Posts de Itamar Freitas
Discursos de identidad y geopolítica interior. Indios/gaúchos/ descamisados/ intelectuales y brujos | Ana Teresa Martínez
En principio, me gustaría señalar la satisfacción que representó para mí leer este volumen colectivo, con perspectiva interdisciplinaria, que surge en el marco de un grupo de investigación interinstitucional que articula una universidad pública y un instituto de investigación del CONICET ubicados en el noroeste argentino, es decir, un lugar de enunciación periférico que ya nos interpela en tanto construcción situada del conocimiento. Aun cuando el libro, como producto de una apuesta polifónica, propone como objetos de estudio prácticas y discursos muy diferentes a los que han formado parte de mi propio derrotero de investigación, para decirlo más rápidamente mis anteojeras disciplinares considerando que vengo del campo de las letras, me resulta muy valioso porque muestra en ese tránsito de investigación diferente ecos y resonancias cercanos a mis propios intereses. Leia Mais
From Franco to Freedom. The Roots of the transition to Democracy in Spain, 1962-1982 | Miguel Ângel Ruiz Carnicer
David Alegre Lorenz e Miguel Ãngelo Ruiz Carnicer (direita). Foto: La Esfera de los libros 2018 /
La transformación política surgida de las entrañas de la estructura estatal, en el contexto legislativo, socio-cultural e institucional del tardofranquismo, es uno de los marcos de trabajo de investigación más complejos que puedan existir a día de hoy por muy diferentes motivos. El presente libro, en formato de obra colectiva, pretende clarificar una serie de cuestiones relativas a la motivación del cambio político. Asimismo, la investigación busca la apertura de nuevos espacios temáticos, para arrojar luz sobre los factores desencadenantes de la transformación interna. La planificación del proceso de reciclaje institucional y la adopción de nuevos roles por parte de las magistraturas del Estado buscaron el establecimiento de unas pautas de comportamiento programadas (por algunos integrantes de la cúpula política de la dictadura) para evitar que el proceso de transición a la democracia se descontrolase. En términos de puridad metodológica, el periodo histórico que va desde 1962 a 1982, hace posible que el trabajo de investigación sea sólido, con fundamentos comparativos y descriptivos muy amplios.
Miguel Ángel Ruiz Carnicer (Departamento de Historia, Universidad de Zaragoza), editor de From Franco to Freedom1 (RUIZ CARNICER, 2018), realiza una labor de coordinación e integración de trabajos notable. En líneas generales, el conjunto de las contribuciones busca la implementación de un contexto de originalidad y proporciona nuevos puntos de vista sobre la fase final de la dictadura, mediante el estudio de los condicionantes externos y los contextos internos que influyeron en los lentos ritmos del cambio. Como en el resto de su trayectoria de investigación, el editor pone el foco en la transformación de las mentalidades colectivas y el escenario socio-cultural. Los diferentes aportes a la investigación tienen una clara naturaleza multidisciplinar y una estructura bastante equilibrada (en su dimensión y en forma). El cuerpo del texto se compone de ocho capítulos, cada uno de ellos cuenta con una conclusión y un epígrafe de referencias documentales. En la parte final existe un aparatado con la información biográfica de los investigadores participantes y el índice alfabético. El trabajo no cuenta con una conclusión final conjunta. Leia Mais
De Leandro de Sevilha a Taio de Zaragoza: um estudo sobre a praxiologia política no Reino Visigodo de Toleto (séculos VI-VII) – GREIN (FH)
GREIN, Everton. De Leandro de Sevilha a Taio de Zaragoza: um estudo sobre a praxiologia política no Reino Visigodo de Toleto (séculos VI-VII). Curitiba: Editora CRV, 2019. 292p. Resenha de: PROENÇA, Vinícios da Silva. O início das unções régias no Reino Visigodo de Toledo e a valorização do papel político de Taio de Zaragoza: uma releitura. Faces da História, Assis, v.7, n.2, p.429-434, jul./dez., 2020.
As pesquisas na área de história podem sofrer revisões ao longo do tempo, uma vez que os acontecimentos do presente instigam os historiadores a questionar o passado, permitindo que temas já estudados possam ser reinterpretados. Como ensina o historiador francês Marc Bloch “O passado é, por definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa.” (BLOCH, 2002, p. 75). Esse é o caminho que percorreu Everton Grein, quem propôs releitura da tese de Abilio Barbero de Aguilera sobre um antigo problema historiográfico acerca do início das unções régias no Reino Visigodo de Toledo, bem como ressaltou a relevância de Taio de Zaragoza (600-683) no período pós-isidoriano como um importante elemento do florescimento cultural do século VII, algo que, na perspectiva do autor, a historiografia não se preocupou em realçar.
Abilio Barbero de Aguilera em seu livro intitulado La sociedad visigoda y su entorno histórico, dedicou o primeiro capítulo a compreender o pensamento político visigodo e às primeiras unções régias ocorridas no Ocidente europeu, haja vista que os visigodos foram os primeiros a realizá-las. Barbero de Aguilera defendeu a ideia de que a formação de uma teoria política no Reino Visigodo foi obra de Isidoro de Sevilha, tendo sido evidenciada no IV Concílio de Toledo em 633. Nesse sentido, Everton Grein também buscou com sua pesquisa compreender a concepção teórica da realeza cristã, como escolhiam e legitimavam os soberanos no interior dessa sociedade.
Fruto de uma tese de doutorado, o livro foi organizado em quatro capítulos. Munido de epístolas, atas conciliares, documentos jurídicos, dentre outras fontes sobre o tema, Grein demonstrou conhecer bem os manuscritos e a historiografia sobre o período. Vale ressaltar que, além do material tradicional sobre o tema, o pesquisador se valeu de poesias visigóticas, algo inovador na medida em que tais fontes, na perspectiva de Grein (2019, p. 43), foram marginalizadas pelos pesquisadores. Esse conhecimento em relação às fontes fora salientado por Luis A. García Moreno (2019), pesquisador da área, ao escrever o “Prólogo” da obra, no qual teceu elogios a Everton Grein pela finura e inteligência com que concebeu sua pesquisa.
No primeiro capítulo, o autor apontou que o reino dos godos foi construído sobre as antigas estruturas do Império Romano, tendo absorvido muitos aspectos da sua forma de organização, o que Edward Arthur Thompson (2014) constatou em sua obra Los godos en España. Na sequência, iniciou sua narrativa a partir da conversão pessoal de Recaredo ao catolicismo em 587, dando enfoque ao projeto de unificação política e religiosa intentado por Leovigildo. O referido monarca, ao associar seus filhos como consortes regni, teve de lidar com a revolta de seu filho mais velho, Hermenegildo. O pesquisador descreveu, de maneira detalhada, as implicações dessa disputa familiar para a unificação do reino e apontou como os prelados da época descreveram Leovigildo e seu filho rebelde. Ao analisar os escritos visigodos e os exteriores ao reino, observou diferenças na forma de compreender o ocorrido, sendo alguns apoiadores de Hermenegildo enquanto outros ficaram ao lado de Leovigildo.
Notou-se que, pelo menos em Hispania, os clérigos optaram por ficar do lado de Leovigildo que, embora ariano, tinha um projeto de unificação para o povo godo da península. Findadas as disputas, foi a missão de Recaredo concluir o projeto de seu pai, convertendo o reino visigodo em católico através do III Concílio de Toledo, sob a presidência de Leandro de Sevilha. Tal bispo foi descrito pelo autor como figura central na consolidação dos visigodos como herdeiros do Império Romano, tendo no III Concílio de Toledo adotado insígnias correspondentes ao período imperial, dando a conotação de que Recaredo seria o continuador de tal herança. Além disso A ideia de realeza entre os godos ganhou, portanto, a partir do III Concílio de Toledo, contornos mais nítidos daqueles que até então se apresentavam. O papel desempenhado pelo bispo Leandro de Sevilha foi determinante no processo de edificação do conceito de realeza cristã entre os godos. (GREIN, 2019, p. 81).
Everton Grein concluiu que o prelado foi o articulador da conversão dos visigodos ao catolicismo e o promotor da cristandade em Hispania. Dessa maneira, o pesquisador procurou ressaltar a relevância de Leandro de Sevilha para esse contexto, pois em alguns estudos o papel do prelado fica eclipsado por seu irmão mais novo, Isidoro. Contudo, é necessário destacar a ideia de unificação entre os godos é problemática, uma vez que esses grupos não podiam ser considerados homogêneos dado os múltiplos interesses das várias facções políticas. A ideia de que Leovigildo teria alcançado uma forma de coesão nos parece mais apropriada. Também se faz necessário destacar que, mesmo após a conversão oficial do reino visigodo ao catolicismo em 589, as práticas ditas pagãs permaneceram vivas na sociedade visigótica, não sendo apenas meros resquícios, mas parte da religiosidade popular, algo que Grein pouco explorou em sua pesquisa.
Ao final do primeiro capítulo, o autor destacou o papel de Isidoro de Sevilha e suas contribuições para a formação de uma teoria política no reino visigodo, apontando que anteriormente ao IV Concílio, o prelado já teria esboçado suas concepções através de suas Sentenças e Etimologias. Everton Grein concluiu que De fato, a partir de inferência do pensamento de Isidoro de Sevilha – com a sacralização da instituição monárquica – verifica-se na Hispania visigoda uma espécie de necessidade de ajustamento entre Igreja e Estado, cuja expressão que melhor definiria tal necessidade seria a elaboração de uma teoria política que tomava como princípio o aspecto religioso, portanto, o caráter sagrado do poder. (GREIN, 2019, p. 97).
Já no segundo capítulo, o autor teve por objetivo versar sobre a consolidação do reino visigodo católico, bem como apresentou a praxiologia política aplicada ao século VII. Tomada de empréstimo da filosofia e sociologia, tal área de estudo visa compreender “as ações humanas, suas leis e comportamentos” (GREIN, 2019, p. 99). Dessa maneira, o pesquisador procurou analisar como determinados contextos produzem certos comportamentos. Embora o autor tenha realizado o trabalho utilizando a referida metodologia, já que a mesma centra sua análise nas ações dos indivíduos em determinadas situações, outro aporte metodológico que também poderia ter trazido resultados satisfatórios são os estudos discursivos, os quais poderiam lançar luz sobre o contexto em que tais narrativas foram produzidas, assim como sua efetividade ou não ao longo do tempo.
No tocante à consolidação da Monarquia católica, Grein destacou que, após o III Concílio de Toledo, Igreja e Estado precisaram se ajustar uma à outra, considerando-se que ambas eram as duas principais instituições de poder. Isidoro de Sevilha teve papel central nessa aproximação entre as instituições, pois contribuiu para o desenvolvimento do caráter sagrado da Monarquia. O pesquisador também salientou a importância de Bráulio de Zaragoza (590-651) no contexto analisado, por ter sido sucessor de Isidoro e ter vivido nesse período conturbado da primeira metade do século VII. Bráulio esteve presente no IV, V e VI concílios de Toledo, sendo considerado conselheiro dos monarcas Chintila, Chindasvinto e Recesvinto. Dessa maneira, o prelado esteve presente em momentos conturbados da história visigoda, período esse marcado por deposições e legitimações contraditórias.
Mesmo com a sacralização da realeza, na prática, as usurpações continuaram a ocorrer, sendo o IV Concílio de Toledo em 633 um exemplo disso. Suintila teve seu trono tomado por Sisenando em 631 que, com apoio da Igreja e dos francos, usurpou o trono. Tal acontecimento foi sui generis não pelo fato de ser uma usurpação, algo recorrente entre os godos, mas por ter sido legitimada no IV Concílio de Toledo. O referido concílio assemelhou Sisenando ao rei bíblico Davi, colocando-o como ungido do Senhor e tentando proteger o monarca de posteriores deposições. Esse cenário instável para os monarcas foi percebido em governos subsequentes, como o caso de Chintila (636-639) o qual sucedeu Sisenando. Everton Grein apontou que, no V Concílio de Toledo em 636, o então monarca teve por preocupação salvaguardar sua família e procurou legitimar-se enquanto governante. Com esses dados, pode-se perceber, mesmo com a sacralização da figura do monarca, sua segurança nem sempre foi assegurada.
Durante todo o terceiro capítulo, o pesquisador procurou ressaltar a relevância de Taio de Zaragoza, descrevendo sua inserção no cenário visigótico do século VII, bem como sua produção literária. Everton Grein, apontou como se dava a circulação dos manuscritos nessa sociedade, e também versou sobre a viagem de Taio a Roma. Grein salientou que “com efeito, nossas fontes da época, parecem de fato apontar que o fito da viagem de Taio foi a busca das obras de Gregório Magno” (GREIN, 2019, p. 139). O autor informou que as motivações que levaram Taio a ir para Roma possuem outras interpretações. Outro ponto evidenciado por Grein é a quantidade de epístolas produzidas no século VII, bem como suas potencialidades para se compreender tal contexto histórico.
Ao final do capítulo três, o autor analisou a obra Sentenças, escrita por Taio de Zaragoza, bem como a influência que Isidoro de Sevilha, Gregório Magno e Agostinho de Hipona tiveram nas obras do prelado. Grein ainda evidenciou que Taio de Zaragoza não era um simples compilador desses autores, mas alguém com uma leitura muito apurada e uma grande capacidade de síntese. O autor também relatou uma possível mudança na visão sobre o papel do rei e da realeza cristã no período de Taio de Zaragoza. Nesse sentido, o último capítulo teve como objetivo propor uma releitura, utilizando como base o livro V das Sentenças de Taio, sobre o pensamento político visigodo e as primeiras unções régias, tendo sugerido um novo ponto de vista sobre o tema.
No último capítulo, o autor fez uma exposição pormenorizada sobre a tese de Abilio Barbero de Aguilera, apontando como o visigotista construiu sua interpretação. Grein evidenciou a relevância de Isidoro de Sevilha na concepção da realeza visigoda cristã, e resumiu a perspectiva de Barbero de Aguilera sobre a teoria política isidoriana ao escrever que Compreendida desse modo por Abilio Barbero, a teoria política elaborada por Isidoro de Sevilha apresenta pelo menos três pontos essenciais a considerar; a) para Barbero, a doutrina política isidoriana deriva ante do aspecto teórico do que prático; b) ainda que as condições em que se produziu a teoria isidoriana fosse em virtude dos desmandos e dos crimes de Suintila, bem como a usurpação de Sisenando, o ponto fundamental da doutrina era atribuir legitimidade às ações do usurpador face a atmosfera política do reino naquele momento; c) finalmente, através da citada doutrina, Isidoro atribui à Igreja, e unicamente a ela, a auctoritas sobre a condução e a destituição do régio poder. (GREIN, 2019, p. 177).
Nesse sentido, Everton Grein argumentou que a doutrina política isidoriana teria um caráter mais teórico do que prático, tendo ressaltado as condições e as motivações de sua confecção. Outro aspecto salientado por Grein fora o fato de que, a partir do IV Concílio de Toledo, a Igreja passou a ter um papel fundamental como representante da nobreza, tendo sua influência ampliada no referido concílio. Ao final de sua obra, o pesquisador procurou demonstrar que a teoria política visigoda se iniciou no século VI com Leandro de Sevilha, tendo Bráulio e Taio de Zaragoza um papel expressivo nessa formulação ao longo do século VII. Dessa maneira, Everton Grein procurou mostrar que tal empreendimento não fora obra exclusiva de Isidoro de Sevilha.
Em relação às unções régias, diferentemente de Barbero de Aguilera que apontou para seu início no IV Concílio de Toledo em 633, Grein argumentou que tal prática teria se iniciado com Recesvinto em 653. Isso porque, ao analisar o escrito de Juliano de Toledo, Historia Wambae Regis, notou-se que o prelado fez menção ao fato de tal prática seguir um antigo costume godo. Tendemos a discordar de Grein em relação ao início das unções régias no reinado de Recesvinto. Na perspectiva de Barbero de Aguilera (1992, p. 68), é possível que as unções tenham se iniciado na época de Sisenando, haja vista que foi no IV concílio de Toledo onde se teve pela primeira vez a referência de que o rei seria um “ungido do Senhor”. Nas atas conciliares (VIVES, 1963, p. 217), podemos observar a alusão ao Salmos 105:15 onde se alerta a não tocar nos ungidos de Deus, bem como a associação de Sisenando à figura bíblica de Davi. Pode-se verificar que Sisenando adquiriu no referido concílio a aparência de um rei ungido de Deus, possuindo legitimidade para governar assim como o Davi bíblico de outrora. Dessa maneira, baseado na associação feita com a narrativa bíblica pelo concílio, tendemos a acreditar que Sisenando teria sido o primeiro monarca godo que experenciou a unção régia no Reino Visigodo.
A tese não apresentou ineditismo quanto ao tema, pois o início das unções régias no Ocidente goza de ampla bibliografia, mas teve sua inovação na proposta do pesquisador de apontar uma nova leitura sobre o início das unções régias, além do fato de ter ressaltado a relevância política de figuras como Leandro de Sevilha e Taio de Zaragoza, o que pode contribuir para o surgimento de pesquisas voltadas à compreensão do papel que esses prelados desempenharam em seus contextos.
Referências
BARBERO DE AGUILERA, Abilio. El pensamiento político visigodo y las primeras unciones regias en la Europa Medieval. In: BARBERO DE AGUILERA, Abilio. La sociedad visigoda y su entorno histórico. XXI, Siglo vinteuno de España. Madrid: Editores,1992. p. 1-77.
BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
GARCÍA MORENO, Luis A. Prólogo. In: GREIN, Everton. De Leandro de Sevilha a Taio de Zaragoza: um estudo sobre a praxiologia política no Reino Visigodo de Toledo (séculos VI-VII). Curitiba: Editora CRV, 2019. p. 17-18.
GREIN, Everton. De Leandro de Sevilha a Taio de Zaragoza: um estudo sobre a praxiologia política no Reino Visigodo de Toledo (séculos VI-VII). Curitiba: Editora CRV, 2019.
THOMPSON, Edward Arthur. Los godos en España. Madrid: Alianza editorial, 2014.
VIVES, José. (Ed.). Concílios Visigóticos e Hispano-Romanos. Ed. Bilingue (Latim-Espanhol). Madrid: CSIC, 1963.
Vinícios da Silva Proença – Graduado em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Assis-SP, e Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação da mesma Instituição. E-mail: vinicius-v-8@hotmail.com.
[IF]La integración regional en América Latina: Quo Vadis? El Mercosur desde una perspectiva sectorial y comparada | Mercedes Botto
Algunos libros son, de una forma más marcada y clara que otros, hijos legítimos de su tiempo porque reflejan el clima y el espíritu de la época en la que son gestados y nacen.
Tal es el rasgo distintivo del libro de Mercedes Botto.
Noviembre de 2015 presagió el inicio del giro neoliberal en la Argentina. Haciéndose este país eco de la nueva sintonía de Brasil, el otro ‘grande’ de la región, delineada a partir del impeachment a Dilma Roussef, su posterior destitución y ascenso de Michel Temer al gobierno y, finalmente, la asunción de Jair Bolsonaro. Ambos cambios de rumbo en dos de los ‘pesos pesados’ del MERCOSUR, auguraron el inicio de un nuevo escenario regional cuyas reconfiguraciones y consecuencias para el bloque, aún están teniendo lugar, en función de los interrogantes que expresa la reciente victoria de Alberto Fernández en materia de integración regional. Leia Mais
Clio – Revista de Pesquisa Histórica. Recife, v. 38, n. 2, jul./dez. 2020.
Dossiê: Política e sociedade no Brasil oitocentista: história e historiografia – Parte 1
Apresentação
- Apresentação | Cristiano Luís Christillino, Maria Sarita Cristina Mota, Suzana Cavani Rosas | PDF | 1-6
Dossiê
- Esquecidos, desclassificados e sem razão de ser? Revisitando a historiografia para localizar o pobre no mundo rural | Júlia Leite Gregory | PDF | 7-24
- A política de mão de obra no império brasileiro: da conturbada unificação à precarização do trabalho livre | Leandro Neves Diniz | PDF | 25-52
- Ópio e açúcar: o capitalismo e suas drogas na super exploração dos trabalhadores rurais (Índia e Brasil, séculos XVIII-XIX) | Christine Dabat | PDF | 53-88
- Projetos de desenvolvimento para o Brasil: imigração, colonização e políticas públicas | Marcos Antônio Witt | PDF | 89-114
- O funcionamento da diretoria de agricultura e as solicitações de adiamento de prazo para medição entre 1873 e 1889 | Pedro Parga Rodrigues | PDF | 115-135
- “O tempo da província”: revisão bibliográfica crítica da política imperial no Brasil oitocentista | Kelly Eleutério Machado Oliveira | PDF | 136-161
- Rupturas e Continuidades na Assembleia Constituinte de 1823: a autoridade do monarca e o lugar do poder local | Glauber Miranda Florindo | PDF | 162-182
- As Câmaras e o Povo: a crise antilusitana de 1831 no interior da província da Bahia | Sérgio Armando Diniz Guerra Filho | PDF | 183-204
- O visconde da Parnaíba e a construção da ordem imperial na província do Piauí | Pedro Vilarinho Castelo Branco | PDF | 205-230
- Negócios de família: políticos, traficantes de escravizados e empresários pernambucanos no século XIX | Amanda Barlavento Gomes | PDF | 231-250
- Dos campos de batalha à Corte imperial: a relação entre o Visconde de Pelotas e o Marquês do Herval através de suas correspondências (1869-1879) | André Fertig, Guilherme Gründling | PDF | 251-277
- Médicos e engenheiros no Recife oitocentista: Higienismo, Implantação de Projetos Arquitetônicos e de Serviços Urbanos | Carlos Alberto Cunha Miranda | PDF | 278-302
- Homem de cor: as performatividades de um “mulato” frente ao racismo Doutor José Mauricio Nunes Garcia Junior (1808-1884) | Vandelir Camilo | PDF | 303-326
Artigos Livres
- “São os escritos que têm mais força e vida”: cultura escrita, imagens, circulação de saberes e de artistas nos quinhentos | Fernanda Deminicis de Albuquerque | PDF | 327-344
- Juristas em Lilliput: a interpretação da Lei das Contravenções Penais nas suas duas primeiras décadas de vigência (1940-1950) | Érico Teixeira de Loyola | PDF | 345-366
- Tempo e narrativa em Quéreas e Calírroe: helenismo e Império Romano | Igor B. Cardoso | PDF | 367-389
- O dispensário noturno antivenéreo: sífilis e reforma sanitária na Paraíba (1935-1940) | Rafael Nóbrega Araújo | PDF | 390-420
- O significado da transgressão no Grão-Pará do Diretório dos Índios (1757-1798) | Vinícius Zúniga Melo | PDF | 421-442
- Vigararia geral foranea e vigararia de vara: o funcionamento e localização de dois importantes órgãos da justiça eclesiástica na diocese de Pernambuco (1676-1750) | Gustavo Mendonça Santos | PDF | 443-473 | Sobre a Revista | Expediente | Suzana Cavani Rosas | PDF
Mulheres e caça às bruxas: da Idade Média aos dias atuais | Silvia Federici
Silvia Federici nasceu em Parma, Itália, em 1942 e vem ganhando cada vez mais leitores e leitoras no Brasil. Em seus trabalhos discute sobre mulheres, gênero, trabalho e como a reprodução – e o trabalho doméstico/reprodutivo – são as chaves para compreender a desvalorização das mulheres na sociedade capitalista.
No livro “Mulheres e caça às bruxas”, lançado no Brasil em 2019, Federici faz uma retomada da discussão desenvolvida no livro “O Calibã e a Bruxa” de 2004, traduzido para o português pelo Coletivo Sycorax e publicado pela Editora Elefante em 2017. Naquele momento, Federici (2017) se preocupava em demonstrar como o processo de acumulação primitiva do capital foi alcançado também a partir da caça às bruxas da era moderna, num amplo e profundo processo de perseguição e disciplinarização dos corpos femininos, da sociabilidade e da reprodução, a incidir sobre a divisão sexual e na desvalorização (e não remuneração) do trabalho doméstico e reprodutivo. A proposta dela era alçar a caça às bruxas ao hall de elementos expostos por Marx sobre a acumulação primitiva, tais como a expropriação agrária dos cercamentos ingleses, o colonialismo, a pirataria e a usura (MARX, 1985). Apesar da centralidade nas relações sociais e no trabalho, não há um consenso se Federici efetivamente avança com as teses de Marx , porém, n’O Calibã, o acúmulo de fontes e experiências daquele processo extensamente analisado revelam, no mínimo, que o capital não teria tamanha força social sem a diminuição proporcional do poder horizontal e comunitário das mulheres. Leia Mais
Ensino de História e Educação em Tempos de Incerteza | História em Revista | 2020
A ideia de que os brancos europeus podiam sair colonizando o resto do mundo estava sustentada na premissa de que havia uma humanidade esclarecida que precisava ir ao encontro da humanidade obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível. Esse chamado para o seio da civilização sempre foi justificado pela noção de que existe um jeito de estar aqui na Terra, uma certa verdade, ou uma concepção de verdade, que guiou muitas das escolhas feitas em diferentes períodos da história.” (KRENAK, 2019, p. 3).
Assim como Ailton Krenak nos informa e nos questiona sobre a noção de “que existe um jeito de estar aqui na Terra”, também existe uma concepção e um jeito de ensinar, e de ensinar História, a priori, independente do tempo, dos sujeitos, dos territórios, das sociabilidades e dos pertencimentos. Essas concepções de História, de conhecimento e de verdade também são frutos da colonialidade do ser e do saber, como é posto e problematizado por Krenak. Leia Mais
Teoria do drone – CHAMAYOU (V-RIF)
Grégoire Chamayou. https://mutacoes.com.br/
CHAMAYOU, Grégoire. Teoria do drone. Tradução de Célia Euvaldo. São Paulo: Cosac Naify, 2015. Resenha de: KRITSKI, Pedro Mateo Bàez; AYMORÉ, Débora de Sá Ribeiro. Voluntas – Revista Internacional de Filosofia, Santa Maria, v.11, n.23. p. 1-6, jul. 2020.
À onisciência corresponde a onipotência1
Doutor em filosofia, pesquisador do CNRS – Centre Nacionale de Recherche Scientifique – desde 2010, especialista das obras de Michel Foucault (1926 – 1984) e de Immanuel Kant (1724 – 1804), o filósofo francês Grégoire Chamayou (1976 – presente) parece ter uma preferência pela análise das estratégias que os agentes políticos utilizam para administrar aqueles que estão sob sua tutela. Se na sua tese de doutorado, intitulada Les corps vils: Éxpérimenter sur les êtres humains aux XVIIIe et XIXe siècles (La Découverte, 2008), o autor se concentra na busca do conhecimento como justificativa para o uso desses corpos, em Les chasses à l’homme (La Fabrique, 2010) Chamayou conta a história da transformação e do uso do conceito de “caça” como teoria e prática do uso da força violenta para a dominação de indivíduos.
Os dois primeiros livros nos permitem traçar certa continuidade em relação ao seu terceiro trabalho, intitulado “Teoria do drone” (2015 [2013]), como o resultado da fusão de dois elementos de análise: a relação entre os conceitos de conhecimento e força violenta, que nortearam o seu estudo sobre os modos com os quais os agentes políticos submeteram os indivíduos em dois casos particulares da história. Podemos dizer que em “Teoria do drone” esses conceitos tomam a forma de um objeto real, material. O drone é definido por Chamayou como “[…] câmeras de vídeo voadoras, de alta resolução, armadas de mísseis”2. Em outras palavras, um “olho-que-tudo-vê” e que também é capaz de projetar força remotamente. A vigilância e a projeção de força materializadas em um objeto que prescinde de um homem embarcado (UCAV – unmanned combat air vehicule) são o mote do livro. O advento de uma tecnologia com tais características traz novos problemas que são explorados pelo autor, dentre os quais destacamos dois: (1) quais são os limites éticos e epistêmicos diante da grande enxurrada de informação gerada pela vigilância, teoricamente ilimitada, que esses objetos voadores oferecem? E, (2) como ficam a legitimação das guerras modernas e o Estado com essa nova forma de projeção de poder? Os Estados Unidos, segundo Chamayou, possuem mais de 6.000 drones de diferentes modelos e 160 Predators para uso da Força Aérea. A obra também estima que 2.640 a 3.474 pessoas foram mortas entre os anos de 2004 e 2012, no Paquistão. Segundo o autor, a superioridade tecnológica pode transformar a guerra numa prática unilateral, pois ela inibe o risco de morrer enquanto se mata3. O prólogo do livro suscita claramente essa imagem no leitor, ao narrar e transcrever partes de diálogos travados entre um operador e um piloto de drone durante uma missão no Afeganistão.
Mas antes mesmo de entrar nos efeitos do uso do drone, é preciso conhecer essa matéria estranha. Ao fazer uma genealogia desse objeto técnico, o autor nos leva para uma breve história do drone, tomando como origem dessa tecnologia a ideia do engenheiro John W. Clark. Segundo Chamayou, em 1965, ao refletir sobre as tecnologias para o enfrentamento de ambientes hostis, Clark apresenta três estratégias: o envio de uma máquina para sofrer a hostilidade, o envio de um homem superprotegido ou a utilização de veículo apropriado ao ambiente hostil. Nesta última opção, o comando do veículo seria feito por um indivíduo em ambiente seguro. A terceira opção, chamada tecnologia telequírica (de manipulação à distância) possui um ganho evidente: retirar do ambiente hostil o corpo biológico vulnerável4.
A história avança até a Segunda Guerra Mundial, na qual os drones são utilizados como alvo de treinamento, sendo chamados “drones-alvo” (target drones) pelo exército americano. No final dos anos 1970, os Estados Unidos cessam o desenvolvimento de drones, que foi continuado em outros locais. Como em Israel, que utiliza drones em 1973 no Yom Kippur (no combate contra as forças egípcias) para confundir a defesa inimiga; mesma tática utilizada, em 1982, na guerra contra os sírios, adicionando-se, no entanto, máquinas fotográficas aos aviões aeromodelo como modo de obter informações privilegiadas. Após o 11 de setembro de 2001, o exército dos Estados Unidos começa o uso massivo de drones após armá-los, com sucesso, com de mísseis anticarro5.
O resultado dessa história é que a adição de sensores e de atuadores no que antes era tido como um aeromodelo transforma substancialmente o objeto técnico: o drone amplia capacidades humanas. Com o poder de vigiar por meio da captação de imagens em instantes contínuos ou descontínuos, as câmeras embarcadas de um drone levam àqueles que os possuem mais perto da onisciência. Apesar de serem uma realização limitada do “olho-quetudo-vê”, o drone é capaz de estender o poder de vigilância e de monitoramento. Detalhando a dimensão desse poder ao leitor, Chamayou divide-o em seis princípios.
O primeiro princípio consiste no que ele chama de princípio do olhar persistente ou de vigília permanente6. O drone é capaz de se manter de um modo permanente em uma missão, pois tanto o piloto como o operador podem se revezar em turnos sem que a aeronave precise voltar à base. Aliada a essa persistência, temos o segundo princípio, o princípio da totalização das perspectivas ou de vista sinóptica7. Trata-se do poder que esses objetos possuem de ver tudo, uma vez que o drone carrega consigo dezenas de microcâmeras que permitem a extensão do campo de visão, cuja resolução apresenta uma escala variável.
O terceiro princípio importante para entender a capacidade de vigilância do drone, segundo o nosso autor, é o que diz sobre a capacidade de memória e de interpretação de dados. Descrito por Chamayou como princípio de arquivamento total ou do filme de todas as vidas8 esse princípio de vigilância traz a componente do tempo para a onisciência que surge através do uso do drone. Pela possibilidade de arquivar todos os dados de monitoramento remoto, temos, então, o poder de identificação e de controle da vida de indivíduos pela estocagem, indexação e análise das informações coletadas.
Toda tecnologia traz uma nova capacidade aos seres humanos, tais capacidades podem conduzi-los aos seus limites. Um problema relacionado ao grande poder de levantamento de dados é, justamente, quem irá interpretá-los. Como dar sentido aos dados brutos? Chamayou considera que a investigação desse tipo de problema já está em curso, na direção de construir “[…] sistemas cognitivos integrados para a vigilância automatizada”9. Isto é, há pesquisas direcionadas para a produção de “máquinas escribas”, que façam esse trabalho cognitivo de um modo automatizado. No futuro, segundo o autor, teríamos sistemas capazes de interpretar, filtrar e indexar dados, antecipando e mesmo facilitando o trabalho de pesquisa sobre as vidas registradas nesses extensos bancos de dados coletados pelos drones.
Sobre a vigilância permitida pelo uso do drone, ainda precisamos detalhar o quarto e o quinto princípios. No quarto princípio, a imagem é apenas um modo de obter informação. Dado que o drone é capaz de embarcar sensores que emulam os outros sentidos humanos, temos o princípio da fusão de dados10. O poder de onisciência do drone é composto por ouvidos e muitos outros órgãos análogos aos sentidos humanos. Isso leva ao problema da relação entre dados de naturezas distintas. Pois, enquanto os seres humanos muitas vezes esquecem boa parte das informações que obtém por meio dos sentidos, as informações coletadas pelos drones não perecem e, com isso, permitem a sua fusão com informações de outras fontes. Essa fusão de dados constitui a base para a composição dos padrões de comportamento e dos desvios realizados pelos vigiados, seja um indivíduo ou uma coletividade.
Naturalmente, ao princípio da fusão de dados, adiciona-se o princípio da esquematização das formas de vida11 que visa, basicamente, construir patterns of life com os dados coletados dos alvos da vigilância. A relação de dados espaço-temporais – com cronogramas que contém a localização, o deslocamento, os itinerários e os acidentes – é fundamental para o desenvolvimento de uma cartografia das vidas humanas. Com essa combinação de “onde” e “quando” os bancos de dados seriam úteis não somente para perseguir suspeitos, mas também para identificar novos elementos através de comportamentos fora do comum. Isto é, levantam-se dados para formar padrões e formamse padrões para detectar mais facilmente as anomalias e os desvios de comportamento.
Finalmente, a detecção de anomalias compõe o sexto e último princípio da vigilância do drone. O chamado princípio de detecção das anomalias e de antecipação preventiva12, que mostra o grau de vigilância permitido por esse objeto. A padronização de comportamentos por meio do levantamento de dados permite uma categorização entre o que é normal e do que é anormal. Com o conhecimento do passado comportamental dos indivíduos, é possível agir a partir do que se entende como o futuro das suas ações. E, assim, esse tipo de vigilância traz consigo uma vontade de antecipação, uma ação preventiva guiada por padrões referenciados em grandes bancos de dados. Ao invés de decisões humanas, transferem-se, ao que parece, a decisão ao “olho-que-tudo-vê” e que passa a ser tratado também como o que tudo sabe.
Invulnerabilidade? Efeitos na guerra e no Estado
Segundo Chamayou, na guerra tradicional, ou seja, sem uso de drones, há relação de reciprocidade: as duas partes envolvidas estimam perdas de efetivo. O drone, no entanto, projeta poder sem projetar necessariamente vulnerabilidade. Mesmo distante de suas fronteiras, é possível aumentar o poder de alcance das armas de telecomando, ao mesmo tempo em que se mantém o operador e o piloto em local protegido, distantes do local das operações. O telecomando possibilita a distância segura, que garante a invulnerabilidade.
Uma questão incontornável que é posta ao leitor do livro é a seguinte: se a guerra pressupõe a projeção de poder e de vulnerabilidade das partes envolvidas, que tipo de relação se estabelece quando se projeta apenas o poder, e não a vulnerabilidade? A resposta inicial de Chamayou é chamar esta situação de guerra unilateral. Porém, ao longo da obra a sua resposta se radicaliza ao ponto de denominar o uso de drones como meio para um homicídio fora de combate13.
Como dispositivo tecnológico, o drone altera não somente as relações entre os combatentes, mas também, e ao mesmo tempo, as relações entre a sociedade e o Estado. Tradicionalmente, a relação que o Estado entretém com os seus cidadãos muda conforme se encontre em estado de paz ou de guerra. Em estado de paz, a vida dos cidadãos depende do Estado. E, no estado de guerra, considerado como meio para retomar o estado de paz, o Estado expõe a vida dos cidadãos14. E é nesse ponto que a invulnerabilidade do indivíduo transferida para o coletivo gera efeitos surpreendentes.
Com o drone, Chamayou nos lembra, temos uma resposta possível ou ao menos uma alternativa para essa antiga questão que se coloca com a inversão do protego ergo obligo, dos tempos de paz, para o obligo ergo protegor, do estado de guerra: “[…] sabendo que quando o soberano expõe a vida de seus súditos na guerra não os protege mais, em que base ainda pode fundar o dever de obediência de seus súditos?”15. A tendência da “dronização” atribui segurança ao Estado liberal, ou seja, a capacidade de “[…] conciliar a restrição liberalsecuritária das finalidades da soberania do Estado com a manutenção de suas prerrogativas guerreiras. Fazer a guerra, mas sem sacrifício”16.
No entanto, no século XXI, a necessidade de preservação do combatente é reforçada pela criação dos dispositivos telecomandados. Se na Inglaterra do século XIX o pacifismo democrático encontrou no alistamento de indianos como novo meio para fazer a guerra sem custos para o cidadão inglês, evitando assim “[…] sacrificar vidas nacionais no altar do império”17, o drone, nos tempos contemporâneos, permite o militarismo democrático em outro patamar, ou seja, a guerra com os seus custos virtualmente eliminados pelo advento da máquina de guerra capaz de projetar invulnerabilidade.
Com os riscos sócio-políticos transferidos para o drone, toma-se em conta o impacto dele nas “[…] ferramentas da teoria econômica da decisão. Se o comandante-chefe democrático for por hipótese um agente racional, quais serão os efeitos dessa arma low cost em seu cálculo?”18. Segundo o autor, há uma tripla redução de custos no uso dos drones: a redução dos custos políticos, econômicos e éticos ou políticos, considerando os efeitos sentidos pela violência comedida19. Em certo sentido, com o drone, é mais barato ir à guerra.
A redução dos custos de guerra, por sua vez, acaba por fundir ambições de Estado e as ambições de mercado. E com essa fusão do “preservar o capital eleitoral” com o “vender novas armas”20, o poder de barganha que os trabalhadores possuíam no começo do século XX e durante a guerra fria vê-se solapado juntamente com muitas das vantagens econômicas e sociais obtidas pela independência do Estado em relação aos corpos humanos.
Deste modo, o drone é objeto central em um momento em que, segundo Chamayou, “[…] a história do Welfare State articula-se à do Warfare State”21. No caso dos Estados Unidos, em que parte significativa de sua população jovem permanece inapta para o serviço militar, o conflito armado passa por duas soluções: um reinvestimento do exército em material humano ou uma independência maior do exército com relação à mão de obra humana. O drone aparece como via para a segunda opção, tornando-se um: “Fazer a guerra sem pôr em risco a vida de seus próprios indivíduos. Conservar sem perder. Proteger, sempre”22.
As consequências políticas do uso desses objetos técnicos, para Chamayou, o fazem parte de uma das etapas de um sonho maior, ou de um desejo prático e real, de fabricação de “autômatos políticos”. O autor entende que a crença é de que, com a automatização, há perda da subjetividade humana pela distância do agente político possível pela máquina “Nesse modo de dominação, que procede pela conversão de suas ordens em programas e de seus agentes autômatos, o poder, que já era distante, passa a ser inapreensível. Onde está o sujeito no poder?”23. Para o autor, o sonho é de um poder sem corpo, concretizado pela imagem do robô. “O sonho é construir uma força sem corpo, um corpo político sem órgãos humanos – em que os antigos corpos arregimentados dos sujeitos teriam sido substituídos por instrumentos mecânicos que seriam, em rigor, seus únicos agentes”24.
Questões Finais
Ao ler a obra “Teoria do drone” não se percebe somente a história de um objeto técnico-militar, que aos poucos se torna financeiramente acessível para além das situações de guerra. A obra retrata muito bem as histórias de ideias e de vontades humanas que se cruzam ao serem veiculadas e potencializadas por esse meio técnico-militar de ação. No limite, o drone representa o desejo de concretização, pela via da técnica, de uma vontade de poder. Com origem na própria sociedade, esse ser criado tende a se diferenciar dela e a afetar sensivelmente as suas características essenciais. Uma via tecnológica para o antigo desejo humano da onisciência e da onipotência.
Finalmente, é possível pensar a atualidade da obra. As declarações de guerra contra um “inimigo invisível”, recorrentes nos discursos jornalísticos e políticos desde a declaração da pandemia gerada pela SARS COVID-19, denotam a vontade da sociedade pela adoção de meios de ação eficientes, orientadas pela tecnociência. Diante de uma doença que ameaça a espécie humana, expondo a vulnerabilidade, encontramo-nos talvez em mais um dos limiares entre a tecnologia de vigilância, seus usos e as suas consequências
Notas
1 CHAMAYOU, Teoria do drone, p. 47
2 Idem, p. 20
3 Idem, p. 21
4 Idem, p. 29
5 Idem, p. 36 – 37
6 Idem, p. 48
7 Idem, p. 48 – 49
8 Idem, p. 49
9 Idem, p. 51
10 Idem, ibidem
11 Idem, p. 52
12 Idem, p. 53
13 Idem, p. 174
14 Idem, p. 195
15 Idem, p. 196 – 197
16 Idem, p. 198
17 Idem, p. 204 – 206
18 Idem, p. 207
19 Idem, p. 207 – 208
20 Idem, p. 212
21 Idem, p. 213
22 Idem, p. 213 – 214
23 Idem, p. 228
24 Idem, p. 242
Pedro Mateo Bàez Kritski – Doutorando em Filosofia na Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. E-mail: pedrokritski@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3603-2624
Débora de Sá Ribeiro Aymoré – Professora Substituta de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. E-mail: deboraaymore@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1384-6681
[DR]
História e Ambiente / Oficina do Historiador / 2020
Das possibilidades e usos da história ambiental, ou uma introdução ao dossiê temático “História e Ambiente”
O tema do meio ambiente na pesquisa histórica e a preocupação com discussões socioambientais foram especialmente fomentados a partir da década de 1970. Alguns exemplos podem ser aqui apresentados, tal como a publicação do volume especial Histoire et Environnement na revista francesa Annales – Économies, Sociétés, Civilisations (ano 29, n. 3, 1974) organizado por Emmanuel Le Roy Ladurie e o curso de Environmental History na Universidade da Califórnia Santa Barbara, em 1972, por Roderick Nash (2014).
Dos anos 1970 em diante, temos um aumento exponencial do debate público de diferentes áreas do conhecimento sobre a ecologia (termo cunhado por Ernst Haeckel, em 1866) e o surgimento de diferentes movimentos políticos e culturais sob esse escopo. Como parte desses movimentos está o desenvolvimento de pesquisas com os mais diversos enfoques sobre a referida temática, mas que preservam a premissa de compreender o fenômeno histórico não somente a partir de seus agentes humanos.
Estas pesquisas vão desde a história ambiental de empreendimentos coloniais (BUBLITZ, 2008), a estudos que medem a gestão da água e o saneamento básico (RÜCKERT, 2015), ao motivo edênico no imaginário sobre a natureza do Brasil (CARVALHO, 1998), ao estudo do movimento ecológico e suas raízes no romantismo do séc. XIX (PADUA, 2005), até chegar nas mudanças climáticas e no Antropoceno (CHAKRABARTY, 2009).
Pensando nesse escopo, a Oficina do Historiador lançou, no fim de 2019, a chamada de artigos para um dossiê temático intitulado “História e Ambiente”, direcionado a publicar pesquisas históricas que dissertam sobre impactos socioambientais gerados por processos de modernização, industrialização e urbanização, pesquisas que privilegiam biografias de pioneiros na área e investigações sobre relatos de viajantes e naturalistas, assim como relatos de interações entre diferentes agentes que tensionam a dicotomia Cultura vs. Natureza.
Neste sentido, podemos ver que as possibilidades de pesquisa em história ambiental são vastas. Este dossiê publicado pela Oficina do Historiador traz onze artigos inéditos e uma resenha de livro. Esses artigos se referem a situações complexas que se desenvolveram ao redor do mundo, com especificidades muito diferentes entre si. Ao tratar do território brasileiro, traz-se pesquisas historiográficas desenvolvidas nas regiões da Amazônia, da Bahia, do Cariri cearense e, no Rio Grande do Sul, tanto no Alto Uruguai como no Vale do Sinos. Além disso, o presente dossiê traz ainda três casos transnacionais: da antiga União Soviética (Ucrânia e Bielorrússia), da Bacia Platina (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e do altiplano boliviano.
O primeiro artigo do Dossiê é “Desastre nuclear, espaço e trauma: uma oração a Tchérnobil a partir de Svetlana Aleksiévitch” de João Camilo Grazziotin Portal, aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esse artigo traz uma interessante perspectiva sobre a hecatombe nuclear de 1986 na União Soviética ao fazer uma discussão sobre o espaço traumatizado das “zonas contaminadas” a partir do livro Vozes de Tchérnobil. E, ainda, ao trazer uma análise se valendo dos escritos de Hannah Arendt sobre as inovações tecnológicas da Guerra Fria, de algumas discussões da área da psicologia sobre trauma e do debate sobre o Antropoceno, já que a causa desse desastre ambiental foi a ação humana.
O segundo artigo é “Aportes de la Historia Ambiental para la Historia Agraria de la Cuenca del Plata, primera mitad del siglo XIX. Una propuesta pedagógico-didáctica” da Dra. Silvia Lilian Ferro, professora do Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). O artigo traz uma revisão baseada na história ambiental sobre os processos históricos da primeira metade do séc. XIX na Bacia do Prata, especialmente, na justaposição entre a formação do sistema agrário e a organização política do período. Tem ainda como maior desafio a ideia de acrescentar o meio ambiente como um sujeito histórico que desempenhou papel relevante nas transformações da época, mostrando a possibilidade de se “ambientalizar” diferentes campos epistemológicos.
O terceiro artigo é “José Lutzenberger e a luta pela Amazônia: militância ambientalista internacional em defesa da floresta (1970-1990)”, da Dra. Elenita Malta Pereira, professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Me. Denis Henrique Fiuza, aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Sara Rocha Fritz, aluna de Graduação em História da UFSC. Esse artigo está inserido no projeto de pesquisa “José Lutzenberger: Um mediador entre o ambientalismo brasileiro e global (Déc. 1980-1990)”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Esse artigo aborda a militância ambiental de Lutzenberger, entre os anos 1970-1990, na defesa da preservação da Amazônia. Sua atuação e sua difusão da teoria de Gaia através de conferências, palestras e congressos foram de grande ajuda para trazer a emergência da situação da grande floresta para a pauta internacional, culminando com sua ascensão ao cargo de Secretário do Meio Ambiente no Governo Collor. O artigo aborda esses episódios e reflete sobre a trajetória do ambientalista através da biografia histórica e da história ambiental.
O quarto artigo é “Os impactos socioambientais e suas ameaças ao modo de vida das comunidades tradicionais de fundo de pasto na Bahia” da Me. Simone Conceição Soares Dias, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e professora da rede municipal de ensino de Monte Santo e da rede de ensino do Estado da Bahia. Esse artigo aborda a deterioração das terras comunais e de seu uso por comunidades tradicionais de fundo de pasto na Bahia, no bioma da caatinga, através da modernização e da expropriação dessas terras. O uso comum da terra entra em conflito com iniciativas extrativistas a partir dos anos 1970 e são parcamente amparados por legislação no Brasil, causando disrupturas em um modo de vida tradicional.
O quinto artigo é “Campos de experimentação agrícola na Escuela-Ayllu de Warisata: reflexões sobre produtividade, trabalho e saber indígena no altiplano boliviano (1931-1940)”, de Me. Bruno Azambuja Araújo, aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O artigo percorre a autobiografia de Elizardo Pérez, um dos fundadores da Escuela-Ayllu de Warisata, um projeto idealizado na Bolívia dos anos 1930 para utilizar a educação e os saberes indígenas para desenvolver a região do altiplano próximo ao lago Titicaca. Ainda, aborda as questões que emergem desse contexto através da memória biocultural indígena e do conflito entre as concepções dos indígenas locais e dos grandes proprietários de terra.
O sexto artigo é “Contradições entre a modernização agrícola e o desenvolvimento sustentável: o caso do Alto Uruguai Rio-Grandense – 1975-2017” de Me. Anacleto Zanella, aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (UPF). Esse artigo explora os Censos Agropecuários realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na região dos municípios gaúchos do Alto Uruguai, para analisar os processos de modernização da agricultura no Norte do RS no tempo presente e os impactos socioambientais advindos dessa transformação.
O sétimo artigo é “A história da coleta de resíduos em Novo Hamburgo, RS, e uma proposta de uma nova roteirização utilizando sistema de informações geográficas” de Natan Ruan Machado da Costa, aluno de Graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Dr. Victor Fernandez Nascimento, professor no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional nas Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT) e que realiza estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Sensoriamento Remoto da UFRGS, e Dr. Jean Pierre Henry Balbaud Ometto, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil e coordenador do Centro de Ciências do Sistema da Terra (CCST / INPE). Analisa o aumento da produção de resíduos sólidos urbanos na cidade de Novo Hamburgo na história recente, resultado do aumento populacional e do aumento do consumo de serviços. O artigo ainda traz uma proposta que busca compensar a emissão de gases estufa resultantes do processo de transporte desses resíduos para o aterro sanitário utilizado pela Prefeitura, buscando aliar menores custos para manutenção da limpeza pública a um menor impacto ambiental.
O oitavo artigo é “O Cariri visto de baixo: movimentos camponeses em tempo de seca, fome, epidemia e recrutamento no Primeiro Reinado”, da Dra. Ana Sara Ribeiro Parente Cortez Irffi, professora do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC), e da Dra. Ana Isabel Ribeiro Parente Cortez Reis, professora de História na Universidade Regional do Cariri (URCA). Aborda a experiência de vida campesina na região do Cariri cearense, especialmente, através da seca dos anos 1825-1827, seguidas de um período de fome e de epidemia de varíola, além do recrutamento de civis para a Guerra da Cisplatina. O enfoque “visto de baixo” do artigo permite ver a realidade de uma vida dura, da luta pela terra e do conflito de classes.
O nono artigo é “A ideologia verde e suas manifestações no Brasil na década de 1970” de Bruna Gorgen Zeca, aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O artigo traz uma relevante discussão sobre a formação da ideologia ambientalista no Brasil, sob a Ditadura Militar nos anos 1970, e as primeiras discussões que foram realizadas no plano internacional e interno. Reforça, ainda, a resistência das instâncias governamentais em torno desse debate, uma vez que o milagre econômico do início dos anos 1970 e o crescimento do PIB ajudavam a manter o regime ditatorial no poder e necessitavam da exploração do ambiente para manter essa economia intacta.
O décimo artigo é “Entre o urbano e o rural: fotografias de paisagens das cidades do Vale dos Sinos na Primeira República” do Me. Alex Juarez Müller, professor da rede municipal de ensino de Gramado, RS. Aborda o conceito de modernização urbana, durante o período da República Velha (1889-1930), através de fotografias que foram tiradas nas cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e Taquara. Essas fotografias revelam as modificações da paisagem urbana que ocorreram no período através da influência do modelo europeu de organização do espaço.
O décimo primeiro artigo é “Potencialidades de pesquisa em História Ambiental e a questão indígena” da Me. Angela Rebelo da Silva Arruda, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Este artigo traz uma exploração das possibilidades da história ambiental especialmente voltada para a questão indígena no Brasil. A autora aponta, portanto, para uma série de dilemas ambientais encontrados no país devido à colonização predatória que foi empreendida na formação histórica do povo brasileiro e possíveis formas de realizar pesquisas nesse entorno.
Ainda, o dossiê traz a resenha de Bianca Letícia de Almeida, aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sobre o livro The Environmental Humanities: A Critical Introduction, escrito por Robert S. Emmett e David E. Nye e publicado em 2017, ainda sem tradução para a língua portuguesa.
Esperamos que este dossiê temático possa publicizar novas perspectivas no campo de história ambiental, assim como fomentar a interdisciplinaridade que tem sido implementada de forma tão essencial nas pesquisas dessa área. A diversidade de artigos aqui encontrados, com abordagens desde a História das Ideias, passando pela luta pela terra, pela análise política, pela militância ambiental, pela análise de uma catástrofe ambiental como trauma coletivo, provam essa premissa e ajudam a mostrar a pujança do ambiente e da paisagem como objetos para a historiografia. Pois é ao ver o “outro”, não importando que tipo de alteridade, que conseguimos enxergar melhor a nós mesmos.
Referências
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CARVALHO, José Murilo. O motivo edênico no imaginário popular brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 13, n. 38, out. 1998. https: / / doi. org / 10.1590 / S0102-69091998000300004
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LE ROY LADURIE, Emmanuel. Présentation. Annales. Économies, Sociétés, Civilisations, 29 année, n. 3, 1974. https: / / doi.org / 10.1017 / S0395264900169409
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RÜCKERT, Fabiano Q. O saneamento e a politização da higiene no Rio Grande do Sul (1828-1930). 276f. 2015. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História. Universidade do Vale do Rio Caí, São Leopoldo, 2015.
Caio Flores-Coelho – Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil; doutorando em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil; professor auxiliar do Curso de Licenciatura em História do Instituto Superior de Educação Ivoti (ISEI), em Ivoti, RS, Brasil; professor- -tutor do Eixo de Humanismo Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, RS, Brasil; professor de História do Colégio Sinodal, em São Leopoldo, RS, Brasil. orcid.org / 0000-0003-1515-9404 E-mail: caioflorescoelho@gmail.com
Paula Tatiane de Azevedo – Mestre em Ensino de História pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IFCH / UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil; doutoranda em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil. orcid.org / 0000-0001-7482-3139 E-mail: paulaaze@gmail.com
Lucas de Oliveira Klever – Mestre e doutorando em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, RS, Brasil. orcid.org / 0000-0001-5376-9014 E-mail: lucas.oliveira95@edu.pucrs.br
FLORES-COELHO, Caio; AZEVEDO, Paula Tatiane de; KLEVER, Lucas de Oliveira. Apresentação. Oficina do Historiador. Porto Alegre, v. 13, n. 2, jul. / dez., 2020. Acessar publicação original [DR]
Ler História. Lisboa, n.77, 2020
Varia
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Recensões
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- Ivonne del Valle, Anna More, and Rachel Sarah O’Toole (eds) (2020), Iberian Empires and the Roots of Globalization[Texto integral]
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Arquitetura, Cidade e Documentação / Mnemosine Revista / 2020
Entendendo-se que documentar é registrar, organizar informações textuais e gráficas sobre objetos investigados, esse dossiê enfoca a documentação de pesquisas arquitetônicas e urbanísticas em cidades brasileiras – dialogando com as variantes da história, cultura, arquitetura e cidade.
Parte-se do princípio que os edifícios e as cidades, devem também ser considerados documentos construídos que trazem em suas essências, elementos e condicionantes que os compõem e nos seus respectivos conjuntos composicionais- caracterizam e atribuem valores aquele determinado bem.
Considerando-se então, que a documentação é o somatório de fontes primárias coletadas em arquivos privados, públicos- compostas de materiais de projetos, como plantas baixas, cortes, fachadas, perspectivas, esboços, mapas, gráficos, fotografias, textos originais- e do próprio bem material construído em si, seja uma edificação, ou lugar- a proposta desse dossiê é apresentar ao público interessado no tema, as maneiras pelas quais tais “objetos” vêm sendo trabalhados, no que diz respeito às suas políticas de preservação e conservação.
Dessa maneira, esse dossiê reúne através de dez artigos, alguns resultados de estudos de professores, pesquisadores, arquitetos, historiadores- vinculados a programas de pós-graduação, e grande parte dos autores atuando como membros do comitê nacional de documentação do Icomos Brasil.
Através dos trabalhos de investigação e de análises críticas produzidas pelos autores, resgata-se a documentação das arquiteturas de distintas linguagens, ou de cidades de diversas regiões brasileiras, com escalas que vão desde centros urbanos interioranos, até cidades polos.
Tal diversidade investigatória proporcionará ao leitor, o conhecimento de uma multiplicidade cultural rica e com identidade marcante, que analisada com olhares diversos, será aqui apresentada em forma de artigos trabalhados, tanto textualmente, quanto graficamente, pois a imagem em tais estudos possui um papel fundamental.
As imagens documentais da história da arquitetura e da cidade são informações básicas e importantes na construção desse saber, pois enriquecem e ilustram as informações textuais. Através de desenhos realizados à mão, ou utilizando-se de programas gráficos contemporâneos, como AutoCAD, sketchup, entre outros, as ferramentas digitais vêm contribuindo de forma fundamental na produção de documentos complementares ao resgate patrimonial.
E acredita-se ser de fundamental importância o diálogo entre história e imagem, gerando uma rica documentação sobre determinado objeto, seja esse uma obra, ou um lugar.
Assim, na produção dos artigos que aqui se apresenta, observou-se que o tema voltado para a documentação da modernidade arquitetônica esteve presente em quatro artigos voltados para objetos arquitetônicos protomodernos e modernos presentes nas cidades de Recife, Campina Grande, São Luis, São Paulo.
Esses quatro artigos tratam de casos isolados de profissionais com trajetórias marcantes, ou de conjuntos arquitetônicos.
Como exemplo de casos isolados, pode-se citar o artigo que tratou do resgate documental da obra do arquiteto português Delfim Amorim e sua atuação em Recife, através de um olhar específico em uma obra residencial moderna, e que infelizmente foi abruptamente demolida- a Casa Miguel Vita (1958); o caso do Teatro Municipal Severino Cabral (1962-1988), projetado pelo mestre campinense Geraldino Duda; e o artigo que enfocou a obra de Rino Levi, com o objetivo de analisar como se deu a aproximação entre artistas e arquitetos, e quais foram os resultados desse intercâmbio de atuações na arquitetura moderna brasileira, tomando como estudos de casos, o Edifício Prudência (1948) e o Teatro Cultura Artística (1950), implantados na cidade de São Paulo.
Como casos de documentação de conjuntos, foram produzidos três artigos: um voltado para a análise documental de detalhes da arquitetura Art déco em São Luís do Maranhão.
A discussão sobre a documentação de lugares e cidades transitou por regiões interioranas nordestinas como Cabaceiras, e Campina Grande, na Paraíba; e Gravatá do Ibiapina, em Pernambuco, ricas em seus conjuntos históricos e em seus acervos patrimoniais; bem como, pelos calçadões famosos da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
O tema da cultura vernácula que vem sendo valorizada na discussão patrimonialista está presente em artigo que trata sobre a arquitetura popular de platibanda nordestina, no qual foram realizadas notas sobre enquadramentos discursivos e terminologias do acervo regional.
A documentação do design de superfície presente na produção de ladrilhos hidráulicos do edifício do Paço dos açorianos de Porto Alegre enriquece o dossiê, dialogando saberes da história, arquitetura e do design, trazendo à tona o uso de tecnologias digitais no resgate e na salvaguarda desse elemento construtivo considerado patrimônio material industrial.
E fechando nosso dossiê, o instigante artigo que trata sobre o medievalismo na arquitetura contemporânea como experimento arqueológico. O autor explicou que existe um ramo peculiar da arquitetura contemporânea que tenta [re]construir o passado utilizando métodos e técnicas medievais, auto- proclamadas como experimentos arqueológicos.
Através da leitura dos artigos aqui apresentados, poderão ser adquiridos conhecimentos que subsidiem estudos, trabalhos de investigação, pesquisas que conectem os distintos saberes, e que façam que as ideias circulem, alimentando a rede voltada aos estudos históricos arquitetônicos e urbanísticos, interligando culturas e cidades, através da produção e preservação documental.
Alcilia Afonso de Albuquerque e Melo – Doutora em Projetos Arquitetônicos (ETSAB / UPC / Espanha). Professora adjunta do curso de Arquitetura e Urbanismo / UFCG e Professora efetiva do PPGH / UFCG
ALBUQUERQUE E MELO, Alcilia Afonso de. Apresentação. Mnemosine Revista, Campina Grande – PB, v.11, n.2, jul / dez, 2020. Acessar publicação original [DR]
História Antiga e Medieval no Brasil: pesquisa e prática de ensino / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2020
As pesquisas em História Antiga e Medieval ganham o Brasil de uma ponta a outra. Partindo de centros de excelência, como a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense, espalharam-se por todo o país, graças ao trabalho incansável e audacioso de muitos pesquisadores / professores que acreditaram que é possível fazer uma História Antiga e Medieval de excelência no Brasil. Teçamos loas a essas pessoas admiráveis, que passaram por nossas vidas, que nos inspiraram e continuam a fazê-lo.
O trabalho pujante da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, a SBEC, a formação dos Grupos de Trabalho (GTs) da Associação Nacional dos Professores de História (ANPUH), os inúmeros laboratórios reunindo pesquisadores de diferentes estados e os muitos congressos e revistas científicas especializadas na área têm proporcionado uma rica troca de experiências, que impulsiona a pesquisa brasileira.
As atuais pesquisas em História Antiga e Medieval propõem modelos interpretativos diversos, o alargamento das fontes documentais, o uso da tecnologia em benefício da pesquisa e do Ensino e o diálogo com outras ciências, especialmente com a Arqueologia. Novas questões estão na ordem do dia a nos desafiar, intimando-nos a pensar, a tecer novas proposições para a construção de uma História Antiga, viva, em movimento.
Toda sorte de problemas que afetam direta e indiretamente a todos nós, conduzem-nos a reflexões importantes para o repensar do mundo antigo e do nosso próprio mundo. Entre tais problemas está a inquietação com as questões do tempo presente de um mundo globalizado, com problemas igualmente globais, como a pandemia do novo coronavírus a nos fragilizar; enfraquece-nos também a intolerância, a grassar em suas diversas faces, principalmente, no que se refere à discriminação contra as minorias.
Diante de tal quadro, os artigos desse dossiê devem contribuir para a valorização da diferença, da diversidade, da heterogeneidade, da tolerância e combate à discriminação, rejeitando qualquer tipo de preconceito, seja de qual natureza for, por seu potencial de abordagem multiculturalista e de diversidade presente em seus conteúdos. Dialogando com pesquisadores de vários centros de pesquisa, o dossiê apresenta trabalhos de novos e experientes pesquisadores demonstrando, que os estudos de História Antiga e Medieval estão bem dinamizados na Bahia e em outros estados da Federação.
Estes artigos são exemplos de que as pesquisas brasileiras em História Antiga e Medieval estão conectadas com as discussões levadas a termo no cenário internacional, mas evidenciando as especificidades de um “olhar” local que contribuem nos debates em ambientes hegemônicos. Os artigos também espelham a proximidade das pesquisas com a nossa realidade, propiciando-nos uma fecunda possibilidade de compreender melhor o presente, com uma visão menos limitada, linear e por vezes distorcida. No âmbito do ensino, tal perspectiva deve ajudar os discentes a enxergarem a nossa realidade de forma transitória, contrastando-a com os seus modos de vida, observando as persistências e mudanças ao longo do tempo, dissipando a distância entre o saber científico, produzido nas Universidades, e o saber escolar, produzido em salas de aula do Ensino Fundamental e Médio. Aos docentes, os artigos apresentam instigantes possibilidades de refletir sobre a História Antiga, de repensá-la em sua prática de sala de aula, de fazer novas experimentações, tornando essa História mais próxima, mais viva e prenhe de sentido. Muitos artigos visam instrumentalizar o professor, oferecendo-lhe ferramentas úteis para diminuir o descompasso entre aquilo que é produzido no meio acadêmico e o que é ensinado nas escolas.
Compõem o dossiê um total de dez artigos. Alexandre Galvão Carvalho, em seu texto Diálogos entre a História Antiga e o ensino de História, tece reflexões em torno da alteridade, multiculturalismo, eurocentrismo e da relação entre Ocidente e Oriente nos debates acerca do ensino da História Antiga. Procura repensar as formas e modelos da História Antiga e o ensino de História com o objetivo de aproximar a disciplina História Antiga de nossa realidade e superar preconceitos, articulando artigos atuais sobre as formas e modelos teóricos da área com as propostas curriculares para o ensino de História, acentuando os caminhos para a inserção da disciplina História Antiga na construção e fortalecimento da cidadania.
No artigo Saberes arqueológicos na escola pública: ações educativas do Labeca aplicadas ao “Projeto Minimus Intersdiciplinar”, Maria Cristina Nicolau Kormikiari, Felipe Perissato e Felipe Leonardo Ferreira destacam a contribuição do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (LABECA) para o avanço das pesquisas sobre a cidade antiga grega no Brasil. Apresentam, a partir de um rico e instigante projeto, um relato de experiência dos desdobramentos dos estudos desenvolvidos no LABECA em escola pública da Educação Básica de São Paulo. O objetivo do projeto é aproximar o conhecimento produzido no espaço da universidade da escola secundária, preocupação constante do Laboratório.
No terceiro artigo, O livro didático e o Ensino de História Antiga – desafios no presente e problemas do passado, Luis Filipe Bantim de Assumpção e Carlos Eduardo da Costa Campos partiram da experiência como docentes no Ensino Médio, em colégios particulares do Rio de Janeiro, para demonstrar como os materiais didáticos ali utilizados detêm uma visão conservadora sobre a História Antiga. Os autores aproveitam a oportunidade para apresentar, com muito esmero, uma metodologia de análise do livro / material didático utilizado, com a qual se objetiva desenvolver uma análise crítica do conteúdo de Antiguidade.
Na sequência, o artigo História dos cristianismos nos livros didáticos: considerações sobre a narrativa histórica escolar, de autoria de José Petrúcio de Farias Júnior e Ramonn Gonçalves de Moura, apresenta uma discussão necessária e importante sobre a História dos Cristianismos a partir de preocupações atuais, como o fundamentalismo religioso e a intolerância religiosa, tão presentes em nosso cotidiano. Os autores analisam a apresentação da história dos cristianismos nos livros didáticos e chegam à conclusão do quanto ainda é profundo o fosso entre aquilo que é ensinado nas escolas e as discussões recentes sobre a temática.
No quinto artigo “Mitologia, História e Cinema”: um projeto de extensão sobre recepção do mundo-greco romano em curso, Igor Barbosa Cardoso e Maria Cecília de Miranda Nogueira Coelho brindam-nos com a apresentação de um projeto amplo e audacioso (como todos devem ser) envolvendo Mitologia, História e Cinema, realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Muito mais do que a apresentação do projeto, os autores oferecem um magnífico quadro teórico de análise da produção cinematográfica e de importantes questões atinentes ao estudo da recepção da cultura clássica. Trata-se de um convite desafiador (e tentador) àqueles que desejam repensar a História sobre novos e promissores alicerces, inserindo, sob bases acertadas, o cinema em sala de aula.
Em O Mediterrâneo Antigo: uma proposta didática Manuel Rolph Cabeceiras apresenta, em seus aspectos teórico-metodológicos e práticos, os resultados da construção de uma proposta de aprendizagem compartilhada nas turmas de “História Antiga” no 1º Período do Curso de Graduação em História da UFF de 2013 a 2019, centrada no Mediterrâneo como categoria de análise histórica nas áreas por ele abrangidas dos séculos XXIV a.C. a III d.C. O artigo além de apresentar análise inovadora sobre o Mediterrâneo Antigo, abre a possibilidade para um novo modo de se pensar e trabalhar em sala de aula o mundo antigo.
No artigo seguinte O II Concílio de Braga e Da Correção dos Rústicos contra o paganismo: entre a cultura escrita e a oralidade, de autoria de Vitor Moraes Guimarães e Márcia Santos Lemos, os autores apresentam uma análise muito rica sobre as formas utilizadas pela Igreja no processo de evangelização e difusão do cristianismo no Reino Suevo do VI século. A partir de múltiplas estratégias de conversão ao cristianismo, a Igreja alcançava tanto as baixas camadas do clero quanto as populações humildes e afastadas, na busca da consolidação do cristianismo e eliminação do paganismo.
O oitavo artigo, A pesquisa sobre Império Romano no Brasil: a Numismática e a Coleção do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro (RJ), de Cláudio Umpierre Carlan, apresenta uma das mais instigantes e frutíferas fontes de pesquisa: a moeda. A partir da Coleção do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, o estudioso presenteia-nos com uma análise do Império Romano. Passeando pela história da Numismática, apontando suas possibilidades de pesquisa, ofertando-nos exemplos de como é possível extrair da fonte imagética um conhecimento profundo e sob diferentes aspectos da história dos romanos.
O artigo seguinte: Os sepultamentos secundários dos judeus e os ossuários judaicos: um breve debate sobre continuidades e rupturas dos padrões funerários na região da Judeia, dos autores Carolina Mattoso e Vagner Carvalheiro Porto, apresenta uma história que vem da província romana da Judeia, pouca conhecida entre nós. Tem o mérito de discorrer com profundidade sobre o sepultamento secundário de judeus e o uso de ossuário como modo para esse tipo de sepultamento. Sob tais bases os autores tentam ampliar o conhecimento das interações entre a província e os romanos e entender o próprio passado judaico.
Fechando o dossiê, no artigo O espaço como um contributo para a compreensão da tragédia e para a interpretação da História, Márcia Cristina Lacerda Ribeiro propõe a utilização do ‘espaço’ como categoria de análise útil para ampliar o entendimento sobre a tragédia grega e sobre a História. A partir de uma leitura antropológica do espaço, tomada de empréstimo de Amos Rapoport, o texto discute a interação entre espaço e comportamento, exemplificado a partir da análise do espaço da gruta, presente na tragédia Íon de Eurípides.
Com esse dossiê, reforçamos nossa perspectiva de que o estudo da História Antiga e Medieval deve ser encarado como um laboratório, com uma enorme diversidade de formas socioculturais das experiências dos homens e mulheres ao longo da história. O afresco de Luca Giordano, “O barco de Caronte, o Sono da noite e Morfeu”, do século XVII, capa da nossa revista, é uma leitura da Antiguidade formulada em outro contexto histórico, por meio de uma linguagem própria, uma forma de apropriação e usos do passado que coloca em tela o interesse que o antigo e o medievo têm despertado ao longo do tempo. Que assim continue….
Nossos agradecimentos a todos os autores que nos presentearam com seus belíssimos trabalhos.
Boa leitura!
Alexandre Galvão Carvalho – Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Professor Pleno do Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Brasil. E-mail: alexandre.galvao@uesb.edu.br
Fábio de Souza Lessa – Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vinculado ao Laboratório de História Antiga e ao Programa de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC) do Instituto de História da UFRJ e ao Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas (PPGLC) da Faculdade de Letras da UFRJ. Brasil. E-mail: fslessa@uol.com.br
Márcia Cristina Lacerda Ribeiro – Doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo; Pós- doutora em Arqueologia Clássica pela Universidade de São Paulo. Professora da Universidade do Estado da Bahia (na Graduação em História e no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Linguagem e Sociedade). Pesquisadora do LABECA / MAE / USP e do NHIPE / CNPq. Brasil. E-mail: mclribeiro@uneb.br
CARVALHO, Alexandre Galvão; LESSA, Fábio de Souza; RIBEIRO, Márcia Cristina Lacerda. [História Antiga e Medieval no Brasil: pesquisa e prática de ensino]. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.2, n.6, jul. / dez., 2020. Acessar publicação original [DR]
Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
CARTÕES POSTAIS DE ESTÁDIOS DE FUTEBOL COMO FONTE DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO | Aristides Leo Pardo |
Através destas linhas iremos discorrer acerca da importância dos cartões postais como fontes históricas e guardiões das transformações sociais e urbanas através dos anos, com foco nos postais de estádios de futebol do Estado do Rio de Janeiro, pois é perceptível as mudanças que as praças esportivas sofreram com o passar dos anos, assim como seu entorno, isto sem falar naqueles que deixaram de existir por força da expansão das cidades. Utilizaremos neste trabalho, uma revisão bibliográfica e os próprios cartões postais, como fontes iconográficas para mostrar espaços em constante mutação, poderia ter usado fotografias, mas a opção pelos postais foi a escolhida por dois motivos: serem melhores para referenciar, e ne maioria dos casos, datar, e também por ter acesso mais fácil, já que esta é uma das paixões do autor, que pode mais uma vez rever sua coleção de cerca de 3.000 peças, que retratam praças esportivas dos quatro cantos do nosso Brasil. – PALAVRAS-CHAVE: Cartões Postais. Fontes Históricas. Estádios de Futebol.
“SÍNDROME DA CHINA” E A DENÚNCIA A INSEGURANÇA MUNDIAL NA “ERA NUCLEAR” | Arthur Alexandre Caetano Silva de Souza | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
O presente artigo procura analisar as relações entre produções cinematográficas e suas potencialidades perante a construção do conhecimento histórico. Sob o contexto da Guerra Fria que marcou o início da “era atômica”, buscaremos explicitar as relações entre representações cinematográficas e suas apropriações de fatos históricos enquanto elementos contribuintes para o enriquecimento do conhecimento histórico. Para isso, utilizaremos como “estudo de caso” o filme “Síndrome da China” (The China Syndrome) dirigido por James Bridges em 1979, e estrelado por atores consagrados do cinema como Jane Fonda, Jack Lemmon, Michael Douglas, dentre outros. O enredo de tal produção cinematográfica é relevante ao conhecimento histórico na medida em que proporciona a reflexão crítica a cerca da era nuclear e seus efeitos para a sociedade. Palavras Chave: Ensino de História; Guerra Fria; Cinema e História; Era Nuclear.
ENTRE “DEBATES E COMBATES”: NOTAS ACERCA DE ALGUNS DESAFIOS DA HISTÓRIA | Bruno César Pereira | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
O presente artigo propõe realizar uma breve reflexão de alguns desafios enfrentados pela História ao longo do século XX. Em especial, em um primeiro momento, buscaremos nos concentrar nos debates travados entre História e a Sociologia durkheimiana refletida através das críticas feitas pelo sociólogo François Simiand as produções historiográficas da Escola Metódica. Em um segundo momento, nos dedicaremos em analisar os embates entre História e Antropologia, que, se concentrou entre os pesquisadores: Claude Levi-Strauss e Fernand Braudel. A proposta deste artigo, além de analisar os desafios enfrentados pela História em um dado contexto específico, busca destacar que a História, enquanto disciplina acadêmica possui grande importância para o pensamento humano, da mesma forma suas contribuições se equiparam as demais áreas do conhecimento social e humano. – PALAVRAS-CHAVE: Desafios; Teoria da História; Século XX. | INDÍCIOS E INDICADORES DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM FLORIANÓPOLIS NAS PÁGINAS DE “O ESTADO”: ACELERAÇÃO DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E A INCORPORAÇÃO DO CONSUMO DE MASSAS (1970-1980) | Daniel Henrique França Lunardelli | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
A partir do início da década de 1970, a Capital catarinense ganhou uma nova dimensão em sua composição econômica e social. O processo acelerado de transformações urbanas que ocorreram na cidade impactaram a vida dos moradores e produziram uma série de expectativas acerca do presente e outras tantas em relação ao futuro. O crescimento vertiginoso da construção civil e o incremento do setor de serviços, somados às grandes obras públicas que impactaram a paisagem urbana de Florianópolis, contribuíram significativamente para construir no imaginário da população a narrativa de que se estava de fato vivendo um novo tempo. – PALAVRAS-CHAVE: Florianópolis. Cidade. Urbanização
ESTUDANTES PELA LIBERDADE: FORMAS DE ORGANIZAÇÃO, RACHA E OUTROS ASPECTOS (2012-2016) | João Elter Borges Miranda | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
O Estudantes Pela Liberdade (EPL) surgiu no Brasil como uma franquia do aparelho estadunidense Students For Liberty. Ao ser fundado no Brasil em 2012, o EPL estabeleceu como missão desenvolver estudantes ao seu potencial máximo de liderança, oferecendo treinamento de aperfeiçoamento profissional, desenvolvendo técnicas como as de oratória e comunicação profissional, na defesa dos preceitos ultraliberais. O período de 2012 a 2016 será o período áureo do EPL. Amparado, financiado e instrumentalizado por organizações nacionais e transnacionais, conseguirá se expandir por todas as regiões do país, através de uma série de atuações, formando dezenas de jovens para defenderem nos meios universitários os preceitos ultraliberais. Em 2016, contudo, sofrerá um racha interno, a partir do qual irá se dividir: será criado no país a Students For Liberty Brasil, uma vertente direta da versão americana, e o EPL perderá o direito de realizar parcela considerável dos seus projetos desenvolvidos anteriormente, assumindo a partir desse momento o caráter de uma “Academia da Liberdade”, oferecendo cursos online de formação. No presente trabalho objetivamos abordar aspectos das origens do EPL, as suas formas de organização, financiamento e atuação dentro do recorte de 2012 a 2016, e o porquê do racha interno. – PALAVRAS-CHAVE: Estudantes Pela Liberdade; Aparelho Privado de Hegemonia; Racha.
MALINCHE E POCAHONTAS: AS REPRESENTAÇÕES DAS MULHERES INDÍGENAS NO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DAS AMÉRICAS | Luciane Zanin Ferreira e Mariana de Sá Gaspar | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
Nas colonizações das Américas espanhola e inglesa, ocorridas no século XVI, duas mulheres nativas se destacaram: Malinche e Pocahontas. Embora em contextos diferentes, suas trajetórias possuem aspectos em comum e características marcantes, recebendo, inclusive, representações póstumas ao período das conquistas, que lhes atribuíram no âmbito simbólico heroicização, culpabilidade e até mesmo um caráter lendário. Analisando essas indígenas a partir da formação das Américas colonizadas, buscamos compreender como essas mulheres se inseriram nesse processo, bem como problematizar suas representações. – PALAVRAS-CHAVE: História da América; Mulheres; Representações.
AS CEBS COMO MEIO DE COMPREENSÃO DAS LUTAS DOS POBRES NO BRASIL: 1964-1985 | Marcos Guerreiro de Farias | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
o presente texto busca analisar por meio uma revisão bibliográfica como se constituía as Comunidades Eclesiais de Base – CEB se os espaços de voz concedidos aos sujeitos que permeavam estas comunidades. Analisaremos especialmente os anos que compreenderam a Ditadura Militar no Brasil, momento este de extremo enrijecimento político, perseguições, torturas e mortes. Foi durante este momento que a Igreja se solidarizou com a luta dos pobres, solidificando-se como espaço para a fala quando a norma era calar. Mais próxima da população empobrecida, de seu cotidiano, convivendo diariamente com o sofrimento de muitos, a Igreja Católica por meio da Teologia da Libertação proporcionou um espaço de amplo debate político que posteriormente tornar-se-ia o núcleo dos movimentos mais críticos e a esquerda no Brasil. – PALAVRAS-CHAVE: Igreja Católica; Teologia da Libertação; Autolibertação.
AS MULHERES DE MACHADO: A MULHER NO SÉCULO XIX – REPRESENTAÇÕES DE MULHER NOS CONTOS DE MACHADO DE ASSIS | Milena Calikoski | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
Neste texto fazemos a análise de alguns contos de Machado de Assis com a intenção de entender como as mulheres eram representadas, para isso utilizamos contos onde as mulheres têm um papel de protagonismo. Através das obras escolhidas podemos explorar como era o modelo de mulher exemplar, buscando nas obras mulheres que não se encaixavam nesses modelos, analisando a maneira como elas são representadas nas obras selecionadas, para então entendermos em qual contexto esses discursos foram produzidos. Buscamos entender como estes discursos contribuíam para a concepção da existência de um mundo feminino, onde o casamento era requisito principal e até carreira para a maioria das mulheres da elite burguesa. Palavras chave: mulheres; Machado de Assis; casamento.
O LÚDICO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: O PIBID NAS TRINCHEIRAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL | Milliann Carla Strona e Cibeli Grochoski | Sobre Ontens. Paranavaí-Rio de Janeiro, v.3, jul./set. 2020.
O presente trabalho objetiva apresentar o relato de uma experiência dos integrantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da área de História da Unicentro, Campus Irati – Paraná. Para abordar a temática da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi utilizada uma metodologia diferente do que se faz no ensino tradicional, o intuito foi promover por meio de uma abordagem lúdica e da análise de fontes históricas uma reflexão crítica dos conteúdos com os alunos. O trabalho foi realizado na Escola Nossa Senhora das Graças com os 9ºs anos do Ensino Fundamental, sob a supervisão da professora regente Juliana Bastos. Palavras chave: Ensino; PIBID; Metodologia.
Canoa do Tempo. Manaus, v. 12, n.01, 2020.
História Oral e Pública: escutas sensíveis em tempos desafiadores.
Apresentação
- HISTÓRIA ORAL E PÚBLICA ESCUTAS SENSÍVEIS EM TEMPOS DESAFIADORES
- Marta Gouveia de Oliveira Rovai, Glauber Cícero Ferreira Biazo | PDF
Dossiê
- O DEVIR PÚBLICO DA HISTÓRIA NO TEMPO PRESENTEOUTRAS LINGUAGENS, OUTRAS NARRATIVAS
- Ricardo Santhiago, Viviane Trindade Borges, Rogério Rosa Rodrigues | PDF
- CONHECIMENTO HISTÓRICO DO HISTORIADOR E OUTROS CONHECIMENTOS HISTÓRICOS
- Bruno Flávio Lontra Fagundes | PDF
- QUANDO FALAR É PERIGOSOA RECONSTRUÇÃO DE MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS
- Aliny Dayany Pereira de Medeiros Pranto | PDF
- CORPO COMO MORADAUMA HISTÓRIA DE LUTA POR MORADIA
- Marcela Boni Evangelista | PDF
- ENTRE ANDANÇAS E LEMBRANÇASALGUMAS REFLEXÕES SOBRE MIGRAÇÃO E HISTÓRIA ORAL.
- Patrícia Regina de Lima Silva | PDF
- AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS DOCENTES ACERCA DE SEUS ALUNOS CAIÇARAS
- Vitor Paulo Fida da Gama | PDF
- OS DIFERENTES DISCURSOS E DISPUTAS DA/NA FESTA DE 16 DE JULHO NA CIDADE DE BORDA DA MATA, SUL DE MINAS GERAIS
- Cleyton Antônio da Costa | PDF
- A [TELE] VISÃO DOS EXCLUÍDOSRECEPÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES DA HOMOSSEXUALIDADE NAS TELENOVELAS DA GLOBO
- Jéfferson Luiz Balbino Lourenço da Silva | PDF
- HISTÓRIA PÚBLICA E IMPRENSAUM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DO ACRE A PARTIR DAS NARRATIVAS EM JORNAIS ACERCA DE SUA ANEXAÇÃO
- Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque | PDF
Artigos Livres
- MULATAS, PRETAS E CRIADASENTRE O TRABALHO ESCRAVO E O TRABALHO LIVRE EM BELÉM
- Marcelo Ferreira Lobo | PDF
- ISABEL VALENÇA, ESTRELA MAIOR DA CONSTELAÇÃO DAS MULHERES NEGRAS DOS ACADÊMICOS DO SALGUEIRO NOS ANOS 1960-70
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- “GAROTAS BONITAS, DE COR DE CANELA OU DE JABUTICABA MADURA…”Os concursos de beleza negra no Teatro Experimental do Negro
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- O TEMPO, TRABALHO E O DIVERTIMENTOENTRE A CONIVÊNCIA E PROIBIÇÕES DA SEGUNDA FREGUESIA DE DOM PEDRO II EM CUIABÁ SÉCULO XIX.
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- A CIVILIZAÇÃO DO AMAZONAS NO PENSAMENTO DE TORQUATO TAPAJÓS (1853-1897)
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- O POVO APURINÃ CONTRA O PODER COERCITIVO
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- JOÃO DUELO“UM PINTA-BRAVA” NO BAIRRO DO RECIFE (1887-1903)
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- O CASO DE ALEXANDRINA FRANCISCA DA TRINDADE EM BUSCA DE LIBERDADE E DE UMA “COR” PARA SI
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Resenha
- A ESCUTA DO OUTRO EM TEMPOS DISSONANTES
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Entrevista
- HISTÓRIA ORAL NA PANDEMIAIDOSOS EM SITUAÇÃO DE ISOLAMENTO SOCIAL NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA DE OLYMPIA ÁVILA SALSA.
- Juniele Rabêlo de Almeida | PDF
Marxismo na América Latina | Escrita da História | 2019
As ideias de Marx e Engels chegam à América Latina no final do século XIX. Além da influência dos escritos de diversos autores marxistas europeus no pensamento latino-americano, verificou-se sua intensa presença na militância política e na formação de interpretações que consideram as particularidades de um subcontinente extremamente diverso com formações econômicas e culturais distintas. De forma que podemos dizer que a influência do marxismo veio a formar um marxismo latino-americano, onde pensadores de grande envergadura repensam a obra de Marx e a aplicam em sua realidade concreta. É inegável, mesmo aos que discordam de sua teoria, o papel de Marx na configuração da geopolítica do continente americano, destacando-se o emblemático caso da Revolução Cubana. Em um momento em que a América Latina passa por experiências políticas intensas, em que tanto se debate sobre esquerda e direita, e governos ascendem e caem em nome do conservadorismo ou das promessas de justiça social, é necessário revisitar o marxismo em suas particularidades, esclarecendo e ampliando-o. É com essa perspectiva que a Revista Escrita da História publica seu 12º Dossiê: Marxismo na América Latina. Leia Mais
Caminhos da História. Montes Claros, v.25, n.1, 2020.
Dossiê “História do Esporte e das Práticas Corporais“, sob a coordenação e organização da Profa. Dra. Janice Zarpellon
Editorial
Dossiê
- Mulheres no atletismo (Barbacena-MG, 1926): um estudo preliminarWomen in athletics (Barbacena-MG, 1926): a preliminary study
- Igor Maciel da Silva, Sarah Teixeira Soutto Mayor | PDF
- A construção do ethos de torcedor na cidade moderna: “a rainha dos sports, os sururus e a victoria que o sol não viu”- (1926-1930)The construction of the fan ethos in the modern city: “a rainha dos sports, os sururus e a victoria que o sol não viu”- (1926-1930)
- Georgino Jorge de Souza Neto | PDF
- Traçados históricos da prática do Gateball no Brasil: o caso de Ivoti/RS (1980-2010)Historical outlines of Gateball practice in Brazil: the case of Ivoti / RS (1980-2010)
- Josiana Ayala Ledur, Tuany Defaveri Begossi | PDF
- Mulheres no futebol: alterações no regulamento da Conmebol e espaço na mídia televisivaWomen in football: changes in Conmebol regulations and space in the television media
- Janice Zarpellon Mazo, Geórgia Fernandes Balardin, Giandra Anceski Bataglion | PDF
- Representações de mulheres atletas no Voleibol Sentado brasileiroRepresentations of female athletes in Brazilian Sitting Volleyball
- Vitória Crivellaro Sanchotene, Raquel Valente de Oliveira | PDF
Artigos Livres
- Do “juiz policial” ao “policial juiz”: o exercício da Justiça criminal em Mariana a partir dos processos envolvendo escravos (1830-1888)From the “police judge” to the “judge police”: the exercise of criminal justice in Mariana based on the processes involving slaves (1830-1888)
- Lídia Gonçalves Martins | PDF
- Turbulência de ideias: Sílvio Romero, entre a crítica literária e a sociologia de seu tempo (1851-1914)Turbulence of ideas: Sílvio Romero, between literary criticism and the sociology of his time (1851-1914)
- Cícero João da Costa Filho | PDF
- A construção das políticas patrimoniais de Belo Horizonte: o caso do “Terreiro de Candomblé Ilê Wopo Olojukan” e da “Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá”The construction of Belo Horizonte’s heritage policies: the case of the “Terreiro de Candomblé Ilê Wopo Olojukan” and the “Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá”
- Wanessa Pires Lott | PDF
A short history of European law: the last two and a half millennia | Tamar Herzog
Dentre os gêneros da literatura jurídica, manuais e textos introdutórios ocupam uma posição bastante singular: por se tratar de uma primeira leitura sobre determinado tema, eles não devem adotar uma complexidade que assuste o leitor iniciante, ao mesmo tempo que precisam se afastar de lugares comuns, de visões metodologicamente ultrapassadas e mesmo de conteúdo materialmente pouco aprofundado. Não é incomum se deparar com o argumento de que, como os manuais são uma leitura inicial, podem deixar pontos abertos (ou mesmo sem uma precisão integral em tudo o que se pretenda abordar) a serem preenchidos por estudos mais específicos, os quais só seriam feitos por quem necessitasse ou optasse pelo aprofundamento do conhecimento na área.
Ao adotarem essas estratégias, muitos autores de manuais apresentam textos deficientes que frequentemente refletem um déficit também na sua formação, o que se torna facilmente perceptível ao leitor mais atento. O resultado acaba materializando um ciclo vicioso, pois manuais fracos dificilmente inspirarão alunos a se tornarem pesquisadores na área. Por outro lado, manuais publicados por autores com uma formação sólida tendem a ter a qualidade necessária para o duplo objetivo de qualquer obra com essa natureza: servir como ponte para o aprofundamento da minoria que decidir se especializar e, para a maioria, fornecer subsídios mínimos para uma compreensão ampla e adequada das principais discussões da área específica. Leia Mais
screver história do direito: reconstrução/ narrativa ou ficção?
Com a publicação do livro de Michael Stolleis (2020)2 a literatura de teoria da história do direito em língua portuguesa ganha um fecundo estímulo.3
O campo da teoria e metodologia da história é uma especialização consolidada, com congressos e periódicos próprios. No Brasil, já há uma volumosa bibliografia a respeito traduzida, com peso maior para a linhagem francesa (de Bloch e Braudel a De Certeau, Ricoeur e Hartog, afora tantos outros), mas também da língua inglesa (Collingwood e Hayden White), italiana (Ginzburg) e alemã (Koselleck e Rüsen)4. Estes textos são referência inescapável para boa parte da pesquisa em história do direito produzida em âmbito universitário entre nós. A lacuna maior se dá justamente para a bibliografia específica de teoria e metodologia da história do direito (Fonseca, 2011; Paixão, 2002).5 Embora sem o nome de fantasia de “teoria da história do direito” ou “legal metahistory”, há muita reflexão metodológica acumulada, com alguma institucionalização6 , se bem que, na maior parte das vezes, esta reflexão ocorre (quando se dá explicitamente) entrelaçada com a pesquisa monográfica sobre um objeto qualquer. O livro de Stolleis, pois, é um convite para uma reflexão atenta e destacada dos pressupostos teóricos e metodológicos da escrita da história do direito em diálogo com a teoria da história. Leia Mais
Il cerchio e l’elisse: I fondamenti dello Stato costituzionale | Maurizio Fioravanti
Giorgio Vasari (1550) conta, em suas Vidas dos Artistas, que certo dia o Papa Bonifácio VIII2 decidiu decorar a sacristia da Basílica de São Pedro em Roma. Nomeou um cortesão como emissário e lhe determinou que buscasse artistas aptos a realizar a tarefa.
No final do século XIII o procedimento já era conhecido: os emissários do papa deveriam visitar os principais ateliês da Itália, solicitando aos melhores pintores e escultores disponíveis que fornecessem amostras de seus trabalhos para que fossem avaliados em Roma. As obras eram dadas à Igreja como presentes, sem qualquer pagamento ou garantia de contratação – o que desagradava os artistas convidados, que apesar disso se submetiam à prática contando com a possibilidade de uma comissão. Leia Mais
Authoritarianism and corporatism in Europe and Latin America: crossing borders | A. C. Pinto e F. Finchelstein
Para aqueles que se aventuram em entender os corporativismos do século XX, impressiona a amplitude e a diversidade da documentação produzida sobre o assunto, assim como da literatura nas ciências sociais que desde então tentou interpretar o fenômeno. O interesse, que faz deste um tema clássico nas ciências sociais, não é de todo fortuito. Os modelos corporativistas formularam respostas teóricas e institucionais para um dos problemas fundamentais da política moderna: a conciliação da diversidade dos interesses sociais com a unidade do Estado, então, há pouco mais de um século, diante do surgimento de grupos organizados de uma sociedade de massas (Gagliardi, 2014). Na definição conhecida de Philippe Schmitter, recuperando a previsão confiante de Mihail Manoilescu, o século XX parece ter sido o século do corporativismo (Schmitter, 1974). Leia Mais
La política a través de las armas: milicias y fuerzas armadas en Iberoamérica (siglo XIX) | Claves – Revista de Historia | 2020
Los procesos de construcción estatal durante el siglo XIX en América y en Europa estuvieron marcados por algunos denominadores comunes, entre los que podemos destacar la guerra como un fenómeno transversal, que provocó un fuerte proceso de militarización social y política. No en vano, algunos autores han denominado (y periodizado) la historia decimonónica iberoamericana como «tiempos de guerra». 1 Por otro lado, cada vez son más los historiadores que sitúan las guerras civiles en el centro de la formación de las culturas políticas, subrayando el papel desempeñado por la violencia y la exclusión del otro en la construcción de las identidades colectivas. 2 En ambos lados del Atlántico, la ciudadanía política se construyó «a bala, piedra y palo», a través de «la urna y el fusil», en un arco temporal marcado por el conflicto armado que se podría abrir con la Guerra de los Siete Años (1756-1763) y finalizar con la guerra cubanoespañola de 18983.
El presente dossier aborda las relaciones entre la sociedad, la política y la guerra durante el siglo XIX iberoamericano desde dos enfoques complementarios. Por un lado, el impacto de la guerra en la construcción de los Estado desembocó en una intensa militarización de la sociedad. La idea de militarización, acuñada a inicios de la década de 1970 por el historiador argentino Tulio Halperin Donghi, sirve para definir el ascenso político de distintos grupos militares, la extensión de formas de organización militar a la sociedad y la convivencia de amplios sectores sociales con la guerra permanente y sus consecuencias (lo militar como estrategia de ascenso social, de surgimiento de liderazgos, de dinámicas étnicas y de formas de disciplinamiento). Los levantamientos, revoluciones armadas y golpes de Estado, fueron una parte esencial de la dinámica política decimonónica y, contrariamente a lo que se ha sostenido, no solo no interrumpieron, sino que incidieron, en el proceso de construcción estatal. Leia Mais
Dia-Logos. Rio de Janeiro, v.14, n. 2 , 2020.
Expediente
- Expediente
- Equipe Editorial
- Apresentação
- Equipe Editorial
Artigos
- CONEXÕES E INTEGRAÇÃO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PARADIGMA DA HISTÓRIA GLOBAL
- Felipe Alexandre Silva de Souza
- CINEMA E FRONTEIRA: QUESTÕES E APONTAMENTOS ACERCA DO “ESTADO DA ARTE” DAS PESQUISAS ATUAIS
- Eduardo Barreto de Araújo
Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano | Grada Kilomba
Em 2008, a intelectual negra, filósofa e psicanalista portuguesa Grada Kilomba, cuja família tem origem nas ilhas de São Tomé e Principe e em Angola, teve sua tese de doutorado laureada com a “mais alta (e rara) distinção acadêmica” (KILOMBA, 2019, p. 12), no doutoramento em Filosofia pela Universidade Livre de Berlim, Alemanha. Nesse mesmo ano, a tese foi publicada na Alemanha com o título Plantation Memories: Episodes of Everyday Racism. No Brasil, o livro foi traduzido e publicado, em 2019, pela editora Cobogó.
Antes do doutorado na Alemanha, Grada Kilomba realizou o curso de Psicologia Clínica e Psicanálise no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) e trabalhou no Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, com pacientes sobreviventes de guerra. Neste período, se aproximou de uma perspectiva psicanalítica pós-colonial e de uma abordagem subjetiva e fenomenológica da pesquisa científica. Essas são marcas substanciais da obra da autora. Leia Mais
Antíteses. Londrina, v. 13, n. 25, 2020.
Expediente
Dossiê – Nova História Militar
- Apresentação do dossiê: Nova História Militar | José Miguel Arias Neto |
- “Na perda da opinião, arriscase um reino” Historiografia, guerra e opinião coletiva no Antigo Regime (séculos XVIXVII) | Marcello José Gomes Loureiro |
- “Que sendo de uma indispensável necessidade para a confecção do exército, em que consiste a manutenção e a defesa dos meus reinos”: Notas sobre a nova forma de se fazer recrutas no Império Português (Século XVIII) | Ana Paula Wagner, Bruno César Pereira |
- Política militar pombalina: Nas áreas de alto e baixo risco de guerra | Christiane Figueiredo Pagano de Mello |
- Em prol da moralidade e da disciplina: os Oficiais do Culto da Marinha Imperial entre 1822 e 1865 | Sergio Willian de Castro Oliveira Filho |
- Corrupção na Armada Imperial: fraudes no provimento de carvão para os navios de guerra da Marinha (1877-1879) | Pablo Nunes Pereira, William Gaia Farias |
- Os programas navais da Argentina na Segunda Guerra Mundial | Ludolf Waldmann Júnior |
- Apolônio de Carvalho: trajetória, memórias e militância política na era do antifascismo (1937-1947) | Marco Antônio Machado Lima Pereira |
- Heroínas, gênero e Guerras: mulheres em periódicos militares (1942-1945) | Rosemeri Moreira |
- “Todas as falhas e virtudes desse povo”: considerações sobre a composição racial da Força Expedicionária Brasileira | Francisco Cesar Alves Ferraz |
- A Escola Superior de Guerra e as raízes da repressão política aplicada a militares após o golpe de 1964 | Cláudio Beserra de Vasconcelos |
- A história naval nos programas de pós-graduação no Brasil (2016-2018) | Francisco Eduardo Alves de Almeida |
Artigos
- Thing. Efectos de la circulación de ideas en la semántica de un término de las lenguas germánicas tempranas | Santiago Francisco Barreiro |
- A Revista de História e a Constituição de um Campo para a História Acadêmica no Brasil (1950-1960) | Aryana Costa |
- O caso Fernando de Santa Cruz: uma abordagem da pauta dos mortos e desaparecidos pela ditadura relacionada à história da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) | Reginaldo Benedito Dias |
- Hannah Arendt e a antiguidade clássica: reflexões sobre os usos da concepção de liberdade em Aristóteles | José Petrúcio Farias Júnior, Gizeli da Conceição Lima |
- Vilanova Artigas: a poética traduzida | Marcos Faccioli Gabriel |
- “Flagrantes Políticos”: representação política partidária da sucessão governamental piauiense no jornal Folha da Manhã em 1958 | Nilsângela Cardoso Lima |
- Transformações militares, políticas e sociais na virada para o Período Moderno a partir da Doutrina militar (1598) de Bartolome Scarion de Paiva | Peter Johann Mainka, José Carlos Gimenez |
- Lutas clandestinas, maternidades em dilema: memórias de mulheres militantes nas ditaduras civismilitares do Cone Sul | Romilda Costa Motta, Lívia de Azevedo Silveira Rangel |
Sociedades cientificas
- Cultura e educação nos impérios ibéricos: pesquisa, teoria, experiência | Antonio Cesar de Almeida Santos, Cláudio Luiz Denipoti, Thaïs Nivia de Lima e Fonseca |
- “Das necessidades dos Diários, e Methodos de os fazer”: textos para a instrução de naturalistas e para a investigação da natureza nos domínios ultramarinos no século XVIII | Verona Campos Segantini, Marta Eloisa Melgaço Neves |
- Minas de letras: agentes e proposições analíticas acerca da “cultura dos escritos” em Minas Gerais, 1750-1834 | Álvaro de Araujo Antunes |
- “Tais livros não são e nem podiam ser da suplicante”: concepções acerca das mulheres e o mundo da escrita nas Minas colonial | Kelly Lislie Julio |
- Semelhanças e diferenças entre conventos e recolhimentos femininos da América Portuguesa | Ana Cristina Pereira Lage |
- Educação e modernização do Sertão – município, escola, cidade | Justino Magalhães |
- A boa razão e o iluminismo português | Eduardo Teixeira de Carvalho Junior |
Primeiros Passos
- Gênero, uma lente para ler as relações de poder construídas no exército mexicano durante o processo pós-revolucionário do século XX | Daniel Arias Osorio |
- Capitão Nestor Borba e o relato de uma viagem pelo interior do Paraná (1897) | Tayná Gruber, Alessandra Izabel de Carvalho |
- Filosofia da história, utopia e crise: semelhanças e diferenças entre Reinhart Koselleck e Jörn Rüsen | Gustavo Castanheira Borges de Oliveira |
- Representações da Palestina por Joe Sacco em seu livro reportagem “Notas sobre Gaza” (2002-2010) | José Rodolfo Vieira |
Resenhas
- História e imagem: uma abordagem sobre emoção a partir da fonte visual | Elaine Schmitt |
La libertad religiosa en Estados Unidos. Historia de un experimento constitucional | John Witte e Joel Nichols
Resenhista
José Antonio Abreu Colombri – Doutor pela Universidade de Alcalá (Espanha) http://orcid.org/0000-0002-8698-6493
Referências desta Resenha
WITTE, Jonh; NICHOLS, Joel. La libertad religiosa en Estados Unidos. Historia de un experimento constitucional. Pamplona: Editorial Aranzadi, 2018. Resenha de: COLOMBRI, José Antonio Abreu. Escrita da História, v.7, n.14, p.241-246, jul./dez. 2020. Acesso apenas pelo link original [DR]
La Guerra del Paraguay y la construcción de la identidad nacional | María Victoria Baratta
Resenhista
Silvina Sosa Vota – Universidad de Santiago de Chile. Estudiante de Doctorado en Historia. USACH
Referências desta Resenha
BARATTA, María Victoria. La Guerra del Paraguay y la construcción de la identidad nacional. Buenos Aires: SB, 2019. Resenha de: VOTA, Silvina Sosa. Historia y conflictos bélicos: nuevas formas de abordaje. Escrita da História, v.7, n.14, p.247-250, jul./dez. 2020. Acesso apenas pelo link original [DR]
Figuras da História | Jacques Ranciére
Resenhista
Hilário Correia Ramos – Universidade Federal de São Paulo. Mestrando em História pelo PPGH da Unifesp (Guarulhos).
Referências desta Resenha
RANCIÉRE, Jacques. Figuras da História. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 2018. Resenha de: RAMOS, Hilário Correia. Negacionismo, Arte e História. Escrita da História, v.7, n.14, p.251-255, jul./dez. 2020. Acesso apenas pelo link original [DR]
A História (in)Disciplinada: Teoria, ensino e difusão de conhecimento histórico | Rodrigo Turin, Arthur Avila e Fernando Nicolazzi
Arthur de Lima Avila. Aquivo pessoal. http://www.ufrgs.br / 2012.
Em um contexto de (auto)reclusão, uma das ações possíveis para desacelerar o avanço de uma pandemia sem precedentes, as infindáveis questões postas aos cientistas dos campos da epidemiologia e infectologia também capturam a área das humanidades. Ao mesmo passo em que muitos anseiam pela cura imediata dos corpos e das tessituras econômicas e políticas da sociedade, outros, fustigados pelo isolamento e suspensão do cotidiano, também repensam as formas de experienciar o tempo. Na historiografia, muitos dos grandes textos paradigmáticos versaram sobremaneira a respeito do alcance universal desses momentos críticos para as nossas experiências subjetivas. Seja a morte de um rei, a inauguração de uma nova ordem política, a erupção de um conflito ou a derrocada de um grande projeto internacional, conflagrações limites sempre foram objeto dos historiadores. Como uma das formas disciplinares de se organizar e compreender as relações com o tempo, a história institucionalizada no interior da academia está, face à crueza de uma pandemia, sob o imperativo de novos desafios. Leia Mais
Renato Kehl e a eugenia no Brasil: ciência, raça e nação no período entreguerras | Vanderlei Sebastião de Souza
O livro de Vanderlei Sebastião de Souza, professor adjunto da Universidade Estadual do Centro-oeste (Unicentro-PR), consiste em um estudo sobre a atuação do médico Renato Kehl (1889-1974) como organizador do movimento eugênico brasileiro, entre 1917 e 1932. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado no Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a pesquisa se baseou em amplo repertório de fontes bibliográficas e do arquivo pessoal de Kehl, incluindo atas e anais de congressos, artigos de periódicos e correspondências, contido no acervo do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz.
Souza analisa os fatores que levaram a mudança nas concepções eugênicas de Kehl, a partir de finais da década de 1920. Conforme o argumento desenvolvido no livro, tal mudança se traduz pela passagem de um conceito amplo de eugenia e que esteve muito próximo dos ideais de reforma do ambiente social do movimento médico-sanitarista, para uma eugenia com fronteiras mais bem delimitadas e caracterizada por medidas radicais como o exame médico pré-nupcial obrigatório, a esterilização compulsória e a seleção dos imigrantes segundo critérios raciais. Leia Mais
La psiquiatría más allá de sus fronteras: instituciones y representaciones en el México contemporáneo | Andrés Ríos Molina
O livro La psiquiatría más allá de sus fronteras: instituciones y representaciones en el México contemporáneo, como o próprio título indica, tem como objetivo explorar as formas como a psiquiatria se relacionou com os campos sociais, políticos e culturais no México, ultrapassando as fronteiras da clínica. Coordenada por Andrés Ríos Molina (2017), a obra reúne autores que, a partir de metodologias e aportes teóricos diversos, procuram explorar as relações estabelecidas entre sociedade e psiquiatria sob o viés da história cultural. Para desenvolver esse tipo de análise, eles partem de um primoroso, variado e inovador conjunto de fontes, que envolve desde planos educativos, correspondência administrativa, cartografias, imagens publicitárias, fotografias, fotonovelas até comics.
Os cinco capítulos que compõem a obra se estruturam em torno de um duplo viés historiográfico, privilegiando, por um lado, o estudo das instituições educacionais, médicas e governamentais onde a psiquiatria desempenhou um papel relevante e, por outro, as representações culturais sobre a loucura, tanto no âmbito do discurso como da prática, disseminadas em múltiplos espaços da Cidade do México. Nesses capítulos são apresentados outros atores sociais, além dos médicos e psiquiatras, como pedagogos, administradores públicos, empresários e fotógrafos, entre outros, que também se preocuparam em alguma medida com questões relacionadas às enfermidades mentais. Leia Mais
Pasteur’s empire: bacteriology and politics in France, its colonies and the world | Aro Velmet
Fruto de tese de doutorado, Pasteur’s empire combina ferramentas analíticas próprias à história da ciência, à história da medicina e à história global a fim de mapear as consequências políticas e científicas do encontro entre a microbiologia e o império francês. Cronologicamente, o livro abarca uma faixa de tempo compreendida entre o início da colonização francesa na Indochina, na última década do século XIX, até a capitulação de 1940, que encerra oficialmente a Terceira República. Geograficamente, embora tenha uma pretensão quase totalizante expressa em seu título, o livro recobre sobretudo a França e as colônias da Indochina (atuais Vietnã, Laos e Camboja), da Tunísia e do Senegal (este último parte integrante da então África Ocidental Francesa).
Aro Velmet trabalha um tema em particular em cada capítulo, indo desde a gestão de doenças epidêmicas como a peste bubônica, a febre amarela e a tuberculose em alguns desses espaços coloniais, passando pela tentativa dos pasteurianos em estabelecer um monopólio sobre a produção e venda de álcool na Indochina ou pela transformação geral dos pasteurianos, “monges ascetas” na metrópole, em grandes capitalistas coloniais. Após essa viagem por pelos menos três continentes ao longo de quase 50 anos, Velmet conclui que essa época pasteuriana na história da medicina possui características muito próximas da era atual: trabalho em rede, conectado ao mercado global e capaz de fornecer soluções orientadas para as causas biológicas e não sociais dos problemas. Em razão dessa similaridade, Velmet afirma que o deslocamento da microbiologia da França para as suas colônias desvela uma possível origem da saúde global. Leia Mais
Los niños de Asperger. El exterminador nazi detrás del reconocido pediatra | Edith Sheffer
Los diagnósticos clínicos del pasado no surgieron del ingenio de una mente aislada; porel contrario, son históricos en la medida en que fueron pensados, forjados y modificados en una atmósfera intelectual específica. La psicopatía autista propuesta por el reconocido pediatra Hans Asperger en su tratado de 1944 refleja mucho del espíritu de una época de segregación racial y asesinatos sistemáticos perpetrados por el régimen del Tercer Reich. Ésta es la propuesta de la historiadora Edith Sheffer en su libro Aspeger’s Children: The Origins of Autism in Nazi Vienna (2018), traducido por editorial Planeta bajo el título Los niños de Asperger. Elexterminador nazi detrás del reconocido pediatra (2019). La obra de la catedrática de la Universidad de California, Berkeley, se suma a otras investigaciones que evidencian la participación de Hans Asperger con altos funcionarios higienistas, médicos eugenésicos y psiquiatras supremacistas integrados al sistema de exterminio nazi.1 Sin embargo, Sheffer centra su mirada en historizar las vidas y el destino de los niños a manos de los profesionales que juzgaron sus mentes. El libro tiene como propósito analizar las raíces ideológicas, políticas y culturales que permitieron el descubrimiento, la comprensión y las transformaciones clínicas de la enfermedad autista en el contexto de la Europa de entreguerras. Se trata de una obra que se inscribe en un cruce de caminos: la biografía intelectual, la historia política, la historia social y la historia de la psiquiatría, en razón de que su objeto de investigación está situado en diferentes campos del conocimiento, lo que le imprime agilidad narrativa presentando historias transversales alo largo de sus capítulos. Leia Mais
A Global History of Convicts and Penal Colonies | Clare Anderson
La existencia de campos o centros de “reeducación” en la República Popular China viene siendo denunciado por la comunidad internacional. Millones de personas pertenecientes a la minoría étnica de los uigures, asentado sobre todo en la región de Sinkiang, han sido recluidos en estos campos en los últimos años.1 Sin embargo, el uso de colonias o campos de concentración es una práctica de muchos siglos. El traslado de grupos de personas (criminales, indeseables, vagabundos u opositores políticos) de una zona a otra con propósitos de educación, castigo, trabajo, colonización se ha desarrollado por todo el mundo. Leia Mais
Santiago Londoño Londoño/ el hombre y la leyenda | Javier Amaya
En Pereira nació hace 100 años Santiago Londoño Londoño. Fue médico oncólogo, piloto de avión, cultivador de café, concejal y diputado, homosexual confeso, mecenas de las artes y miembro activo del Partido Comunista Colombiano, a quien le dejó por testamento su cuantiosa herencia. Su vida generó tantos efectos sociales, políticos y de salubridad pública, que su recuerdo ha quedado imborrable en el Eje Cafetero y generado siempre, en vida y muerte, un respeto por sus ideas y una admiración por su generosidad. Como lo repite el escritor Javier Amaya en su obra Santiago Londoño Londoño, el hombre y la leyenda, hasta Luis Carlos González, el poeta de la ruana, le dedicó un poema que termina «en el surco sembrado de sus nobles favores / crece el trigo silente de los gratos deudores / que le pagan la vida pronunciando su nombre». Leia Mais
Resignificando la historia de la Universidad Tecnológica de Pereira. AJUTP: Memorias que no se jubilan | Ramírez Correa, Jhon Jaime, Anderson Paul Gil Pérez, Natalia Agudelo Castañeda
Parece pretencioso el título que los autores Correa, Gil y Agudelo han definido para la publicación de su trabajo, que es producto de un proceso de investigación de largo aliento con la Asociación de Jubilados de la Universidad Tecnológica de Pereira. Al propósito de resignificar la historia de la institución, en efecto, subyacen varios intereses de gran calado, entre los que se encuentran la superación de la fundación como matriz explicativa del desarrollo de la Universidad, el carácter teleológico que acompaña las revisiones documentales realizadas en función de las proyecciones estratégicas y la reivindicación de un grupo —los jubilados— que reclama participación en la conducción de la alma mater. Leia Mais
Vida de mujeres: entre la sumisión y la subversión | Lorna Polo-Alvarado
Si la preocupación por la vida de mujeres no se ha convertido en una de las temáticas más importantes y fascinantes de los últimos tiempos en la academia hispanoamericana, al menos el texto de la investigadora Lorna Polo-Alvarado examina con bastante claridad la situación de la mujer en el pasado. La cultura popular e histórica, los legados de la misoginia y el chauvinismo occidental enraizado en la cultura y la literatura de todos los tiempos aparecen puntualmente en el análisis del libro en cuestión. Por lo tanto, la literatura de mujeres y las convenciones de género emergen en la narrativa de Vida de mujeres para causar interesantes conflictos en medio de la tradición masculinizante que ha plagado la formación de Occidente. Dicho lo anterior, cabe decir que ha existido una perenne dislocación de conceptos que sugieren la perpetuación de servilismo y esclavitud en el imaginario lingüístico y cultural de la familia y su respectiva asignación de roles de género. Leia Mais
Entre la política y el discurso: Uruguay turístico (1960-1986) | Rossana Campodónico
El libro de Rossana Campodónico Entre la política y el discurso: Uruguay turístico (1960-1986) es una adaptación de su tesis de Maestría en Desarrollo y Gestión del Turismo defendida en el 2017 en la Universidad Nacional de Quilmes (Argentina). Campodónico es una de las principales especialistas de la historia del turismo en el Uruguay y la aparición de esta obra viene a sumarse a su larga lista de publicaciones sobre la temática. En un campo de estudio que se encuentra en construcción y atravesando un crecimiento acelerado desde los últimos años, este es sin dudas un aporte por demás significativo.
En el libro se estudia la evolución del turismo en Uruguay entre 1960 y 1986 mediante el abordaje de dos aspectos: por un lado, la política turística del país expresada mediante documentos gubernamentales y privados; y por el otro, la promoción publicitaria de atractivos y modalidades turísticas. Leia Mais
Modernizar el castigo. La construcción del régimen penitenciario en Tucumán/1880 – 1916 | Luis González Alvo
A poco más de 5 años de su primera edición, Prohistoria vuelve a publicar la investigación de Luis González Alvo sobre el desarrollo del sistema penitenciario en la ciudad de San Miguel de Tucumán entre los años 1880 y 1916. El temprano trabajo de González Alvo propone un estudio de las causas que empujaron a la construcción de una penitenciaría en la provincia, sondeando en los motivos de la “decisión política” que llevó a considerarla como una necesidad. Elemento que discutirá en el correr del trabajo poniendo en entredicho algunas de las premisas clásicas de las motivaciones que generaron un oleaje de reformas en América Latina. En “Modernizar el castigo” el autor se plantea ahondar en los objetivos de los impulsores del edificio y en los móviles de quienes lo dirigieron durante el período. La obra se encuentra dividida en ocho capítulos y un anexo en el que se reproduce el Reglamento Interno de la Cárcel Penitenciaria. Presenta además una minuciosa labor de exhumación de imágenes a la que adiciona la reconstrucción de planos que dan cuenta de su arquitectura. El primer capítulo dota del contexto necesario al impulso reformista, considerando el “despegue azucarero” tucumano y el proceso de modernización de la provincia, su convulsionada situación política y los cambios económicos, demográficos, sociales y culturales. Precisamente, estos últimos resultarían de particular importancia como motor de las transformaciones a partir de la difusión de las principales teorías criminológicas y penitenciarias. La visita de Enrico Ferri, sostiene el autor, impactará fuertemente en el desarrollo de la criminología local que tuvo como horizonte el penitenciarismo porteño. En el capítulo siguiente, González Alvo se detiene en el derrotero de la normativa penal a partir de las definiciones constitucionales (tanto nacionales como provinciales) y la sanción de una codificación penal que supere la yuxtaposición legal existente. Leia Mais
Aqueous Territory: Sailor geographies and New Granada’s Caribbean World | Ernesto Bassi
Bassi inicia en su libro, cómo la historia ha sido reforzada a través de narrativas sobre el tiempo y muy pocas veces, se tiene en cuenta el espectro espacial. Es decir, los historiadores, a veces no tenemos en cuenta la dimensión espacial para analizar los procesos históricos que se estudian. En este sentido, Bassi pone de ejemplo a Cartagena y como su “horizonte de expectativa” se había ligado en algún momento a una Cartagena Británica, dada la lógica de la guerra de las independencias, y cómo este episodio, se toma como algo anecdótico dentro de esas narrativas para explicar estos procesos históricos y no como el espacio, había también influido para que los dirigentes cartageneros pensaran en esa posibilidad, dada la relación que tenía Cartagena con el Caribe. Leia Mais
Victoria Kent al frente de las prisiones españolas (1931- 1932). El sistema penitenciario en los inicios de la Segunda República | Ricardo M. Mata y Martín
Históricamente, las instituciones penitenciarias han sido víctimas de un olvido casi excluyente dentro de las políticas públicas de gobierno, no sólo en cuanto a los pocos recursos económicos, sino también en el escaso tiempo, dedicación y supervisión para su estudio y análisis. Asimismo, dentro de la misma línea de desatención que se repite en la mayor parte de los gobiernos del mundo, se señala a la sociedad, que de manera directa y espontánea la destierra. Leia Mais
Zé Dirceu Memórias. Vol.1 | José Dirceu
José Dirceu de Oliveira e Silva, nascido em 16 de março de 1946, na cidade mineira de Passa Quatro, graduado em Direito pela PUC-SP, ex-ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, é o autor da obra aqui resenhada, intitulada: Zé Dirceu memórias Volume I, que fora escrita ao longo de 2018, enquanto estivera preso no Complexo Médico-Penal, de Pinhais, em Região Metropolitana de Curitiba. Com efeito, por si só, seu nome atrai olhares curiosos e atenções midiáticas, sejam de simpatizantes à sua trajetória de vida, sejam de críticos.
José Dirceu, como um político e personagem social recente da vida política brasileira, atinge sua significância ao relatar em sua obra momentos marcantes de atuação, de particular relevância para compreensão de seu trajeto em momentos chave da história do Brasil, como por exemplo, sua luta no movimento estudantil no enfrentamento à ditadura civil-militar (1964 – 1985), seu exílio em Cuba (1969-1974) com direito a relatos dos encontros com Fidel Castro, a criação do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, a elaboração da Constituição entre os anos 1987 e 1988, o movimento “Fora Collor” em 1991, e a queda por impeachment do ex-presidente em 1992, a chegada do PT ao poder com Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) na presidência (2002-2010), o escândalo do mensalão em 2005 e a recepção do mesmo pela mídia. Leia Mais
Del Instituto de Criminología al Instituto de Clasificación. Origen/funciones e informes criminológicos (1907-1960) | Carmen Graciela Rodríguez López
La discusión acerca de la influencia del discurso criminológico positivista en la gestión penitenciaria argentina es de larga data y plena de matices. Más allá de ciertas –y discutibles- generalizaciones, sin dudas uno de los ámbitos en donde más se puede percibir esta presencia es en los institutos o gabinetes criminológicos creados en algunas unidades de jurisdicción nacional. Pero incluso en este ámbito específico –lejos de los pantanos punitivos provinciales (Caimari, 2004)- 1 podríamos preguntarnos por la existencia de una impronta puramente local, con claras muestras de originalidad e innovación. Es precisamente en este ámbito donde se detiene el libro de Carmen Rodríguez López, ocupándose con rigor de un tema poco abordado en la tradición historiográfica local. También es infrecuente ver semejante despliegue de fuentes bibliográficas y documentales, y para quienes nos dedicamos a estos temas, se trata de un hallazgo sumamente valioso. Leia Mais
Los radicalismos en la democratización política | Bernardo Carrizo
Este libro de Bernardo Carrizo es el fruto de la metamorfosis de su tesis de maestría, defendida en la Universidad Nacional del Litoral en 2012 y que en 2014 fuera distinguida como la mejor tesis del área de Ciencias Humanas elaborada en universidades nacionales con sede en la provincia, en el marco del programa de Fortalecimiento del sistema de investigación y desarrollo impulsado por la Secretaría de Estado de Ciencia, Tecnología e Innovación de la provincia de Santa Fe. De acuerdo a lo planteado por el historiador, los años que transcurrieron desde aquel momento hasta la efectiva publicación de la obra implicaron un proceso de maduración intelectual que posibilitó poner en diálogo el escrito inicial con nuevas producciones historiográficas gestándose así nuevos matices y reflexiones.
El autor se propuso indagar sobre el radicalismo en un espacio subnacional, la provincia de Santa Fe, en un marco temporal que abarca desde 1910 hasta 1916, aproximadamente. El abordaje del objeto desde una variación de las escalas de análisis (local, provincial, regional y nacional) le permitió captar particularidades en ciertos fenómenos que desde una perspectiva nacional —cuasisinónimo de bonaerense habían adquirido un cariz homogéneo. Desde esta óptica, la experiencia de la temprana democracia electoral santafesina estuvo signada por la yuxtaposición de novedosos instrumentos prescriptivos y prácticas cimentadas en un mundo conservador que se mostraban resistentes. Al poner el foco en la Unión Cívica Radical de Santa Fe (UCRSF), nos posibilita adentrarnos en el vínculo nación-provincia en clave electoral y en la relación entre dos organizaciones partidarias que se encontraban, en principio, comprimidas bajo un mismo sello. Leia Mais
Universidad, revolución y dólares | Vania Markarian
Desde hace ya algunos lustros, la llamada historia reciente no solo ha proliferado en obras sino que, además, transitó una fuerte renovación historiográfica. En ese movimiento, merece enmarcarse el libro recientemente publicado de Vania Markarián. El texto trata de dos polémicas universitarias de mediados de los sesenta en torno a las implicancias de financiar la investigación científica con fondos provenientes de Estados Unidos. En este contexto, evidencia cómo los procesos de modernización académica pueden ser conducidos bajo diferentes signos político-ideológicos, incluso —aunque pueda parecer contraintuitivo— durante momentos de fuerte radicalización política, signada por el antimperialismo.
El libro puede ubicarse, como refiere su propia autora, en la intersección entre una historia de la educación superior, fuertemente influenciada por la historia intelectual, con los estudios del pasado reciente, con énfasis en el campo de los estudios de la Guerra Fría. Leia Mais
Mar del Plata: un sueño de los argentinos | Elisa Pastoriza e Juan Carlos Torre
El libro de Elisa Pastoriza y Juan Carlos Torre presenta desde la perspectiva de la historia social, el desarrollo de uno de los destinos turísticos más emblemáticos de la Argentina, la ciudad de Mar del Plata, como una expresión del itinerario de la sociedad argentina entre fines del siglo XIX y principios de los setenta. Mar del Plata condensa, conjeturan los autores, el espíritu igualitario y democrático que caracterizó a la Argentina. En esa línea, revelan como el progreso del balneario acompañó las transformaciones sociales operadas en el país. Desde esta perspectiva de abordaje, el libro realiza una importante contribución a la historia del turismo local, centrada en el tiempo vacacional y sus prácticas. Los autores se proponen hacer un recorrido desde sus orígenes como villa balnearia hasta los años sesenta, cuando se inicia el ocaso de la ciudad producto de la crisis del turismo masivo. Una crisis que estuvo acompañada de los cambios en las condiciones políticas, sociales y culturales en el país. Leia Mais
Las colonias penales de la Australia y la pena de deportación | Concepción Arenal
La obra Las colonias penales de la Australia y la pena de deportación de Concepción Arenal ha sido editada por el profesor Manuel Martínez Neira a principios del año 2020. Publicada en la editorial Dykinson, la aparición de este texto se produce con ocasión del bicentenario del nacimiento de la famosa autora gallega. Se trata de una contribución olvidada que tuvo dos ediciones (1877 y 1895) y que por fin ha recibido un merecido reconocimiento. En concreto esta edición reproduce la primera impresión de 1877 con plena fidelidad, subsanando ciertos ajustes ortotipográficos como las tildes. El editor ha tomado el manuscrito conservado en la Real Academia de Ciencias Morales y Políticas para su contraste, cotejo y exactitud. Es de agradecer, por tanto, el acceso al manuscrito al bibliotecario de la institución, D. Pablo Ramírez Jérez. La publicación está disponible en acceso abierto –en pdf e epub–, lo cual facilita su manejo y total disponibilidad. En este sentido, la persistente labor editorial y el continuo trabajo del área de Historia del Derecho y de las Instituciones de la Universidad Carlos III de Madrid y de Dykinson a lo largo de estos últimos años merecen un caluroso aplauso. Leia Mais
Memorias, región, conflicto, lecturas posibles latinoamericanas desde la perspectiva de la actual Comisión de la Verdad en Colombia/Ciencia Nueva. Revista de Historia y Política/2020
La crisis global de los paradigmas democráticos encuentra en los escenarios transicionales complejidades adicionales. Al desencanto experimentado ante las fragilidades de los órdenes democráticos y sus espejismos de inclusión y participación social, se suman las promesas transicionales de superación de las violencias endémicas, sin comprometer los intereses político-económicos que perfilaron los motivos de las confrontaciones armadas. Este doble reto se instala en las arquitecturas institucionales construidas en los escenarios transicionales, dibujando promesas que de manera frágil se enfrentan a las estructuras sociales construidas en los tiempos de las violencias. Leia Mais
El pueblo contra la democracia: por qué nuestra libertad está em peligro y cómo salvarla | Yascha Mounk
A onda de recessão democrática global gerou outra onda: a de livros teóricos sobre o tema, que surgiram aos montes em tempos recentes. Um desses é El pubelo contra la democracia, de Yascha Mounk, professor de Harvard. Yascha, como grande parte dos pesquisadores do Norte, prefere trabalhar com o conceito de populismo, evitando outras noções também em voga como fascismo, democratura e afins. Independente do rótulo utilizado, Yascha prossegue com a discussão que se tornou em voga: por que a democracia liberal passou a dar sinais de decadência após décadas de estabilidade?
Enquanto autores como Steven Levitsky e Daniel Ziblatt (2018, p. 33-34) preferiram focar sua obra, na fragilização das instituições através de um processo de autoritarismo gradual, Mounk direciona o seu livro para uma visão menos institucional e mais “popular”. Isto é, busca compreender menos os líderes por trás desses movimentos anti- democráticos, e mais a base que os sustentam: o povo, conforme até mesmo o título deixa claro. Para isso, se propõe a debater os motivos que levaram parte da população mundial a rejeitar a democracia, que, outrora com apoio majoritário, atualmente encontra-se, na melhor das hipóteses, desacreditada (MOUNK, 2018, p. 64).
A surpreendente vitória de Donald Trump em 2016 serviu para evidenciar um tumor no âmago da democracia liberal (MOUNK, 2018, p. 10): se a suposta democracia mais estável e poderosa do planeta pode eleger um demagogo, o que será das outras? Previsível, portanto, que essa eleição tenha acabado por impulsionar também a eleição de outros demagogos ao redor do planeta (MOUNK, 2018, p. 10). Apesar de suas idiossincrasias variáveis de nação para nação, todos esses “homens fortes” (MOUNK, 2018, p. 13) possuem características interseccionais entre si: os ataques à mídia livre; a perseguição à oposição; a existência de inimigos invisíveis, dentro e fora de seus países; e, mais notável, a simplicidade com que tratam a democracia, interpretando a realidade como crianças mimadas, se propondo a solucionar todos os problemas possíveis (apenas para suas seitas), mas sem propostas reais de como fazê-lo (MOUNK, 2018, p. 12-16). Mas o que leva as pessoas desejarem isso, almejarem trocar a estabilidade da democracia liberal por um movimento populista autoritário, quando não fascista?
Para Mounk (2018, p. 159) o primeiro motivo é pragmático: estagnação econômica. Crises e estagnações historicamente sempre favoreceram o surgimento ou ascensão de regimes autoritários, principalmente quando aliadas a altos índices de corrupção. A crise de 2008 e as medidas de austeridade que se seguiram a ela, adicionaram ainda mais caldo ao ressentimento criado pela estagnação. Na impossibilidade de prover a família ou de desfrutar do mesmo conforto que outrora possuíra, as pessoas direcionam o seu ressentimento e frustração para a política e para bodes expiatórios conforme a necessidade: alguém precisa ser culpabilizado pelo fracasso. No caso europeu e estadunidense, os imigrantes; no caso brasileiro, a corrupção e o fantasma invisível e onipresente de um comunismo inexistente.
Segundo Mounk (2018, p. 172), a segunda razão, principalmente na Europa e na América do Norte, é a imigração. A presença do alien, do desconhecido, o contato com novas culturas, principalmente em momentos de crise, é um ingrediente importante para o bolo do nacionalismo populista. Como efeito, Mounk também constata que homens são mais suscetíveis a sucumbir à hipnose populista pela perda de autoridade masculina conforme, nas últimas décadas, a tradição de poder é progressivamente questionada. Da mesma forma, o Partido Republicano, nos EUA, é particularmente forte entre os homens brancos, o maior eleitorado de Donald Trump, dado que sentem um esvaziamento de seu poder e se colocam, eles próprios, como vítimas (STANLEY, 2018, p. 98, 104-105). Assim, surgem narrativas que apontam mulheres independentes, negros, judeus, árabes, homossexuais, ou qualquer desviante da tradição, como responsáveis por um suposto declínio da nação.
O terceiro motivo, o grande diferencial dos populismos contemporâneos, é a ascensão da internet e das redes sociais como ferramenta de comunicação em massa (MOUNK, 2018, p. 152-153). Ao passo que fenômenos como a tão em voga fake news pouco têm de novo, as redes sociais ajudaram na disseminação da mentira, bem como na organização de grupos de ódio e na padronização dos pensamentos através de algoritmos. Se na realidade somos constantemente expostos ao outro, a uma alteridade forçada, na internet podemos facilmente nos fechar em pequenos grupos, repetindo mentiras até que se tornem verdades. Como Orwell (2009, p. 338) já mostrava, 2 + 2 passa a ser 5 se assim for conveniente, e quem mostrar que é 4 é obviamente um (insira aqui o rótulo do inimigo objetivo do movimento).
Foucault (1979, p. 77) já dizia que “as massas, no momento do fascismo desejam que alguns exerçam o poder, alguns que, no entanto, não se confundem com elas, visto que o poder se exercerá sobre elas […]; e, no entanto, elas desejam este poder, desejam que esse poder seja exercido.” Embora Mounk evite trabalhar com a ideia de fascismo, conforme já foi aventado, o conceito de populismo que desenvolve lida com a mesma ideia: a necessidade das pessoas, em um momento de frustração e desilusão com o establishment político, desejarem avidamente por um “homem forte”, pouco importando seu preparo para o cargo. A capa da edição espanhola, edição que aqui está sendo resenhada, um rebanho de ovelhas, ilustra justamente a submissão do homem-massa ao messias, ao líder.
O modus operandi desses populistas autoritários é padrão e já foi bastante relatado nos últimos anos: a classificação maniqueísta do mundo em uma oposição binária. Consequentemente, todos aqueles que não apoiam esses grupos, são automaticamente classificados como “malignos”. Os meios de comunicação, a oposição e as universidades são alvos preferenciais, e inimigos invisíveis aparecem por todos os lugares. Se há uma característica em comum, a despeito de todas as diferenças, entre esses grupos, essa é o conspiracionismo paranoico.
Um dos exemplos mais mencionados por Mounk (2018, p. 17) é a Hungria de Orbán, sugerida por politólogos após a queda da União Soviética como um dos antigos satélites com mais chances de consolidar uma democracia liberal. Mounk (2018, p. 18) aponta alguns dos pontos que indicavam que a democracia iria se tornar resiliente na Hungria: experiência democrática no passado; legado autoritário mais frágil do que os demais ex- satélites soviéticos; país fronteiriço com outras democracias estáveis; crescimento econômico; mídia, ONGs e universidades fortes. Trinta anos depois, verifica-se justamente o contrário: após anos gradualmente dissolvendo as instituições do país, aparelhando a corte, perseguindo jornalistas e acadêmicos, Viktor Orbán conseguiu, no escopo da crise do coronavírus, enorme poderes (O GLOBO, 2020) e poucos discordariam que a Hungria é, hoje, autoritária.
Outra força importante da obra de Mounk é ressaltar a diferença entre liberalismo e democracia, discussão pouco levantada por outros autores sobre a temática. Com a queda do Muro de Berlim, e o suposto fim da história, o homem se acostumou à falácia de que democracia e liberalismo são sinônimos, de que não há democracia sem liberdade individual, e que não há liberdade individual sem democracia. Viktor Orbán classifica o seu regime como uma “democracia iliberal”, nome orwelliano que, em última análise, sintetiza o seu autoritarismo e o de tantos outros atuais: uma ditadura velada, com uma democracia de fachada, inexistente na prática, com restrição de liberdades individuais e do livre-pensamento (MOUNK, 2018, p. 18). Um método eficiente de “democratura” desenvolvida pela escola Putin de governar.
Mounk divide essas “democraturas” em dois tipos: liberalismo antidemocrático e democracia iliberal. Em outras palavras, uma cisão na noção de democracia liberal, que se parte em duas. A primeira é caracterizada por um sistema fechado, que exclui a população, através do representativismo, da participação política, concentrando o poder nas mãos de uma elite oligárquica. Ou, como Robert Dahl (2005, p. 31) já havia apontado quase 50 anos atrás em Poliarquia, uma hegemonia ou uma semi-poliarquia, considerando que, para Dahl, somente um regime inclusivo e igualitário poderia ser classificado como poliarquia, isto é, o mais próximo possível de uma democracia, esta um ideal utópico a ser perseguido mas nunca alcançado. Entrementes, o liberalismo antidemocrático de Mounk, assim como a hegemonia ou semi-poliarquia de Dahl, é marcado pela concentração de poder e limitação da liberdade apenas para a elite, enquanto o restante da população é progressivamente excluído. O segundo sistema, a democracia iliberal, é uma consequência do primeiro. A população politicamente invisível acaba por ser presa fácil de movimentos populistas anti-democráticos, que supostamente visam subjugar o primeiro sistema, embora, muitas vezes, como ocorreu no Brasil de 2018, sejam parte dessa própria elite. Conforme aponta Jason Stanley (2018, p. 82), “a democracia não pode florescer em terreno envenenado pela desigualdade”. O povo é, assim, capturado pelo discurso do “homem forte”, que retomará o país aos tempos de glória, não importando se a morte da democracia real é uma consequência inevitável desse processo. Soma-se a isso a diminuição da representatividade na democracia representativa. Embora, por sua própria definição, a democracia representativa implica em certo afastamento do povo em relação ao político, dado que o primeiro fica, em grande parte, impossibilitado de tomar decisões diretas, há uma ascensão no sentimento desse afastamento. Isto é, a democracia está supostamente cada vez menos representativa, e os políticos profissionais progressivamente mais afastados da opinião popular (MOUNK, 2018, p. 64).
Talvez o maior defeito da obra de Mounk – um defeito que não é exclusivo seu, mas sim de grande parte dos livros sobre movimentos anti-democráticos contemporâneos -, é vender suas ideias como se fossem novidades, quando Robert Dahl, meio século atrás, já apontava as mesmas questões com nomenclaturas distintas, ressaltando ainda a importância de perceber que a democracia plena é impossível e utópica. Tanto mais, a insistência de Mounk com o rótulo de populismo autoritário recusa, possivelmente para evitar utilizar um termo tão desgastado, a ideia de que parte desses movimentos anti-democráticos sejam de fato movimentos fascistas. Entretanto, se por um lado é realmente necessário evitar elasticizar o conceito de fascismo para não englobar tudo, por outro somente com malabarismo intelectual é possível classificar um Jair Bolsonaro, para usar um exemplo de nosso país, como apenas um “populista de extrema-direita, ultraconservador e nacionalista”. Mesmo porque um populista de extrema-direita, ultraconservador e nacionalista é justamente um fascista.
Referências
DAHL, Robert. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
O GLOBO. Parlamento da Hungria aprova lei de emergência que dá a Orbán poderes quase ilimitados. O Globo, Rio de Janeiro, 01 abr. 2020. Disponível em: https://oglobo.globo.com/mundo/parlamento-da-hungria-aprova-lei-de-emergencia-que-da-orban-poderes-quase-ilimitados-24338118 . Acesso em: 15 ago. 2020.
ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
MOUNK, Yascha. El pueblo contra la democracia: por qué nuestra libertad está em peligro y cómo salvarla. Espasa Libros: Barcelona, 2018.
STANLEY, Jason. Como funciona o fascismo: a política do “nós” e “eles”. Porto Alegre: L&PM, 2018.
Sergio Schargel – Mestrando em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio, mestrando em Ciência Política pela UNIRIO. Bolsista CNPq. E-mail: sergioschargel_maia@hotmail.com
MOUNK, Yascha. El pueblo contra la democracia: por qué nuestra libertad está em peligro y cómo salvarla. Barcelona: Espasa Libros, 2018. Resenha de: SCHARGEL, Sergio. Velhas ideias sob novas roupagens. Albuquerque – Revista de História. Campo Grande, v. 12, n. 24, p. 220-224, jul./dez., 2020.
Rock cá/ rock lá: a produção roqueira no Brasil e em Portugal na imprensa – 1970/1985 | Paulo Gustavo da Encarnação
Bichos escrotos saiam dos esgotos
Bichos escrotos venham enfeitar […]
Bichos, saiam dos lixos
Baratas me deixem ver suas patas
Ratos entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado
(TITÃS, 1986).
Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da Nação
(LEGIÃO URBANA, 1987)
O primeiro fragmento citado compõe a letra da música “Bichos escrotos”, do álbum Cabeça Dinossauro da banda Titãs. Ainda que apresentada em shows desde o começo da década de 1980, a música foi gravada apenas em 1986. O motivo: a censura imposta no regime militar. Já o segundo excerto compõe o disco Que país é este, da banda Legião Urbana. Lançado no álbum de 1987, a música, igualmente intitulada “Que país é este”, rapidamente se transformou num hit da banda e embalou gerações. Ambas foram oficialmente lançadas nos anos iniciais do processo de redemocratização do Brasil. Contêm críticas profundas ao período e aos fundamentos da Nova República, denominação cunhada para tratar do período iniciado com o fim da ditadura militar (FERREIRA; DELGADO, 2018).
Elas foram (e são) entoadas por jovens de diferentes gerações como canções de protesto e contestação à ordem política vigente e à estrutura social. Embora trintonas, são extremamente atuais para pensarmos o cenário político brasileiro, as relações entre Executivo e Legislativo e, principalmente, as práticas políticas adotadas. Afinal, atualmente ainda sobram “bichos escrotos” que desrespeitam a Constituição, mas, apesar da dura realidade enfrentada pelo cidadão brasileiro, entoam fábulas encantadoras sobre o “futuro da Nação”.
Não obstante, as canções também possibilitam aprofundar a discussão acerca das complexas relações entre história, rock, mídia e política. E suscitam outras importantes indagações, tais como: O que é rock? É um gênero nacional ou estrangeiro? É popular ou elitista? É música de caráter alienante ou música de protesto? É expressão de posturas progressistas ou conservadoras? Como é comumente classificado por agentes do campo midiático?
Esses são alguns dos problemas argutamente debatidos pelo trabalho recém-publicado por Paulo Gustavo da Encarnação, doutor em história pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e com estágio pós-doutoral realizado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Fruto da sua tese de doutorado, sob a orientação do professor doutor Áureo Busetto, e com estágio de pesquisa em Portugal, o historiador publicou o livro intitulado Rock cá, rock lá: a produção roqueira no Brasil e em Portugal na imprensa (1970-1985).
A obra apresentada se inscreve no horizonte da chamada “história política renovada”, que, como formulado por René Rémond (1996), concebe a amplitude dos objetos enfocados pela história política. Toma o rock como objeto com potencial para o conhecimento de práticas políticas diversas e múltiplas dimensões da identidade coletiva — perspectiva que possibilita adentramos “terrenos que, mesmo aparentemente apresentados como paisagens desérticas e estéreis, são searas para serem trilhadas pelo historiador do contemporâneo” (ENCARNAÇÃO, 2018, p. 32). O autor do livro observa a “relação rock/política como resultado de um feixe de relações sociais, cujos subsídios principais podem ser percebidos em discursos, nos comportamentos e, inclusive, nas aparentes ausências de elementos e ingredientes da política” (ENCARNAÇÃO, 2018, p. 32).
Com tais preocupações, Paulo Gustavo da Encarnação procura demonstrar as proximidades entre o rock brasileiro e o lusitano entre as décadas de 1970 e 1980. Aponta semelhanças entre os países; por exemplo, os períodos de ditadura. Mas também cuida das particularidades. Munido de uma perspectiva comparativa, afasta-se de visões totalizantes, hegemônicas e uniformes para pensar os agentes e expedientes dos universos roqueiros brasileiro e português. Como bem lembrou Marc Bloch sobre o trabalho do historiador (2001, p. 112), “no final das contas, a crítica do testemunho apóia- se numa instintiva metafísica do semelhante e do dessemelhante, do Uno e do Múltiplo”.
Assim, o livro busca refletir comparativamente acerca das características do rock lusitano e do brasileiro. Para tanto, leva em conta parâmetros linguístico-poéticos e musicais na análise de canções com críticas sociais e políticas. Procura demonstrar como o gênero foi classificado, respectivamente, por agentes brasileiros e portugueses, ocupando-se especialmente das definições e dos estereótipos formulados pelos integrantes do universo midiático, assim como da constituição e atuação da crítica musical veiculada em cadernos jornalísticos específicos e/ou em revistas especializadas. Portanto, historiciza o rock e o modo como o gênero foi tomado pela imprensa nos universos brasileiro e português.
Com relação à imprensa, concebe as diferentes e, por vezes, antagônicas facetas que conferem existência a uma empresa midiática. Compreende o estatuto das suas fontes e explica, detalhadamente, os passos trilhados para a realização do estudo. Apresenta, por exemplo, o modo como constituiu quadros temáticos para realização da pesquisa documental e para o trabalho com a bibliografia — expediente que possibilitou estruturar uma narrativa fluente e pouco afeita apenas à exposição cronológica e linear dos fatos.
Com base nos dados obtidos em pesquisa documental de fôlego e a partir da consulta crítica e assertiva à ampla e diversificada bibliografia, o pesquisador expõe consistente tese sobre o tema:
O rock produzido em língua portuguesa, no Brasil e em Portugal, desde os anos 1950 vinha num processo de nacionalização que culminaria, a partir da década de 1970 e, com especial destaque, para os anos 1980, no denominado rock nacional. […] defendemos a tese de que o rock produzido durante o período de 1970-1985 expressou e lançou mensagens musicais e críticas políticas. Ele se tornou, por conseguinte, um catalisador e um difusor de anseios e visões de mundo de uma parcela da juventude que não estava disposta a ver suas expectativas com relação à vida cultural e à política encerradas nas dicotomias: nacional/ estrangeiro, popular/elitista, capitalismo/socialismo (ENCARNAÇÃO, 2018, p. 25).
Além de fértil e sólida tese, o leitor terá a oportunidade de conhecer o trabalho de um pesquisador incansável que minerou e lapidou dados e elementos históricos. Ademais, o livro de Paulo Gustavo da Encarnação é leitura obrigatória para pesquisadores que apreciam a constituição de séries no trabalho de pesquisa documental, a organização do material e sua exposição numa narrativa envolvente, sem, contudo, renunciar ao enfretamento de densas e qualificadas questões teórico-metodológicas. Ao longo dos quatro capítulos, o leitor terá a chance de conhecer a história do rock e, também, uma potente análise sobre as relações desse gênero musical com a mídia e a política no Brasil e em Portugal.
Se, por um lado, o trabalho de Paulo Gustavo nos ensina sobre um objeto específico e a operação do historiador num recorte temporal definido, comparando práticas em dois espaços distintos, por outro lado, chama atenção para a importância de entendermos o universo político para além das leituras simplistas sustentadas por visões duais e dicotômicas de mundo. Essa não seria, aliás, uma necessidade da nossa frágil democracia? Que a leitura de Rock cá, rock lá fomente a reflexão e o debate. E que os leitores experimentem mais do que visões binárias e esquemáticas de mundo. Afinal, como o autor colocou, o rock “é uma miscelânea de difícil definição”, mas como “posicionamentos que buscam criticar os pilares da sociedade”, expressando, “muitas vezes, elementos, mensagens e linguagem contestadoras” (ENCARNAÇÃO, 2018, p. 267-8).
Referências
BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
ENCARNAÇÃO, Paulo Gustavo da. Rock cá, rock lá: a produção roqueira no Brasil e em Portugal na imprensa – 1970/1985. São Paulo: Intermeios; Fapesp, 2018.
FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucila de Almeida Neves (Org.). O tempo da Nova República: da transição democrática à crise política de 2016 – Quinta República (1985-2016). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. v. 5.
LEGIÃO URBANA. Que país é este. In: LEGIÃO URBANA. Que país é este. Rio de Janeiro: EMI-Odeon Brasil, 1987. 1 áudio (2 min. 57).
RÉMOND, René. Por uma história política. Rio de Janeiro: UFRJ/FGV, 1996.
TITÃS. Bichos escrotos. In: TITÃS. Cabeça Dinossauro. Rio de Janeiro: Warner, 1986. 1 áudio (3 min. 17).
Edvaldo Correa Sotana – Mestre e doutor em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/Assis). Professor da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail: edsotana11@gmail.com
ENCARNAÇÃO, Paulo Gustavo da. Rock cá, rock lá: a produção roqueira no Brasil e em Portugal na imprensa – 1970/1985. São Paulo: Intermeios/Fapesp, 2018. Resenha de: SOTANA, Edvaldo Correa. Rock, mídia e política: história numa perspectiva comparada. Albuquerque – Revista de História. Campo Grande, v. 12, n. 24, p. 225-228, jul./dez., 2020.
Desplazamientos, desposesión y violencias | Historia y sociedad | 2020
La publicación del presente dossier (julio, 2020) coincide con un momento en el que las fronteras estatales han sido cerradas en distintas partes del mundo y los tránsitos y movimientos de personas se han visto limitados y mayormente controlados a partir de la “crisis” instalada por la pandemia del coronavirus. Las medidas adoptadas por los Gobiernos nacionales para la contención de la pandemia han sido muy variadas, reflejando en gran medida las actuales coyunturas político-económicas de los diferentes países. La situación en América Latina es especialmente dramática no solo por la situación de pobreza y por la histórica desigualdad social presente en el continente, sino también por las soluciones autoritarias y militarizadas puestas en marcha, expresión del retroceso experimentado en muchos países de la región en materia de garantía de derechos políticos, económicos, sociales y culturales.
La marca de estos nuevos tiempos parece ser la ampliación generalizada de la precariedad y del riesgo a la muerte, ya sea por la proliferación del coronavirus o por las medidas políticas adoptadas por los Gobiernos de algunos países, los cuales han manifestado públicamente el desprecio por la vida, incitando a la violencia y al racismo. En efecto, mientras han dado prioridad a la defensa de la economía y del mercado en detrimento de la vida, estos gobiernos han tomado parte en la economía política de la muerte. La necropolítica1 parece adquirir así su máxima expresión, puesto que se ha acelerado —en el tiempo— y se ha expandido —en el espacio—, obteniendo otro ritmo y escala. No obstante, si bien es posible afirmar que la novedad del tiempo presente recae en la radicalización de la violencia y la precariedad, del control de las fronteras y de las restricciones impuestas a las migraciones y a la movilidad de las personas, es importante indagar en qué medida estos fenómenos expresan continuidades con procesos anteriores y de larga duración. Leia Mais
As ruínas da tradição: a Casa da Torre de Garcia d’Ávila/ família e propriedade no nordeste colonial | Ângelo Emílio da Silva Pessoa
O livro que ora se resenha em sua segunda edição é fruto da tese de doutoramento de Ângelo Emílio da Silva Pessoa defendida junto ao departamento de história da USP. Graduado em licenciatura Plena em história pela Universidade Federal da Paraíba (1988) e doutorado em história social pela Universidade de São Paulo (2003). Foi professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Nova Andradina entre (2006 e 2008). Atualmente é professor Associado I do Departamento de História do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba, estando vinculado ao quadro permanente do PPGHUFPB.
O trabalho está didaticamente bem dividido em três partes que o compõe e o interligam num diálogo dinâmico; tradição é o primeiro capítulo e nele explora a historicidade da Casa da Torre, “Propriedade” é o título que ilustra o segundo capítulo e estuda aspectos da geo-história ao delimitar a extensão da propriedade ou da sesmaria que, via de regra, era de “perder de vista” e, muitas vezes, incomensurável, sobretudo, porque os limites eram, em muitos casos, imaginários e ou simplesmente abstratos. Ainda neste capítulo ao se estudar a noção de propriedade o autor revela sua enorme capacidade de intelectual decolonial para analisar a situação e a relação do senhor de terras Garcia d’Ávila com os índios, ora de amizades, mas na maior parte das vezes de conflito chegando a revelar massacres cometidos pelo grande fazendeiro expansionista em busca de novos pastos para a sua boiada, que foi o grosso dos seus negócios. O terceiro e último capítulo fecha o livro e dá o desfecho no que foi estudado intitulando-se “família”, busca analisar questões de economia ao longo das gerações que carregam o sobrenome, especificamente a pecuária, carro chefe da Casa da Torre, mas também pequenos engenhos, exploração de salitre, prata, produção de couro, e demais artífices. Leia Mais
Trabalhadores e trabalhadoras rurais boias frias: exclusão/ imprensa e poder | Antonio Alvez Bezerra
Antonio Alves Bezerra é graduado em História pela UNESP, mestrado pela PUC/SP e doutorado em História pela mesma universidade. É professor do curso de graduação e pós-graduação em História pela UFAL, como também, coordenador do laboratório de Ensino de História e líder do Grupo de Estudos: História, Ensino de História e Docência.
A obra intitulada Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Boias Frias: exclusão, imprensa e poder é um estudo sobre o avanço do processo de modernização do setor sucroalcooleiro com o resultante aumento da exclusão social e econômica dos trabalhadores rurais. O prof. Rodrigo Costa escreve um breve prefácio sobre a obra e observa que ela “oferece uma visão sob um grupo social cuja presença se faz notar e sentir no cotidiano das grandes áreas rurais do país, os trabalhadores rurais boias-frias”, que também, estão presentes no agreste alagoano e no sertão pernambucano. Existência historicamente negada nos discursos do poder público, da mídia e do poder econômico. Leia Mais
Relações Étnicas: Racismo, Educação e Sociedade / Revista Trilhas da História / 2020
Em 2019, a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas, sediou o evento intitulado Simpósio Multidisciplinar de Relações Étnicas: Racismo, Educação e Sociedade. O evento fora construído por várias mãos, na tessitura de práticas e diálogos entre cursos de licenciatura do campus, especialmente os cursos de História, Geografia e Pedagogia, representados por docentes e discentes comprometidos / as com a educação para as relações étnico-raciais. Além dos temas candentes para o debate das relações étnico-raciais, o encontro foi bem sucedido por conseguir reunir vozes negras e indígenas protagonizando os diálogos estabelecidos nas mesas redondas, simpósios temáticos, lançamentos de livros e atividades culturais. Eventos desta natureza têm como justificativa a urgência da produção de um novo estradar da universidade, desenhando bifurcações necessárias entre a educação e a luta antirracista.
Uma busca no Google de eventos acadêmicos ocorridos em novembro de 2019 possivelmente aponte para muitos outros lugares e entidades que realizaram atividades voltadas à semana da Consciência Negra naquela conjuntura. Provavelmente também o crescimento do número de pesquisas, ações e projetos a extrapolar a efeméride, seja uma realidade e uma conquista de que nos sentimos parte e que devem ser comemoradas. No entanto, passado um ano, perscrutando um olhar retrospectivo, concluímos que estamos longe de empreender uma alteração efetiva no estado de coisas e no cenário de violência que o racismo estrutural engendra. Ao adentrarmos o ano de 2020, pudemos constatar, não sem tristeza e indignação, que os passos são ainda muito curtos, apesar de tão necessários.
Marcado pelo advento da pandemia do novo Coronavírus, o ano de 2020 escancarou o racismo estrutural e aprofundou a chaga do negacionismo. Logo nos primeiros meses da conjuntura pandêmica, o mundo assistiu ao levante estadunidense em reação ao assassinato de George Floyd, um homem negro morto por um policial branco, em 25 de maio, na cidade de Minneapolis, em mais uma das abordagens violentas das instituições policiais sobre as populações negras, mas que, naquela ocasião, fora filmada e exposta nas mídias globais. Homens e mulheres de todo o planeta assistiram ao terrível assassinato daquele cujas últimas palavras foram: “eu não consigo respirar”. O fato foi corretamente lido pela sociedade como violência racista e a repercussão se politizou, fazendo emergir dali o movimento mundial intitulado “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam). Demonstrar que a abordagem policial difere a partir de marcadores de cor, evidenciando que a sociedade é amplamente racializada, foi um objetivo trilhado pelo movimento, apesar de persistirem visões negacionistas teimando em retrucar pelas redes que “todas as vidas importam”, numa tentativa de apagamento do racismo como causa estrutural da morte de Floyd. Não é exagero dizer que a sensibilização estadunidense frente a este fato pode ter abalado o destino das eleições presidenciais dos Estados Unidos, uma vez que a resposta do líder máximo do executivo naquele momento não destoava da onda negacionista e mesmo não se distanciava de grupos de supremacia branca naquele país.
Aqui no Brasil, os primeiros sinais de que a epidemia também seria uma tragédia racializada vieram antes e foram, respectivamente, a notificação da primeira morte por Covid-19, no país, de uma empregada doméstica, e a evidente negligência do Estado contra os povos indígenas no combate à disseminação do vírus entre as comunidades. O Instituto Socioambiental apontou para essa omissão argumentando que o Estado inclusive ajudou a espalhar a doença entre os povos originários, por meio de profissionais da saúde que levaram o vírus para aldeias, como também pelo silêncio sobre garimpeiros e grileiros que aumentaram as invasões na Amazônia durante a pandemia e, ainda, pelo fato de indígenas terem de buscar o auxílio emergencial nas cidades.[1]
Em maio de 2020, uma operação policial resultou na morte de uma criança de 14 anos, dentro de sua casa, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. João Pedro era mais um garoto negro, morador do complexo de favelas do Salgueiro, e sua morte expôs a terrível tradição da abordagem policial onde se concentram os pobres e negros das periferias que, como afirmava Carolina Maria de Jesus, constituem o “quarto de despejo” da sociedade.
Pouco tempo depois, em 02 de junho, fomos surpreendidos com o desfecho de uma tragédia a ser evitada se nosso povo pudesse se libertar da sua própria história, superando as dores e desigualdades infligidas, sobretudo, nas intersecções de raça, gênero e classe. Naquele dia, na cidade de Recife, morreu o menino Miguel ao cair da altura do nono andar de um prédio. Sua morte foi definida pela ONU como decorrente do racismo sistêmico, pois Miguel era uma criança negra e estava sozinho naquele andar por conta da negligência da patroa de sua mãe. A mãe de Miguel, Mirtes Souza, mulher negra, havia saído para passear com o cachorro da patroa. Assim como a sua própria mãe, era empregada doméstica e não pode contar com o direito ao isolamento social preconizado pela Organização Mundial da Saúde – OMS.
Djamila Ribeiro, ao refletir sobre o fato, expôs sua relação inegável com um passado colonial que teima em se reproduzir. Em texto publicado em 09 de julho no Jornal A Folha de São Paulo, a filósofa afirmou que era preciso atentar para algo insistentemente invisível, “o serviço doméstico em meio à pandemia, a hierarquização de vidas. A patroa que faz as unhas, enquanto Mirtes Souza, empregada doméstica, passeia com o cachorro”. Para esta autora, Miguel “provou uma experiência comum para pessoas negras no país: ser uma presença indesejada, uma chateação preta no momento de vaidade da família branca”. Mas, como compreender que a queda e morte de uma criança é resultado de racismo? O que é preciso reconhecer por detrás do elenco de fatos imediatos daquele 02 de junho como fios invisíveis e históricos que colocam o menino Miguel, de apenas cinco anos, naquele elevador, cujos botões foram apertados pela patroa branca, primeira-dama de um município que tampouco ela residia?
Na época dos fatos foram ventiladas as noções de racismo estrutural e sistêmico em algumas reportagens e programas de repercussão que visavam explicar os acontecimentos a partir de leitura sociológica apontando que o racismo não se resume a práticas individuais, conscientes e isoladas, de aviltamento direto contra homens, mulheres e crianças lido a partir de marcadores raciais erigidos em processos de colonização eurocentrados. Um dos autores que se fez presente no debate público foi Silvio de Almeida, para quem o racismo é estrutural e também institucional, pois nossas ações e comportamentos “são inseridos em um conjunto de significados previamente estabelecidos pela estrutura social. Assim, as instituições moldam o comportamento humano, tanto do ponto de vista das decisões e do cálculo racional, como dos sentimentos e preferências”.
Apesar da repercussão destes e de outros casos, que incluiu até um movimento pela derrubada de estátuas e monumentos colonialistas ao redor do mundo, as dores da família de Floyd, de João Pedro e de Miguel, bem como os debates trazidos às superfícies das mídias e redes sociais não foram suficientes para produzir uma fissura sistêmica ou estrutural que interrompesse o ciclo histórico de violência infligida aos povos subalternizados e marcados pela negritude dos seus corpos.
Ao completarmos um ano de nosso evento, às vésperas do Dia da Consciência Negra de 2020, João Alberto Freitas, de 40 anos, foi tratado como criminoso, espancado e morto por seguranças no estacionamento de uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre. Seu crime: ser negro no Brasil. Mas, igualmente, como ocorreu com os tristes exemplos que elencamos acima, não foi dito a Beto que ele pagava com a vida por sua negritude, pois o racismo que impele as instituições a detratarem e destruírem pessoas negras só pode ser percebido pelo escancaramento do absurdo que se pensaria caso o evento ocorresse inversamente, com pessoas brancas. Só parece possível produzir alguma consciência e educação das relações étnico-raciais que superem as estruturas racistas quando o conjunto da sociedade assumir essa tarefa e, sobretudo, as pessoas brancas admitirem sua importância na luta antirracista, quando forem capazes de presumir seus privilégios invisíveis como serem tratados / as como pessoas sem previamente serem suspeitas. Grada Kilomba, em entrevista à já citada Djamila Ribeiro, alertou que “as pessoas brancas não se veem como brancas, se veem como pessoas. E é exatamente essa equação, ‘sou branca e por isso sou uma pessoa’ e esse ser pessoa é a norma, que mantém a estrutura colonial e o racismo”.
Os casos de violências tão terríveis como estes ocorridos após o nosso evento tensionam nossa própria esperança. Além das mortes decorrentes do racismo estrutural, que foram em número maior do que podemos supor aqui, também os casos de preconceitos e prejuízos produzidos pela omissão no combate ao racismo, e mesmo por sua reprodução, projetam cotidianamente os brancos / as ao centro e os negros / as e indígenas às margens. Basta lembrarmos do caso da entrevista da cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira, ao programa Roda Viva (TV Cultura) do último 19 de outubro, em que afirmou, sobre contratar pessoas negras a partir de políticas afirmativas, que o banco não poderia fazê-lo pois não dá para “nivelar por baixo”.
Estas dinâmicas se beneficiam do silenciamento e da normatização e mantêm engrenagens muito antigas que, a despeito da centenária resistência, dos aquilombamentos e retomadas, das emancipações individuais e das pequenas conquistas legais, asseveram o fosso social que persiste e se desnudou ainda mais com a pandemia. A doença foi pior e, de fato, mais letal para aqueles e aquelas que já são atravessados pela chaga do racismo. A publicação do GT de Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), fundamentada na perspectiva de que a OMS, “concebe o racismo como um dos determinantes sociais do processo de adoecimento e morte”. Os autores / as consideram que “os desdobramentos da pandemia da Covid-19 numa sociedade estruturada pelo racismo penaliza grupos vulneráveis, especialmente entre pessoas negras, está diretamente relacionado à policrise sanitária, social, política, econômica, moral, crise na globalização e os fluxos migratórios etc”.
Produzir mudança que salve vidas implica uma tarefa de arco revolucionário e, na educação, uma radicalidade emancipadora. Com efeito, a denúncia e o anúncio, sejam eles viralizados pelas câmeras e redes que hoje podem contribuir com a desnaturalização da violência racial, seja na reunião de pessoas dispostas a dar um passo em outra direção, isto é, na direção da luta antirracista, é o trabalho de formiguinha a que temos de nos comprometer nas nossas rotinas de trabalho, estudos, nos almoços de família, nas rodas de conversas, no chão das escolas, de forma coletiva, perene e intransigente. É neste compromisso que trazemos e apresentamos o Dossiê Relações étnicas – Racismo, Educação e Sociedade.
Como já salientamos, sua proposta nasce do Simpósio Multidisciplinar de Relações Étnicas, mas ganha novo fôlego ao revisitarmos as experiências do ano que decorreu de lá pra cá, com a pandemia da Covid-19 e do racismo. Se alcançamos, na época, o bonito objetivo de construir um espaço pluralmente atravessado por olhares decoloniais, narrativas indígenas, vozes negras de homens e mulheres, estéticas diversas, em ações potentes e resistentes na denúncia das várias formas de opressão que marcam a nossa sociedade, como também de (re)existências a demarcar a educação como instrumento de luta e vivida / produzida pela ação humana no tempo, agora, compreendemos que o dossiê alimenta o anseio de manter vivo este espaço como marco de luta e esperança. Os textos, assim como o simpósio, também se constituem numa treliça interdisciplinar e trazem esta dimensão de enfrentamento aos muitos racismos, como os vividos nos espaços escolares, mas ainda em outros lugares da sociedade e a envolver sujeitos diversos, como negros e negras, indígenas e ciganos.
O texto Cabelo crespo, corpo negro na luta cultural por representação afirmativa da identidade negra, da historiadora e militante negra, Celia Regina Reis da Silva, apresenta densidade teórica e trabalho com as fontes na abordagem de uma temática de suma importância para o Dossiê ao estudar o corpo negro e o cabelo crespo, em vista da discriminação vivida por crianças, adolescentes e jovens, tanto no espaço escolar quanto em outros lugares da sociedade. Mas apresenta também o seu reverso, ou seja, as múltiplas manifestações culturais da juventude negra de São Paulo, especialmente das periferias, na denúncia desta situação e na apresentação, vivência e (re)existência de outras práticas que implicam a valoração das vidas negras, na sua mais ampla acepção. Ao discutir essas questões no ambiente escolar, a autora denuncia como a escola acaba por ser este lugar de segregação e racismo se não problematiza-los em suas raízes e efetivar práticas antirracistas em seu cotidiano. Desse modo, o texto é um alento para pensarmos questões fundamentais na apreensão das múltiplas formas de luta, especialmente na abordagem do corpo e do cabelo negros e na criatividade das periferias na reinvenção de outras práticas que vão de encontro à violência contra pretos e pretas.
O texto A lei 10.639 / 2003 e o Programa Nacional da Biblioteca na Escola do ano de 2013: Como a temática étnico-racial tem sido tratada pelo programa dez anos após a sua implementação, de Felipe Lima e Jaqueline Santa Bárbara, traz uma temática muito relevante para a Educação e a História, ao abordar a forma como os negros e negras vem sendo retratados na literatura infantil, especialmente como se constitui (ou se nega) a identidade negra, a partir da análise de livros disponibilizados pelo PNBE / 2013, dez anos após a Lei 10.639 / 03. Desse modo, ao entrevistar duas professoras que trabalham com o ciclo fundamental e analisar 60 livros enviados para as escolas brasileiras, os / as autores / as abordam uma discussão fundamental acerca das questões étnico-raciais e do trabalho desenvolvido em sala de aula.
O texto ‘E se fosse o contrário?’ Djonga e Fanon: um diálogo sobre racismo e alienação, de Fábio Silva Sousa e Rogério Leão Ferreira, ao trabalhar duas linguagens diferenciadas (um autor e um videoclipe), traz uma contribuição necessária para a análise do racismo e das formas de opressão que marcam a sociedade no Brasil e em outras partes do globo. Ao discutir Frantz Fanon e sua obra “Pele negra, máscaras brancas”, e o Rapper Djonga, numa linguagem explícita e até direta, por vezes, ao confrontar-se com a alienação do negro, o texto problematiza a quem favorece a identificação com o branco e nos aponta caminho para superarmos o racismo impregnado em nosso tecido social.
O texto Entre o sul e o norte de Mato Grosso: doenças, conflitos e a exclusão da liberdade (séculos XVIII e XIX), de uma das autoras desta apresentação e de Rafaely Zambianco Soares Sousa, discute temas como doenças, conflitos e a exclusão da liberdade na história dos negros e negras escravizados entre o norte e sul de Mato Grosso. Ainda que não se refira diretamente à temática das relações étnico-raciais, possibilita a compreensão de um cenário em que imperavam doenças e insalubridades no Brasil Oitocentista, em particular incidindo sobre a vida dos negros e negras, escravizados e libertos. Contrapondo-se às mazelas que marcaram mais de 350 anos de escravidão temos também, nesta história, o desejo e a busca pela liberdade, como expõe uma das fontes de 1872, em que liberdade, vida, doença e morte se entrelaçaram pelos caminhos e arredores do Cuyabá. Ao conhecermos o passado suas lições nos ensinam a necessidade do combate ao racismo no presente, em todos os lugares em que ele se estrutura, pois, comumente, a sua história é a de permanência da injustiça, da Colônia ao século XXI, mas também de muitas lutas ao longo do tempo.
O texto O ‘Nobre educador’ da Bahia: trabalho, cidadania e sociabilidades, de Sivaldo dos Reis Santos, ao discorrer sobre a trajetória do professor negro Elias de Figueiredo Nazareth, que fora docente e diretor da Escola Normal da Bahia, contribui com novas análises podendo dar visibilidade historiográfica aos trabalhadores negros que vivenciaram momentos sociais de tensão e mudanças entre o fim do século XIX e começo do XX. Apresentando fontes da Hemeroteca Digital Brasileira como jornais, revistas e relatórios de autoridades públicas na área da educação, da segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX, o texto propõe uma ruptura sobre aquilo que Chimamanda Adichie chamou de “uma história única”, que comumente naturaliza um lugar específico para determinados sujeitos nas narrativas da história e que pode ser tensionada com pesquisas que desvelem a agência de homens e mulheres a se desviarem desses lugares atribuídos arbitrariamente, e não sem resistências coletivas e individuais, evidentes nestas obras.
A interpretação acerca dos Suruí / Aikewara e a Guerrilha do Araguaia: memórias de uma história em movimento, dos autores Andrey Minin Martin e Iolanda de Araújo Mendes, evidencia pesquisa empírica, especialmente na produção das fontes orais. Ao narrar as memórias da guerrilha do Araguaia, os autores dão conta de explicitar os marcos de memória impressos pela ditadura militar, assim como a reconstrução do direito moral à terra e, inclusive, à reivindicação à expansão de seus limites. Ao contribuir para a história indígena, o texto explicita a proximidade com a temática do racismo, porque também esses grupos, os povos originários, vivem na pele, no corpo, na carne, a violência que marca a nossa história, do passado ao tempo presente. Reconstituir uma história de lutas e uma reivindicação de memórias é fundamental para não deixar que estas histórias sejam silenciadas, especialmente no contexto da ditadura civil-militar.
Marcio Edovilson Arcas e Ademilson Batista Paes, em A invisibilidade / camuflagem cigana: uma análise sobre a representação dos ciganos no olhar do Gadje (não-cigano) apresentam uma reflexão basilar para a análise da representação dos ciganos na Literatura e em outras fontes trabalhadas em sala de aula. Os autores problematizam como o mito construído em torno dos ciganos desvela a inexistência da alteridade face a esses povos, prevalecendo interpretações centradas na discriminação, intolerância, racismo e violência. Diante disso, a invisibilidade dos ciganos é apontada e denunciada pelos autores, fazendo-nos entender o quanto o racismo também se estrutura na negação da diferença e no desconhecimento de outros grupos sociais.
Este Dossiê, ao sistematizar reflexões de diferentes grupos, com autorias de diferentes áreas, apontando para o quanto nos constituem enquanto um mosaico carregado de belezas, ambiguidades, contradições, pode contribuir para a humanização desses temas, mas mais que isto para a percepção de que nos constituímos das diferenças que devem ser valorizadas positivamente na acepção mais ampla da palavra, fazendo com que o antirracismo seja a tônica de nossas ações, dos nossos compromissos com a vida, com as histórias e memórias de George Floyd, João Pedro, Miguel e Beto, de Marielle Franco e de tantas outras…, na relação dialógica da teoria e práticas imbricadas e constituídas de gente em sua diversidade.
Nota
1. Sobre tais argumentos e para acompanhar o programa de observatório do instituto frente à pandemia nos povos indígenas, acesse https: / / covid19.socioambiental.org /
Maria Celma Borges
Mariana Esteves de Oliveira
BORGES, Maria Celma; OLIVEIRA, Mariana Esteves de. Apresentação. Revista Trilhas da História. Três Lagoas, v.10, n.19, jul. / dez., 2020. Acessar publicação original [DR]
Estratégias de uma esquerda armada: militância, assaltos e finanças do PCBR na década de 1980 | Lucas Porto Marchesini Torres
Lançado pela EDUFBA, em 2017, o livro estratégias de uma esquerda armada: militância, assaltos e finanças do PCBR na década de 1980 é resultado de dissertação de mestrado defendida em 2013 no Programa de Pós-Graduação em História, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (UFBA), por Lucas Porto Marchesini Torres. Este é bacharel e licenciado em História por esta mesma instituição e atualmente cursa o doutorado em História Social na Unicamp, se empenhando-se no estudo sobre comunismo e movimentos sociais na Bahia entre os anos de 1945 e 1964.
O livro apresenta uma pesquisa histórica e inédita sobre a tentativa frustrada de assalto ao Banco do Brasil, no Bairro do Canela, na capital baiana, Salvador, por cinco militantes do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), em 1986 (TORRES, 2017. p. 21). Após serem presos os cinco homens, com medo de ser confundidos e tratados como bandidos comuns, assumiram que eram petistas e que desejavam com o assalto levantar fundos em ajuda à Nicarágua Sandista (p. 21). Leia Mais
Sandra Jatahy Pesavento: acervo, memórias e trajetórias de pesquisa / Revista do IHGRS / 2020
Sandra Jatahy Pesavento: acervo, memórias e trajetórias de pesquisa [1]
Em março de 2019 completaram-se os 10 anos do falecimento da Profa. Dra. Sandra Jatahy Pesavento (1946-2009), docente titular do Departamento de História da UFRGS e professora dos Programas de Pós-Graduação de História e do PROPUR da mesma instituição. Algumas homenagens foram feitas pela equipe que coordena o acervo da professora, abrigado no IHGRGS em Porto Alegre. Uma destas homenagens foi a IV Jornada Sandra Jatahy Pesavento que aconteceu em 8 de junho do ano passado, no Centro Histórico Cultural da Santa Casa de Misericórdia. Para ela, foram convidados alguns pesquisadores que tiveram forte interlocução com a historiadora Pesavento, seja pelo GT de História Cultural, seja pela orientação de pós-graduação. Naquele momento, surgiu a ideia de publicarmos os textos apresentados e, para isso, todos os participantes foram convidados a comporem este dossiê. Nem todos puderam aceitar, mas a maior parte, sim, enviou seu texto para nós.
A trajetória da professora / pesquisadora / historiadora, dedicada ao ensino de História e à pesquisa, resultou na projeção e no reconhecimento do inegável legado intelectual dos seus estudos nos campos da História Econômica e da História Cultural, atestando a importância da influência do seu pensamento na formação de gerações de historiadores / as e na produção historiográfica contemporânea. Sandra Pesavento fez doutorado em História Econômica na USP, seguindo formação na França na vertente da História Cultural, onde construiu uma trajetória acadêmica internacional relevante, contribuindo, sobretudo, para a formalização de acordos entre universidades francesas e a UFRGS, notadamente o acordo CAPES / COFECUB. Foi pesquisadora 1 A do CNPq desde o ano de 1996. Autora de uma vasta obra historiográfica, com aproximadamente 261 publicações (entre artigos publicados no Brasil e no exterior livros, entre individuais e coletivos e capítulos de livros), Pesavento foi uma das mais importantes historiadoras do século XX, no Brasil, cuja obra versa sobre variadas vertentes da historiografia.
Da História Econômica, com viés marxista, à História Cultural, sua extensa obra versa sobre as charqueadas gaúchas, sobre a Revolução Farroupilha, sobre a burguesia gaúcha e, também, sobre as questões do urbano, das imagens, das sensibilidades e da relação História-Literatura, estas últimas já sob o enfoque da História Cultural.
Por iniciativa da família Pesavento (esposo e filhos da historiadora), os escritos da historiadora gaúcha foram digitalizados integralmente e disponibilizados gratuitamente para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral. Atualmente estão alocados no site oficial do Instituto Histórico Geográfico, o qual guarda, também, seu acervo intelectual (biblioteca e material de 40 anos de pesquisa, incluindo também seus objetos, álbuns e diários de viagens). Existe, desde início de 2015, uma equipe de curadoria para o acervo, sob responsabilidade de uma historiadora (uma das organizadoras deste dossiê), que atua em diversas ações de preservação e divulgação deste arquivo pessoal tão importante para história da disciplina História de nosso estado.
Justificou-se, por este conjunto de fatores, a proposição de um Dossiê Temático na Revista do IHGRGS, focando os percursos da pesquisadora e o processo de construção dos seus objetos e metodologias de pesquisa singulares, através de seu acervo, de memórias de seus interlocutores / as e de trajetórias de pesquisas que se entrecruzam em diálogo com os seus estudos durante o período em que esteve ativamente produzindo no campo da História. A proposta emergiu desta reflexão frente à importância de sua produção, mas também frente ao momento que atravessamos no Brasil, onde se faz necessária a discussão sobre os espaços patrimoniais de guarda de documentos e o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem em sua salvaguarda e manutenção. Também devido à situação de pandemia que atravessamos, outras reflexões se fazem necessárias e são incorporadas em alguns textos.
O referido dossiê reúne, assim, trabalhos de pesquisadores / as, professores / as que tiveram uma significativa interlocução com a historiadora e ou com sua obra e acervo, buscando gerar e socializar novas abordagens através do seu legado, seu acervo e memórias desta pesquisadora. Compõem o dossiê: nove artigos (oito de convidados, incluindo os convidados da Jornada de 2019 e membros da equipe de curadoria do Acervo SJP, e um que veio pela chamada pública); uma entrevista com Jacques Leenhardt (professor francês de forte interlocução com a historiadora); duas resenhas de livros de Pesavento; um artigo da própria historiadora, sobre memória e patrimônio e publicado nos Cadernos LEPAARQ da UFPEL em 2008; um artigo intitulado “Conversando com Sandra”, de um colega historiador que teve uma influência da obra de Pesavento em sua trajetória acadêmica.
Também a publicação do conjunto de artigos, entrevistas e resenhas neste dossiê surge no período de comemoração do centenário do IHGRGS (agosto / setembro de 2020), o que é de grande relevância para a comunidade acadêmica e para a história do Instituto.
Desejamos uma ótima leitura a todos!
Nota
1. Esse dossiê é um dos produtos do projeto de pesquisa “O pensamento de Sandra Jatahy Pesavento e sua importância na historiografia brasileira: da história econômica à História Cultural – um estudo a partir do arquivo pessoal da historiadora”, em parceria do PPG em Performances Culturais da UFG (Universidade Federal de Goiás) com o IHGRGS, onde está depositado sob custódia o arquivo da historiadora. O projeto foi contemplado no edital ‘Chamada Universal MCTIC / CNPq n.º 28 / 2018’, portanto tem financiamento do CNPq.
Porto Alegre, 21 de julho de 2020
Hilda Jaqueline de Fraga – Doutora.
Nádia Maria Weber Santos – Doutora.
Organizadoras do Número Especial Dossiê Sandra Jatahy Pesavento
FRAGA, Hilda Jaqueline de; SANTOS, Nádia Maria Weber. Apresentação. Revista do IHGRS. Porto Alegre, n.158, 2020. Acessar publicação original [DR]
Amazônica. Belém, v.12, n.2, 2020.
Editorial
- Editorial port
- Daiana Travassos Alves, Júlia Otero dos Santos
- Editorial English
- Daiana Travassos Alves, Júlia Otero dos Santos
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Artigos Originais
- Paisagens sensíveis, poéticas do imaginário e memórias compartilhadas pelos antigos moradores da ilha de Cotijuba, Belém, Pará
- Carla Melo Vasconcelos, Flávio Abreu Silveira
- Entre “malas” e “gatos velhos”: organização espacial/residencial e representações morais em uma pequena cidade da Amazônia brasileira
- Wellington da Silva Conceição, Watilla Cirqueira Leite, Eva Pereira Régis
- The influence of social media access on self-perception of oral health-related quality of life considering the malocclusion among adolescents from Amazon region
- Cibelle Santos, Fausto Mendes, David Normando
- PDF (ENGLISH)
- Importância social de Podocnemis expansa, tartaruga-da-amazônia, no rio Javaés, Tocantins, Brasil
- Aluísio Vasconcelos Carvalho, Thays Kelly Marinho Lopes, Adriana Malvasio
- O jabuti e a anta: povo Munduruku, hidrelétrica, conflito e consulta prévia na bacia do rio Tapajós
- Rodrigo Magalhães de Oliveira
- Resistência cotidiana à agroindústria do dendê em uma comunidade quilombola rural na Amazônia oriental
- Heribert Schmitz, Lissandra Cordeiro Ribeiro, Dalva Maria da Mota
- Questão agrária no século XXI: os efeitos do agronegócio para as políticas de reforma agrária no Brasil e em Portugal
- Caetano De Carli
- Mulheres rurais nordestinas e desviantes: um estudo sobre a quebra das expectativas de gênero no meio rural
- Lorena Lima de Moraes, Nathália Marques da Silva Nascimento
Tradução
- Racismo obstétrico: a política racial da gravidez, do parto e do nascimento
- Giovana Acacia Tempesta, Morgana Eneile
Ensaios Fotográficos
- Lançando-se nas marés do rio Caeté: um dia na jornada de pescadoras e pescadores artesanais
- Maria Eduarda Garcia de Sousa Pereira, Roberta Sá Leitão Barbosa, Grazielle Fernanda Gomes
Antrope. Tomar, n.12, jul. 2020.
Editorial
Artigos
- O CONTRIBUTO DA SEMIÓTICA PARA O ESTUDO DA ARQUEOLOGIA FUNERÁRIA – ALGUMAS NOTAS ACERCA DOS RITUAIS FUNERÁRIOS NO BRONZE REGIONAL ALENTEJANO
- Ana Rosa
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- ARQUEOLOGIA NO ENGENHO DO MURUTUCU: UM SÍTIO HISTÓRICO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
- Diogo Menezes Costa
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- LE SAVOIR LOCAL AMAZIGH: LA TRANSMISSION À L’ÉPREUVE
- Fatima Ez-zahra Benkhallouq, Wahiba Moubchir, Farid El Wahidi
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- INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO PORTO DO TOPO. CONTRIBUTO PARA O PATRIMÓNIO CULTURAL SUBAQUÁTICO DA ILHA DE SÃO JORGE
- João Gonçalves Araújo, João Moniz, José Luís Neto, Pedro Parreira
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- LA ESTACIÓN RUPESTRE DE HUAYLLANQORI, PROVINCIA DE ANTABAMBA (APURÍMAC, PERÚ)
- Raúl Carreño-Collatupa
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- GRAVURA RUPESTRE DO CORUTO (ESCARIZ, AROUCA): ESTUDO, SALVAGUARDA E VALORIZAÇÃO
- Paulo A. Pinho Lemos, Ana M. S. Bettencourt, João Ralha
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- A PAISAGEM DE LONGA DURAÇÃO DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA – OS VESTÍGIOS DE OCUPAÇÃO HUMANA DO HOLOCENO MÉDIO NA SERRA DO ESPINHAÇO MERIDIONAL, MINAS GERAIS – BRASIL
- Átila Perillo Filho
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- ASPECTOS DA COLONIZAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DO LITORAL SUL DO BRASIL E SUA PATRIMONIALIZAÇÃO: OS VESTÍGIOS DA OFICINA LÍTICA NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA PONTA DO RETIRO, FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA
- Márcio Mota Pereira
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- TESTEMUNHOS RECENTES DE TEÓNIMOS PRÉ-ROMANOS NA LUSITÂNIA
- José d’Encarnação
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- ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DO ESPÓLIO OSTEOLÓGICO PROVENIENTE DAS INTERVENÇÕES ARQUEOLÓGICAS REALIZADAS NO PÁTIO SUL DA IGREJA NOSSA SENHORA DO PÓPULO, CALDAS DA RAINHA (LEIRIA)
- Daniel Alves, Augusto Ferreira, Cláudio Monteiro, Alexandra Figueiredo, Ricardo Lopes
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- CASA DO CORPO SANTO – 1531 A 1714. ARQUEOLOGIA, CONSERVAÇÃO E MUSEALIZAÇÃO
- José Luís Neto, Patrícia Trindade Coelho
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- UNIDADES DOMÉSTICAS DO SÉCULO XIX DO BAIRRO DA BOA VISTA DO RECIFE: UM ESTUDO DO PERFIL TÉCNICO E DAS CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICO-ARQUITETÔNICAS
- Clara Diana Figueirôa Santos, Henry Sócrates Lavalle Sullasi
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1819 y la construcción del Estado-Nación en Colombia | Eduard Moreno, Joaquín Viloria, Édgar Rey, Carlos Manrique, Leonor Hernández e Jesús Flórez || Hace doscientos años. Una historia de la campaña libertadora | Andrés Castillo-Brieva || Del grito a la victoria. Independencia de Colombia 1810-1819 | Gonzalo España || 1819. Campaña de la Nueva Granada | Daniel Gutiérrez-Ardila
En el momento de escribir esta reseña, estamos a poco más de un mes de la fecha emblemática del 7 de agosto. La polémica sobre si el bicentenario de la independencia colombiana se debía celebrar en 2010 o 2019 parece lejana y “bizantina”. Sin embargo, lo que sí puede afirmarse es que bibliográficamente la conmemoración bicentenaria de este 2019 es bastante pobre en producción bibliográfica dirigida a un público general, lo que crea una extraña lectura en paralelo con los clamores por restaurar la enseñanza de la historia en los ciclos de educación básicos.
El aniversario de 2010, con un logotipo de identificación, una programación de iniciativa estatal, de instituciones y universidades y la publicación de una bibliografía mucho más visible y abundante mostró una iniciativa editorial amplia en la que pueden enumerarse los siguientes títulos y actividades: El gran libro del bicentenario1 —donde participaron “pesos pesados” de la disciplina, entre los que estuvieron Anthony Mcfarlane, Víctor Manuel Uribe Urán, Rodolfo Segovia Salas, Georges Lomné, Pablo Rodríguez, Malcolm Deas, Juan Marchena y Gustavo Bell—; la serie Bicentenario de Colombia 1810-2010 —su primer tomo “El descubrimiento, la conquista y la colonización de la América Hispánica”, se publicó en noviembre de 2009—; un proyecto de la Universidad Simón Bolívar; La independencia en el arte y el arte en la independencia2; Colombia 1810-2010 3; la recopilación de conferencias Bicentenario de la Independencia 1810-2010 4; Educación en la Independencia5; las actividades lideradas por el Banco de la República, como la “Exposición: palabras que nos cambiaron”, el blog de noticias bicentenarias; biografías de los héroes para niños (Antonio Nariño, Francisco José de Caldas, Policarpa), la Exposición “Ensamblando una nación”; y la colección de Credencial historia entre octubre de 2009 y septiembre de 2010. Leia Mais
Historia y Sociedad. Medelín, n.39, julio-diciembre, 2020.
Desplazamientos, desposesión y violencias
Editorial
- Desplazamientos, desposesión y violenciasDisplacements, Dispossession and ViolenceDeslocamentos, Despossessão e Violências
- Bela Feldman-Bianco, Eduardo Domenech, Liliana Sanjurjo
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Dossier
- Tierras en disputa. El traslado de los pueblos de indios de Melipilla, Chile, siglos XVIII-XIXLand in Dispute. The Relocation of the Indigenous Peoples of Melipilla, Chile Eighteenth and Nineteenth CenturiesTerras em disputa. A transferência dos povos indígenas de Melipilla, Chile, séculos XVIII-XIX
- Igor Goicovic, Andrea Armijo
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- Violencia(s) y desplazamiento(s) en dos contextos latinoamericanos. El caso de Santiago de Chile (1973-1990) y el valle del Patía, Colombia (1930-2014)Violence(s) and Displacement(s) in Two Latin American contexts. The Case of Santiago de Chile (1973-1990) and the valle del Patía, Colombia (1930-2014)Violência(s) e deslocamento(s) em dois contextos latino americanos. O caso de Santiago de Chile (1973-1990) e do valle del Patía, Colombia (1930-2014)
- Alex Paulsen-Espinoza, Yilver Mosquera-Vallejo
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- Refugiados urbanos em trânsito permanente: efeitos menos visíveis da produção de uma cidade olímpicaUrban Refugees in Permanent Transit: Less Visible Effects of the Production of a City for the OlympicsRefugiados urbanos en tránsito permanente: efectos menos visibles de la producción de una ciudad olímpica
- Raquel Carriconde
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- “No se pueden llevar a mi esposo”: desaparición forzada y desplazamiento interno forzado en el contexto de la guerra contra el narcotráfico en Michoacán (México)“They cannot take my husband”: Forced Disappearance and Forced Internal Displacement in the Context of the War Against Drug Trafficking in Michoacán“Eles não podem levar meu marido”: desaparecimento forçado e deslocamento interno forçado no contexto da guerra contra o narcotráfico em Michoacán
- May-ek Querales-Mendoza
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- Inmigrantes e indígenas en las torsiones de la nacionalidad y la ciudadanía. La construcción de amenazas en Argentina (2015-2019)Immigrants and Indigenous Peoples in the Twists and Turns of Nationality and Citizenship. The Construction of Threats in Argentina (2015-2019)Imigrantes e indígenas nas torsões da nacionalidade e da cidadania. A construção de ameaças na Argentina (2015-2019)
- Sergio Caggiano, Laura Mombello
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- Violencia estatal, control fronterizo y racialización: experiencias de haitianos y haitianas en aeropuertos de ArgentinaState Violence, Border Control and Racialization: Haitian Experiences in Airports in ArgentinaViolência estadual, fronteiras e racialização: experiências de controle de haitianos e haitianas em aeroportos da Argentina
- Carina Trabalón
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- Cartografías del peligro. Desplazamientos, migración, fronteras y violencias desde la experiencia de los jóvenes en un barrio del Gran Buenos Aires, Argentina (2018-2019)Cartographies of Danger. Displacements, Migration, Frontiers and Violence from the Experience of Young People in a Neighborhood in Greater Buenos Aires, Argentina (2018-2019)Cartografias do perigo. Deslocamentos, migração, fronteiras e violências desde a experiência dos jovens em um bairro da Grande Buenos Aires, Argentina (2018-2019)
- Verónica Hendel
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- Reflexiones filosófico-políticas en torno a la criminalización de las prácticas de solidaridad hacia migrantes y refugiados en la actualidad. El caso de Carola Rackete (2019)Philosophical-political Thoughts on the Criminalization of Solidarity Practices Towards Migrants and Refugees Today. The Case of Carola Rackete (2019)Reflexões filosóficas-políticas sobre a criminalização das práticas de solidariedade para migrantes e refugiados hoje. O caso de Carola Rackete (2019)
- Ana Paula Penchaszadeh, Senda Sferco
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Tema Libre
- Representaciones geográficas de un territorio de frontera: el centro occidente colombiano, 1850-1905Geographical Representations of a Border Territory: Mid-West Colombia, 1850-1905Representações geográficas de um território de fronteira: o centro-oeste da Colômbia, 1850-1905
- Sebastián Martínez-Botero, Alexander Betancourt Mendieta
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- Bocetos de infancia: la libreta “Dibujos del hogar” de Francisco Antonio Cano (1895)Sketching Childhood: Francisco Antonio Cano’s “Dibujos del hogar” Sketchbook (1895)Esbocetos de uma infância: o caderno “Dibujos del hogar” de Francisco Antonio Cano (1895)
- Verónica Uribe
- Video
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- Trazando fronteras: reflexiones sociológicas sobre la constitución de los expertos y el saber experto en los casos de la Dietología y la Cancerología en Argentina (1920-1940)Drawing Boundaries: Sociological Reflections on the Configuration of Experts and Expert Knowledge in the Cases of Nutrition and Oncology in Argentina (1920-1940)Traçando fronteiras: considerações sociológicas sobre a constituição de especialistas e conhecimento especializado nos casos de nutrição e oncologia na Argentina (1920-1940)
- José Buschini
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Documentos
- Diego Navarro, deportado en la Alemania nazi. Transcripción de su reconocimiento deportado-resistenteDiego Navarro, a deportee in Nazi Germany. Transcript of his Recognition as a Deported Resistance MemberDiego Navarro, deportado na Alemanha Nazi. Transcrição do seu reconhecimento como deportado-resistente
- Juan Pedro Rodríguez-Hernández
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Reseñas
- Reseñas sobre cuatro libros del bicentenario colombiano (1819-2019)Review about Four Books on Colombian Bicentennial (1819-2019)Resenhas de quatro livros do bicentenário colombiano (1819-2019)
- Jorge Echavarría-Carvajal
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- Índice acumulativo
- Índice acumulativo 2020Cumulative Index 2020Índice cumulativo 2020
- Historia y Sociedad
- Evaluadores
- EvaluadoresEvaluatorsAvaliadores
- Historia y Sociedad
Publicado: 2020-07-01
Conquista y conflicto en América: materiales para su enseñanza/Clío & Asociados. La historia enseñada/2020
Presentamos la edición correspondiente al segundo semestre de 2020 que contiene doce artículos y dos reseñas de libros. Leia Mais
La otra esclavitud. Historia oculta del esclavismo indígena | Andrés Reséndez
El volumen escrito por Andrés Reséndez mira de frente la violencia que definió la esclavitud de indígenas. Sin eufemismos, este autor acompaña el martirio documentado demillones de personas amerindias (entre 2.5 y 5 000) que entre el siglo XVI e inicios del siglo XX fueron esclavizadas o sometidas a lo que el autor denomina “la otraesclavitud”. Leia Mais
Revista História Hoje. São Paulo, v. 9, n. 18, jul./dez. 2020.
- Aprendizagem histórica em tempos de rupturas de paradigmas | Renilson Rosa Ribeiro | 10.20949/rhhj.v9i18.762 | | 1-2
- Uma interpelação contínua ao Ensino de História: a aprendizagem histórica em questão | Marcella Albaine Farias da Costa, Marcus Leonardo Bomfim Martins | 10.20949/rhhj.v9i18.763 | | 3-14
Dossiê
- A abordagem de temas sensíveis em curtas-documentário: reflexões sobre os usos do passado | Marcelo Henrique Leite, Rafael Monteiro de Oliveira Cintra | 10.20949/rhhj.v9i18.670 | | 15-33
- Entre efemérides e histórias de grandes vultos: a presença de biografias nas aulas de História do Ensino Médio | Jerônimo Adelino Pereira Cisneiros Galvão | 10.20949/rhhj.v9i18.681 | | 34-54
- Ensino de História, aprendizagem significativa e a atuação do professor: desafios do tempo presente | Naicon Souza Brinco, Maria Aparecida da Silva Cabral | 10.20949/rhhj.v9i18.689 | | 55-76
- As matrizes teóricas da aprendizagem histórica no Brasil: um estudo compreensivo | Letícia Mistura | 10.20949/rhhj.v9i18.693 | | 77-100
- Para uma aprendizagem histórica: dos mitos aos desafios | Ana Isabel Moreira | 10.20949/rhhj.v9i18.654 | | 101-124
- O entrelugar do aprendizado escolar de História: uma perspectiva de História Pública | Sonia Wanderley | 10.20949/rhhj.v9i18.696 | | 125-144
- Refigurações narrativas discentes nas aulas de História: reflexões sobre aprendizagens dessa disciplina escolar | Marcus Leonardo Bomfim Martins, Alexandre Rodrigues de Frias Barbosa, Carmen Teresa Gabriel | 10.20949/rhhj.v9i18.704 | | 145-169
- Ensino de história como reativação do político | Renata da Conceição Aquino da Silva | 10.20949/rhhj.v9i18.709 | | 170-192
Falando de História hoje
- A ideia de povo brasileiro nas lições de História do professor Joaquim Silva | Halferd Carlos Ribeiro Junior, Arnaldo Pinto Junior | 10.20949/rhhj.v9i18.569 | | 193-202
E-Storia
- Entrevista – Terrie Lisa Epstein: Educação histórica: quatro abordagens | Maria da Conceição Silva, Marcelo Fronza, Rafael Saddi Teixeira | 10.20949/rhhj.v9i18.598 | | 203-232
História Hoje na sala de aula
- A metodologia WebQuest no ensino de História: uma experiência com estudantes da educação básica | Éder Dias Do Nascimento, Fábio André Hahn | 10.20949/rhhj.v9i18.572 | | 233-257
- O Ensino da história da escravidão no Rio Grande do Sul através de documentos: um relato de experiência | Vanderlei Machado, Dionathas Moreno Boenavides | 10.20949/rhhj.v9i18.595 | | 283-302
- “Desde menor, a minha escola é minha favela”: Uma análise sobre o funk enquanto dispositivo pedagógico de educação nas aulas de História e Sociologia. | Juliana da Silva Bragança, Ingra Daniela dos Santos Maciel | 10.20949/rhhj.v9i18.591 | | 258-282
Artigos
- Narrativas de estudantes do 9º ano e as ideias históricas sobre a regionalidade no Vale do Taquari – RS | Cristiano Nicolini | 10.20949/rhhj.v9i18.577 | | 303-323
- Narrativas de professoras: sentidos para o ensino de história, a docência e o currículo | Artur Nogueira Santos e Costa | 10.20949/rhhj.v9i18.580 | | 324-345
Historia Caribe. Barranquilla, Vol. 15, Num. 37, Julio-Diciembre, 2020
Editorial
- Editorial
- Comité Editorial
- Presentación Dossier Rutas y travesías en el Caribe continental: historias de un territorio vacío
- Margaret Shrimpton Masson, Antonino Vidal Ortega
Artículos
- El bucanero reformado como creador de geografías: espacio y territorio en la costa peninsular yucateca
- Ana Elvira Cervera Molina
- Las movilidades y prácticas turísticas ¿criterios válidos para delimitar el Caribe continental? Reflexiones a partir del caso de Yucatán
- Samuel Jouault
- Lo africano-afrocaribeño en la construcción y representación de la identidad yucateca como parte del Caribe continental. Notas de un reclamo inconsciente
- Jorge Victoria Ojeda
- Opacidad y transparencia del Caribe en las representaciones de Yucatán. Dos casos de cultura visual
- Maricruz Castro Ricalde
- Mapas textuales de la península de Yucatán en el Caribe Continental: narrativas de huracanes
- Margaret Shrimpton Masson
Tema Abierto
- La prostitución como un problema de salubridad pública: Prostitutas, violencia y leyes en el Departamento del Atlántico, 1911-1950
- Ángela Lucía Agudelo González, Willian Alfredo Chapman Quevedo, Saray del Carmen Martínez Sotomayor
- Los acuerdos y la idealización del palenque en la provincia de Cartagena: el caso del Totumo (1714-1767)
- Dolcey Romero Jaramillo
Reseñas
- Bassi, Ernesto. Aqueous Territory; Sailor geographies and New Granada’s Caribbean World. Duke, University Press. Durham and London; 2016.
- Aneth Acuña Noguera
- Polo-Alvarado, Lorna. Vida de mujeres: entre la sumisión y la subversión. San Juan: Editorial Luscinia C.E., 2018.
- Alexander Steffanell
Indices General
- Índice Volumen XV (2020) Números 36 y 37
- Eva García Charris
Normas e instrucciones para autores
- Normas e Instrucciones para autores
- Declaración de principios éticos y prácticas editoriales de la revista Historia Caribe
Publicado: 2020-07-01
Mythos – Revista de História Antiga e Medieval. Imperatriz, n.2, 2020.
- Alair Figueiredo Duarte
Editorial: A importância da memória coletiva na construção do pensamento histórico
- Maria Cecília Columbani Dios-hombre-mundo. Una lectura antropológica de la relación
- Arilla Nicolle da Costa
- A representação do corpo feminino em Santa Clara de Assis
- Camila Nascimento de Amorim
- O papel social da mulher na formação das sociedades na Mesopotâmia
- Daniela Lima Evangelista, Fabrício Nascimento de Moura
- Império Bizantino: a situação politica no contexto das campanhas militares de Alexius Commeno – século XI
- Douglas de Castro Carneiro
- As representações do Imperador Claúdio nos Anais de Tácito
- Felipe Nascimento de Araujo
- Da tirania dos Pisístradas às reformas políticas e territoriais de Clístenes: o coro musical arcaido ateniense no contexto da segunda metade do século VI a. C.
- Jaqueline de Barros Sales
- Religião e poder: o Império muçulmano, uma nova ordem no velho sistema político religioso
- Juliana Maria de Souza Xavier, Fabrício Nascimento de Moura
- A união dinástica de Isabel de Castela e Fernando de Aragão: o casamento que fundiu reinos no século XV
- Lara Fernanda Portilho dos Santos
- Concubinato em Castela: entre a legislação e a prática social no caso de D. Leonor de Guzmán e Afonso XI
- Rodrigo Santos M. Oliveira
- A construção da crise republicana na Roma Antiga e a reordenação a partir das obras astronômicas
- Verônica Lima de Carvalho
- As produções iconográficas da cristandade e a aliança polítco-religiosa no Império Bizantino
- Victor Hugo Méndez Aguirre
- La felicidad de Sólon y la ética de Aristóteles
- Wanessa Kewry dos Santos Nascimento, Fabrício Nascimento
- Anatólia Antiga: grupos étnicos e a formação cultural da Anatólia do século I e II d. C
- Lennyse Teixeira Bandeira
Resenha: A Idade do Ferro Bretã: aspectos analisados sob a ótica da Arqueologia Funerária
Publicado: 14.12.2021
Questões rurais na América Latina em perspectiva comparada / Revista de História Comparada / 2020
L’Armeé imaginaire. Les soldats prolétaires dans les légions romaines au dernier siècle de la République | François Cadiou
La presente obra del Profesor François Cadiou —en continuidad con sus investigaciones sobre la guerra romana y su libro Hibera in terra miles de 20081 — es el resultado de su memoria de habilitación para dirigir investigaciones (HDR), defendida en diciembre del año 2013. El jurado evaluador, compuesto por las autoridades Jean-Michel David, Patrick Le Roux, John Rich, Jean-Michel Roddaz y Catherine Wolff, han asegurado una investigación rigurosa en cada dimensión de la Historia romana en general y la militar en particular2. Leia Mais
Handbook of Research on Citizenship and Heritage Education | Emilio José Delgado-Algarra, José María Cuenca-López
Es interesante iniciar este comentario recuperando algunas de las afirmaciones que realizan Ainoa Escribano-Miralles, Pedro Miralles Martínez y Francisca-José Serrano-Pastor al promediar la primera sección de esta obra (ver nota 1). Según los autores la educación patrimonial ha adquirido en España, en las últimas décadas, el estatus de disciplina científica por derecho propio, y ello sucede porque se ha demostrado que contribuye al desarrollo de la ciudadanía activa y crítica. La presente compilación, que se inscribe en la tradición angloamericana del handbook (manual) como especie de estado del arte de un ámbito de investigación, claramente da cuenta del vigor de los estudios sobre la temática en España (catorce artículos) y las redes académicas establecidas con colegas de Alemania, Canadá, Chile, China, Singapur (uno por cada país), Italia (dos), más colaboraciones entre investigadores de instituciones de Reino Unido/ EEUU y Singapur/ China (uno y uno respectivamente). Leia Mais
Global Citizenship Education and Teacher Education. Theoretical and practical issues | Daniel Schugurensky, Charl Wolhunter
El concepto de educación para la ciudadanía es tremendamente complejo, más si le añadimos el término ‘global’. Por este motivo, hablar de educación para la ciudadanía global (ECG) no basta para para situar al lector -ya sea estudiante, docente o académico- puesto que hay múltiples ideas e interpretaciones de lo que EGC significa. Las personas y los estados lo interpretan o lo enfocan de formas diferentes, ya sea por motivos epistemológicos, históricos, culturales, ideológicos o económicos. El libro reseñado aborda esta complejidad desde la perspectiva de la formación del profesorado, un debate que se hace necesario en los procesos de transformación educativa y social, puesto que sabemos que los cambios suelen darse a través de la formación inicial, en un proceso lento pero que puede conseguir resultados que realmente supongan un avance cultural y educativo significativo. Leia Mais
Endeudar y fugar. Un análisis de la historia económica argentina de Martínez de Hoz a Macri | Eduardo Basualdo || Historia de la deuda externa argentina. De Martínez de Hoz a Macri | Noemí Brenta || Salir del fondo. La economía argentina en estado de emergencia y las alternativas ante la crisis | Esteban Mercante
Los libros que aquí comentamos abordan la política económica reciente de la Argentina y sus principales transformaciones. Endeudar y fugar. Un análisis de la historia económica argentina de Martínez de Hoz a Macri. Buenos Aires: Siglo XXI, 2018, de Eduardo Basualdo; Historia de la deuda externa argentina. De Martínez de Hoz a Macri. Buenos Aires: Capital Intelectual, 2019, de Noemí Brenta; y Salir del Fondo. La economía argentina en estado de emergencia y las alternativas ante la crisis. Buenos Aires: Ediciones IPS, 2020, de Esteban Mercante. Aunque desde disímiles perspectivas, estos trabajos comparten el objetivo de analizar los problemas en torno al endeudamiento en nuestro país y especialmente la inflexión que significó para la política económica la victoria de la Coalición Cambiemos desde 2015. En los tres casos se recupera el pasado reciente con diversos argumentos, lo que nos permite observar varias ópticas en torno a ese pasado. De esta forma, proponemos comentar los principales razonamientos que los autores exponen acerca de las sucesivas etapas históricas analizadas y finalizar con un balance recuperando las diferentes miradas sobre los temas examinados. Leia Mais
O que pode a biografia | Alexandre de Sá Avelar e Benito Bisso Schmidt
Benito Bisso Schmidt é professor no Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nessa instituição, graduou-se e realizou o Mestrado e concluiu o Doutorado em 2002, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Durante a sua formação, Schmidt estudou temas referentes à Biografia e à História Social do Trabalho, como também passou a se debruçar sobre os Estudos Queer. Alexandre de Sá Avelar é docente no Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Graduou-se e tornou-se, em 2001, mestre pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e, posteriormente, cursou o Doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF). Avelar trabalhou com temas ligados aos campos da História Política, da Biografia, da Teoria da História e da Historiografia.
Organizada por esses historiadores, a coletânea intitulada O que pode a biografia apresenta a narrativa como eixo principal de análise e os capítulos divididos em duas sessões. A primeira, Horizontes Teórico-Metodológicos, está relacionada aos processos constitutivos da biografia (indivíduo, tempo, narrativa e escalas) e a sua inserção no debate público. A segunda, Experiências de Pesquisa e Leitura, apresenta as trajetórias de pesquisadores, que contribuíram para a coletânea da obra, e os parâmetros usados na elaboração de suas pesquisas. Leia Mais
Victoria Ocampo. Escritura/poder y representaciones | María Soledad González
La sonoridad del nombre de Victoria Ocampo sigue haciendo eco no sólo en el mundo de las letras y la alta cultura, sino también en el ámbito académico-científico. Si bien, los impulsos renovados del campo historiográfico -en dialogo interdisciplinar con otras ciencias sociales- han permitido reivindicar a las mujeres como sujetos históricos; el abordaje de las intelectuales argentinas del siglo XIX y XX aún es un terreno poco explotado. Desde esta preocupación, María Soledad Gonzáles nos ofrece Victoria Ocampo. Escritura, poder y representaciones, como producto de una tesis de maestría en Ciencias Sociales con mención en Problemas Políticos, defendida en la Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Así mismo, la presente obra abreva en el estudio de las configuraciones y trayectorias intelectuales en la Argentina metropolitana y periférica durante el siglo XX que, la autora, está realizando en el marco de su tesis doctoral. Leia Mais
Makers of Democracy. A Transnational History of the Middle Classes in Colombia | Abel R. Lopez Pedreros
Retrato de Abel Ricardo / www.youtube.com
El libro de Abel Ricardo Lopez Pedreros, egresado de la carrera de Historia de la Universidad Nacional de Colombia, sede Bogota, y ahora profesor de la Western Washington University en Estados Unidos, busca reflexionar criticamente sobre la comun asociacion entre clases medias y democracia, pensando en los sectores medios de Bogota en las decadas de 1970 y 1980. Dicha asociacion es algo que hace tanto el pensamiento de derecha como el de izquierda, ambos exigiendole el deber ser de ponerse al servicio de la democracia, bien sea la liberal o la revolucionaria. Por clase media, Lopez Pedreros entiende no necesariamente un hecho social, mas bien, es el cruce entre condiciones existentes, racionalidades de poder —en terminos de clase y genero—, y la formacion subjetiva, a traves de las practicas y discursos. Desde esta propuesta, el autor construye en dos partes y 8 capitulos su reflexion critica. En la primera parte se centra en los discursos que delimitan y crean —hasta cierto punto— a las clases medias bogotanas de mitad del siglo pasado. En la segunda seccion mira las decisiones de actores concretos para conformar la identidad de esas clases.
Asi, el autor va mostrandonos las particularidades de nuestra democracia y por ende de nuestras capas medias, para verlas distintas, cuando no “bastardas”, de las europeas y norteamericanas. Esas capas, supuestamente, son simbolo de la lucha contra las oligarquias criollas y exigen una lectura de la sociedad no en terminos binarios de dos clases opuestas, pues hay una mas en la mitad. Las clases medias alimentan y son alimentadas por las pequenas y medianas industrias que reciben credito del Estado y de las agencias norteamericanas vinculadas a la Alianza para el Progreso, el famoso programa anticomunista lanzado en la presidencia de John F. Kennedy (1961-1963). Finalmente, en esa primera parte, las capas medias tambien estan vinculadas al sector de servicios o terciario, en el que se dan procesos de seleccion, segun estereotipos comunes de clase y genero. Leia Mais
Cuando la copa se rebosa. Luchas sociales en Colombia, 1975-2015 | Archila Mauricio Neira
En la introduccion de esta obra, Martha Cecilia Garcia da cuenta de la biografia intelectual que hizo y hace posible la existencia de la base de datos del cinep. Inicialmente, situa, con nombres propios, a sus directores e investigadores, a su personal y al equipo de movimientos sociales como lugar academico y moral abierto a la investigacion accion participativa. Los pone en el filo de la navaja de los conflictos sociales, escuchando y acompanando a los protagonistas de las luchas que se estudian. El correlato etico viene a ser un compromiso con los derechos humanos y la busqueda de la paz.
Martha Cecilia enfatiza la labor reflexiva del seminario permanente del equipo, donde analizan teorias y balances para lograr articular herramientas conceptuales y operativas en permanente desarrollo y construir los lenguajes adecuados para sus propositos comunes. En esta biografia intelectual, su autora hace memoria de las lineas de evolucion de la base de datos, condicionada por los afanes de dar cuenta de protagonistas sin reconocimiento necesario —como los movimientos civicos, barriales y urbanos que llamaron la atencion de Javier Giraldo (1987)— y, en simultaneo, de movimientos campesinos, especialmente de la Asociacion Nacional de Usuarios Campesinos (anuc), y la lucha por desalambrar en los anos setenta que dio como resultado la importante investigacion de Leon Zamocs, Los usuarios Campesinos y la lucha por la tierra en los años 70 (1982). Luego se viviria una ampliacion de la cobertura hasta acunar // once actores: asalariados, campesinos, pobladores urbanos, estudiantes, grupos etnicos —indigenas, negros o afrocolombianos y raizales— victimas del conflicto interno, mujeres, poblacion lgbti, trabajadores independientes, gremios —entre los que se destacan comerciantes y transportadores— que, sin constituir movimientos sociales, en ocasiones recurren a la protesta, y reclusos (p. 45). Leia Mais
Travessias: Cantos, recantos e modas da nossa gente / Cadernos de História / 2020
Em 2020, Minas completou 300 anos de uma história dinâmica, resiliente e em constante transformação. Olhar para a produção acadêmica com a temática regional e refletir sobre a riqueza de temas e seus produtos nos faz respirar Minas e se inspirar. É assim, com alegria, que apresentamos o Dossiê Travessias: Cantos, recantos e modas da nossa gente com intuito de divulgar e promover ainda mais a pesquisa que se faz sobre Minas Gerais.
Escolhemos abrir esse Dossiê trazendo a discussão sobre os intelectuais e o poder. O artigo Poder e política nas Minas Gerais, de Ana Tereza Landolfi Toledo, discute as relações de poder em Minas no contexto da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, a partir da análise de D. Manoel de Portugal e Castro, que assumiu o governo da capitania de Minas a partir do ano de 1814. Toledo analisa a atuação política de Portugal e Castro na tentativa de mitigar as tensões das elites locais com a Coroa Portuguesa. Com um texto instigante, somos levados a conhecer esse importante ator político e administrador e suas ideias ilustradas, e como essas ideias impactam na construção de uma relação de poder na capitania que acabou impulsionando a abertura de fábricas, a exploração da extração de ferro e a abertura de novos caminhos e estradas para escoar a produção mineira.
Continuando o debate dos intelectuais na capitania, Márcio Pereira vai apresentar o naturalista Joaquim Veloso de Miranda, que, entre 1780 e 1805, também a serviço do Estado português, pesquisou a botânica, a mineralogia e os metais da capitania de Minas Gerais, buscando a identificação de potencialidades de exploração e atendimento das demandas da Coroa portuguesa. Miranda e seus auxiliares, além do conhecimento inestimável sobre a flora, promoveram as ciências na capitania a ponto de influenciarem na decisão régia de implantação de um horto botânico em Vila. Ao longo do artigo conhecemos o trabalho de Veloso de Miranda e seus auxiliares, destacando as ideias, mas também o ofício do naturalista numa contribuição importante ao lançar luz sobre o trabalho e seus saberes no final do século XVIII.
Em Sob o sol das estradas, Mariana Brescia Cruz, Fernanda Mendes Santos e Silvia Maria Amâncio Rachi Vartuli, nos levam para uma temática que é relativamente popular ao se remeter à tradição mineira, mas que paradoxalmente ainda é pouco trabalhada nas produções acadêmicas: O tropeirismo. O interesse metropolitano pela capitania estava nas riquezas, como o ouro, e também no seu potencial econômico, que exigia o escoamento da produção para os portos litorâneos. Os tropeiros eram agentes necessários para a configuração de uma rede de transportes que envolvia a mineração, principal produto até o século XVIII, e também eram responsáveis pela circulação de mercadorias tão necessárias à manutenção da capitania, como a manutenção da Corte no Rio de Janeiro. As autoras desvelam, a partir dos registros, esse ofício, seu desenvolvimento, seus desafios, as relações que se estabeleceram nessas idas e vindas dos tropeiros e sua permanência ao longo de gerações.
Avançando e caminhando pela História do imaginário, Rudney Avelino Castro Silva discute o segredo como persistência frente às perseguições inquisitoriais de judeus em Imaginário religioso e persistência: estudo dos ritos mortuários judeus à luz da Inquisição portuguesa nas minas setecentistas. O autor retoma a documentação de réus do Tribunal do Santo Ofício em Lisboa e analisa os ritos mortuários identificados para discutir o papel do segredo como instrumento de perpetuação de uma tradição religiosa e identitária, que conscientes ou não, guardaram sentidos e rituais judaicos entre os moradores de Sabará-MG. Tanto o segredo como sua expressão opositora, a traição, na perspectiva simmeliana, vão sustentar as análises do Tribunal da Inquisição na promoção de silenciamentos essenciais para a própria sobrevivência dos judeus nas Minas setecentistas.
Abrindo espaço para discutir um pouco os arranjos familiares, a infância e as mulheres, apresenta-se o texto Aspectos da história da infância nas Minas Gerais (Séculos XVIII-XIX). Nesse artigo, Denise Aparecida Sousa Duarte e Weslley Fernandes Rodrigues, com base em fontes documentais diversas (registros de óbitos de inocentes, devassas, relatos de viajantes, testamentos), desvelam a criança na capitania como um ator social. A criança foi geralmente analisada na perspectiva dos adultos, sem muito foco e sem definição clara na sociedade. No Brasil isso se refletiu em descaso e em silenciamentos. O desafio apontado pelos autores é interpretar as pouquíssimas referências da criança na documentação, e destaco nesse caminho a importante contribuição no apontamento das relações afetivas que são ressaltadas nessas interpretações, com a análise dos testamentos dos filhos bastardos e órfãos e os ex-votos (pintados em tabuletas como cumprimento de uma promessa já realizada) que se fizeram presentes nas Minas entre os séculos XVIII e XIX.
Dando sequência às relações familiares e de afeto nas Minas, o artigo O concubinato na América portuguesa: resistência feminina, afetividades, famílias e mestiçagens na comarca de Sabará no século XVIII, de Igor Bruno Cavalcante dos Santos, analisa o concubinato na comarca de Sabará no século XVIII. O trabalho mergulha nas análises sobre a mestiçagem com destaque às mulheres (tanto as negras como as mestiças), por vezes pouco visíveis na historiografia. O autor vai apontar as ambivalências do sistema colonial na revelação das relações afetivas mistas (legítimas ou ilegítimas sob a ótica religiosa), que envolveram escravas concubinas e os filhos frutos desses relacionamentos presentes e identificados na documentação. Dá voz para a complexidade das relações no Brasil colonial e indica vislumbres de um Brasil silenciado que carrega uma diversidade de estratégias e arranjos familiares, envolvendo afetos e disputas na sucessão e abre uma janela importante para novas pesquisas sobre gênero e família no Brasil.
Com foco na questão do gênero no século XIX, Séfora Semíramis Sutil se debruça sobre os modelos de feminilidade e seus paradoxos entre as classes menos abastadas a partir da análise da documentação em Das virtudes ou infortúnios femininos: os ideais de conduta no Brasil oitocentista. O modelo de mulher construído no Brasil do XIX deveria ser honrada, virtuosa, submissa, assim, os manuais de civilidade que circularam no Brasil, os periódicos e também os modelos femininos construídos nas obras literárias carregavam essa representação e educavam as mulheres determinando condutas social, religiosa, sexual e familiar que eram adequadas à feminilidade. Entretanto, a autora vai nos apresentar à Luiza Maria da Conceição, moradora da vila da Formiga em Minas Gerais, acusada do assassinato de seu esposo, indicando as distâncias possíveis entre a conduta ideal e desejável para as mulheres e as práticas cotidianas que variavam de acordo com o lugar social.
Chegando aos dias atuais, o trabalho Mulher comparsa: o testemunho midiático como delito de gênero, de Leticia Silva Azevedo e Lúcia Lamounier Sena, analisa os recursos discursivos nas páginas policiais a partir dos Cadernos Cidades dos jornais OTEMPO e o Super Notícia, no período entre 2006 / 2016. Ao analisar as notícias sobre mulheres que atuam no tráfico de drogas, as autoras identificaram que há silenciamento do relatado que é operado pelo mediador (o jornal, o jornalista) e da construção do papel e da História dessa mulher, associada como comparsa do crime. Apreende-se uma importante construção midiática sobre gênero e seus desdobramentos que não só vale a leitura, como nos leva a refletir sobre as permanências das representações da mulher na sociedade e de sua moral colocada sempre em julgamento por meio do discurso, que varia, no caso de crime de tráfico, no tratamento de homens e de mulheres. Prevalece, como afirmam as autoras, um sujeito “gendrado” carregado de simbologias sobre o feminino e suas categorias (maternidade, espaço doméstico, amor / paixão, cumplicidade feminina e vitimização).
A SOLIDÃO DOS MINEIROS: mineiridade, patrimônio cultural e os processos de hierarquização de pessoas e lugares em Minas Gerais ao longo do século XX vai nos levar para as questões acerca da memória e o conjunto de representações identitárias e patrimoniais sobre Minas Gerais. Dialogando com sua experiência de pesquisa Patrimonial, Carolina Paulino Alcantara destaca os olhares distintos e os silenciamentos promovidos a partir de critérios de seleção e exclusão de grupos e elementos culturais. O título remete à solidão, evocando as ausências e invisibilidades de pessoas e grupos em diferentes momentos da História de nosso estado. Registros dos costumes, das tradições e outros princípios norteadores das representações de Minas tenderam a privilegiar a região centro sul e, nessa toada, a autora discute e desvela as disputas pela memória na formação da identidade mineira a partir dos projetos, ações e concepções dos dirigentes e gestores públicos do estado mineiro.
A extensão territorial e a diversidade do Estado mineiro vai nos levar ao O poder e suas representações no interior das comunidades agregas do Vale do Mucuri, Minas Gerais (1850-1950), num trabalho interessante, Marcio Achtschin Santos, nos revela a relação do trabalho na atividade agro pastoril, na região do Vale do Mucuri a partir da agregação, que corresponde à forma de ocupação da terra por meio de cessão a homens livres. Implantada desde o período colonial, a agregação vai aumentando no nordeste mineiro com o enfraquecimento da escravidão ao longo do século XIX. A proposta do autor é, a partir das entrevistas, identificar a relação territorial e de poder que se estabelece. O autor pergunta de que modo é construído o imaginário para o reconhecimento e permanência das relações de poder e, dando ênfase à cultura e aos ritos da tradição das comunidades agregas, vai identificando os sentidos e estratégias na relação marginal com os grupos dominantes. Na escuta dos entrevistados, vai dando foco às estratégias comunitárias, às especificidades regionais e às transformações ao longo do tempo.
Por fim, mas nunca menos importante, Rogéria Alves e Karla Cerqueira vão apresentar e discutir a organização e as ações implementadas entre 2015 e 2018 na Educação Escolar Quilombola pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. A Educação Escolar Quilombola em Minas Gerais: Identidade e Resistência trata da importante compreensão da Resolução Nº4 / 2010 das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação Básica e seu artigo 41, que institui a Educação Escolar Quilombola como uma modalidade especial e determina sua existência em áreas quilombolas com pedagogia própria que respeite a cultura dos seus moradores. As autoras discutem os avanços dessa discussão no país em direção à uma proposta de educação inclusiva e plural (de todos, indo além da própria visão de que quilombola são herdeiros dos negros escravizados) e fornecem um panorama da aplicação da Educação Escolar Quilombola nas políticas públicas de educação e particularmente nas ações implementadas pela SEEMG, apontando seus avanços e seus desafios.
Excelente leitura!
Júlia Calvo – Editora da Revista Cadernos de História.
CALVO, Júlia. Apresentação. Cadernos de História. Belo Horizonte, v.21, n.34, 2020. Acessar publicação original [DR]
História e Literatura | Contraponto | 2020
As relações entre a História e a Literatura permaneceram durante muito tempo influenciadas pelo conceito aristotélico que preconizava o caráter universal da Poesia, em oposição ao caráter particular da História. Segundo essa concepção, a História ocupar-se-ia essencialmente do real, dando testemunho da sociedade e fazendo referência a uma trama complexa e efetiva de fatos e acontecimentos. A Literatura, por sua vez, teria a liberdade de narrar considerando não apenas a mimetização dos fatos inscritos na própria história, mas até mesmo o irrealizável, além de todo um repertório de possibilidades e virtualidades que, escapando ao mundo concreto e referenciado do historiador, poderia ganhar vida e significado no universo imaginário do poeta ou do ficcionista.
Hoje, tendo em vista sobretudo a multiplicidade de tendências historiográficas e o vigor dos estudos que têm como centro as linguagens, multiplicam-se as perspectivas do repensar e repropor as relações entre História e Literatura, em bases mais convergentes, uma vez que, a partir desses novos paradigmas, o discurso historiográfico passa a privilegiar objetos não focalizados por óticas objetivistas e estruturais que predominaram por muitas décadas do século XX, voltando-se cada vez mais para o registro da vida cotidiana, das diferentes modalidades de crenças, dos costumes, das sociabilidades literárias, das relações familiares, da infância e outras idades da vida e para as dimensões imaginárias da sociedade. Esses novos interesses favoreceram, entre os historiadores, a redescoberta do discurso literário como um registro de alternativas ou virtualidades que, embora não necessariamente desenvolvidas no processo real dos acontecimentos, tornam-se testemunhos daquele meio social, expressão legítima de sua historicidade.
Tanto a Literatura como a História vêm colocando em plano secundário abordagens que apenas punham em relevo autores e obras, destacando as ideias por essas veiculadas, em abordagens ligadas à tradição da história das ideias, ainda de padrão iluminista, que se instaurou, ganhou corpo nos últimos dois séculos e cujas “origens” podem ser localizadas no século XVIII. Em que pese a força dessas práticas escriturísticas canonizadas, os estudos historiográficos e as perspectivas do campo das linguagens passaram a incorporar, para além da vida e da obra dos autores, outras variáveis analíticas, ancoradas no social, que podem não apenas explicar a especificidade intrínseca dessas obras, mas também evidenciar articulações mais consistentes entre História e Literatura, vista na sua complexidade de registro rico, tenso e criativo, que associa apreensões de vidas contadas e de mundos inventados. Desse modo, História e Literatura partilham cada vez mais o interesse por aquilo que diz respeito à vida cotidiana, às dimensões da subjetividade humana e às aproximações entre a vida social no seu sentido mais amplo e a vida literária.
Para além da obra em si, e das biografias realistas e imaginárias de seus produtores enquanto sujeitos da criação literária, interessa cada vez mais o estudo da História, não apenas para dar ênfase às conexões vida-obra, para realçar a vida pessoal na composição de biografias intelectuais, porém igualmente para definir (ou para lançar conjecturas) articulações entre essas vidas que têm (ou poderiam ter) uma marca singular e todo o universo social mais amplo que as configura, com graus variáveis de complexidade.
Embora o historiador tenha consciência de que a literatura, enquanto produto estético, resulta de procedimentos linguísticos e retóricos específicos, sendo dotada de plurissignificações, não se pode perder de vista a noção de que tanto o criador quanto a obra estão imersos em contexto social que também confere sentidos particulares ao produto ficcional. Daí a relevância de estudos integrados entre os pesquisadores dos diferentes campos das Letras e da História, em encontros que favoreçam a expansão e a criatividade nos usos de antigos e novos suportes de escrita, divulgação e leitura de fontes capazes de tornar a compreensão da Literatura cada vez mais como registro compreendido em sua historicidade. Nessa perspectiva, não apenas conjugando esforços, mas divulgando os resultados de pesquisas, críticos literários, estudiosos das linguagens nas suas mais distintas expressões, teóricos da Literatura e historiadores podem descobrir novas formas de utilização de diferentes acervos, gerando novos diálogos, enriquecer as respectivas áreas de saber construindo ou incorporando novas modalidades de interpretação.
Realçamos esses aspectos consensuais e de aproximação também para remarcar que eles não correspondem à riqueza dessas relações. Na longa continuidade das relações entre História e Literatura, essas relações guardam especificidades próprias em que cruzamentos interdisciplinares (ou sua recusa), interlocuções conflituosas e problemáticas, distanciamentos e deslocamentos maiores ou menores entre os dois campos, convergências, divergências e afinidades têm ocorrido, propiciando e favorecendo os enriquecimentos disciplinares, seja por meio de diálogos criativos e abertos, seja pelos conflitos mais intensos e de posturas mais agressivas. A emergência e o indiscutível vigor da História Cultural ao tempo em que pôs a nu esse cenário de disputas interdisciplinares, de âmbito global, terminou por criar as bases para novas relações que se estabeleceram entre as duas áreas do conhecimento.
Enquanto as décadas de 1960 a 1990 podem ser, de um modo muito geral, reconhecíveis pelas intensas disputas, criadores de novas divisões disciplinares e de novas relações de poder no âmbito das Ciências Humanas, se constituem como um tempo de vigor do pensamento social e das dimensões estabelecidas e então reconfigurados no espaço-tempo da cultura escrita. O desejo do voltar-se para as produções intelectuais desses tempos recentes nos induz a insinuar, de forma breve, as notáveis transformações, reconfigurações, disputas e partilhas instituídas e favorecidas por obras seminais, como as de Foucault (1986 [publicado originalmente em 1969]; 2019 [1970]), Certeau (2015 [1995]; 1985 [1993]), Veyne (1983 [1976]; 1987 [1983]), Ginzburg (1987 [1976]; 1989 [1986]), Chartier (2002 [1985]; 1996 [1985]; 2002 [2002], Darnton (1987 [1982]; 1992 [1991]), White (2001; 2019 [1985]) e Williams (1989[1973]), para relembrar apenas historiadores, filósofos e críticos literários implicados nessas mudanças e influentes, não apenas na cultura historiográfica, mas na cultura brasileira. Remissão no campo das Letras e das Linguagens não poderia ignorar os impactos continuados de Saussure (2012 [1916]), as leituras de Bakhtin (1990 [1975]), Barthes (1988 [1984]), Hutcheon (1991) e do já citado Hayden White.
No Brasil, a virada historiográfica dos anos 1980 repercutiu essa ebulição no campo das Ciências Humanas de maneira seletiva, enfatizando as interlocuções com a História Social – especialmente a de matriz inglesa. A partir sobretudo dos autores franceses e de seus sugestivos estudos centrados na Linguagem (o enraizamento social dos discursos, as práticas discursivas e suas tônicas, a atenção às retóricas constitutivas das diferentes formas de expressão escrita, o discurso como representação), atentou-se para a necessidade de problematizar as velhas epistemologias. Apesar das reconhecíveis disputas disciplinares na historiografia brasileira dessa época, uma leitura das obras de maior impacto entre os historiadores sugere que estávamos longe de experimentar as batalhas discursivas e as guerras por distinção que em certos momentos pôs em campo o paradigma estabelecido dos Annales, a História Social (marxista), os teóricos da Linguística e da Teoria Literária em suas versões mais críticas ao discurso do historiador e as sugestões de elisão de fronteiras em benefício da Teoria Literária. Essa movimentação do conhecimento e a emersão de suas novas formas, ao vergastar o estabelecido, sugeriu uma leitura metafórica do campo (de disputas): os inimigos batem à porta da História, a cidade historiográfica organiza a defesa e ocorre, seguramente, renovação da disciplina e alargamento que alcança não apenas o aspecto temático como igualmente suas epistemologias. Essa interpelação avassaladora vinda tanto do campo filosófico quanto do linguístico e literário alimentou fantasmas que, em certo momento, aterrorizaram os historiadores – o retorno visto como terrificante das narrativas do político e do sujeito – vistos como um flerte com o passado (e as compreensões dele) caricaturado nas influências e continuidades do modelo Langlois/Seignobos. No Brasil desses anos não tão distantes, essa inquietação foi nomeada como “crise dos paradigmas”.
Dessa “Era dos Conflitos” passou-se à “Era das Negociações”, na qual as fronteiras da Ciência, da História e da Arte vão se tornando mais maleáveis e transponíveis, remarcando a convivência e, para alguns, a passagem mesmo de um paradigma do social ao domínio do cultural, cujas porosidades indicam talvez a força de uma maior alteração na produção/difusão dos saberes e uma compreensão mais difundida das pluralidades das práticas sociais e de seu permanente devir. Não que essas passagens sejam necessariamente validadas. Durante a década de 1990 essas aproximações, bem como o emprego recorrente da noção de discurso como representação e também como prática, tornou ainda mais complexas e interligadas as insurgências e as acomodações nos diversos campos do conhecimento. Um dos resultados desses encontros e conflitos instáveis talvez seja o recuo daquelas fórmulas milenares vindas dos tempos de Aristóteles, mostradas no início desta apresentação.
Neste Dossiê é possível ter acesso a faces das relações entre História e Literatura, que guardam sintonia com algumas das cristalizações da tradição, bem como com os novos aportes que vêm sendo introduzidos – modificando, questionando, recusando ou simplesmente reelaborando as tradições anteriores e canonizadas. Percebe-se certo recuo da intensidade das interlocuções e dos desafios que tomavam a feição de retórica de antagonistas. Mesmo que pareça sutil esse deslocamento, já aparece como consolidação de uma tendência na produção das duas áreas. Evidentemente, sugerimos uma hipótese.
Colaboradores de quase todo o Brasil foram sensíveis à chamada, propiciando ao Dossiê a consecução do objetivo proposto pelos coordenadores:
[…] reunir artigos acerca das relações entre História e Literatura, através de reflexões sobre experiências de grupos ou sujeitos históricos inseridos em diferentes espaços e períodos. A partir de perspectivas interdisciplinares, busca-se coligir estudos que problematizem as historicidades dos autores e/ou suas obras – contos, poesias, crônicas, romances, dramaturgias, etc. Nessa proposta, a literatura, para além de seu caráter social, interligado a uma complexa rede de fatores enraizados nas experiências históricas de seus produtores e receptores, bem como um testemunho sobre determinadas realidades, sujeitos, sensibilidades, valores, ideologias, representações e códigos culturais. Dessas múltiplas relações e testemunhos, surge um amplo e diversificado horizonte de pesquisa a ser explorado, no qual podem ser contempladas diferentes temáticas, tais como história das mulheres, imprensa, escravidão, manifestações culturais, política, religião, saúde, entre outras (QUEIROZ, ELGEBALY, FERREIRA, 2020).As respostas não poderiam ter sido mais animadoras e o número de artigos recebidos para avaliação (56) mostra o interesse pela temática, a vitalidade de ambos os campos, além de uma aparente tranquilidade na convivência interdisciplinar, que apontam não só para relações relativamente pacificadas, o que não significa elidir as notáveis diferenças, como pode ser observado na visível influência norte-americana entre os estudiosos da Literatura em virtude da riqueza e diversidade assumidas pela Teoria Literária e um modo recente de adentrar na seara historiográfica, especialmente com os recursos teóricos e conceituais nomeados “metaficção” e “metaficção historiográfica”. Os estudos metaficcionais, como é sabido, tomam como referência teorias principalmente de origem anglo americana, entre os quais pontifica Hayden White. Entre os pesquisadores atuais, como Linda Hutcheon e Julia Kristeva, a pretensão de ampliar os estudos historiográficos sugere uma revisitação das narrativas construídas pelos historiadores, para nelas apor as virtualidades, os possíveis e, sobretudo, indicar os silêncios e fazer ecoar novas vozes. Evidentemente, há variações no campo e este Dossiê permite a observação de algumas. Os estudos metaficcionais afirmam outras modalidades de encontro/desencontro entre a História e a Literatura e apresentam as renovações na esfera dos Estudos Literários, bem como sinalizam para as multiplicidades de apropriação e reinvenção do passado. Com isso, a História e a Historiografia se tornam objeto da Literatura. A História (escrita) se torna fonte. Os empréstimos e trocas são cada vez mais perceptíveis e apontam para horizontes que aparecem associando os dois interesses.
Verificamos também a apropriação cada vez mais consistente da Literatura, em todos os gêneros, pelos pesquisadores da área de Educação. Identificamos igualmente o cuidado dos colaboradores com as múltiplas historicidades dos produtos, ou seja, cada vez mais uma expressiva consciência do tempo como o solo fecundo e incontornável das diferentes formas da escrita e das características de seus suportes materiais e imateriais.
Esse esforço colaborativo e essas permeabilidades de fronteiras não elidem as especificidades disciplinares e as diferenças nessas duas antigas tradições do conhecimento ocidental. O que se esvaiu, parcialmente, foi o polemismo que marcou as décadas finais do século XX no Brasil, o que pode ser bem exemplificado pelas disputas diretas ou sub-reptícias nas abordagens dessas relações em Nicolau Sevcenko (1992, 2003) e em Sidney Chalhoub (2003), historiadores muito representativos desses trânsitos disciplinares. Ao tempo em que a obra Nicolau Sevcenko é incorporadora das novas vertentes culturais [1] e interdisciplinar, flertando com o linguistic turn e inserindo a historiografia nas perspectivas ditas pós-modernas, Sidney Chalhoub professa continuada e reivindicada adesão à História Social (inglesa). Sob um substrato de diferenças, os autores compartilham a posição que foi bem expressa por Sevcenko: “Fora de qualquer dúvida; a literatura é antes de mais nada um produto artístico, destinado a agradar e a comover; mas não se pode imaginar uma árvore sem raízes, ou como pode a qualidade de seus frutos não depender das características do solo, da natureza do clima e das condições ambientais?” (SEVCENKO, 2003, p. 29).
No Brasil, especialmente no que diz respeito aos Estudos Literários, por muitas décadas tem prevalecido o cânone, tanto no sentido da continuidade de aportes teóricos fundados nas obras seminais de Antonio Candido, Luís Costa Lima e Alfredo Bosi – destacando-se a força da Escola Paulista e o domínio do conceito de formação do sistema literário –, como do ponto de vista da seleção dos autores/obras como objeto de interesse. Neste Dossiê, isso pode ser observado nas escolhas feitas – e oriundas em sua maioria dos cursos de pós-graduação em Letras – dos escritores renomados na literatura brasileira, como Machado de Assis e Aluísio Azevedo, cujas produções atravessam séculos sem mostrar sinais de esgotamento e sem redução das edições e das vendas [2]. Destaques para Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Joaquim Manoel de Macedo, Alcântara Machado, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Júlia Lopes de Almeida [3]. Para o que nos interessa, queremos reforçar que o gosto pelo cânone não se expressa apenas na escolha dos autores-obras que suportam dezenas de análises, como igualmente nas interlocuções teórico-conceituais envolvendo os mais reconhecidos críticos literários brasileiros.
Para além do aspecto acima apontado, constata-se a ampliação do interesse pelas literaturas de várias origens e que são, seguramente, referências da cultura mundial, hoje. Os colaboradores trouxeram à cena literatos latino-americanos (Jorge Luís Borges), africanos (Mia Couto), europeus (Marcel Proust) e asiáticos (Xue Xinran). Nas escolhas realizadas pelos colaboradores, os destaques, considerando as clássicas periodizações da Literatura Brasileira, contemplaram o Romantismo e o Realismo, mas, sobretudo o Modernismo e a Literatura Contemporânea com suas variadas experimentações estéticas e retóricas. Entre as diversas correntes assumidas pelo Modernismo no Brasil realce para os autores nordestinos dos anos 30 e 40 do século XX, constituidores do nomeado Romance de 30, que se configura como uma das mais expressivas literaturas brasileiras do período, ao lado dos reconhecidos autores paulistas.
Também foram analisadas as literaturas de consumo regional, corroborando o esforço de levar ao proscênio outras possibilidades de expressão histórico-literárias, outrora silenciadas ou pouco conhecidas em recortes espaciais mais amplos. Nesse sentido, autores reconhecidos pela crítica especializada, porém, situados nas periferias da produção da cultura escrita nacional, ganham importância no Dossiê. Tomemos como casos exemplares Assis Brasil, Fontes Ibiapina, Ademar Vidal e Luiz Renato, através dos quais a historiografia e a crítica literária foram levadas a dar mais visibilidade a temas como a cidade, a pobreza, a modernização, os costumes, as práticas masculinas e femininas, a prostituição, as políticas urbanas, bem como a problematizar e colocar sob suspeição diferentes formas de exercício do poder.
As abordagens desenvolvidas em torno de livros, autores, editores, circulação de livros e formas de leitura sinalizam na direção do relevo conferido às expressões da censura promovida por regimes de exceção, marcadores de muitas décadas de gestão política especialmente na América Latina. Argentina e Brasil vivenciam as mesmas dificuldades e seus intelectuais se apoiam no sentido do usufruto mínimo do exercício da liberdade – experimentam uma liberdade restrita, mas possível, conforme aponta Bruno Rafael de Albuquerque Gaudêncio, ao se referir à prática literária da “autoria coletiva” e às inventividades dos autores e editores para escapar às censuras de seus respectivos países.
Pesquisadores de diferentes vinculações acadêmicas – História, Educação e Letras – nas suas muitas modalidades e nomeações (Literatura, Estudos Literários, Estudos Culturais, Estudos de Linguagens, Estudos Ortográficos, Linguística) conjugam-se neste Dossiê e apresentam suas descobertas e suas interlocuções principais, com o que podemos perceber o vasto espectro de leituras e as modalidades de apropriação, seja de teóricos reconhecidos em suas respectivas áreas de saber, seja das escolhas que guardam uma especificidade mais local. Esses panoramas de autores de referência podem ser vistos também no recurso a historiadores, teóricos da literatura e críticos brasileiros.
A surpreendente procura por este Dossiê é um indício da continuidade e quiçá do fortalecimento do interesse pelas duas áreas, da aproximação buscada entre a História e a Literatura e, de maneira tendencial, da vinda da Educação e do Direito, para a composição de novos estudos interessantes e instigadores são também os modos criativos e inumeráveis de apropriação das fontes e construção das narrativas, hibridizando autores e tendências que nos pareceriam inconciliáveis em décadas passadas.
Este Dossiê, inicialmente um projeto dos organizadores e dos editores da revista Contraponto, somente se viabilizou por ter se tornado um esforço coletivo, por ter encontrado boa recepção nos membros da comunidade acadêmica, que aceitaram o convite ao diálogo e disponibilizaram seus trabalhos ao escrutínio de um público mais amplo. Ao todo, foram mais de duzentos pesquisadores envolvidos na construção desta edição, profissionais que atuaram como autores, avaliadores, editores e secretários executivos, aos quais agradecemos o esforço e esmero empregados. Por fim, mas não menos importante, agradecemos ao professor Roger Chartier, que gentilmente aceitou o convite e disponibilizou um artigo para tradução, inédito em língua portuguesa e que, certamente, contribui para o constante repensar das relações entre História e Literatura.
Boa leitura!
Notas
- No Brasil, propor a cultura como tema, em épocas de governos autoritários, constituía, per se, uma insurgência e atraía um certo desprezo na própria universidade. O “literatura como omissão”, epíteto atribuído ao livro de Nicolau Sevcenko pelas esquerdas “uspianas” é sintomático da força desses preconceitos dos anos 1980 no que se refere à cultura como objeto de estudo e fornece a marca de um lugar, nos termos de Michel de Certeau (SEVCENKO, 2002; CERTEAU, 2015).
- Sobre a leitura, esse é um aspecto que deveria ser mais aprofundado, tendo em vista serem incompreensíveis essas continuidades sem um cuidadoso estudo de como funcionam o mercado editorial e as políticas públicas relacionadas aos livros escolares.
- As escolhas dos colaboradores recaíram sobre obras e autores que compõem o cânone brasileiro e que podem ser situados como atuantes desde os meados do século XIX até as décadas recentes. No caso, os autores contemporâneos podem ser representados por Carolina Maria de Jesus, Ana Miranda, Jomard Muniz de Brito e Luiz Renato.
Referências
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Teresinha Queiroz – Doutora em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professora do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí.
Maged Elgebaly – Coordenador do curso de Letras (Língua portuguesa e suas literaturas) em Aswan University (Egito). Pós- doutorando no Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal).
Ronyere Ferreira – Doutorando no Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí.
QUEIROZ, Teresinha; ELGEBALY, Maged; FERREIRA, Ronyere. Apresentação. Contraponto. Teresina, v. 9, n. 2, jul./dez. 2020. Acessar publicação original [DR]
Acessar dossiê [DR]
Educação a Distância. Batatais, v.10, n.3, jul./dez. 2020
3ª Edição Especial do 2º Congresso Internacional RCI de EaD / 16º Workshop NPT de EaD
Expediente
- O processo de tutoria online na Educação a Distância
- Daislene Rodrighero de CARVALHO
- Luís Felipe Bertucci LIMA
- Thiago Oliveira da SILVA
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- Diálogos sobre diversidade e educação inclusiva na formação docente de estudantes de Licenciatura na modalidade EaD
- Luana Pagano Peres MOLINA
- Juliana Chueire LYRA
- Maria Valéria Jacobucci BOTELHO
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- Efetividade das experiências de aprendizagem em EaD: estudo sobre a avaliação continuada de disciplina de nivelamento de cursos de Pós- Graduação lato sensu
- Dyjalma Antonio BASSOLI
- Alberto Geraissate Paranhos de OLIVEIRA
- Tiscianne Cavalcante de ALENCAR
- Felipe Ferreira CESTARI
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- As influências da cultura digital na educação: o modo como as tecnologias influenciam as relações educacionais e sociais
- Heloisa Alves ROSA
- Ana Cláudia Barbosa Lima ESCOBAR
- Vivian Massullo SILVA
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- Educação de Jovens e Adultos: um estudo sobre a formação docente
- Cátia Fernanda PIZETTA
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- O blog como ferramenta educacional no Ensino Fundamental
- Darlene Pinheiro dos SANTOS
- Gustavo de Oliveira ANDRADE
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- Coletivo Camaradas: cidade, produção artística e educação
- Marta Regina da Silva AMORIM
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- Letramentos acadêmicos: um olhar sobre a competência comunicativa dos alunos do Ensino Superior
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- O uso de TICs em uma aula de Música na Educação Básica: discussões para docentes
- Jasson André Ferreira SOBRINHO
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De brava a dura. Policía de la provincia de Buenos Aires. Una Historia (1930-1973) | Osvaldo Barreneche
Esta obra condensa la investigación de Osvaldo Barreneche en, por lo menos, los últimos diez años de su trabajo. Tal y como él lo manifiesta en la introducción, el libro fue de a poco anticipado en artículos publicados a lo largo de esta década. Sin embargo, la intención y objetivos del autor sólo se revelan en la reunión de los capítulos que conforman este libro. Efectivamente, el esfuerzo de la obra está orientado a entender lo que su título nos propone: una transición entre diferentes formas de concebir la policía bonaerense. Este énfasis en el proceso busca historizar, a contrapelo tanto del sentido común como de algunas reflexiones académicas, una institución que se percibe “siempre igual?, a la vez que apunta al rol ausente y en deuda de la disciplina histórica respecto de otras ciencias sociales y humanas que desde los años ochentas han venido estudiando a las fuerzas de seguridad. Leia Mais
Em Perspectiva. Fortaleza, v.6, n.2 2020.
Temática Livre
Editorial
Temática Livre
- O Estruturalismo em As Palavras e as Coisasuma História Estrutural do Saber.
- Pedro Ragusa
- Eva Perón e o populismo argentinoapropriações e interpretações
- Isabela Candeloro Campoi, Ivana Aparecida da Cunha Marques
- Lei de promoções e escola militaras transformações na escola nas décadas de 1840 e 1850
- Daniela Marques da Silva
- Comunidade Quilombola Lagoas-PIrelações entre a territorialização e o status de remanescentes quilombolas (2009-2010)
- Emanoel Jardel Alves Oliveira
- Teoria da história e teoria críticauma proposta monadológica e dialética
- Cecilia Magalhaes e Ribeiro Penteado
- O neopaganismo em Teresinaa vertente religiosa Piaga a partir do cruzamento de pontos de vista (2007-2016)
- Antonio Emanuel Batista de Sousa
- As práticas de sociabilidades dos grupos dirigentes na cidade de Natalos clubes como marcadores de distinções sociais (1920-1929)
- Karine Lopes
- Agenciamento e ações em massa de retirantes nas províncias do norte do império – 1877 e 1889
- Francisco Ramon de Matos Maciel
- “Aonde tu vai, rapaz, por esses caminhos sozinho?”histórias e caminhos do Marabaixo pelas ruas de Macapá – Ap.
- Sabrina Natali Silva Bentes
- Histórias para adiar o fim do mundoexperiências da religiosidade popular e a via sacra de Monte Santo
- Neffertite Marques da Costa
- (Cosmo) ontologias indígenas no semiárido
- Nívia Paula Assis
- Alianças e rompimentos eleitorais do “cidismo” no Ceará
- Emanuel Freitas da Silva
- Hegel e Fukuyamao fim da História?
- Maria Rita Guercio
Resenha
- La história como campo de batallainterpretar las violencias del siglo XX
- Thais Turial
- Entre a revolução dos costumes e a ditadura militaras cores e as dores de um país em convulsão
- Allana Letticia dos Santos
Entrevista
- Condenados da terracampos de concentração para os pobres da seca.
- Kênia Sousa Rios, Edmilson Alves Maia Júnior
- História Pública e História Oral em tempos de pandemia e autoritarismos
- Juniele Rabêlo Almeida, Míriam Hermeto, Edmilson Alves Maia Júnior, Sônia Meneses
Battista Venturello. Las huellas de un largo peregrinaje por territorios indígenas | Augusto Javier Gómez López
Este libro revela una cautivadora coleccion fotografica que se encontraba hasta hace poco resguardada en un pesado y viejo baul de la familia Venturello.
El libro, coeditado por la Universidad Nacional de Colombia y la Universidad de los Andes, hace parte de la coleccion especial Sublimis, la cual, tal y como su nombre lo indica, tiene como objetivo la publicacion de obras eminentemente extraordinarias. Al abrir y pasar sus paginas, el lector atraviesa una galeria etnografica y al internarse en la lectura de los textos, poco a poco encuentra y comprende el trasfondo historico en el que Battista Venturello obtuvo estos registros. Venturello nacio en el canton de Piamonte italiano en 1900 y a sus 22 anos salio de Turin en busqueda de las selvas africanas, pero un cambio de rumbo lo llevo a America. Alli, recorrio varias regiones colombianas durante la primera mitad del siglo xx y, finalmente, se radico en la ciudad de Cali. En la decada de 1960 fue el fundador, de la mano de sus hijos, de la primera industria de antenas de television en el pais. Leia Mais
Cultura Material, Arqueologia e Patrimônio | Memória em Rede | 2020
Memória apresenta duas facetas, a individual e a social, interlaçadas, mas diferentes. Em termos individuais (ἴδιος = dele), ou próprios (αὐτός = auto, próprio) a cada um, a lembrança é algo efêmero, seletivo, sujeito a contingências biológicas, além das psicológicas. As enfermidades podem alterar ou mesmo impedir as lembranças, a mostrar a sua base na fisiologia cerebral. Além disso, as recordações estão sujeitas à seletividade psicológica, a impulsos ou afetos, no sentido proposto pelo filósofo Bento de Espinosa (1632-1677) (Ética, 3,3,3,), de modo que qualquer impressão do passado é sempre uma invenção no presente, em constante mutação. Invenção vem de “eu encontro” (inuenio), sempre experiência objetiva e subjetiva, daí descoberta/invenção, a cada momento. A cerimônia de casamento, a primeira experiência no mundo do trabalho ou na escola, são reinventadas, a depender da época e das circunstâncias.
A utilização do mesmo termo, memória, para referir-se à lembrança social parte de uma transposição metafórica do indivíduo para o coletivo (Halbwachs 1950). Convém refletir um pouco sobre o sentido mesmo da palavra: a raiz -men, mente, pensamento, desejo, remete à vontade e, daí, à mente. Lembrança e prazer, parceiros insuspeitos. Se não há memória biológica, à diferença daquela de um indivíduo, como ela se manifesta na sociedade? Outro conceito, desta vez do hebraico, talvez possa jogar luz sobre isso: Zikaron, dispositivo de memória (da mesma raiz de “zakhor” = lembrar), de , zécher = resto. Leia Mais
Cultura Material: objetos, imagens e representações | Domínios da Imagem | 2020
A trajetória que envolve o debate sobre cultura material é extensa, complexa e multidisciplinar. Nos domínios da História, este debate tem como ponto de partida a vida material proposta por Fernand Braudel (1960/70), passando pelos trabalhos de Daniel Roche (1980/90), que procuraram congregar concomitantemente as contribuições da História Social e da História Cultural. Em geral, até o terceiro quartel do século XX, era tema e objeto de pesquisa específicos da Arqueologia e da Antropologia.
No Brasil, destacam-se alguns precursores que se reportaram aos objetos e procuraram, a partir deles, compreender como a materialidade e suas imagens poderiam auxiliar no entendimento do passado. É preciso lembrar que tais autores não tiveram a finalidade de inquirir diretamente a cultura material e, por isso, seus estudos tornaram-se, hoje, fontes de pesquisa ─ inspiradores, pela natureza de seus trabalhos ─, mas não um referencial metodológico. Com perspectivas e recortes temporais diferentes, suas análises estudaram fenômenos de caráter cultural e, em particular, levantaram questões ligadas à vida material, como é o caso de Sérgio Buarque de Holanda em Caminhos e Fronteiras (1957). Quando a historiografia francesa ainda dedicava pouca atenção ao tema, Gilberto Freyre (1933 e 1936) e Alcântara Machado (1929), por exemplo, já estudavam as moradias dos senhores de engenho, os sobrados citadinos, os mucambos, a alimentação, o mobiliário, a vestimenta e a atitude diante da morte. Leia Mais
El Caribe Continental desde Yucatán: nuevos paradigmas para el estudio de una región-frontera/Historia Caribe/2020
Los textos reunidos en el Dossier El Caribe Continental desde Yucatán: nuevos paradigmas para el estudio de una región-frontera surgen de las discusiones realizadas durante 2017, en el “Seminario Permanente Estudios sobre el Caribe: Perspectivas transdisiciplinarias” que se lleva a cabo en la Universidad Autónoma de Yucatán, en el marco del proyecto de investigación “Representaciones literarias de insularidad en escritores de Yucatán, Belice y Guyana. Hacia un modelo para el Caribe continental” (Conacyt CB257673). Son los resultados de un empuje consolidado desde el Caribe colombiano y el Caribe yucateco con la posibilidad de abrir nuevos lugares de enunciación y miradas al área continental, que permitan –desde la historia, la geografía y los estudios culturales– profundizar en las definiciones y límites del espacio, los procesos de migración, y los procesos identitarios que trazan rutas a través del Caribe continental. Desde las costas e interiores de las áreas continentales se narran historias de conectividad, que evidencian un espacio diferenciado caracterizado por interacciones constantes y desiguales, trazos visibles y otros ocultos que acompañan su desarrollo como territorio caribeño desde tiempos de la conquista y colonia e incluso, desde antes. Leia Mais
História e Direitos da Criança e do Adolescente na América Latina / Revista Brasileira de História & Ciências Sociais / 2020
O menino Miguel, a menina Ághata. O garoto João Pedro, as garotas Emilly e Rebeca… O que essas crianças têm em comum? Tiveram suas vidas ceifadas, tornando-se vítimas da violência, de um adultocentrismo [1] estrutural, que insiste em negar a condição da criança como sujeito de direitos. A História das infâncias e das juventudes na América Latina é marcada por práticas sociais e culturais que objetificam meninos e meninas, levando-as a conviver com diferentes formas de violação dos direitos humanos.
O presente dossiê temático intitulado História e Direitos da Criança e do Adolescente na América Latina na Revista Brasileira de História & Ciências Sociais visa contribuir com a historiografia das infâncias e juventudes no Brasil e na América Latina, buscando colocar em tela estudos que estão sendo produzidas em diferentes instituições de pesquisa no Brasil, com interfaces na América Latina. Registramos que este Dossiê contará com duas edições, haja vista o número expressivo de artigos recebidos.
Organizamos os artigos a partir de uma cronologia que nos permitiu perceber as mudanças das politicas públicas no Brasil e na Amarica Latina através dos tempos. Para entender os que chamamos de “direitos humanos” é necessário perguntar ao passado como foram produzidas as práticas de assistência no campo da política e da legislação.
Marcia Cristina Ribeiro Gonçalves Nunes, no artigo intitulado O “velho” Lemos como transformador do Orphanato Municipal, problematiza a questão da educação das meninas a partir da atuação de Antônio Lemos, em Belém do Pará, na Primeira República. Ainda sobre este período, as contribuições de Fabiano Quadros Rückert, em A infância pobre no Brasil da Primeira República: um panorama das pesquisas, possibilitam analisar como a relação entre infância e pobreza passou a ser colocada em tela pela historiografia nacional.
Seguindo em direção aos anos de 1930 e 1940, os artigos A Institucionalização do Atendimento aos Menores – O SAM, de Fabíola Amaral Tomé de Souza e A “mocidade brasileira” em formação: concepções e investimentos sobre os corpos jovens, escrito por Sonia Deus Rodrigues Bercito, colocam na seara de debates as políticas nacionais voltadas para crianças e jovens, impulsionados pelo Governo Vargas.
Para contemplar a chamada “era dos direitos”, os artigos de A responsabilidade compartilhada no Direito da Criança e Adolescente como dimensão da solidariedade: intersecção entre público e privado, escrito por Ismael Francisco de Souza e Tijolo por tijolo num desenho lógico: crianças e adolescentes brasileiros, de objeto de medidas a sujeitos de direitos, de Elisangela da Silva Machieski, iniciam o debate as questões referentes sobre os direitos humanos de crianças e adolescentes no Brasil, buscando produzir reflexões sobre a historicidade das legislações nacionais.
As contribuições de Alessandra Nicodemos, em Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua: aspectos históricos e conceituais na defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil, e da pesquisadora Esmeralda Blanco Bolsonaro de Moura, em Infância, adolescência e direitos humanos no conflituoso século XX: o direito à informação no contexto da árdua construção da democracia brasileira, contribuem para o debate sobre os movimentos sociais e as tensões que marcam as mobilizações em torno dos direitos humanos.
Já o artigo de autoria de Silvia Maria Fávero Arend e Reinaldo Lindolfo Lohn, intitulado Sobre a oitiva de crianças e adolescentes na justiça: protagonismo em debate (1989-2017), contempla a complexa questão da cidadania infanto-juvenil e sua relação com o Sistema de Justiça. Ainda sobre a questão dos dispositivos legais, o texto Referências institucionais para a produção descolonial dos direitos das indígenas crianças: os casos do trabalho infantil e da violência sexual, de Assis da Costa Oliveira, coloca na seara de debate a questão das violências praticadas contra as indígenas infâncias.
Por fim, dois artigos trazem abordagens transdisciplinares sobre os conceitos de infância e direitos humanos. Referimo-nos aos artigos A noção de infância e adolescência: inflexões decoloniais sobre os direitos de crianças e adolescentes na América Latina, escrito por Norberto Kuhn Junior e Bárbara Birk de Melo, e De Menores Incapazes e Imputáveis a Sujeitos de Direitos: os Direitos Humanos das Crianças e Adolescentes desde as Históricas normativas Internacionais, de autoria de Sheila Stolz. Eles nos fazem pensar como problematizar o conceito de infância e a relação com os direitos humanos. Além desses 12 artigos que compõem o dossiê temático, temos a resenha, de autoria de Thiago Nascimento Torres de Paula, sobre um livro clássico que neste ano ganhou sua segunda edição: História das crianças no Brasil meridional.
Debruçar-se sobre os esses estudos nos faz perceber que o século XX não foi “perdido” e que o XXI vem sendo marcado por grandes desafios no campo da política e da legislação, inclusive, para produção historiográfica. A reunião dessas pesquisas, que compõe um efetivo “dossiê” e que traz para a leitora e para o leitor a possibilidade de conhecer a produção de trabalhos, tem como objetivo protagonizar o lugar das infâncias e juventudes como sujeitos históricos e suas histórias.
Contudo, é importante perceber a produção história do conceito de direitos humanos, que por sua vez é marcado por mudanças e permanências. Pelo tempo de caridade e do assistencialismo, pelo tempo do “bem-estar” e das mobilizações em torno da chamada cidadania infanto-juvenil.
Diante das reflexões, é importante afirmar que ao produzir este trabalho assistimos os meninos Miguel (5 anos de idade) e João Pedro (14 anos de idade) perderem suas vidas. Testemunhamos as meninas Ághata (8 anos de idade), Emilly Victoria (4 anos de idade) e Rebeca Beatriz (7 anos de idade) perderem suas vidas.
É neste tempo nebuloso que somos provocados a (re)pensar o “fazer história” nos arquivos, nas bibliotecas e nos espaços de memórias… O “fazer história” é chamado a pensar o compromisso social do ofício das historiadoras e historiadores como uma questão ética e com a política científica, uma vez que negar-se ou silenciar-se diante do extermínio de meninos e meninas é uma forma de “violência epistemológica”, marcada neutralidade científica, firmada na racionalidade disciplinar, que busca se dissociar dos valores sociais e políticos (SANTOS, 2007).
Mas, silenciar ou negar-se a discutir é uma forma de se posicionar no mundo e nós decidimos que não vamos silenciar e negar que este Dossiê foi produzido no período pandêmico [2], onde a vida de meninos e meninas foram (e estão sendo) exterminadas. Neste “tempo sombrios, falar de mortes é se comprometer com a vida. Especialmente, com as vidas negras, pobres e periféricas. Netos ou bisnetos da escravidão, da relação entre a “casa grande e a senzala”, de um passado colonial que insiste em permanecer no tempo presente. É para essas meninas e meninos que este Dossiê é dedicado.
Rio Grande / RS-Recife / PE, Verão de 2020
Notas
1 Sobre adultocentrismo, ver: ABRAMOWICZ, Anete; RODRIGUES, Tatiane C.. Descolonizando as pesquisas com crianças e três obstáculos. Educação e Sociedade. Campinas, v. 35, n. 127, p.461-474, abr-jun. 2014.
2 Em 2020 o mundo foi obrigado a viver a Pandemia do Novo Corona Vírus – Covid 19. No Brasil, a crise pandêmica foi marcada por tensões sociais e políticas, onde a sociedade assistiu o crescimento da violência praticada contra crianças e adolescentes negros. Sobre a Pandemia ver: SANTOS, 2020.
Referências
ABRAMOWICZ, Anete; RODRIGUES, Tatiane C.. Descolonizando as pesquisas com crianças e três obstáculos. Educação e Sociedade. Campinas, v. 35, n. 127, p.461-474, abr-jun. 2014.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. VOL.: 1. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2007. _______. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Edições Almedina, 2020.
Humberto da Silva Miranda – Doutor e Pós- Doutorando em História. Professor Adjunto na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
José Carlos da Silva Cardozo – Doutor e Pós-Doutor em História Latino-Americana. Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Organizadores do dossiê temático
MIRANDA, Humberto da Silva; CARDOZO, José Carlos da Silva. Apresentação. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Rio Grande, v.12, n. 24, jul. / dez., 2020. Acessar publicação original [DR]
Conservação em Arqueologia Histórica/Vestígios – Revista Latino-Americana de Arqueologia Histórica/2020
Com satisfação, apresento a Edição Especial de 2020 da Revista Vestígios. Ela reuniu artigos sobre Conservação-Restauração em Arqueologia, colocando em primeiro plano a práxis dessa área de especialização. Quando recebi o convite para fazer parte de sua organização, encarei com motivação a oportunidade de dar centralidade, por primeira vez na revista, à temática sobre como ocorrem os processos de tomada de decisão nos tratamentos de Conservação-Restauração em Arqueologia. Leia Mais
A short history of European law: the last two and a half millennia | Tamar Herzog
Dentre os gêneros da literatura jurídica, manuais e textos introdutórios ocupam uma posição bastante singular: por se tratar de uma primeira leitura sobre determinado tema, eles não devem adotar uma complexidade que assuste o leitor iniciante, ao mesmo tempo que precisam se afastar de lugares comuns, de visões metodologicamente ultrapassadas e mesmo de conteúdo materialmente pouco aprofundado. Não é incomum se deparar com o argumento de que, como os manuais são uma leitura inicial, podem deixar pontos abertos (ou mesmo sem uma precisão integral em tudo o que se pretenda abordar) a serem preenchidos por estudos mais específicos, os quais só seriam feitos por quem necessitasse ou optasse pelo aprofundamento do conhecimento na área.
Ao adotarem essas estratégias, muitos autores de manuais apresentam textos deficientes que frequentemente refletem um déficit também na sua formação, o que se torna facilmente perceptível ao leitor mais atento. O resultado acaba materializando um ciclo vicioso, pois manuais fracos dificilmente inspirarão alunos a se tornarem pesquisadores na área. Por outro lado, manuais publicados por autores com uma formação sólida tendem a ter a qualidade necessária para o duplo objetivo de qualquer obra com essa natureza: servir como ponte para o aprofundamento da minoria que decidir se especializar e, para a maioria, fornecer subsídios mínimos para uma compreensão ampla e adequada das principais discussões da área específica. Leia Mais
Cuadernos de Historia – Serie Economía y Sociedad. Córdoba, n.24, 2020.
ARTÍCULOS
- La viruela y la muerte del reyLa enfermedad de Luis I a través de la correspondencia de Juan Bautista de Orendain (agosto de 1724)
- Rafael Guerrero Elecalde, Edurne Echevarría
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DOSSIER
- El pasado como recurso, los recursos al pasadoHistoria, memoria y política en espacios sociales situados en la Argentina. Introducción
- Eduardo Escudero, Mercedes Quiñonez
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- “Dejen de creer que carecemos de historia”Estado e intelectuales en la construcción de la historiografía oficial de Chubut (1958-1968)Estado e intelectuales en la construcción de la historiografía oficial de Chubut (1958-1968)
- Guillermo Williams
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- Entramados de relaciones y tensiones en el proceso de institucionalización de la actividad historiográfica en la primera mitad del siglo XX en Salta
- René Osvaldo Geres, Mercedes Quiñonez
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- Los inicios del Instituto de Estudios Americanistas: primera etapa de publicaciones y modos de legitimación política
- Denise Reyna Berrotarán
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- Escenificaciones del pasado. Santa Fe, 1986
- Fabiana Alonso
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- Una historia para la reforma de la Justicia de Paz de la Provincia de Buenos AiresLos usos del pasado en las tesis para optar por el título de Doctor en Jurisprudencia defendidas en la UBA (segunda mitad del siglo XIX)
- Leandro Di Gresia
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- RESEÑAS
- Enrique Coraza de los Santos & Soledad Lastra, Miradas a las migraciones, las fronteras y los exilios, Grupo de Trabajo “Violencias y Migraciones Forzadas”, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2020
- Malena Rodríguez Mutis
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- Sergio Pujol, El año de Artaud. Rock y política en 1973, Planeta, Buenos Aires, 2019
- Carolina Favaccio
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PUBLICADO: 2020-07-01
La justicia criminal ordinaria en tiempos de transición. La construcción de unnuevo orden judicial (Ciudad de México, 1824-1871) – FORES (ACHSC)
FORES, Graciela. La justicia criminal ordinaria en tiempos de transición. La construcción de unnuevo orden judicial (Ciudad de México, 1824-1871). México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2019. 413 p. Resenha de MUÑOZ C. Andrés David. Anuario Colombiano de Historia Social y de la Cultura [Bogotá], v. 47 n. 2, jul. – dic. 2020.
La base de los problemas historiograficos que constituyen el nodulo del presente libro es la tesis doctoral de Graciela Flores Flores, defendida en la Universidad Nacional Autonoma de Mexico bajo la direccion de Elisa Speckman.
A la historiografia de las instituciones judiciales en la Hispanoamerica republicana —mas alla de ciertas contribuciones importantes enmarcadas en la apertura disciplinar de las ultimas decadas—, le urgen estudios de esta indole que permitan analizar las continuidades y rupturas en ese complejo transito entre un orden jurisdiccional y uno propio del Estado de Derecho, tal como actualmente es concebido. La obra que nos ocupa es rica en matices y detalles, asi que procurare esbozar las lineas argumentativas mas sobresalientes a mi modo ver.
La complejidad del abigarrado orden juridico novohispano, caracterizado por su pluralismo y por la preminencia del arbitrio judicial, nos dice la autora, necesariamente habria de convivir durante un par de decadas con las fragiles intentonas de instaurar una justicia entendida por Jaime del Arenal Fenochio como “absolutismo legalista” o “absolutismo juridico”. Ello es clara muestra de que la “continuidad juridica”, en palabras de Carlos Garriga, era un hecho connatural al diseno del Estado surgido de la independencia, cuyo sistema judicial habria de exhibir algunas remoras propias de la tradicion hispanica que la Republica no podia barrer de un plumazo.
El libro esta dividido en tres partes, acordes con la periodizacion de la autora, quien se ha cenido a ciertos hitos propios de la historia juridica y judicial mexicana y no estrictamente a acontecimientos de orden puramente politico.
Esto es asi porque la Constitucion de 1824, fundadora del Estado mexicano y de sus instituciones, se nos muestra no solo como un hito politico sino sobre todo juridico; mas aun el decreto de 1841, que pretendia la fundamentacion de las sentencias judiciales (y con ello un quiebre definitivo con la vieja justicia arbitrista); el articulo 14 de la Constitucion de 1857, que buscaba la exacta aplicacion de la ley; y por ultimo, la promulgacion del primer Codigo Penal para el Distrito Federal en 1871, culmen de lo que Flores denomina “el triunfo codificador”. Esta denominacion que da la autora al periodo iniciado en la segunda mitad del siglo xix no debe ser interpretada necesariamente como el triunfo de la civilizacion y el imperio absoluto de la ley, pero al menos si como la definitiva preponderancia del nuevo orden juridico legalista sobre el viejo, el cual tardaria algunos anos mas en extinguirse de manera definitiva.
Con aparente dejo de ironia, Graciela Flores dice que el estudio de la practica judicial tal vez no sea la parte mas entretenida de su trabajo, pero a mi modo de ver, el confrontar la norma con las realidades efectivas de la administracion de justicia y de sus actores es lo que marca una diferencia, muchas veces notable, con la historiografia de viejo cuno, cuyo interes central era mas el Derecho que la Historia, tal como en su momento afirmaron Maria del Refugio Gonzalez y otros investigadores que abrieron el campo disciplinar en el que se inscribe este libro. Lo que constituye el nervio de modernas investigaciones como esta es la apelacion a fuentes primarias que revelan los entramados de la actuacion de agentes sociales como los fiscales, jueces, defensores y acusados.
Superar las limitaciones de las fuentes puramente normativas, como los cuerpos de leyes y la obra de los juristas, ambas muy validas, implica entonces explorar fondos documentales que han sido muy poco trabajados, y que incluso se hallan sin catalogar o sin ser descritos sus contenidos. Es el caso del Fondo del Tribunal Superior de Justicia del Distrito Federal – siglo xix, ampliamente trabajado por la autora para examinar las sentencias proferidas en las distintas salas de la Corte contra los condenados por robos, rinas y/o heridas, portacion de arma, homicidios y otros delitos. De este modo logra, mas alla de ver el funcionamiento de las instituciones judiciales —objetivo prioritario de la investigacion—, dar presencia y nombre a individuos secularmente marginados por la historia politica y economica mas tradicional.
El analisis de la praxis penal, por otra parte, se ve enriquecido por la evaluacion de las asi llamadas sentencias de tipo ascendente y descendente, pues Flores nos muestra que las condenas en segunda instancia podian variar de acuerdo a las reconsideraciones de los jueces, surgidas tras los pedimentos de los fiscales, funcionarios que en la vida republicana fueron cobrando un protagonismo creciente en el entramado judicial mexicano.
La narracion de Graciela Flores va llevando al lector de la mano para mostrarle el ritmo del cambio juridico en las primeras decadas republicanas, no exento de multiples dificultades para la implementacion de la correcta administracion de justicia basada en leyes claras y precisas. Ello fue asi pese a que, como afirma la autora, su objeto de estudio, la Ciudad de Mexico, era un lugar privilegiado para poner en marcha un nuevo sistema judicial que reemplazara el propio del Antiguo Regimen. Si cotejamos el caso de la ciudad capital con el de otras capitales estatales, en el Distrito Federal se pudo solventar con mayor suficiencia la carencia de jueces letrados, aunque hubo algunos importantes proyectos que tuvieron que esperar hasta la Primera Republica Centralista para verse concretados, tal es el caso de la instauracion y puesta en funcionamiento del Tribunal Superior. Y aunque Ciudad de Mexico tambien fue privilegiada en tanto matriz de la legislacion republicana local y federal, asi como de una nueva jurisprudencia, tambien es cierto que la relegacion de las leyes novohispanas fue bastante lenta y pausada: una mirada sobre las causas judiciales asi lo pone en evidencia. Ni que decir de la tardia implementacion del Codigo Penal del Distrito Federal, muy posterior al de estados como Oaxaca, Jalisco y Zacatecas o al de republicas centralistas como Colombia, conformado en 1837.
Mas alla de tales avatares, en el libro se ponen de relieve avances como los de los centralistas en materia judicial, al haber comenzado a exigir la fundamentacion de las sentencias, lo que segun la autora fue el primer golpe de gracia dado a una justicia apoyada en el buen criterio del juez, a quien se le empezo a exigir una praxis juridica garantista, solo basada en las leyes vigentes. La autora recoge otras disposiciones que sirvieron como preambulo a la epoca codificadora, como la Ley Juarez de 1855, que buscaba la exacta aplicacion de la ley, o la del 5 de enero de 1857, que consagro a la prision como una pena mas. Por otra parte, aunque la instauracion del Segundo Imperio Mexicano, presidido por Maximiliano de Habsburgo, fue un fenomeno claramente disruptivo en terminos politicos, en materia judicial y legislativa dio continuidad tanto a la administracion de justicia cimentada durante los anos previos, asi como al uso de su legislacion.
Resulta interesante observar como regimenes politicos de corte “conservador”, y asumidos regularmente como retrogrados, en materia de justicia criminal fueron tanto o mas vanguardistas que los federales, homologados de forma erronea como liberales strictu sensu Para terminar, quiero resaltar un aporte sugerente para quienes estudian esta epoca transicional. Y es que durante la epoca virreinal y buena parte del siglo xix, no solo existio un pluralismo normativo, sino tambien un pluralismo punitivo, donde los trabajos penados en sus multiples modalidades —como el trabajo en obras publicas, el presidio en cualquiera de sus variantes o los servicios de carcel— eran los mas frecuentemente recetados a los condenados por una muy amplia gama de delitos. Graciela Flores afirma con agudeza que el paso del pluralismo al monismo no se dio solo en el terreno de las leyes, sino tambien en el de las penas, puesto que la prision paso a ocupar el lugar privilegiado dentro de estas ultimas. Tal fenomeno estuvo ligado a la puesta en practica de una justicia garantista que, si bien no resulta sencillo calificarla como plenamente moderna, al menos constituyo el puntal de un nuevo orden en materia judicial.
Andrés David Muñoz C. – Universidad Autónoma Metropolitana – Unidad Iztapalapa. E-mail: andamuco@gmail.com.
História em Reflexão. Dourados, v.14, n.28, 2020.
DOSSIÊ: HISTÓRIA DAS MULHERES, GÊNERO E INTERSECCIONALIDADES
EXPEDIENTE
APRESENTAÇÃO
- Apresentação – Dossiê História das Mulheres, Gênero e Interseccionalidades
- 10.30612/rehr.v14i28.12814
ENTREVISTAS
- Entrevista com a professora Ângela Figueiredo
- Jorge Luiz Zaluski
- 10.30612/rehr.v14i28.12070
ARTIGOS DO DOSSIÊ
- Feminismo(s) e cidadania feminina: o pensamento feminista como referência teórico-política à cidadania de mulheres em sua pluralidade
- Silvana Marinho
- 10.30612/rehr.v14i28.12330
- Sociabilidades, subjetividades e representações de gênero na imprensa dos anos 20
- Raimundo Nonato de Castro, Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti
- 10.30612/rehr.v14i28.12071
- O ideal burguês da mulher urbana nos anos 1930: a importância de gênero como uma categoria analítica
- Elisa Cândida Alcântara de Sales, Gabriela Stehling Sarmento
- 10.30612/rehr.v14i28.12151
- Mulheres, educação não formal e o novo tradicional: feminino e feminismo nas enciclopédias da Abril Cultural (1967-1981)
- Débora Pinguello Morgado
- 10.30612/rehr.v14i28.12137
- As amas de leite no Correio Paulistano (1870-1879): o comércio de mães escravizadas
- Nubia Sotini dos Santos
- 10.30612/rehr.v14i28.11969
- Construindo liberdade: lutas antiescravistas e abolicionistas por mulheres negras no Brasil do século XIX
- Clarissa Pires
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La circulación de las ideas. Bibliotecas particulares en una época revolucionaria. Nueva España, 1750-1819 – ÁLVAREZ (ACHSC)
ÁLVAREZ, Cristina Gómez. La circulación de las ideas. Bibliotecas particulares en una época revolucionaria. Nueva España, 1750-1819. Madrid: Trama Editorial / Universidad Nacional Autónoma de México, 2019. 192 p. Resenha de ARDILA, Javier Ricardo. Anuario Colombiano de Historia Social y de la Cultura [Bogotá], v. 47 n. 2, jul. – dic. 2020.
La importancia del libro —como fermento en las mentalidades que produjeron grandes revoluciones— ha sido sostenida por historiadores de la talla de Lucien Febvre, Henri Jean Martin, Roger Chartier, Michel de Certeau, Robert Darnton, Peter Burke, entre otros. Una larga lista de nombres que se ha convertido en un lugar comun entre los estudiosos contemporaneos del tema. En el ambito latinoamericano, hoy en dia los trabajos clasicos de Teodoro Hampe y Bernardo Subercaseaux entran en dialogo con las investigaciones de Javier Planas, Idalia Garcia o Alfonso Rubio. Sin embargo, son pocos los estudios sistematicos que, por medio de las herramientas de la historia cuantitativa y serial, pueden dar cuenta de tendencias generales en periodos de mediana duracion y del impacto real de los libros como una fuerza de consideracion en la historia.
Entre estos ultimos se puede situar el que ha sido adelantado por la profesora Cristina Gomez Alvarez, de la Universidad Nacional Autonoma de Mexico.
En La circulación de las ideas, la profesora Gomez Alvarez demuestra que el aumento de la circulacion de libros fue sintoma y factor del crecimiento y consolidacion de una comunidad lectora en el area del virreinato de la Nueva Espana durante las decadas inmediatamente anteriores a la revolucion de independencia (1750-1819). En simultaneo a este proceso de arraigo letrado, el libro seglar gano preminencia sobre el libro religioso. Para corroborar su aserto, divide el libro en dos grandes partes, ademas de los respectivos apartados introductorios y conclusivos.
En la primera parte, titulada “Bibliotecas golondrinas, Cadiz – Veracruz, 1750-1778”, se remite a los registros de navios y equipajes que partieron del puerto de Cadiz con rumbo a Veracruz —conservados en el Archivo General de Indias, Sevilla— para rastrear el libro y las bibliotecas personales en las relaciones de equipaje declaradas por los provistos nombrados para el gobierno novohispano.
A partir de esta fuente, la autora categoriza las bibliotecas de los funcionarios entre eclesiasticos, civiles y militares. Cada una de estas bibliotecas se analiza en funcion de la distribucion geografica en el area virreinal, el tamano de las colecciones y la composicion de las lecturas a partir de la division tematica. El estudio permite concluir que la circulacion de obras modernas de reciente impresion en Europa, especialmente de factura espanola, fue comun entre los representantes del gobierno de Carlos III. Este poder bibliografico les permitio trabajar en favor de la administracion colonial y fortalecer el poder absoluto de la monarquia en los territorios de ultramar.
En la segunda parte, titulada “Bibliotecas en la Audiencia de Mexico, 1750- 1819”, la autora centra su atencion en los inventarios por fallecimiento —conservados en el Archivo General de la Nacion de Mexico—. Por medio de esta fuente caracteriza la distribucion geografica, el tamano de las colecciones y la composicion tematica de las bibliotecas personales. En virtud de la variedad y riqueza de los inventarios por fallecimiento, Gomez Alvarez decide clasificar las bibliotecas en relacion con la extraccion socio-profesional de los propietarios, los cuales divide entre eclesiasticos, comerciantes, funcionarios, profesionistas, dependientes, militares, artesanos y labradores. Vale la pena senalar el lugar diferenciado que da a las bibliotecas femeninas: su estudio permite afirmar que las mujeres fueron miembros activos en la comunidad de lectores. Lo anterior aplica tanto para mujeres que procedian de la elite comerciante, como antiguas esclavizadas, confirmando el profundo arraigo del libro en la sociedad mexicana durante el periodo de estudio. Asi mismo, la busqueda atenta a la presencia del libro frances demuestra que su extension y recurrencia pueden considerarse sintomaticas de un alto grado de familiaridad de la comunidad de lectores novohispanos con las ideas ilustradas. Finalmente, por medio de informacion obtenida de remates de libros en los registros de almoneda publica, la autora demuestra que la circulacion de los libros favorecio la conquista de nuevos lectores a partir de libros viejos.
La configuracion formal de los capitulos merece una alusion especial. Cada uno de ellos inicia con la presentacion pormenorizada de las fuentes: al hacer explicito su corpus documental, la autora expone tanto la pertinencia como los limites de su seleccion para responder las preguntas planteadas. En este sentido, cada capitulo devela un entramado metodologico complejo, en el que la fuente primaria adquiere protagonismo por encima de la interpretacion derivada de la lectura historiografica, sin carecer de ella. Una vez realizada la critica profunda de las fuentes, la profesora Gomez Alvarez articula la argumentacion inductiva desde el nivel macroanalitico —donde presenta el contexto historico en relacion con el problema, menciona los puntos fundamentales de la administracion virreinal y expone las tendencias generales derivadas del analisis de las series— hasta lo microanalitico —donde expone casos particulares, a escala biografica, que permiten ver matices cualitativos en relacion con las tendencias generales de orden cuantitativo—. Entre ambos polos se halla un punto intermedio donde analiza casos excepcionales que, por su anormalidad, pueden considerarse rarezas en medio de tendencias generales.
Vale la pena mencionar que el volumen de La circulación de las ideas esta acompanado de un cd-rom que pone a disposicion del lector algunas de las fuentes primarias utilizadas por la investigadora. En esta ocasion, la profesora Gomez Alvarez presenta 68 catalogos de bibliotecas —tomados de archivos mexicanos y espanoles— transcritos, reconstruidos y modernizados. Junto a estos se encuentran diez registros transcritos de venta de libros en almoneda publica, datados entre 1750 y 1819. En la ultima parte del libro aparecen nueve apendices documentales que presentan informacion construida a partir de la reorganizacion de las fuentes utilizadas.
Aunado a su valor intrinseco, La circulación de las ideas concluye una trilogia iniciada por la autora diez anos atras y que comprende los titulos Censura y Revolución. Libros prohibidos por la Inquisición de México. 1790-1819, (2009); y Navegar con libros. El comercio de libros entre España y la Nueva España, 1750- 1820, (2011). Esta serie, editada y publicada por la editorial matritense Trama, cuestiona el lugar del libro como mercancia y artefacto cultural —siguiendo el elocuente llamado hecho por Febvre y Martin en 1958, en el clasico L’Apparition du livre (Paris: Gallimard, 1958)— durante la segunda mitad del siglo xviii y las primeras decadas del siglo xix. Navegar con libros mostro la tendencia a la secularizacion de las lecturas por medio del analisis de la circulacion de titulos en el comercio transatlantico, durante el periodo colonial tardio. Censura y revolución presento el entramado legal de la adquisicion y posesion de los libros que desembarcaron en los puertos novohispanos, enfrentando la diseminacion y proliferacion de las lecturas condenadas. Frente a estos antecedentes, La circulación de las ideas se sumerge en la comunidad de lectores a traves de las bibliotecas personales.
Al extender una mirada a mediano plazo sobre la obra de la profesora Gomez Alvarez, La circulación de las ideas se inscribe en un periodo de reflexion intelectual sobre el libro que supera las dos ultimas decadas. Se puede marcar el inicio de este derrotero investigativo a finales del siglo pasado, cuando en 1997 la autora publico el estudio pionero de las bibliotecas de Antonio Bergosa y Jordan (1748-1819) y de Manuel Ignacio Gonzales del Campillo (1740-1813), prominentes obispos novohispanos. Con mas de veinte anos de trayectoria, La circulación de las ideas es una obra que adquiere la importancia de una obra intelectual madura.
Es evidente que La circulación de las ideas se circunscribe al lugar del libro y de las bibliotecas personales en el escenario mexicano durante la colonia tardia. Sin embargo, tanto por su acercamiento metodologico, como por la construccion y analisis de series cualitativas que revelan tendencias a escala atlantica, el estudio de la profesora Gomez Alvarez es una obra referencial. Las consideraciones para el caso novohispano deben incitar a investigadores en otras latitudes a acometer empresas similares; a fundamentar los analisis cualitativos de la circulacion y apropiacion del libro en evidencia empirica de orden cuantitativo. Por este motivo, La circulación de las ideas es una obra que sobrepasa los limites de la Nueva Espana en las ultimas decadas de la dominacion colonial y debe tener eco entre los interesados por la historia del libro, las bibliotecas y la lectura en America Latina.
Javier Ricardo Ardila – Universidad Nacional de Colombia. E-mail: jrardilag@hotmail.com.
Erased. The Untold Story of the Panama Canal – LASSO (ACHSC)
LASSO, Marixa. Erased. The Untold Story of the Panama Canal. Cambridge-Londres: Harvard University Press, 2019. 344 p. Resenha de: MAURI, Mônica Martinez. Anuario Colombiano de Historia Social y de la Cultura [Bogotá], v. 47 N. 2, jul. – dic. 2020.
Erased, la ultima obra de Marixa Lasso —historiadora panamena y profesora en la Universidad Nacional de Colombia—, nos invita a repensar la historia del canal de Panama. Con un relato minuciosamente construido a partir de fuentes documentales y orales, este volumen nos permite entender como los antiguos y prosperos pueblos que existieron en la zona central de Panama antes de la construccion del canal fueron borrados del mapa, tanto material como simbolicamente.
El principal argumento es que, al borrar de la memoria nacional una de las zonas urbanas mas potentes de la economia istmena del siglo xix, no solo se aseguro el domino estadounidense sobre el canal, sino que se busco olvidar la modernidad que habian construido republicas latinoamericanas como Panama en el siglo xix. Una modernidad que, en las jovenes republicas latinoamericanas, se concreto en una apuesta por la innovacion tecnologica y las formas de gobierno inspiradas por la revolucion francesa y la Constitucion norteamericana. Esta vision de la politica permitio dar poder local a sectores marginados en otras naciones del norte, como los indigenas o los afrodescendientes.
entre 1913 y 1916— de pueblos que concentraron una poblacion de 62.810 personas (el 14 % del total del pais). A diferencia de lo que muchas personas todavia creen, se trato de un desplazamiento que tuvo motivos politicos y no razones tecnicas. Los pueblos no desaparecieron bajo las aguas del canal o del lago Gatun, sino que fueron desmantelados para no dejar poblacion panamena dentro del espacio limitrofe al canal. Con ello, los norteamericanos ampliaron su area de influencia en el istmo y convirtieron una zona urbana en selvatica.
Lasso nos ofrece una nueva perspectiva sobre un hecho historico: la construccion del canal de Panama —estudiado de forma bastante exhaustiva por los historiadores—.
Y es que hasta el momento se habia prestado poca atencion a los primeros tres anos de construccion del canal norteamericano, un momento crucial para entender como los pueblos de la zona pasan de una jurisdiccion panamena a una norteamericana. Fue en este proceso cuando la poblacion panamena de la zona fue conceptualizada como native y la zona fue percibida como un lugar salvaje y tropical.
El primer capitulo muestra el proceso mediante el cual los Estados Unidos, tras la firma del tratado Hay-Bunau-Varilla (1903), fue ampliando su control sobre las zonas adyacentes al canal. Este tratado especificaba que Panama habia cedido a perpetuidad una zona de cinco millas a cada lado del canal, con la excepcion de las ciudades y puertos de Panama y Colon. Sin embargo, los Estados Unidos, utilizando el pensamiento higienista, se apropiaron de los puertos y las tierras aledanas al canal. En pocos anos, el servicio postal, las aduanas y la sanidad —controlados por la administracion estadounidense— convirtieron el puerto de Ancon y Panama en un solo puerto. Panama solo conservo el control sobre un pequeno embarcadero al que arrimaban pescadores y pequenos comerciantes.
En el segundo capitulo, a partir de los relatos de viajeros, se presenta una detallada descripcion de la vida en Chagres, Gorgona, Emperador y Cruces antes de 1904. Segun los testimonios, la zona contaba con muchos pueblos en los que la poblacion afrodescendiente era muy significativa. Era un lugar bien comunicado por tren, bien adaptado al trafico global, que se servia de las tecnologias modernas para hacer posible el transito de personas y mercaderias a traves del istmo.
Tambien era una zona dinamica en el plano industrial y agricola. Pero a pesar de todo esto, fueron pueblos concebidos como un obstaculo al progreso que los Estados Unidos queria traer al istmo.
El tercer capitulo aborda las consecuencias, para los antiguos pueblos de la zona, del nuevo regimen instaurado por los norteamericanos entre 1904 y 1912. El analisis de Lasso contempla tres etapas: de 1904 a 1907 las autoridades de la zona conservaron las estructuras municipales en uso; los pueblos pasaron a tener dos alcaldes, uno panameno y otro americano, al mismo tiempo que se empezaron a aplicar politicas de segregacion racial que dividieron los pueblos en nativos y americanos. De 1907 a 1912 la Isthman Canal Comission (icc) elimino los municipios de la zona y los convirtio en distritos administrativos, pero la mayoria continuo en el mismo lugar. Entre 1912 y 1915 la icc despoblo la zona, sustituyendo los antiguos pueblos por una geografia urbana.
El siguiente capitulo se centra en analizar el momento en el que se creo el debate sobre que hacer con los pueblos panamenos de la zona: .conservarlos en la zona, pero siendo gobernados y civilizados por los norteamericanos o desmantelarlos y enviar sus pobladores a otros lugares? Este dilema se resolvio en 1912, cuando las autoridades de la zona determinaron que la selva era la mejor proteccion militar para el canal y dictaron la orden de despoblamiento.
El quinto capitulo arranca con la creacion del lago Gatun, el lago artificial mas grande del mundo, y los primeros movimientos forzados de poblacion. Gorgona, en julio de 1913 fue el primer pueblo que conocio el confuso y caotico proceso de relocalizacion hacia Nueva Gorgona y Ciudad de Panama. Lasso analiza los multiples sistemas de tenencia de tierras que existian en la zona y las dificultades de la Joint Land Comission, un organismo panameno-americano, para crear politicas de compensacion que respondieran a las necesidades de los desplazados. Muchos de los habitantes, al no ser propietarios y al no contar con un contrato de alquiler anterior a 1907, no recibieron ninguna compensacion, solo tuvieron derecho a transporte gratuito para llevar los materiales que conformaban sus viviendas a otro lugar. Con todo, el despoblamiento de la zona creo un gran desconcierto entre sus antiguos pobladores y provoco un cambio de percepcion hacia los americanos.
Hasta entonces, los panamenos de la zona creian que, aunque el canal pertenecia a los americanos, la zona era una tierra en la que podian continuar viviendo. Con el traslado entendieron que la gente que habia dado vida a los pueblos del territorio durante siglos ya no tenia derechos sobre este.
“Pueblos perdidos” es el titulo del siguiente capitulo. En el se continua explicando el despoblamiento a partir del ejemplo de Nuevo Gatun —un pueblo de 8.000 personas que desaparecio entre 1914 y 1916—. Las ultimas paginas estan dedicadas al abandono que creo mas conmocion en la opinion publica panamena: el del Chagres. Este pueblo, situado al lado del fuerte San Lorenzo, fue un enclave historico del atlantico panameno comparable a Portobelo. Estos y otros despoblamientos fueron posibles gracias a un decreto, aprobado en 1912, y un acuerdo entre Estados Unidos y Panama de 1914 que ampliaba las fronteras de la zona bajo jurisdiccion norteamericana, otorgandole control sobre las tierras de los margenes del lago Gatun hasta una altura de 100 pies sobre el nivel del mar.
Tras la publicacion, en 1962, de la novela Pueblos perdidos de Gil Blas Tejeira, se instalo en el imaginario nacional panameno la idea de que los antiguos pueblos de la zona habian desaparecido bajo las aguas del lago Gatun. Una de las principales aportaciones de Lasso es poner fin a esta ilusion. Como muestra en el capitulo siete, los centros urbanos mas grandes (Emperador y Nuevo Gatun) no fueron inundados, sino despoblados, e incluso Gorgona, la supuesta ciudad que yace bajo el lago, solo fue parcialmente inundada. Este mito de la inundacion sirvio para naturalizar la desaparicion de los pueblos, pero tambien para justificar el cambio de trazado de la linea del ferrocarril hacia el Este del canal, donde fueron construidos los centros urbanos americanos. Este ultimo cambio tambien estuvo muy relacionado con el despoblamiento de los pueblos panamenos, con la necesidad de convertir una zona urbana en una zona selvatica, transformando el centro en periferia. Con todo, los americanos construyeron una nueva zona del canal con pequenos pueblos racialmente segregados, en la que no existia la propiedad privada, la agricultura ni el vicio (alcohol, juego y cabares).
En el epilogo, Lasso nos explica su recorrido por los actuales Nuevo Chagres y Nuevo Emperador, los pueblos fundados tras la despoblacion que absorbieron parte de los desplazados. A partir de los relatos de los mas ancianos, muestra como, a pesar de las politicas de olvido, los descendientes de los antiguos pueblos de la zona recuerdan su lugar de origen, se sienten parte de la historia del canal y todavia hoy sufren las consecuencias de haber sido expulsados hacia la periferia.
En el plano disciplinar, la obra de Lasso podria ser reivindicada desde la antropologia historica. Las razones son varias. La primera, porque aborda la construccion politica de la memoria y lo hace partiendo de la documentacion historica, la version etic; pero tambien teniendo en cuenta las narrativas de los descendientes de aquellos que fueron desplazados, la version emic. La segunda, porque cuestiona la naturalizacion de las explicaciones que sirvieron para despoblar de panamenos y poblar con norteamericanos la zona del canal, deconstruyendo los argumentos que utilizaron las autoridades de la epoca. Y lo hace teniendo en cuenta que las categorias —tropical, salvaje, nativo— son fruto de voluntades diferenciadoras, no de diferencias objetivas que buscan imponer un orden concreto. La tercera, porque centra su analisis en aquellos que fueron excluidos de la historia. Tal como hizo Nathan Wachtel en los Andes,1 Lasso narra el devenir de los vencidos, de aquellos que no importaron a nadie, que fueron borrados. Y por ultimo, porque incorpora una perspectiva personal que podriamos situar proxima a la autoetnografia.
Antes de la publicacion de Erased, en Panama otros trabajos ya habian mostrado las consecuencias sociopoliticas de la construccion de nuevas geografias.
La antropologa Julia Velasquez2 mostro hasta que punto a lo largo del siglo xx imaginar el Darien como un lugar salvaje fomento la especulacion sobre la tierra, a partir de iniciativas forestales, turisticas, agroindustriales y provoco el auge del narcotrafico. En este contexto, pensar el Darien como un lugar peligroso legitimo su domesticacion por parte de agentes forasteros y justifico el uso de la violencia en el proceso.
Tambien en Panama se habian escrito algunas lineas para denunciar los efectos del articulo II del tratado Hay-Bunau Varilla, en relacion con la desembocadura y areas aledanas al rio Chagres. Bonifacio Pereira (1964), miembro de la Academia Panamena de la Historia, relato el proceso de despoblacion del Chagres con bastante detalle. Explico como sus habitantes fueron despojados de sus tierras y casas sin recibir ningun tipo de indemnizacion. Incluso afirmo que se trato de un expolio que se hizo con la complicidad de las clases dominantes panamenas. Como el mismo manifesto: fueron hechos que permanecieron ocultos “tal vez para que sigamos siendo mansos, dociles, entreguistas”.3 Erased se suma a los trabajos de Velasquez y Pereira, convirtiendose en un libro que es y sera fundamental para entender la historia del istmo de Panama.
Lo es porque esta escrito por una mujer panamena desde Harvard —un centro intelectual del norte—, por lo que no pasara desapercibido. Tambien lo sera porque nos permite entender que hay muchas maneras de hacer historia, que hay episodios y personas que los poderosos quieren borrar de la historia nacional, pero que por mucho que lo intenten, la gente no olvida. Ahora solo falta encontrar un titulo que en espanol tenga la misma fuerza que Erased, y esperar que la publicacion de su traduccion abra el foco, poniendo atencion en otros episodios de la historia de Panama que tambien han sido borrados. Pienso en la invasion de Panama del 20 de diciembre de 1989, un momento que, a pesar de estar en el recuerdo de todos los panamenos, ni siquiera es mencionado en el recien inaugurado Museo de los Derechos Humanos de la Ciudad de Panama.
1. Nathan Wachtel, La Vision des vaincus. Les Indiens du Pérou devant la Conquête espagnole1530-1570 (Paris: Gallimard, 1971).
2. Julie Velasquez Runk, “Creating Wild Darien: Centuries of Darien’s Imaginative Geographyand its Lasting Effects”, Journal of Latin American Geography 14.3 (2015): 127-156.
3. Bonifacio Pereira Jimenez, Biografía del río Chagres (Panama: Imprenta Nacional, 1964) 124.
Mònica Martínez Mauri – Universitat de Barcelona. E-mail: martinezmauri@ub.edu.
As últimas testemunhas: crianças na Segunda Guerra Mundial | Svetlana Aleksiévitch
Introdução
A obra intitulada “As Últimas Testemunhas: crianças na Segunda Guerra Mundial” trata-se de um livro traduzido do russo em sua 1° edição no ano de 2018, pela editora Schwarcz S.A, São Paulo e publicado pela Companhia das Letras. A autora, Svetla Aleksivitch, jornalista, nasceu em 1948, na Ucrânia, dedicando a sua vida literária/profissional de forma única à observação, escuta e transcrição de relatos a respeito de momentos factuais da história. Momentos dos quais teve forte vínculo afetivo: após a desmobilização de seu pai do exército, a família retornou à sua cidade natal, na Bielorrússia. Aleksievich, estudou na Universidade de Minsk, entre 1967 e 1972. Por causa de sua crítica ao regime, viveu periodicamente no exterior. Em 2015, recebeu o prêmio Nobel de literatura, mesmo escrevendo originalmente em língua russa. Desde então, algumas de suas obras emblemáticas: “Vozes de Tchernóbil (2016)”, “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher (2016)”, “Fim do Homem Soviético (2016)” e o mais atual “Meninos de Zinco (2020)” passaram a ser traduzidas para diversas línguas, dentre elas o português (THE NOBEL PRIZE, 2015).
A obra em questão é o resultado de um trabalho com cerca de cem entrevistas realizadas entre os anos de 1978 e 2004. O que esses adultos tinham em comum? Sobreviventes, com memórias do horror da Segunda Guerra Mundial, afinal, eram “apenas crianças”. Particularmente, crianças são afetadas de maneiras diferentes na Guerra. Fisicamente: quando há falta de comida ou água. Psicologicamente: quando expostas a grandes cenas de horror da guerra, como bombardeios, brigas e deixar suas próprias casas. Emocionalmente: quando pode estar diretamente na guerra, como membro servindo, ou tendo outra ocupação nas forças (MOCHMANN, 2008). Leia Mais
Las elecciones 2019 en argentina en clave subnacional/PolHis/2020
El proceso electoral de 2019, que culminó la derrota de Juntos por el Cambio y el triunfo del Frente de Todos, llevando a Alberto Fernández a la presidencia y frustrando los objetivos reeleccionistas de Mauricio Macri, mostró como pocas veces la importancia que los procesos políticos provinciales tienen en la política nacional argentina. Ello en parte se debió a que durante este año se alcanzó uno de los mayores grados de desdoblamiento del calendario electoral[1]: sólo Buenos Aires, Ciudad de Buenos Aires, Catamarca, Santa Cruz y La Rioja celebraron elecciones simultáneas con las nacionales. Leia Mais
Encontros e desencontros de lá e de cá do Atlântico: mulheres Africanas e Afro-brasileiras em perspectiva de gênero / Patrícia G. Gomes e Claudio A. Furtado
Patrícia Godinho Gomes / Foto: Elaine Schmitt – UFSC Notícias /
Em um breve ensaio na introdução é apresentada a ideia de modernidade, acentuada no desenvolvimento do capitalismo e na industrialização. Esta faz com que transformações socioculturais e de categorias como as de gênero e raça derivem de fundamentos sociais euro-peus, influenciando em desigualdades e estratificações sociais. Destaca-se uma cronologia dos estudos e temas publicados sobre mulheres e relações de gênero, representando seus impasses, como a predominância de textos escritos por homens e a partir de seus olhares, mas também o crescimento significativo da produção literária sobre mulheres africanas e a partir de suas perspectivas. Quanto ao Brasil, mostra-se dados em relação ao período da escravidão e o peso da visão machista e eurocêntrica sobre eles, como o ideal do colonizador sobre o colonizado. Por isso, a importância de uma literatura produzida sobre as lutas das mulheres negras no Bra-sil, fazendo com que conceitos de raça e gênero sejam considerados intrínsecos, “insepará-veis”.
No primeiro capítulo, “De emancipadas a invisíveis: as mulheres guineenses na produ-ção intelectual do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas”, a autora Patrícia Godinho Go-mes apresenta um breve excursus teórico de Houtondji e Oyèwùmi e a questão dos estudos sobre mulheres e gênero, no qual destaca a origem da produção deste conhecimento e seus principais destinatários. No processo de independência de Guiné-Bissau, em 1973, a partici-pação das mulheres constituiu-se em um elemento-chave para seu desenvolvimento do pro-cesso, tanto externo como interno. Porém, a importância das mesmas é inviabilizada nos dis-cursos, como discutido no diálogo apresentado entre dois intelectuais guineenses- Carlos Lo-pes e Diana Lima Handem, que debatem temas como patriarcado, subalternização e relações de gênero e mercado de trabalho. É abordada a ausência de mulheres na produção intelectual do INEP, juntamente com a de temas sobre as mesmas, dando destaque às atitudes de alguns órgãos como A União Democrática das Mulheres Guineenses (Udemu) em relação a isto. Leia Mais
No centro da etnia: etnias, tribalismo e Estado na África | Jean-Loup Amselle e Elikia M’Bokolo
O livro No centro da etnia: etnias, tribalismo e Estado na África, organizado pelo antropólogo francês Jean-Loup Amselle e pelo historiador congolês Elikia M’Bokolo, foi publicado originalmente em 1985. Trata-se de uma referência para os interessados nos estudos sobre populações africanas e, especialmente, nos estudos relativos às identidades étnicas e às identidades nacionais em contextos africanos. Está entre os estudos desenvolvidos por historiadores da África, nos anos de 1980, sobre a “invenção da tradição na África colonial” (Ranger, 1997 [1983]) e sobre a “invenção da etnicidade” e a “criação do tribalismo” (Vail, 1989). Com relação aos autores, J.-L. Amselle não possui livros ou artigos publicados em português, talvez seu livro mais conhecido seja Mestizo Logics (Amselle, 1998); já E. M’Bokolo é conhecido pelos dois volumes do livro África negra: história e civilizações (M’Bokolo, 2009; 2011) que foram publicados no Brasil.
No primeiro capítulo, intitulado Etnias e espaços: por uma antropologia topológica (pp. 29-73), J.-L. Amselle busca desconstruir a própria noção de etnia presente em diversos estudos antropológicos. Segundo ele, o pensamento antropológico seria marcado por doutrinas essencialmente a-históricas; somente com a contribuição da corrente dinamista ligada aos nomes de G. Balandier (1976; 2014), M. Gluckman e P. Mercier, entre outros, é que a antropologia teria dado primazia à história, algo que possibilitou a reflexão sobre os contextos políticos e o início das críticas ou desconstruções das definições de etnia. Leia Mais
Juntos pero separados. Estado y organizaciones sociales en la provincia de Buenos Aires (fines del siglo XIX-Primera mitad del XX)/PolHis/2020
Los vínculos entre el mundo asociativo y el Estado en la provincia de Buenos Aires desde las últimas décadas del siglo XIX y durante la primera mitad del XX han concitado la atención de algunos investigadores, tanto de la historia política como de la socio-cultural, que encontraron en este cruce un terreno fecundo para explorar la politicidad de lo cotidiano y la experiencia de lo político en el interior del país (Pasolini, 2007; Bisso, 2009; Cernadas, Bracamonte, Agesta y de Paz Trueba, 2016; Cernadas, Agesta y López Pascual, 2018). Leia Mais
Estudios Históricos. Rivera, n.23, jul. 2020.
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- 12 – O movimento pelo fim da escravidão em Alegrete (1880-1888): emancipacionismo e a participação da imprensaThe movement for the end of slavery in Alegrete (1880-1888): emancipationism and press participation
- Márcio Jesus Ferreira Sônego (Brasil)
- 13- Objetos de penteadeira e mulheres em processo de envelhecimento: memórias de tempos e lugaresDressing table objects and women in the aging process: memories of times and places
- Sandra Maria Costa dos Passos Colling,Ana Luiza Carvalho da Rocha. (Brasil)
- 14 – Vila Pedreira: memória e história na borda da cidade de esteio (RS)Vila Pedreira: memory and history on the edge of the city of esteio (RS)
- Magna Lima Magalhães,Daniel Conte,Cléa Coitinho Escosteguy (Brasil)
- 15 – Special purpose units in the Simbirsk – Ulyanovsk province and their activities during the years of Soviet power: formation and organizational and personnel problemsUnidades de propósito especial en la provincia de Simbirsk – Ulyanovsk y sus actividades durante los años del poder soviético: formación, problemas de organización y personal
- Mukhamedov Rashit Alimovich,Pashkin Andrey Gennadevich,Chigrin Maxim Valerievich,Nikitin Alexandr Alexandrovich (Rusia)
- 16 – Cerrado, Natureza e Meio Ambiente na Revista A Informação Goyana (1917-1935)Cerrado, Nature, and Environment in the magazine A Informação Goyana (1917-1935)
- Maria de Fátima Oliveira,Giuliana Muniz Vila Verde,Eliézer Cardoso de Oliveira,Sirlene Alves da Silva (Brasil)
Arquivos: teoria e ensino em diálogo com diferentes públicos/Cadernos de Pesquisa do CDHIS/2020
Tomados em diferentes áreas disciplinares e perspectivas teóricas, desde as tipologias científicas e tecnológicas de organização de documentações variadas até o uso comum e corriqueiro das informações cotidianas, os arquivos são referenciais e suportes dotados de finalidades, usos e interesses múltiplos voltados à orientação espaço-temporal da vida individual e coletiva. Leia Mais
Revista do Arquivo Público do Espírito Santo. Vitória, v.4 n.8, 2020.
Editorial
Apresentação
- Dossiê: Justiça, Cidadania e Direito na História do Espírito Santo
- Kátia Sausen da Motta |pdf
Entrevista
- As contribuições do Arquivo Público e dos documentos de arquivo para o acesso à informação na perspectiva das pesquisas de Ana Célia Rodrigues
- Alexandre Faben | pdf
Dossiê: Justiça, Cidadania e Direito na História do Espírito Santo
- O “Império quer dizer Governo ou Nação”: o Espírito Santo emerge como província
- Adriana Pereira Campos | pdf
- Os votantes da Província do Espírito Santo: direito de voto e perfil socioeconômico (1824-1881)
- Kátia Sausen da Motta | pdf
- “Diz a senhora suplicante que o recrutado a sustenta”: mulheres, justiça e cidadania no Espírito Santo do Oitocentos
- Karolina Fernandes Rocha | pdf
- A sociedade propagadora da instrução pública capixaba em fins do Oitocentos
- Meryhelen Quiuqui | pdf
- Liberdades controladas: da Lei do Ventre Livre aos sexagenários. Espírito Santo (1871-1888)
- Rafaela Domingos Lago | pdf
- A Jagunçada de Barracão: vingança, racismo e morte na comarca de Santa Teresa/ES (1897)
- Francisco Roldi Guariz
- As mobilizações pela anistia brasileira no estado do Espírito Santo (1975-1979)
- Brenda Soares Bernardes, Pedro Ernesto Fagundes | pdf
- As solicitações de informação na Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo entre os anos de 2017 e 2019
- Camila Mattos da Costa, Maria Ivonete Rodrigues Pego | pdf
Artigos
- Paisagem urbana do Centro de Vitória (ES) no início do século XX: a fotografia no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
- Enzo Daltoé Nepomoceno, Maira Cristina Grigoleto | pdf
- O poder político-econômico da Companhia de Jesus na capitania do Espírito Santo: uma análise da Devassa de 1761
- Vinícius Silva dos Santos | pdf
- Experiências interdisciplinares nos acervos históricos de Fundão
- Gabriela de Oliveira Gobbi, Marcello França Furtado, Jessica Dalcolmo de Sá | pdf
Colaborações especiais
- Resenha do Ciclo de Comunicações: 112 anos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
- Kimberlly de Mattos | pdf
- Documentos
- Pelo direito de votar: justiça, cidadania e a Lei Saraiva na Província do Espírito Santo (1881)
- Larissa Ricas Cardinot | pdf
Resenhas
- Estatuto da Mulher Casada e a cidadania no Brasil: História, Gênero e Direito
- Bárbara Lempé Alonso Scardua | pdf
- Reportagens
- Fazenda do Centro: 175 anos de história
- Cilmar Franceschetto | pdf
Efectos del reformismo borbónico en el Virreinato del Nuevo Reino de Granada | Margarita Restrepo Olano
Las Reformas Borbónicas han recibido una notoria atención por parte de la historiografía colombiana, en donde se ha reflexionado desde diferentes perspectivas como lo son la economía, la sociedad, la justicia, la administración local y virreinal, la cultura visual, material y popular; la religiosidad y el gobierno espiritual, la fuerza militar, la ciencia y demás1. Estas investigaciones históricas han advertido la bastedad de aristas que presenta el período histórico colonial comprendido entre 1717 y 1810 2; no obstante, es importante resaltar que la mayoría de los trabajos se han concentrado en estudiar la segunda mitad del siglo XVIII, a razón del auge de las reformas llevadas a cabo por Fernando VI y Carlos III, especialmente. Leia Mais
Los nombres de lo indecible. Populismo y Violencia(s) como objetos en disputa – MAGRINI (ACHSC)
MAGRINI, Ana Lucia. Los nombres de lo indecible. Populismo y Violencia(s) como objetos en disputa. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2018. 346 p. Resenha de: FRANCO, Adriana Rodríguez. Anuario Colombiano de Historia Social y de la Cultura [Bogotá], v. 47 n. 2, jul. – dic. 2020.
En la historiografia de America Latina es comun observar trabajos que dicen desarrollar una perspectiva “comparada”. No obstante, la mayoria de esas publicaciones articulan su contenido alrededor de un tema o periodo historico, pero su analisis se mantiene en la orbita de las historias nacionales. Los fenomenos que se consideran comunes a la experiencia historica del subcontinente son estudiados a partir de casos: por ejemplo, el populismo en Argentina, en Brasil o en Mexico; la violencia en Colombia, Chile o Bolivia. Algunos de estos casos se erigen al estatus de tipos ideales, a partir de los que se comparan las demas experiencias —como ocurre con el peronismo—, mientras que otros adquieren la condicion de “casos excepcionales”, como la perenne violencia colombiana.
El estudio de Magrini no sigue esta linea tradicional para abordar la tan necesaria —pero al mismo tiempo tan elusiva— comparacion; de hecho, su proposito no es plantear un contraste entre los eventos asociados al desarrollo del populismo en Colombia y Argentina, o establecer, en terminos de verdad historica, cuales serian las razones que explican el “triunfo” o el “fracaso” de la experiencia populista en los dos paises. La obra no se constituye entonces como un estudio que trate de explicar por que el populismo si tuvo arraigo en la Argentina del auge industrial de la decada de 1940, a diferencia de Colombia, pais que vio fracasados sus precarios ensayos populistas y se embarco en un conflicto politico que aun no ha encontrado solucion.
En sintesis, el planteamiento del problema de investigacion de Los nombres de lo indecible surge de comparar sistematicamente como fueron construidos dos de los significantes mas importantes de la historiografia argentina y colombiana durante casi toda la mitad del siglo xx —el peronismo y el gaitanismo, respectivamente—, y cuales fueron los conceptos que se utilizaron para llenarlos de contenido: el populismo, para el caso argentino, y la(s) Violencia(s) para el colombiano. La construccion de esas categorias es observada en sus dimensiones sincronicas y diacronicas, para lo que se propone una periodizacion de ese proceso, el cual esta determinado por la relacion entre los autores responsables de la formulacion de dichos significantes —reiterativos y a la vez disputados en el escenario intelectual y politico de los dos paises— y las condiciones sociopoliticas e intelectuales en las cuales ellos se desenvolvian. Replantear la conexion texto/contexto le permitio a la autora detectar como se gesto la resignificacion de los objetos en las narrativas sobre el peronismo y el gaitanismo durante cada periodo y su transformacion con el paso de los anos. Es en el presente, en el momento en que se conciben las narrativas, cuando “se configura, el pasado, el presente y el futuro” (p. 16).
Magrini aclara que fueron varios los conceptos que en algun momento se esgrimieron para configurar como objetos historicos, tanto al peronismo como al gaitanismo; para el primero se pueden citar “fascismo”, “autoritarismo”, “dictadura”, “bonapartismo”, entre otros, y para el segundo “terrorismo”, “revolucion”, “bandolerismo”, “conflicto interno”; entre otros mas con los que se intento no solo caracterizarlo sino tambien investirlo de significado. No obstante, fueron “populismo” y “la(s) Violencia(s)” los que demostraron tener mas arraigo en las narrativas del peronismo y del gaitanismo, y a los que se les pudo realizar tanto un seguimiento como una comparacion sistematica, toda vez que su implantacion como significantes fue resultado de multiples debates y confrontaciones, debido especialmente a su estrecha conexion con las problematicas del contexto en que eran formulados. Los dos conceptos no solo fueron consolidandose, transformandose y asimilandose; la cuestion que detecta la autora es que ambos fueron excedidos en cuanto a su significado, adquiriendo sentidos diversos y multiples representaciones, en tanto servian como instrumentos para “decir lo indecible” en el presente.
El Dia de la Lealtad (17 de octubre de 1945) en Argentina y el Bogotazo (9 de abril de 1948) en Colombia fueron fechas revestidas con un caracter simbolico en la historia politica de los dos paises, no solo por la magnitud de las movilizaciones sociales que se produjeron —con un acento dramaticamente violento en el caso colombiano— alrededor de las figuras de Juan Domingo Peron y Jorge Eliecer Gaitan, respectivamente, sino porque fueron acontecimientos continuamente revisitados, releidos y resignificados, incluso antes de que los significantes “peronismo” y “gaitanismo” fueran esgrimidos en el proceso de construccion de sus narrativas. En relacion con estos eventos, Magrini devela como las formas en que fue interpretada la irrupcion de lo popular en la movilizacion politica y social del peronismo y del gaitanismo —especialmente visible en esas dos fechas— cumplieron un papel fundamental en el desarrollo de los debates politicos contemporaneos. En este punto, la autora puede sentar otro elemento de comparacion: entretanto, en la Argentina, las controversias se desarrollaban con el peronismo como una “presencia ausente”, un legado que mantenia con vigencia su impronta pese a la ausencia fisica de Peron; en Colombia el gaitanismo tenia la condicion de “ausencia presente”, en el que la violenta desaparicion de su lider represento tambien la eliminacion de su proyecto politico, aunque sin perder totalmente su actualidad al ser anorado por algunos o evocado con preocupacion por otros. Por esta razon, se habla en la obra de ambos como “objetos parciales”, nunca concluidos, ya que su contenido en las narrativas ha estado sujeto (y podemos inferir que lo seguira estando) a los “limites de decibilidad en determinados contextos” (p. 25) o a las condiciones de posibilidad de representacion de otros objetos con los que guardan cierta continuidad o relacion.
La estructura de la obra responde al planteamiento de un marco teorico diverso y nutrido de diferentes fuentes —que se halla detalladamente expuesto en la introduccion—, y cuya formulacion se orienta a demostrar que el pasado debe ser considerado fundamentalmente como una “reconstruccion discursiva” (p. 39). Asi, la autora reconoce que sus principales referentes se encuentran en el marco de la teoria politica del discurso, la historia politica e intelectual, y la historia y la politica como significacion, convocando a autores como Elias Palti, Ernesto Laclau, Slavoj Žižek, entre otros, y a partir de los cuales espera poder estudiar las disputas por la produccion de significados sobre lo politico y sus contextos de debate, asi como explicar por que unas narrativas lograron posicionarse como hegemonicas mientras que otras pasaron a ser marginales.
Tambien se destacan las categorias de “condensacion” —vinculada al analisis sincronico en la construccion del objeto historico—, de “desplazamiento” —que en una perspectiva diacronica revela la “flotacion” de los significados y las interpretaciones— y la de “la paralaje” —que, tomada desde la astronomia y enriquecida por Žižek, remite a como la posicion de un objeto cambia de acuerdo a la posicion del observador, sin que necesariamente se este ante la tradicional relacion sujeto/objeto, en la que el segundo es exterior al primero, quien simplemente lo observa—.
Desde esta propuesta teorica, Magrini comprueba la existencia de tres tipos de narrativas sobre el peronismo y el gaitanismo, y partiendo de ellas organiza los tres capitulos sincronicos del libro; en tanto, los dos restantes tienen una perspectiva diacronica. El primer capitulo analiza dos narrativas subjetivistas, producidas por dos cercanos participes de la movilizacion peronista (Cipriano Reyes) y gaitanista (Jose Antonio Osorio Lizarazo); ambos comparten lugares de enunciacion, al haber acompanado de cerca a los dos lideres en los primeros momentos de su actividad politica, para distanciarse posteriormente al denunciar la existencia de contradicciones en el movimiento o la usurpacion de liderazgos legitimos por actores oportunistas. El capitulo analiza la contribucion de los autores a la construccion del peronismo y gaitanismo como objetos historicos, el primero falseado y el segundo no reconocido, pero en ambos casos con base en una concepcion heroica del pueblo.
En el segundo capitulo emergen las narrativas polifonicas: durante la decada de 1960, Carlos Fayt contribuyo a consolidar la ruptura entre peronismo y antiperonismo, en la que lo popular aparece vinculado a la violencia y el pueblo (masa) maleable ante la influencia de lideres negativos como Peron; en cambio, en la narrativa de multiples perspectivas propuesta por Arturo Alape sobre el gaitanismo, el pueblo (multitud), tras la ausencia de Gaitan, quedara desprovisto de orientacion populista y sera susceptible de caer en la violencia en forma de venganza.
En este punto ya se hace evidente como se vincula la estructura de las narraciones subjetivas y polifonicas con la configuracion de las relaciones conceptuales del populismo y la(s) Violencia(s).
El tercer capitulo muestra como “hacia los anos ochenta el subjetivismo y la polifonia se fundieron con las narrativas objetivistas mas relativizadas” (p.
142), siendo muestra de ello las investigaciones doctorales de Juan Carlos Torre y Herbert Braun. Los argumentos de ambos autores, aunque matizados, no superaron las visiones ya construidas desde las opticas subjetivistas y polifonicas: el peronismo como obstaculo para el desarrollo de una democracia real en Argentina y el gaitanismo como proyecto truncado de inclusion politica de las mayorias.
del gaitanismo como objetos historicos vinculados al desarrollo del populismo y la(s) Violencia(s) como conceptos polisemicos en las ciencias sociales; y tambien de los cambios en el escenario politico de los dos paises. En dicho apartado se amplia considerablemente la cantidad de autores estudiados —no es claro porque el limite temporal para la muestra bibliografica es la mitad de la decada de 1980— y se explicita la articulacion y superposicion entre los momentos en que se produjeron las tipologias narrativas desarrolladas en los tres capitulos iniciales. Aqui se hacen mas evidentes las referencias cruzadas entre las interpretaciones argentinas y colombianas del populismo y la violencia, y que, en circulos academicos y en la opinion publica, giraron alrededor de planteamientos contrafactuales sobre “que hubiera pasado si”, por ejemplo, el peronismo no hubiera sido como fue o si Gaitan hubiera efectivamente gobernado.
Para concluir, es pertinente subrayar que Magrini no busco modelar otra definicion sociologica del populismo en Argentina, ni replantear los alcances de la violencia como categoria en la historiografia colombiana. Su obra se concentro en identificar como se llego a la formulacion de esos conceptos, que significado se les otorgo y como la interaccion entre los autores y su contexto politico e intelectual las hizo vacuas, flotantes y polisemicas; pero, lo mas importante, como contribuyeron a la significacion y resignificacion de los dos fenomenos sociopoliticos mas importantes de la historia del siglo xx en los dos paises. El peronismo y el gaitanismo han convocado el interes de una inmensa cantidad de autores, con diferentes trayectorias e intereses, pero son practicamente inexistentes para el caso latinoamericano las reflexiones que conduzcan a abrir nuevas perspectivas sobre la importante relacion entre la forma en que son revestidos de historicidad los eventos del pasado y las circunstancias en que ese proceso tiene lugar.
1. Nicholas Mirzoeff, Una introducción a la cultura visual (Barcelona: Paidós, 2003) 34.
Adriana Rodríguez Franco – Universidad del Tolima. E-mail: arodriguezfr@ut.edu.co.