmonte da universidade pública como desafio à reflexão histórica (
- UERJresiste) | Francisco Gouvea de Sousa, Géssica Guimarães, Thiago Lima Nicodemo | PDF
- “Entre os artistas amigos o momento bom de ternura é o aparecimento de obra nova”: O exercício da crítica literária na correspondência de Luís da Câmara Cascudo e Mário de Andrade (1924-1928) | Giuseppe Roncalli Ponce Leon Oliveira, Marinalva Vilar de Lima, José Machado da Nóbrega | PDF
- A Lei de Terras de 1850 e os Relatórios do Ministério da Agricultura entre 1873-1889 | Pedro Parga Rodrigues | PDF
- Narrativas orais como fontes para uma compreensão histórica da experiência vivida | Robério Americo do Carmo Souza | PDF
Entrevistas
- Os arquivos públicos e o acesso à informação: Entrevista com Jaime Antunes | Ana Carolina Delmas, Luiz Fabiano de Freitas Tavares, Claudio Miranda Correa | PDF
- Traduções
- “A escrita da história: Entre literatura, memória e justiça”. Tradução de Beatriz de Moraes Viera e Renata Duarte | Enzo Traverso | PDF
Artigos
- Uma República luso-brasileira das letras: amizade e socialização intelectual entre Eduardo Prado, Ramalho Ortigão e Eça de Queirós no final do século XIX | Rodrigo Perez Oliveira | PDF
Notas de Pesquisa
- A Colônia Juliano Moreira e seus homens “desviantes” (1930-1945) | Anna Beatriz de Sá Almeida, Ana Carolina de Azevedo Guedes, Renata Lopes Marinho de Almeida, Aléxia Iduíno Duarte de Melo | PDF
- Considerações sobre o contato entre línguas e mudança linguística. Repensando o bilingualismo sumério-acádio no terceiro e segundo milénio a. C. | Rodrigo Cabrera | PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Recopilación Historial / Historia de Santa Marta: notícias de uma ficção política | Thiago Bastos de Souza | PDF
- Depoimentos
- Um INCT em construção: Proprietas (História Social das Propriedades e Direitos de acesso) | Márcia Motta | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.16, 2017.
A Cultura Escrita em Perspectiva
- Reunimos neste dossiê artigos que versem sobre a cultura escrita nas suas mais diversificadas manifestações. Os trabalhos em temporalidades e contextos distintos atendem para as diferentes manifestações da cultura escrita, seja focando em manuscritos (panfletos, cartas, diários) ou impressos (periódicos, livros, memórias) e etc. O objetivo é agregar pesquisas concluídas e em desenvolvimento nos programas de pós-graduação, com atenção para as correlações entre a cultura escrita, a política, a cultura e a economia, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos. |
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Apresentação
- Cultura Escrita – Conhecimento e Poder: duas faces da mesma moeda? | Monique de Siqueira Gonçalves, Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira | PDF
Dossiê
- Tempo dos Filipes no Brasil colonial: enfoques historiográficos, possibilidades de investigação | Ronaldo Vainfas | PDF
- Cultura escrita e projetos coloniais: “A Descrição da Patagônia” de Thomas Falkner | Maria Cristina Bohn Martins | PDF
- O relato como vingança: as memórias de Stanislaw Szmajzner | Felipe Cittolin Abal | PDF
- “Autobiografias” de Angola: algumas considerações acerca de um gênero | Madalina Elena Florescu | PDF
- Memórias de um pornógrafo: a revista Hustler, a liberdade de expressão e a política nos Estados Unidos (1970–1980) | Alexandre Guilherme da Cruz Alves Junior | PDF
- O dispositivo da cultura escrita na constituição do sujeito infantil moderno: evidências em impressos portugueses (finais do século XVII e século XVIII) | Fernando Cezar Ripe, Giana Lange Do Amaral | PDF
- Romantismo Nos Trópicos: Motivos Literários No Brasil Oitocentista | Antônio Sérgio Pontes Aguiar, Ruben Maciel Franklin | PDF
Artigos
- Demarcações de limites e circulações nas fronteiras da Amazônia ibérica (c.1780-c.1790) | Carlos Augusto Bastos | PDF
- Entre passado e futuro: pessimismo e ruína em Retrato do Brasil de Paulo Prado | Henrique Pinheiro Costa Gaio | PDF
- A Ascensão da Extrema-direita na França | Gustavo Granado | PDF
Notas de Pesquisa
- Uma nação fundada com lágrimas: uma análise da retórica nas cerimônias fúnebres do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1839-1848) | Raphael Silva Fagundes | PDF
- Pierrot, entre risos e zombarias: notas sobre a tendência coloquial-irônica das experiências estéticas simbolistas | Mariana Albuquerque Gomes | PDF
Resenhas
- A guerra vista de longe: o Baixo Alentejo e a Restauração | Luiz Felipe Vieira Ferrão | PDF
- Censores em ação: como os estados influenciaram a literatura | Fabiano Cataldo de Azevedo | PDF
Revista Maracanan. Rio de Janeiro, n.15, 2016.
O Setecentos luso e hispânico nas Américas: perspectivas e aproximações.
- Nas últimas três décadas, aproximadamente, o volume da produção historiográfica sobre a expansão ibérica e a formação de impérios ultramarinos expressa o interesse renovado de pesquisadores brasileiros e estrangeiros pela colonização portuguesa e hispânica nas Américas. Temas como definição de políticas coloniais pelas Coroas ibéricas, administração, trajetórias governativas, formas de representação dos poderes locais, fronteiras, fomento econômico, mantêm aceso o debate acadêmico. Para o dossiê a ser publicado neste número, estão reunidos colaborações que individualizem, comparem ou estabeleçam pontos de contato entre as experiências de colonização lusa e hispânica nas Américas, no século XVIII. |
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Apresentação
- O Setecentos luso e hispânico nas Américas: perspectivas e aproximações. | Fabiano Vilaça dos Santos, Nívia Pombo, Marieta Pinheiro de Carvalho | PDF
Dossiê
- Governos do ultramar ibérico: algumas comparações entre o Estado do Brasil e o Vice-Reino da Nova Espanha | Francisco Carlos Cosentino | PDF
- Emaranhadas comarcas: jurisdição, delimitações e avaliações dos magistrados régios na capitania de Pernambuco e suas anexas (1789-1821) | Antonio Filipe Pereira Caetano | PDF
- A atuação pombalina na América portuguesa: impactos e transformações na segunda metade dos Setecentos | Mônica da Silva Ribeiro | PDF
- A estrutura militar do Império ultramarino português: O norte e o centro-sul da América numa perspectiva comparada | Christiane Figueiredo Pagano de Mello | PDF
- Ler o céu para dimensionar o espaço: demarcações de fronteiras na Amazônia em fins do século XVIII | Simei Maria de Souza Torres | PDF
- Produção, comércio e mediação política a serviço da catequese: os colégios e as fazendas da Companhia de Jesus no Rio de Janeiro e em Córdoba (séc. XVIII) | Marcia Amantino, Eliane Cristina Deckmann Fleck | PDF
- Não somente indígenas como também africanos: uma introdução à demografia do Estado do Grão-Pará e Rio Negro (1778-1823) | Marcia Eliane Alves de Souza e Mello, Daniel Souza Barroso | PDF
- A construção do homem americano no século XVIII: viagens, teorias e o inventário da humanidade do Novo Mundo | Bruno Silva | PDF
- O legado científico na sustentação do Império português: a Real Academia Militar do Rio de Janeiro | Juliana Gesuelli Meirelles | PDF
- Depoimentos
- A prática do método comparativo: Américas portuguesa e hispânica | Ronald Raminelli | PDF
- Território e ocupação na Amazônia joanina (1707-1750): percursos historiográficos do século XXI | Rafael Chambouleyron | PDF
Resenhas
- Universo Mestiço: resenha de Mestiço: Entre o mito, a utopia e a História – Reflexões sobre a mestiçagem | Francisca Nogueira de Azevedo | PDF
Artigos
- Trilhas lusitanas pelo Rio da Prata: redes mercantis e tramas sociais na Buenos Aires colonial (século XVII) | Rodrigo Ceballos | PDF
- “A tirania da moda”: roupas, comércio e consumo no Rio de Janeiro do século XIX | Joana de Moares Monteleone | PDF
- O objeto artístico e o contexto histórico: a retórica de Inserções em Circuitos Ideológicos – Projeto Coca-Cola, de Cildo Meireles | Fernando Aparecido Ferreira, Fabíola Gonçalves Giraldi | PDF
Notas de Pesquisa
- A revolta liberal de 1842 em um município do Vale do Paraíba Fluminense – Barra Mansa | André Rocha Carneiro | PDF
- Infidelidade feminina nas caricaturas de Belmonte: representações de gêneros nos anos 1920 | Marissa Gorberg | PDF
Shifting the Meaning of Democracy: Race, Politics/and Culture in the United States and Brazil | Jessica Lynn Graham
A atual ascensão da extrema-direita mostra contornos verdadeiramente globais. Com maior ou menor intensidade, ocorre em todos os continentes e ganha corpo em países de trajetórias históricas as mais distintas. Dada a natureza dos problemas que ele coloca às democracias mundo afora, o fenômeno tem tornado lugar-comum a comparação da presente conjuntura com o período de gestação do fascismo e do nazismo na Europa. A profunda recessão econômica, já esperada como decorrência da pandemia de coronavírus, que grassa o mundo no momento mesmo em que escrevo estas linhas, faz com a Crise de 1929 uma comparação cada vez mais atraente. Leia Mais
Planos de Saúde e Dominância Financeira – SESTELO (TES)
SESTELO, José A. F.. Planos de Saúde e Dominância Financeira. Salvador: EDUFBA, 2018. 397p. Resenha de: ANDRIETTA, Lucas Salvador. Planos de saúde: protagonistas da acumulação de capital na saúde brasileira. Revista Trabalho, Educação e Saúde, v.18, n.1, Rio de Janeiro, 2020.
As lacunas que se pode apontar no livro de Sestelo são consequência de seus próprios méritos: a ambição de seus objetivos e o rigor de sua execução. Trata-se de um trabalho inconcluso, em muitos sentidos, embora não menos interessante.
Fruto de uma abordagem exploratória, o livro acrescenta peças importantes a discussões em andamento. Não hesita em enfrentar debates teóricos controversos e não ignora que trata de uma matéria em movimento. Ao fazê-lo, contribui enormemente para colocar algumas questões em outro patamar. Nesse sentido, as perguntas que deixa em aberto são mais valiosas que suas conclusões.
Como resultado, o autor nos oferece um extenso mosaico, tanto teórico quanto empírico, embora sua obra deixe suspensa no leitor a expectativa por uma síntese.
Sestelo nos apresenta uma tese bastante atual. Dedica-se a compreender como os traços mais marcantes do capitalismo contemporâneo se expressam na atuação das empresas de planos de saúde no Brasil. Suas conclusões são inequívocas: os aspectos fundamentais daquilo que se convencionou chamar de financeirização se manifestam cada vez mais intensamente na saúde brasileira.
O livro vem somar-se à tradição de trabalhos que buscaram problematizar e compreender a convivência incômoda entre a lógica sanitária e a lógica empresarial. Esta herança está evidenciada ao longo de todo o texto, seja no diálogo crítico que faz com essa literatura, seja de forma implícita nas inquietações que perpassam o trabalho.
Contudo, não se restringe ao tributo monótono às referências do passado. Embora mostre como o empresariamento da saúde é um processo com décadas de continuidade, Sestelo enfatiza a todo momento a importância de compreendermos suas novidades históricas. Nesse sentido, contribui para um esforço atual – e coletivo – de abordar o papel de grandes grupos econômicos dentro do sistema de saúde brasileiro.
Para isso, explora a trajetória de seu objeto, os planos de saúde, revelando seus contrastes e transformações. Recupera o passado de arranjos comerciais incipientes, empresas familiares de pequeno alcance e esquemas que, mesmo quando atingiam maior escala, permaneciam geridos de forma simplória.
Mas não o faz senão para evidenciar as características das empresas que hoje dominam o setor. Entes que atuam em escalas muito mais elevadas, em mercados de concorrência mais acirrada; que profissionalizam sua gestão; que despertam o interesse do capital nacional e estrangeiro, promovendo operações financeiras de grande magnitude; e que transitam por diversas atividades econômicas, – não apenas na saúde.
Algumas escolhas teóricas e metodológicas feitas pelo autor merecem a atenção especial da comunidade acadêmica que se situa na fronteira entre a Saúde Coletiva e as Humanidades. O livro aponta para algumas questões comuns a todos nós. Ainda que sem resolvê-las todas, tem o mérito de limpar o terreno de pistas falsas e concepções equivocadas que tanto influenciam o senso comum e, também, o trabalho de especialistas. Destacamos algumas dessas escolhas.
Em primeiro lugar, o autor rejeita a visão do mercado de planos de saúde no Brasil como algo ‘natural’, ou seja, uma necessidade inexorável induzida pela demanda espontânea da população. Nesse sentido, resgata a tradição da Economia Política ao buscar compreender o real papel das operadoras dentro do sistema, sobretudo o esforço permanente que realizam para criar, recriar e ampliar seus espaços de atuação e suas condições de acumulação de capital.
Em segundo lugar, o autor se afasta de interpretações binárias e estanques sobre as noções de ‘público’ e ‘privado’ que permeiam o sistema de saúde (cap. 1). Nesse sentido, enfrenta um problema crucial: como apreender corretamente as inúmeras articulações, sobreposições, contradições e fluxos entre os distintos componentes do sistema de saúde? Como fazê-lo sem perder uma perspectiva sistêmica? Sem restringir-se à mera apreciação de mixes público-privados, como um enólogo que comenta uma carta de vinhos?
Em terceiro lugar, o autor demonstra cuidado no tratamento do conceito de financeirização, que tantas acepções distintas recebe na literatura (cap. 2). Sem entrar aqui nos pormenores relacionados ao termo ‘dominância financeira’, o trabalho acerta ao enquadrar sua análise empírica das empresas como entidades integrantes do padrão de acumulação que caracteriza o capitalismo contemporâneo.
Para isso, apoia-se numa definição de ‘capital financeiro’ que nos parece a mais apropriada. O autor se distancia daqueles que insistem em separar o que é inseparável. Que insistem em tratar como diferentes e antagônicos os interesses do ‘capital produtivo’ e do ‘capital rentista’. Pelo contrário, encara o capital financeiro precisamente como a fusão das formas parciais do capital. Como nos lembra Eleutério Prado: “ambos têm de ser compreendidos como momentos da totalidade social constituída pelo próprio capital” (Prado, 2014, p. 21).
Dessa forma, Sestelo consegue escapar de armadilhas recorrentes e enquadrar melhor seu objeto. O leitor não encontrará em seu trabalho uma ‘esfera das finanças’ descolada e independente da ‘economia real’. Não encontrará também empresas não financeiras passivas diante de um processo que lhes subverte as ‘virtudes’.
O que o leitor encontrará é um esforço de compreender como as empresas de planos de saúde expressam a lógica geral do sistema e a ela se integram. Em outras palavras, como esta lógica se difunde de forma cada vez mais intensa sobre domínios como a intermediação assistencial.
No caso específico da saúde, não se trata de dizer que os esquemas de comércio de planos e seguros são uma novidade recente. Mas sim de mostrar como o processo vivido pelo setor, sobretudo nas últimas duas décadas, aprofunda tendências que antes eram incipientes. Especialmente, como algumas empresas relativamente irrelevantes se transformaram em grandes grupos econômicos multissetoriais, multifuncionais e transnacionais, capazes de impor sua agenda sobre inúmeros assuntos de interesse público no campo da saúde.
Além do esforço de articular diferentes temas num referencial teórico consistente, o livro recorre a uma extensa pesquisa documental (cap. 3). O resultado é um quadro rico de informações sobre a trajetória das maiores empresas de planos de saúde brasileiras.
Mais que o mero interesse nas transformações e pormenores do mundo corporativo, Sestelo sugere, durante todo o texto, possíveis desdobramentos de seus achados e reflexões, deixando em aberto uma agenda de pesquisa ampla.
Sobressai a conclusão de que as empresas de plano de saúde ocupam, cada vez mais, um papel central dentro do ‘complexo econômico-industrial da saúde’:
Não há dúvida de que o esquema de intermediação assistencial ocupa um lugar estratégico nessa constelação. O lugar da intermediação permite múltiplas interfaces de relacionamento comercial e fundamentalmente detém o poder discricionário de gestão financeira sobre os valores pagos a título de contraprestação pecuniária pelos trabalhadores/clientes, seja na forma de pré-pagamento ou pós-pagamento (p. 360).
Esta constatação se desdobra em muitas questões atuais, algumas delas enunciadas pelo próprio autor.
Contribui, por exemplo, para elucidar a grande capacidade dos planos de saúde de manterem seu desempenho durante as oscilações econômicas que afetaram a economia brasileira nos últimos anos. Não apenas pelo seu poder de mercado diante de clientes, fornecedores e prestadores, mas também pela facilidade com que obtêm benesses do setor público, seja do ponto de vista tributário, seja da regulação de suas práticas. Este tema excede a problemática específica das empresas, sobretudo num país com grandes desigualdades em saúde, que essas tendências parecem estar aprofundando.
Outros campos de pesquisas recentes podem se beneficiar do trabalho de Sestelo, embora não façam parte do escopo da obra. Vale a pena mencionar dois deles.
Primeiro, o papel que os planos e seguros ocupam hoje no sistema de saúde faz com que sejam protagonistas nas transformações observadas no mundo do trabalho dos profissionais de saúde. As novas formas de contratação, as mudanças nas condições de trabalho, as relações de trabalho que fogem à legislação ou que foram remodeladas pela recente reforma trabalhista.
Igualmente, é preciso sempre lembrar que o mercado de planos de saúde brasileiro é constituído por uma grande maioria de planos coletivos empresariais vinculados a contratos formais de trabalho. Tem, portanto, uma relação íntima com a dinâmica do mercado de trabalho em geral. E os planos de saúde, embora de forma ainda indefinida, terão de reagir às tendências futuras do mundo do trabalho brasileiro.
Segundo, o livro corretamente menciona o Sistema Único de Saúde (SUS) no sentido de explicar como as acepções sobre a articulação público/privada abriram espaço para a conformação de um mercado hipertrofiado de saúde suplementar no Brasil. Contudo, o trabalho não aprofunda a discussão sobre o espaço que o SUS e o orçamento da saúde ocupam nas estratégias atuais dos planos de saúde. Este passo adicional contribuiria muito, empiricamente, para as pesquisas dedicadas a entender os processos de mercantilização e privatização que afetam as políticas públicas, não apenas na saúde.
Esses caminhos abertos por Sestelo ajudam a alargar uma agenda de investigações sobre as empresas que atuam na saúde brasileira. Seus apontamentos deixam claro que essas pesquisas não ficam limitadas aos fenômenos que interessam aos clientes de planos privados – cerca de 1/4 da população brasileira –, mas interferem nas questões relativas a todo o sistema de saúde.
Pelas razões expostas acima, o livro Planos de saúde e dominância financeira é muito bem-vindo ao acervo da Saúde Coletiva, assim como despertará o interesse daquelas pessoas situadas nas suas fronteiras com outras áreas do conhecimento.
Referências
PRADO , Eleutério . Exame Crítico da Financeirização . Crítica Marxista , n. 39 , p. 13 – 34 , 2014 . [ Links ]
Lucas Salvador Andrietta – Universidade de São Paulo , Faculdade de Medicina e Grupo de Pesquisa e Documentação sobre o Empresariamento da Saúde . Campinas , SP , Brasil . E-mail: lucasandrietta@gmail.com
(P)
Entre controvérsia e hegemonia: os transgênicos na Argentina e no Brasil – MOTTA (TES)
MOTTA, Renata. Entre controvérsia e hegemonia: os transgênicos na Argentina e no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2018. 260p. Resenha de: ALMEIDA, Vicente Eduardo Soares de; FRIEDRICH, Karen. Lavouras transgênicas: ciência, liberdades civis e Estado de Direito em risco. Revista Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.18, n.1, 2020.
Descortinar os caminhos que explicitam a controvérsia e a construção da hegemonia no contexto da implantação de culturas transgênicas na Argentina e Brasil é o objeto de análise do instigante estudo “Entre controvérsia e Hegemonia: os transgênicos na Argentina e no Brasil” de autoria de Renata Motta. A obra lança mão de instrumentos metodológicos que nos permitem aprofundar ao nível mais explícito possível, evidenciando não apenas seu contexto macro político e social, mas as estratégias adotadas por atores sociais preponderantes nessa trama.
Sob o construto conceitual da bio-hegemonia, a autora disseca o modus operandi de uma renovada aliança das elites ruralistas envolvendo o poder material, institucional e discursivo de grandes corporações, decisores políticos, elites agrárias e especialistas, para os quais a fome é apenas uma “oportunidade” manipulável por grandes corporações da indústria agrobioquímica. Aponta ainda que essa elite busca não só fazer prevalecer sua narrativa mas, especialmente, construir um consenso de que seus interesses na promoção dos organismos geneticamente modificados refletem os interesses da sociedade, embora falsos axiomas como a diminuição do uso de agrotóxicos e o aumento da produtividade agrícola venham sendo refutados em estudos com dados do Brasil e de outros países ( Benbrook, 2016 ; Almeida et al, 2017).
A busca por esse “consenso” passa por estratégias de supressão das liberdades democráticas dos movimentos de resistência, incluindo a criminalização de movimentos sociais camponeses e o silenciamento de cientistas dissidentes.
Neste contexto, a autora nos apresenta uma reflexão de que o sistema político bio-hegemônico não suporta a dissidência nem a existência de pesquisas continuadas sobre os impactos ambientais e na saúde dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Que a tendência cada vez maior no sentido de cientifização da política e a politização da ciência tem sido alvo de diversos estudiosos sobre controvérsias relativas aos transgênicos, considerando os debates da mídia e as consultas públicas patrocinadas por governos.
Com um caminho teórico que combinou análise macrossociológica com foco no ator social com os níveis meso e macrossociológico, a autora lançou mão de categorias analíticas tais como: 1. Quem são os ativistas (suas bases sociais e organizacionais e suas identidades coletivas); 2. Como os movimentos agem (suas estratégias ou repertórios de ação); 3. Quais significados eles associam aos transgênicos (os problemas encontrados e os enquadramentos discursivos); 4. Quais são os resultados e 5. Quais são as estruturas de oportunidades e as ameaças que enfrentam.
O discurso e a agenda dos movimentos de resistência ao modelo bio-hegemônico, combinaram as temáticas ambientais, direitos humanos e direito a informação, trazendo um novo e fortalecido fronte de batalha com ideias associadas ao “interesse público, participação, transparência e responsabilidade pública, em oposição às práticas descritas como portas fechadas, ilegalidade e percepção de ilegitimidade” (p. 164). No entanto, como demonstra a autora, essa expressiva atuação dos movimentos sociais de resistência aos transgênicos no Brasil, não foi observada na mesma intensidade na Argentina.
Uma contribuição fundamental do livro trata da reflexão sobre as contradições existentes na condução do Estado Brasileiro por governos progressistas e suas decisões no sentido de consolidação dos interesses hegemônicos baseado numa política de conciliação de classes, equivocadamente vista pelos movimentos sociais como uma expressão de um “governo em disputa” (p. 157). As políticas de não enfrentamento de classe no campo agrário e na lógica econômica do assim chamado “agronegócio”, eram seguidas de táticas compensatórias e não estruturantes que, além de permitirem um avanço do modelo hegemônico, lastreavam uma série de programas sociais que “amorteciam” as bases sociais desses movimentos, impedindo-os de “radicalizar” suas pautas de reivindicação.
A formalização da aliança PT/PMDB, ainda no segundo mandato do governo Lula, culminando com a ocupação de vários quadros ruralistas da base do PMDB no governo, foi o sinal dado à sociedade de que as políticas para o modelo de desenvolvimento agrário seguiriam os interesses da chamada “governabilidade”, subordinando os temas ambientais, agrários e até mesmo de direitos humanos, ao crivo dessa aliança. E se, por um lado, o esforço econômico era de reduzir desigualdades por meio de transferência de renda do Estado, por outro, a concentração da terra se manteve intacta, e o poder político e econômico da elite agrária, com o boom dos preços das commodities e o amparo Estatal, foi enormemente ampliado.
O racha na bancada no Partido dos Trabalhadores – PT quanto à liberação dos transgênicos foi um outro golpe profundo na Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos, o que acabou por fragilizar o movimento, além das políticas de cooptação e amortização social.
Assim, a biotecnologia foi, neste período de governos progressistas, a “pedra de toque” para penetração do capital na agricultura, onde a ação negligente sobre a regulação das normas de investigação e monitoramento dos impactos ambientais e à saúde na população contaram mais do que seus alegados atributos tecnológicos, ou mesmo das garantias legais de uma lei de direitos de propriedade intelectual sobre as sementes. E os governos têm sido, via de regra, permissivos ao projeto bio-hegemônico, com o estabelecimento de padrões questionáveis de proteção à saúde e ambiente, alvos de crítica e alerta de cientistas em todo o mundo. No Brasil, a regulação dos transgênicos cabe a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBIO), instância colegiada multidisciplinar, instituída em 2005 pela lei 11.105 de 24 de março. A atuação da Comissão é repleta de fragilidades técnicas e conflitos de interesse como exposto em uma carta denúncia de ex-membro da Comissão ( Torres, 2018 ).
O efeito discursivo e midiático das grandes corporações não foi suficiente para suplantar os obstáculos da resistência à implantação dos transgênicos no Brasil, o que reforçou suas táticas diretas de violência contra ativistas, com assassinatos, perseguições e criminalizações praticados por diversos setores integrantes dessa rede biotecnológica; cassando os direitos civis e políticos de seus adversários. Segundo a autora, o ato de violência contra um ativista defensor dos direitos humanos é um ato exemplar para demonstrar que o ativismo político e a mobilização não serão tolerados. Em sua essência, o livro nos traz a compreensão de que o regime agroalimentar bio-hegemônico é, portanto, um regime politicamente autoritário e repressivo, incapaz de reconhecer dissidências e tolerar o exercício pleno da democracia nas suas dimensões mais fundamentais da dignidade humana como o direito à informação e a alimentação e ao ambiente saudável.
Em tempos de restrição democrática em que vive o Brasil, ainda mais notórios são os interesses que justificam a aliança ruralista no atual governo, por sua natureza fascista e refratária aos direitos civis e ao ativismo social e ambiental. Daí a importância estratégica desse livro que busca, na investigação do tema, apreender a dinâmica dos conflitos existentes de forma tão honesta e profunda, que, claro, não esgotam os esforços de entendimento e superação das limitações da organização social em busca da soberania alimentar e do exercício da cidadania.
Assim, um roteiro categórico sobre a agenda de pesquisas que possam investigar as oportunidades de transformação dessa realidade, a partir do referencial dos movimentos sociais, são elencados pela autora, tais como: 1. A existência de uma democracia participativa; 2. A independência e pluralidade dos meios de comunicação; 3. A efetiva independência de divisão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; 4. A existência de políticas e ações concretas contra a violência e a criminalização a ativistas e aos pobres do campo e lideranças rurais; 5. Proteção contra o clientelismo e a cooptação política.
Em breve análise desses indicadores, vimos que o conjunto da obra das políticas e decisões do atual governo versam em sentido contrário as oportunidades de transformação citadas acima. A desconstituição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar – CONSEA é um dos exemplos mais evidentes dessa política de destruição da democracia participativa, que avança assustadoramente em vários setores da vida política do país. Ou ainda o alinhamento dos meios de comunicação, centralizado e guiado por uma política anti-pluralista e anti-cidadã, focada na cobertura de agendas políticas ditadas pela elite financista e empresarial, como a reforma trabalhista e previdenciária. A desconstrução dos espaços de controle social e as tentativas de negação e revisionismo histórico da política de tortura e perseguição dos dissidentes como ocorrido na ditadura militar, são fatos preocupantes que apontam para uma realidade de reforço do modelo hegemônico. Mas mesmo num contexto tão desfavorável, a conclusão do estudo inspira a necessidade de lutar, pois o direito é resultado de um construto social dinâmico, e não um resultado automático dos marcos legais eventualmente e efemeramente civilizatório. Em suma, mesmo que as controvérsias não resultem em mudanças concretas na correlação de forças, estas são necessárias para a construção de um novo tempo e manter acesa a chama de uma sociedade verdadeiramente justa, democrática e plural.
Referências
ALMEIDA , Vicente E. S. et al . Use of Genetically Modified Crops and Pesticides in Brazil: Growing Hazards . Ciencia e Saúde Coletiva , Rio de Janeiro , v. 22 , n. 10 , out . 2017 . [ Links ]
BENBROOK , Charles M . Trends in glyphosate herbicide use in the United States and globally . Environmental Sciences Europe , v. 28 , n. 3 , p. 1 – 15 , 2016 . [ Links ]
TORRES , Raquel . Carta de Antonio Andrioli sobre CTNBio . Outra Saúde , São Paulo . 22 abr . 2018 . Disponível em: https://outraspalavras.net/outrasaude/carta-de-antonio-andrioli-sobre-ctnbio/ . Acesso em: 21 jul. 2019 . [ Links ]
Vicente Eduardo Soares de Almeida1 Universidade de Brasília , Brasília , DF , Brasil.
Karen Friedrich2 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca , Rio de Janeiro , RJ , Brasil. Email: karenfriedrich@hotmail.com
(P)
Escola “sem” Partido – Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira – FRIGOTTO (TES)
FRIGOTTO, Gaudêncio (Orgs.). Escola “sem” Partido – Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, LPP, 2017. 144p. Resenha de: HANDFAS, Anita. Por uma escola pública, democrática, reflexiva e plena de conhecimentos. Revista Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.18 n.2, 2020.
Resistência ao autoritarismo; gênese e significado; educação; redes políticas; criminalização do trabalho pedagógico; avanço do irracionalismo; democracia; reestruturação curricular – esses são apenas alguns dos aspectos do proclamado movimento Escola sem Partido, tematizado ao longo da coletânea organizada por Gaudêncio Frigotto. Fruto de investigações minuciosas realizadas por dezenove pesquisadores, seu objetivo é mapear os principais aspectos do Escola sem Partido, cujas primeiras manifestações surgiram em 2004, ganhando fôlego desde então e deixando rastros cada vez mais marcantes no contexto atual de avanço do obscurantismo no Brasil.
O livro é uma obra de compreensão sociológica acerca das conexões entre educação e autoritarismo. A coletânea é composta por nove capítulos. O eixo condutor que atravessa o livro é traçado pelos princípios da escola pública, democrática e laica, em diálogo crítico com os preceitos do Escola sem Partido, como já aponta o subtítulo. Ou seja, nesse livro há um terreno comum por onde percorrem os autores, em defesa de uma escola que promova o conhecimento científico, a reflexão e o debate, princípios a partir dos quais, os capítulos buscam oferecer ao leitor um diagnóstico rigoroso do referido movimento.
Nessa direção, o livro demonstra com clareza de dados e informações que, a despeito da propalada liberdade, o Escola sem Partido constrange o professor, sufoca o trabalho pedagógico e encoraja práticas de denuncismo entre os sujeitos que convivem no espaço escolar.
Para dar conta da diversidade de olhares contemplados na coletânea, o organizador mobilizou um conjunto de temas tratados nos capítulos que lograram, por um lado, focar em características específicas do movimento e, por outro, constituir um todo do fenômeno investigado, elucidando as questões centrais sobre o que vem a ser esse movimento, assim como os impactos sobre a educação, a escola e o trabalho docente.
O livro inicia com uma apresentação de Maria Ciavatta que nos convida à reflexão, mostrando que, ao buscar a gênese do Escola sem Partido, os autores da coletânea chamam à organização e à ação todos aqueles que lutam por uma sociedade democrática e por uma educação emancipadora.
No primeiro capítulo, Gaudêncio Frigotto nos chama a atenção para a ameaça que representa o Escola sem Partido. Ao evocar a metáfora da “esfinge” e do “ovo da serpente”, adverte para os perigos da propagação da ideologia desse movimento, cujo alvo é o esvaziamento da função social da escola pública. Abrindo caminho para os capítulos seguintes, Frigotto traça um amplo panorama sobre a gênese do movimento, mostrando que a ideologia tão propalada por ele funciona, em última instância, como um mecanismo para encobrir seus interesses políticos e econômicos, tendo em vista a posição atual ocupada pelo Brasil no interior das contradições do capitalismo.
No capítulo seguinte, é a vez de Fernando Penna analisar o discurso do Escola sem Partido. O autor mostra que por detrás daquilo que muitos professores entendiam por absurdo, deboche e mesmo improvável, o movimento alcançou êxito em suas posições na escola e na sociedade, ao partir de uma estratégia discursiva simples e próxima ao senso comum que desqualifica o professor e coloca pais e responsáveis pelos alunos numa posição inquisidora. O autor destaca e analisa quatro aspectos do discurso do movimento: (1) a concepção de escolarização; (2) a desqualificação do professor; (3) a acusação da escola como espaço de ideologização, e dos docentes como militantes travestidos de professores.
O terceiro capítulo foi escrito por Betty Solano Espinosa e Felipe Campanuci Queiroz. Nele, os autores adotam a perspectiva analítica das redes sociais, para quantificar e qualificar os agentes e as ideias que formam o Escola sem Partido, buscando identificar suas interações com atores de variados espectros sociais. Ao mapear a teia de articulação existente, Bety e Felipe concluem que os membros que compõe o movimento estão vinculados a partidos políticos, instituições religiosas e grupos empresariais poderosos.
No quarto capítulo, Eveline Algebaile traça um quadro geral “do que é”, “como age” e “para que serve” o Escola sem Partido. Ao esquadrinhar a plataforma principal do movimento, um sítio virtual da internet, a autora mostra que, ao contrário do que pode parecer, o Escola sem Partido não se constitui enquanto um movimento, no sentido de agir e organizar seus adeptos orgânica e fisicamente, mas tem todas as suas ações veiculadas por meio de uma plataforma virtual, espaço onde são difundidas suas ideias e divulgadas as orientações para denúncias contra supostas práticas de doutrinação ideológica por parte dos professores.
O capítulo seguinte foi escrito por Marise Ramos e se dedica a analisar os impactos das ideias difundidas pelo Escola sem Partido sobre o trabalho pedagógico dos professores. Para tal, a autora desmonta a suposta neutralidade do ato educativo aventada pelo movimento, asseverando que as contradições e disputas por concepções de mundo presentes no espaço escolar nada mais são do que manifestações salutares inerentes ao ato de educar. Para a autora, sem isso, a escola se torna amorfa e cativa da ideologia das classes dominantes.
O sexto capítulo, escrito por Mattos et al, lembra que o debate em torno do caráter secular e democrático da educação pública vem de longa data e a atuação de grupos religiosos contra a laicidade é uma marca na história da educação brasileira. Na atualidade, segundo os autores, essas posições se revestem em ataques aos conteúdos veiculados na escola e nos livros didáticos, sob o pretexto do Escola sem Partido, de que somente aos responsáveis dos alunos caberia velar pelos valores morais, religiosos e sexuais de seus filhos.
Em seguida, o capítulo de Isabel Santa Barbara, Fabiana Lopes da Cunha e Pedro Paulo Gastalho de Bicalho parte do entendimento de que historicamente a escola tem sido uma instituição normalizadora e disciplinadora da classe trabalhadora. No entanto, os autores argumentam que quando a escola passa a representar uma oportunidade real de ascensão social das camadas populares, setores conservadores interessados em preservar a hierarquia social e os valores das classes dominantes passam a atacar a escola e os professores. É neste cenário que o Escola sem Partido ganha terreno para operar por meio de mecanismos de “governamento”, no sentido de impor novas condutas e subjetividades no espaço escolar.
O oitavo capítulo, escrito por Rafael de Freitas e Souza e Tiago de Oliveira propõe uma reflexão filosófica sobre o Escola sem Partido. Partindo dos conceitos de doxa (opinião ou crença comum) e logos (razão), os autores mostram como o obscurantismo que atravessa o discurso do movimento fere os princípios da razão e do conhecimento científico na escola, garantidos inclusive pela legislação nacional, para dar lugar à opinião, ao senso comum, fortalecendo assim as crenças e convicções religiosas, como mais uma forma de atacar o conhecimento e o trabalho pedagógico realizado de forma competente pelo professor.
Fechando a coletânea, o capítulo de Paulino José Orso é propositivo de uma alternativa pedagógica e curricular que possa fazer frente ao desmonte da escola, do conhecimento e do trabalho pedagógico do professor. Nessa direção, o autor defende um currículo que contemple uma sólida formação teórica, possibilitando ao aluno uma visão crítica sobre o passado histórico e a compreensão da sociedade atual.
Com a apresentação sintética dos capítulos que compõe a coletânea Escola “sem” Partido – Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira, fica claro que se trata de um livro da maior importância, sobretudo no contexto atual de avanço do obscurantismo do governo Bolsonaro que ataca a ciência e o conhecimento científico porque quer supor que tudo não passa de construções. A ideologia do Escola sem Partido quer fazer crer que a opinião é tão importante quanto o conhecimento, visão que nos empurra para o relativismo, tão contrário ao esforço investigativo e ao conhecimento, tão necessários para a construção de uma escola libertária. Em tempos sombrios como os que estamos enfrentando atualmente, parece ser mais uma vez oportuna a advertência feita por Saviani (2018) de que a luta pela escola democrática passa por sua articulação com a luta pela democratização da sociedade.
Nesse sentido, a coletânea em pauta é a um só tempo, um livro de denúncia e combate e por isso deve ser lido por todos aqueles que defendem uma educação pública, gratuita, laica e que contemple todas as dimensões da vida humana.
Referências
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia, 43. ed. Campinas: Autores Associados, (2018). [ Links ]
Anita Handfas – Universidade Federal do Rio de Janeiro , Faculdade de Educação , Laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes , Rio de Janeiro , RJ , Brasil. E-mail: anitahandfas@gmail.com
(P)
Humanidades Digitais / Estudos Históricos / 2020
Este número de Estudos Históricos tem por tema “Humanidades digitais”. Trata-se de um rótulo recente, abrangente e pouco preciso. Nele, pode-se incluir tudo que signifique a aplicação de computação e de tecnologias digitais ao universo das humanidades. O pano de fundo é a expansão de big data, conjuntos de dados grandes demais para serem analisados por formas tradicionais de pesquisa.
Não há uma visão consensual sobre o que é esse mundo. Para alguns, trata-se de um novo campo de conhecimento; para outros, seria mais uma “comunidade” de práticas de pesquisa. De qualquer forma, podemos afirmar ao menos duas coisas com segurança: primeiro, que se trata de um mundo profundamente multi e interdisciplinar; segundo, que a prática da pesquisa de cientistas sociais e historiadores será, se já não o foi, profundamente alterada. Temos, assim, tanto uma riqueza em termos de potencialidade criativa quanto um desafio em termos de formação profissional. Não se trata de substituir o “artesanato intelectual” de que tratou C. Wright Mills por computadores e inteligência artificial, mas de continuar existindo o que ele chama de “imaginação sociológica” nesse admirável (?) mundo novo.
Os artigos selecionados para este número, bem como a entrevista com o professor Matthew Connelly, permitem-nos, para além de seus objetos específicos, conhecer um repertório variado de possibilidades de pesquisa, bem como alguns caminhos que os pesquisadores têm utilizado. Esperamos que sirvam de inspiração para outras explorações.
Referência
MILLS, C. W. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.
Celso Castro – Professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC / FGV) e Editor convidado da Revista Estudos Históricos. E-mail: celso.castro@fgv.br
CASTRO, Celso. Editorial. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.33, n.69, jan. / abr.2020. Acessar publicação original [DR]
Black Feminisms Reimagined: After Intersectionality | Jennifer C. Nash
Black Feminisms Reimagined, o segundo e mais novo livro de Jennifer C. Nash, crítica cultural e professora de estudos afro-americanos, de sexualidade e gênero, analisa a complexa história institucional e intelectual do feminismo negro, na era do que ela chama de “guerras de interseccionalidade”, e propõe um armistício entre departamentos de estudo de gênero e o feminismo negro através da teoria do afeto. Nash leciona na Universidade Northwestern em Evanston, Illinois, nos Estados Unidos, e é doutora em Estudos Afro-Americanos pela universidade de Harvard. Seu primeiro livro, The Black Body in Ecstasy: Reading Race, Reading Pornography, publicado em 2014, analisa representações visuais do corpo de mulheres negras em um espaço que ela define como “lugar de desconforto” para o feminismo negro: a pornografia racializada. Nesse livro, ela questiona os limites das interpretações vigentes no engajamento teórico do feminismo negro com as representações visuais sexualizadas. Sendo assim, ambos os estudos de Nash procuram investigar os limites teóricos, ou zonas de desconforto, dentro do feminismo negro. Leia Mais
Ensino de história, história das mulheres e desigualdades sociais no Brasil / Revista Eletrônica História em Reflexão / 2020
O dossiê Ensino de história, história das mulheres e desigualdades sociais no Brasil é um convite a um presente e um futuro feministas. A obra conta com um conjunto de ações concretas, propositivas e imediatas dos ensinos de história dentro do campo da história das mulheres e dos estudos de gênero. De norte a sul, de oeste a leste do Brasil, o dossiê em tela recebeu artigos que são atravessados pelas discussões acerca dos marcadores sociais de gênero, de classe e de raça. São contribuições dos fazeres da história que permeiam temas e problemáticas distintas. Além disso, abrangem uma diversidade de fontes documentais – legislações, livros didáticos, literatura, oficinas temáticas, literatura de cordel, história oral, fontes digitais e iconográficas, entre outras –, cotejando metodologias de pesquisa e dos ensinos de história. Trata-se de uma riqueza que amplia a perspectiva de gênero e não se encerra em si mesma, abre caminhos e condições de possibilidade para futuras reflexões, relacionando ensino, pesquisa e extensão – tripé caro aos institutos federais e às universidades–, bem como os desafios para a Educação Básica.
Dentro da perspectiva do engajamento militante e de mobilização política, o dossiê aborda vozes marginalizadas e invisibilizadas pela história, tais como a de Dandara dos Palmares e a representação de mulheres negras em dois livros didáticos do Ensino Fundamental. Vidas ressignificadas pela educação, pela história das mulheres e pela história pública mantêm o vínculo entre o feminismo e potencialidades de um ensino posicionado. Entre avanços e desafios, as ações do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) na formação inicial das professoras para o exercício da docência inauguram uma estratégia política por meio do acesso à educação formal, incluindo igualdade e senso de justiça social.
É precisamente por meio do ensino de história e do combate à violência de gênero no Brasil contemporâneo que se assume a responsabilidade de erradicar a violência sistêmica e estrutural. A esse respeito, as lutas políticas e sociais por meio da educação assumem papel fundamental. O dossiê é norteado por caminhos reflexivos por entender que é possível operacionalizar os feminismos partindo das margens do ensino de história, corroborando com as discussões que vêm sendo desencadeadas desde a década de 1980, pautadas pela ideia de que não somente as mulheres brancas, da classe média e de países do Norte Global produzem história.
Em se tratando do Brasil, presenciam-se feminismos plurais e transdisciplinares que emergem nos entre-lugares sociais e políticos que compõem o escopo deste dossiê. Outrossim, os feminismos mobilizados por meio dos artigos se mostram potencializadores de críticas às desigualdades sociais e às discriminações das diferenças. Nesse sentido, pensar as relações de gênero por meio de oficinas temáticas se propõe como uma perspectiva de discussão das práticas históricas e sociais alicerçadas no patriarcado e no racismo estrutural secular. Construindo caminhos, trilhando possibilidades de ensinar histórias no chão das escolas, professoras e estudantes enfrentam os silêncios que persistem na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (BNCCEM), nos livros didáticos e em outros documentos normatizadores dos ensinos, defendendo uma pedagogia feminista voltada para um mundo justo com equidade de gênero.
Por fim, esse espaço de reflexão crítica é fruto da acolhida que a chamada do dossiê recebeu. Foram 92 artigos submetidos a avaliação que sinalizam a potencialidade dos debates relacionando ensino de história, história das mulheres e marcadores sociais; e, sobretudo, evidenciam o compromisso de professoras e estudantes no enfrentamento cotidiano da estrutura de violência de gênero. Como reconhecimento de sua latência, o dossiê foi agraciado pela entrevista inédita da historiadora e feminista Joana Maria Pedro, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A todas, dedicamos o nosso agradecimento pelo trabalho e pelas inspirações!
Kênia Érica Gusmão Medeiros – Doutora em História pela Universidade Federal de Goiás – UFG (2019). Mestre em História pela Universidade de Brasília – UnB – (2011). Graduada em História pela Universidade Estadual de Goiás – UEG- (2008). Atualmente docente do quadro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG).
Gilmária Salviano Ramos – Doutorado em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (2015), com período sanduíche na École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris (2013). Mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2009). Graduação em História pela Universidade Federal de Campina Grande (2006). Professora Visitante do Departamento de História da Universidade Federal de Viçosa / MG.
Paula Faustino Sampaio – Graduada em Licenciatura em Historia pela Universidade Federal de Campina Grande (2006) e mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2009). Atualmente, é Professora Assistente II da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Rondonópolis e cursa doutorado em História pelo PPGH / Universidade Federal da Grande Dourados.
MEDEIROS, Kênia Érica Gusmão; RAMOS, Gilmária Salviano; SAMPAIO, Paula Faustino. Apresentação. Revista Eletrônica História em Reflexão. Dourados, v. 14, n. 27, jan. / jun., 2020. Acessar publicação original [DR]
Crescendo em silêncio: a incrível economia escravista de Minas Gerais no século XIX | Roberto Borges Martins
Arqueología de la costa del Golfo: Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica – BUDAR et al (CA)
BUDAR, Lourdes; VENTER, Marciel L.; GUEVARA, Sara Ladrón. Arqueología de la costa del Golfo: Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica. Facultad de Antropología/Universidad Veracruzana. Administración Portuaria Integral de Veracruz, 2017. Resenha de: LARA, Pedro Jimenez. Clio Arqueológica, Recife, v.35, n.1, p.228-233, 2020.
Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica, publicado por la Universidad Veracruzana y coordinado por la Dra. Lourdes Budar Et. Al pone en relieve desde una perspectiva distinta al área conocida como la Costa del Golfo una de las 9 componentes de la macro región conocida como Mesoamerica. En este volumen participan diversos investigadores que presentan avances de sus pesquisas en esta área conocida como La Costa del Golfo. En ella quedan vertidas sus posturas y visiones ante esta rica y diversa región mesoamericana abarcando aspectos que les permitieron una aproximación a los grupos que aquí se desenvolvieron y la forma como interactuaron abarcando aspectos de la vida cotidiana, sociales, económicas, administrativas, religiosos (rituales). Como lograr implantar y forjar aspectos de su desarrollo tanto interna como externamente.
En esta obra quedan plasmadas diversas miradas y postura de los que escriben los resultados de sus investigaciones del crisol cultural que representa la Costa del Golfo de México. Otros de los aspectos a resaltar es que aquí se presentan temas desconocidos de algunas de las tres regiones geográficas, norte, centro y sur, que integran esta área cultural. Se enfatiza el centro-sur.
Aparte de la nueva información vertida en muchos de los artículos publicados en esta edición llamada Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica corresponden al Clásico sin olvidar los antecedentes y datos posteriores, continuidades y discontinuidades en algunas de las regiones estudiadas.
Abordar el paisaje como parte de la dinámica establecida en los diversos grupos que se desarrollaron en esta región fue otro de los retos, muchas veces los sitios se ven de forma aislada cuando no fue así, tuvieron ejes articuladores que fueron más allá de ser simples ocupaciones incomunicadas y tomar como referente el paisaje fue y es importantísimo para el establecimiento y que ha sido la pauta para entender las dinámicas de los diversos asentamiento que aquí se establecieron y desarrollaron. El espacio geográfico fue vital para estos grupos y lo sigue siendo para el desarrollo de la humanidad.
Es claro que los resultados presentados en esta publicación se demuestra que hay una articulación contemporánea de sitio a sitio según la fase en que se desarrollaron, hablando cronológicamente. Si bien en la composición y tamaño de cada asentamiento hay variaciones eso no impidió su relacionamiento a veces por el comercio o el simple conocimiento entre ellos, las ideas viajaron y quedaron plasmada ideológica y materialmente Otro de los hilos conductores es la arquitectura sus diferentes objetivos para las cuales surgieron y el lugar que ocuparon algunos edificios según su estructuración, van de estructuras dedicadas a lo sagrado, orientaciones especificas a los más común y espacialmente más grandes que son las áreas habitacionales. Poco se sabe del habitad, pocos investigadores se han interesado por estudiar estos espacios y muchos los sitios que se han registrado y que siguen apareciendo en su forma típica mesoamericana o algunos ya destruidos y solo se evidencian los cimientos de los mismo. Sumados todos estos elementos los articulista de Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica nos muestras la configuraciones y articulaciones que tuvieron estos asentamientos durante el periodo Prehispánico. El intento de mostrar la integralidad de estas regiones con una visión más amplia y aguda otra forma de mostrar la nueva arqueología que se practica en esta región y mesoamericana.
Algunos de estos arqueólogos abordan los temas en cuestión de forma simple, dejando de lado las formalidades que impone lo académico, el marcaje de las diversas corrientes teórico metodológicas. Es decir la reseña, en algunos casos es de manera más simple y sencilla. Haciendo las descripciones tal cual de la estructuración de los sitios, si bien hay hilos conductores, razón de más para ver como las formas que guardaron entre si los asentamientos y como las ideas viajaron y quedaron plasmadas como parte de los diversos componentes de estos.
Así como hay patrones en los diversos componentes de los sitios estudiados, donde se determina la función de la constucción de acuerdo a su ubicación y los materiales de construcción utilizados, haciendo la diferenciación entre área nuclear y periferia, es decir, estructuras que cumplieron un rol en la parte central o nuclear, también están áreas habitacionales como parte integral del asentamiento. Aquí el fenómeno se torna más interesantes y profundo cuando se logran determinar actividades específicas.
Plenamente identificados los hilos conductores que hace afín esta área con otras mesoamericana, uno de ellos son las conflictos sociales y rituales plenamente identificados con la muerte y asociados a costumbre violentas como sería el sacrifico humano, el caso del Juego de Pelota por decapitación o abrir el pecho para arrancar el corazón del sacrificado en una acción de saciar la sed de sangre de los dioses. El espacio sagrado queda estructurado con dos construcciones con dos o un cabezal, según la tipología de “I” o “T”. Las representaciones quedan plasmada de diversa formas en tableros, pintura mural, esculturas, cerámica y figurillas.
Asociados a lo anterior existió la tradición de los entierros o ritos funerarios fue una práctica muy recurrente en los grupos mesoamericanos indistintamente de la fase o cronológico. La forma de entierro dependió del status socio económico. Así queda manifestado por algunos de los arqueólogos que participan como articulista de este volumen Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica.
Tratándose de la Arqueología de la Costa del Golfo – Dinámicas de la Interacción Política, Económica e Ideológica, según la división cultural y no política es incuestionable no hablar de la Huasteca esta región como un componente de esta área multicultural. Sin restarle importancia a su desarrollo es claro que sabemos poco por el desapego y desinterés de la investigación científica.
Se trata de un grupo con matices distintos pero no desarticulados del contexto cultural mas amplio, hablando regionalmente, un ejemplo seria su particular escultura donde queda de manifiesto el manejo diestro de la piedra.
Las aportaciones y resultados es la radiografía presentada, por cierto muy bien recibida de los Wastecos, el recorrido cronológico y linguistico es meritorio. Sin embargo es necesario atender esta región desde el punto de vista científico y así poder tener una visión más completa y no fragmentada como la que existe.
La extensión territorial, la complejidad del tiempo largo cronológico, los diversos grupos aquí asentados hace más difícil tener una historia más fácil de digerir. Los diversos rasgos existentes no se le pueden endilgar a un solo grupo.
Lo que si queda claro y sin una frontera política asible esta región convivio y se retroalimento con diversos grupos que existieron más al norte y occidente de esta macro región llamada Mesoamerica La novedad es el Puerto Marítimo o los puertos marítimos a algo parecidos identificados como tal en la esta región de la Costa del Golfo. Si bien es cierto la escases de información relacionado con el tema por el poco interés mostrado por investigadores. La existencia de estos Puertos, atracaderos, muelles, existieron gracias al comercio a larga y corta distancia. En este región es novedad sin embargo hay áreas donde hay más información al respecto como la zona maya.
Interesante el planteamiento que se hace que no solo toca a los litorales, también tierra adentro hay grandes cuerpos de agua que sirvieron de vehículo para las actividades cotidianas y el traslado de diversos productos y claro para el comercio.
Pedro Jimenez Lara – Universidad Veracruzana. Facultad de Antropología E-mail: pejila@hotmail.com
[MLPDB]Exposing Slavery. Photography/Human Bondage/and the Birth of Modern Visual Politics in America | Matthew Fox-Amato
O livro de Matthew Fox-Amato resulta da tese de doutorado defendida no Departamento de História da Universidade do Sul da Califórnia. Composto de introdução, quatro capítulos e um epílogo, possui 92 imagens e parte de duas questões iniciais, colocadas pelo autor: como a descoberta, e subsequente uso, da fotografia “influenciou a cultura e a política da escravidão na América?”. E como, por seu turno, “a escravidão influenciou o desenvolvimento da fotografia – esteticamente e como prática cultural?” (p. 2). Leia Mais
Revista Brasileira de História da Mídia. São Paulo, v.9, n.2, 2020.
Expediente
- Expediente
- Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia
Expediente/Sumário
- Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia
Editorial
Dossiê Temático: História da mídia e saúde (v. 9, n. 2, 2020).
- Quanto dura uma catástrofe? nação, indivíduo e trauma na Gripe Espanhola
- Paulo Vaz, Nicole Sanchotene, Amanda Santos
- Escutando o outro: Aproximações e distanciamentos nas histórias de vida e na clínica
- Maria Lívia de Sá Roriz
- Biografias e processos de saúde-doença
- Allan de Gouvêa Pereira
- Entre Bolhas: uma análise de formação de redes no Twitter no contexto da pandemia do novo Coronavirus no Brasil
- Priscila Kalinke, Anderson Alves da Rocha, Karol Natasha Lourenço Castanheira
- Informação versus Desinformação: a Crise Sanitária da Covid-19 e o Papel da “Autoridade” Médica na Divulgação de Conhecimentos Científicos
- Marcio da Silva Granez, Cristiane Portela de Carvalho
- “O Brasil não pode parar”: racismo e desigualdade social na campanha publicitária do governo Bolsonaro.
- Julio Cesar Sanches, Raika Julie Moisés, Rhayller Peixoto da Costa Souza
- Noticiou o que viu, vacinou quem não viu? Uma análise da cobertura da imprensa capixaba durante a epidemia de febre amarela no Espírito Santo em 2017
- Marcio Martins Calil, Victor Israel Gentilli
- Placar da Vida: o discurso de saúde pública por meio da divulgação de dados da Covid-19
- Victória Sayuri Freire dos Santos Kudeken
- O Globo e a Produção de Memórias sobre o Sistema Único de Saúde (SUS)
- Izamara Bastos Machado
Artigos Gerais
- História do jornalismo em Portugal: proposta de periodização
- Jorge Pedro Sousa, Helena Lima
- Da senzala ao enfrentamento: as contraditórias dinâmicas históricas que antecederam as atividades impressas em Goiás
- Rosana Maria Ribeiro Borges, Marialva Carlos Barbosa
- Narrativas visuais sobre a Primeira Guerra na revista A Cigarra
- Ana Regina Rego, Antonio Carlos Hohlfeldt, Ranielle Leal Moura
- Grifo: marcas da primeira revista de Mato Grosso do Sul
- Mario Luiz Fernandes
- Ambiente Vivo e Unijuí FM, uma trajetória em defesa do ambiente natural nas ondas do rádio
- Janaíne Kronbauer, Juliana Gomes
- De volta para o futuro: tecnologias e agenciamentos entre livros e leituras
- Taynée Mendes Vieira, Márcio Souza Gonçalves
- Memórias e disputas: o caso Edson Luís e a memória de 1968
- Leylianne Alves Vieira
- Processo de constituição e institucionalização da comunicação pública do governo do estado de Rondônia
- Edna Mendes dos Reis Okabayashi, Monica Franchi Carniello
Revista Brasileira de História da Mídia. São Paulo, v.9, n. 1, 2020.
Capa
- Capa
- Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia
- PDF SEM TÍTULO
Expediente/Sumário
- Expediente
- Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia
Editorial
Dossiê temático: Três décadas de crítica de mídia no jornalismo diário brasileiro (v. 9, n. 1, 2020)
- Crítica da cobertura jornalística nos 30 anos da coluna de ombudsman da Folha de S. Paulo
- Diana Azeredo, Gislene da Silva
- Os valores-notícia pelas lentes dos ombudsmen nos jornais brasileiros
- Marcelo Engel Bronosky, Daniela Borcezi
- Primeira “ombudswoman” do Brasil: resgate de uma experiência pioneira
- Marco Aurelio Reis, Cláudia Tomé
- Ombudsman e Comunicação Pública: a atuação da Ouvidoria da EBC nos seus primeiros 10 anos de existência
- Jairo Faria Guedes Coelho, Fernando Oliveira Paulino
- 30 anos de Ombudsman ou mais: os primórdios da crítica dos meios de comunicação na Paraíba
- Sandra Moura, Marcella Machado
- Desafios e dificuldades no cotidiano da crítica jornalística: a experiência de ombudsman no Jornal da Manhã (PR)
- Sérgio Luiz Gadini
- A efêmera experiência do ombudsman na imprensa campineira
- Marcel J. Cheida
- Ombudsman, crítica, jornalismo e democracia
- Juliana de Amorim Rosas
- C@rtas Ácidas e Críticas: A “ombudsmania” pelas narrativas e visão singular da Campanha de 1998 e do primeiro mandato de Lula
- Boanerges Balbino Lopes Filho
- Artigos Gerais
- A teoria na história dos média
- Moisés Adão Lemos Martins
- As rotinas produtivas dos jornais: entre o imaginário e as teorias do jornalismo
- Adriana Barsotti, Leonel Aguiar
- Rascunhos para a história da imprensa de Rondônia: resgate do passado pelas memórias e períodos de formação dos jornais impressos
- Allysson Martins, Sandro Colferai
- Desafios à preservação da memória cultural no Brasil: um estudo no município de São Borja/RS
- Larissa Conceição dos Santos, Fabio Frá Fernandes
- Historicidade da participação e interação no jornalismo televisivo
- Paulo Eduardo Silva Lins Cajazeira
- O papel institucional da imprensa na Nova República brasileira pela visão de O Globo e O Estado de S. Paulo
- Thaíze Ferreira da Luz
Entrevistas
- Paula Cesarino Costa: os desafios da ombudsman da Folha de S. Paulo entre 2016 e 2019
- Elaine Javorski
Sociological Theory Beyond the Canon | Syed Farid Alatas, Vineeta Sinha
Há, entre docentes de Ciências Sociais no Brasil, certo estranhamento em relação aos autores que, comumente, são tratados nos cursos introdutórios, em especial na Sociologia. Cada vez mais perceptível em virtude do momento histórico de releituras críticas das tradições, esse estranhamento resulta de uma uniformidade em relação ao conjunto de sociólogos que desponta em nossos currículos, que espelha um padrão obsoleto: são homens, brancos e do Norte Global. Isso indica que o eurocentrismo e o androcentrismo seguem sendo colonialidades persistentes no ensino da Sociologia em nível global. Basta olhar para as ementas e para os manuais e livros didáticos usados no ensino da disciplina em diferentes escolas e universidades. Leia Mais
II Simpósio Internacional de Pesquisa em Alimentação / Revista Ingesta / 2020
Fome e Identidade
Começamos esta edição em um cenário muito diferente daquele em que a finalizamos. Ainda no início deste ano de 2020, estávamos reverberando as perspectivas positivas resultantes do II Simpósio Internacional de Pesquisa em Alimentação (spalimenta.hypotheses.org), realizado em dezembro de 2019 a partir da parceria deste Laboratório de Estudos Históricos das Drogas e da Alimentação com o portal de divulgação acadêmica Comida na Cabeça (com apoio do Laboratório de Estudos sobre o Brasil e o Sistema Mundial, do Programa de Pós-Graduação em História Social e do Museu Paulista, todos da Universidade de São Paulo). O que vivenciamos, depois disso, foi uma sequência de estranhamentos. Em meio à pandemia do novo coronavírus, ao mesmo tempo que as desigualdades sociais ficaram ainda mais visíveis, muitos “monumentos” públicos erguidos no passado em homenagem a escravagistas e colonialistas foram (e continuam sendo) derrubados, ou ao menos questionados, depois do assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, intensificando uma tendência geral a reivindicar e a reconfigurar identidades historicamente marginalizadas.
Na microescala de nosso simpósio sobre alimentação em dezembro passado, temáticas decorrentes das marcantes desigualdades sociais brasileiras e do repensar de identidades já repercutiam de maneira significativa. A maior parte das comunicações submetidas para o evento direcionou-se, exatamente, aos grupos de trabalho intitulados “Fome e (in)segurança alimentar” e “Identidades e representações”, que acabaram se tornando os mais concorridos da programação, com sessões lotadas de apresentadores e ouvintes. No primeiro grupo, congregaram-se pesquisas sobre os processos que desencadearam situações de escassez/falta de alimentos e de deficiência nutricional no Brasil ao longo da história e também na contemporaneidade das políticas públicas de saúde e da ainda questionável “segurança alimentar”. Boa parte delas tinha, como pano de fundo, a intenção de ampliar o conhecimento geral sobre essas problemáticas, que ainda não estão restritas ao passado, e de reclamar novos posicionamentos e reconfigurações de projetos na seara pública atual.
No segundo grupo, “Identidades e representações”, discutiram-se diversas práticas alimentares e culinárias em suas relações com a construção social de identidades migrantes, nordestinas, polonesas, quilombolas, sertanejas, mineiras, nipo-brasileiras, italianas, de refugiados, de mulheres… O que ficou patente, e também entre os trabalhos apresentados no grupo “Patrimônio e cultura material”, foi a necessidade de repensar a constituição de “comidas/cozinhas emblemáticas” comunitárias, regionais ou nacionais, para compreender as razões que levaram a essas construções identitárias e que, em muitos casos, serviram para pacificar o passado, exaltando certas memórias e escamoteando outras, em especial aquelas ligadas a grupos marginalizados, a conflitos e contradições sociais. Parece inevitável, portanto, que, assim como os monumentos públicos vêm sendo questionados e problematizados, também o sejam os “monumentos culinários”, ou as narrativas canônicas, produzidas a partir de estereótipos ou de ideias que clamam por revisão – como a que, consensualmente, define a cozinha brasileira como expressão de uma supostamente harmônica mistura das “três raças”.
No Dossiê do II Simpósio Internacional de Pesquisa em Alimentação, que apresentamos nesta edição, alguns dos trabalhos que se aproximaram dessas discussões durante o evento podem ser lidos em formato estendido. Em “Estigma e experiência do malungo”, artigo que abre o dossiê, o historiador Lucas Avelar analisa o consumo de bebida alcoólica pelos grupos escravizados nas vendas-tavernas do Brasil, questionando a pecha de “cachaceiro” que foi continuamente atribuída a eles e refletindo sobre a conformação de identidades e resistências não violentas à escravidão a partir da vivência nesses locais. O consumo de aguardente também está no foco de “O elogio à cachaça”, do historiador Sergio Willian de Castro Oliveira Filho e da gastrônoma Luana Costa Pierre de Messias, que estudam os relatórios médicos e suas recomendações sobre a bebida entre os tripulantes das viagens dos navios da Marinha Brasileira, no século XIX.
Indo além das bebidas alcoólicas, o antropólogo e mestre em História Esteban Zabala Gómez, em “Comida de negrería”, volta-se para diversos aspectos da alimentação dos escravizados em uma região de Nova Granada (atual Colômbia), entre a segunda metade do século XVIII e a primeira do XIX, sem deixar de questionar a construção de associações entre africanos/afro-americanos e certos alimentos e produtos como a banana e a aguardente de cana, consideradas “causas”, respectivamente, da preguiça e da embriaguez comumente tidas como características alusivas a eles. Ainda dentro da temática das identidades afrodiaspóricas nas Américas, mas saltando para os tempos atuais, o artigo da historiadora Iamara de Almeida Nepomuceno e da nutricionista Juliana Cesário Aragi, “Rede de conhecimento sobre a produção quilombola de alimentos”, traz um importante registro das possibilidades de ampliação do conhecimento, em uma instituição de ensino de Registro, no Vale do Ribeira, em São Paulo, sobre a memória de comunidades quilombolas, a partir de suas práticas tradicionais de cultivo e de consumo.
Memórias e identidades também estão no cerne da discussão proposta pelo artigo “Tradições, rituais e memórias alimentares”, dos pesquisadores Victor Ridel Juzwiak, Teressa Ridel Juzwiak e Claudia Ridel Juzwiak, que, usando fontes orais, estudam a construção de uma “identidade bicultural” entre a segunda geração de uma família polonesa estabelecida no Brasil. Em “Grãos sacralizados”, Myriam Melchior e Marcella Sulis concentram-se na construção histórica – e eurocêntrica – de uma visão estigmatizada sobre o milho, apesar de sua importância na alimentação popular e de suas potencialidades simbólicas, sobretudo, em rituais de ascendência africana e indígena. E em “Vegetarianismo muito além do prato”, as pesquisadoras Divair Doneda, Camila Horn Soares, Maria Catarina Zanini e Vanuska Silva identificam os diversos aspectos envolvidos na escolha contemporânea por uma alimentação sem carne, constatando o grande peso que os motivos éticos, ligados aos direitos dos animais, têm nessa decisão, bem como o significativo impacto dessa opção nas sociabilidades e mesmo no ativismo político assumido por essas pessoas.
Também estruturados na contemporaneidade, mas na área da Geografia, Marina Araújo e Fábio Tozi desenvolvem uma interessante pesquisa sobre a implantação de uma rede norte-americana de fastfood no Brasil e, em especial, em Belo Horizonte. No artigo “A rede de fast-food KFC e o hábito de consumir frango frito no balde”, eles abordam as resistências e os ajustes que estabelecimentos nacionais e regionais fizeram para servir essa comida antes e depois da chegada da franquia internacional, atendendo aos gostos locais. Diferentemente do que se imagina, os autores mostram que aquilo que se pode preconceber como “globalização” ou uniformização de um hábito alimentar se revela como um fenômeno muito mais complexo, não isento de tensões e adaptações.
Já entre os trabalhos que se ocuparam das desigualdades sociais a partir do viés da alimentação está “Desigualdade no acesso à terra e insegurança alimentar e nutricional”, que fornece um utilíssimo panorama histórico dos marcos políticos, legais e institucionais que influíram nas situações de fome e pobreza no Brasil ou procuraram revertê-las, partindo da Lei de Terras de 1850, que destituiu muitos lavradores de seu principal sustento e favoreceu os grandes latifúndios, e seguindo até as primeiras ações sobre alimentação e nutrição do Governo Vargas. Produzido por um conjunto multidisciplinar de autoras (a socióloga e nutricionista Vanessa Daufenback, a nutricionista Juliana Giaj Levra Jesus, a geógrafa Letícia Machado, todas pós-graduandas em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, bem como as professoras doutoras Cláudia Maria Bógus e Maria Cristina da Costa Marques, do Departamento de Gestão, Política e Saúde da referida instituição), o trabalho vai além do panorama, debatendo a permanência de uma estrutura desigual nesse longo período.
A questão da fome ainda aparece no artigo que se destaca dos demais no tempo e no espaço. Em vez do Brasil e das Américas e do período moderno, o historiador Gabriel Rodrigues Sanches Cordeiro volta-se para a Europa e para a Alta Idade Média em “Fome e redes comerciais na Bacia Parisiense”, discutindo a situação alimentar nessa região entre os séculos VIII e XI, a partir de vestígios arqueológicos de diferentes sítios, e questionando as ideias comumente aceitas de crise e fome generalizadas nesse período. Ainda que constate as tentativas de contenção da fome, Cordeiro identifica também diferentes graus de acesso aos alimentos, possivelmente condizentes a uma estratificação social existente mesmo entre os camponeses.
Para além do dossiê, esta edição reúne três artigos submetidos fora do escopo do simpósio: “Querem matar de fome”, do historiador Rodrigo Otávio da Silva, um trabalho inovador sobre a ainda pouco tratada “alimentação institucional”, no caso, a dieta alimentar e as complexidades de sua implantação no Hospital de Caridade Juvino Barreto, em Natal, no Rio Grande do Norte, no período entre 1909 e 1927; “Entre ingredientes, cozinhas e afetos”, de Isabella Altoé, doutoranda em Estudos Culturais na Queen’s University, no Canadá, e da professora doutora Elaine de Azevedo, da Universidade Federal do Espírito Santo, sobre as íntimas relações entre o ato de cozinhar e os cozinheiros profissionais; e “O papel das oferendas de alimentos na manutenção do status das Esposas Divinas de Âmon”, uma pesquisa do historiador André Shinity Kawaminami, que nos leva para os séculos VIII-VI a.C., para uma análise de quatro ricas imagens que mostram a importância das comidas em rituais egípcios.
Completam a edição três resenhas de livros: Burn the place: a memoir (2019), de Iliana Regan, assinada por Arthur Lazzarotto e Deise Schell; Eating Nafta: Trade, Food Policies and the Destruction of Mexico (2018), de Alyshia Gálvez, por Ewerton Reubens Coelho-Costa; e O que iremos comer amanhã?, versão brasileira da obra de Warren Belasco que, embora tenha sido lançada em 2009, há mais de uma década, mereceu atenção e resenha cuidadosa de Matheus Henrique da Mota Ferreira, doutorando em Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Como se vê, o segundo volume da Revista Ingesta apresenta-se de maneira essencialmente interdisciplinar, como também é o próprio campo em que o referido simpósio se estruturou, o dos estudos de alimentação (“food studies”). Ao incluirmos o dossiê com trabalhos derivados do evento, abrimos a edição para estudos não só históricos, apoiados em diferentes motes teóricos e metodológicos. Acreditamos, com isso, fornecer um amplo quadro das produções relacionadas à alimentação no Brasil, embora, nas próximas edições, voltemos a privilegiar, mais especificamente, as pesquisas históricas centradas na temática tanto da alimentação quanto das drogas e/ou na relação entre ambas.
Ainda que a presente edição tenha se aberto a visões plurais sobre a alimentação, também parece notório que, como já dito, a temática geral dela – e deste nosso contexto atual – pareça ter se imposto por meio de discussões sobre desigualdades sociais e a constituição ou o repensar de identidades alimentares/culinárias. E foram estas também as discussões que inspiraram a designer Ziza Pasqual, a quem mais uma vez agradecemos por sua constante contribuição com a revista, a criar a imagem da capa. Nela, o desenho rabiscado de uma mesa e de uma panela sobre a fotografia de uma casa velha e desgastada destaca aquilo que não existe (mas deveria existir) em qualquer moradia: alimento, em seus múltiplos sentidos, materiais e simbólicos. A um só tempo, são a fome e o desejo de transformação coletiva que entrelinham a ausência/presença da alimentação naquele ambiente, direcionando à janela, ao centro, a possibilidade de chegada de algum futuro…
Desejamos, enfim, uma boa leitura.
Viviane S. Aguiar – Comissão Editorial
AGUIAR, Viviane S. Editorial. Revista Ingesta. São Paulo, v.2, n.1, 2020. Acessar publicação original [DR]
Páscoa et ses deux maris. Une esclave entre Angola/ Brésil et Portugal au XVIIe siècle | Charlotte de CastelnauL’Estoile
Este é um livro sobre Páscoa Vieira, uma africana denunciada à Inquisição em 1693 por bigamia. O gesto deu origem a uma investigação que durou sete anos e revela a vida de uma mulher ao mesmo tempo ordinária e excepcional. Páscoa nasceu e viveu em Massangano, uma pequena vila fortaleza situada a 200 km de Luanda, no Reino de Angola, trabalhando como escrava nos campos e nas casas de uma rica família de luso-africanos. Casou-se aos 16 anos com Aleixo, também escravo, com quem teve dois filhos, mortos ainda pequenos. O casal não se dava bem e Páscoa fugia com frequência. Como castigo, seu senhor a vendeu para um conhecido, um notário público (tabelião) residente em Salvador, capital do então Estado do Brasil. Foi assim que Páscoa atravessou o Atlântico pela primeira vez, por volta de 1686, aos 26 anos. Um ano depois, casou-se com Pedro, um africano procedente da Costa da Mina, seu companheiro de escravidão. Tiveram dois filhos. Leia Mais
Africanidades e Interculturalidade / Tempo Amazônico / 2020
Esta edição da Revista Tempo Amazônico é composta pelo dossiê Africanidades e Interculturalidade, organizado pelos professores Marcos Vinicius de Freitas Reis, Sérgio Junqueira e David Junior de Souza SidfccA proposta deste dossiê foi reunir trabalhos que examinassem as relações interculturais que envolvem as culturas afro-brasileiras, especialmente relacionadas aos sistemas de representação social e cultural instituídos na esfera pública, como instituições jornalísticas e educacionais.
Assim, foram convocados trabalhos da ordem de etnografias de processos culturais, identitários e territoriais de comunidades quilombolas e de comunidades de terreiros. As religiosidades, festividades e fronteiras culturais foram estabelecidas como eixos para estas pesquisas etnográficas.
Complementariamente, foram convocados trabalhos que contribuíssem para um mapeamento das relações entre culturas tradicionais afro-brasileiras e os sistemas culturais da mídia e da esfera pública e dos sistemas de ensino escolar e universitário. Os temas da intolerância religiosa, da educação para as relações etnicorraciais, da implementação da lei 10639 / 2003 e da educação intercultural quilombola estruturam as referências conceituais básicas para este eixo do dossiê.
O dossiê é aberto pelo artigo Festa de São Sebastião de Carmo do Macacoari: na ótica de mulheres negras mais velhas de Maria das Dores do Rosário Almeida, Descendente da Vila do Carmo do Macacoari. Mestra em Desenvolvimento Sustentável junto aos Povos e Terras Tradicionais pela Universidade de Brasília (UnB). Este artigo é uma reflexão sobre relações conflituosas que eventualmente ocorrem na Festa de São Sebastião e sobre as transformações sofridas ao longo dos anos, a partir das experiências de mulheres negras mais velhas do lugar. O texto utiliza a interessante e original metodologia do Resgate das Canoas, uma pesquisa e cunho etnográfico e de história oral. A pesquisa desenvolve importantes reflexões sobre as relações entre as dimensões religiosas e profanas da festa e recupera elementos do passado da comunidade de grande importância para a identidade coletiva e individual dos moradores.
O segundo texto intitula-se Uma etnografia da festa de São Benedito na comunidade Quilombola do Barranco em Manaus-AM, de autoria de Vinícius Alves da Rosa, professor da Rede municipal de Educação de Manaus e Mestre em Ciências Humanas (UEA). Trata-se de uma festa tradicional entre a comunidade, realizada com vínculo forte com a memória da ex-escrava alforriada Maria Severo Nascimento Fonseca, fundadora da comunidade. A pesquisa enfoca a dimensão cultural da comunidade presente nas narrativas orais, na memória dos idosos, nas celebrações que atravessam o tempo, bem como os rituais de afirmação, as crenças, e a religiosidade, que têm um significado especial para os devotos e para a identidade étnica da comunidade.
Em seguida temos o texto Fronteiras fluidas, religiosidade e os desafios contemporâneos da professora Georgia Pereira Lima, da Universidade Federal do Acre. Este texto trata, na tríplice fronteira Brasil–Peru–Bolívia, da chamada “comunidade brasiviana”, nome pelo qual são as conhecidas as famílias brasileiras moradoras em território boliviano. A vivência destas famílias neste contexto transfronteiriço, para o qual levam sua religiosidade, de religião protestante, engendra um fenômeno religioso bastante complexo, no qual a igreja atravessa os limites territoriais oficiais dos países.
O terceiro texto, Intolerância a religiões de matriz africana: abordagem de casos na mídia brasileira, de Alessandro Ricardo Pinheiro Brandão, Mestrando em História, e de Raquel Schorn de Oliveira, Mestre em Extensão Rural, investiga práticas de intolerância religiosa realizados por atores da mídia brasileira. Os autores analisam dois casos empiricamente em que a forma com que a mídia noticiou eventos denotam intolerância religiosa, pelo uso das palavras e pelo viés dado às reportagens.
Três textos neste dossiê tratam de temas relacionados à lei 10639 / 2003. O texto “A caixa sagrada” e a formação continuada de professores dos anos iniciais: um debate entre o uso da cultura material e o ensino de africanidades, de Júlio Santos da Silva, doutorando em História pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), aborda o problema da criação de metodologias e ações pedagógicas para a concretização do ensino de cultura Afro-Brasileira e Africana. O autor reflete então sobre experiências pedagógicas realizadas com professores da rede municipal de formação continuada de professores para a concretização deste ensino.
Por sua vez, o texto Contribuições e impactos na educação escolar por meio da Lei nº 10.639 / 2003, de Rosangela Siqueira da Silva, Doutora em Ciências da religião, e de Telma Heloísa de Alencar Félix, licenciada em Filosofia, reflete sobre as ações do Projeto de Formação Continuada para educadores da rede municipal da Cidade de Manaus / AM, e sobre o sentdo deste projeto como ação direicionada a reconstrução da identidade negra e afrodescendente, enfrentando o racismo e a discriminação.
O texto de autoria Eliane Quaresma da Silva, professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Amapá, intitulado A educação para as relações étnico-raciais na Escola Estadual Professora Risalva Freitas do Amaral, em Macapá-AP, investiga as ações pedagógicas e conteúdos curriculares trabalhados pela referida escola na implementação da Lei 10.639 / 03, sobre o Ensino de História e Cultura afro-brasileira. A conclusão é que a Escola realiza ações para a visibilidade da cultura negra e afrodescendente, porém a ausência de uma formação continuada e de um Projeto Político Pedagógico norteador dessas ações tendem a retardar o efeito positivo que se objetiva com implementação desta lei: o reconhecimento e valorização da cultura afrodescendente.
O texto de autoria de Maria da Penha Lima da Silva, mestra em Ciências da Religião, Daniel Marcos Gomes de Lelis, Doutorando em Ciências da Religião, e Maria José Torres Holmes, Doutoranda em Ciências da Religião, intitulado Expressões do sagrado: da teoria à práxis, para além da sala de aula, trata-se de um relato de experiência realizada com os educandos de quinto e sexo ano do Ensino Fundamental. A experiência pedagógica em pauta teve como objetivo de levar os educandos ao entendimento de como os lugares se tornam sagrados e qual a sua importância para as tradições religiosas e para o ser humano. Nas visitas realizadas a templos históricos de João pessoa foi buscado sensibilizar os estudantes também para a presença do fenômeno religioso na construção da cidade.
Encerra o dossiê o texto O Ensino de História e Educação Escolar Quilombola: entre santos, crenças e festividades, de autoria de Raimundo Erundino Santos Diniz. Este artigo realiza a reflexão sobre elementos culturais da visão de mundo das comunidades quilombolas, como rituais religiosos, práticas socioculturais, territorialidades, crenças, festividades e identidade, em sua relação com as exigências específicas para ensino de história na educação escolar quilombola, valorizando as diretrizes específicas da educação intercultural quilombola.
Iniciando a seção de artigos livres deste número o texto O evolucionismo social e a “integração dos refugiados à sociedade brasileira”, do advogado e mestre em antropologia Gabriel Dourado Rocha, realiza uma reflexão crítica sobre a Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados, e problematiza a questão se esta integração preza pela autodeterminação do refugiado ou se remonta ao caráter racista do Estado Brasileiro. Por fim, o texto defende que a integração seja realizada por um paradigma intercultural, que considere e respeite a alteridade.
O texto de Diego Darlisson dos Santos Sousa, Igreja do Evangelho Quadrangular em Santarém – Pará. Sistema de crenças, “batalha espiritual” e socioespacialidade no Baixo e Médio Amazonas, versa sobre a relação entre o sistema de crenças e o modelo de células da Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), em Santarém, Pará. Na pesquisa o autor conclui que o uso da estratégia chamada “batalha espiritual” tem sido eficaz para expansão da igreja por espaços da cidade onde não tinha influência.
Em seguida o texto Elementos para a análise sociogeográfica dos Movimentos Indígenas, de David Junior de Souza Silva, constitui-se em uma proposta metodológica de intersecção entre o conceito sociológico de movimento social e o conceito geográfico de sentido de território para compreensão da realidade dos movimentos indígenas na Amazônia brasileira.
Encerrando este número o texto de Marcos Paulo Torres Pereira e Nilva Oliveira dos Santo, intitulado Eu sou um ser humano – uma leitura acerca da atualidade da obra de Hannah Arendt, faz uma reflexão sobre a obra da autora, especialmente as relações entre poder e estado e política se ser humano. A análise demonstra como preconceitos étnicos e raciais perpetuam o ódio e potencializam a negação das diversidades e alteridades.
Convidamos a todos para uma boa leitura.
David Junior de Souza Silva (UNIFAP)
Marcos Vinicius de Freitas Reis (UNIFAP)
Sérgio Junqueira (IPFER).
SILVA, David Junior de Souza; REIS, Marcos Vinicius de Freitas; JUNQUEIRA, Sérgio. Apresentação. Tempo Amazônico, Macapá, v.7, n.2, 2020. Acessar publicação original [DR]
Africanidades, Artes e Saberes / Tempo Amazônico / 2020
Esta edição da Revista Tempo Amazônico é composta pelo dossiê Africanidades, Artes e Saberes, organizado pelos professores Marcos Vinicius de Freitas Reis, Sérgio Junqueira e David Junior de Souza Silva.
O objetivo deste dossiê é reunir trabalhos que versem sobre as interfaces entre as religiões afro-brasileiras e a produção de saberes, considerando a arte como um campo de saberes ao lado dos saberes medicinais e científicos. O dossiê convocou trabalhos que fizessem a reflexão sobre como as religiões afro-brasileiras são retratadas no campo científico e como são representadas nas modernas e tradicionais linguagens artísticas – como o grafite e o artesanato.
Ao mesmo tempo, o dossiê convocou reflexões que tratem dos conflitos epistemológicos entre a matriz de visão de mundo africana e afro-brasileira, expressas em suas muitas expressões religiosas, e a visão de mundo eurocêntrica, conflitos que quase nunca tomam forma na dimensão epistemológica, mas na dimensão religiosa, configurando os fenômenos que chamamos racismo religioso e intolerância religiosa.
O texto de Taissa Tavernard de Luca, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião (UEPA) e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (UFPA), e de Valter dos Santos Vieira, mestre em Ciência da Religião, Arte e expressão religiosa no Amapá: um olhar a partir do grafismo, investiga o uso da arte como expressão religiosa dentro de um terreiro de candomblé, em Macapá. O respectivo terreiro, templo religioso da Nação Angola, usa imagens feitas pela técnica artística do grafite como meio de representação do sagrado. As imagens representam divindades do panteão africano, santos católicos e caboclos do tambor e mina maranhense.
Quatro textos do dossiê dedicam-se a compreender o fenômeno do racismo religioso. O primeiro, Repensando os ataques às Religiões Afro: uma breve discussão sobre o conceito de racismo religioso no Candomblé, de Ozaias da Silva Rodrigues, Doutorando em Antropologia Social, reflete sobre os usos científicos dos conceitos de racismo religioso e de intolerância religiosa em relação aos religiosos candomblecistas, e tipifica diferentes sentidos com que o conceito racismo religioso aparece nas falas dos candomblecistas para se referir à discriminação que a religião sofre.
O segundo, Tipos de Racismo Religioso: Padrões Comportamentais do Racismo Religioso, de Roberto José Nery Moraes, professor do curso de Direito Unifap, visa discutir a teoria geral do racismo religioso, como forma de comportamento aprendido que enseja na intolerância religiosa. A realidade empírica em qual se baseia a discussão teórica do autor é a das comunidades tradicionais de terreiro do Amapá, expressão religiosa, conforme o autor, de grande contribuição para a formação da identidade étnico-ambiental-religiosa do povo amapaense.
O texto de Pedro Henrique de Oliveira Germano de Lima, doutorando em Antropologia pela UFPE, O campo das religiões afrobrasileiras visto pelas teorias: balanço e crítica de normatizações, tem como objetivo a compreensão de como os cientistas sociais se debruçam sobre o fenômeno religioso, examinado a troca e circulação de conceitos entre os campos colocados em interação nesta tarefa científica: o campo das ciências sociais e o campo das religiões indo-afro-brasileiras. O texto defende o postulado de que as religiões eventualmente podem ser legitimadas pelo binômio autenticidade-falsidade, a ciência social não deve adotar este binômio como recurso heurístico. A ciência social deve afastar-se desta discussão sobre autenticidade, e investigar como as tradições religiosas são criadas pelos devotos.
O texto Catalogação dos Remédios Naturais Amazônicos – Santana AP, de autoria de Rodrigo Reis Lastra Cid, Afrânio Patrocínio de Andrade, ambos professores da licenciatura em Filosofia da Unifap, e Marlon Viana de Almeida Junior, graduando em Filosofia, trata-se pesquisa realizada com curandeiros da cidade de Santana, objetivando catalogar suas práticas e receitas, e suas crenças com relação à mística de suas garrafadas.
Concluindo o dossiê, o texto A tradição ceramista como guarda do Mistério Amazônico, de autoria da mestra em Ciência da Religião Roseane Barbosa Ferreira, realiza pesquisa de campo com cinco oleiros, que renovam a tradição da confecção das peças em cerâmicas no bairro do Paracuri, no município de Icoaraci, no Pará. A pesquisa conclui que mesmo na produção artesanal contemporânea dos artefatos cerâmicos a mediação principal ser um sentido econômico para a atividade, a religiosidade se faz presente na atividade, da qual não se esquece ser herança dos mitos e encantarias da região.
A seção artigos livres começa com a compreensão histórica da dinâmica da economia capitalista no período de vigência do Welfare State, no artigo intitulado Acumulação Capitalista, Welfare State e Taxa de Mais Valor, de autoria de Ednéia Alves De Oliveira e Gustavo Giovanny Dos Reis Apóstolos. O texto examina as relações que existem entre as políticas de aumento de renda aos trabalhadores, da matriz econômica keynesiana, e a extração ampliada da mais valia possibilitada pelo modo de organização da produção taylorista.
O texto Sociologia e Modernidade: entre o mundo pré-moderno e o póstradicional, de David Junior de Souza Silva também tematiza processos de longa duração, como os que foram a passagem do sistema feudal para a sociedade moderna industrial. Este artigo investiga as relações recíprocas entre Sociologia e Modernidade.
Outra contribuição sociológica a este número é o texto A recepção de José Carlos Mariátegui no brasil: ausência e presença de Glaucia Maria Tinoco Barbosa. Este texto é uma reflexão no campo da Sociologia Latino-americana, investigando as características específicas da nacionalização da teoria social de Mariátegui no Brasil e sua aplicação a compreensão da sociedade brasileira.
O ensino de história é tema do artigo intitulado Heavy Metal em sala de aula: a Inquisição Católica nas músicas do Iron Maiden de Diogo Tomaz Pereira, Mestre em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. O texto, colocando-se o objetivo de elaborar inovações metodológicas para o ensino de história, trabalha a possibilidade da utilização de composições musicais do gênero heavy metal como ferramentas nas aulas de história.
Concluindo este número, o texto de Eliane Vasquez, intitulado Movimento de reforma das prisões e ciência penitenciária no século XIX, reflete sobre o processo institucionalização da ciência penitenciária na segunda metade do século XIX compreendido a partir da perspectiva da história da ciência e em suas relações com o movimento de reforma penitenciaria, que emergia como questão social no período.
David Junior de Souza Silva (Unifap)
Marcos Vinicius de Freitas Reis (Unifap)
Sérgio Junqueira (IPFER)
SILVA, David Junior de Souza; REIS, Marcos Vinicius de Freitas; JUNQUEIRA, Sérgio. Apresentação. Tempo Amazônico, Macapá, v.8, n.1, 2020. Acessar publicação original [DR]
Artificios – Revista Colombiana de Estudiantes de Historia. Bogotá, v.15, 2020.
Dossier: Arte e Historia
Editorial
- Sobre el valor de las atracciones turísticas
- Andrés Mendoza
Artículos dossier
- Memoria y disidencias gráficas: narraciones de una historia con las artes
- Laura Paola Fajardo Leal
- El Impresionismo en Bogotá: la crítica de arte a finales del siglo XIX desde la obra de Andrés de Santa María
- María Toro Molinares
- Lo sensorial, la apreciación y el coleccionismo: la Vista y el imaginario en la Corte de Felipe IV
- Paulina Ocampo Martínez
- Coleccionismo real y coleccionismo de mercader en la España de Felipe IV
- Santiago Acosta Martínez
- Entre renglones rosas y azules, dos perspectivas de la mujer moderna. Una aproximación a las representaciones femeninas de 1919, en las revistas quiteñas Flora y Caricatura
- Mayte Peñaherrera
- “Blanqueamiento sonoro”, occidentalización del bambuco en la segunda mitad del XIX
- Sergio Daniel Arias Carrera
Reseñas
- Pachón, Yolanda. Caracterización técnica de la escultura policromada en la Nueva Granada
- Laura Liliana Vargas Murcia
- María Cristina Pérez Pérez. Circulación y apropiación de imágenes religiosas en el Nuevo Reino de Granada, siglos XVI-XVIII
- Jimena Guerrero Ramírez
Publicado: 2020-01-01
Prieto: Yoruba Kingship in Colonial Cuba during the Age of Revolutions | Henry B. Lovejoy
Faz mais de um século que historiadores e antropólogos têm se atribuído a tarefa de realçar o legado dos homens e mulheres procedentes do chamado “país iorubá” em Cuba. Cumprir tal tarefa parecia inevitável, pois se tratava dos criadores de um dos sistemas religiosos de origem africana mais difundidos e aceitos no país: a Santería. Sistema que, a partir de uma visão colonialista assumida sem muitos reparos, foi catalogado como menos “selvagem” ou mais “civilizado” do que outros de igual origem, o Palo Monte ou Regla de Conga, uma herança que os cubanos podem ostentar com certo orgulho. No caso da Santería, admiração que possivelmente aumentaria se muitos outros cubanos soubessem que os lucumís – como eram chamados os iorubás em Cuba – foram os protagonistas de algumas das mais sérias sublevações produzidas na primeira metade do século XIX. Não importa tanto se estas revoltas se manifestavam, no dizer dos estudiosos, como mera continuidade das “guerras” que muitos haviam sustentado em suas terras, porque o próprio fato de rebelar-se fora suficiente para incorporá-los ao cânone da luta anticolonial, mais ainda se destruíram plantações açucareiras e cafezais e, no caminho da liberdade, mataram a todo soldado espanhol empregado por seus opressores. Em resumo, ainda que o ditado mais conhecido em Cuba seja “quem não tem de congo tem de carabali”, também devemos contabilizar um DNA lucumí digno de ser conhecido, e assim a muitas histórias de vidas que ainda permanecem ocultas nos arquivos. Leia Mais
Segredos de Estado: o governo Britânico e a tortura no Brasil (1969/1976) | João Roberto Martins Filho
Foi publicado pela Editora Sagga, em 2019, Segredos de Estado: o governo britânico e a tortura no Brasil (1969-1976), de autoria do historiador João Roberto Martins Filho. O livro teve origem em meados de 2013, quando o autor submeteu o projeto à cátedra, perante o King´s College, em Londres, com o título “As Democracias europeias e a ditadura militar brasileira: o caso do Reino Unido”.
A obra se embasa na documentação da diplomacia do Reino Unido e traz uma enorme contribuição para a historiografia sobre as ditaduras militares na América Latina. A obra quebra alguns mitos sobre a instauração de regimes autoritários no Cone Sul. O primeiro deles refere-se ao deslocamento da temática sobre a relação entre a ditadura militar no Brasil e outros países, saindo do foco dos EUA, apesar de ainda haver muito a ser estudado sobre a participação norte-americana no Golpe de Estado e no planejamento e apoio ao regime militar. Há uma vasta lacuna sobre a relação entre o regime autoritário brasileiro e os países europeus. Leia Mais
Os investimentos estrangeiros em serviços públicos: América Latina e Espanha (século XIX e XX) / História Unisinos / 2020
O Dossiê que apresentamos para a apreciação dos leitores reuniu um conjunto de textos que contempla, a partir de diferentes perspectivas de análise, a historicidade dos investimentos estrangeiros na América Latina e na Espanha, dentro do marco cronológico dos séculos XIX e XX.
As pesquisas que originaram os artigos, apesar de procedentes de tradições historiográficas distintas – a europeia e a latino-americana – buscam explorar duas questões relevantes para a História Econômica. São elas: (1) Quais as relações existentes entre conjunturas nacionais / regionais e o fluxo de capitais estrangeiros para um determinado país? (2) Como as instituições políticas nacionais / regionais conduziram as tensões geradas entre os adeptos da captação de investimentos estrangeiros e os adeptos da valorização de capitais internos?
As questões supracitadas advertem para a necessidade de refutarmos uma leitura homogênea sobre os fatores que determinam o fluxo de capitais externos na direção da América Latina ou da Espanha. Neste sentido, para além da intencionalidade do lucro sempre presente na transferência de capitais de um país para outro, fatores como cooperação tecnológica, avaliação de riscos, previsão de demanda e os atrativos oferecidos pelo poder público são aspectos importantes para a compreensão da dinâmica dos investimentos externos. Igualmente importante é a percepção de que determinados setores da economia receberam maior afluxo de capitais externos em determinadas conjunturas históricas. E, no caso específico deste Dossiê, os setores contemplados foram o transporte ferroviário; o serviço de abastecimento de água; a indústria de gás e a geração / transmissão de energia elétrica.
No primeiro texto, Miguel Muñoz Rubio e Pedro Pablo Ortúñez revisam a discussão historiográfica sobre o impacto que a importação das primeiras locomotivas provocou na economia espanhola. Concentrando a abordagem no período entre 1848-1855, os autores constataram que a importação de locomotivas possibilitou uma transferência de tecnologias que foi fundamental para impulsionar a organização do sistema de transporte ferroviário da Espanha.
A gradual expansão do sistema de transporte ferroviário, primeiro da Inglaterra para a Europa continental e, posteriormente, da Europa para os outros continentes, pode ser considerada um dos capítulos mais interessantes na História Econômica mundial. Financiado na sua maior parte com capitais europeus, o novo sistema de transporte alcançou a América Latina, onde se tornou símbolo de modernização econômica, e, ao mesmo tempo, provocou tensões entre os investidores externos e as autoridades políticas locais. O artigo de Gunter Axt aborda este tipo de tensão. O autor pesquisou o embate entre o poder público e as empresas estrangeiras que atuavam no transporte ferroviário no Rio Grande do Sul da Primeira República. O desfecho do embate foi a encampação das empresas e a ampliação da intervenção do poder público na economia sul-rio-grandense.
Na mesma época em que as ferrovias facilitavam a circulação de passageiros e mercadorias e participavam da consolidação do chamado “sistema-mundo”, o fenômeno da urbanização se intensificava. Inseridas nas rotas de um comércio internacional que estava em expansão no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, algumas cidades portuárias atraíram grandes contingentes populacionais e se defrontaram com a urgente necessidade de ampliar a oferta de água potável. Este foi o caso da cidade chilena de Iquique – objeto de estudo do artigo escrito por Inmaculada Simón Ruiz e Luis Castro Castro. Localizada no extremo norte do Chile, numa região de clima árido, no final do século XIX, durante o ciclo de extração / exportação do salitre, a cidade portuária de Iquique se expandiu convivendo com o problema da disparidade entre a demanda por água potável e a escassez de recursos hídricos. A pesquisa de Ruiz e Castro constatou que a redução parcial da disparidade foi financiada com capitais externos que priorizaram o lucro dos investimentos e prolongaram a situação precária do abastecimento de água em Iquique – situação que só foi revertida a partir de intervenção do poder público no serviço.
A relação entre aumento na demanda por água e o desenvolvimento de um serviço de abastecimento controlado pelo capital privado e externo também está presente no texto de Alberte Martínez López, que escreveu sobre os investimentos da empresa britânica Algeciras Water Works Company Limited na cidade de Algeciras, Espanha. O estudo realizado pelo autor abrange o período entre 1912, ano de fundação da empresa, e 1952, ano da sua dissolução. Dentro deste recorte cronológico a atuação da Algeciras Water Works foi afetada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise econômica dos anos 30 e por mudanças na política cambial praticada pela Espanha. Diante destas adversidades e de uma crescente demanda por ampliação na oferta de água, a empresa se endividou e não foi capaz de atender de forma satisfatória os compromissos assumidos no contrato de concessão.
O fracasso de empresas estrangeiras é uma parte da história do fluxo de capitais internacionais. Outra parte desta história diz respeito aos padrões de investimentos estrangeiros observados em determinados locais e conjunturas históricas. Identificar estes padrões a partir da realidade da Espanha na segunda metade do século XIX e nos primeiros decênios do século XX é o propósito do artigo de Juan Manuel Matés Barco e Mariano Castro Valdivia. Os autores analisaram os investimentos estrangeiros nos setores de abastecimento de gás e água – ambos organizados a partir de indústrias de rede –, e concederam uma especial atenção para o fenômeno de retração dos investimentos estrangeiros na Espanha a partir de 1914 – um fenômeno ligado ao contexto da Primeira Guerra Mundial e às estratégias adotadas pelo governo para fortalecer a economia espanhola.
No sexto artigo do Dossiê, Alexandre Machione Saes aborda as mudanças ocorridas na política norte-americana de financiamento para o setor de energia elétrica no Brasil no período entre 1945-1954. O estudo de Saes ressalta a importância da pesquisa em fontes documentais diplomáticas no âmbito da História Econômica e oferece elementos para a compreensão das estratégias adotadas pelo Brasil e pelos Estados Unidos no fomento de um setor que ambos consideravam relevante.
Dentro do habitus da escrita acadêmica, a função do texto de Apresentação de um Dossiê é oferecer ao leitor pistas sobre um conjunto de artigos que pode ser lido em partes ou na sua totalidade. Acreditamos que nossa Apresentação, apesar de sucinta, atende esta função. No entanto, na condição de organizadores, consideramos pertinente registrar a constatação de que os seis textos reunidos tratam de investimentos estrangeiros diretos (IED), e, consequentemente, os investimentos estrangeiros em carteira (IEC) não foram contemplados. Apontando a ausência de estudos sobre a história dos investimentos estrangeiros em carteira neste Dossiê, sinalizamos para os leitores uma tendência no âmbito da História Econômica – a tendência de conceder maior atenção para pesquisas que abordam os investimentos estrangeiros diretos.
Diante do que foi exposto, finalizamos a nossa Apresentação agradecendo aos pesquisadores que participaram deste Dossiê como autores ou como avaliadores. E, da mesma forma, estendemos nosso sincero agradecimento para a Equipe Editorial da revista História Unisinos.
Fabiano Quadros Rückert
Guillermo Banzato
Os Organizadores
Corumbá / Buenos Aires, maio de 2020.
RÜCKERT, Fabiano Quadros; BANZATO, Guillermo. Apresentação. História Unisinos, São Leopoldo, v.24, n.2., maio / agosto, 2020. Acessar publicação original [DR]
Entre a sala de aula, pesquisas e historiografias: trajetórias na construção dos profissionais de História | Das Amazônias | 2020
O caminho da Revista Discente DAS AMAZÔNIAS se iniciou em dezembro de 2018 por ideia e esforços de um grupo de cursistas da licenciatura e do bacharelado em História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre, sob a tutela dos coordenadores de curso e do chefe de Centro, visando estimular a publicação da produção acadêmica em nossa área. O empenho desses pioneiros, a quem externamos nossa gratidão, nos lançou ao anseio e compromisso de contribuir com nosso periódico para a melhoria na construção de experiências formativas dos historiadores e professores de história.
Nesse sentido a ideia era propiciar aos trabalhos produzidos no decorrer da formação dos acadêmicos maior visibilidade em âmbito interno e externo a nossa Instituição. Para tanto, se adotou o modelo semestral, de livre acesso, com recebimento em fluxo contínuo de artigos e resenhas. De lá para cá já foram três números, tendo sido o primeiro multitemático e os dois últimos destinados a falar sobre o autoritarismo no Brasil. Leia Mais
Perspectiva Histórica. [?], v.10, n.15, jan./jun., 2021.
APRESENTAÇÃO
Artigos
PROTESTANTISMO E LEITURA: A FORMAÇÃO DO SISTEMA LITERÁRIO BATISTA
Luciane Silva de Almeida
UMA HISTÓRIA DE MUTUALISMO E DE FLORESCIMENTO CONTÍNUO: O JORNAL E A LITERATURA NA CIDADE DE VALENÇA – BAHIA
Gilson Antunes da Silva
A REPRESENTAÇÃO DA FEMINILIDADE E MASCULINIDADE NO ROMANCE DE EPOCA DE JUDITH MCNAUGHT: UMA ESCRITORA DO SECULO XX ESCREVENDO SOBRE O SECULO XIX
Maria Salete de Souza Nery e Juliet Cerqueira Saraiva Luft
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA NA ARGENTINA
Ana Maria Silva Carmo e Florentina da Silva Souza
FORMAS DISCURSIVAS DE REPRESENTAÇÃO FEMININA EM CONTOS DA TRADIÇÃO ORAL DA BAHIA
Hildete Leal dos Santos e Adelino Pereira dos Santos
OLHARES SOBRE JUBIABÁ: O POVO, A CIDADE DA BAHIA E O HERÓI NEGRO NO ROMANCE DE JORGE AMADO
Derneval Andrade Ferreira e Adelino Pereira dos Santos
Entrevista: RAMON MOTA COUTINHO
Equipe editorial Perspectiva Histórica
Resenhas
A DITADURA QUE OS INGLESES CONTRIBUÍRAM
Manoel Reinaldo Silva Rego
Pandemia da COVID – 19 | Rural e Urbano | 2020
Esta Edição da Revista Rural & Urbano, v.05, n.02, apresenta o dossiê especial com debates em torno do contexto vivido pela pandemia da COVID – 19 em 2020. A proposta deste dossiê foi revelar o momento de exceção que estamos vivenciando, refletir sobre os grandes desafios que estão sendo enfrentados, identificar os novos arranjos que se estabelecem frente aos impactos da pandemia, em diversas escalas espaço-temporais e abordagens. São apresentados artigos que discutem o Covid-19 e as relações geopolíticas mundiais, tanto aspectos político-econômicos, como relacionados aos aspectos migratórios, e também à disputa pelos recursos naturais. Ainda acerca da pandemia, são abordadas questões relativas à dinâmica urbana, ao direito à cidade, à qualidade de vida e às questões de isolamento relacionadas à velhice, à comunidade LGBTQI+, ao agravamento da exclusão social e da desigualdade socioeconômica, como também estudos de caso com levantamentos de dados epidemiológicos que precisam ser registados. Os efeitos da pandemia do Covid-19 têm atingido diretamente as questões de ensino, tanto escolar como universitário, seja no campo ou na cidade, deste modo aqui apresentamos artigos que revelam esses impactos do isolamento social nas relações de ensino-aprendizagem, nas condições de trabalho dos docentes, e nas consequências do ensino remoto. A entrevista com a professora Titular do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, Doutora Rosa Ester Rossini, traz uma importante contribuição sobre a reflexão acerca da pandemia do Covid-19, destacando o papel do geógrafo como pesquisador desta realidade social atual, e as inter-relações com questões populacionais, de gênero, produtivas, tanto no campo quanto na cidade, as quais não estão deslocadas dos processos contemporâneos. Ainda nesta edição contamos com artigos livres que seguem o escopo da Revista, com análises multidisciplinares sobre questões rurais e urbanas.
Recife, 31.10.2020
Editoras
Mariana Zerbone Alves de Albuquerque
Maria Rita Ivo de Melo Machado
Edvânia Torres Aguiar Gomes
Referências desta apresentação
GOMES, Edvânia Torres Aguiar; ALBUQUERQUE, Mariana Zerbone A. de; GOMES, Edvânia Torres Aguiar. Editorial. Rural e urbano, Recife-PE, v.5, n.2, 2020. Acessar publicação original [DR]
Covid-19, Sociedades e Tempo Presente / Cadernos do Tempo Presente / 2020
Vivemos tempos terríveis. Tempos sombrios, dias entristecidos. Em várias partes do Mundo, ruas, avenidas e praças desertas, escolas fechadas, hospitais lotados. O advento da pandemia de covid-19 promoveu mudanças bruscas na rotina de diferentes povos. De repente, até mesmo ritos fúnebres precisaram ser modificados. A resposta a um mal comum, no entanto, foi diversificada.
Como se cada país pretendesse, às pressas, encontrar uma saída, teve início uma corrida desenfreada por vacina, por paliativos e medicamentos. Junto com tal esforço, uma série de informações desencontradas ascendeu também. Uma inesperada onda negacionista se manifestou e procedimentos de profilaxia foram menosprezados por líderes políticos em diferentes lugares. O pedido por isolamento social, a necessidade de manter distância e proteger a si para também salvar os outros foi ridicularizada, atacada e inesperadamente desobedecida a partir de discursos inflamados de chefes de Estado como Donald Trump e Jair Bolsonaro.
A covid-19 se configura como o maior desafio à humanidade nas primeiras décadas do Século XXI. Em meio à tragédia, um grupo de intelectuais se coloca para oferecer reflexões iniciais sobre os desdobramentos da pandemia pelo Globo. O dossiê aqui apresentado reúne contribuições de pesquisadores de diferentes lugares: da Argentina à Alemanha, da Espanha ao Oriente Médio, chegando ao Brasil, o dossiê contém reflexões de pesquisadores, eles mesmos testemunhas, sobre a história em movimento de uma tragédia mundial.
Abrindo a edição, Karl Schurster e Michel Gherman nos provocam com a pergunta: Como Lidar com os Fascismos Hoje? Os autores analisam as práticas discursivas e o agir político dos variados tipos de fascismo no tempo presente. Refletindo sobre a instrumentalização política da pandemia, e partindo da crise das instituições democráticas e do avanço de políticas da chamada direita radical, Schurster e Gherman buscam compreender quais as características desse “novo” fascismo e como ele se desenvolve, utilizando para isso o campo teórico clássico e contemporâneo e a metodologia comparativa. O itinerário do texto os leva a problematizar categorias como conspiração, negacionismo, negação da alteridade, guerra permanente e disseminação do ódio como fundamentais para o “novo” fenômeno político e histórico.
Em seguida, Francisco Carlos Teixeira da Silva analisa de que maneira a “novilíngua bolsonarista”, em clara inspiração Orwelliana, se aplica à covid-19, empacotada num mesmo molde de padronização que já vinha se aplicando à caracterização da homossexualidade e da pobreza. Normalizando a violência e naturalizando o desumano, a novilíngua bolsonarista é utilizada no cotidiano de tortura e violência sofridas pelos “judeus” do bolsonarismo e na construção do perfil do líder da extrema-direita brasileira. Sendo assim, observa o autor, a partir da violência dispensada aos homossexuais e estabelecendo um padrão, é construído o paradigma para a morte por covid-19 no Brasil.
Lorena López Jáuregui propõe um glossário da pandemia de covid-19 a partir da língua alemã. A autora procura explicar o contexto germânico nos últimos quatro meses, refletindo sobre a crise instalada na Alemanha, lembrando que o país está em estado de emergência nacional desde março de 2020, devido à pandemia. Jáuregui léxico discute como a crise expressa a reação social local a esse problema global e nela as palavras tornam-se, então, uma expressão em mutação.
Emmanuel-Claude Bourgoin Vergondy, Óscar Ferreiro Vázquez e Ramón Méndez González abordam a Espanha diante da pandemia de covid-19, contemplando a evolução da situação de emergência, bem como as repercussões em diferentes áreas da sociedade. Em seu texto, o trio de pesquisadores observa como a comunidade internacional reagiu de maneira irregular, acreditando que algo assim não seria mais possível no século XXI, o que deixou claro que nenhum país está adequadamente preparado para ameaças biológicas fora das estruturas conhecidas.
No artigo El Consejo de Cooperación de Estados Árabes del Golfo en el marco de la pandemia de COVID-19: cooperación sanitaria versus tensiones en el ámbito político, Ornela Fabani levanta como problema a situação do surgimento da pandemia de covid-19 como uma nova ameaça, de natureza não tradicional, que coloca em xeque a segurança dos Estados do Golfo. Fabani analisa a resposta do bloco ao surgimento do surto do novo coronavírus. Bruno Sancci analisa a agenda política e econômica de uma Argentina em crise, desafiada pelo novo coronavírus. Conforme Sanci, a quarentena e o momento que vivem os argentinos agem como catalisadores das tendências relacionadas à própria estrutura da sociedade argentina.
Fechando o dossiê, Ian Kisil Marino, Pedro Telles da Silveira e Thiago Lima Nicodemo, refletem sobre os impactos das tecnologias digitais nas formas de arquivamento contemporâneo e apresentam a perspectiva de atuação elaborada no âmbito do projeto Memória Covid-19 Brasil, através do trabalho conjunto dos integrantes do Centro de Humanidades Digitais IFCH-UNICAMP e do projeto DéjàVu, da mesma instituição.
Por fim, Liliane Costa Andrade oferece a resenha do livro “O Cinema vai à Guerra”.
Em tempos de pandemia, os Cadernos do Tempo Presente se apresentam para colaborar no esforço de entender a tragédia. Vivemos tempos terríveis, sim. Os textos aqui contidos significam o esforço em oferecer interpretações, sugerir caminhos e, de alguma forma, poder nos ajudar para que a travessia por dias tão tristes seja um pouco menos dolorida.
Os Editores.
Editores. [Covid-19, Sociedades e Tempo Presente]. Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, v.11, n.1, 2020. Acessar publicação original
Rumos da História. Vitória, v.1, n.10, jan./jul. 2020.
- Carta dos Editores
- Kellen Jacobsen Follador e Leandro do Carmo Quintão
Artigos
- A municipalidade e os médicos: os males da insalubridade e a intervenção no cotidiano da cidade (Recife, século XIX) Williams Andrade de Souza (5)
- Na Província dos Deuses: a importância das cidades de Kizuki e Matsue para a Teoria do Ethos Japonês em Lafcadio Hearn
- Edelson Geraldo Gonçalves (29)
- A arte pública efêmera na cidade: entre o artístico, o político e o social,
Ana Rita Vidica Fernandes (47) - O Espírito Santo e a ocupação de seu território ao norte do rio Doce: a fundação da Companhia Territorial de Colatina
- Helmo Ballarini (67)
Estilaque Ferreira dos Santos - Conversos portugueses nos “Livros de Denunciações do Santo Ofício”, século 16
Reuven Faingold (92)
O pensamento ético-político de Maria de Lourdes Pintasilgo: diálogos com Martin Heidegger e Hans Jonas – CARRILHO (RFA)
CARRILHO, M. R. O pensamento ético-político de Maria de Lourdes Pintasilgo: diálogos com Martin Heidegger e Hans Jonas. Lisboa: Fundação Cuidar o Futuro, 2019. Resenha de: PROVINCIATTO, Luís Gabriel. Revista de Filosofia Aurora, Curitiba, v.32, n.55, p.322-328, jan./abr, 2020.
O pensamento ético-político de Maria de Lourdes Pintasilgo: diálogos com Martin Heidegger e Hans Jonas resulta de um doutoramento em Filosofia na Universidade de Évora, Portugal, sob a orientação das professoras Fernanda Henriques e Irene Borges-Duarte. A obra que agora se tem, porém, não é a tese doutoral tal e qual, como destaca a própria autora, Marília Rosado Carrilho. O que agora se apresenta sob a forma de livro é, por assim dizer, uma dupla introdução: uma em sentido horizontal e outra em sentido vertical.
Esse duplo movimento introdutório é o que título e subtítulo expressam: o primeiro mostra a introdução em sentido horizontal e o segundo em sentido vertical. Em sentido horizontal porque se trata de apresentar o pensamento ético-político de Maria de Lourdes Pintasilgo, uma mulher que se destacou, sobretudo, por sua intensa atividade político-social em Portugal, na União Europeia e na Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse sentido, trata-se de colocar o(a) leitor(a) a par não somente da contribuição de Maria de Lourdes Pintasilgo para a política, mas de mostrar como a política é desenvolvida e aprimorada em seus textos, que, na maioria das vezes, são conferências, palestras, discursos e/ou entrevistas. Além disso, trata-se de mostrar como ética e política estão conjugadas de tal forma que, em Pintasilgo, não se pode pensar uma sem a outra. Pode-se dizer, portanto, de uma introdução como apresentação do pensamento ético-político de Maria de Lourdes Pintasilgo.
A obra é também uma introdução em sentido vertical, pois não se limita somente à apresentação. Trata-se de conduzir o(a) leitor(a) ao interior do próprio pensamento de Pintasilgo, colocando em discussão a sua gênese, formação, desenvolvimento e apontando, ao final, para o legado por ele deixado. Isso torna a obra de Carrilho única: à medida em que coloca o pensamento ético-político de Maria de Lourdes Pintasilgo em um panorama, extrai dele aquilo que lhe é mais fundamental. Disso decorre o encontro com os dois pilares de seu pensamento: Martin Heidegger e Hans Jonas. Diz-se, assim, de uma introdução como um adentrar ao núcleo formativo e estruturante do pensamento ético-político de Pintasilgo.
O texto é aberto por dois prefácios: um assinado por André Barata, que destaca a importância da transição do “poder sobre” ao “poder para”, e outro assinado por Maria Antónia Coutinho, que destaca a força da linguagem humana presente em Maria de Lourdes Pintasilgo e dá ênfase à necessária mudança de paradigma político, a saber, de uma ética da justiça a uma ética do cuidado, centrada, sobretudo, na qualidade de vida. À sequência, seguem-se os cinco capítulos trazidos por Carrilho, antecedidos por uma Introdução, cuja função não é somente apresentar a estrutura da obra, mas também trazer alguns dados biográficos de Maria de Lourdes Pintasilgo. Além disso, a Introdução faz e traz um organograma conceitual do percurso de Pintasilgo: ele é fundamental para o posterior andamento da obra, pois o desenvolvimento dos capítulos está finamente associado a tal percurso aí apresentado.
O primeiro capítulo — A indissociabilidade entre ética e política como linha de força do pensamento e ação de Maria de Lourdes Pintasilgo — faz uma abordagem geral do pensamento de Maria de Lourdes Pintasilgo, mostrando como nele não se pode dissociar ética e política, pensamento e ação, palavra e ato. Desde o início também se percebe a importância de Martin Heidegger e Hans Jonas: do primeiro se toma a noção de “cuidado” como fundamento ontológico do ser humano e do segundo o princípio de responsabilidade como determinante para o convívio em comunidade e para a edificação de uma ética holística, preocupada com o futuro e com a qualidade de vida. Aqui também já se entende a proposta de uma “nova política”, à qual está ligada um conjunto de características fundamentais: consciência cívica, poder, “agir a palavra” e “nova cultura política”. Essas características são trabalhadas ao longo do capítulo. Importa perceber como elas estão interligadas.
A sociedade é formada por todos e todos são responsáveis por ela: esse é o ponto de partida de Maria de Lourdes Pintasilgo. Só há responsabilidade onde há liberdade e só há ética onde ambas estão presentes. Assim, a consciência ética implica na capacidade de escolher, tendo em vista o bem comum, e de se tornar responsável por essa escolha. O que Pintasilgo entende por consciência cívica é a possibilidade do cidadão, por um lado, intervir livre e responsavelmente na sociedade e, por outro, ter consciência da importância dessa intervenção. A consciência cívica exige uma “massa crítica” que deverá ser “reflexiva, denunciadora e interventiva” (CARRILHO, 2019, p.36). A consciência cívica como consciência ética implica numa “nova política” onde o poder é exercido “para” e não mais “sobre”. Essa é a singular mudança trazida pela “nova política”: o exercício da autoridade no poder político, assim, é legitimado pela responsabilidade. Poder, liberdade e responsabilidade são termos correlatos, portanto. A ética, então, está aí pensada a partir de uma necessária vinculação entre teoria e prática, à qual Pintasilgo denomina de “agir a palavra”: “o pensar nada muda sem o agir, mas o agir sem rumo poderá levar à errância” (CARRILHO, 2019, p.43). Atenção seja dada ao alerta aí realizado: a ética deve evitar ao máximo o agir sem rumo, cabendo-lhe, portanto, o papel regulador da ação. Esta regulação, porém, não deve ser vista como um empecilho do progresso, mas como uma aliada, pois ela provém de um projeto educador que está à base do projeto da “nova cultura política”. Maria de Lourdes Pintasilgo busca em Paulo Freire as bases desse projeto educacional capaz de pensar a autonomia do cidadão, sua consciência cívica e sua vida política e social. Desse modo, à indissociabilidade entre ética e política se junta um projeto educador, percebido nas entrelinhas desse primeiro capítulo, e pouco explorado por Carrilho.
O segundo capítulo — A emergência de um novo paradigma como condição para uma governação ético-política — trata, basicamente, da mudança do “paradigma do progresso” para o “paradigma da qualidade de vida”. Essa proposta se inicia com a apresentação daquilo que Maria de Lourdes Pintasilgo chama de “tempo da vergonha”: há progresso, conquista da ciência, aumento da economia mundial e, mesmo assim, ainda há tantas perturbações aos sistemas de suporte da vida. O “tempo da vergonha” é um diagnóstico do final do século XX e início do XXI e, além disso, deve fazer cair o mito do desenvolvimento como um progresso ascendente e que é, na maioria das vezes, um progresso econômico. Propondo a mudança, Maria de Lourdes Pintasilgo afirma a importância do outro para que haja relação ética e, nesse sentido, torna evidente a importância do cuidado: consigo, com as coisas e com os outros. Essa ideia de cuidado é tirada da filosofia de Heidegger, que, além disso, também contribui decisivamente para a caracterização do ser humano como ser relacional, um ser-com-os-outros-no-mundo. Para além de Heidegger, no entanto, Pintasilgo faz convergir o cuidado à dimensão ético-política.
A mudança paradigmática se inicia quando se rompe com o conformismo e com o consenso. Eles são os dois inimigos da mudança: o primeiro por resignar-se com o que está dado e o outro por gerar conforto em vários aspectos, impedindo a mudança, negando-a, na verdade. Para tanto, Carrilho traz aquilo que Pintasilgo denominou como “teoria das brechas”: entrar pelos espaços que são oferecidos e intervir substancialmente no sistema, causando a mudança. A mudança paradigmática, por mais difícil que pareça, nunca deixa de ser realizável para Maria de Lourdes Pintasilgo, que, com isso, resgata politicamente a ideia de utopia, não como algo irrealizável, mas como plenamente realizável desde que seja pensada como horizonte. Trata-se, pois, de olhar para o futuro ao qual a política caminha a partir das decisões adequadas tomadas no presente. Assim, a “qualidade de vida” aparece como uma “utopia política” realizável integralmente: “qualidade de vida é proporcionar patamares mínimos de existência digna, considerados como direitos, uma vez que possibilitam a autossuficiência e independência do indivíduo” (CARRILHO, 2019, p.73). Note-se: o novo paradigma político deve ter como objetivo a autossuficiência e a independência do indivíduo. Para tanto, Pintasilgo propõe um novo contrato social, pautado não mais na subordinação, mas numa comunidade livre e que traz as seguintes características: a instauração de mecanismos de regulação, isto é, uma ética regulatória; uma cidadania com intervenção de homens e mulheres, donde a necessária consciência cívica; e uma soberania alargada e responsável, na qual poder, liberdade e responsabilidade são, de fato, correlatas.
O terceiro capítulo — Cuidar o futuro: fundamento da ética global e imperativo humano — fala sobre a proposta de uma “ética global” a partir daquilo que Pintasilgo chamou de “cuidar o futuro”. O lema traz como seus dois principais objetivos “humanizar a política e possibilitar uma existência digna” (CARRILHO, 2019, p.79). Essa “ética global” proposta por Pintasilgo, ao ser “holística, consequencialista, da responsabilidade e do cuidado” (CARRILHO, 2019, p.81), faz convergir o pensamento de Heidegger e Jonas ao seu projeto ético-político. Além disso, ela ainda propõe alterações fundamentais às éticas tradicionais: o sujeito ético deixa de ser o indivíduo e passa a ser o coletivo, o objeto ético deixa de ser estritamente o humano e passa a abarcar a natureza, a ação moral deixa de estar pautada na intenção e passa a remeter às (possíveis) consequências da ação, a dimensão temporal da ética deixa de avaliar a ação no imediato de sua realização para “se entender que importam as repercussões a médio e longo prazo” (CARRILHO, 2019, p.83). Assim, uma “ética global” está posta porque os problemas se tornaram globais tanto pela extensão quanto pela duração que a ação humana passou a ter. Essa “nova ética” deve, primeiramente, questionar a ação a ser realizada. O papel regulador da ética provém do caráter questionador da filosofia, atestando a importância desta para a “nova política”. Desse modo, a “ética global” de Pintasilgo questiona e regula: “nem tudo o que é cientificamente exato ou tecnologicamente viável é socialmente aceitável; é a pessoa humana [pensada na integridade com a natureza] a primeira e a última finalidade de toda decisão política” (CARRILHO, 2019, p.87). Carrilho, ao final desse capítulo, traz um importante esclarecimento: a ética global proposta por Pintasilgo não é uniforme, tampouco pautada num denominador comum. Ela é a descoberta de um núcleo dos valores éticos compartilhados pelos grandes sistemas do pensamento.
O quarto capítulo — Cuidado e responsabilidade como pilares do agir ético-político — se propõe a mostrar a direta influência de Heidegger e Jonas no pensamento ético-político de Maria de Lourdes Pintasilgo. Carrilho inicia mostrando como os termos “cuidado” e “responsabilidade”, principais contributos dos filósofos mencionados, passam a fazer parte do vocabulário de Pintasilgo. Interessante destacar que Carrilho, nesse momento, dedica-se a apresentar o “cuidado” heideggeriano e a “responsabilidade” jonasiana em suas devidas conjunturas. Desse modo, a primeira divisão do capítulo — O cuidado como fundamento ontológico do ser humano — traz uma abordagem geral do cuidado no contexto de Ser e tempo, apresentando-o como caracterização ontológica do ser humano, concretizando-se como ocupação e solicitude. Mesmo levando a noção de cuidado para além da caracterização ontológica apresentada por Heidegger, Pintasilgo concorda estritamente com ele em um aspecto decisivo, como mostra Carrilho: “o cuidado é intenção originária, abertura a si e aos outros” (CARRILHO, 2019, p.94). Carrilho procede da mesma maneira com Jonas na segunda parte do capítulo — A responsabilidade como exigência da condição humana de ser-com. Aí a autora dá destaque ao “imperativo categórico da responsabilidade”, próprio de Jonas e apropriado por Pintasilgo. Além disso, apresenta também a responsabilidade a partir de uma tripla caracterização: enquanto sentimento, enquanto dever-ser e enquanto condição da ação causal. Carrilho perpassa, de fato, o núcleo edificante do princípio da responsabilidade de Hans Jonas, mostrando, ao final, como Pintasilgo o faz convergir à “nova ética global”, logo, à “nova política”.
O capítulo final — O legado de Maria de Lourdes Pintasilgo — não é, como a própria autora afirma, uma conclusão. Trata-se de uma retomada do caminho percorrido, fazendo uma síntese das teses apresentadas e apontando o legado deixado por Maria de Lourdes Pintasilgo. Nesse sentido, trata-se de retomar, primeiramente, os pontos apropriados por Pintasilgo de Heidegger e Jonas para, à sequência, mostrar como a temática do “tempo futuro” deve sua fundamentação também a eles. Para Pintasilgo, o futuro é o horizonte da ação ética, ou seja, a vida está sempre em construção, logo, nunca há uma sociedade plenamente realizada. Daí a importância dos governos pensarem a curto, médio e longo prazo: “à fluidez do tempo, é preciso responder com o exercício da decisão responsável. […] Com os ‘pés’ no presente e os ‘olhos’ no futuro, assim deve ser o ser humano responsável” (CARRILHO, 2019, p.115). Em suma: trata-se de agir a partir do local em que se vive e pensar desde uma perspectiva global. Aos governos competem realizar uma ação que pense a longo prazo e implementar um projeto com metas, prazos, métodos e regras para a execução. Não se trata de fazer apenas vigorar leis, mas de torná-las factíveis, avaliáveis e fundadas na verdade e na vontade de saber, “efetivada através do diálogo com o povo, com os diversos saberes e do diálogo interno no seio do sistema governativo” (CARRILHO, 2019, p.119).
Por fim, por cumprir muito bem o papel de ser uma dupla introdução, o texto de Marília Rosado Carrilho não é somente um comentário, mas, na verdade, um condutor até ao pensamento de Maria de Lourdes Pintasilgo. Seguir o percurso dessa obra, à qual se recomenda a leitura, é, de fato, perceber-se introduzido ao e no pensamento de Pintasilgo e, ao mesmo tempo, sentir-se impulsionado para além dos comentários aqui postos pela autora, permitindo-se encontrar, confrontar e discutir com os textos da própria Maria de Lourdes Pintasilgo.
Luís Gabriel Provinciatto – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil / Universidade de Évora, Évora, Portugal. Mestre em Ciências da Religião. E-mail: lgprovinciatto@hotmail.com
[DR]
Tempo. Rio de Janeiro, v.26, n.1, 2020.
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Mulheres e Gênero na Historiografia Capixaba | Revista do Arquivo Público do Estado do Espirito Santo | 2020
O presente dossiê é fruto de reflexões que vêm ocorrendo há quase duas décadas no âmbito do Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), notadamente a partir da criação do Laboratório de Estudos de Gênero, Poder e Violência (LEG). A institucionalização desse campo de estudos, em especial com pesquisas sobre mulheres, tem contribuído para promover na historiografia capixaba novas perspectivas e novos objetos. Este é um movimento de renovação devedor de muitas fontes. Está atrelado tanto a mudanças de paradigmas nas Ciências Humanas, quanto a uma tradição capixaba de memória e história que começou a ser repensada a partir da publicação de obras pioneiras, como A mulher na História do Espírito Santo, de Maria Stella de Novaes.
Escrito nos idos dos anos 1950, mas publicado somente em fins da década de 1990, a obra de Novaes pode ser lida em diálogo com uma vertente mais testemunhal e memorialística, mas que indica uma busca de espaço pouco discutida até então sobre a urgente necessidade de se narrar as experiências marginalizadas de mulheres. De lá para cá, a historiografia produzida no Espírito Santo vem trilhando um longo caminho, no esforço por consolidar os estudos sobre mulheres e relações de gênero. Nesse ponto, uma crítica é pertinente, pois se houve avanços incontestáveis de abordagem e método, ainda estamos longe de ter uma extensa produção acadêmica pautada nas temáticas de gênero, com pesquisas que privilegiem o enfoque regional. Leia Mais
Filosofia Unisinos
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[01/01/2002]
Ideias e práticas econômicas no mundo atlântico: liberdade, circulação e contradições entre os séculos XVII e XIX / Cantareira / 2020
Ao longo das últimas décadas, o mundo atlântico e seus desdobramentos no campo conceitual tem, cada vez mais, ganhado destaque nas produções historiográficas. Há uma ressignificação na abordagem usada, em detrimento de certa historiografia tradicional, que admitia o mundo atlântico como uma barreira geográfica e política. Esta nova interpretação historiográfica se vale das conexões. Passa a ser entendido, portanto, como espaço de trocas, circularidades e trânsito de pessoas e ideias. Esse movimento teórico-conceitual encontra expoentes na historiografia internacional e nacional a partir dos anos 1980 e, ainda hoje, apresenta caminhos oportunos a serem explorados. O objetivo do dossiê não é se pautar em uma única historiografia ou autor, mas abrir espaço para um conjunto de trabalhos que compõem esse movimento intelectual.
O rompimento com os paradigmas de categorias de análise inflexíveis, como, por exemplo, a dualidade antagônica metrópole-colônia, foi um passo importante para a adoção de uma perspectiva renovada. Mas ainda é preciso romper com a universalidade de conceitos que, muitas vezes, são mobilizados de forma acrítica. Na formação do mundo atlântico, as ações e ideias eram muito mais complexas do que os conceitos tradicionais podem sugerir. Compreendendo a complexidade das relações intelectuais e das práticas econômicas, mostra-se imperioso pontuar as singularidades a partir das quais se conformam as ideias para além da realidade social, política e econômica europeia ao longo do tempo.
Os interesses que permeiam as pessoas e instituições que formam este novo cenário de uma primeira globalização traz à tona novas formas de pensar inauguradas com o contato entre os povos e a ascensão de uma latente ordem comercial que começa a tomar forma e constituir os ditames das políticas construídas na europa e no comércio ultramarino. Contudo, é importante atentar que esmiuçar o pano de fundo das empreitadas coloniais, em seus diversos aspectos, não é mitigar o processo de brutal dominação ocorrido.
O objetivo do presente dossiê não é apresentar contribuições de determinada corrente historiográfica. Trata-se, na verdade, de reunir trabalhos que, a partir de perspectivas teóricas diversas, dialoguem entre si e, ao mesmo tempo, expressem a complexidade de abordagens no cenário atlântico. Os artigos presentes no dossiê apresentam variações de temas e abordagens que a História Política e a História Econômica podem oferecer. Compreender a multiplicidade de interesses que formaram os impérios e as rotas comerciais na idade moderna – em seu lado micro e macro – torna-se, portanto, a proposta central deste dossiê. O trabalho de Steven Pincus é uma referência nesta questão, pois mostra a ineficácia de se trabalhar com conceitos totalizantes, como o “mercantilismo” e compreender as disputas internas que ocorrem no interior deste.
As novas interpretações historiográficas acerca do atlântico nos permitem questionar o papel das colônias como simplesmente replicadoras das políticas, práticas econômicas e pensamentos originados no cenário europeu. O conceito de “histórias conectadas”, proposto por Sanjay Subrahmanyan, coloca em evidência as conexões e supera a falsa ambiguidade de uma historiografia eurocentrada.
O dossiê contém cinco artigos que articulam temas de economia, ideias econômicas, administração estatal, cultural material e redes de poder. E provém uma dimensão do que está sendo produzido no sentido de aprofundar o debate da história econômica.
O primeiro destes, de autoria de Alice Teixeira, “Cultura material e o cotidiano do trabalho no Estado do Grão Pará e Maranhão no final do século XVIII e início do século XIX”, investiga – a partir de inventário e relatos de viajantes – como se dava a relação construída entre a dinâmica do mercado externo e as populações locais nas empreitadas agrícolas da região.
O artigo propõe uma visão ampla sobre o comércio regional, atenta à agência dos indivíduos, por meio da descrição de seus objetos O artigo seguinte, “Comércio de cabotagem e tráfico interno de escravos em Salvador (1830-1880)”, de Valney Filho, traz importantes observações sobre o tráfico intra e interprovincial, articulando o comércio de cabotagem e as companhias atuantes nesta dinâmica. A pesquisa aponta para a complexidade das dinâmicas sociais e econômicas na comercialização dos escravizados, por meio de um intenso trabalho com fontes.
O artigo de Débora Ferreira, “Uma bandeira da Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá vai aos domínios de Castela”, examinou, a partir de um estudo de caso, as redes de poder que compunham o cenário político e econômico colonial. Tratando da “bandeirinha sertaneja” em meados do século XVII, a autora demonstra as disputas de poder entre certos agentes e instituições que tinham interesse em negociações com a Coroa.
Diogo Gomes, por sua vez, no artigo “Rendas e encargos das finanças municipais: uma análise da atuação do Conselho Geral de Minas Gerais nos primeiros anos do Império do Brasil (1828-1832)”, propõe uma análise da atuação do Conselho Geral Províncias, especialmente em Minas Gerais. O autor mobiliza as atas do Conselho a fim de identificar as funções deste órgão administrativo e compreender sua atuação, enquanto instância intermediária entre as câmaras municipais e o poder central, diante de um novo sistema político estabelecido, com ênfase na dimensão econômica atribuída à cobrança de tributos pelos municípios e pelas províncias.
O artigo “A produção de café na Vila de São João de Itaboraí e sua comercialização em Porto das Caixas (1833-1875)” é escrito por Gilciano Costa. Trata-se de uma pesquisa de História Regional em que se pauta a formação socioeconômica de Itaboraí, por meio da cultura cafeicultora e seu comércio. A pesquisa empenhada apresenta fontes e dados diversificados de registros de época para remontar a trajetória do café na região.
Por fim, a entrevista realizada com o professor português, José Subtil, da Universidade Autónoma de Lisboa, partindo de sua trajetória acadêmica, elucida certos questionamentos concernentes às discussões historiográficas sobre as instituições e o aparelho jurídico e administrativo. Versa, também, sobre questões atuais da História enquanto conhecimento acadêmico, como a sua relação com o público e possíveis direcionamentos para a ciência histórica.
Leonardo Cruz – Graduando IH / UFF E- mail: lacoliveira96@gmail.com
Matheus Basilio – Graduando IH / UFF E-mail: matheusfernandesgb@gmail.com
Matheus Vieira – Graduado IH / UFF E- mail: vieiramatheus@id.uff.br
CRUZ, Leonardo; BASILIO, Matheus; VIEIRA, Matheus. Apresentação. Revista Cantareira, Niterói- RJ, n.32, jan / jun, 2020. Acessar publicação original [DR]
Gênero e Religiosidades: resistências e modos de vida / Revista Brasileira de História das Religiões / 2020
A chamada temática “Gênero e Religiosidades: resistências e modos de vida” foi proposta com a intenção de congregar trabalhos atentos a práticas e experiências diversas de vida religiosa a partir das categorias gênero e resistência. Consideramos que a pertinência da proposição se fundamenta no exercício de pensar as múltiplas dimensões que conformam nosso Tempo Presente, particularmente no que diz respeito às tensões, imposições e reinvenções quanto às questões de gênero, categoria central para analisar práticas e experiências religiosas.
Articuladas as noções de classe e etnia, as questões de gênero, segundo sugere Ana Maria Bidegain (1996), são úteis não apenas para a escrita da história das religiões, mas igualmente, para possibilitar a compreensão de uma omissão a respeito das mulheres (e, acrescentamos, de outras identificações de gênero) nas religiões em todas as suas formas de estruturação e / ou institucionalização de relações de poder. Conformadoras das maneiras através das quais nos reconhecemos e identificamos, as questões de gênero são abordadas aqui tanto como categoria de análise, quanto como campo multidisciplinar. É interessante notar, neste sentido, uma certa ambivalência do campo religioso que, se muitas vezes se constitui como espaço conservador e, por vezes, repressor, em outros momentos abre linhas de fuga e emerge como espaço de possibilidades para práticas subversivas, apropriações criativas e interpretações insurgentes.
Pensando nisso, esse volume reúne artigos consagrados a refletir sobre religiosidades como lugar / discurso / prática de vida e resistência no que se refere à igualdade de gênero no Brasil e no mundo. Gênero, como categoria histórica e viva, segue em elaboração e afirma-se, hoje, como conjunto de perguntas conforme sugere Joan Scott (2013), o que fica evidente nos textos que integram essa coletânea. Tal multiplicidade encontra-se representada nos textos que compõe a chamada temática no que diz respeito às vinculações religiosas, sujeitos e espaços dos quais tratam e, igualmente, aos métodos e campos nos quais se amparam.
A outra categoria articuladora destes textos, ainda que tenha lugar e forma menos evidentes, é resistência. Pensá-la como categoria significa percebê-la enquanto prática de vida, ainda que não seja textualizada enquanto tal nas fontes de pesquisa. A resistência, esta categoria fluida e fugidia, emerge – conforme observaremos a seguir – nos espaços de ação menos prováveis, de textos a terreiros, como forma de transformar realidades, como sugere bell hooks (2013).
Patricia Folgeman, inicia a chamada temática com discussões em que amplia as relações entre gênero e religiosidades no artigo intitulado “Travestis migrantes, arte y religiosidad en la cultura queer de Buenos Aires” e possibilita pensar formas de vida que reivindicam espaços e visibilidades através de manifestações artísticas das mais variadas. A autora trata de representações religiosas, tradições culturais e refrações ocasionadas por práticas migratórias de cunho geográfico e social. Tais movimentos do mundo “trava” portenho são observados através da arte contemporânea e, assim, os textos, músicas, imagens e performances permitem-nos acessar pervivências, mudanças e rupturas.
Na sequência, “Prostituição e religiões afro-brasileiras em Portugal: gênero e discursos pós-coloniais”, de Joana Bahia, trata das possíveis relações entre o exercício da prostituição e as religiões afro-brasileiras em Portugal. A autora analisa, a partir de diálogos veementes entre história e antropologia, o modo como a imagem da pomba-gira emerge, em relatos, como metáfora sexual e, simultaneamente, religiosa. No artigo a perspectiva decolonial afirma-se em suas nuances históricas generificadas.
“Duelo de Absoluto e Relativos: Os evangélicos, a heteronormatividade e o pós-tradicional”, de José Sena Silveira, encerra este dossiê discutindo a relação entre grupos evangélicos, a heterossexualidade e o pós-tradicional, a partir de um debate teórico e de uma revisão de literatura. O artigo debruça-se, entre outras coisas, sobre uma discussão em torno do papel do binarismo masculino e feminino na construção da heterossexualidade normativa, elemento central para a manutenção do modelo tradicional de família e insinua o medo que questões de gênero / sexualidade sejam tratados fora da moral religiosa.
O volume apresenta-se marcado por uma pluralidade de abordagens, as quais denotam a amplitude dos campos em questão. As relações entre religiosidade, gênero e resistências expressam-se, assim, das mais diversas maneiras em distintas artes de ler, fazer e, fundamentalmente, ser. Além dos textos presentes no dossiê, a revista apresenta ainda artigos livres os quais atestam a amplitude do campo de estudos da História das Religiões e Religiosidades. A edição contém ainda artigos livres e resenha.
Referências
BIDEGAIN, Ana Maria. Mulheres: autonomia e controle religioso na América Latina. Petrópolis: Vozes, 1996.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora WMF Mantis Fontes, 2013.
SCOTT, Joan. Entrevista com Joan Scott realizada por Fernanda Lemos. Revista Mandrágora, São Paulo, v. 19, n. 19, p. 161-164, jan. / dez. 2013.
Caroline Jaques Cubas1 – Professora Adjunta do Departamento de História da Universidade do Estado de Santa Catarina. Atua no Programa de Pós-Graduação em História e Mestrado Profissional em Ensino de História na mesma Universidade. Graduada em História pela Univali, possui doutorado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina, com um estágio realizado na Université de Rennes 2. Foi uma das vencedoras do Prêmio Memórias Reveladas de 2015, promovido pelo Arquivo Nacional. Pesquisadora dos grupos de pesquisa “Ensino de História, memória e culturas” (CNPQ / UDESC) e Memória e Identidade (CNPQ / UDESC). E-mail caroljcubas@gmail.com Orcid: https: / / orcid.org / 0000-0001-5411-6824
Cintia Lima Crescêncio2 – Professora do curso de História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas. Graduada em História na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Mestre e Doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura, na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). É coordenadora do grupo de pesquisa História, Mulheres e Feminismos – HIMUFE. E-mail: climahist@gmail.com Orcid: https: / / orcid.org / 0000-0002-2992-9417
CUBAS, Caroline Jaques; CRESCÊNCIO, Cintia Lima. Apresentação. Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá, v.12, n.36, jan. / abr. 2020. Acessar publicação original [DR]
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Religião e política no mundo contemporâneo / Revista Brasileira de História das Religiões / 2020
Os cristãos e a política no Brasil contemporâneo: laicidade em disputa, Estado em colapso, religião em efervescência
O presente dossiê teve contribuição de treze excelentes textos que nos ajudam a contribuir a atuação intercessão entre cristãos e a política brasileira mais recente. Pode-se dizer que política e religião a cada momento, a cada nova configuração governamental se relacionam de forma distintas tal como narram Judith Butler e Gayatri Spivak (2007) sobre a arena dos diferentes estados nacionais. Agora, nos diferentes estados acaba que se tornou em alguns aspectos, caracterizado pelo questionamento da laicidade por seus atravessamentos.
1 A laicidade e o esboço de suas formas
Assim, uma questão da hora que se coloca sobre as desventuras de religião e política é sobre o aparato caraterizado como “laicidade” no âmbito dos Estados, sobretudo, nas questões da abstenção da religião. Esse sentido e grau de abstenção envolve no âmbito da sociedade uma infinidade de “embates de interpretações envolvidos sobretudo nos nichos promotores e suas diferentes apreensões religiosas” (RICOEUR, 1995, p.313). Esse curto-circuito de intensos conflitos foram apontados em linhas gerais em importante entrevista de Paul Ricoeur de 1995 – um dos raros textos que tratou dessa topografia teórico-social.
A definição de laicidade, as conexões de religião e política no âmbito dos Estados, é primeiro uma variável da conjuntura da gestão governamental do estado. Paul Ricoeur (1995) admite sobre isso que a noção de laicidade é diferente no Egito, na França, Portugal, Gabão e Inglaterra, nisso se alinha com teóricos com Nicos Poullantzas (1976), Judith Butler e Gayatri Spivak (2007) que a interpelação nos estados é uma variável local dependente de cada história social da religião oficial e do conjunto de forças hegemônicas. Por exemplo, Poullantzas (1976) indica que a Inglaterra respeita seu processo de laicidade respaldando os conflitos religiosos internos, mesmo assumindo, a partir a figura da rainha como liderança rainha e dirigente anglicanismo. A laicidade inglesa é descrita por Christian Smith (2003) vai designar de aberta para experiencias de fé, mesmo dando a primazia para o cristianismo de Westminster.
De igual forma Smith (2003) escreve sobre a França emergida no ambiente da Revolução Francesa, prorrogou um critério de laicidade, de retirada de símbolos e expressões religiosas dentro dos gabinetes até o ano de 2018. Por isso, Smith (2003) vai chamar o estado francês de “fechado” as discussões, diálogos e embates das expressões de fé. A partir de 2013, com uma série de campanhas e levantes mulçumanos e de migrantes acarretou na revisão da noção francesa de abolição de símbolos religiosos, até porque ocorriam cobranças das populações mulçumanas por conta das rezas diárias que se fazem na direção de Meca. Essa revisão de décadas da laicidade francesa se deu como uma série de acusações das populações emigradas que se referiram “o racionalismo europeu como racista” (PORTIER, 2019).
2 Laicidade no âmbito da sociedade
A noção de laicidade brasileira é ligada a laicidade portuguesa, uma forma mista das operações dos ambientes ingleses e franceses. Por isso Smith (2003) utiliza a expressão laicidades “mistas”, o que se torna mais desafiadora para as análises, pois admite internamente duplicidades de narrativas e aparentes contradições de argumentos. Revista Brasileira de História das Religiões. Só por isso, afirma-se a importância desta edição da Revista Brasileira de Histórias das Religiões / ANPUH, com a discussão sobre cristãos e política em tempos difíceis.
Ao olhar mais o panorama da sociedade, ainda que sobre as sinalizações dos teóricos franceses, Phillip Portier (2011, p.190-195) indica-se que exista “há a laicidade do Estado, que pode ser referida com uma palavra: abstenção, com conotações restritiva e negativa”. O “Estado laico deve assumir papel de neutralidade em relação à religião e, consequentemente, às instituições religiosas” (PORTIER, 2011, p.195). Logo, seus representantes e estatutos não deveriam privilegiar ou posicionar-se de maneira agressiva em relação a nenhuma manifestação religiosa, o que para Paul Ricoeur (1995) esse caminho seria de uma espécie de “agnosticismo estatal”. Nesse sintagma a separação entre Estado e religião não implica simples ignorância de um em relação ao outro, mas, “há o intento de delimitar de maneira adequada o papel de cada um, de maneira que a religião seja reconhecida pelo Estado como entidade, com regimentos, registro e estatuto público, submetida às leis que regem os demais grupos e agremiações sociais” (RICOEUR, 1997, p.81).
Em termos jurídicos as instituições religiosas não têm o poder centralizador, configurando-se como mais uma associação dentre as outras, portanto, a religião não é “todo o estado, mas parte dele” (PORTIER, 2011, p.196). Paul Ricoeur (1995 p. 181), está convencido de que este conceito de laicização se mostra mais normativo do que efetivo, quando diz: “creio que é preciso ter mais sentido histórico e menos ideológico, para abordar os problemas ligados à laicidade”. O que se quer esmiuçar: os diversos Estados-nação, a partir de sua formação histórica peculiar, há mobilizações próprias sobre as religiões e as instituições estatais.
Junto a esse conceito de laicidade existe outro mais dinâmico. Quando se analisa no âmbito da sociedade civil, a laicidade coloca-se como embate de posicionamentos distintos, como pluralidade e diversidade de perspectivas. Esses conflitos de posicionamentos pressupõe uma sociedade marcada pelo pluralismo de concepções de mundo, de crenças, de ideias, de ideologias, de interpretações e de convicções. Em uma sociedade marcada por esta diversidade, a laicidade assume caráter dinâmico em razão do campo de disputas que se instaura. Esse “conflito de interpretações” não tem por objetivo a harmonização, um consenso. Mas, antes, assume-se que, em muitas questões, a impossibilidade de um acordo é patente. O que não é negativo, desde que se preserve as partes em desacordo. O conflito das interpretações, desde que se preserve os atores e seus argumentos, é uma forma de preservação das liberdades e dos conjuntos.
3 Tensões e questões da laicidade em disputa no Brasil
No Brasil atual, em que cada vez mais se aumentam os atravessamentos entre religião e política, deve-se lembrar que os conflitos de interpretações religiosas são inerentes a formação do Estado republicano (1889) que se mantém neutro, ao menos oficialmente, em relação a instituições religiosas, ou então, deveria ser mantido. Com esses dados sobre religião e política no Brasil podemos vislumbrar incursões dos atores religiosos, em especial católicos e evangélicos, na construção de uma patrulha ideológica nos postos do Estado brasileiro e sua ocupação efetiva, e, todos os níveis, local, regional e federal e se espraiando pelos três poderes. Daí a importância desse dossiê, e sobretudo, que a laicidade brasileira não seja um conceito dado, fixo, mas se encontra em disputa.
É o que se pode perceber, quando o atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, afirmou em 2019 no maior evento evangélico do país, a Marcha para Jesus: “O país é laico, mas eu sou cristão”. Está ocorrendo um claro deslocamento da neutralidade do estado, e o se preservando as partes nos conflitos religiosos internos a nossa sociedade (PY, 2020). Por outro lado, isso sempre foi uma ponta de disputa, como por exemplo, com o advento do Estado de 1892, na primeira Carta Constitucional da República, tratou-se sobre a laicidade brasileira, e por conta dela o clero viram a necessidade de tentar “recatolicizar”, e passaram a investir nas novas instituições republicanas, buscando influenciar decisões políticas e sociais por meio da formação de uma elite intelectual católica (SILVEIRA, 2019).
Um dos marcos desse início e reação católica foi a promulgação, em 1916, da Carta Pastoral de Dom Sebastião Leme, arcebispo de Olinda e Recife, tornou-se, mais tarde, arcebispo e cardeal do Rio de Janeiro pelas mãos do Papa Pio XI (SILVEIRA, 2019). A Carta Pastoral fazia parte de um momento que se delineava desde a origem da República Brasileira, quando a Igreja Católica reuniu suas forças para consolidar reformas internas, como o recrutamento de novos membros estrangeiros para as ordens religiosas, a criação de novas dioceses e a consolidação de um discurso e de uma ação mais homogêneos (SILVEIRA, 2019). Assim, o dossiê apresentará uma série de reflexões teóricas e de objetos empíricos, construtos de seus autores e autoras, na forma de treze artigos que brindam os leitores e pesquisadores dos temas do Brasil contemporâneo.
4 Os artigos do dossiê
Logo em seguida, o trabalho intitulado “Pela “família tradicional”: campanha de candidatos evangélicos para a ALEP nas eleições de 2018”, escrito pelos pesquisadores Frank Antonio Mezzomo, Lucas Alves da Silva, Cristina Satiê de Oliveira Pátaro, discutem a partir do material de campanha (coletado nas redes sociais e sites) de alguns candidatos a deputados estaduais no estado do Paraná, seus posicionamentos políticos. Os temas centrais encontrados em geral foram: a defesa da escola sem partido, a luta contra a ideologia de gênero, e debates sobre a reprodução da vida. A preocupação destes candidatos é em geral com temas religiosos e morais.
A pesquisadora-docente Dora Deise Stephan Moreira contribui com o artigo denominado “A trajetória de Marcelo Crivella: de cantor gospel a prefeito da segunda maior cidade brasileira em 2016”. O texto discute as ações adotadas pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), para eleger inicialmente para o cargo de senador o bispo licenciado Marcelo Crivella, e depois, ao cargo a prefeitura do Rio de Janeiro que foi eleito em 2012. A dança entre a imagem religiosa e a imagem política se complexifica e é utilizada por Crivella de forma instrumental, ao sabor das circunstâncias políticas-eleitorais. Em todas as campanhas disputadas por Marcelo Crivella houve a vinculação da sua imagem com o projeto Nordeste. Projeto este desenvolvido pela IURD para fins sociais. Percebeu-se a associação do referido político com a questão midiática, assistencial, religiosa e moralista.
O próximo texto a ser apresentado e de autoria do docente da Universidade do Estado do Pará Saulo Baptista. O título do seu trabalho é “Os Evangélicos e o Processo Republicano Brasileiro”. No início do seu trabalho, o autor faz uma recapitulação histórica da chegada dos protestantes em terras brasileiras e sua presença pública em contraponto a hegemonia católica. Logo em seguida, contextualiza o surgimento e o desenvolvimento dos pentecostais e dos neopentecostais na política brasileira. O texto termina com uma eximia reflexão a respeito da presença dos evangélicos na atual conjuntura política nacional.
O docente Aldimar Jacinto Duarte e Seabra Vinicius contribuem com este número com o texto chamado “O campo político e o campo religioso a partir dos jovens ligados a International Fellowship of Evangelical Students (IFES) na América Latina”. Muito interessante a reflexão desenvolvida a respeito da postura, aparentemente, apolítica do grupo do IFES. Para chegar a esta conclusão foram aplicados questionário via GoogleForms em vinte países da América Latina, obtendo 228 respostas. A análise dos dados foi feita a partir dos conceitos da teoria de Pierre Bourdieu. Tal grupo é majoritariamente formado por jovens universitários.
Os pesquisadores Ricardo Ramos Shiota e Michelli de Souza Possmozer escreveram o texto denominado “O Brasil cristão da Frente Parlamentar Evangélica: luta pela hegemonia e revolução passiva”, que discute a partir das informações contidas no Facebook da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), criada em abril de 2019. Sabemos que a FPE é entusiasta apoiadora do governo Jair Bolsonaro (sem partido), sobretudo pelo alinhamento ideológico na defesa das pautas de costume ou morais, fundamentalismo religioso e defesa de postura vinculadas aos expecto ideológico de extrema direita. Foram analisadas 209 publicações, entre 01 de abril e 31 de outubro de 2019. A teoria escolhida para analisar os dados foram os conceitos desenvolvidos por Gramsci.
Os autores Cézar de Alencar Arnaut de Toledo e William Robson Cazavechia adotaram como título do texto, “As Formas de Adaptabilidade do Neopentecostalismo Brasileiro à Mídia” e discutem a presença do conservadorismo religioso neopentecostal na mídia brasileira. Historicamente os evangélicos tiveram concessão de rádio, tv, criaram páginas de internet, e o uso das redes sociais com o intuito de posicionarem a respeito dos mais variados temas nacionais na perspectiva do fundamentalismo cristão. O texto é instigante e nos mostra como a mídia é bem trabalhada por este grupo religioso no Brasil.
O texto publicado foi de autoria dos autores Fabio Lanza, Luiz Ernesto Guimarães, José Neves Jr. e Raíssa Rodrigues, cujo título é “Engajamento político e Renovação Carismática Católica em Londrina-PR (2014-2016)”. O texto discute os posicionamentos políticos dos grupos católicos carismáticos (RCC) na cidade de Londrina inteiro de São Paulo. A partir de visitas de campo e entrevistas semiestruturadas, os autores conseguiram perceber a visão de mundo das lideranças deste universo religioso sobre o atual momento político brasileiro, Em geral, os representantes ou postulantes da RCC a cargo para o poder legislativa ou executivo, defendem pautas conservadoras, são fundamentalistas religiosos e benefícios institucionais para organismos de inspiração carismática católica e outros segmentos da Igreja Católica no Brasil.
Ao discutir o governo Bolsonaro na relação religião e política, a união entre católicos e evangélicos tem evidenciado de forma rotineira. O texto “Entre a articulação e a desproporcionalidade: relações do Governo Bolsonaro com as forças conservadoras católicas e evangélicas” escrito por Marcelo Ayres Camurça Lima e Paulo Victor Zaquieu-Higino tenta compreender se esta aproximação pode ser caracterizada como uma ação ecumênica de extrema-direita, num contramovimento do que no passado caracterizou as tentativas de aproximação entre os diferentes grupos cristãos em torno, por exemplo, da Teologia da Libertação e das lutas sociais na América Latina. Uma forte indagação é feita e discutida ao longo do texto: nessa trama religioso-política de extrema-direita, o catolicismo estaria sendo “eclipsado” e o pentecostalismo destacado? Não tenha dúvida que o atual governo aciona a religião para fundamentar suas ações e visões de mundo na política.
O próximo trabalho a ser apresentado traz como título “Guerras culturais e a relação entre religião e política no Brasil contemporâneo” escrito pelos pesquisadores Roberto Dutra e Karine Pessôa. O texto versa da presença da moralidade na política, provocada pela religião nas eleições de 2018. Os autores recorrem as categorias da sociologia política sistêmica de Niklas Luhmann para analisar o fenômeno religião e política na eleição referida.
O artigo chamado “A ‘governabilidade’ petista” escrito pela pesquisadora Amanda Mendonça é bem interessante e supre lacuna na literatura a cerca religião e política, que versa sobre a relação do Partido dos Trabalhadores (PT) com os pentecostais e os católicos, no período que esteve à frente da presidência do Brasil. A autora mostra que evangélicos e católicos uniram-se em torno da defesa de pautas conservadoras e, ainda que dando alguma sustentação político-partidária, causaram conflitos com a gestão petistas por entenderem que a “essência” do governo era contrária ao seu ideário religioso. Por outro lado, os governos petistas ofereceram alianças, cargos e apoio direto e indireto – subvenção de comunidades terapêuticas religiosas para o tratamento de drogadições, concessões de rádio e TV por exemplo – aos grupos cristãos em nome da governabilidade, essa geringonça feita de modos heteróclitos e que em 2018 entrou em um novo patamar de crise.
Os pesquisadores do campo das relações internacionais Anna Carletti e Fábio Nobre com o texto intitulado “A Religião Global no contexto da pandemia de Covid-19 e as implicações político-religiosas no Brasil”, nos mostra como líderes religiosos no Brasil e no mundo reagiram a pandemia Covid-19. Os pesquisadores André Ricardo de Souza e Breno Minelli Batista contribuem com o trabalho intitulado “Os efeitos políticos no Brasil dos sete anos iniciais do Papa Francisco”, tentando compreender as relações políticas e religiosas do Papa Francisco com o governo Jair Bolsonaro (sem partido). Sabemos que o Papa Francisco assume o papado em 2013, logo após, a renúncia do atual Papa Emérito Papa Bento XVI.
E por fim, o docente Graham McGeoch com o trabalho “Field Notes from Brazil: We don’t believe in Democracy”, faz uma interessante reflexão da presença dos elementos religiosos na atual conjuntura política brasileira, elegendo a eleição e o governo Bolsonaro como tema de análise. Daí, extraímos algumas perguntas: Que tipo de democracia é esta que temos e o porquê ela se enredou em uma trama político-religiosa de extrema-direita? É possível acreditar nesse tipo de democracia? E, por fim, que outra democracia podemos sonhar para sairmos uma relação disfuncional, inflamada e perversa entre cristianismo reacionário e política estatal (um estado de sítio) que a democracia liberal-representativa permitiu vir à luz.
Referências
BUTLER, Judith; SPIVAK, Gayatri. Who sings the Nation-State? Language, Politics, Belonging. New York: Seagull. 2007.
POULANTZAS, Nicos (Org.), La Crise de l’État. Paris : Presses Universitaires de France, 1979.
PY, Fábio. Pandemia cristofascista. São Paulo: Recriar, 2020.
RICOEUR, Paul. Phenomenology and the social sciences. In: KOREBAUM, M. (Org.). Annals of Phenomenological Sociology, Ohio: Wright State University, 1977.
RICOEUR, Paul. O conflito das interpretações. Ensaios de hermenêutica. Rio de Janeiro: Imago, 1978.
RICOEUR, P. Leituras 1. Em torno ao Político. São Paulo: Edições Loyola, 1995.
SMITH, Christian. The secular revolution: power, interests, and conflict in the secularization of American public life. Berkeley: University of California Press, 2003.
SILVEIRA, Emerson. J. S. Padres conservadores em armas: o discurso público da guerra cultural entre católicos. Reflexão, PUCCAMPINAS, v. 43, 2019, p. 289-309.
Fábio Py – Professor do Programa de Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. E-mail: pymurta@gmail.com ORCID: https: / / orcid.org / 0000-0002-7634-8615
Emerson Sena da Silveira – Doutor em Ciência da Religião, antropólogo, professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG. E-mail: emerson.pesquisa@gmail.com ORCID: https: / / orcid.org / 0000-0002-5407-596X
Marcos Vinicius Reis Freitas – Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Docente do Curso de Pós-Graduação em História Social pela UNIFAP, Docente do Curso de Pós-Graduação em Ensino de História (PROFHISTORIA). (CEPRES-UNIFAP / CNPq). E-mail: marcosvinicius5@yahoo.com.br ORCID: https: / / orcid.org / 0000-0002-0380-3007
PY, Fábio; SILVEIRA, Emerson Sena da; FREITAS, Marcos Vinicius Reis. Apresentação. Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá, v.13, n.39, jan. / abr. 2020. Acessar publicação original [DR]