Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Vitória, v.6, n.11, 2022.

Educação e História da Matemática. Fortaleza, v.10, n.29, 2023.

Historia Crítica. Bogotá, Núm. 88 (2023)

Historia critica Historia Crítica

Publicado abril 12, 2023

A transferência de habilidades do saber-fazer histórico

Reuniao do conselho de revolucionarios Midjourney Historia Crítica
Cenário criado por inteligência artificial a partir do seguinte comando: “Reunião do conselho de revolucionários, roupas de trabalho sujas, luz vermelha fraca, iluminação cinematográfica, iluminação fluorescente, difusão, fotorrealista, 8k, estilo dieselpunk” | Imagem: IA/Midjourney [council meeting of revolutionaries, dirty work clothes, dim red light, cinematic lighting, flourescent lighting, diffusion, photorealistic, 8k, dieselpunk style].

 

Até os anos 80 do século passado, as habilidades do saber-fazer História estavam em grande parte sob o domínio e a responsabilidade do humano professor que as publicizava e exigia.

Assim, transferir notações de leitura de fontes e bibliografia (fichar), organizar fichas em ordem cronológica, topográfica, temática e alfabética, identificar palavras e expressões-chave em textos, construir tabelas e gráficos manualmente, datilografar textos, recortar, colar e (re)datilografar textos fazia parte do rol de fazeres necessários.

O domínio de determinada habilidade era exigido por alguns ciosos mestres que sonhavam em formar eruditos em domínios (então) da História. Alunos eram destinados à especialização em Paleografia, Diplomática, Arquivística e Biblioteconomia ou dominariam as artes de classificar e extrair informações de objetos tridimensionais classicamente estudados pela Numismática, Heráldica, Arqueologia e Museologia.

Outras habilidades exigidas na pesquisa, escrita e ensino estavam fora de alcance dos profissionais da história. Assim, habitualmente, eram terceirizadas as funções de datilógrafo, cartógrafo, fotógrafo, estatístico e ilustrador.

Da década de 90 em diante, com massificação do uso de computadores pessoais e a emergência da internet 1.0, algumas dessas habilidades historiadoras foram literalmente transferidas para as máquinas. Os processadores eletrônicos de textos tornaram possíveis as ações de excluir, copiar, duplicar e corrigir textos com facilidade e rapidez.

Depois vieram as planilhas inteligentes e os bancos de dados. Com programas como o software Excel, os cálculos também foram concentrados em uma só pessoa e o papel e a calculadora manual perderam em grande parte a sua função.

Com os softwares Access e AskSan, o trabalho de achar termos e expressões, codificar, contar e fazer cruzamentos também se popularizou (diferentemente dos usos de programas específicos para os Cientistas Sociais). O fichamento em papel e na posição vertical, transformou-se em bites expressos em linhas e colunas (o “registro” e o “campo” que constituem as planilhas).

Logo em seguida, na primeira década do nosso século, as buscas por livros em bases de dados das bibliotecas tornaram obsoletos os volumosos fichários (por assunto, lugar, autor e gênero textual).

Com a invenção do PDF e dos formatos EPUB, a forma de buscar e de registrar observações nos livros se modificou radicalmente. A estante de livros cabia nos computadores pessoais, um exemplar de livro pôde ser multiplicado e compartilhado a distância e as notas de leitura foram transformadas, automaticamente, em fichamentos eletrônicos.

Com a internet 2.0, a mais recente geração de smartphones e o armazenamento em nuvem todas essas facilidades ficaram à disposição nos mais diferentes ambientes. O arquivo, a biblioteca, o museu, o centro de documentação e todas as fontes processadas cabem, literalmente, no bolso de cada um.

Além disso, a habilidade registrar posições espaciais por GPS (Sistema de Posicionamento Global), perceber e reter sons, imagens fixas e imagens em movimento deixou de ser ação terceirizada para incorporar-se às capacidades requeridas ao profissional da História.

No encontro de ontem, exploramos o processo de descarga mental de habilidades macro do trabalho do historiador profissional entre as duas últimas décadas do século XX e as duas primeiras décadas do século XXI. Por meio de breves exemplos, descrevemos como as habilidades de problematizar a realidade, investigar, escrever e comunicar os resultados de pesquisa foram transferidas da mente e do corpo dos profissionais da história para uma combinação de softwares e hardwares que receberam o nome de Inteligência Artificial (AI).

Hoje, vamos conhecer um pouco dos mecanismos que fizeram com que o Chat GPT (a mais discutida IA do momento) se transformasse em um potencial auxiliar do profissional de História em todas as etapas do seu trabalho. Isso inclui uma nova rodada de exemplos sobre descargas mentais sutis que os profissionais da História têm efetuado nos últimos 20 anos.

Também vamos explorar as razões pelas quais a transferência dessas operações às máquinas pode tornar os resultados mais precisos, apesar das “alucinações” esporádicas apresentadas pelo Chat GPT.


Como opera o Chat GPT

Como indica a palavra Chat, o nosso GPT é uma ferramenta de conversação (de bate-papo). Ele responde aos comandos dos humanos, fornecendo respostas textuais, traduzindo textos e lendo imagens. Tudo isso ele faz dentro de uma atmosfera mágica para qualquer iniciante, já que responde aos nossos comandos como um ser humano que demonstra familiaridade em vários domínios, inclusive os da História.

O mistério é revelado no próprio nome. GPT são as iniciais de “Generative Pre-trained Transformer” (transformador gerador pré-treinado). O “Transformer” é a tecnologia que possibilita mapear contextos de ocorrência de pedaços de textos por meio do exame das dependências e da importância relativa (auto-atenção) entre uma palavra e os demais termos de uma frase, como também entre frases, possibilitando a previsão da próxima palavra ou frase (El Amri, 2023, p.8-9).

O exemplo que se segue demonstra apenas algumas das tarefas do “Transformer”, mas oferece aos leigos (nós) uma ideia de como a tecnologia opera para aprender e oferecer uma resposta preditiva. Ao se deparar com frase “O método histórico é constituído por operações de problematização, heurística, crítica, interpretação e composição”, capturada em uma página de manual de Introdução à História, a tecnologia segmenta as palavras (o/método/é/constituído/…), numera, codifica cada palavra e tipifica a relação que cada uma mantém com as demais como merecedora de maior ou de menor atenção.

Assim, com base na comunicação científica dos seus inventores (Vaswani, 2017) e nas exemplificações do próprio Chat GTP, é possível inferir que entre as relações mais relevantes da referida frase estão os substantivos “método histórico” e “operações”. Em contrapartida, entre as menos relevantes estão o artigo “o” . A máquina presta atenção na primeira palavra porque ela dá a entender que o “método histórico” é constituído por um conjunto de “operações”. Pelo mesmo princípio, a máquina presta menos atenção à palavra “o” porque ela importa menos para a compreensão de que o método histórico é constituído por operações.[i]

Passemos à segunda letra inicial. O “G” de “Generative” significa a capacidade de o Chat gerar uma nova frase a partir de “continuações plausíveis” sempre que solicitado. Para facilitar o entendimento da mágica e do desdobramento da sigla, tentem escrever qualquer texto no Gmail, no Google ou no Watts app. Logo vocês perceberão trabalho similar de recuperar padrões semânticos e sintáticos de escrita, de previsão e de complemento de sequências de texto executados pela IA. (Giansiracusa, 2021, p.24).

Da mesma forma, quando questionamos ao GTP: “O que significa método histórico?”, o Chat utiliza o mapeamento produzido pelas ações da tecnologia “Transformer” (como descrito acima) e apresenta a mais provável sequência de texto. Segue uma possibilidade de resposta: “método histórico é um conjunto de princípios e técnicas utilizadas por historiadores e pesquisadores para estudar e analisar eventos, ideias e documentos do passado. Ele busca estabelecer uma compreensão precisa e objetiva dos acontecimentos históricos e fornecer uma interpretação baseada em evidências e fontes confiáveis.”

Para ampliar a sua convicção sobre o modo de gerar a resposta, pergunte ao Chat quais as duas palavras mais prováveis de seguirem a frase: “O método histórico é”. Muito provavelmente, ele responderá que os termos são “uma” e “baseado”.

Se vocês incorporarem as duas respostas (“uma” e “baseado”) e replicarem a questão, ele responderá e justificará a resposta: “Se estamos usando uma versão do GPT treinada em um grande corpus de textos em português, as duas palavras mais prováveis de seguirem as frases ‘O método histórico é uma’ e ‘O método histórico é baseado’ são: 1. ‘ferramenta’ – já que ‘O método histórico é uma ferramenta fundamental para entender o passado’; 2. ‘em’ – já que ‘O método histórico é baseado em evidências documentais e fontes primárias’.”

Se, por fim, perguntarem sobre as 30 palavras mais prováveis de seguirem à frase “O método histórico é uma”, ele responderá: “ferramenta”, “área”, “disciplina”, “ciência”, “maneira”, “abordagem”, “metodologia”, “teoria”, “das”, “das mais”, “das principais”, “das áreas”, “das disciplinas”, “das ciências”, “forma”, “das melhores”, “das mais importantes”, “das mais utilizadas”, “das mais eficazes”, “das mais úteis”, “das mais populares”, “das mais avançadas”, “das mais relevantes”, “das mais conhecidas”, “das mais valorizadas”, “das mais complexas”, “das mais completas”, “das mais abrangentes”, “das mais antigas” e “das mais modernas”.

A última letra da sigla, o “P”, expressa a qualidade e a proveniência dessa resposta plausível. Quando o Chat responde que “A expressão ‘método histórico’ refere-se a um conjunto de técnicas e princípios empregados pelos historiadores para analisar, avaliar e interpretar informações do passado, buscando compreender a evolução de sociedades, culturas e eventos históricos”, ele emprega padrões inferidos durante o exame de milhões de textos, entre os quais estão livros, capítulos, artigos, teses e dissertações que exploram método histórico. Esse treinamento captura estruturas sintáticas e semânticas plausíveis. Isso é diferente de memorizar, recuperar e gerar trechos integrais de um ou outro texto em particular. É diferente de plágio e é semelhante à criação (ou produção autoral).


A transferência de habilidades com o Chat GPT

Hiena cercada por uma multidao de animais enquanto conta com entusiasmo 1 Historia Crítica

Cenário criado por inteligência artificial a partir do seguinte comando: “Hiena cercada por animais enquanto conta com entusiasmo as histórias do livro antigo. Ao fundo, vê-se o urubu pesquisando sozinho a história, com expressão focada e determinada. Ao seu redor, avista-se a savana africana, com árvores altas e vastos campos abertos” | Imagem: IA/Midjourney [the hyena surrounded by a throng of animals as she enthusiastically tells the stories from the ancient book. In the background, the vulture can be seen researching the story on its own, with a focused and determined expression. All around them, the African savannah can be seen, with tall trees and vast open fields. – (fast)]

Todas as modificações acima foram listadas para justificar uma tese: a cada facilidade oferecida pelas novas tecnologias, uma habilidade humana foi transferida às máquinas. O cérebro gosta e nós somos tomados pelo prazer da descarga mental/corporal. Mais dopamina, como costuma afirmar Margarida Dias.

Se observarmos as mudanças do saber-fazer do profissional da História na duração conjuntural, perceberemos certa regularidade nesse processo. Isso justifica uma tomada de posição menos apocalíptica e mais integradora em relação às tecnologias publicizadas nos últimos três anos, especialmente o Chat GPT.

Essas transferências não nos tornaram menos capazes mental ou corporalmente. Não nos deixaram mais preguiçosos. Pelo contrário, a transferência de habilidades para as máquinas desonerou nossa capacidade perceptiva e reflexiva para o uso em novos e sofisticados problemas (ao menos, idealmente), modificando a oferta de trabalho e reposicionando princípios éticos.

O que ocorre com o Chat GTP é uma radical transferência de habilidades do profissional da História para as máquinas. É radical em termos de qualidade e de extensão.

Em termos de extensão, o Chat GTP e similares abre a a possibilidade de colaboração das máquinas em todas as etapas de produção sobre as quais os profissionais convergem ao tipificá-las como “de História”.

 

Saber-fazer do profissional de História

 

Comandos para o Chat GPT
Problematização da realidade Sugira três questões de pesquisa sobre a crise da História como reservatório social das verdades sobre o passado.
Elaboração de hipóteses Formule uma hipótese que responda à segunda sugestão.
Revisão a literatura ou assenhorar-se da produção dos pares Liste teses e dissertações que explorem a segunda questão e/ou a hipótese relativa.
Heurística – tipificar potenciais fontes Considerando a hipótese acima, apresente tipologia de fontes que forneça informações sobre a mesma e dê exemplos de cada tipo de fonte.
Heurística – localizar fontes Liste prováveis locais de acesso às fontes que você acaba de citar.
Crítica – externa Informe autor, data tópica, data cronológica, objetivo, hipótese, questões, fontes, declarações centrais.
Interpretação (ou crítica interna) – extração de fatos e evidências Identifique significado de termos e expressões, erros de informação, sinonímias, ambiguidades, contradições, falácias.
Inferência Compare declarações e construa argumentos.
Composição Elabore um plano de redação em estilo formal.
Narração/escrita Conte uma história.
Divulgação científica Transforme esta história em um texto tópico para um público acadêmico.
Divulgação científica Transforme esta história em um texto informal e criativo para um público adulto e leigo.
Reescrita da história Transforme esta história em um texto didático para um público escolar.
Reescrita da história Encontre histórias didáticas sobre o mesmo tema com perspectiva diferente e/ou divergente.
Crítica historiográfica Elabore critérios de classificação e avaliação de perspectivas diferentes e/ou divergentes sobre a mesma história.
Composição com fins escolares Construa uma nova narrativa a partir desta perspectiva, adaptando o final aos fins disciplinares desta escola ou sistema escolar.
Planejamento escolar Elabore um plano de curso e o  desenvolva.
Investigação e prática escolar Elabore uma avaliação diagnóstica sobre crenças epistêmicas dos alunos.
Investigação e prática escolar Classifique e avalie o resultado da avaliação diagnóstica.
Planejamento e prática escolar Reelabore plano de curso e o desenvolva.
Prática escolar Crie atividades e materiais de apoio os alunos em trabalhos com heurística, crítica e interpretação.
Prática escolar Crie atividades e materiais de poio aos alunos em trabalhos de composição e resolução de problemas.
Prática escolar Elabore uma prova com itens de resposta construída e de resposta selecionada, apresentando distratores, gabaritos e rubricas.

Esta lista de tarefas do profissional da História e de comandos (“prompts”) para o Chat GPT pode se estender por várias páginas, a depender do nível de detalhamento e/ou de sofisticação exigido pelo domínio de pesquisa. Pode inclusive ser enriquecido com as tarefas de comunicação mais comuns, como a construção de ensaios, reportagens, posts e cards para as redes sociais e roteiro de vídeo, entre outros gêneros de difusão da sua pesquisa.

Conclusões

Neste minicurso, tentei convencê-los de que as habilidades do saber-fazer história, codificadas nos últimos dois séculos, sofreram rápido processo de transferência, do mundo humano ao mundo das máquinas, sobretudo nas últimas duas décadas do século passado.

Com a emergência das novas Inteligências Artificiais, impulsionadas nos anos da Covid 19, as ferramentas de construção de texto por meio de conversação ganharam o gosto do público não acadêmico, sob estímulo de espetacularização provocada pela grande mídia. Novamente, o conflito entre integrados e apocalípticos (ao modo de Umberto Eco) se instaurou, espalhando, por exemplo, o temor de que os profissionais de História sejam substituídos por professores-robôs.

Apesar do fatalismo reinante, tentamos demonstrar que a ocorrência apenas amplia o processo de descarga mental e consolida, na prática, a ideia de cérebro estendido.

Por meio de tais categorias, descrevemos o impacto possível (e provável) do Chat GPT em todas as macro tarefas do professor de História nos ensinos básico e superior, reiterando a necessidade de o profissional da área se assenhorar dos benefícios e das limitações dessa IA no extenso leque de habilidades cultivadas nos últimos dois séculos. Elas incluem a problematização da realidade, a investigação, a escrita e a comunicação dos resultados do exame das relações entre passado, presente e futuro.

Referências

ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023.

GIANSIRACUSA, Noah. Ow algorithms create and prevent fake news: exploring the impacts of social media, deepfakes, GPT-3, and more. Acton: Apress, 2021.

LEE, Kai-Fu; QIUFAN, Chen. Dois pardais: Processamento de linguagem natural, treinamento autossupervisionado, GPT-3, AGI e consciência, educação com IA. In: Como a Inteligência Artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas. Rio de Janeiro: Globo, 2022. p.82-134.

PAUL, Annie Murphy.Extending Biologial Intellignce: the imperative of thinking outside our brains in a world of artificial inteligence. In: ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023. p.158-176.

RUSSEL, Stuart. Inteligência artificial a nosso favor: como manter o controle sobre a tecnologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

VASWANI, Ashish et al. Attention is all you need. 31st Conference on Neural Information Processing Systems (NIPS). Long Beach, 2017. Disponível em <https://arxiv.org/pdf/1706.03762.pdf>. Consultado em 10 abr. 2023.


Imagem de alguns dos colegas que participaram deste minicurso

Alunos do minicurso IA e conhecimento historico UFRN 12 04 2023 Historia Crítica


Para citar este texto

FREITAS, Itamar. A transferência de habilidades do saber-fazer histórico. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 13 abr. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/todas-as-categorias/a-transferencia-de-habilidades-do-saber-fazer/>.

Inteligência Artificial na produção de conhecimento [histórico]

Ilustracao. Tres garotas Imagem IFIA Midjourney Historia Crítica
Cenário gerado por Inteligência Artificial a partir do comando: “Ilustração. Três garotas” | Imagem: IF/IA /Midjourney (2023)

 

O Chat GPT ganhou grande mídia nos meses de janeiro e fevereiro como a novidade em termos de Inteligência Artificial (IA) na geração de textos em linguagem natural.

As controvérsias motivadas pelas proibições da ferramenta em universidades e escolas na Europa e nos Estados Unidos repercutiram no Grupo de Teoria da História, do qual faço parte, na rede social WhatsApp, nas minhas conversas com os professores Fábio Alves, Margarida Oliveira, deflagrando uma série de experiências, algumas das quais apresento neste texto.

A pergunta que respondo neste minicurso (Inteligência Artificial na produção de conhecimento histórico), exigida pela provocação de Margarida Oliveira, é: qual o impacto da ferramenta no trabalho do profissional de História? Que possibilidades e desafios são anunciados com a disseminação da mais recente Inteligência Artificial (IA) em larga escala no nosso ambiente de trabalho?

As respostas são fornecidas com base em ideias que Margarida Oliveira e eu defendemos há quase duas décadas sobre o que deveria ser o ensino de História na formação superior e o ensino de História na escolarização básica, no Brasil.

Assim, neste texto que norteia nossas atividades pelas próximas quatro horas, descrevo brevemente as mais recentes substituições do trabalho humano pelo trabalho dos algoritmos.

Além disso, defendo as ideias de “cérebro avançado” ou de “descarga mental” [1] como possibilidade de convivência produtiva e controlada dos benefícios da inteligência artificial, com ênfase no Chat GTP.

1. Inteligência Artificial e trabalho de professor

Para vários especialistas na matéria, Inteligência Artificial (IA) é empregada como tecnologia ou cluster de tecnologias (software e hardware) que incluem “robótica, aprendizado de máquina, computação em nuvem, genômica, impressão 3D, criptografia quântica, Telecomunicações 5 G” (Araya; Marber, 2023, p.1; Lee; Qiufan, 2022, p.7).

De modo mais específico, neste texto, a inteligência humana é entendida como a capacidade de estabelecer, selecionar meios e cumprir objetivos, enquanto a IA é compreendida como agir sistematicamente para atingir os objetivos que nós humanos estabelecemos. (Russel, 2021, p.2022).

Fazendo o paralelismo com essa definição, entendemos que a IA aplicada ao trabalho do profissional de História é capacidade de mobilizar-se em torno de um objeto e cumpri-lo sem a interferência de um historiador em seu processo.

Assim, considerando que a tarefa desse profissional é problematizar, gerar hipóteses, revisar a literatura, processar fontes (encontrar, classificar, criticar e interpretar) e sintetizar declarações proposicionais no ensino básico e no ensino superior, a IA aplicada ao trabalho do historiador pode ser definida como a capacidade de problematizar, gerar hipóteses, revisar a literatura, processar fontes (encontrar, classificar, criticar e interpretar) e sintetizar declarações proposicionais na condição de ferramenta auxiliar ao profissional da História.

Esse entendimento da relação IA/trabalho do profissional de História nos leva a outro conceito: o de inteligência controlada.

2. Usando Inteligência artificial e mantendo a autonomia docente

Do mesmo modo que ocorreu com as calculadoras científicas, que proporcionaram a extensão do cérebro retentor de algoritmos às máquinas manufaturadas, o uso da IA ​​no trabalho do historiador, consiste em um “descarregamento” [2] do cérebro humano de habilidades desenvolvidas e mobilizadas há dois séculos para atuar na escolarização básica e no ensino superior.

As consequências desse “descarregamento” ainda são controversas, ou melhor, nem foram pesquisadas no Brasil. Assim, nosso foco não são as questões éticas ou os prejuízos em termos de habilidades, conhecimentos e valores básicos.

Concentrando nossa atenção sobre genéricas categorias de aprendizagem histórica, podemos afirmar que a manutenção da autonomia docente no Ensino de História está diretamente relacionada ao domínio de conhecimentos, habilidades e valores básicos defendidos como tipicamente identitários das práticas de ensino em História.

De modo mais preciso, afirmamos que a Inteligência Artificial aplicada ao ensino deve consolidar (ou aprofundar) um novo fosso entre os que sabem e os que somente sabem fazer. Em outros termos, os saberes teóricos ganham primazia na formação e na atuação docente.

Para o que nos interessa neste mini-curso, basta que reiteremos a necessidade de dominar a sintaxe dos enunciados de expectativas de aprendizagem, também reproduzida nos demais enunciados da prática: diagnósticos, atividades, avaliação.

É importante reter a forma de todo enunciado de aprendizagem, seja ele uma competência geral (de etapa ou de área do ensino) ou um item de prova de determinado componente curricular. Ele possui três elementos estruturantes: habilidades, conhecimentos e conhecimentos/habilidades/valores/atitudes etc. que informam a qualidade da resposta que o aluno deve fornecer.

É importante lembrar que todo enunciado de expectativa de aprendizagem histórica é, necessariamente, orientado por teorias gerais da aprendizagem e/ou por teorias da aprendizagem histórica. Portanto, sem conhecer princípios de aprendizagem disponíveis na rede, a exemplo daqueles formulados por J. Rüsen, P. Lee e I. Barca ou desenvolvidos a partir das teorias de J. Dewey, L. V. Vigotsky, J. Piaget, D. Ausubel e P. Freire, é provável que você vire refém das máquinas.

É certo que se você der um comando sem orientação teórica ao GPT, ele vai responder de modo teoricamente correto (salvo eventuais alucinações). Ele assim procederá porque o algoritmo faz apenas previsões sobre palavras (e, consequentemente, de expressões e proposições) que podem se seguir à sua questão. Considerando que Piaget, Vigotsky e Ausubel são autores referenciados positivamente pela maioria dos acadêmicos, as respostas serão, repetimos, academicamente corretas. Por essa razão, o GPT corrigirá o seu desconhecimento com material epistemologicamente correto.

Por outro lado, aplicar comandos aleatórios ao GPT é ruim porque, aos poucos, você vai transferindo sua autonomia para a máquina, já que a sua aprendizagem será limitada à eventual correção que fez sobre o comando que você elaborou.

Perda de autonomia significa, inclusive, que você não terá parâmetros para avaliar e validar a correção e a legitimidade da resposta oferecida pela tecnologia, reproduzindo, eventualmente, erros de toda espécie produzidos pelo Chat.

Outra demanda teórica suscitada pelo uso do Chat GPT (e tecnologias similares) é o domínio da aplicação de teorias da aprendizagem a situações de progressão das aprendizagens.

No trabalho de planejar atividades e itens de prova para alunos de diferentes faixas etárias/etapas de ensino, é necessário dominar minimamente os princípios de progressão por complexidade estabelecidos nas taxonomias dos objetivos educacionais. É importante reter que as progressões podem ser realizadas com a modulação das habilidades (verbos), dos conhecimentos (substantivos) e da combinação entre habilidades e conhecimentos.

Novamente, devemos reconhecer que o Chat GPT faz isso muito bem e pode fornecer elementos de autoavaliação. Você pode perguntar a ele onde estão os elementos que demonstram o uso das teorias, conceitos, valores comunicados no seu comando. Contudo (também novamente) se você desconhecer as teorias não poderá avaliar, validar e legitimar a argumentação que ele oferece sobre a própria produção.

Outra demanda teórica exigida pelo uso das Inteligências Artificiais é o conhecimento mínimo sobre categorias e procedimentos de inclusão de pessoas com deficiência, a exemplo de não videntes ou não ouvintes em salas de videntes e ouvintes de modo a conciliar minimamente os ritmos de aprendizagem e as demandas de cada grupo.

Principalmente para esta tarefa, devemos reunir o conhecimento da estrutura dos enunciados, das teorias da aprendizagem, das teorias da progressão e das teorias da avaliação (diferenciando avaliações para seleção e avaliações como auxílio da aprendizagem, tipos e formas de itens de prova etc.).

Considerações finais

Nas experiência que faremos na sequência, é provável que privilegiemos o conhecimento substantivo, o mais empregado em sala de aula no Brasil. Mas vocês podem explorar apenas conteúdo metahistórico ou combinar os dois. Repetimos que a tecnologia será limitada por suas limitações ou expandida com a sua criatividade ou a sua predisposição para experimentar e inovar.

Para finalizar, reiteramos que os saberes e preocupações que apresentamos hoje demonstram a importância da Universidade nas suas carreiras e formações. Os saberes da prática são muito mais úteis ao cotidiano docente quando combinados com as teorias extraídas da pesquisa básica, dominantemente realizada pelos pós-graduandos e professores universitários. As interações desses e de outros saberes, por fim, são um importante instrumento para a manutenção da autonomia que todos gozamos com professores em qualquer etapa de ensino.

Notas

[1] “O descarregamento tem muitos benefícios. Isso nos alivia do fardo de manter uma série de detalhes ‘em mente’ liberando recursos programados para tarefas mais exigentes, como resolução de problemas e geração de ideias. Também produz para nós o ‘ganho de desapego’, pelo qual podemos inspecionar com nossos sentidos, e muitas vezes perceber de novo uma imagem ou ideia que antes existia apenas na imaginação.” (Paul, 2023, p.164).

[2] Como a expressão sugere, The Extended Mind é a capacidade humana de transferir à IA a tarefa de cumprir objetivos antes restritos exclusivamente ao cérebro do profissional de História. Tal descarga pode ser realizada pelos procedimentos cotidianos de fazer anotações (offloading ), de gesticular, transformar abstrações em objetos tridimensionais e de se engajar numa discussão com especialistas (memória transativa) (Paul, 2023, p.161-163).

Referências

ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023.

LEE, Kai-Fu; QIUFAN, Chen. Dois pardais: Processamento de linguagem natural, treinamento autossupervisionado, GPT-3, AGI e consciência, educação com IA. In: Como a Inteligência Artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas. Rio de Janeiro: Globo, 2022. p.82-134.

PAUL, Annie Murphy.Extending Biologial Intellignce: the imperative of thinking outside our brains in a world of artificial inteligence. In: ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023. p.158-176.

RUSSEL, Stuart. Inteligência artificial a nosso favor: como manter o controle sobre a tecnologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

 

Este texto continua em: A transferência de habilidades do saber-fazer histórico.


Para citar este texto

FREITAS, Itamar. Inteligência Artificial (IA) na produção de conhecimento histórico. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 11 abr. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/a-cursos/inteligencia-artificial-ia-na-producao-de-conhecimento-historico/>. [Texto modificado em 29/05/2023 para melhoramentos de revisão textual e estilo].

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Video boliviano de los 80. Experiencias y memorias de una década pendiente en la ciudad de La Paz | María Aimaretti

Este libro ofrece un viaje poético y político hacia un tema y una coyuntura escasamente conocidos por los estudios de historia reciente: la producción y circulación de videos que, elaborados desde la ciudad de La Paz durante la década de 1980, entramaron redes de intercambio no solo con Bolivia sino con otros circuitos americanos y europeos. Entre sus estrategias narrativas habituales utiliza la letra x como una opción del lenguaje inclusivo que permite resignificar la concordancia de géneros, cuestionar jerarquías e introducir disonancias. Propone una figura retórica (la escena) y un conjunto de variables que guían nuestra lectura como brújulas. Todos los capítulos logran tanto profundizar en un actor-experiencia particular como reponer la trama de una historia que involucra a una diversidad de “agentes, horizontes ideológicos, formas de trabajo, filiaciones institucionales y paradojas”.

El capítulo 1 despliega una hipótesis que, retomando ideas de Battistozzi y Richard, corrobora la existencia de una peculiar “escena de los ochenta”, la cual refiere “al proceso de configuración, desarrollo y dispersión de una serie de experiencias de producción en video que llevaron adelante jóvenes paceñxs (…) ‘Otro’ es el soporte utilizado –el video y no el celuloide-, y ‘otrxs’ lxs creadorxs –una nueva y plural juventud−”. Su periodización de los años ochenta bolivianos reconstruye los matices tanto locales como latinoamericanos de esa década considerada sísmica por la Red Conceptualismos del Sur. Indaga en la dictadura militar recordada por una de las videastas como una etapa donde muchxs jóvenes experimentaron vacío, silencio, cárcel o exilio.1 Sobre el período de “incertidumbre transicional”, repone prácticas que devinieron “insubordinación al aislamiento”, como los cines-clubs; referentes religiosos que interpelaron a lxs adolescentes mediante cine y publicaciones; e instituciones culturales, como las sedes paceñas de la Alianza Francesa y el Instituto Goethe. También profundiza en la recuperación de la democracia, cuando la modernización coexistió con la crisis económica, el narcotráfico, la dependencia de EEUU y las huelgas sociales. El capítulo 2 hace foco en la producción de dos miembrxs del Movimiento de Nuevo Cine y Video Boliviano. Articula ejes genealógicos y generacionales para indagar en la trayectoria de su maestro, el jesuita Luis Espinal, quien llegó a Bolivia desde España durante la dictadura y, hasta su asesinato, “se comprometió con la defensa de los DDHH y la revitalización del campo audiovisual”. Examina los perfiles familiares de la pareja que dio origen al grupo nominado al inicio como Qhaway Ukuman (que en quechua significa mirar profundo) y luego como Nicobis. Mixturando nociones de Didi-Huberman y Butler logra un análisis formal y sensible de los videos producidos por el grupo, los cuales son considerados como discursos visuales que, “insertos en un proceso de reinvención democrática, fueron eco y representación de asuntos públicos”. Leia Mais

Las infancias afectadas por el terrorismo de Estado en el Cono Sur: violencias, agencias y memorias/Clepsidra. Revista Interdisciplinaria de Estudios sobre Memoria/2023

Durante 2021 las coordinadoras de este dossier compartimos un proyecto de investigación1 en el que estudiamos la presencia de las infancias sobrevivientes en los procesos judiciales por crímenes de lesa humanidad y los sitios de memoria en Argentina. Nos centramos particularmente en la dimensión afectiva de las experiencias de niños, niñas y adolescentes alcanzados en forma directa por el terrorismo de Estado y los modos en que la justicia y los museos memoriales caracterizan, narran y reconocen esas violencias contra las infancias. Buscábamos así indagar en el impacto de estas nuevas voces que se hacen escuchar en los estrados judiciales y los antiguos centros clandestinos de detención, contando la historia de sus padres y madres desaparecidos y asesinados pero también las propias, tensionando y ampliando así las narrativas de la memoria.

Como parte de esa investigación, organizamos el taller internacional “Infancias, violencia y terrorismo de Estado. Voces, miradas, agencia de niñxs sobrevivientes”, del cual participaron expositores de nueve países de América Latina y Europa, y que gracias a su modalidad virtual contó con la asistencia de doscientos treinta participantes de todo el continente, entre ellos investigadores, personas afectadas y agrupaciones que las nuclean.2 La repercusión de este taller reforzaba nuestra hipótesis de partida: que las voces de quienes sufrieron la violencia estatal de las dictaduras en América Latina en la niñez y adolescencia comenzaban a hacer oír nuevos reclamos, ya no solo verdad y justicia en relación a sus padres sino también el reconocimiento de las situaciones que ellos mismos sufrieron por ser hijos de militantes y opositores políticos en contextos represivos. Leia Mais

Clepsidra. Buenos Aires, v.10, n.19, 2023.

Clepsidra Historia Crítica

Dossier. Las infancias afectadas por el terrorismo de Estado en el Cono Sur: violencias, agencias y memorias

Las infancias afectadas por el terrorismo de Estado en el Cono Sur: violencias, agencias y memorias

Editorial

Dossier Temático

Reseñas

Publicado: 2023-04-02

 

Inteligência Artificial em ambiente científico

Guerras Duda Arte Historia Crítica
Exemplo de emprego da Inteligência Artificial (Midjourney) para otimizar um protesto contra as guerras
“Prompt: Uma história: Um retrato fotorrealista de um jovem menino iemenita, sentado em uma pilha de pedras em meio às ruínas de um prédio destruído, com o rosto manchado de sujeira e lágrimas. Ele veste uma roupa tradicional iemenita, rasgada e suja do conflito. No Ao fundo, uma paisagem urbana devastada por bombas e projéteis de artilharia é visível, com fumaça e chamas subindo à distância. O retrato captura a dor e o trauma dos civis iemenitas afetados pelo conflito, com os olhos do menino refletindo o medo e a incerteza de sua experiência. | Espero que este post possa espalhar alguma consciência e causar um momento de reflexão sobre as guerras na Ucrânia, Somália, Iêmen, Tigray, Mianmar, Síria, Afeganistão, Moçambique e Sudão do Sul. Essas imagens retratam a tragédia da guerra, mas as pessoas retratadas não são reais. Recordemos as verdadeiras vítimas do conflito e trabalhemos pela paz. Se quiser acompanhar meu trabalho, posto mais projetos no meu instagram: duba.arte.”

Colegas, boa noite!

A Pró-Reitoria de Pós-graduação e Pesquisa da UFS me fez um convite de fala e ofereceu um tema: “Inteligência Artificial em ambiente científico”. Como podem ver, é uma proposta genérica que compõe a mesa de duas comunicações mais específicas, proferidas pelos professores Carlos A. E. Montesco (DCC/UFS) e Paulo R. B. Silva (DLE/UFS).

Considerando a liberdade do convite, resolvi recortá-lo, traduzindo “ambiente” por campos de pesquisa e ensino. Aqui, abordo os dois ambientes em duas questões: 1. Que interesses movem alunos de doutorado que incluem Inteligência Artificial (IA) como objeto central ou tangencial de pesquisa, ou seja, quais habilidades humanas são transferidas para a IA? 2. Quais os impactos da IA no ambiente de ensino dos procedimentos e regras de validação científica, isto é, quais problemas e soluções são apresentados para responder à presença da IA no Ensino Superior?

Para responder à primeira questão, consultei 93 teses de doutorado defendidas nos anos de 2021, 2022 e 2023, no Brasil que incluem o descritor “Inteligência Artificial” nos registros do Banco de Teses e Dissertações da CAPES. (Clique aqui para acessar os registros consultados).

Para responder à segunda questão, consultei 14 textos publicados em livros-tese ou livro-coletânea de autoridades que tratam do ensino, pesquisa e desenvolvimento com IA e dos impactos da IA no Ensino Superior em cinco continentes.

A fala, por fim, é estruturada em duas partes, além dessa introdução: “IA como objeto de pesquisa no Brasil”; “IA no Ensino superior.” Nas conclusões, retomo as principais declarações dos dois tópicos e apresento algumas questões para a reflexão sobre o impacto da IA em nossa Universidade.

 


1. As Inteligências Artificiais como objeto de pesquisa no Brasil

Certamente, os colegas desta mesa fornecem definições de IA, o que me poupa tempo de fala. Aqui, basta compreendermos que as tentativas de designar a coisa formam um espectro que envolve “ciências de”, “ciência de”, “campo de pesquisa”, “disciplina do ensino superior”, “técnicas” e “técnica”.

EIas são, por exemplo: uma “constelação de tecnologias emergentes, incluindo robótica, aprendizado de máquina, computação em nuvem, genômica, impressão 3D, criptografia quântica, Telecomunicações 5 G” (Araya; Marber, 2023, p.1) ou “sistemas baseados em máquinas que podem […] fazer previsões, recomendações ou decisões que influenciam ambientes reais ou virtuais.” (Shiorira; Holmes, 2023, p.138).

IAs são também uma “combinação de software e hardware capaz de executar tarefas que, [em geral] exigiriam a inteligência humana” ou “o esclarecimento do processo de aprendizado humano, a quantificação do processo de pensamento humano, a explicação do comportamento humano e a compreensão do que torna a inteligência possível.” (Lee; Qiufan, 2022, p.7).

Com esses e mais outros modos de designar a coisa, recém doutores de 49 áreas do conhecimento se empenharam em investigar as possibilidades de transferência de habilidades humanas às máquinas.

As duas habilidades majoritárias correspondem às principais tarefas do aprendizado em Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de Máquina (AM)[1]: descrever — identificar/diagnosticar (24%), explicar/prever (14%): avaliar (17%), aplicar (15%) e criar (20%).

Em termos de descrição de fenômenos, citemos o trabalho de identificar “Zica vírus na saliva” (Georjutti, 2022), “as ações de jogo no Voleibol” (Rodrigues, 2022), de monitorar e combater a “obesidade” (Audibert, 2022), como também de identificar/reconhecer “padrões moleculares, clínicos e imunológicos” da Hanseníase (Souza M. L., 2021b).

A mesma habilidade é transferida à IA em termos de interpretar “imagens médicas” (Sousa, 2021a) e identificar “faltas em módulos fotovoltaicos” (Vieira, 2021). No Direito, os pesquisadores identificam e classificam “sentenças judiciais” (Castro Junior, 2021), “tendências e consequências da decisão” jurídico-penal” (Mota, 2022) e a apuração da “responsabilidade civil em sistemas de carros autônomos” (Bravo, 2021).

Em termos de previsão, a pesquisa em IA serve ao gerenciamento do “agronegócio na caatinga” (Borba, 2022), à investigação sobre a “mortalidade em recém-nascidos pré-termo de extremo baixo peso” (Matsushita, 2022), ao controle do desmatamento (Neves, 2022) e ao estudo sobre a “irradiância solar” (Muraikrischna, 2021).

A IA também servem na previsão da “resistência mecânica de concretos com materiais alternativos” (Silva, 2021c) e, ainda, para explicar “sobrevivência organizacional” (Paula, 2021) e a ocorrência “síndrome respiratória aguda grave” no SUS (Araujo, 2022).

Entre as demais habilidades humanas transferidas à IA estão: o avaliar, aplicar e o criar. Os pesquisadores brasileiros, por exemplo, desenvolvem ferramentas para avaliar a taxa toxicológica em insetos (Bernardes, 2021), a qualidade dos “recursos educacionais abertos usando métodos de processamento de línguas naturais” (Gazzola, 2021), e as “taxas de reconhecimento de imagens de edifícios” (Vasconcelos, 2022).

Outros trabalhos focam na efetividade da IA em Tribunais Brasileiro (Silva, 2022a), nos “limites éticos” dos usos da IA entre os agentes do direito (Junquilho, 2022), da IA como “sujeito de direito” (Divino, 2022) e, principalmente, no impacto da IA e da automação no mercado de trabalho e na desigual distribuição de renda (Meireles, 2022; Sousa R., 2022b).

A aplicação e a criação de ferramentas fecham nosso rol de exemplos. Da primeira, destacamos o emprego da IA na “retirada de peso corporal” (Calças Neto, 2021), na construção de cidades inteligentes (Oliveira, 2022a) e no gerenciamento do espaço aéreo (Baum, 2021).

Do segundo, exemplificamos com a modelagem agrometeorológica (Moraes, 2021), a criação de “composto” para o combate à “esquistossomose” (Moreira Filho, 2021), de software para o “controle de infecção hospitalar” (Lins, 2023), e de tutorias inteligentes personalizadas para a aprendizagem (Melo, 2021).

Além disso, pesquisadores se esforçam para criar ferramentas que produzam cenários (Boeira, 2021), “conteúdo de marketing para mídias sociais” (Santos, 2022) e “jornalismo em vídeo” (Barbizan, 2021).

 


2. As Inteligências Artificiais no Ensino Superior

Com a descrição do tópico anterior, já temos uma ideia da presença da IA no ambiente científico da Pós-Graduação. Já sabemos que ela cobre, somente nos últimos cinco anos, 49 áreas do conhecimento em dezenas de instituições de educação superior brasileiras. Nesses textos, percebemos algumas indagações sobre o impacto no interior das Universidades.

Contudo, é no trabalho coletivo de profissionais estabelecidos na área (professores de graduação e pós-graduação) que encontramos os mais sistemáticos estudos sobre o impacto da IA no Ensino Superior.

Em termos mais abrangentes, pesquisadores tratam da inserção da IA no Ensino Superior, atrelada ao perfil pedagógico do produto que elas oferecem à sociedade. Nesse sentido, pesquisadores, interrogam: como as universidades latino-americanas podem vencer o seu caráter tradicionalista e o fosso entre as demandas do mundo do trabalho focadas em IA?

Obviamente, as orientações ideológicas divergem no problema e na solução. Pesquisadores de centro-direita ou de direita, em termos econômicos, questionam: como a IA pode tornar as Universidades competentes na oferta de ensino que garanta a oferta de mão-de-obra exigida pelo mercado em termos de quantidade, qualidade e velocidade?

Críticos de centro-esquerda e esquerda, em termos econômicos, questionam: como adotar inovações da IA na Educação Superior e, ao mesmo tempo, conservar “o pensamento independente, identidades fortes e criativas”? Como defender a Universidade dos interesses econômicos (neoliberais) e da doutrinação mística do Vale do Silício pela divinização da tecnologia? Como combater as ameaças à privacidade dos alunos e à suspeita permanente sobre questões de plágio, por exemplo (Popenici, 2022, p.130–133)? Como encontrar tecnologias avaliadas de modo independente dos interesses das grandes corporações que as produzem (Shiorira; Holmes, 2023, p.148–149)?

Há um terceiro grupo de pesquisadores se ocupa de problemas de aprendizagem e do currículo: como evitar que as tecnologias desenvolvidas por grandes corporações comerciais perpetuem práticas pedagógicas ruins (pedagogias centradas no professor e o afastamento da agência do professor) (Shiorira; Holmes, 2023, p.148–149)?

Neste mesmo caminho, surge a questão mais contraditoriamente mais ingênua e a mais sofisticada: vai haver professor-robô? Os professores humanos perderão seus empregos a uma taxa de 50%, nos próximos cinco anos?

Quem apresenta as questões, certamente tem respostas, ainda que hipotéticas. Para a questão do atraso latino-americano, pesquisadores apontam soluções pendulares. Uns veem a adoção em massa das tecnologias, sobretudo em instituições privadas, como estratégia de redução de custos.

Outros veem a ação estatal como alternativa para a implantação de sistemas que prevejam evasão, reprovação e que auxiliem na aprendizagem autônoma do aluno.

Um exemplo dessas alternativas é a orientação de minerar dados educacionais para “descobrir…características individuais em seus alunos e em suas notas e processos específicos que influenciam a taxa de evasão”, pondo em prática “um modelo que prediz a evasão acadêmica e média de notas (GPA) de alunos graduados”. (Martínez-Navarro; Verdú; Moreno-Ger, 2021, p.199).

É também um exemplo a orientação de empregar os dados gerados pelos estudantes em atividades curriculares e extra-curriculares, provas, fóruns, uso de material didático para “prever o desempenho do aluno no início do processo de aprendizagem, comparando os padrões comportamentais de alunos atuais e antigos.” (Moreno-Ger; Burgos, 2021, p.244).

Idêntica saída é apontada pelos que denunciam o descompasso entre o que o mercado necessita e o que as Instituições formadoras entregam: a rápida adoção de tecnologias de IA e flexibilização de currículos.

Uma alternativa curricular citada vem do Instituto Tecnológico de Monterrey, no México. Ali, a meta é instituir novo modelo de formação superior (o Tec-21), privilegiando “aprendizagem baseada em desafios” a “flexibilidade” e a ideia de “professores inspiradores”. (Araya; Marber, 2023, p.23).

Sobre as salvaguardas do Ensino Superior em relação às investidas do Mercado, pesquisadores vão da harmonização de interesses aos fins utópicos. Da harmonização destaco a ideia de que a IA pode “corrigir essas falhas e transformar a educação”, criando um professor auxiliar de IA que automatize tarefas docentes impossíveis de cumprimento hoje.

Assim, em termos de estratégias de ensino e aprendizagem, os pesquisadores sugerem: corrigir “erros dos alunos, responder a perguntas comuns, passar lição de casa e provas e dar notas […] trazer personagens históricos à vida e interagir com os alunos” (Lee; Qiufan, 2022, p.132–133).

Também sugerem criar bots de bate-papo coletivo para o ensino (liberando o professor das respostas triviais), criar ferramentas de avaliação, ferramentas de inclusão (ritmos e insuficiências em habilidades), sempre com a participação humana ou seja, com o emprego de princípios éticos orientadores dos usos da IA. (Papaspyridis; La Greca, 2023, p.123–125).

No que diz respeito ao currículo, além do exemplificado com o Instituto de Monterrey, pesquisadores sugerem um desenho que privilegie a descarga de trabalhos do nosso cérebro e a criação de um cérebro estendido.

Por esse modelo, o currículo, tanto da escolarização básica como do Ensino Superior, deveria se orientar para a ampliação das capacidades do cérebro humano em termos de “recordar com precisão informações complexas, envolver-se em um raciocínio lógico rigoroso e compreender ideias abstratas ou contra-intuitivas”, que já são exigidas pela sociedade complexa.

Isso se faz “empregando habilmente as extensões mentais”, ou seja, “pensando fora do cérebro” (Paul, 2023, p.160): 1. usando tecnologia; 2. usando os nossos corpos (em sua capacidade de comunicação e de transformar “conceitos abstratos em termos concretos”); 3. usando o espaço físico (“transformar uma representação mental em foras e linhas”); 4. usando “a mente de outras pessoas” para “complementar nossa limitada memória individual” – “memória transativa”, via debates e conversas (Paul, 2023, p.162–162).

As iniciativas mais utópicas de modificação curricular e didática ficam por conta da transformação do professor humano em estimulador do pensamento crítico, criatividade, empatia e trabalho em equipe.

Para um dos pesquisadores consultados, “o professor será um esclarecedor quando um aluno estiver confuso, um confrontador quando o aluno estiver cheio de si e um confortador quando o aluno estiver frustrado”. O professor gerenciará “inteligência emocional, criatividade, caráter, valores e resiliência nos alunos”. Além disso, vai “dirigir e programar o professor e companheiro de IA de forma que atendam melhor às necessidades dos alunos.” (Lee; Qiufan, 2022, p.132–133).

Quanto à última questão, a que causa maior temor, pesquisadores respondem de modo esperançoso. Em primeiro lugar, milhões de pessoas perderão os seus empregos, mas milhões de outros empregos serão criados se o setor produtivo explorar as descobertas recentes da biotecnologia. “Até 60% dos insumos físicos da economia global poderiam, em princípio, podem ser produzidos biologicamente […] madeira, algodão e animais criados para alimentação (Chui et al, 2023, p.48). O Ensino Superior modificaria a sua estrutura de cursos nessa direção.

A outra ideia é direcionada aos Estados. Com os lucros da automação, as pessoas poderiam ser beneficiadas com bolsas para fazer cursos em áreas onde a máquina não pode substituir os humanos, como o cuidar das pessoas. Nesse novo regime econômico e social, o professor humano seria um estimulador do pensamento crítico, criatividade, empatia e trabalho em equipe.(Lee; Qiufan, 2022, p.132–133).


 

Conclusões

Nesta fala, tentei convencê-los de que a IA está no ambiente científico há 70 anos. Em se tratando de pesquisa científica produzida na pós-graduação, no Brasil, nos últimos seis anos, a IA frequenta 49 domínios, apresentando alternativas de diagnóstico e de previsão de fenômenos, e criação de ferramentas de uso cotidiano que cobrem as atividades de serviços, comércio e indústria, que suprem demandas da saúde, segurança, educação e lazer.

No ensino superior, a IA mobiliza preocupações com a maximização dos lucros do mercado, a redução da autonomia das Universidades, o desrespeito à privacidade e à liberdade de professores e alunos. Também mobiliza desejos e planos de usufruto racional e humano das IA e o seu auxílio para a extinção das mazelas centenárias das salas de aula, com destaque para o ensino centrado no professor e o consequente desprezo dos ritmos individuais dos alunos.

Ficam, portanto, essas declarações e questões como estímulo para pensarmos a sistematização da presença da IA no cotidiano da nossa Universidade Federal de Sergipe.

Até o espetáculo da impressa sobre o Chat GPT (apenas uma tecnologia de IA), pouca gente se interessava pela expressão. Hoje, sabemos que as IAs são extensões do nosso cérebro, usadas cotidianamente em todos os Campi quando, por exemplo, fazemos uma busca na Biblioteca, corrigimos um texto eletronicamente, manipulamos planilhas e, também quando escrevemos uma mensagem no Whats app, estabelecemos o itinerário do Uber ou marcamos um encontro no Tinder.

Por que teria de ser diferente a presença das IAs na escrita de planos de curso, itens de prova, correção de atividades, composição de textos, de revisões de literatura, de projetos de mestrado, de construção de filmes, músicas, imagens e histórias no interior da Universidade? Reflitamos a respeito.

Muito obrigado!

Nota

[1] “Processo de indução de uma hipótese (ou aproximação de função) a partir da experiência passada”. O conjunto de habilidades corresponde às “técnicas de AM na solução de problemas reais”, a exemplo de: reconhecer, prever, identificar, conduzir, jogar e explicar (FACELI, 2011, p.2–3).

Referências

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FACELI, Katti; LORENA, Ana Carolina; GAMA, João; CARVALHO, André C.P.L.F. de. Inteligência Artificial: uma abordagem de aprendizado de máquina. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

FUNG, Jin Michael; HOSSEINI, Samira. Reimagining Education and Workforce preparation in suport of the Uns Sustainable evelopment Goals. In: ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023. p.30-47.

LEE, Kai-Fu. Inteligência Artificial: como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.

LEE, Kai-Fu; QIUFAN, Chen. Dois pardais: Processamento de linguagem natural, treinamento autossupervisionado, GPT-3, AGI e consciência, educação com IA. In: Como a Inteligência Artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas. Rio de Janeiro: Globo, 2022. p.82-134.

MARTÍNEZ-NAVARRO, Álvaro; VERDÚ, Elena; MORENO-GER, Pablo. Mining pre-grade academic and demographic data to predict Universit droupout. In: BURGOS, Daniel; BRANCH, John Willian. Redical solutions for digital transformation in Latin American Universities: Artificial Intelligence and Technology 4.0 in Higher Education. New York: Springer, 2021. p.196-215.

MORENO-GER, Pablo; BURGOS, Daniel. Machine lLearning and student activiy to predict academic grades in online setting in Latam. In: BURGOS, Daniel; BRANCH, John Willian. Redical solutions for digital transformation in Latin American Universities: Artificial Intelligence and Technology 4.0 in Higher Education. New York: Springer, 2021. p.243-257.

PAPASPYRIDIS, Alexandros; LA GRECA, Jason. In: ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023. p.119-136.

PAUL, Annie Murphy.Extending Biologial Intellignce: the imperative of thinking outside our brains in a world of artificial inteligence. In: ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023. p.158-176.

POPENICI, Stefan. Artificial Intelligence and learnig futures: critical narratives of technology and imagination in Higher Education. New York: Routledge, 2022.

SHIORIRA, Kelly; HOLMES, Wayne. Proceed with caution: The pitfalls and potential of AI and Education. In: ARAYA, Daniel; MARBER, Peter (Ed.). Augmented Education in the global age: Artificial Intelligence and the future of learning and work. New York: Routledge, 2023. p.138-156.

YASMIN, Hena; MAZHAR, Ramsha. AI in Education: A few décadas frm now. In: CHURI, Prathamesch Padmakar; JOSHI, Shubham; ELHOSENY, Mohamed; OMRANE, Amina (Ed.). Artificial Intelligence in Higher Education:a a practical approach. New York: CRC Press, 2023. p.1-30.


Flagrantes do evento no qual este texto foi apresentado – “Os impactos da Inteligência Artificial, como o Chat GPT, na ciência. São Cristóvão-SE, 3/04/2023.

Prof. Carlos Alberto Estombalo Mntesco Departamento de ComputacaoUFS Historia Crítica
Prof. Carlos Alberto Estombalo Mntesco – Departamento de Computação/UFS

Alunos tecnicos professores e convidados no auditorio da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe Historia Crítica

Alunos, técnicos, professores e convidados no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe

Renata Paulo e Carlos Alberto 38 Historia Crítica

(Da esquerda para a direita) Professores Renata Ferreira Costa Bonifácio, do Departamento de Letras Vernáculas, Paulo Roberto Boa Sorte Silva, do Departamento de Letras Estrangeiras, e Carlos Alberto Estombalo Mntesco – Departamento de Computação/UFS

Para saber mais e de modo fácil


Para citar este texto:

FREITAS, Itamar. Inteligência Artificial em ambiente científico: pesquisa e ensino. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 3 abr. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/todas-as-categorias/inteligencia-artificial-em-ambiente-cientifico-pesquisa-e-ensino/>.

Pilquen. Buenos Aires, v.26, n.1, enero/marzo, 2023.

Pilquen Historia Crítica

ARTÍCULOS

NOTAS

PUBLICADO: 2023-04-03

Estudos Feministas. Florianópolis, v.31, n.1, 2023.

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.10, mar./abr., 2023.

Anais do Museu Paulista. São Paulo, v. 31, 2023.

ESTUDOS DE CULTURA MATERIAL

DOCUMENTOS

RESENHAS

PUBLICADO: 2023-04-17

Almanaque do Brasil nos tempos da Independência | Jurandir Malerba

O livro “Almanaque do Brasil nos tempos da Independência” (2022) de Jurandir Malerba que ora se resenha é resultado de pesquisa de fôlego e dos trabalhos de décadas de estudos dessa temática; um presente para celebrar o duo centenário da Independência do Brasil (1822-2022). Lançado em formato de almanaque pela Editora Ática, contem 311 páginas e conta com o prefácio de Lilia Moritz Schwarcz e ilustrações de Cordeiro de Sá.

Malerba está na estrada há 30 anos estudando o século XIX e, mais especificamente, os processos da Independência do Brasil, formação da nação, chegada da Corte Portuguesa em 1808 em uma bibliografia que o autoriza a escrever sobre essa temática em formato de almanaque. Leia Mais

O tecelão dos tempos: novos ensaios de teoria da História | Durval Muniz de Albuquerque Júnior

Os temas, nós que somos praticantes do ofício, já os conhecemos: o tempo e as temporalidades, o arquivo, o estatuto do documento e do testemunho, as biografias, o patrimônio, a memória e os usos do passado. Porém, para quem é leitor(a) de Durval Muniz Albuquerque Júnior, sabe que esse historiador costuma sempre inaugurar um modo outro de pensar e de fazer história. Em O tecelão dos Tempos (novos ensaios de teoria da história), somos interpelados por uma escrita vibrante, erudita, irônica, alegre, debochada e, acima de tudo, proliferante. Não se trata da repetição monótona de velhas tópicas: “trata-se de uma repetição diferencial: as ideias colocadas em novas situações tornam-se outras” (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2019, p. 17).

O livro possui três eixos. No primeiro deles, estão os textos que abordam a escrita da história. No segundo, o autor trata dos diferentes usos do passado. No terceiro, a temática é o ensino de história. Ao todo são catorze capítulos, os quais podem ser lidos em sequência ou de forma aleatória. Quer dizer que o livro é um amontoado de capítulos desconexos? Não. O ponto é que o que unifica todos é o gesto experimental e crítico. O autor ensaia historiografias. O que nos é apresentado é um conjunto de ideias-teste a partir do vocabulário conceitual e das metodologias que compõem o repertório da historiografia. Experimentos que Durval Muniz realiza enquanto historiador de ofício, enquanto professor, enquanto leitor e apreciador da arte histórica. Não foi sem motivo, portanto, que escolheu o estilo ensaístico de exposição. Leia Mais

Fortín Yunka (1919) Historia y memoria del pueblo pilagá | Alejandra Vidal e Ignacio Telesca

En Fortín Yunka (1919) Historia y memoria del pueblo Pilagá Alejandra Vidal e Ignacio Telesca editan la historia silenciada detrás de la llamada tragedia que vivió el fortín que estaba situado en la actual localidad de Sargento Leyes en Formosa. La obra se construye como un rompecabezas en la que diversas investigaciones reponen diferentes lecturas sobre las represalias contra familias pilagá, quienes fueron responsabilizadas de la tragedia, y sus efectos a largo plazo sobre la población indígena. El libro es producto del diálogo entre los/as autoras/es que se dio en las “Primeras jornadas de reflexión sobre la masacre de Fortín Yunka (1919): políticas de estado, archivos, narraciones literarias y memorias”. Estas fueron organizadas debido al Centenario por el Instituto de Investigaciones sobre Lenguaje, Sociedad y Territorio (INILSyT) de la Universidad Nacional de Formosa.

En marzo de 1919 una masacre fue ejecutada contra los soldados y familias del fortín que estaba situado en la zona del estero Patiño, cercano a la frontera con el Paraguay. El fortín se configuró desde principios del siglo XX con el fin de continuar el proceso de sometimiento y control de los territorios del norte en el marco de la prolongada “conquista del desierto verde”. Sin mediar investigación profunda y con pruebas dudosas la comunidad pilagá vecina fue responsabilizada por la tragedia. Pocas semanas después una división del ejército argentino, comandada por el capitán Enrique Gil Boy, ejecutó una segunda masacre como represalia contra el “cacique Garcete” (Nasoki’, en su lengua) y su gente. La primera masacre es recordada hasta el presente con monumentos, textos escolares, homenajes y relatos históricos. La segunda fue erradicada del relato hegemónico y mantenida sensiblemente en la memoria social pilagá. Leia Mais

Nuevas contribuciones a la arqueología del Nordeste/ Folia Historica del Nordeste/2023

La arqueología del nordeste argentino y, por afinidad temática, de los países vecinos que conforman la Cuenca del Plata está en constante crecimiento. De manera continua, se incorporan nuevas investigaciones al cúmulo de conocimiento y se discuten problemáticas afines con gran distribución espacial. En este proceso, el desarrollo diferencial de la disciplina en las distintas regiones se evidencia no sólo en el volumen de la producción sino también en la organización de eventos científicos específicos.

En particular, la Universidad Nacional del Nordeste llevó adelante la organización de reuniones de arqueología que estuvieron estrictamente orientadas a la arqueología chaqueña. Dichas reuniones no se sostuvieron en el tiempo reflejando las dificultades del desarrollo de la disciplina en la región1. En 1965 se realizó la segunda parte de la Convención Nacional de Antropología;2 ese espacio académico fue elegido para la presentación pública del yacimiento de Km.75 y las investigaciones arqueológicas allí realizadas por Eldo S. Morresi. Con el tiempo este sitio se invistió del valor testimonial de resguardar a la primera ciudad colonial del territorio chaqueño: Concepción del Bermejo (1585-1632) (Guarino, sf). En 1983, se llevó adelante la compilación de los trabajos de arqueología histórica argentina como producción preliminar a una Primera Reunión Nacional de Arqueología Histórica que debía realizarse en la ciudad de Resistencia, pero lamentablemente no pudo concretarse. A partir de los años 2000 y hasta el año 2006, en los Encuentros de Geohistoria Regional se organizaron las mesas temáticas de arqueología. En ese contexto (2002), se realizó el Primer Simposio sobre el Estado Actual del Conocimiento Antropológico del Gran Chaco Meridional que apuntó a incentivar el desarrollo de la arqueología chaqueña. Su continuidad se manifestó en los simposios específicos de los Congresos Nacionales de Arqueología. Leia Mais

Foilia Historica del Nordeste. Resistência, n.46, 2023.

Folia Historica Historia Crítica

Artículos

Dossier

Reseña bibliográfica de Tcach, C. (coord.) (2022) Córdoba en contextos de crisis. Córdoba: Maestría en Partidos Políticos, Centro de Estudios Avanzados, Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de Córdoba. 264 p.

  • Fátima Prunello | 307-310
  • Visor PDF
  • Descargar el archivo PDF
  • Alejandra Vidal e Ignacio Telesca (Ed.) (2022) “Fortín Yunka (1919) Historia y memoria del pueblo pilagá”. Buenos Aires: Editorial SB, pp. 192.
  • Pilar Pérez | 311-314

 

Revista Brasileira de História. São Paulo, v.43, n.92, 2023.

 

Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v. 57 (2023)

Anais do Museu Historico Nacional Historia Crítica

Editorial

Dossiê temático

Artigos

Publicado: 2023-03-29

Historia y Sociedad. Medelin, n. 44, enero-junio (2023)

Historia y Sociedad Historia Crítica

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Publicado: 2023-03-29

Integração transdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

Tres garotas estudando. Anime retro IA ITCanva Historia Crítica
Três garotas estudando. Anime retrô | IA-IT/Canva

 

Colegas, sejam bem-vindos!

Na aula anterior, revisamos e ampliamos nossos conhecimentos sobre modos de integração multidisciplinar e interdisciplinar. Agora, vamos nos concentrar sobre a integração transdisciplinar, como sempre, a partir das prescrições do Currículo de Sergipe (CS) para o ensino das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CHSA).


1. A integração interdisciplinar

A integração curricular transdisciplinar é a experiência mais radical. Neste tipo, as disciplinas colaboram simultânea ou sucessivamente com os seus métodos, conhecimentos e princípios para resolver um problema demandado a escola.

Contudo, mais que romper fronteiras disciplinares, esta modalidade inaugura o rompimento de fronteiras entre o mundo da ciência e o mundo da vida prática, ou seja, toda atividade escolar de estudantes e professores é destinada a aplicar conceitos, princípios, temas, problemas, habilidades, valores e atitudes disciplinares em “um contexto da vida real”. Considerando essa radicalidade e esse fim, a integração transdisciplinar se efetua eficazmente por método(s) ativo(s) (MA).


2. Emprego de metodologias ativas

José Manuel Moran (2019) – Metodologias Ativas | Canal João Mattar

 

Em geral, as MA são objetivados, dominantemente, em artefatos, conjunto de procedimentos dos professores a serem aplicados e habilidades dos estudantes a serem desenvolvidas. Na prática, artefatos, procedimentos e habilidades são hierarquizáveis, combináveis e interagentes.

Bons exemplos de conjunto de procedimentos ativos são: o Problem-Based Learning (PBL), o “Estudo de Caso”, “Sala de Aula Invertida” e “Ensino Híbrido”. A Sala de Aula Invertida, porém, pode ser considerada uma MA preparatória à MA Ensino Híbrido (Borges et al, 2021p.10).

As MA designadas pelos artefatos “telefone celular”, “filme” e “jogo de cartas” exigem a ordenação de processos (sequências didáticas) e habilidades, conhecimentos e/ou valores a serem introduzidos, desenvolvidos, expandidos ou consolidados. Por fim, entre as MA designadas por uma habilidade, citamos a “Simulação”.

Essa divisão mínima (em artefatos, procedimentos e habilidades) explicita a aleatoriedade do emprego da expressão “metodologias ativas” ou, se assim o preferirem, a liberdade com que os autores especialistas fazem uso da locução.

Na prática, reiteramos, todos exigem uma completa sequência didática que põem os estudantes no centro da aprendizagem e, no nosso caso, as demandas da vida prática como motivador principal.


3. Exemplos de resolução de problemas sob integração transdisciplinar

Assim, com a participação conjunta de escola e outras instituições epistêmicas (Aula 4) e visando à resolução de um problema da vida prática, podemos empregar diferentes padrões de integração transdisciplinar.

A qualidade da resposta pode ser um critério para classificá-los. Podemos ter, por exemplo, ações para explicar e denunciar algo ou construir uma ferramenta para atuar sobre algo. Nos dois casos, o fim é a transformação de determinado estado de coisas.

3.1. Explicando e denunciando um estado de coisas

Figura 3. Campanha Mar de Luta — Seminário 3 anos de resistência ao crime do petróleo | Imagem: TV CPP

 

Vejamos uma simulação que envolve as quatro disciplinas das CHSA, sugerida pelo vídeo acima. Com base na campanha “Mar de Luta” (nota e videodocumentário), que envolve instituições de defesa dos direitos humanos e do meio ambiente (pescadores, ambientalistas, extrativistas marinhos, mídia alternativa e procuradores federais), somos estimulados a construir uma sequência didática intermediada pela Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL) que forneça respostas não maniqueístas sobre os derramamentos de óleo nas praias de Sergipe.

O PBL, em geral, reproduz as etapas do método científico moderno (R. Descartes e F. Bacon), que inspira regras de validação do conhecimento em CHSA: identificar problema; formular hipótese; reunir dados; dividir tarefas; analisar dados; testar hipóteses; dar respostas ao problema inicial reformulado em diferentes modos de representação. A grande diferença da aplicação acadêmica para a aplicação escolar está no protagonismo dos estudantes no planejamento, distribuição de trabalho, relato e avaliação.

Quadro 1. Integracao por fusao de disciplinas em sala de aula Historia Crítica

Observem que o CS oferece um cluster de conceitos relacionáveis (consumo, sustentabilidade, impacto socioambiental e meio ambiente), mas a transdisciplinaridade se efetiva porque a expectativa de aprendizagem (quadro 2, coluna 3) responde diretamente a um chamamento da sociedade civil (exterior à escola) e da sociedade política.

O emprego do PBL, da mesma forma, entra em cena para modificar um estado de coisas, ou seja, para deixar claro aos estudantes que eles também, como cidadãos, são corresponsáveis pela conservação dos ambientes costeiros.

3.2. Construindo instrumentos para a modificação de um estado de coisas

Nesse segundo exemplo, o plano de integração é pré-formatado, ou seja, as habilidades, conhecimentos, valores e atitudes são estabelecidos no exterior das disciplinas e/ou turmas. Cada responsável de disciplina é convidado a colaborar para o cumprimento desse plano da melhor forma possível, embora (repitamos) a expectativa de aprendizagem central já esteja dada.

Considere a seguinte questão, trazida à classe pela Secretaria Municipal de Agricultura de um município do semiárido sergipano, aqui ilustrada e justificada com textos jornalísticos e vídeos promocionais: “O bioma da caatinga em Sergipe: obstáculo ou solução para a sobrevivência do catingueiro?” Agora, leia um trecho da reportagem que se segue.

SE: Caatinga tem 18% das espécies ameaçadas de extinção, aponta IBGE

A segunda publicação da edição de Contas de Ecossistemas, linha editorial inaugurada em setembro deste ano, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  (IBGE), mostrou que, em Sergipe, cerca de 18% da fauna e flora da caatinga estão ameaçadas de extinção. Dentre as espécies avaliadas, mais de 2.000 casos de ameaça ocorrem na Caatinga, bioma mais presente no estado de Sergipe. (Infonet, 5, nov. 2020).

O Calango e o xique xique Imagem Aves arvores Historia Crítica

O Calango e o xique-xique | Imagem: Aves & árvores  Agrofloresta Experimental Paêbirú / Bioma caatinga

 

A questão tem origem na dificuldade de os técnicos agrícolas convencerem os moradores da região a conservarem determinadas espécies de plantas que, não apenas garantem o equilíbrio ecológico da caatinga, como evitam processos de desertificação. Eles chegaram à conclusão que uma ação junto aos filhos dos agricultores poderia surtir melhor efeito.

A exemplo do tópico anterior, aqui também a Filosofia, Geografia, História e Sociologia podem responder positivamente à questão, e abonadas pelo CS (quadro 4). Mas a demanda envolve o transbordamento das fronteiras científicas. Sem o esforço conjugado da escola e do Sindicato de Trabalhadores Rurais e da Pastoral da Terra, a Secretaria da Agricultura não poderia cumprir os objetivos da sua campanha.

Quadro 2. Integracao por fusao de disciplinas em sala de aula Historia Crítica

3.3. Investigando e modificando um estado de coisas

Como combater a violência das torcidas? Imagem: Band Jornalismo.

A integração transdisciplinar pode ser mais eficiente na intervenção social direta, com vistas a modificar um estado de coisas.

Considere o conteúdo do vídeo acima. Ele aborda os confrontos violentos entre torcidas de futebol. Instados, hipoteticamente, por clubes de futebol, Federação Sergipana de Futebol, Secretaria de Segurança Pública, Ong Sou da Paz, como também pelos próprios pais de alunos torcedores, o ensino das CHSA pode muito contribuir para diminuir a intensidade dessas lutas com ações regulares e cooperadas. Esse tipo de ação também está abonada pelo CS (quadro 3).

Quadro 3. Integracao por fusao de disciplinas em sala de aula Historia Crítica


Conclusões

Nesta última aula, apresentamos a integração transdisciplinar como a mais radical irrupção de fronteiras. Fruto de cooperação entre escola e agentes do entorno (público, privado ou do terceiro setor), ela emerge como intervenção direta na realidade, sem que os conhecimentos disciplinares científicos e os saberes tácitos ou dispositivos jurídicos imponham, por si sós, a agenda de pensamento e ação.

Obrigado pela companhia e até outra oportunidade!


Atividade

Como atividade sugerida, convido vocês a produzirem sequência(s) didática(s) que exemplifiquem integrações transdisciplinares. Tentem fazer em pares, empregando ao menos uma das estratégias ativas disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem. Em seguida, compartilhem o trabalho com a turma.


Referências

SANTOS, Isabela Silva dos; SOARES, Mariana Fátima Muniz (Org.) Currículo de Sergipe: Integrar e construir — Ensino Médio. Aracaju: Secretaria de Estado da Educação do Esporte e da Cultura, 2022.

BORGES, Rosimeire Aparecida Soares; CASTILHO, Ana Elisa Cunha Anderi; SASSAKI, Márcia Aparecida Caetano; SANTOS E VITOR, Stanley; ROSA JUNIOR, Luis Claudio Dala. Ensino Superior a Distância: Metodologias ativas com uso de tecnologias digitais. EmRede  Revista de Educação a Distância. Porto Alegre, v.8, n. 1, 2021.

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Para citar este texto:

FREITAS, Itamar. Integração transdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 28 mar. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/a-cursos/integracao-transdisciplinar-em-ciencias-humanas-e-sociais-aplicadas/>.

Problematizando o Estudo Orientado (OE)

Autoestudo Imagem IA JM Historia Crítica
Autoestudo | Imagem: IA-JM

 

Colegas,

Bem-vindos à atividade de hoje, demandada pelo processo de formação continuada organizado pela Fundação Getúlio Vargas.

Vamos tratar de Estudo Orientado nas práticas do Ensino Médio.

Ao final deste encontro, esperamos que vocês estejam capacitados a reconhecer algumas das suas crenças epistemológicas, definir “Estudo Orientado” e experimentar uma seção de Estudo Orientado a partir das sugestões aqui apresentadas.

Para cumprir estas metas, nossa oficina será composta de três momentos didáticos:

Avaliação diagnóstica sobre nossas crenças epistemológicas

Leitura de texto sobre Estudo Orientado

Simulação de uma seção de Estudo Orientado


1. Avaliação diagnóstica sobre Crenças Epistemológicas dos Professores do Ensino Médio

O formulário aqui anexado colhe informação básica e preliminar sobre o estágio atual dos nossos conhecimentos e assentimentos em termos da estrutura e da natureza do conhecimento científico.Com ele, obteremos um perfil da nossa turma que pode deflagrar reflexões e fundamentar a próxima atividade do nosso curso.

Aqui, partimos da hipótese consagrada em diferentes áreas da Epistemologia de que as nossas crenças epistemológicas são relacionáveis às nossas concepções e práticas de ensinar e de aprender.

Por favor, leia com atenção os itens abaixo, assinalando uma alternativa para cada item. O tempo  previsto para esta atividade é de 15 minutos.


2. Definições e sugestões para o Estudo Orientado

Observem o texto que se segue. Recriei esse diálogo a partir da leitura de A Didática magna, livro do educador João Amós Comenius, que viveu na Morávia (atual República Checa), entre os séculos XVI e XVII. A preocupação do aluno imaginário de Comenius é a de aprender sozinho, sem precisar da ajuda dos pais ou dos professores na escola.

– Professor, por que temos que frequentar a escola?

– Para conhecer as coisas, já que ninguém nasce sabendo.

– Mas, somos imagem e semelhança Deus e o senhor mesmo disse que Deus sabe tudo!

– Ah, meu aluno! Isso é verdade, Deus é mesmo sábio. Por isso mesmo, prevendo que não seguiríamos todas as suas orientações, colocou uma pedra no nosso caminho de aprender coisas novas. Esse obstáculo é a escola. Frequentando-a todo o dia, você valorizará o saber e, consequentemente, a grandeza do saber e do poder de Deus.

A saída criativa de Comenius, diante de um aluno que flagrou a contradição da cosmogonia cristã pregada pelo educador não nos serve mais. Não somos as imperfeitas imagem e semelhança de Deus e a escola não é uma espécie de castigo divino ou um antro de permissividade ideológica de esquerda, como pensa o dominante lobby brasileiro em favor do recente projeto de escola em casa (homescholing).

Contudo, o desejo de empreender uma “aprendizagem auto planejada”, “independente”, “autônoma”, a “autoeducação”, a “autoinstrução”, o “autoestudo” ou, simplesmente, a vontade de ser um “autodidata” (Knowles, 1975; Hiemstra, 1999) atravessa gerações de especialistas em aprendizagem escolar pelas mais diferentes ideologias e sob distintas orientações teóricas.

Neste texto introdutório, convido vocês a refletirem sobre o significado de Aprendizagem Dirigida pelo Aluno (ADA) que é o núcleo de um dos novos componentes curriculares do Ensino Médio: o “Estudo Orientado” (EO). Para estimulá-los na travessia, apresento diferentes funções assumidas pelo EO ao longo do tempo, na teoria pedagógica ee, na práticadocente de brasileiros estrangeiros.

A ADA ou o EO não são algo novo. Os manuais estão cheios de exemplo de gente famosa que aprendeu sozinho (como Leonardo da Vinci). O EO, contudo, é categoria requisitada em situação comunicativa recente, ante os avanços da pesquisa sobre aprendizagens, e legitimado componente curricular, construído coletivamente por docentes sergipanos.


O que significa Aprendizagem Dirigida pelo Aluno?

Aprender a aprender | Imagem: Canal Mauro Cesar

 

Iniciemos a resposta pela função da ADA. Ela serve aos que põe determinado valor no topo da hierarquia que orienta a construção do currículo. Bons exemplos desses valores são: a liberdade, de Paulo Freire, a democracia, de John Dewey (Bull, 2017), o respeito à propriedade capitalista e (do lado contrário) a valorização da diversidade indígena, de um modo de ser negro, como estratégias de descolonização do currículo (Mentz; Beer, 2019b, p.887–116.

Em termos pedagógicos, a ADA serve a comportamentalistas, Cognitivistas e conexionistas. Cito três exemplos das duas primeiras e mais conhecidas teorias. O aprender sozinho foi (e é) uma condição e uma finalidade na teoria marxiana da aprendizagem do socioconstrutivista russo L. Vygotsky. Vejam o que ele afirmou no início do século XX: “o aluno educa a si mesmo. No fim das contas, o que educa os alunos é o que eles mesmos realizam e não o que recebem; os alunos só se modificam através de sua própria iniciativa” (Vygotsky, 2003, p. 177).

Mesmo quem não cursou Pedagogia conhece intuitivamente as etapas que medeiam uma sequência didática representativa orientada pela Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Essa expressão sintetiza o processo de aprendizagem/desenvolvimento do aluno, configurado em três etapas: (1) o professor faz para o aluno ver como se faz; (2) o aluno faz com o auxílio do professor ou dos colegas; e (3) o aluno faz sozinho. O respectivo caminho do “autoestudo”, do “autoensino” ou da “autoaprendizagem” é, portanto, um meio e um fim, ao mesmo tempo.

Esse princípio foi recentemente aplicado à formação de professores na África do Sul – Zona de Desenvolvimento Proximal do Professor (ZDPP) – com a esperança de que os colegas da educação básica migrassem das práticas de exposição às práticas de descoberta.

Naquele país, o autoaprendizado dos professores de Ciências pode ser mediado pela: (1) auto assistência (autodiagnóstico sobre a prática docente); (2) uso da assistência especializada (aprendizagem baseada em problemas (PBL) e experimentos em laboratórios); (3) atividade de internalização (reflexões e registro em diário sobre a aprendizagem por investigação); e (4) atividade de demonstração teórico/prática do comportamento modificado. (Mentz; Beer, 2019b, p.52–53).

O colega professor que não sabe o que é ZDP (ou a ZDPP inspirada em Vygotsky) pode, por outro lado, conhecer a teoria da aprendizagem do estadunidense B. F. Skinner, que também teorizou sobre o estudo orientado do aluno. Para Skinner, um liberal comportamentalista, toda a aprendizagem resulta de esforço individual do aluno. E como todo mundo aprende efetivamente sozinho, em tese, os professores não seriam a principal peça na engrenagem da escola.

Essa transferência de poder — do professor ao aluno – se funda na compreensão de que a aprendizagem depende de constante reforço do que foi aprendido (uma espécie de “Muito bem! Você alcançou o objetivo”). Considerando que o aluno necessita de reforços constantes sobre o que aprendeu e que é impossível fornecer feedback imediato e simultâneo a 30 ou 40 alunos de uma mesma turma, o papel do professor, segundo Skinner, é (1) programar as aprendizagens, como estudos dirigidos e testes formativos, (2) orientar a execução das atividades programadas e (3) fornecer apoio afetivo a quem demonstra necessitar (Skinner, 1972, p.25) — como fazemos, hoje com um “Muito bem, você conseguiu!”.

No início do século XXI, o canadense Maurice Gibbon foi ainda mais radical, incorporando indiretamente as premissas de Vygotsky e Skinner, apresentadas acima. Gibbon pensa o auto-estudo dos alunos escolares como um objeto dos professores, ou seja, a orientação para o estudo individualizado é um método de ensino que deve substituir o método do ensino expositivo.

Diferente das bases especulativas de Vygotsky e experimentalista de Skinner, as estratégias de Gibbon estão justificadas nas declarações das neurociências que têm implicações diretas na aprendizagem escolar. Em termos gerais, sabemos hoje que a aprendizagem cerebral é dinâmica, autodirigida e individualizada. O cérebro “é uma máquina de criar significados, que cresce em ambientes ricos em estímulos, que busca padrões, que se baseia em experiências anteriores e que funciona melhor em situações não ameaçadoras.” (Gibbon, 2002, p.1; Brownlee; Schraw; Berthelsen, 2011, p.3). Todas essas qualificações do cérebro são potencializadas com a implementação de procedimentos da ADA.

Na Aprendizagem Dirigida pelo Professor (ADP), afirma Gibbon, o mestre decide as metas e o conteúdo a ser estudado, comunica o conteúdo e define os exercícios, monitora o trabalho do aluno e testa o seu desempenho. Já na Aprendizagem Dirigida pelo Aluno (ADA), o mestre ensina os alunos a definir objetivos e conteúdo, ensina as habilidades e processos envolvidos na definição de metas, na elaboração de planos e no desenvolvimento das ações, negocia propostas de trabalho pensadas pelo aluno, desafia os alunos para novas conquistas e revisa a avaliação que os alunos fazem dos seus próprios trabalhos (Gibbon, 2002, p.3).

Nos últimos três anos, várias publicações têm defendido a implementação da ADA em escolas que abrigam alunos de 10 aos 17, em diferentes situações comunicativas. Ela é vista como única proposta de ensino na escola, em nível de turma, grupo ou indivíduo (Gibbon, 2002). É vista como estratégia de ensino destinada ao cumprimento de projetos de vida no interior da escola, que compatibiliza diferentes e divergentes estilos de ensino (dirigidos pelo professor e dirigido pelo aluno), como a “aprendizagem autocombinada” (Bull, 2017). Por fim, ela é entendida como estratégia de aprendizagem para pessoas em formação, cujo projeto de vida é incompatível com a vivência escolar coletiva e presencial (Boles, 2014).

Este último é, por exemplo, o caso de navegadores, aventureiros, para os quais a autoaprendizagem deixa de ser o domínio de um conjunto de “ferramentas para fazer coisas” (como responsabilidade, autonomia, autodisciplina e atitude) para se transformar em uma “mentalidade”, estruturada em hábitos e predisposições que lhes possibilitam assumir “total responsabilidade por sua educação, carreira e vida” (Boles, 2014, p.21). Este não é o nosso caso da nossa formação. A modalidade de ADA que nos interessa (a do Currículo de Sergipe) é a que possibilita a boa convivência entre aprendizagem geral e disciplinar e a construção de projetos de vida.


O Estudo Orientado (EO) no Currículo de Sergipe

Como prescreve o Currículo de Sergipe, a ADA é o núcleo de um “componente curricular” chamado “Estudo Orientado”. Ele integra a parte flexível do currículo do Ensino Médio que tem a finalidade de apoiar e orientar o aluno “em seu estudo diário”, interior e exterior à escola, para que ele alcance os “objetivos traçados” em seus “projetos de vida”. (Santos, 2022, p.6).

A ferramenta material e inicial do ensino do EO é um acordo formal entre o aluno, o professor e, quando possível, os pais ou responsáveis pelo autor do plano. Esse acordo ganha a forma de um “contrato” ou de um “plano” que pode viabilizar partes de uma meta bem mais ampla: o “Projeto de Vida”.

O contrato é um guia para o aluno e o professor. De um lado, expressa de modo claro o que o aluno propõe, os meios e as razões para tal. Do outro, “permite que os professores vejam rapidamente o que seus alunos pretendem e discutam cada elemento de sua proposta com eles” (Gibbons, 2002, p.20–21)

Há diferentes modos de nos engajarmos no ensino de EO. O próprio Currículo de Sergipe sugere alternativas no Caderno complementar Estudo Orientado. Por ele, somos convidados a ensinar o aluno a estudar de modo eficiente, eficaz e autônomo. Isso significa privilegiar o desenvolvimento de habilidades e predisposições, relacionadas à elaboração dos objetivos, meio, recursos e avaliação da aprendizagem, à motivação para o autoestudo, a responsabilidade na autogestão do tempo e do espaço, o desenvolvimento da concentração e muita disciplina pessoal (Santos, sd., p.14-15).

As habilidades para a produção de objetivos, escolha de métodos e recursos são as mais simples de serem ensinadas. Tudo isso pode ser feito por meio de exercícios de escrita, do emprego de formulários eletrônicos e de estudos de caso, por exemplo. Basta que lembremos nossa formação em Didática: conhecer os significados das palavras “habilidade”, “valor” e “conhecimento”, conhecer a ordem dos elementos de uma declaração de objetivo, segundo a sintaxe da língua portuguesa; reconhecer que objetivos, atividades e avaliação devem estar semanticamente alinhados, isto é, não apresentem contradição entre metas, conteúdo, técnicas e materiais, tempo e espaço de execução.

A responsabilidade e a autogestão são predisposições exercitadas na construção e aplicação dos próprios planos de aprendizagem. A formação continuada disponibilizará meia dezenas de possibilidades, mas o próprio Caderno complementar já sugere um modelo de “plano” que prescreve o quando estudar, o que estudar, com qual objetivo estudar, com quais meios, para apresentar quais resultados, o registro do que fez, do que não fez, por que não fez, como reprogramar o que não fez e o que melhorar sobre o que fez.

Caderno também sugere uma série de técnicas para minorar as dificuldades de concentração, hierarquização das prioridades, separação dos óbices por níveis de complexidade, organização do tempo, leitura de fontes e organização das informações em diferentes suportes.


Obstáculos e soluções e autonomia docente na implantação do Estudo Orientado

Autonomia Imagem IA MJ Historia Crítica

Autonomia | Imagem: IA-MJ

 

Caderno complementar, contudo, não toca nos problemas, embora saibamos de cor a lista de obstáculos a superar: a inadadaptação do software da Secretaria de Educação (que gerencia a oferta de ensino) às novas rotinas do Ensino Médio, a nossa mentalidade sobre o “ensinar” e o “aprender”, como também a mentalidade dos alunos e dos pais ou responsáveis em matéria de “sucesso” e “fracasso” escolar.

Nesse sentido, de modo indireto, o próprio Currículo de Sergipe oferece dois auxílios. O primeira é a concepção do OE como componente curricular, dotado de carga horária e responsáveis. O segundo é a inclusão do OE como matéria de formação continuada.

Isso significa, por exemplo, que durante as próximas 190 horas, vocês poderão desenvolver diferentes estratégias para superar o que talvez seja o principal obstáculo, no meu ponto de vista: a falta de motivação dos alunos.

Na formação, vocês serão convidados a exercitar estratégias de desafiar o aluno, despertar a sua curiosidade sensorial e cognitiva, despertar o seu desejo de controlar situações de aprendizagem, de ler, fantasiar e criticar a realidade mediante jogos, de envolver-se em situações de cooperação e de competição e, principalmente, serem reconhecidos pelos colegas e comunidade externa à escola. (Bull, 2017, p.66–82).

O EO é um componente curricular que desenvolve a autonomia do aluno e, coerentemente, oferece autonomia ao professor. Isso significa dizer que a estrutura do ensino de EO e a arquitetura da informação que o diagnóstico, o contrato de estudo, as formas de acompanhamento, negociação e revisão da avaliação dos alunos variarão conforme a natureza da matéria que o aluno quer aprender.

Pode acontecer de os planos focarem apenas em conhecimentos, em determinadas habilidades, em tarefas ou capacidades (que reúnem objetivo de aprendizagem simples), em vivências (que modificam percepções, emoções, valores) ou em experiências sistemáticas de pesquisa demandadas e dirigidas pelos alunos.

Pode acontecer também que esses instrumentos sejam construídos a partir de questão e/ou demanda proveniente da formação geral. Você pode, legitimamente, considerar o conteúdo da sua área de atuação e especificá-lo no trabalho grupal ou individual, no horário específico.

Também não é necessário envolver todos os elementos de conteúdo elencados acima. Quando, por exemplo, vocês orientam o aluno na construção de um projeto de pesquisa que parte de um problema elaborado pelo próprio discente, já estão no ambiente do EO. Há manuais, inclusive, focados na construção de contratos de aprendizagem, cujos elementos principais são as etapas de uma investigação científica (Knowles, 1975).


Propostas similares de Estudo Orientado de Sergipe

A literatura nacional está repleta de estudos de caso que confirmam parte das justificativas e estratégias de implementação do EO no Ensino Médio em Sergipe. No Recife, por exemplo, em salas do Ensino Médio regular, a prática de EO prioriza o ensino em grupos, com eventuais auxílios de um colega (tutor) “não indicado” para o EO. O componente “funciona como um momento para realizar tarefas, fazer pesquisas, ler, tirar dúvidas, discutir assuntos em grupos, revisar conteúdos” e tem impactado na diminuição da distância entre “aprendizagem” e “série” (Pereira, 2020, p.23, 54).

No Rio Grande do Sul, no Curso Técnico Integrado em Administração do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS, Viamão), o EO concentra esforços para viabilizar a autonomia e o acesso dos alunos à “tecnologia digital” em atividades de “reforço escolar”. O recurso principal é um ambiente virtual de aprendizagem onde os alunos se orientam para produzir e postar filmes, games, quadrinhos e mapas conceituais, resultantes do aprofundamento de estudos demandado em outros componentes curriculares. (Gonçalves, 2021, p.84–86. Anexo, p.5).

Em Pernambuco e no Espírito Santo, há iniciativas próximas ao espírito cultivado no Currículo de Sergipe. No primeiro Estado, o EO “tem como foco” a atuação dos estudantes “de forma autônoma […] para se dedicarem aos assuntos que têm mais necessidade, para se organizarem para elaboração de trabalhos e desenvolvimentos de pesquisas”, embora haja orientação de formarem grupos (Santos; Silva; Lins, 2021, p.126).

No segundo Estado, o professor de OE recebe orientação a ensinar ao aluno a identificar “o que, quando e como estudar […] para que possa dedicar, de forma eficiente, tempo e esforço”, subsidiando os trabalhos do seu “Projeto de Vida” (Silva; Ferreira; Santos, 2021, p.48).

Aqui mesmo, em Sergipe, já há trabalho referenciando a implementação do EO no sentido de desenvolver “a capacidade de planejar do aluno, uma vez que tem por objetivo construir uma boa rotina de estudo, favorável para o aluno e que facilite o aprendizado” (Freitas; França, 2021, p.139).


Propostas diferentes e divergentes do Estudo Orientado sergipano

O EO também é apresentado de forma diferente e até desviante. No Rio Grande do Norte, o componente curricular foi espaço para a aplicação de estratégias lúdicas de desenvolvimento do raciocínio lógico, propostas por residentes pedagógicos (e não pelos alunos do ensino médio) (Ricardo; Faustino; Limeira, 2019).

No Mato Grosso do Sul, o EO serviu ao “aprofundamento e consolidação de conhecimentos específicos da Língua portuguesa e/ou matemática” (Perboni et al, 2018, p.13).

Na Paraíba, o OE foi espaço de demonstração do valor do software Padlet para o desenvolvimento das habilidades de autogestão do tempo e de organização do material para estudar (Lima; Sousa; Silva, sd). Apesar das boas intenções que guiaram os seus responsáveis, o EO foi um espaço de experimentação não necessariamente demandada pelo interesse individual do aluno do Ensino Médio.

Além compreender eventuais vieses que retiram o protagonismo do aluno no controle de sua aprendizagem, é importante diferenciar a proposta local das estratégias de uso emergencial. Um contra exemplo da experiência local são os Roteiros de Estudo Orientado, focados em disciplinas da formação geral e empregados para mitigar os efeitos do ensino a distância, durante a epidemia da Covid-19, em Minas Gerais (Pinto; Martins, 2021).

É importante não sucumbir às obviedades resultantes da implantação de novas rotinas no ensino público. Em Goiás, por exemplo, o OE foi considerado inadequada às condições precárias das escolas do Estado, no que diz respeito à biblioteca, laboratórios, quadro docente e, a principal delas, as divergentes perspectivas das orientações da Secretaria de Educação e da mentalidade dos professores. A Secretaria aconselha focar no projeto de vida dos alunos, enquanto o corpo docente e administrativo trabalha “para garantir a realização do processo de ensino” (Vidigal; Cardoso, p.16).

No Amapá, há docente, declarando que um “professor de metodologia” seria o ideal para reger o componente OE, profissional inexistente na escola, durante a Pandemia (Almeida; Gomes; Souza, 2021, p.22). No Espírito Santo, por fim, a reclamação dos professores é a inexistência da formação em OE, durante a graduação. (Costa; Ferreira; Cypriano, 2022, p.457).

Tais obstáculos são compreensíveis e reais. São também, por outro lado, previsíveis e superáveis capacitação e predisposição (incluindo o velho bom senso). É o que nos mostram, por exemplo, pesquisas nas escolas do Ensino Médio da Paraíba e do Mato Grosso. Para o combate do hábito da procrastinação dos estudos (em detrimento da concentração), foram propostos aos alunos a elaboração de diagnósticos (obstáculos psíquicos, materiais e hábitos contrários ao estudo), a confecção de listas de orientações sobre gestão do tempo e de recompensa pessoal e o emprego da técnica do Pomodoro (Costa et. al, sd.).

No Mato Grosso, a pesquisa indicou a necessidade de os professores de OE diagnosticarem os “estilos de aprendizagem” nos quais os alunos melhor se enquadram e, a partir desses dados, encontrarem os modos mais viáveis ao desenvolvimento do EO (Monteiro; Castro; Grellmann, 2019).


Conclusões

Neste texto, tentei convencê-los de que o Estudo Orientado (EO) é uma expressão nova para uma proposição antiga: o modo de ensinar que põe o aluno efetivamente no centro do processo da sua própria aprendizagem.

A maioria das coisas que realizam o EO podem ser sintetizadas com os nomes de “aprendizagem auto planejada”, “aprendizagem independente”, “aprendizagem autônoma”, “autoeducação”, “autoinstrução”, “autoestudo” ou, simplesmente, “autodidaxia”.

A sinonímia vai se ampliar ou se reduzir, a depender do domínio científico que o explora (a Sociologia ou a Psicologia), do país que a adota (o Brasil ou a Austrália), da ideologia que a requisita para formar este ou aquele sujeito ideal (a Direita democrática ou a Esquerda progressista).

Em Sergipe, EO é um componente curricular cujo objetivo geral é desenvolver o protagonismo discente por meio da oferta de conhecimentos, habilidades e predisposições que o capacitem a dirigir sua própria aprendizagem e, consequentemente, a produzir o seu Projeto de Vida (outro componente curricular).

Em termos específicos, é um componente que exige de nós algum domínio no ensino do autodiagnóstico, da produção de expectativas de aprendizagem, das estratégias de planejamento, implementação e avaliação desse planejamento pessoal.

Como vocês vão implementar esse componente? Isso depende de muitas variáveis. Vocês podem ser tocados pelas urgências de uma turma, de um grupo de alunos, de um indivíduo. Podem priorizar uma habilidade, um conhecimento, uma predisposição que enucleia ou não um outro componente curricular ou uma área do conhecimento. Podem formatar o componente a partir da sua observação em aulas na formação geral, da procura deliberada do aluno por auxílio, da conclusão de que a escola pode fazer uma intervenção direta para solucionar um problema na comunidade e assim por diante.

Orientado pela experiência narrada acima, penso que as mais determinantes variáveis, por fim, serão: a sua predisposição em auxiliar o aluno a aprender e o seu reconhecimento de que a ênfase na aprendizagem dirigida pelo aluno não é mais uma moda ou uma invenção de gente que nunca passou na porta de uma escola. Ela resulta do avanço da pesquisa sobre o tema, em diferentes áreas do conhecimento, que prescreve um cérebro em constante aprendizagem, que aprende quando estimulado por novas situações da vida prática, que aprende em interações sociais diversas, que incorpora ferramentas digitais de modo inusitado e que exige recompensas de tipo vário.

Ensinar Estudo Orientado em favor dos alunos, enfim, é uma atitude política, democrática e uma demonstração de que professamos (individualmente) sofisticadas crenças epistemológicas.


3. Simulação de uma seção sobre Estudo Orientado

Vocês já responderam à avaliação diagnóstica inicial e já conhecem os resultados da turma em termos de crenças epistemológicas e predisposição ao EO. Já ampliaram a informação sobre o significado de EO, as formas indicadas e contra-indicadas para a implantação desse componente curricular em Sergipe. Agora, eu os convido a experimentar ao menos uma habilidade básica constitutiva do ensino de EO: a construção de um contrato de aprendizagem.

O roteiro que se segue é apenas uma em tantas possibilidades. Ele foi construído para ser aplicado em, no máximo, 30 minutos, no nosso ambiente de formação. Trata-se de uma síntese do que pode ser desenvolvido em um mês de EO.

Vamos experimentar? Quem se propõe a interpretar o professor? Quem quer ser o ansioso aluno?

Ao final da experiência, espero que vocês percebam que já têm um plano ou um contrato de aprendizagem em mãos. Só é preciso pô-lo em prática.

Roteiro simplificado de interação com o aluno

  1. O que você quer fazer, saber ou experimentar? (Objetivo)
  2. Porque você quer fazer, saber ou experimentar isso? (Importância)
  3. Em quanto tempo você quer alcançar esta meta?
  4. Como você espera estar após este tempo?
  5. Quais experiências você pensa necessitar para alcançar esta meta? (Plano)
  6. Quais conhecimentos você pensa necessitar…?
  7. Quais habilidades você pensa necessitar…?
  8. Qual o desafio que você apresenta a si mesmo? (Desafio — expectativa de aprendizagem formal)
  9. Que dificuldades você prevê para cumprir vencer este desafio — deficiências em termos de conhecimentos, habilidades, hábitos…? (Resolução de problemas)
  10. Está consciente de que vai ter que modificar…?
  11. Já tem um lugar para estudar, onde? (Gestão)
  12. Já tem material para estudar, qual?
  13. Quais pessoas podem te ajudar?
  14. Quantas horas por dia pretende se aplicar ao estudo?
  15. Vamos elaborar uma lista das tarefas a cumprir e do tempo a reservar? (Gestão/Avaliação)
  16. Vamos elaborar uma lista de desempenhos gradativos a atingir?
  17. Vamos elaborar uma escala de pontuação para os desempenhos a atingir?
  18. Qual será o melhor modo de demonstrar que você avançou em relação às metas, lendo, falando, submetendo-se a um teste?
  19. Quem serão os seus mais apropriados avaliadores?
  1. Qual a forma gratificante de comemorar a sua futura conquista? (Celebração)

Fonte: Adaptado de Gibbon (2002, p.74 – 77).


Referências

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BOLES, Blake. The art of self-directed learning: 23 tips for giving yourself na unconventional education. Sn.: Tells Peak Press, 2014.

BROWNLEE, Jo; SCHRAW, Gregory; BERTHELSEN, Donna. Personal Epistemlogy and teacher education – An emerging field of research. Personal Epistemology and teacher education. London: Routledge, 2011. p.25-39.

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FERREIRA, Eliza Bartolozzi; CYPRIANO, Alessandra Martin Constantino. O Novo Ensino Médio no Espírito Santo: os desafios de diretores/as escolares. Revista Retratos da Escola. Brasília, v. 16, n. 35, p. 443-461, mai./ago. 2022. Disponível em: <http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde>.

FREITAS, Maria Deiviane dos Santos; FRANÇA, Maria Lenilda Caetano. O protagonismo juvenil em tempos de pandemia: um estudo de caso numa escola estadual de Ensino Médio Integral em Sergipe. Revista Científica do UniRios, v.1, p.111-147, 2021. Diponível em < https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2021/29/o_protagonismo_juvenil_em_tempos_de_pandemia.pdf>.

GIBBONS, Maurice. The self-directed learning handbook: challenging adolescent students to excel. San Francisco: Jossey-Bass, 2002.

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SANTOS, Isabela Silva dos; SOARES, Mariana Fátima Muniz (Org.). Currículo de Sergipe: Integrar e construir – Ensino Médio. Aracaju: Secretaria de Estado da Educação do Esporte e da Cultura, 2022.

SANTOS, Samanta Gabriely Alves do; SILVA, Joselha Ferreira da; LINS, Carla Patrícia Acioli. Educação Integral nas escolas da Rede Municipal de Caruaru-PE Brasil: concepções e vivências curriculares. III Seminário Internacional – CAFTE. Porto: Universidade do Porto, 2021. P.119-130.

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SKINNER, Burrhus Frederic. Tecnologia do ensino. São Paulo: Herder/Editora da USP, 1972.

VIDIGAL, Elayne Costa da Silva; CARDOSO, João Erastostenes Douglas. Investigando o processo de ensino e aprendizagem na disciplina de Estudo Orientado de Centros de Ensino em Período Integral. Sn., 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Instituto Federal Goiano. Disponível em <https://repositorio.ifgoiano.edu.br/bitstream/prefix/1998/1/Art._esp_Elayne%20Costa%20da%20Silva%20Vidigal.pdf>.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 2003.


Para citar este texto:

FREITAS, Itamar. Problematizando o Estudo Orientado (OE). Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 28 mar. 2023. Disponível em<https://www.resenhacritica.com.br/a-cursos/problematizando-o-estudo-orientado-oe/>.

Esboços. Florianópolis, v.29, n.52, 2022.

Esbocos3 2 Historia Crítica

Expediente

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Artigo

Resenha

Publicado: 2023-03-27

Interdisciplinaridade e Meio Ambiente – Módulo I

Alunos em atividad interdisciplinar em cenario imaginario de Caatinga IA MJ Historia Crítica
Atividade interdisciplinar em cenário imaginário de Caatinga 1 | Imagem: IA-MJ

Olá,

Bem-vindos ao módulo que discute conceitos básicos de multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Esta parte do curso é composta por três aulas de três horas cada e uma avaliação somativa.

Aqui, vamos apresentar definições de multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, apresentar padrões e exemplos de abordagem multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar e desenvolver habilidades de crítica aplicada a livros-tese e livros coletâneas sobre a matéria.


Programação e Conteúdo:

  • Aula 1 — Integração disciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (Acesse o texto aqui) e integração multidisciplinar e interdisciplinar (Acesso o texto aqui);
  • Aula 2 — Integração transdisciplinar (Acesso o texto aqui);
  • Aula 3 — A crítica à comunicação em livro que veicula de resultados de pesquisa multi, inter e transdisciplinar com abordagens memorialísticas e/ou historicizadas.

Avaliação:

Resenha individual, em dupla ou em trio, de livros publicados entre 2020 e 2023, cuja abordagem multi, inter ou transdisciplinar incorpore os domínios da história e/ou da memória, com autorização para a publicação na revista acadêmica Crítica Historiográfica.

Acesse aqui o plano de composição e os critérios de avaliação da resenha.


Método de ensino-aprendizagem:

Leitura e discussão de texto didático produzido pelo professor sobre os temas das respectivas aulas 1, 2 e 3;

Oficina de produção de textos do gênero resenha acadêmica.


Referências

DRAKE, Susan; BURNS, Rebecca. Meeting standards through integrated curriculum. Alexandría: ASCD, 2004.

INGRAM, James B. Curriculum intetration and lifelong education: A contribution to the improvement of school curricula. Oxford: Pergamon Press, 1979.

MORAN, Emilio. Nós e a natureza: Uma introdução as relações homem-ambiente: uma Introdução às Relações Homem-ambiente. São Paulo: Senac, 2008.

REZAEI, Nima; SAGHAZEDH, Amene. Introduction on integrated science: multidisciplinarity and interdisciplinarity in Healt. REZAEI, Nima (Ed.). Multidisciplinarity and Interdisciplinarity in Healt. Cham: Springer, 2022. p.1–39.

REZAEI, Nima; SEYEDPOUR, Simin. Introduction to integrated science: transdisciplinarity. In: REZAEI, Nima (Ed.). Transdiscilinarity. Cham: Springer, 2022. p. 1–11.


Para citar este texto

FREITAS, Itamar. Interdisciplinaridade e Meio Ambiente. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 26 mar. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/a-cursos/interdisciplinaridade-e-meio-ambiente-modulo-i/>.

A integração multidisciplinar e interdisciplinar

Interdisciplinaridade em cenario imaginario de Caatinga IA MJ3 Historia Crítica
Atividade interdisciplinar em cenário imaginário de Caatinga 2 | Imagem: IA-MJ

Na aula anterior, relembramos definições e modos de integração multi, inter e transdisciplinar. Aqui, vamos expandir e exemplificar a integração, explorando o potencial multi e interdisciplinar de projetos de intervenção, currículos e programas.


1. A integração multidisciplinar

Na integração multidisciplinar, promovemos a colaboração simultânea ou sucessiva de métodos, conhecimentos e princípios de uma disciplina à outra disciplina. O objetivo é resolução um problema para a sociedade.

Neste caso, experimentamos uma ruptura entre as fronteiras disciplinares. Uma disciplina ajuda a outra. Aqui, um especialista recebe o auxílio do outro especialista em termos de conceitos, princípios, questões, temas, métodos de processamento de dados ou resultados acumulados em sua área.

No tópico 1.2 desta aula, exemplificaremos esse caso típico, mas antes vamos tocar em um tipo multidisciplinar bastante raro que é o modo intradisciplinar de integração.

1.1. Várias subdisciplinas reforçam uma disciplina

No modo intradisciplinar, mobilizamos várias subdisciplinas para dar respostas a um obstáculo, um problema, um dilema, enfim, um desafio que emerge no ambiente escolar. Mas ela também pode ser planejada, simultaneamente, para desconstruir na mente do estudante ideia de que uma disciplina das CHSA, no primeiro ano do EM, é independente e autônoma e reforçar uma identidade disciplinar.

No caso hipotético abaixo, a discussão entre os estudantes se dá em torno de uma prescrição do CS: os conceitos de diversidade e de identidade cultural (quadro 1, coluna 3). A questão que mobiliza é a seguinte: “É a buchada de bode um prato típico da culinária sergipana?”

Quadro 1. Integracao intradisciplinar apoiada nas prescricoes do CS. Historia Crítica

Para cumprir a expectativa de aprendizagem (quadro 1, coluna 4), o professor demonstra que a natureza da comida, o ato do consumidor ou a disposição do mobiliário são elementos integrados à determinada paisagem. Ele reitera que tais elementos podem ser desintegrados/compartimentados para enfrentar eficazmente um problema.

Buchada de bode no Recanto do Agrestreiro. Aracaju SE 2022 Imagem Rio4fun Historia Crítica

Buchada de bode no Recanto do Agrestreiro. Aracaju-SE, 2022 | Imagem: Rio4fun

Ao observar virtualmente o “Recanto Agresteiro”, um estudante investido com as ferramentas de sociólogo pode se interessar pela produção, examinando a divisão do trabalho entre cozinheiros e garçons; pelos processos de produção da buchada ou pelos significados da comida para trabalhadores e clientes; e/ou pelos papeis de gênero, interações entre funcionários e clientes e assim por diante. (Best, 2020, p.47–48).

Neste caso, o professor espera que o estudante perceba a distinção entre uma subdisciplina e outra (entre um sociólogo e outro) a partir da natureza da pergunta. Também neste caso, o professor espera que o estudante compreenda que quanto mais multifacetada for a observação, mais sofisticados serão o conhecimento e a compreensão de um fenômeno no interior de uma mesma disciplina.

Por mais contraditório que possa parecer, atividades reforçadoras de uma disciplina são também reforçadoras da identidade interdisciplinar das CHSA e do caráter integrativo da atividade dos seus especialistas.

Isso ocorre porque a divisão do trabalho a partir das questões e métodos em Sociologia é idêntica à divisão do trabalho a partir de questões e métodos em Filosofia, Geografia e História.


1.2. Uma disciplina ajuda outra(s) disciplina(s)

A integração multidisciplinar por soma ou colaboração é, provavelmente, a estratégia mais comum. Com mínimo gerenciamento entre dois professores, por exemplo, pode-se promover a integração de disciplinas das CHSA entre si e, ainda, de qualquer disciplina das CHSA com elementos disciplinares de outras áreas do EM (quadro 2).

Quadro 2. Integracao multidisciplinar apoiada nas prescricoes do CS Historia Crítica

O que vemos na expectativa de aprendizagem de História (quadro 2, coluna 4) é o auxílio legitimado pelo CS das disciplinas de Filosofia e Língua Portuguesa no cumprimento da meta de compreender a pluri perspectividade sobre o fenômeno do nacionalismo brasileiro, no século XIX.

Durante uma ou duas aulas/semanas, a atividade se desenvolve, provavelmente (com ou sem a participação dos professores de Filosofia e Língua Portuguesa) por meio da crítica filosófica dos conceitos de “estética” e “arte” e o conhecimento das figuras de estilo e de linguagem empregadas pelos escritores românticos. A meta é ampliar a compreensão do fenômeno do nacionalismo, sem que a tarefa deixe de ser considerada “de História”.


2. A integração interdisciplinar

Na integração interdisciplinar (a exemplo da integração multidisciplinar), promovemos a colaboração simultânea ou sucessiva de métodos, conhecimentos e princípios de uma disciplina à outra disciplina com o objetivo de resolver um problema.

Contudo, diferentemente da integração multidisciplinar, as disciplinas veem suas fronteiras rompidas em função de expectativas de aprendizagem que lhes são comuns, mas são, em muitos casos, pautadas no exterior de cada uma delas. Não raro, esse tipo de integração gera uma nova disciplina.

2.1. Várias disciplinas ajudam a cumprir uma demanda escolar exterior a cada uma delas

Observe esse exemplo hipotético, inspirado em uma situação real.

Em estudos recentes, realizados sob orientação do CAED/UFMG, constatou-se que um sério problema dos estudantes sergipanos em termos de habilidades linguísticas básicas era a incapacidade de a maioria comparar “informações sobre um mesmo fato” e distinguir “fatos de opiniões”.

Essa insuficiência poderia, inclusive, ser uma das responsáveis pelo assentimento de parte desses estudantes às fake News veiculadas, sobretudo, nas redes sociais das quais usufruem cotidianamente.

Uma das soluções seria mobilizar todas as disciplinas durante duas semanas, no início de cada semestre letivo, para dar a conhecer a importância e ampliar essas duas habilidades típicas do pensamento crítico, como descrito no quadro 3.

Quadro 3. Integracao interdisciplinar apoiada nas prescricoes do CS Historia Crítica

2.2. Várias disciplinas ajudam a cumprir uma demanda escolar de uma nova disciplina

Observe, agora, esse segundo exemplo de integração interdisciplinar, ilustrado pelo vídeo abaixo que lança uma questão: “Lampião, herói ou bandido?”.

Esse problema atrai estudantes sergipanos para uma discussão, em geral, conduzida de modo maniqueísta. Mobilizados por uma “Semana da Cultura Local”, que faz parte do programa de um hipotético componente transversal, intitulado “Cultura Sergipana”, por exemplo, um ou vários professores podem submeter a questão a distintos domínios das CHSA, gerando uma interpretação sofisticada e apoiada pelo CS, como podem acompanhar no quadro 2.

Debate entre professores Lampiao heroi ou bandido Imagem Micael Almeida dos Santos Historia Crítica

Debate entre professores: Lampião, herói ou bandido? | Imagem: Micael Almeida dos Santos

Quadro 4. Integracao por fusao de disciplinas em sala de aula Historia Crítica

Em posse de um plano, a turma pode visitar espaços especializados que proporcionem auxílios multidisciplinares à resolução do problema inicial. Salas-ambiente, laboratórios, memoriais, museus, centros de documentação e biblioteca, dentro ou fora da escola, servem a esse propósito.

O inverso também pode ocorrer. Professores especialistas podem ser revezar em uma mesma turma, oferecendo conhecimento e experimentação em seus específicos campos para observar, analisar, interpretar e dar respostas ao mesmo problema.

Essa integração mental, com vistas a dar respostas à questão (via comparação de abordagens disciplinares) ocorre, em grande parte, sob o interesse e o protagonismo do aluno.


Conclusões

Nesta aula, definimos integração multidisciplinar como o auxílio mútuo entre disciplinas em termos de questões, objetos, meios e teses, sem que a identidade da promotora seja apagada.

Definimos, ainda, a integração interdisciplinar como a colaboração simultânea ou sucessiva de questões, meios e teses de disciplinas, resultando o apagamento instrumental das suas fronteiras.

Demonstramos, por fim, que, em geral, o primeiro padrão ocorre no interior de uma disciplina, enquanto o segundo realiza-se na implantação de disciplinas transversais ou temporárias que exigem esforços coletivos.

Na próxima aula, trataremos de definições e exemplos de integração transdisciplinar (Acesso o texto aqui).


Sugestão de atividade

Como atividade avaliativa final desta aula, convido vocês a produzirem sequência(s) didática(s) que exemplifiquem integrações multidisciplinar e interdisciplinar. Tentem fazer em pares. Em seguida, compartilhe o trabalho com a turma.


Referências

SANTOS, Isabela Silva dos; SOARES, Mariana Fátima Muniz (Org.) Currículo de Sergipe: Integrar e construir — Ensino Médio. Aracaju: Secretaria de Estado da Educação do Esporte e da Cultura, 2022.

TOLENTINO, Luana. Outra educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula. Sdt.: Mazza, 2017.

OLIVEIRA, Zaqueu Vieira; ALVIM, Márcia Helena (Orgs.). Propostas didáticas para o Ensino de Ciências e de Matemática: abordagens históricas. Santo André: UFABC; GIHCEC; CAPES, 2020.

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Para citar este texto:

FREITAS, Itamar. Integrações multidisciplinar e interdisciplinar. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 26 mar. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/a-cursos/a-integracao-multidisciplinar-e-interdisciplinar/>

Integração disciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

Alunos em atividad interdisciplinar em cenario imaginario de Caatinga IA MJ2 Historia Crítica
Atividade interdisciplinar em cenário imaginário de Caatinga 3 | Imagem: IA-MJ

O que significa a expressão “integração disciplinar”? Nesta aula, vou apresentar definições e padrões de integração, exemplificando-os com disciplinas, princípios e conceitos das ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Também tentarei convencê-los de que o valor de cada disciplina pode ser medido pelo seu potencial de elevar a compreensão dos estudantes sobre a vida, do senso comum ao pensamento crítico, sobretudo quando empregadas de modo integrado.

O texto resulta de uma iniciativa de formação continuada de professores do Ensino Médio em Sergipe, solicitada recentemente pela Fundação Getúlio Vargas. Contudo, não há adaptações, além da exclusão das sequências didáticas sugeridas na aula original. A intenção é dar a conhecer aos alunos da pós-graduação a informação disponibilizada aos professores da escolarização básica, promovendo uma conexão entre interesses de informação e formação e avaliando os graus de apropriação pelos dois públicos.

Vamos discutir a referida integração a partir de uma definição instrumental, da discussão dos conceitos de “multidisciplinaridade”, “interdisciplinaridade” e “transdisciplinaridade” e do anúncio de propostas de integração de conceitos, princípios e disciplinas para a escolarização básica.


1. Significado e valor da integração disciplinar na educação escolar

Raimundo Fagner (2013.Traduzir-se | Imagem: Mateus Brandão

Tomemos a metáfora de Ferreira Goulart: “traduzir uma parte na outra parte” pode ser uma questão de arte. Tomemos também os sentidos de “integrar” como “incluir um elemento num conjunto, formando um todo coerente” e “integração” significando a “incorporação de um elemento num conjunto” (Houaiss, sd.).

Ferreira Goulart (2016). A história da construção de Traduzir-se | Imagem: Fronteiras do Pensamento

​Com esses parâmetros, já reconhecemos integração nas finalidades dos currículos do Ensino Médio (EM), como o Currículo de Sergipe (CS). Ali, o “todo coerente” é uma ideia de estudante a formar (um ser humano) e os elementos desse todo são idealmente as capacidades éticas (decidir e agir conforme regras), estéticas (sentir conforme regras) e cognitivas (conhecer conforme regras).

Com esses parâmetros, também reconhecemos a integração no conteúdo das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CHSA) e a integração desse conteúdo nas finalidades do CS. Ali, as CHSA representam insumos do ser humano. As CHSA são um “todo” e o conteúdo das disciplinas Filosofia, Geografia, História e Sociologia são as suas “partes”.

O CS, contudo, não detalha a integração no interior de cada disciplina, tampouco as práticas dos especialistas disciplinares em seu conjunto. É o que vamos fazer aqui, começando com a boa notícia de que a maioria dos professores concebe Filosofia, Geografia, História e Sociologia como processos científicos particulares de conhecer, integráveis no exame dos fenômenos com os quais os estudantes se defrontam na vida prática (Ingram, 1979, p.23–24). Disciplinas são literalmente modos de ver a realidade. Isso é bom!

Para a maioria dos estudantes, contudo, as disciplinas são um repositório de fenômenos disciplinares (fatos, comportamentos, crenças) isolados e, em muitos casos, alienados da vida prática. Essa compreensão dos estudantes deve ser modificada.

É necessário induzir os estudantes a perceberem as disciplinas como modos mais complexos de ver as coisas que os rodeiam. É nossa tarefa induzi-los a conceber as atividades de ensino e aprendizagem escolar como processos de desintegrar os “todos” que eles percebem simploriamente e reintegrá-los com método, no sentido de elevar a sua compreensão sobre a realidade a um patamar bem mais sofisticado.

Durante quase dois séculos, Filosofia, Geografia, História e Sociologia deram conta das suas tarefas isoladamente. Quem quisesse conhecer o perfil dos moradores da primeira capital de Sergipe, bastava ler o Laudas da História de Aracaju, de Sebrão Sobrinho. Quem quisesse conhecer os padrões de comportamento dos empresários sergipanos, frente aos trabalhadores urbanos, bastava ler um ensaio do sociólogo Florentino Menezes e assim por diante. Tanto a consulta como a pesquisa eram marcadas por interações disciplinares.

Contudo, mesmo nesses tempos disciplinares, sociólogos eram um pouco filósofos e historiadores um pouco geógrafos, se considerarmos as consultas que faziam aos colegas e as respostas que acrescentavam aos seus trabalhos, produzidas fora das fronteiras da Sociologia e da História, respectivamente. Em resumo, a disciplinaridade já convivia em certa dose com as interações multidisciplinares e interdisciplinares.

Com o hiperespecialismo dos saberes, a partir da segunda metade do século XX, e o estreitamento político entre mundos (supostamente) estanques do interior e do exterior da escola, as interações entre especialistas, em questões, métodos e respostas efetuadas, até então, de modo ocasional, tornaram-se uma necessidade.

Hoje, um sociólogo sozinho (e um professor de Sociologia, pior ainda) não explica mais uma briga das torcidas do Clube Esportivo Sergipe e da Associação Desportiva Confiança.

Um geógrafo, do mesmo modo, sem o auxílio de biólogos e filósofos, não explica a contento, por exemplo, um derramamento de óleo na praia de Pirambu ou uma mortandade de peixes no Rio do Sal.

A intervenção dos agentes públicos e das organizações da sociedade civil nos projetos de investigação e ensino, demandando mais profunda, segura e legítima informação, instaura os tempos das interações transdisciplinares.


2. Multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade

Disciplinas são dominantemente modos de dar sentido a realidade. Em alguns casos, o professor dá conta da demanda. Em outros ele necessita do auxílio do colega de outra disciplina.

Em outra situação, dois especialistas colaboram sem que nenhum deles assuma o resultado como seu. Em outras, ainda, vários professores se engajam no cumprimento de uma tarefa, sem terem pautado, isolada ou colaborativamente os problemas, meios e conteúdo da aprendizagem. Cada uma dessas situações representa um tipo de integração, como as exemplificadas a seguir.

Se a expectativa de aprendizagem é identificar os meios de orientação espacial, empregando, por exemplo, mapas celestes e aplicativos digitais, o professor pode usar representações bidimensionais em papel e representações na tela do computador. Os instrumentos da Geografia resolvem bem o problema, configurando exemplo típico de ensino disciplinar.

Mas, se a expectativa de aprendizagem é fazer o aluno compreender os usos de diferentes meios de orientação e comparar as mudanças ao longo do tempo, o professor pode chamar as narrativas da História das grandes navegações e da chegada dos europeus ao atual território sergipano, demonstrando o valor das constelações em alto mar. Aqui, a Geografia escolar foi auxiliada pela História escolar, configurando exemplo de integração multidisciplinar. (Oliveira; Alvin, 2020, p.22).

Se a intenção do professor é fazer o estudante compreender como as plantas da sala de aula produzem a energia de que necessitam para sobreviver, não vão bastar os conhecimentos e experimentos da Biologia. Ele lançará mão de modelos explicativos da Física e da Química de modo sintético, estimulando-os a observar o desenvolvimento dos brotos plantados em copos descartáveis e depositados em lugares de sobra e de luz. Nesta situação, os conhecimentos e procedimentos das três disciplinas se fundiram em um novo domínio: as “ciências”.

Se, por fim, a atividade de fazer plantios de sementes em viveiros no interior da escola serve para interiorizar nos estudantes o valor da flora e da fauna do agreste sergipano, como reação à devastação das matas ciliares, noticiada pela imprensa e denunciada pelo Ministério Público, as disciplinas já não são as únicas protagonistas. O esforço conjunto, de escola, comunidade e poder público esboroa os limites entre ciência e sociedade, configurando uma integração transdisciplinar. Com base nesses exemplos, e com o auxílio de especialistas (Rezaei; Seyedpour I2022, p.2–5; Rezaei; Saghazadeh, 2022, p.3), podemos listar as seguintes definições instrumentais:

  • Multidisciplinaridade — Colaboração simultânea ou sucessiva de métodos, conhecimentos e princípios de uma disciplina com outra disciplina, visando a resolução de um problema para a sociedade, sem o rompimento de fronteiras disciplinares. Uma disciplina ajuda a outra;
  • Interdisciplinaridade — Colaboração simultânea ou sucessiva de métodos, conhecimentos e princípios visando a resolução de um problema para a sociedade, com o rompimento de fronteiras disciplinares. Uma nova disciplina é gerada;
  • Transdisciplinaridade — Colaboração simultânea ou sucessiva de métodos, conhecimentos e princípios disciplinares, com saberes, estratégias, valores e atitudes extradisciplinares (sociais), visando a resolução de um problema com a sociedade, com o rompimento de fronteiras científicas. As disciplinas desaparecem. 

Os exemplos acima são voltados para o ensino dos anos iniciais. Vamos avançar agora para o EM, demonstrando que alguma integração curricular já está prescrita nos currículos estaduais e envolve conceitos e princípios no interior e entre as disciplinas das CHSA.


3. Integração de conceitos, princípios e disciplinas

Rozoma e Arvore da Vida Historia Crítica

Figura 3 (esquerda). Rizoma é um termo originado da botânica, utilizado pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, para descrever uma maneira de encarar o indivíduo, o conhecimento e as relações entre as pessoas, ideias e espaços, a partir de uma perspectiva de fluxos e multiplicidades, que não possui uma raiz ou centro. (Carrasco, sd.). Figura 4. A árvore da vida, como ilustrada por Ernst Haeckel em A Evolução do Homem (1879), simboliza a visão característica do século XIX de que a evolução era um processo progressivo, com o ser humano como objetivo (Wikipedia, sd.)

A integração de conceitos disciplinares é a mais básica. Na vida, eles formam conjuntos em demandas várias, como a identidade disciplinar.

A emergência das disciplinas, por repartição, fusão e outros, ao longo dos séculos XIX e XX, explica também o necessário compartilhamento de conceitos (embora, ressignificados).

Considerem o quadro 1. Ele apresenta os conceitos mais abstratos e gerais que frequentam as CHSA. Eles são representações mentais das coisas que cercam o mundo, adquiridas de modo consciente (Damásio, sd., p.38–39) pelos estudantes, professores e pais.

Quadro 1. Conceitos basicos das Ciencias Humanas e Sociais Aplicadas no Curriculo de Sergipe prescritos para o ensino de Filosofia Geografia Historia e Sociologia Historia Crítica

No quadro 2, o conceito de “ética” vale isoladamente e como núcleo de um conteúdo epistêmico da Filosofia, empregado em vários outros domínios científicos.

Quadro 2. Exemplo de conceito que enucleia um principio Historia Crítica

Além de sua função nuclear, os conceitos do quadro 1 são elementos de ligação entre disciplinas, como efetuado pelo emprego de “território” entre a Geografia e a História, que por sua vez apresentam significados similares (Quadro 3).

Quadro 3. Exemplo de conceito que conecta disciplinas Historia Crítica

Os conceitos destacados do quadro 1 também podem revelar as relações de interdependência entre disciplinas. Observe que o conceito de “tempo” está empregado como pontos móveis/sucessão que subjazem uma cronologia (quadro 4). Esse mesmo “tempo” pode provocar discussão e entendimento mais sofisticado quando a Filosofia é chamada a participar do debate.

O próprio CS (Santos; Soares, 2022, p.139) fornece essa possibilidade quando contrastamos ideias de mudança temporal como presente/passado/futuro e suas projeções dialética, cíclica, caótica, prescritas em diversas filosofias, desde S. Agostinho, passando por F. Hegel, até chegar em A. Camus.

Quadro 4. Exemplo de conceito que revela interdependencia entre disciplinas Historia Crítica

Conclusão

Nesta aula, tentamos convencê-los de que o valor de uma disciplina está contido, principalmente, no seu potencial de elevar a compreensão dos fenômenos que nos cercam, de uma consciência ingênua a uma consciência sofisticada.

Essa dinâmica pode ser atingida quando abordamos conceitos, proposições, narrativas, valores e atitudes de modo integrado, resultando em modalidades de corte multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar.

No próximo texto, vamos explorar a integração multidisciplinar e interdisciplinar (Acesso o texto aqui).


Sugestão de atividade

Figura 5. Momento em que policial e derrubado do cavalo por bolsonaristas durante o ataque de 8 de janeiro de 2022 em Brasilia DF Foto Sergio LimaAFPEstado de Minas. Historia Crítica

Figura 5. Momento em que policial é derrubado do cavalo por bolsonaristas durante o ataque de 8 de janeiro de 2022, em Brasília-DF | Foto: Sergio Lima/AFP/Estado de Minas.

Observem a figura 5 e tentem produzir sequência(s) didática(s) que viabilizem a compreensão mais sofisticada do fenômeno representado.


Referências

DAMÁSIO, António. O mistério da consciência. São Paulo: Companhia das Letras, sd.

DRAKE, Susan; BURNS, Rebecca. Meeting standards through integrated curriculum. Alexandría: ASCD, 2004.

INGRAM, James B. Curriculum intetration and lifelong education: A contribution to the improvement of school curricula. Oxford: Pergamon Press, 1979.

LITTLE, Catherine A. The use of overarching concepts in the integrated curriculum model. VAN TASSEL-BAKA, Joyce; LITTLE, Catherine A. (Ed.). Content-based curriculum for high-ability larners. 3ed. New York: Routledge, 2021. Snp.

SANTOMÉ, Jurjo Torres. Os motivos do currículo integrado. In: Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artmed, 1998. p.26–94.

REZAEI, Nima; SEYEDPOUR, Simin. Introduction to integrated science: transdisciplinarity. In: REZAEI, Nima (Ed.). Transdiscilinarity. Cham: Springer, 2022. p. 1–11.

REZAEI, Nima; SAGHAZEDH, Amene. Introduction on integrated science: multidisciplinarity and interdisciplinarity in Healt. REZAEI, Nima (Ed.). Multidisciplinarity and Interdisciplinarity in Healt. Cham: Springer, 2022. p.1–39.

Astronomia, Arqueologia e História em uma só lição. Trailer do filme “Nostalgia da Luz”, de Patricio Gúzman (2015) | Imagem: Vimeo

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Para citar este texto:

FREITAS, Itamar. Integração disciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 26 mar. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/todas-as-categorias/integracao-disciplinar-em-ciencias-humanas-e-sociais-aplicadas/>

PolHis. Buenos Aires, n.30 (15), 2023

PolHis Historia Crítica

Editorial

Dossiers Temáticos

Artículos

Resúmenes de Tesis

Publicado: 2023-03-23

Ars Histórica. Rio de Janeiro, v.24, 2022

 

La historiografía en tiempos globales | Ingrid Simson e Guillermo Zermeño Padilla

A modo de exergo, los historiadores Ingrid Simson y Guillermo Zermeño comienzan la introducción de La historiografía en tiempos globales con esta frase de Michel de Certeau “la historiografía se mueve constantemente junto con la historia que estudia, y con el lugar histórico donde se elabora” (p. 7). Desde ese momento sabemos que nos encontramos ante una obra que va a cuestionar la escritura de la historia, sus condiciones de posibilidad y sus relaciones con nuevas formas de entender el mundo. El texto es una selección de algunas de las ponencias revisadas y ampliadas que tuvieron lugar en el simposio “La historiografía en tiempos globales” durante el XVII Congreso de la Asociación de Historiadores Latinoamericanistas Europeos ( AHILA) en Berlín en 2014. Su centro de atención, como el título lo indica, gira en torno al reconocimiento de una realidad interconectada y globalizada que afecta la forma en la que pensamos y hacemos la historia.

En las últimas décadas, la presencia de la historia global es cada vez más notable en la academia, revistas, programas de posgrado, libros y espacios de debates historiográficos. Su ascenso durante los años noventa representó una atractiva reactivación de la historiografía en un momento en el que la historia moderna, progresiva y lineal, entraba en crisis. Sin embargo, como bien lo plantean los autores en la introducción, quienes contribuyen a esta corriente aún no han llegado a un consenso acerca de su objeto de estudio o de las metodologías de este nuevo campo y quedan algunas interrogantes por responder: “¿Cómo distinguirla, por ejemplo, de la historia universal o de la historia mundial? y ¿qué relación hay entre la historia global y la globalización?” (p. 8). Leia Mais

Historia Mexicana. México, v.72, n.4 (288) abril-junio, 2023.

Historia Historia Crítica

Artículos

Reseñas

Publicado: 21-03-2023

Educação, Cultura e Memória Uneb / 2023-1

Bem-vindos

Colegas, bom dia!

Sejam bem-vindos ao curso de “Educação, Cultura e Memória”. Espero que todos estejam com saúde e assim sejam atendidos durante o curso.

Para evitar quebra de expectativas com o nosso curso, antecipe a apresentação do programa, informando o que a Universidade (o professor) vai oferecer a vocês e que a Universidade (o professor) está esperando por vocês.

Peço que leiam com atenção e se certifiquem de querer mesmo seguir este curso e com o professor atual.

Até breve

Itamar Freitas.

Irecê, 19 de março de 2022.


I. A natureza do curso

O curso é seguro em 60 horas. Todas as horas devem ser empregadas efetivamente nas atividades do curso, ou seja, o trabalho deve ser desenvolvido, universitário, em quatro horas semanais prescritas pela oferta universitária.

Considerando a natureza da matéria (educação, cultura e memória), o curso é realizado mediante a leitura, produção fichamentos (resumos, esquemas, mapas conceituais etc.) e o exercício dessa produção em atividades individuais.

II. Pré-requisitos para a permanência no curso

Da parte de vocês, espero que estejam predispostos a ler e a fichar textos básicos sobre a matéria com autonomia e participarem das estimativas somativas no tempo e locais especificados.

III. Comprometimentos do professor do curso

Da minha parte, garanto a oferta de literatura especializada e atualizada sobre a matéria do curso, contida no programa e nos anexos, apresentação de modelos de produção textual e oportunidades de publicação.

4. Objetivo geral:

Dar a conhecer significados canônicos de "memória", "cultura" e "educação" para uso posterior em projetos e dissertações de mestrado no PPGEAFIN.

V. Objetivos específicos:

Dar a conhecer os significados de memória em dimensões micro e macro escalares (celular/molecular/social);

Dar a conhecer significados de cultura em dimensões individualistas e coletivistas;

Dar a conhecer significados de educação em dimensões psicanalíticas e antropológicas.

VI. Conteúdo substantivo e programação

Unidade 1. Ideias de memória, cultura e educação (28h)

24 e 25/04/2023 - Definições e usos da categoria "memória"

Preleção do professor 1 - Sobre objeto memória

Preleção do professor 2 - Memória e Historiografia

Literatura básica*

  • Texto 1 - A história, a memória e o esquecimento - Paul Ricoeur
  • Texto 2 - A Arqueologia do saber - Michel Foucault
  • Texto 3 - História oral como arte da escuta - Alessandro Portelli
  • Texto 4 - Os lugares da memória - Pierre Nora
  • Texto 5 - A memória coletiva - Maurice Halbwachs

(*) Para esta unidade e este encontro, todos os alunos devem ler, ao menos, um desses livros, selecionados a partir de suas ideológicas compulsivas.

literatura complementar

  • Texto - Memória - Alan Baddeley
  • Texto - O mistério da consciência - António Damásio

15 a 19/05/2023 - Definições e usos das categorias "cultura" e "educação"

Literatura básica e apresentações

15/05/2023 - 14h-17h

  • Texto 6 - O mal estar na civilização - Sigmund Freud
  • Franciele Dourado
  • Yeda Nunes
  • Texto 7 - A interpretação das culturas - Cliford Gertz
  • Luciane Daiane
  • Erla Figueiredo

15/05/2023 - 18h-21h

  • Produção de resenhas

16/05/2023 - 14h-17h

  • Texto 8 - Democracia e educação - John Dewey
  • Helder Duran
  • Maiara Dourado
  • Texto 9 - Pensamento e linguagem - LS Vygotsky
  • Maria Valdilene
  • Sheila Briano

16/05/2023 - 18h-21h

  • Produção de resenhas

17/05/2023 - 9h-12h

  • Produção de resenhas

Itamar

literatura complementar

  • Texto - Discurso sobre a origem da desigualdade (1754) - Jean-Jacques Rousseau
  • Texto - Leviatã, ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil - Thomas Robbes

Unidade 2. Ideias de memória, cultura e educação na literatura especializada que fundamenta projetos e dissertações (32h)

14 e 15/06/2023 - Leitura, crítica e produção de resenhas sobre livros que fundamentam projetos e dissertações de cada um dos alunos do curso, publicados entre 2020 e 2023.

03 a 06/07/2023 - Usos de "memória", "cultura" e "educação" na literatura especializada que fundamenta projetos e dissertações de cada um dos alunos do curso.

Apresentações de resenha

  • Taís Paula
  • Patrícia Lobo
  • Jacineide Cidra
  • Luis Fernando
  • Luciana Vilela
  • Lucimara Pereira
  • Pedro Sampaio
  • Simone Rodrigues
  • Jaqueline Medeiros

 

VII. Avaliação: (2 semanas)

Resenha crítica, com respectiva autorização para a publicação, dos livros lidos, críticos e apresentados na unidade 2 deste curso.**

(**) No dia 25/04, ao final deste encontro, todos os alunos devem informar o título do livro escolhido para resenhar.

VIII. Metodologia:

Leitura e discussão de texto básico e autora oferecida pelo professor ministrante.

Procedimentos de exposição do professor, leitura dos alunos e debate de ambos sobre as ideias de memória, cultura e educação.

Crítica bibliográfica realizada mediante orientações presenciais e formulários específicos.

IX. Referências

BADDELEY, Alan et. al. Memória . 3ed. Oxon: Routledge, 2020.

DAMÁSIO, António. O mistério da consciência : do corpo e das emoções ao conhecimento de si. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

DEWEY, João. Democracia e educação -  Introdução à Filosofia da Educação. 4ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do sabre. 7ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

FREUD, Sigmund. O mal estar na civilização . Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, sd. p.09-89.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

HALBAWACHS, Maurício. A memória coletiva . São Paulo: Vértice, 1990.

HOBBES, Thomas. Leviatã  ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

LANE, Sean M. Lane; HOUSTON, Kate A.  Compreendendo a memória de testemunhas oculares:  Teoria e aplicações. Nova York: New York University Press, 2021.

NORA, Pierre. Les lieux de mémoire. Montevidéu: Trilce, 2008.

PORTELLI, Alessandro. História oral como arte da escuta. São Paulo: Letra e Voz, 2016.

RICOEUR, Paulo. A história, memória e esquecimento. Campinas: Editora da UNICAMP, 2007.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem da desigualdade. sdt: Ridendo Castigat Mores, sd.

VIGOTSKY, LS Pensamento e linguagem. sdt.? Ridente Castigat Mores, sd.

Lista de teses brasileiras que exploram tangencial ou centralmente Inteligência Artificial (2021-2023)

ALBUQUERQUE, ADRIANA REIS DE. Poder Artificial de Tributar? Limites e requisitos a utilizacao (adequada) da Inteligencia Artificial pela Administracao Tributaria’ 25/11/2022 396 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, Fortaleza Biblioteca Depositária: Biblioteca Universitária da Universidade Federal do Ceará – UFC.

ALVES, WESIN RIBEIRO. Redes Neurais com Aprendizagem Profunda Aplicadas à Estimação de Canais Sem Fio MIMO’ 06/10/2021 87 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, Belém Biblioteca Depositária: Biblioteca Digital da Universidade Federal do Pará.

AMORIM, MARIA CAROLINA CANCELLA DE. APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA GESTÃO DOS PRECEDENTES JUDICIAIS QUALIFICADOS’ 22/02/2021 230 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ, Rio de Janeiro Biblioteca Depositária: Biblioteca Setorial Campus Presidente Vargas Centro I.

ARAUJO, KLEYBER DANTAS TORRES DE. DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA PREDIÇÃO DE SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS NA PLATAFORMA E-SUS’ 23/02/2022 undefined f. Doutorado em MODELOS DE DECISÃO E SAÚDE Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA ( JOÃO PESSOA ), João Pessoa Biblioteca Depositária: undefined.

AUDIBERT, FLAVIA LUISA DIAS. ANÁLISE DE BIOMARCADORES DE OBESIDADE EM PLASMA HUMANO: UMA ABORDAGEM POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL’ 15/02/2022 77 f. Doutorado em FISIOPATOLOGIA MÉDICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas Biblioteca Depositária: Biblioteca digital da UNICAMP.

AVILA, RAFAEL BERNARDES DE. VALIDAÇÃO EXTERNA DO ESCORE VILLALTA TRADUZIDO PARA PORTUGUÊS BRASILEIRO EM PACIENTES COM TROMBOSE VENOSA PROFUNDA PRÉVIA E SINTOMAS COMPATÍVEIS COM SÍNDROME PÓS-TROMBÓTICA’ 30/09/2021 110 f. Doutorado em Saúde Baseada em Evidências Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: Central.

BARBIZAN, SILVIO NESTOR. JORNALISMO EM VÍDEO GERADO POR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: NARRATIVAS E CREDIBILIDADE’ 16/03/2021 190 f. Doutorado em COMUNICAÇÃO SOCIAL Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre Biblioteca Depositária: Biblioteca Central Irmão José Otão.

BAUM, DERICK MOREIRA. Modelo de inteligência artificial de capacidade do espaço aéreo no ambiente UAM com base na complexidade do espaço aéreo”‘ 12/11/2021 193 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: EPUSP.

BERNARDES, RODRIGO CUPERTINO. Ethoflow: software baseado em inteligência artificial para medições comportamentais e suas aplicações em avaliações toxicológicas em insetos’ 16/07/2021 129 f. Doutorado em ENTOMOLOGIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, Viçosa Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da UFV.

BET, JESSICA ANGELA. Diagnose do estado nutricional de nitrogênio, potássio e cálcio em Urochloa brizantha cv. Marandu utilizando-se técnicas de machine learning’ 31/08/2021 224 f. Doutorado em ZOOTECNIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, Pirassununga Biblioteca Depositária: Biblioteca da FZEA/USP.

BOEIRA, JUAN PABLO DAVILA. O DESIGN NA ERA DOS ALGORITMOS: Construção de cenários a partir do Design Estratégico utilizando Inteligência Artificial.’ 27/08/2021 182 f. Doutorado em DESIGN Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS, São Leopoldo Biblioteca Depositária: Biblioteca Unisinos.

BORBA, MARCELO DA COSTA. Predição para o Uso da Inteligência Artificial no Agronegócio na Caatinga’ 01/04/2022 142 f. Doutorado em AGRONEGÓCIOS Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre Biblioteca Depositária: Biblioteca da Faculdade de Agronomia da UFRGS.

BRAVO, RICARDO. Modelo de dados abertos em inteligência artificial: alternativa para apuração de responsabilidade civil em sistemas de carros autônomos’ 17/03/2021 314 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA, Brasília Biblioteca Depositária: CEUB.

BRESSAN, THIAGO SANTI. APLICAÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E MACHINE LEARNING EM DADOS LITOESTRATIGRÁFICOS E GEOFÍSICOS DAS EXPEDIÇÕES DO PROGRAMA INTERNACIONAL DE DESCOBERTAS OCEÂNICAS (IODP)’ 26/02/2021 258 f. Doutorado em GEOLOGIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS, São Leopoldo Biblioteca Depositária: Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

CALCA, MARCUS VINICIUS CONTES. DETECÇÃO DE OUTLIERS E PREENCHIMENTO DE LACUNAS EM MEDIDAS DAS IRRADIÂNCIAS SOLARES ESPECTRAIS USANDO PRINCÍPIOS FÍSICOS E TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL’ 12/12/2022 86 f. Doutorado em Engenharia Agrícola Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO ( BOTUCATU ), Botucatu Biblioteca Depositária: Paulo de Carvalho Mattos/FCA.

CALÇAS NETO, HERMENEGILDO CALCAS. Sistema de Reabilitação da Marcha Humana por Retirada de Peso Corporal Usando Inteligência Artificial com Lógica Fuzzy’ 12/08/2021 101 f. Doutorado em BIOTECNOLOGIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO, Campo Grande Biblioteca Depositária: Pe. Félix Zavattaro.

CAMPARA, MARCELO JOSE VIGORITO. Desenvolvimento de uma ferramenta mobile para teste Elisa em microcircuitos e detecção de cores com inteligência artificial’ 16/12/2021 undefined f. Doutorado em TECNOLOGIA NUCLEAR Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: BIBLIOTECA TEREZINE ARANTES FERRAZ.

CARVALHO, ANDRE AUGUSTO PACHECO DE. Modelos de Propagação Ajustados por Algoritmos Meta-Heurísticos Bioinspirados para a Predição de Perda de Propagação em Ambientes Amazônicos’ 21/05/2021 69 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, Belém Biblioteca Depositária: Biblioteca Digital da Universidade Federal do Pará.

JUNIOR, ANTONIO PIRES DE CASTRO. Aplicação da Inteligência Artificial, Ontologia e Mineração de Dados para Classificação de Sentenças Judiciais’ 20/12/2021 170 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, Goiânia Biblioteca Depositária: SIBI Sistemas de Bibliotecas UFG.

CASTRO, MARIA DA CONCEICAO ALEXANDRE. CANDIDEMIA NOSOCOMIAL: DIAGNÓSTICO COM PROTEÔMICA APLICADA NA IDENTIFICAÇÃO E RESISTÊNCIA DAS LEVEDURAS E USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL’ 05/08/2021 108 f. Doutorado em MEDICINA TROPICAL Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, Recife Biblioteca Depositária: BIBLIOTECA CENTRAL DA UFPE.

COTRIM, WESKLEY DA SILVA. Inteligência artificial aplicada a modelagem de processos da indústria de alimentos’ 05/08/2021 121 f. Doutorado em CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, Viçosa Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa.

DAMASCENO, HANDHERSON LEYLTTON COSTA. A ESPETACULARIZAÇÃO DA PRIVACIDADE COMO EMPREENDIMENTO DE SI: AS PEDAGOGIAS DA VISIBILIDADE DE LEITORES NO FACEBOOK’ 20/12/2021 203 f. Doutorado em EDUCAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, Salvador Biblioteca Depositária: Biblioteca Reitor Macedo Costa e www.repositorio.ufba.br.

DIAS, SANTOS HENRIQUE BRANT. MODELAGEM DE VARIÁVEIS HÍDRICAS POR MEIO DO SENSORIAMENTO REMOTO ORBITAL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL’ 30/08/2022 undefined f. Doutorado em AGRONOMIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA, Ponta Grossa Biblioteca Depositária: undefined.

DIVINO, STHEFANO BRUNO SANTOS. TEORIA PROCEDIMENTAL DO SUJEITO DE DIREITO E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: a subjetividade jurídica entre ficção e facticidade’ 06/05/2022 261 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS, Belo Horizonte Biblioteca Depositária: PUC Minas.

DUARTE, JOYCE ANANDA PAIXAO. ECOLOGIA DE Euxylophora Paraensis Huber EM UM FRAGMENTO FLORESTAL NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS­PARÁ’ 26/05/2021 78 f. Doutorado em Ciências Florestais Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA, Belém Biblioteca Depositária: UFRA.

FAZZIONI, PAULO FERNANDO PEIXOTO DA COSTA. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS APLICADOS À INSPEÇÃO DE FACHADAS’ 31/12/2021 146 f. Doutorado em ENGENHARIA CIVIL Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, Niterói Biblioteca Depositária: BEE-UFF.

FERNANDES, PABLO. Imagens multiespectrais e inteligência artificial para predição da densidade de plantas espontâneas em plantio de Eucalyptus saligna’ 31/08/2022 undefined f. Doutorado em ENGENHARIA FLORESTAL Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, Santa Maria Biblioteca Depositária: undefined.

FERREIRA, THATIANA BRAGINE. Potencial do uso da metabolômica e da Inteligência Artificial no diagnóstico de criptococose.’ 17/11/2022 undefined f. Doutorado em MEDICINA TROPICAL E INFECTOLOGIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, Uberaba Biblioteca Depositária: Banco Digital de Teses de Dissertações.

FONSECA, ANDRIO PORTUGUEZ. A DISRUPÇÃO DO DIREITO PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E OS SEUS REFLEXOS NO ATIVISMO JUDICIAL ‘ 15/09/2022 388 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre Biblioteca Depositária: Biblioteca da Faculdade de Direito – UFRGS.

FONSECA, ELAINE LIMA DA. MODELAGENS PREDITIVAS APLICADAS AO MAPEAMENTO DO RISCO POTENCIAL DE EROSÃO DO SOLO NO CONTEXTO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL EM AMBIENTE AMAZÔNICO’ 03/06/2022 141 f. Doutorado em GEOGRAFIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, Porto Velho Biblioteca Depositária: BIBLIOTECA ROBERTO DUARTE PIRES.

FONTENELE, ROCHARLES CAVALCANTE. SEGMENTAÇÃO AUTOMATIZADA DIRIGIDA POR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DE DENTES E DO OSSO ALVEOLAR DA MAXILA: ESTUDOS UTILIZANDO EXAMES DE TCFC’ 16/02/2023 94 f. Doutorado em RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ( PIRACICABA ), Piracicaba Biblioteca Depositária: Biblioteca Digital da Unicamp.

FRANCA, HEYDE FRANCIELLE DO CARMO. Arquitetura probabilística paraclassificação de dados genômicos’ 18/11/2022 101 f. Doutorado em CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, Goiânia Biblioteca Depositária: Biblioteca Central.

GARCIA, LARA ROCHA. ENTRE SUJEITOS, OBJETOS, PESSOAS E ROBÔS: Como a Inteligência Artificial Impacta a Estrutura Jurídica e Transforma a Prática do Direito.’ 03/11/2022 193 f. Doutorado em DIREITO POLÍTICO E ECONÔMICO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE, São Paulo Biblioteca Depositária: BIBLIOTECA DIREITO – MACKENZIE.

GARZARO, DANIELA MENEZES. AS LIGAÇÕES ENTRE QUALIDADE DE SERVIÇO, ENGAJAMENTO DO CONSUMIDOR, COCRIAÇÃO E CODESTRUIÇÃO DE VALOR: Usando Inteligência Artificial para Análise de tuítes de Fintechs Brasileiras’ 05/08/2022 89 f. Doutorado em ADMINISTRAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO, São Paulo Biblioteca Depositária: undefined.

GAZZOLA, MURILO GLEYSON. Avaliação automática da qualidade de recursos educacionais abertos usando métodos de Processamento de Línguas Naturais’ 09/02/2021 145 f. Doutorado em CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO E MATEMÁTICA COMPUTACIONAL Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (SÃO CARLOS), São Carlos Biblioteca Depositária: Prof. Achille Bassi.

GEORJUTTI, RENATA PEREIRA. : PATOFISIOLOGIA DO ZIKA VÍRUS EM GLÂNDULAS SALIVARES E DETECÇÃO BIOFOTÔNICA DO ZIKA VÍRUS NA SALIVA ASSOCIADO COM ALGORITMO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL’ 29/04/2022 67 f. Doutorado em ODONTOLOGIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, Uberlândia Biblioteca Depositária: SEBID – Setor de Biblioteca Digital.

GIORGI, TANIA GIANDONI WOLKOFF. A ERA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL: A NECESSIDADE DE UMA POLÍTICA NACIONAL DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL’ 08/07/2021 148 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: PUC.

GOMES, EVANICE PINHEIRO. AVALIAÇÃO DE MODELOS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL HÍBRIDOS NA ESTIMATIVA DE PRECIPITAÇÕES’ 18/03/2022 undefined f. Doutorado em ENGENHARIA CIVIL Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, Belém Biblioteca Depositária: undefined.

HOCH, PATRICIA ADRIANI. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNIDADE ACADÊMICA E PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DOUTORADO EM DIREITO PATRÍCIA ADRIANI HOCH INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E JUIZ-ROBÔ: OS ALGORITMOS NA TOMADA DE DECISÕES PELO PODER JUDICIÁRIO’ 07/06/2022 312 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS, São Leopoldo Biblioteca Depositária: BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS.

HUBNER, HENRIQUE BUTZLAFF. Estudo de Danos Térmicos em Retificação Utilizando Sinais de Emissão Acústica e Inteligência Artificial’ 20/01/2021 144 f. Doutorado em ENGENHARIA MECÂNICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, Uberlândia Biblioteca Depositária: sistema de biblioteca da UFU.

JUNQUILHO, TAINA AGUIAR. APLICAÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL AO DIREITO: PARÂMETROS DA LITERATURA, DA REGULAÇÃO E DA PERCEPÇÃO DE ATORES SOBRE LIMITES ÉTICOS.’ 17/02/2022 167 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, Brasília Biblioteca Depositária: BIBLIOTECA CENTRAL – BCE – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB – BRASIL – BR.

LACERDA, TALLES HUDSON SOUZA. DESENVOLVIMENTO DE TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO MANEJO FLORESTAL’ 09/04/2021 undefined f. Doutorado em ENGENHARIA FLORESTAL Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, Lavras Biblioteca Depositária: undefined.

LACERDA, BRUNO TORQUATO ZAMPIER. ESTATUTO JURÍDICO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: entre categorias e conceitos, a busca por marcos regulatórios’ 31/03/2022 236 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS, Belo Horizonte Biblioteca Depositária: PUC Minas.

LIMA, ELISA DINIZ DE. TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COMO AUXILIARES NO DIAGNÓSTICO DA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR’ 23/07/2021 112 f. Doutorado em ODONTOLOGIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA, Campina Grande Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da Universidade Estadual da Paraíba.

LIMA, JEFFERSON DA COSTA. Desafios para a adoção de Inteligência Artificial pelo Sistema Único de Saúde (SUS): ética, transparência e interpretabilidade’ 19/07/2022 147 f. Doutorado em Informação e Comunicação em Saúde ( PPGICS ) Instituição de Ensino: FUNDACAO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ), Rio de Janeiro Biblioteca Depositária: Biblioteca de Manguinhos/Icict/Fiocruz.

LINS, HAMURABI ANIZIO. USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA RECOMENDAÇÃO DO CLOMAZONE E S-METOLACHLOR APLICADOS EM PRÉ-EMERGÊNCIA’ 22/12/2022 99 f. Doutorado em FITOTECNIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO, Mossoró Biblioteca Depositária: Biblioteca Orlando Teixeira – UFERSA.

LINS, RODRIGO SCHRAGE. “DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE PARA GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES EM CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR’ 10/03/2023 72 f. Doutorado em CIÊNCIAS DA SAÚDE Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, Caxias do Sul Biblioteca Depositária: .

MACHADO, HUGO GONTIJO. O Uso da Inteligência Artificial e Outras Tecnologias na Caracterização de Fenômenos Químicos e Biológicos ‘ 28/10/2022 105 f. Doutorado em QUÍMICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, Brasília Biblioteca Depositária: BCE – Biblioteca Central da UnB.

MACIEL, JOYLAN NUNES. MÉTODO HÍBRIDO DE PREDIÇÃO DA IRRADIÂNCIA SOLAR COM PROCESSAMENTO DE IMAGENS E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL APLICÁVEL A GERAÇÃO DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA’ 20/12/2022 146 f. Doutorado em ENERGIA & SUSTENTABILIDADE Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA, Foz do Iguaçu Biblioteca Depositária: UNILA – BIBLIOTECA LATINO -AMERICANA – PTI.

MARCATO, GISELE CAVERSAN BELTRAMI. O USO INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL BRASILEIRA: EM QUESTÃO OS VALORES CONSTITUCIONAIS ‘ 03/06/2022 213 f. Doutorado em CIÊNCIA JURÍDICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ, Jacarezinho Biblioteca Depositária: 01.

MARIANO JUNIOR, RAUL. O acesso à justiça na era da automação, da inteligência artificial e da mineração de dados: o nascimento do devido processo digital (e-due process of law)’ 31/08/2021 447 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

MATSUSHITA, FELIPE YU. Lactato como preditor de mortalidade em recém-nascidos pré-termo de extremo baixo peso usando inteligência artificial’ 05/12/2022 49 f. Doutorado em MEDICINA (PEDIATRIA) Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: BDUSP.

MAZONI, ALYSSON FERNANDES. Utilização das ferramentas da inteligência artificial em aplicações mecatrônicas – estudo de casos’ 15/03/2021 112 f. Doutorado em ENGENHARIA MECÂNICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas Biblioteca Depositária: BAE.

MEIRELES, THIAGO DE OLIVEIRA. Inteligência Artificial: impactos sobre o mercado de trabalho e a desigualdade de renda’ 05/12/2022 undefined f. Doutorado em CIÊNCIA POLÍTICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: undefined.

MELO, SARA LUZIA DE. Arquitetura de um sistema tutor inteligente para recomendação personalizada de objetos de aprendizagem considerando os estados afetivos e o conhecimento do estudante’ 24/09/2021 119 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, Uberlândia Biblioteca Depositária: UFU.

MENDES, ALEXANDRE JOSE. O aprimoramento da qualidade da decisão judicial apoiado em modelos de inteligência artificial e sua contribuição para a consolidação do sistema de precedentes brasileiro ‘ 25/03/2021 294 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ, Curitiba Biblioteca Depositária: PUCPR.

MESQUITA, GERMANA DE QUEIROZ TAVARES BORGES. APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA DETECÇÃO AUTOMÁTICA DE PONTOS CEFALOMÉTRICOS: REVISÃO SISTEMÁTICA COM META-ANÁLISE’ 18/11/2022 78 f. Doutorado em ODONTOLOGIA Instituição de Ensino: CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLOGICAS SAO LEOPOLDO MANDIC, Campinas Biblioteca Depositária: Biblioteca São Leopoldo Mandic “Dr. Cid Santos Gesteira”.

MOREIRA FILHO, JOSE TEOFILO. Inteligência artificial e abordagens computacionais para a descoberta de novos compostos e otimização de fragmentos potencialmente ativos contra Schistosoma mansoni’ 20/01/2021 363 f. Doutorado em MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, Goiânia Biblioteca Depositária: Central da UFG.

MOTA, LUIZA ROSSO. DECISÃO JURÍDICO-PENAL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO CONTEXTO DA ORDEM ECONÔMICA CAPITALISTA: tendências e consequências da decisão made in machine’ 03/11/2022 200 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro Biblioteca Depositária: Biblioteca Central UFRJ.

MOURA, BRENDA DE SOUZA. Aplicação da inteligência artificial na determinação da posição do disco fibrocartilagíneo da articulação temporomandibular’ 10/03/2022 67 f. Doutorado em MEDICINA (RADIOLOGIA) Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro Biblioteca Depositária: CCS (UFRJ).

MORAES, JOSE REINALDO DA SILVA CABRAL DE. MODELAGEM AGROMETEOROLÓGICA POR INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA PREVISÃO DA PRODUTIVIDADE DE PALMEIRAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL’ 02/06/2021 139 f. Doutorado em AGRONOMIA (PRODUÇÃO VEGETAL) Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO ( JABOTICABAL ), Jaboticabal Biblioteca Depositária: FCAV/UNESP – Campus de Jaboticabal.

MURALIKRISHNA, AMITA. SOLAR IRRADIANCE PREDICTION: REPLICATING A WORKFLOW AND MAKING IT REPRODUCIBLE’ 21/10/2021 217 f. Doutorado em COMPUTAÇÃO APLICADA Instituição de Ensino: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, São José dos Campos Biblioteca Depositária: INPE.

MUROFUSHI, RODRIGO HIROSHI. Método de Desenvolvimento de um Sistema de Posicionamento Interno RFID Integrado à PNRD’ 26/02/2021 209 f. Doutorado em ENGENHARIA MECÂNICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, Uberlândia Biblioteca Depositária: sistema de biblioteca da UFU.

NAVARRO, FABIO PIOLA. USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO COM ABORDAGEM SEMÂNTICA: MODELO DE APLICAÇÃO PARA DOCUMENTOS TEXTUAIS EM AMBIENTES DIGITAIS ‘ 23/03/2021 111 f. Doutorado em CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO ( MARÍLIA ), Marília Biblioteca Depositária: UNESP, Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília.

NEVES, PATRICIA BITTENCOURT TAVARES DAS. MODELO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA ESTIMATIVA DO DESMATAMENTO CONSIDERANDO A REDE DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ’ 10/01/2022 112 f. Doutorado em ENGENHARIA DE RECURSOS NATURAIS DA AMAZÔNIA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ, Belém Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará.

OLIVEIRA, GABRIEL GOMES DE. APLICAÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, PARA MELHORIA DO CONCEITO ITS, (INTELLIGENT TRANSPORT SYSTEMS). UM ESTUDO ESPECIFICO NA CIDADE DE CAMPINAS, PARA BUSCA DE UMA SMART CITY.’ 09/09/2022 267 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas Biblioteca Depositária: BCCL – Biblioteca Central Cesar Lattes – UNICAMP.

OLIVEIRA, GUILHERME AUGUSTO ALVES DE. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA IDENTIFICAÇÃO DE CALCIFICAÇÕES CERVICAIS EM RADIOGRAFIAS PANORÂMICAS’ 19/02/2021 106 f. Doutorado em ODONTOLOGIA Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS, Belo Horizonte Biblioteca Depositária: Biblioteca Central da PUC Minas

OLIVEIRA, LIDIANO AUGUSTO NOBREGA DE. Aplicação de Inteligência Artificial no Gerenciamento de Localização em Redes 5G’ 30/09/2021 151 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, Campina Grande Biblioteca Depositária: Miniblio e Biblioteca Central.

OLIVEIRA, JOSE RICARDO LOURENCO DE. MOVIMENTO HUMANO E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: DESVIOS ESCOLIÓTICOS NA COLUNA LOMBAR’ 28/10/2022 144 f. Doutorado em Ciências do Movimento Humano Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA, Piracicaba Biblioteca Depositária: Biblioteca Taquaral – UNIMEP.

PAULA, PABLO PERON DE. VULNERABILIDADE INICIAL E CONFIGURAÇÃO EMPRESARIAL PÓS-INCUBAÇÃO: UMA EXPLICAÇÃO FUZZY E EMPÍRICA DA SOBREVIVÊNCIA ORGANIZACIONAL COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL.’ 30/06/2021 135 f. Doutorado em ADMINISTRAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, Brasília Biblioteca Depositária: BCE UNB.

PINHEIRO, ROMARIO DE MESQUITA. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E IMAGENS TERMOGRÁFICAS INFRAVERMELHA PARA AVALIAÇÃO DE SECAGEM DE SEMENTES’ 24/10/2022 undefined f. Doutorado em CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, Capão do Leão Biblioteca Depositária: undefined.

PINHO, RODRIGO FINGER DE CARVALHO. Inteligência artificial no processo de diagnóstico: utilização de software para comparação de imagens e perspectivas futuras’ 08/03/2022 50 f. Doutorado em CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo Biblioteca Depositária: SDO/FOUSP.

PINTO, PAULO ROBERTO DA SILVA. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O JUDICIÁRIO NO BRASIL: uma análise dos desafios sociais e a visão dos juízes (2017-2019)’ 22/03/2021 250 f. Doutorado em CIÊNCIA POLÍTICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre Biblioteca Depositária: Biblioteca de Ciências Sociais e Humanidades da UFRGS.

PINTO, HENRIQUE ALVES. A TRIPLA FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JURISDICIONAIS PAUTADAS EM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: o redimensionamento da fundamentação pela explicabilidade da linguagem algorítmica’ 30/11/2022 309 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA, Brasília Biblioteca Depositária: CEUB.

PIVA, RODRIGO GALUZZI GARCIA. UM NOVO BIOMARCADOR PARA AUXILIAR NA INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES DE ESPIROMETRIA ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E DAS FUNÇÕES DAS WAVELETS’ 29/04/2022 94 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: CENTRO UNIVERSITARIO DA FEI, São Bernardo do Campo Biblioteca Depositária: Pe. Aldemar Moreira S. J.

RAMOS, VICTOR SANTANA. CONTROLE PREDITIVO BASEADO EM MODELO LINEAR APLICADO EM PROTÓTIPO EXPERIMENTAL DE REFRIGERAÇÃO’ 25/11/2021 122 f. Doutorado em ENGENHARIA QUÍMICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas Biblioteca Depositária: BAE.

RODRIGUES, MARCELO FRANCISCO. CLASSIFICADORES UTILIZADOS NA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA IDENTIFICAR AS AÇÕES DE JOGO NO VOLEIBOL’ 31/08/2022 87 f. Doutorado em Ciências do Movimento Humano Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA, Piracicaba Biblioteca Depositária: Biblioteca Taquaral – UNIMEP.

SANTOS, SYLVIO RIBEIRO DE OLIVEIRA. Inteligência artificial na criação de conteúdo de marketing para mídias sociais: framework e geração de textos automáticos’ 15/09/2022 130 f. Doutorado em ADMINISTRAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre Biblioteca Depositária: www.lume.ufrgs.br.

SANTOS, ALLAN ERLIKHMAN MEDEIROS. Classificação de maciços rochosos por meio de técnicas da estatística multivariada e inteligência artificial’ 20/08/2021 195 f. Doutorado em ENGENHARIA MINERAL Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, Ouro Preto Biblioteca Depositária: Repositório institucional da UFOP.

SHIGUEOKA, LEONARDO SEIDI. O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO DIAGNÓSTICO DO GLAUCOMA E NA ESTIMATIVA DA IDADE A PARTIR DA CAMADA DE FIBRAS NERVOSAS PERIPAPILARES DA TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA’ 26/04/2021 156 f. Doutorado em CIÊNCIAS MÉDICAS Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas Biblioteca Depositária: Biblioteca digital.

SILVA, JEYDSON LOPES DA. Desenvolvimento de Controlador Baseado em Aprendizado Emocional Profundo’ 12/04/2021 208 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, Recife Biblioteca Depositária: undefined.

SILVA, MISLENE DALILA DA. Repositório personalizado ao candidato para concursos públicos: aplicando métodos efetivos para construção do conhecimento’ 18/10/2021 90 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, Uberlândia Biblioteca Depositária: UFU.

SILVA, MONISE RAMOS DA. PREDIÇÃO DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CONCRETOS COM MATERIAIS ALTERNATIVOS ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL’ 18/11/2021 152 f. Doutorado em CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CATALÃO, Catalão Biblioteca Depositária: undefined.

SILVA, RICARDO AUGUSTO FERREIRA E. Avaliação de Efetividade da Inteligência Artificial em Tribunais Brasileiros’ 06/05/2022 100 f. Doutorado em ADMINISTRAÇÃO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, Brasília Biblioteca Depositária: BCE.

SILVA, CARLOS ANDERSON OLIVEIRA. Sistema de suporte à decisão baseado em Inteligência Artificial para predição de doenças arteriais coronárias’ 17/11/2022 84 f. Doutorado em INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E BIOFARMACÊUTICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, Belo Horizonte Biblioteca Depositária: undefined.

SILVEIRA, PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA. Ética e Inteligência Artificial: da possibilidade filosófica de agentes morais artificiais’ 26/01/2021 146 f. Doutorado em FILOSOFIA Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL, Porto Alegre Biblioteca Depositária: Biblioteca Central Irmão José Otão.

SOUSA, IAM PALATNIK DE. Inteligência Artificial Explicável para Classificadores de Imagens Médicas’ 30/03/2021 132 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro Biblioteca Depositária: BIBLIOTECA CENTRAL.

SOUSA, REGIS MICHEL DOS SANTOS. Uma Abordagem de Arquitetura em Nuvem para Dados Educacionais em um Sistema Tutor Inteligente em contexto de Big Data’ 24/11/2022 80 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, Uberlândia Biblioteca Depositária: UFU.

SOUSA, RICARDO JOSE LEITE DE. O Brasil precisa de um marco legislativo que proteja o trabalho face à automação decorrente da inteligência artificial?’ 28/03/2022 204 f. Doutorado em DIREITO Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro Biblioteca Depositária: UERJ/Rede Sirius/Biblioteca CCS/C.

SOUZA, MARCIO LUIS MOREIRA DE. Reconhecimento de padrões moleculares, clínicos e imunológicos para criação de algoritmo da suscetibilidade e evolução clínica da Hanseníase baseado em inteligência artificial.’ 29/04/2021 117 f. Doutorado em Multicêntrico em Bioquímica e Biologia Molecular Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, São Paulo Biblioteca Depositária: ufjf.

SOUZA, ANA CLAUDIA OLIVEIRA E. DESENVOLVIMENTO DE UM FRAMEWORK PARA DETECÇÃO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM SISTEMAS QUÍMICOS BASEADO EM DEEP LEARNING: DA EXPLORAÇÃO DOS DADOS AO MONITORAMENTO VIA INTERFACE GRÁFICA’ 07/03/2023 177 f. Doutorado em ENGENHARIA QUÍMICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Campinas Biblioteca Depositária: BAE.

VASCONCELOS, EDUARDO SILVA. Análise estatística das taxas de reconhecimento de imagens de edifícios em ambientes urbanos utilizando quantização vectorial e aprendizagem profunda’ 20/12/2022 78 f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, Uberlândia Biblioteca Depositária: UFU.

VIEIRA, ROMENIA GURGEL. Aplicação de técnicas de inteligência artificial para identificação de faltas em módulos fotovoltaicos’ 14/12/2021 undefined f. Doutorado em ENGENHARIA ELÉTRICA Instituição de Ensino: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, Natal Biblioteca Depositária: BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – UFRN.

Ofícios de Clio. Pelotas, v.7, n.13, 2022.

OFICIOS DE CLIO UFPEL Historia Crítica

Os mundos do trabalho no Brasil independente e as experiências de trabalhadoras e trabalhadores em suas diversas perspectivas: gênero, raça, classe, etnia e cultura

APRESENTAÇÕES

DOSSIÊ: OS MUNDOS DO TRABALHO NO BRASIL INDEPENDENTE

DOSSIÊ EDUCAÇÃO

ARTIGOS LIVRES

PUBLICADO: 2023-03-15

Alétheia. Jaguarão, v.1, n.1, 2022.

Diálogos. Maringá, v.26, n.3, 2022.

 

Caribe. São Luís, v.22, n.42, jan./jun., 2021.

 

Teoria da História ProfHistória-UFS / 2023-1

Bem-vindos

Colegas, bom dia!

Sejam bem-vindos ao curso de “Teoria da História”. Espero que todos estejam com saúde e assim permaneçam durante o curso.

Para evitar quebra de expectativas com o nosso curso, antecipo a apresentação do programa, informando o que a Universidade (o professor) vai oferecer a vocês e o que a Universidade (o professor) está esperando de vocês.

Peço que leiam com atenção e se certifiquem de querem mesmo seguir este curso e com o atual professor.

Até breve

Itamar Freitas.

São Cristóvão, 13 de fevereiro de 2022.


I. A natureza metodológica do curso

O curso é estruturado em 60 horas. Todas as horas devem ser empregadas efetivamente nas atividades do curso, ou seja, o trabalho deve ser desenvolvido, estritamente, em quatro horas semanais e nos horários prescritos pela oferta universitária.

Trata-se de um empreendimento estruturado em métodos ativos de ensino e aprendizagem. Isso significa que, praticamente, NÃO HÁ aulas expositivas do professor. NÃO HÁ coisas a serem ouvidas ou vistas em exposição oral. NÃO HÁ aulas/textos/atividades de recuperação para os que faltam às atividades.

Considerando a natureza da matéria (estrutura e funcionamento do ensino escolar no Brasil), o curso é realizado mediante a leitura, produção fichamentos (resumos, esquemas, mapas conceituais etc.) e o exercício dessa produção em atividades individuais.

II. Pré-requisitos para a permanência no curso

Da parte de vocês, espero que estejam predispostos a ler e a fichar textos básicos sobre a matéria com autonomia e a participarem das avaliações somativas no tempo e local especificados.

III. Comprometimentos do professor do curso

Da minha parte, garanto a oferta de literatura especializada e atualizada sobre a matéria do curso, contida no programa e nos anexos, apresentação de modelos de produção textual e oportunidades de publicação.

IV. Objetivo geral:

Dar a conhecer ideias de epistemologia histórica de modo a instrumentalizar o seu uso na formação continuada individual e no planejamento e prática do ensino e da aprendizagem em História.

V. Objetivos específicos:

Dar a conhecer e fazer a crítica de ideias de epistemologia e epistemologia disciplinar

Viabilizar a identificação, tipificação e crítica de crenças epistemológicas dos professores

Viabilizar a construção e a aplicação de teorias históricas individuais para o ensino de história em situações concretas na vida prática

VI. Conteúdo substantivo e programação

Unidade 1. Ideias de Epistemologia – historiadores como epistemólogo (8 semanas)

1.1.Epistemologia geral

1.1.1. Opção pela existência e percepção objetivas do conhecimento – positivistas

1.1.2. Opção pela existência e percepção subjetivas do conhecimento – construtivistas

Texto 1 - Realismo constra subjetivismo

Texto 2 - Crenças epistêmicas e ensino de História

1.2. Epistemologia disciplinar histórica

1.2.1 Opção pelos três elementos: origem, segurança e regras de validação em: [Á escola da turma] – Apresentação do professor.

1.2. Opção pelos três elementos: origem, segurança e regras de validação em J. Droysen e J. Rüsen.

1.2. Opção pelos três elementos: origem, segurança e regras de validação em C. Seignobos e M. Bloch.

1.2. Opção pelos três elementos: origem, segurança e regras de validação em M. Foucault e M. de Certeau.

1.2. Opção pelos três elementos: origem, segurança e regras de validação em E. Hobsbawm e C. F. Cardoso.

Unidade 2. Ideias de Crença epistemológica (2 semanas)

2.1. Identificando crenças epistemológicas de si próprio

2.2. Tipificando crenças epistemológicas de si próprio

2.2. Relacionando crenças epistemológicas de si próprio e concepções (teoria e prática) de ensino de História

2.2. Relacionando crenças epistemológicas de si próprio e concepções (teoria e prática) de aprendizagem histórica na escolarização básica

Unidade 3. Ideias de Alfabetização histórica – professores como epistemólogo (4 semanas)

3.1. Adotando um cluster de crenças epistemológicas sobre a História

3.2. Identificando crenças epistemológicas dos alunos

3.3. Tipificando crenças epistemológicas dos alunos

3.4. Planejando alfabetizações históricas localizadas

VII. Avaliação: (2 semanas)

Resenha crítica, com respectiva autorização para a publicação, de qualquer livro que discuta ensino de história, lançado entre 2020 e 2023, empregando questionamentos e teses deste curso para a avaliação da obra.

VIII. Metodologia:

Procedimentos ativos de investigação bibliográfica em equipe, com relato em diferentes gêneros textuais.

Leitura e discussão de texto básico e autora fornecido pelo professor ministrante.

Crítica bibliográfica efetuada mediante orientações presenciais e formulários específicos.

IX. Referências

[Constituída ao longo do curso, semanalmente, a partir das demandas dos alunos]

Antíteses. Londrina, v.15, n.30, 2022.

Antiteses2 2 Historia Crítica

Dossiê – Ilhas do Atlântico Norte na Antiguidade e Medievos

Editorial

Dossiê

Artigos

Primeiros Passos

Publicado: 11-03-2023

 

Pergaminho. Patos de Minas, v.13, 2022

Pergaminho Historia Crítica

Publicado: 2023-03-09

Mosaico. Goiânia, v.16, n.1, 2023.

MOsaico Historia Crítica

Mulheres Afrodiaspóricas, religiosidades e feminismos

Editorial

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Publicado: 2023-03-06

 

Histórias, memórias e narrativas dos movimentos sociais LGBTQIA+/Historiæ/2022

No primeiro número de 2022 Historiæ apresenta o dossiê “Histórias, memórias e narrativas dos movimentos sociais LGBTQIA+”, como o próprio título indica abarca estudos que trabalham questões vinculadas aos movimentos sociais LGBTQIA+.

Ao entendermos “movimento social” como sendo coletivos de sujeitos que mobilizam ações que objetivam alcançar alterações sociais, culturais e/ou econômicas por meio de embates político-ideológicos em contextos permeados de tensões, disputas e valores. Este dossiê preocupou-se em reunir resultados de pesquisas acadêmicas que tenham as categorias “narrativas”, “memórias” e “histórias” das atuações de Organizações da Sociedade Civil de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuados + no Brasil como eixos de produção de conhecimento. Para tanto, o dossiê reuniu artigos resultantes de pesquisas, amparadas nas múltiplas possibilidades teórico metodológicas de estudos, imbricadas com a memória, a história e suas narrações, já que as entendemos enquanto elementos centrais aos direitos humanos e componentes indispensáveis ao aprimoramento da democracia e cidadania. Leia Mais

Quando ousamos existir: itinerários fotobiográficos do Movimento LGBTI brasileiro (1978-2018) | Marcio Caetano, Alexsandro Rodrigues, Cláudio Nascimento e Treyce Ellen Goulart

Mas nós também estamos onde a mira não alcança, porque embora não haja exílio há fuga” (MOMBAÇA, 2021: 16)

Com o objetivo de “provocar a memória do ativismo LGBTI” (2018, p. 8) é que emerge a obra “Quando ousamos existir: itinerários fotobiográficos do Movimento LGBTI brasileiro (1978- 2018)”, organizado pelos/as pesquisadores/as Marcio Caetano, Alexsando Rodrigues e Treyce Ellen Goulart, e pelo ativista Cláudio Nascimento. A obra emerge em um momento visceral da sociedade brasileira, onde desde 2019, a partir da eleição do atual presidente Jair Messias Bolsonaro, de extrema-direita, vive-se um contínuo processo de ataque a algumas conquistas sociais e políticas destinadas à população LGBT, até então percebidos como direitos consolidados, bem como um recrudescimento de pautas antidemocráticas e anti-inclusivas que, agravado pelo complexo cenário político-pandêmico, atingem diretamente minorias sexuais, raciais e de gênero (OLIVEIRA et al., 2020). É diante de tal contexto que a obra revela mais do que nunca sua importância e atualidade. Em um país que faz questão de negar sua história, recordar é resistir!

Enquanto obra comemorativa que faz menção aos 40 anos de existência de movimentos sociais LGBT no Brasil – tomando como marco a criação do Grupo Somos em 1978 –, é uma ode à multiplicidade, aos diferentes modos de fazer ativismos, às dinâmicas e plurais estratégias de resistência. Nesse sentido, sem abrir mão de uma perspectiva histórica, que de modo algum resvala em um historicismo vazio, os/as organizadores/as resgatam alguns eventos que marcam a história do movimento social LGBT desde a década de 1970, sem perder de vista a pluralidade de experiências e de formas de existir e resistir que estão para além de marcações temporais. Afinal, em uma sociedade (como a brasileira) tão marcada por eventos e práticas que atestam seu caráter autoritário, racista, misógino, lgbtfóbico (SCHWARCZ, 2019) há que reconhecer

a existência resistente de inúmeras iniciativas, antes mesmo da emergência de qualquer sigla que hoje as nomeia, e dar corpo político ao movimento social. As corporalidades lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais, nem sempre se autonomeando com essas categorias recentes do ativismo, desafiaram e desafiam os padrões de normalidade de gênero e as expectativas de coerência heteronormativa entre sexo-gênero-orientação sexual. (2018: 10).

Em termos metodológicos, por meio de estilo criativo e experimental, utilizando-se do entrecruzamento entre imagens e narrativas, denominada pelos/as organizadores/as de fotobiografia, histórias, trajetórias, cenários e enredos são rizomaticamente tecidos e (re)significados. Em cena, uma metodologia polissêmica e polifônica que evoca a plasticidade e a incompletude, tanto de sujeitos e coletivos (e suas respectivas narrativas) quanto de seus ativismos sociais, apontando para sua contínua capacidade de refazimento. Tal perspectiva metodológica evidencia a sempre inacabada agência humana e a precariedade e parcialidade de nossos fazeres e saberes (HARAWAY, 1995), revelando, desta forma, a impossibilidade de singularizar aquilo que é da ordem do plural – não por acaso os/as organizadores/as e os/as autores/as falem em ativismos.

A partir de tais pressupostos é que somos apresentados às contribuições de mais de trinta pesquisadores/as e ativistas com grande representatividade geracional, dentre eles/as: James Green, Marisa Fernandes, Luiz Mott, Marcos Ribeiro de Melo, Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa e Michele de Freitas Faria de Vasconcelos, Carolina Maia, Júlio Assis Simões, John McCarthy, Rita Rodrigues, Cristina Câmara, Vagner de Almeida, Jorge Caê Rodrigues, Megg Rayara Gomes de Oliveira, Anderson Ferrari, Toni Reis, Jovanna Cardoso da Silva, Augusto Andrade, Treyce Ellen Goulart, Carolina Maia, Edmeire Exaltação, Jussara Carneiro Costa, Beth Fernandes, Irina Karla Bacci, Luiz Carlos Barros de Freitas, Cláudio Nascimento Silva, Moacir Lopes de Camargos, Cláudio Nascimento Silva, Ana Cristina Conceição Santos (Negra Cris), Émerson Santos, Cleyton Feitosa, Claudia Penalvo, Diego Cotta, e Roger Raupp Rios.

As questões elencadas pelos/as autores/as são de grande relevância político-social e apontam para os diversos modos de fazer ativismo, e de fazer-se ativista. Não por acaso se tornem evidentes as distintas percepções sobre a própria história do movimento social LGBT, fazendo com que eventos comumente compartilhados sejam narrados a partir de diferentes perspectivas.

Em nosso exercício analítico, a partir da leitura da contribuição dos/as diferentes autores/as, é possível traçar alguns eixos centrais de articulação: Marcadores sociais de diferença, Direitos Humanos, Redes de Apoio e Solidariedade e Ações político- culturais.1 Vale pontuar que os temas e problemáticas inseridos em cada eixo não se esgotam em si mesmos, antes se transversalizam. Nesse sentido, as alocações por eixo temático que estabelecemos não se preocuparam em obedecer a ordem sequencial em que os capítulos estão dispostos no interior da obra.

Com relação ao primeiro eixo, Marcadores Sociais de Diferença, é possível destacar as contribuições de Green acerca da importância da política de solidariedade entre o movimento LGBTI e o movimento negro e operário em seus primórdios (2018: 12); de Fernandes, sobre as alianças entre o Movimento Negro, o de Homossexuais e o Feminista Lésbico (2018: 17); de Exaltação, sobre a importância do Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ) para as mulheres lésbicas negras (2018: 116); e, por fim, de Santos (Negra Cris)sobre a importância da criação da Rede AfroLGBTpara a emergência de um ativismo interseccional (2018: 159).

Quanto ao segundo eixo, Direitos Humanos, chama(m) a atenção o(s) trabalho(s) de: Mott, que destaca a importância da criação e das ações do Grupo Gay da Bahia (GGB) (2018: 22); de Melo, Costa e Vasconcelos, que se referem à criação e ao trabalho do coletivo Dialogay em Sergipe (2018: 27);de Simões, que reflete sobre a importância das ações coletivas para o enfrentamento das violências policiais na cidade de São Paulo no período da ditadura (2018: 39);de Rodrigues, que discorre sobre as lutas em torno da despatologização da homossexualidade (2018: 48); de Câmara, destaca a importância da atuação da ONG Triângulo Rosa, e de João de Souza Mascarenhas na Constituinte e suas respectivas lutas pela despatologização, pelo enfrentamento da violência e pelo direito à saúde (2018: 54); de Silva, que apresenta a Conferência de Durban como um dos grandes marcos na luta contra a discriminação racial e orientação sexual (2018: 141); de Silva, que ressalta a importância do Plano Brasil sem Homofobia para uma política pública democrática e inclusiva (2018: 154); de Santos, que pondera a cerca dos desafios e da importância da aproximação entre o Movimento LGBTI do Poder Legislativo (2018:163); de Feitosa, que destaca o protagonismo das Conferências Nacionais para a consolidação de um ativismo cidadão LGBT (2018: 170); de Penalvo, que discorre sobre os avanços e os dilemas que atravessam a Diversidade Sexual na escola (2018: 174); de Cotta, que apresenta os entraves para a consolidação de um “Rio Sem Homofobia” (2018:180); e, por fim, de Raupp Rios, que por meio de um exercício fotobiográfico, traça uma genealogia da cidadania LGBTI no âmbito da justiça no Brasil (2018: 184).

No que se refere ao terceiro eixo, Redes de Apoio e Solidariedade, destaque para as reflexões de Maia em torno da importância da criação e circulação de boletins e revistas para o segmento lésbico (2018: 35); de McCarthy, sobre a constituição do Grupo Arco Íris (2018: 43); de Rodrigues, sobre a importância dos periódicos LGBT (2018:66); de Reis, acerca da história do movimento homossexual no Brasil (2018: 83); de Oliveira, sobre a emergência do movimento nacional de Travestis e Transexuais (2018:72); de Silva, acerca da importância da ONG Astral para o Movimento Trans (2018: 92); de Maia, sobre a importância do Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais (2018: 112); de Fernandes, sobre o trabalho desenvolvido pela ONG Astral em Goiânia em torno da luta pela cidadania trans (2018: 125); e, por fim, Bacci, que realiza o resgate de uma memória lésbica e seu protagonismo, segundo ela, invisível, no interior do Movimento LGBTI (2018: 130).

Como último eixo, destaque para as Ações político-culturais. Neste caso, chamam a atenção as reflexões de Almeida e sua defesa da importância do que chama de ativismo cultural (2018: 61); de Ferrari, em torno do pioneirismo de eventos como o Miss Brasil Gay e RainbowFest em Juiz de Fora e sua importância para a comunidade LGBTI da região (2018: 77); de Andrade, sobre a importância da parceria da ONG Arco-Íris com a ILGA como estratégia de visibilidade para o segmento LGBTI no Brasil (2018: 100); de Goulart, sobre o valor das telenovelas e seus efeitos como ação educativa quando o assunto é diversidade sexual (2018: 107); de Costa, sobre o pioneirismo da lésbica paraibana Maria de Kalúna criação de um espaço de sociabilidade lésbica em Campina Grande (2018: 121); de Freitas, sobre o Projeto Somos e seus impactos na política de interiorização do Movimento LGBTI (2018: 135); e, por fim, de Camargos, que chama a atenção para a importância da Parada Gay de São Paulo para a visibilidade política de LGBTs (2018: 148).

É importante ressaltar que a riqueza das questões abordadas pelos/as diferentes autores/as não se esgotam no pequeno panorama por nós apresentado. Antes, uma das riquezas da obra é justamente a possibilidade de que cada leitor/a trace seu próprio percurso e também tire suas próprias conclusões. Não por acaso, possamos afirmar que “Quando ousamos existir” constitui-se como “bússola” e não como “mapa”. Ao voltar-se para o passado, nos ajuda a compreender o presente sem pretensões de apontar caminhos pré-traçados. Afinal, “[…] não lutamos para que todos sejam masculinos ou todos sejam femininos. Nós queremos que os gêneros desapareçam para que os corpos possam emergir em liberdade. Para que você seja como quiser, vista-se como quiser, seja chamado como quiser” (PAREDES, 2020: s/p).

O passado, como o hoje, é luta, resistência, (re)existência. Ao voltarmos o olhar para as configurações dos ativismos do passado, seus múltiplos cenários, seus diversos enredos, as multiplicidades de seus agentes, desejos e afetos, é para o presente e seus novos (e antigos) desafios que somos interpelados. Mas não apenas isso. Trata-se de reconhecer a luta, o suor, as lágrimas, o sangue, daqueles e daquelas que nos precederam. Tal exercício nos permite uma leitura do presente não como benesse, mas como resultado de (muita) luta.

Olharmos para o passado a fim compreendermos o presente e construirmos o futuro, é um exercício de reconhecimento de que muito já foi feito, mas que ainda há muito mais a ser conquistado. Os ataques do presente nos fazem reconhecer que os direitos e conquistas são sempre precários e incertos, ao mesmo tempo que a luta pela sua consolidação é necessária. Portanto, “Trata-se deum convite para vislumbrar como essa trajetória, longe de ser consolidada, requer reafirmação e resistência constantes, diante de novas e antigas investidas carregadas de preconceito e de intolerância. Que as vitórias conquistadas sirvam de inspiração […]” (RAUPP RIOS, 2018: 189).

Por fim, que sejamos fortalecidos/as por aquelas e aqueles que nos precederam. Que elas e eles ecoem em nossos brados inconformados no presente. Que hoje, assim como “ontem”, a força pulsante que se constrói na luta, nas alianças, nas pistas, nas ruas, nos lutos, nas encruzilhadas, nas ruínas, seja o antídoto para superação de nossas amnésias e capturas sociais, institucionais, coletivas e individuais e para o fortalecimento de novas “barricadas” (MOMBAÇA, 2021). Afinal, situados/as em um dos países do mundo que mais mata mulheres e LGBTs, que mais encarcera e mata corpos negros e pardos, que apresenta cotidianamente índices alarmantes de violência policial, que naturaliza e subestima seu racismo estrutural, “nós entendemos o recado e sabemos que vamos testemunhar [como temos testemunhado] uma época brutal, mas quais épocas não foram brutais conosco?” (MOMBAÇA, 2021: 114 – acréscimo nosso).

Nota

1 É importante ressaltar que nosso exercício de traçar tais eixos cumpre uma função eminentemente didática. Não por acaso, o modo como as problemáticas e questões são exploradas ao longo da obra revela o compromisso dos/as autores/as com uma perspectiva analítica complexa e articulada, fazendo com que, em vários momentos, os temas abordados sejam interseccionados e transversalizados.

Referências

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7-41, 1995.

MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.

OLIVEIRA, Esmael Alves de; GOMES, Aguinaldo Rodrigues; MUNIZ, Tatiane Pereira; SILVA, Jorge Augusto de Jesus. Inquietações sobre Educação e Democracia em tempos de pandemia. Revista Interinstitucional Artes de Educar, Rio de Janeiro, v. 6, p. 207-228, 2020.

PAREDES, Julieta. “Temos que construir a utopia no dia a dia”. Pública – Agência de Jornalismo Investigativo. 15 mai. 2020. Disponível em: https://apublica.org/2020/05/temos-que-construir-a-utopia-no-dia-a-dia-diz-aboliviana-julieta-paredes/Acesso em: 11 jun. 2021.

RAUPP RIOS, Roger. A Cidadania LGBTTI nos Tribunais: Artigo fotobiográfico. In: CAETANO, Marcio; RODRIGUES, Alexsandro; NASCIMENTO, Cláudio; GOULART, Treyce Ellen (org.). Quando ousamos existir: itinerários fotobiográficos do Movimento LGBTI brasileiro (1978- 2018). Tubarão: Copiart/Rio Grande: FURG, 2018. p. 184-189.

SCHWARCZ, Lilian Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.


Resenhista

Esmael Alves de Oliveira – Professor Adjunto na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados (FCH/UFGD). Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Docente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAnt) e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da UFGD. E-mail: esmael_oliveira@live.com


Referências desta Resenha

CAETANO, Marcio; RODRIGUES, Alexsandro; NASCIMENTO, Cláudio; GOULART, Treyce Ellen (Orgs.). Quando ousamos existir: itinerários fotobiográficos do Movimento LGBTI brasileiro (1978-2018). Tubarão: Copiart. Rio Grande: FURG, 2018. Resenha de: OLIVEIRA, Esmael Alves de. Entre “tiro, porrada e bomba” ou de quantas lutas se faz um movimento? Historiæ. Rio Grande, v. 13, n. 1, p. 224-230, 2022. Acessar publicação original [DR]

Historiae. Rio Grande, v.13, n.1, 2022.

HISTORIAE FURG Historia Crítica

Histórias, memórias e narrativas dos movimentos sociais LGBTQIA+

Expediente

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Dossiê

Artigos

Resenhas

Publicado: 2023-03-06

 

Sur y Tiempo. Valparaíso, v.4, n.7, Enero-Junio, 2023

Sur y Tiempo Historia Crítica

Editorial

Dosier El rostro humano de las instituciones culturales y de las artes visuales

Artículos

Reseñas

do: 2023-03-03

Escuela de Historia Virtual. Córdoba, v.13, n.22, 2022.

Anuario UNC Historia Crítica

Presentación

Datos del Anuario

Dossier: La escritura de la historia y la crítica de la colonialidad

Artículos

Resúmenes de Tesis de Grado y Posgrado

Reseñas

Nota de Rectificación

Publicado: 2023-03-01

 

Boletim de História e Filosofia da Biologia. [São Paulo], v.17, n.1, 2023.

Revista História e Luta de Classes. Marechal Cândido Rondon, v.18, n.35, 2023.

 

Como (não) fazer um golpe de estado no Brasil: uma história interna do 8 de janeiro de 2023 | Francisco Carlos Teixeira da Silva

Em um cenário político-partidário em polvorosa desde as últimas eleições presidenciais brasileiras em outubro de 2022, vê-se deflagrar em Brasília, em 08 de janeiro de 2023, uma tentativa golpista de tomada do poder por extremistas inconformados. Tal agitação, observada a partir dos seus aspectos fascistas, é a temática trabalhada na recente obra Como não fazer um golpe de estado no Brasil: uma história interna do 8 de janeiro de 2023, na qual se investiga o fato de o passado fornecer percepções valiosas sobre as raízes dos problemas e desafios vigentes, o que ocorre não por sua possibilidade de repetição, mas antes pelas continuidades e rupturas que irrompem nesse meio-tempo. Leia Mais

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.9, jan./fev., 2023. 

Artificios. Bogotá, n.22, 2023.

Artificios Historia Crítica

Tema Libre

Editorial

Artículos tema libre

Balance historiográfico

Publicado: 2023-02-28

História – Debates e Tendências. Passo Fundo, v.23, n.1, 2023.

Historia Debates e Tendencias Historia Crítica

“Direitas e catolicismos nas décadas de 1930 e 1940”

Apresentação

Dossiê

Publicado: 2023-02-28

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.12, n.02, 2023.

Boletim do Tempo Presente2 Historia Crítica

Artigos

Resenhas

Publicado: 2023-02-28

 

Sertão História. Crato, v.2, n.3, 2023.

Sertao Historia Historia Crítica

Migrações: História e Tempo Presente

Expediente

Apresentação

Dossiê

Publicado: 2023-02-27

Mythos – Revista de História Antiga e Medieval. Imperatriz, v.15, n.3, (6), 2023.

Mythos Historia Crítica

O sensível e o invisível: religiões, crenças e rituais nos mundos antigos

Editorial

Publicado: 02.2023

 

Filosofia e História. Pombal, v.12, n.1, 2023.

 

Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade. Campinas, v.27, n.39, 2022.

Procesos Históricos. Mérida, Núm. 043, Enero-Junio, 2023

Procesos Historicos Historia Crítica

Editorial

Artículos

Reseñas bibliohemerográficas

  • Esmeralda Broullón Acuña. Intrépidas entre Europa y Las Américas: Cultura, arte y política en equidad. Madrid: Plaza y Valdés Editores, 2022, 272 pp.
  • María Dolores Pérez Murillo
  • PDF
  • Jacqueline Clarac de Briceño. Obra Completa. Tomo 1. Colección Maestros. Mérida-Venezuela: Red de Antropologías del Sur / Biblioteca Digital Latinoamericana de Antropologías, 2022, 487 pp.
  • Miguel Ángel Rodríguez
  • PDF
  • Pilonieta Blanco, Gabriel. Historia de la fotografía en Mérida. Tomo I. EE.UU.: Editorial Mandril, Diente de León, 2022., 172 pp.
  • Nelly Josefina Hernández R
  • PDF
  • María S. Nieto A. (Coord.). Un siglo de historia. Los libros de la Biblioteca Tulio Febres Cordero, 1921-2021. Tomo II. Mérida-Venezuela: Instituto Autónomo Biblioteca Nacional y de Servicios de Bibliotecas, División Biblioteca Febres Cordero, 2022, 224 pp.
  • Henri José García Durán
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Fecha de Publicación: 15/2/2023

Khronos. São Paulo, n.14, 2023.

Kronos3 Historia Crítica

EXPEDIENTE

CHAMADA

EDITORIAL

TRADUÇÃO

ARTIGOS

PUBLICADO: 2023-02-13

 

Homero | Barbara Graziosi

Homero, da classicista e professora em Princeton, Barbara Graziosi, é um livro com capítulos curtos que trazem uma discussão introdutória e interessante sobre temas selecionados. A autora optou por deixar as referências dos capítulos (passagens utilizadas e autores mencionados) em um título à parte no final do livro, o que proporciona fluidez na leitura. A obra cumpre, assim, o papel a que se propõe: introduzir um público leigo, em sua maioria de não leitores de Homero, nas principais discussões a respeito desse autor e de seus poemas. Dentro dessa mesma abordagem, o livro possui uma seção com sugestões de leituras complementares para aqueles que quiserem se aprofundar no assunto, também dividida de acordo com os capítulos. Há ainda um índice remissivo e um prefácio de Teodoro Rennó Assunção (FALE-UFMG), “O Homero de Graziosi: uma introdução exemplar”, em que o autor situa este livro dentro de uma produção bibliográfica mais específica da autora sobre o tema e também apresenta uma síntese dos tópicos discutidos, acrescentando referências de obras em português.

Começando por um relato de como Petrarca ficou satisfeito em receber uma cópia em grego da Ilíada, ainda que não pudesse lê-la, Graziosi parte do pressuposto, exposto na “Introdução”, de que Homero é muito conhecido mas pouco lido. A autora articula uma obra com exposições que têm por objetivo apresentar o poeta e seus poemas para esse público e dar exemplos retirados da Ilíada e da Odisseia de temas que tornam os épicos homéricos imortais, na esperança de ser um convite e um guia para a sua leitura. Um dos méritos da obra é que os capítulos podem ser lidos em qualquer ordem, pois constituem unidades temáticas independentes e são capítulos curtos e objetivos entre seis e treze páginas (curiosamente, o prefácio é maior que os capítulos, contando com quinze páginas). Leia Mais

Heródoto. Guarulhos, v.7, n.1, 2022.

Herodoto revista Historia Crítica

Recepção, leituras e influências de Homero

Editorial / EDITORS NOTE

Apresentação / Preface

Entrevistas / Interviews

Resenhas / Reviews

Publicado: 2023-02-13

Passagens. Niterói, vol. 15, n. 1, Janeiro a Abril (2023)

Passagens Historia Crítica

Editorial

Artigos

Tradução

Resenha

Colaboradores deste Número

DOI: https://doi.org/10.15175/1984-2503-2023151

Publicado: 2023-02-10

Revista de Fontes. Aracaju, v.9, n.17, 2022.

Correspondências ao longo da História: comunicações, sociabilidades e memórias

Artigos

Publicado: 2023-02-08

Correspondências ao longo da História: comunicações, sociabilidades e memórias/Revista de fontes/2022

Este dossiê da Revista de fontes, intitulado “Correspondências ao longo da História: comunicações, sociabilidades e memórias”, apresenta estudos sobre as conexões interpessoais por meio de cartas, em variadas formas e suportes, ao longo da História. Foram aceitos textos que metodologicamente abordam questões relacionadas a diferentes suportes, lugares de preservação e meios de divulgação e uso dessas correspondências.

A correspondência não representa apenas uma simples troca de informações entre dois interlocutores, pois apresenta-se inserida em redes de sociabilidades que refletem vivências ideológicas coletivas, movimentos intelectuais e projetos artísticos. Para se compreender a carta como lugar da configuração da subjetividade, é preciso analisar os procedimentos retóricos e discursivos do gênero epistolar, suas relações com o memorialismo, a existência de redes de sociabilidades e os testemunhos da criação da correspondência. Leia Mais

Fontes. Guarulhos, v.9, n.17, 2022.

 

Ruralização do ensino: as ideias em movimento e o movimento das ideias (1930-1950) | Agnes Iara Domingos Moraes

“Sem sombra de dúvida, um marco na historiografia da educação rural no Brasil”. Essas palavras são da Profa. Dra. Rosa Fátima de Souza-Chaloba, ao comentar, no Prefácio (p. 12), o livro intitulado Ruralização do ensino: as ideias em movimento e o movimento das ideias, de autoria da Profa. Dra. Agnes Moraes, publicado em 2021 e lançado em 2022 pelas editoras Oficina Universitária e Cultura Acadêmica1.

Moraes, professora na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), é integrante Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Cultura e Instituições Educacionais (GEPCIE) e do Grupo de Pesquisa História da Educação e do Ensino de Língua e Literatura no Brasil (GPHEELLB), ambos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), câmpus de Marília, da Universidade Estadual Paulista (UNESP). É autora e coautora de diversos artigos, capítulos e livros, dentre outras produções, relacionados à história da educação, especialmente ao ensino primário rural, com ênfase no ensino ruralizado, concepção defendida pelo Movimento pela Ruralização do Ensino, cujo ápice da atuação ocorreu na primeira metade do século XX. Segundo Moraes (p. 21), Leia Mais

A educação do corpo nas escolas do Rio de Janeiro do século XIX | Victor Andrade de Melo

Para Soares (2014) a educação do corpo se caracteriza pela progressiva repressão das manifestações corporais. Assim, educar o corpo, de acordo com autora, é torná-lo adequado ao convívio social, bem como inseri-lo processualmente em mecanismos de aprendizagens que buscam encobrir e apagar comportamentos selvagens, trazendo à tona características pacíficas. Nesse sentido, a educação do corpo pode se manifestar em diferentes espaços e contextos, desde instituições formais como a igreja e a escola, até em clubes sociais e esportivos, parques de diversões, entre outros âmbitos comuns da vida pública. A educação do corpo, portanto, se trata de uma potente e ampla rede de discursos e significados que permeiam um conjunto variado de normas, proibições e consentimentos diretamente vinculados aos corpos e as dimensões culturais, econômicas, políticas e sociais de cada tempo e localidade – características essas que vêm permitindo aos pesquisadores escreverem uma história da educação fundamentando-se no respectivo conceito nas mais variadas esferas e lugares.

Nessa esteira, o livro resenhado se trata de uma contribuição para a história da educação, especialmente para as discussões ligadas às iniciativas de educação do corpo relacionadas com as práticas corporais e o espaço escolar. A obra intitulada “A educação do corpo nas escolas do Rio de Janeiro do século XIX”, publicada pela editora 7letras, foi escrita pelo pesquisador Victor Andrade de Melo, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O livro é organizado em quatro capítulos, e tem como objetivo discutir como foram mobilizadas as pioneiras experiências de ensino de práticas corporais nos colégios da capital fluminense, sobretudo nos tempos do império (1822-1889). Devemos destacar que o recorte temporal abordado pela autoria foi um período emblemático na história do Rio de Janeiro e do Brasil. Representa uma época singular no que tange a sua formação enquanto Estado-nação em um território que passou de colônia para império. Foi um momento de intensas mudanças no que diz respeito ao desenvolvimento e adesão a ideias de modernidade e progresso, elementos esses que o autor é zeloso em considerar ao longo da obra. Leia Mais

Jörn Rüsen: teoria/historiografia/didática | M. M. D. Oliveira, F. C. F. Santiago Júnior e C. R. C. Lima

O livro Jörn Rüsen: teoria, historiografia, didática, lançado em 2022, é uma coletânea que põe em diálogo diversos prismas da vasta obra do historiador alemão, especialista em Teoria e Didática da História1. A publicação resulta do evento I Seminário Jörn Rüsen, realizado entre os dias 21 e 25 de dezembro de 2015, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ao debater com a obra de Rüsen, os diversos autores evidenciam as relações entre Teoria da História, Didática da História e Ensino de História.

Para Arthur Alfaix Assis – autor do artigo História, teoria e liberdade: saudação a Jörn Rüsen2 – uma das principais linhas de pensamento de Rüsen refere-se à questão: “como, a partir de tradições e traumas herdados do passado, seria possível agir no presente, visando projetar um futuro no qual sejamos livres para criar algo novo?”. Leia Mais

Temporalidades. Belo Horizonte, v. 14, n. 2, set. 2022/jan. 2023.

Temporalidades1 Historia Crítica

Expediente

Editorial

Apresentação

Dossiê Temático

Resenhas

Entrevistas

Publicado: 2023-02-07

 

Cadernos de História da Educação. Uberlândia, v.22, 2023.

 

História da Educação. São Leopoldo, v.27, 2023.

Historia da Educacao ASPHEE Historia Crítica

Editorial

Pesquisas em História da Educação, possibilidades e contribuições

  • Dóris Bittencourt Almeida, Terciane Ângela Luchese, Tatiane de Freitas Ermel, Patrícia Weiduschadt, Eduardo Cristiano Hass da Silva
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Artigo / Article / Artículo

Entrevista / Interview / Entrevista

Resenha / Digest / Reseña

Publicado: 2023-02-07

Canoa do Tempo. Manaus, v.15, 2023.

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.9, jan./fev., 2023. 

Critica Historiografica Historia Crítica

Resenhas

Artigos de revisão

Pareceristas desta edição (v.3, n.9, jan./fev., 2023)

  • Fábio Alves (UFS)
  • Itamar Freitas (UFS)
  • Jane Semeão (URCA)
  • Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN)

Afro-Ásia. Salvador, n.66, 2022.

Afro Asia Historia Crítica

Expediente

  • Editores Afro-Ásia
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Artigos

Documento

Memória

Resenhas

Publicado: 2023-02-03

 

Ponta de Lança. São Cristóvão, v.16, n.31, 2022.

PONTA DE LANCA1 Historia Crítica

Ponta de Lança: Revista Eletrônica de História, Memória & Cultura

Expediente

Apresentação

Dossiê Temático

Artigos Livres – Fluxo Contínuo

Resenhas

Publicado: 2023-02-03

Sociedade e cultura na África romana: oito ensaios e duas traduções | Julio Cesar Magalhães Oliveira

A produção Sociedade e cultura na África romana de Julio Cesar Magalhães de Oliveira, faz parte da coleção Entr(H)istória da editora Intermeios que populariza trabalhos de historiadores do programa de pós-graduação da USP, existente desde a década de 1970. Seguindo o exemplo de outras publicações da coleção, a produção de Oliveira nos brinda com um texto rico em análises profundas e discursos atuais, inovando em sua abordagem do Norte da África numa antiguidade predominantemente romana e com investigação arqueológica necessariamente plural.

A Arqueologia da África Romana teve início em territórios colonizados, usada estritamente para a reafirmação da superioridade européia por meio da identificação dessas nações com o próprio Império Romano. O paradigma da romanização e a visão eurocêntrica da história do continente africano nortearam as investigações arqueológicas e a historiografia até o início dos trabalhos dos historiadores que propunham descolonizar a história do continente africano. A História da Arqueologia desvela um processo de rupturas e transformações que compreendem a construção de uma disciplina como autônoma e influente como conhecimento científico. A historiografia, desde o spatial turn do século XX, reformulou a compreensão que possuía acerca da realidade social, sendo o advento da New Archaeology, ou da arqueologia processual, responsável por desenvolver técnicas de análises propriamente arqueológicas e transformar o lugar da análise sociológica da realidade material. Leia Mais

Dimensões. Vitória, v.1, n.49, 2022.

Dimensoes Revista de Historia Historia Crítica

História e Arqueologia: diálogos interdisciplinares.

Apresentação

Dossiê n. 49 (2022/2) -História e Arqueologia: diálogos interdisciplinares

Artigos Livres

Resenha

Publicado: 03-02-2023

Horizontes Históricos. São Cristóvão, v.5, n.2, 2022

Horizontes Historicos Historia Crítica

Apresentação

Artigos

Publicado: 2023-02-01

Sankofa. São Paulo, v.16, n.27, 2023.

Sankofa4 Historia Crítica

 

Escrita da História. v.9, n.17, 2022.

Escrita da Historia Historia Crítica

Negacionismos, anti-intelectualismos e fake news: a aporia da história

APRESENTAÇÃO

DOSSIÊ: NEGACIONISMOS, ANTI-INTELECTUALISMOS E FAKE NEWS: A APORIA DA HISTÓRIA

ARTIGOS LIVRES

PUBLICADO: 02.2023

 

História Revista. Goiânia, v.26, n.3, 2021.

HIstoria Revista 2 Historia Crítica

Histórias, direitos e artes na América Latina plural

  • Capa: Ghva Maurício. Série Espelhos da terra. 2021
  • @ghvamauricio
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Dossiê

Publicado: 2023-01-31

Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.36, n.78, jan./abr., 2023.

Estudos Historicos3 2 Historia Crítica

Memória e História da Mídia

Editorial

Artigos

Publicado: 2023-01-31

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.12, n.01, 2023.

Boletim do Tempo Presente2 Historia Crítica

Artigos

Publicado: 2023-01-31

Libro de acuerdo para pleitos de recusaciones de oidores y para pleitos propios de oidores y de su família/año 1564 | Ana María Presta

En la publicación de este libro se conectan el quehacer de la historiadora Ana María Presta (a quien se debe obras fundamentales para la comprensión de las dinámicas sociohistóricas en Charcas en la segunda mitad del siglo XVI), las investigaciones iushistoriográficas emprendidas por el historiador Sergio Angeli en el estudio de los oidores de la Audiencia, el estudio sistemático de la obra jurídica de Juan de Matienzo desarrollada por el historiador Germán Morong; además de la historia de los proyectos editoriales impulsados por el Archivo y Biblioteca Nacionales de Bolivia. En 2007, se publicaron los Acuerdos de la Real Audiencia de La Plata de los Charcas, en 10 volúmenes, bajo la dirección de José Miguel López Villalba. De acuerdo con Marcela Inch (1946-2015), exdirectora del ABNB, el proyecto editorial comenzó a gestarse a fines de la década de 1990 por iniciativa de la Corte Suprema de Justicia. A inicios del siglo XXI, Josep Barnadas (1941-2014) formuló un anteproyecto por petición del ABNB. Finalmente, en 2004, el ABNB presentó el proyecto de transcripción y publicación de los Acuerdos al Programa de Justicia de AECI. Este fue aprobado en noviembre de 2005 y ejecutado durante trece meses.

En el volumen 9 se publicó un conjunto de documentos indispensables para el estudio de la actividad judicial en la Audiencia de La Plata: “Penas de Cámara, 1566-1813”, “Testimonios de Autos Acordados, 1664-1826” y “Pleitos propios, 1564”. Este último es objeto de una nueva transcripción en el libro editado por Ana María Presta. ¿Qué ha justificado volver sobre un documento ya publicado? Para Ana María Presta, junto con los errores de transcripción y la omisión de las notas en latín redactadas por el licenciado Juan de Matienzo, la edición descuidó no solo que se trataba de un documento escrito por los oidores de la Audiencia de La Plata, sino que también el “valor iustoriográfico de la pieza y el contenido político que guardan sus páginas, más allá de soslayar la cultura jurídica del oidor vallisoletano que no es otra que la de su época” (p. 7). En esta perspectiva, la edición de Ana María Presta ofrece una copia facsimilar acompañada de una transcripción crítica y anotada del Libro de acuerdo para pleitos de recusaciones de oidores. A este califica de rara avis por cuanto se trata de una documentación que no se encuentra con frecuencia en las audiencias americanas. De hecho, es el único que se halla entre los papeles de la Audiencia de Charcas, aunque no fue infrecuente el recurso a la recusación. Leia Mais

«Les péruviens auparavant nommés indiens ». Discours sur les populations autochtones des Andes dans le Pérou indépendant (1821-1879) | Maud Yvinec

Las Prensas Universitarias de Rennes nos ofrecen, con este volumen, un detallado estudio textual sobre la representación del indio en el Perú, desde la declaración de independencia en 1821 hasta la guerra con Chile, dos momentos que interrogan los fundamentos ideológicos y políticos del país. Al prefacio de Bernard Lavallé (p. 9-11) le siguen una introducción general (p. 13-25) y cuatro partes temáticas que reúnen tres capítulos cada una. La conclusión general (p. 298-293) cierra el contenido de la obra, mientras que dos anexos (el mapa del Perú de Mariano Felipe Paz Soldán en 1865 y una lista de eventos cronológicos) completan el trabajo. El libro pone a dialogar escritos políticos de circunstancia, producción científica, discursos parlamentarios y piezas literarias diversas. La variedad de fuentes constituye, en este sentido, un primer punto notable de esta obra. Una centena de periódicos permiten cubrir, globalmente, un periodo en el que la irregularidad de la prensa es, salvo raras excepciones, la regla. A lo que se suma un volumen considerable de impresos de la época. El resultado es un análisis textual, a la vez general y detallado, de las concepciones que representan a la población autóctona, comenzando desde los padres fundadores y pasando por la juventud romántica, la naciente arqueología nacional, los debates sobre el tributo indígena y las preocupaciones sobre el analfabetismo. La obra ofrece una síntesis ambiciosa y muy bien lograda.

La introducción general señala la perspectiva y las definiciones que estructuran el conjunto del libro. Analizando la circulación y la evolución de estereotipos y lugares comunes, la obra logra exitosamente une historia cultural de las representaciones. Basta dar un vistazo a la historia intelectual del Perú para ver hasta qué punto la cuestión indígena estructura el debate ideológico desde sus inicios republicanos. Leia Mais

En el mar Austral. La historia natural y la explotación de la fauna marina en el Atlántico Sur | Susana García

Este libro está dedicado a los emprendimientos humanos y a la historia natural de las islas y las costas del sur del Atlántico americano, entre fines del siglo XVIII y comienzos del XX. Su escenario son los océanos y los mares, las islas y las costas. Las islas no pensadas como desprendimientos del continente; las aguas no solo como soportes de la navegación. Su editora, Susana García, es licenciada en antropología y doctora en Ciencias Naturales por la Universidad de La Plata. Además, es investigadora de Conicet, en el Archivo Histórico del Museo de La Plata. El libro pertenece a la colección Historia de la Ciencia, de la editorial Prohistoria, dirigida por Irina Podgorny. Estos datos me parecen clave para captar las propuestas renovadoras que incluye la obra.

En el epílogo, el historiador Federico Lorenz advierte que el sentido común de las y los investigadores está determinado por su condición de animales terrestres. Por eso, pensar en un libro que tenga como objeto de estudio y escenario principal, como anuncia su título, el mar austral, es un regalo, una invitación y un desafío. Regalo e invitación a ser seducidos por el sonido del oleaje y el rugir del viento frío que emergen de sus historias; y desafío, ya que considera que las investigaciones incluidas aquí exigirán una revisión de las miradas actuales acerca de los espacios interoceánicos y los agentes que transitaron en él, sobre todo durante el siglo XVIII y XIX, e incluso antes y después. La perspectiva elegida para renovar los estudios sobre el Atlántico Sur es la sociocultural, que vuelve impotente e inoperante cualquier límite político y se centra en las prácticas, los móviles, las experiencias compartidas de quienes formaron parte de la cultura ballenera de ese período. Leia Mais

Malvinas y las guerras del siglo XX | María Inés Tato

Este libro, procesado a través de la plataforma Teseo Press, disponible en versiones papel y electrónica, es importante por varios motivos.

El primero puede leerse en la página de legales del propio libro: es el resultado de “pesquisas” (en plural) desarrolladas en el marco de un Proyecto de Investigación Plurianual de CONICET1 dirigido y codirigido por los mismos colegas que hacen lo propio con la obra. Pero no solamente es un libro producido por investigadores que reportan directa o indirectamente al CONICET sino que –y esto me parece menos obvio y más sugestivo– el proyecto que le da origen no está consagrado enteramente a la guerra de Malvinas, sino que esta (al menos por quienes pergeñaron el proyecto) es considerada en una secuencia de larga duración. Esto es: las experiencias civiles o militares que se estudian, desde una perspectiva heurística, son de la guerra y no de Malvinas –como sinónimo de la guerra de Malvinas–. Retomaré la importancia que este punto tiene para la vida ulterior del libro sobre el final del comentario.

El segundo motivo por el cual Malvinas y las guerras… es importante radica en la calidad de los trabajos que lo componen. Posiblemente, esto constituya una evidencia para quien conozca el recorrido y la solvencia académica de los autores y las autoras de los textos alojados en el volumen, pero hace mucho tiempo aprendí a evitar la trampa de derivar mecánicamente calidades de los nombres y leo, luego opino. Estos textos están bien trabajados, están en diálogo –veremos que de manera voluntaria e involuntaria– y también están muy logrados por todo lo que se inhiben de adelantar respecto de cosas que dominan, que ya saben pero administran, porque mucho de lo que estaban haciendo mientras terminaban este proyecto, está asordinado pero enriqueciendo el conjunto. Quiero decir que al aporte del contenido se le suma, además, un firme pilotaje de la forma que sostiene el edificio del “libro de proyecto”, tantas veces devaluado en comisiones evaluadoras –algunas veces con razón–. Este es un producto de trabajo colectivo genuino que resistirá el paso del tiempo. Leia Mais

Historia desde los Andes. Instituciones/cultura y conflictos (siglos XVII-XIX) | Victor Brangier e Germán Morong

El trabajo del historiador, de una u otra manera, siempre ha sido vinculado con esfuerzos personales que desembocan en la publicación de libros y artículos que develan aquello que su autor logró dilucidar siendo, en este sentido, una aventura solitaria que, en reiteradas ocasiones, termina en círculos académicos cerrados. El libro in comento es muestra de lo contrario puesto que se origina de un esfuerzo colectivo que involucra a académicos de distintas instituciones a nivel latinoamericano y mundial. Esto no es menor puesto que posibilita el diálogo y la tensión de los propios hallazgos como de los supuestos epistemológicos que sostienen las investigaciones, lo cual ya habla del valor de la obra. Los trabajos presentados se reúnen en Los Andes como un espacio en específico que posibilita la interacción de todas las indagaciones demostrando, como el propio objetivo de la obra lo menciona, la importancia de los Andes como un ecúmene (p. 16) que está en todas partes de nuestra región, la cual no puede ser entendida a cabalidad sin esta consideración que conlleva representaciones, imaginarios y construcciones sociales diversas.

Lo anterior, además, lo asume desde el abordaje de la microhistoria, que ya supone un desafío. En otras palabras, las temáticas que engloban la estructura de la obra están cruzadas por medio de análisis de hechos selectivo, de menor escala y, comúnmente cotidianos, que develan las historias globales. En términos microhistóricos, por medio de microcosmos se configuran los macrocosmos. Tal como lo comentan sus editores, apuntan a una reducción de la escala de observación para, desde las “huellas de estos casos específicos”, poder vincular y vislumbrar el entramado que supone los Andes. De esta manera, los diversos capítulos van a tensionar investigaciones particulares con esta forma de aproximación, lo que permitirá distinguir las particularidades y, en esta medida, una mejor compresión del fenómeno humano que estudian. Sin embargo es, a su vez, a modo de ver quien comenta, una apuesta hacia la geohistoria, hacia una mirada que vincule el territorio no como un agente pasivo sino como un ente activo en la construcción de identidades de comunidades específicas pero que también permite el vínculo entre todas ellas. Leia Mais

Mapu y Cara. Agricultura y economía mapuche | Luis Iván Inostroza Córdova

Este libro, de Luis Iván Inostroza Córdova, constituye una de aquellas obras de síntesis solo posibles tras décadas de investigación. Mapu y Cara ofrece una lectura de la economía mapuche en la larga duración, atendiendo a los cambios y continuidades de su organización económica desde tiempos prehispánicos hasta avanzado el siglo XX, visibilizando en ellos la impronta que acerca la experiencia mapuche a las formas productivas de las sociedades andinas. La obra parte de las primeras crónicas españolas para reconstruir los diversos componentes de la economía de los habitantes situados entre el río Maule y Chiloé, en las fronteras meridionales del imperio inca. Su interés central es visibilizar el papel de la agricultura en la estructura productiva de las unidades familiares y la continuidad de estas prácticas y su papel en la reproducción de los vínculos domésticos y comunitarios en la larga duración, revelando su papel significativo en la articulación de la producción doméstica al mercado triguero, en el marco del proceso reduccional que se extendió al siglo XX. En palabras del propio autor, se propuso “seguir una trayectoria histórica comparativamente similar a la evolución de los ayllus de los Andes centrales respecto del Tawantinsuyu, y en relación con el mercado capitalista colonial y el período republicano” (Inostroza Córdova 2020: 14).

El autor se desempeña como profesor e investigador en el Departamento de Ciencias Sociales de la Universidad de la Frontera, en Temuco. En su larga trayectoria académica, que incluye su desempeño como director del Archivo Regional de la Araucanía, produjo diversas obras orientadas hacia la historia económica y agraria de la Araucanía desde una perspectiva regional. Entre ellas, El mercado regional de Concepción y su articulación al mercado virreinal y mundial, Siglo XVII, publicado inicialmente en 1998, ampliado y actualizado en la edición del Archivo Histórico de Concepción en 2018; Expansión capitalista y economía mapuche: 1680-1930, una compilación editada en conjunto con Jorge Pinto Rodríguez, en 2014, y Etnografía del pueblo mapuche, otra selección y compilación publicada en 1998, esta vez de fuentes escritas por Claudio Gay, además de valiosos artículos dedicados a conocer las prácticas productivas y articulaciones comerciales de pobladores mapuches y chilenos de la frontera araucana. Ello sin contar con el excelente Curso de Historia Económica y Sociedad Mapuche que el profesor Inostroza ha dictado a estudiantes doctorales e investigadores de Chile y Argentina en los últimos meses de 2022. Leia Mais

Gobernar el virreinato del Perú/siglos XVI-XVII. Praxis político-jurisdiccional/redes de poder y usos de la información oficial | Germán Morong e Matthias Gloël

En primer lugar, agradezco la invitación de Germán Morong a presentar este libro colectivo. Mirar una obra historiadora sobre una jurisdicción que no es la preferida es, sin duda, un desafío interesante, y es sobre todo una oportunidad de aprendizaje y enriquecimiento. Yo amplié y completé un montón de temas con su lectura y, como siempre sucede en las exploraciones intelectuales de alto vuelo, comencé a dialogar y conversar con los capítulos, en función por supuesto de mis curiosidades e intereses. Componer esta presentación fue un ejercicio arduo pero fructífero y desde ya, solo por eso, saludo a sus dos editores y a las instituciones que los apoyaron.

El libro que nos convoca es un producto extenso, como los de antes. En 488 páginas se ofrecen quince estudios, redactados por 17 autores provenientes de 15 universidades y localizados, como investigadores, en 8 países: cinco en Chile, dos en Perú, dos en España y los demás en Argentina, Bélgica, Colombia, Estados Unidos e Italia. La convocatoria evidencia una feliz reunión de redes y contactos transcontinentales que es motivadora y no muy frecuente en nuestras academias chilenas sobre las historias de estos siglos, el XVI y el XVII. Por lo tanto, valoro particularmente la puesta en marcha de este proyecto editorial colectivo. Además, reflexionar sobre el poder y el gobierno del virreinato del Perú, desde Chile, que es uno de sus rincones, es una audacia. Leia Mais

El arte de anotar: “artes excerpendi” y los géneros de la erudición en la primera Modernidad | Iveta Nakládalová

La gestión de la información es uno de los desafíos más vigentes que tenemos como Humanidad. Nuestra propia Historia es el gran archivo que, a lo largo de milenios, hemos acumulado. Cómo organizamos ese archivo con el objetivo de acceder a la información que contiene lo más certeramente posible es un reto que, a diversas escalas, orienta desde políticas públicas hasta nuestra forma de leer y aprender.

Hoy, cuando leemos, podemos escribir y archivar en el computador esas palabras que nos sedujeron por su sintaxis perfecta, esa frase que condensó la idea que hace varias páginas rondaba nuestra cabeza o ese párrafo que hizo que nuestra mente explotara. Incluso, si el libro es prestado y no queremos renunciar a él, comprarlo o reproducirlo es una opción. Así nos aseguramos de tenerlo a mano cada vez que queramos volver sobre él. Somos lectores afortunados. No siempre tuvimos tantas herramientas que nos ayudaran a recordar. Leia Mais

Imagen y Poder: representaciones, discursos y política en Iberoamérica/ Autoctonía. Revista de Ciencias Sociales e Historia/2023

  1. Introducción

“Y matar, además y especialmente el ojo, puntualmente cada ojo, pues uno solo es sarcástico, folclórico, agorero, matar, pues, sin asco los dos ojos y todo el ojo, porque el ojo es el hombre [y la mujer], es la parte del ser que contiene más cantidad del hombre [y de mujer]”. (Carlos Droguett, 2019: 58)

Con este dossier nos proponemos examinar las relaciones entre imagen y poder desde una perspectiva interdisciplinaria y, desde esa interdisciplinariedad, pensar cuestiones relativas a la cultura, la sociedad, la política, la historia, la comunicación y la estética. Como se sabe, la relación entre imagen y poder es de larga data y ha interesado a filósofos/as, historiadores/as, antropólogos/as, sociólogos/ as, semiólogos/as e historiadores/as del arte, entre otros/as. En este sentido, el antropólogo francés Georges Balandier (1994: 116), en su libro El poder en escena, plantea que “la demostración de poder acaba siempre recurriendo a la exhibición de poderío”, afirmación con la cual hace notar que uno de los componentes del poder consiste en la mirada, en el del ver y el ser visto; de ahí que el poder necesite recurrir a los distintos dispositivos visuales, pues las imágenes cumplen una función mediadora a través de la cual el poder puede ser representado, entendiendo que este, como observó Michel Foucault (1999: 239), “no es un cuerpo unitario en el que se ejerza un poder y solamente uno, sino que en realidad es una yuxtaposición, un enlace, una coordinación y también una jerarquía de diferentes poderes, que sin embargo persisten en su especificidad”. Por otro lado, el poder de las imágenes y las imágenes como poder sugieren, como ha observado Georges Didi-Huberman (2012: 26), intentar “distinguir ahí donde las imágenes arden, ahí donde su eventual belleza reserva un lugar a un ‘signo secreto’, a una crisis no apaciguada, a un síntoma”. En tal sentido, la importancia de las imágenes radica no solo en su capacidad para representar el mundo, sino también en la historicidad que las envuelve y que hace de ellas un índice histórico que, como nos recuerda Walter Benjamin (2016: 465), “no sólo dice a qué tiempo determinado pertenecen, dice sobre todo que solo en un tiempo determinado alcanzan legibilidad”. Por lo tanto, examinar la relación entre imagen y poder es pensar en un doble movimiento que nos conduce a reflexionar sobre la visibilidade del poder como imagen, así como pensar acerca de la legibilidad de las imágenes como poder.

Las imágenes, como ha observado Jean-Luc Nancy (2003), han estado sujetas, en Occidente, a un cierto desprestigio que ha sido tan intenso como su proliferación polimórfica. En una línea similar, Jacques Rancière (2014) sostiene que el exceso de imágenes que inunda a nuestras sociedades no tiene tanto que ver con la abundancia y la sobreexplotación de las imágenes, sino más bien con una reducción que opera y ordena una puesta en escena, un teatro de imágenes que nos ciegan, no porque disimulen la verdad, sino porque la banalizan. Es decir, se elimina “toda singularidad de las imágenes, todo lo que en ellas excede la simple redundancia del contenido significable” (Rancière, 2014: 74). Por otro lado, las imágenes no solo se han configurado como desconfianza, desprestigio o banalización de lo visible y lo enunciable (lo que la imagen dice, lo que la palabra da a ver), sino que también las imágenes se han ido constituyendo y posicionando como documentos de veracidad, como prueba irrefutable: “la evidencia del esto ha sido” (Barthes, 2006: 21), que se estabelece como un límite común que pone en relación, como diría Gilles Deleuze (1987: 94), las “dos caras asimétricas, palabra ciega y visión muda”. La oscilación constante que va de la imagen como mentira a la de la imagen como verdad, se constituye como un núcleo de poder que establece una problemática compleja que, como ha observado Didi-Huberman:

“Nunca antes, según parece, la imagen –y el archivo que ella conforma […]– se había impuesto con tanta fuerza en nuestro universo estético, técnico, cotidiano, político, histórico. Nunca antes mostró tantas verdades tan crudas y, sin embargo, nunca antes proliferó tanto y nunca había sufrido tantas censuras y destrucciones. Así, nunca antes (…) la imagen había experimentado tantos desgarramientos, tantas reivindicaciones contradictorias y tantos repudios cruzados, tantas manipulaciones inmorales y execraciones moralizantes” (2012: 10).

Siguiendo esta problemática compleja y candente, con este dosier buscamos abrir un espacio de reflexión en torno a los vínculos y relaciones que el binomio imagen/poder establece con los distintos objetos de estudio que son analizados en este volumen, los cuales son pensados desde distintos campos disciplinarios. Poner el foco de atención en el binomio imagen/poder exige de nosotros/ as, por un lado, hacer funcionar nuestra imaginación en relación con los imaginarios y los contextos culturales, sociales, políticos e históricos que nos envuelven para, desde ahí, intentar una interpretación sobre lo visible y lo enunciable, sobre el poder y las relaciones de fuerza que constituyen la conformación de saberes y subjetividades (Deleuze, 1987). Por otro lado, también exige de nosotros/as enfrentar la imagen y el poder como dispositivos situados que “supone[n] la implicación del ser-afectado” (Didi-Huberman 2014: 41) por aquello que miramos y que nos interpela acerca de la contingencia, la historicidad, el devenir y el habitar el mundo.

Antes de comenzar a reseñar los artículos que componen este dossier, quisiéramos poder consignar algunas cuestiones de orden teórica respecto del poder y la hegemonía de lo visible, así como de los estratos y regímenes de visibilidad que se articulan como dispositivos de enunciación visual, que permiten aprehender cuestiones relativas a la cultura, la sociedad y la política. Estas breves definiciones teóricas tienen el propósito de establecer un marco de referencia conceptual que nos permita situar el dossier y los textos que lo componen dentro de un campo teórico mayor que es, a la vez, discursivo, político y estético.

  1. Poder y hegemonía de los visible

Como sostiene Barry Barnes (1990), el poder se manifiesta –al igual que la gravedad o la electricidad– a través de sus consecuencias; por ello, siempre ha resultado más cómodo describir sus efectos que identificar sus fundamentos. Quizás esto se deba a que el poder posee una estructura variable, puesto que es dinámico, transitivo y fragmentario. El poder, como señala Michel Foucault (2017; 2013; 2010; 2005; 2000; 1999), no emana hacia el exterior a partir de un centro jerárquico, sino que se localiza en todos los lugares, no porque lo abarque todo, sino porque viene de todas partes, de todas las direcciones. Es decir, el poder no funciona socialmente de manera centralizada, ni siquiera de forma unilateral, sino que –como ha apuntado Jean Baudrillard (2006: 61)– el poder “es distribucional, vectorial, opera por relés y transmisiones. Campo de fuerza inmanente, ilimitado, no siempre se comprende con qué tropieza, con qué choca, puesto que es expansión, pura imantación”. El poder, visto como ubicuidad difuminada, se configura como algo que se intercambia, no en el sentido económico del término, “sino en el sentido de que el poder se consuma, según un ciclo reversible de seducción, de desafío y de astucia” (Baudrillard, 2001: 62). Entonces, podemos inscribir el poder como ese “algo” que circula y que funciona en cadena y que “nunca se apropia como una riqueza o un bien. El poder funciona. El poder se ejerce en red y, en ella, los individuos no sólo circulan, sino que están siempre en situación de sufrirlo o ejercerlo” (Foucault 2000: 38). Entendiendo que el poder se configura como un tejido que, no obstante ello, implica también una jerarquización de poderes operando dentro de un contexto histórico particular, de modo que no existe un solo poder, sino una pluralidad de aquellos. En ese sentido, poder en plural quiere decir diversidad de dispositivos de dominación, formas complejas de sujeción y subjetivación que operan, de acuerdo con Michel Foucault,

“[a través] de formas locales, regionales de poder, que poseen su propia modalidad de funcionamiento, procedimiento y técnica. Todas estas formas de poder son heterogéneas. No podemos entonces hablar de poder si queremos hacer un análisis del poder, sino que debemos hablar de los poderes o intentar localizarlos en sus especificidades históricas y geográficas” (2005:19).

Es decir, las relaciones de poder, los mecanismos y los dispositivos por virtud de los cuales el poder funciona, se constituyen como una problemática local, e incluso particular, que nos permiten comprender problemáticas de orden general. En ese sentido, los artículos reunidos en este dosier responden a objetos y momentos históricos particulares que nos ayudan en la comprensión de lo visible y lo enunciable como un poder que confecciona campos de visibilidad que conforman, producto de la preponderancia que ha ido alcanzado la imagen como discurso, una hegemonía de lo visible que establece un régimen de comunicación visual, que se instituye como un saber/poder que contribuye de manera significativa en la fabricación de subjetividades. En estas, los/as individuos/as no solo se encuentran inmersos/as y producidos/as por la hegemonía de lo visible, sino que también son ellos/as mismos/as quienes producen dicha hegemonía. De este modo, las imágenes y la mirada que ellas producen “supone[n] la implicación, el ente afectado que se reconoce, en esta misma implicación, como sujeto” (Didi-Huberman, 2012: 33). Las imágenes como poder se conforman a veces como documento y otras tantas como un objeto onírico, como obra y objeto de tránsito, de montaje, como imaginarios e imagen mental que, a fin de cuenta, va conformando un síntoma (una huella) que exige de nosotros una elucidación que abre la posibilidad para una legibilidad histórica y política de las imágenes como relaciones de poder.

Uno de los aspectos que interrogamos en este dosier, consiste en el modo en que el poder de las imágenes y las imágenes como poder van conformando una hegemonía de los visible que fabrica unos modos de ver modernos, según los cuales la imagen como poder no solo es una construcción cultural sino también es una estrategia, es decir, es un elemento que pone en juego cuestiones relativas a lo social, lo político, lo psicológico y lo estético, puesto que “sus efectos no son atribuibles a una apropiación, sino a dispositivos de funcionamiento” (Morey, 2001: 10). En tal sentido, la imagen como poder y el poder de las imágenes en tanto dispositivos de enunciación iconográficos, no son unívocos sino coyunturales y, por lo mismo, el poder nunca está fijo o consolidado, por el contrario, puede cambiar en un momento dado. Desde esta perspectiva, el binomio imagen/poder y su consecuente hegemonía de lo visible sitúa la subjetividad al menos dentro de dos tipos de relaciones: las de producción y las de significación, las cuales devienen en relaciones de poder (Foucault, 2017). Las relaciones de poder, tal como observa Michel Foucault (2013), no son exteriores a otros tipos de relaciones (procesos económicos y políticos, relaciones de conocimientos, saberes, sexuales, artísticas, entre otros), por lo tanto, el poder no es una superestructura ordenadora que cumpla un papel de prohibición o reconducción, sino que se trata de un componente activo que desempeña un papel productor (relaciones de fuerza que poseen una parcialidad objetiva) y de significación (relaciones simbólicas que se expresan discursivamente y que poseen un componente subjetivo) que da cuenta de “la multiplicidad de las relaciones de fuerza inmanentes que son propias del campo en el que se ejercen, y que son constitutivas de su organización” (Foucault, 2013: 89). De ahí que el poder, tanto en su capacidad simbólica o material, esté siempre bajo una condición descentralizada y productiva a la vez.

Esta reflexión se enmarca también en la concepción foucaulteana de que las relaciones de poder provienen de abajo, en el sentido de que no existe una matriz general que emane de un centro jerárquico que va de arriba hacia abajo, sino que el poder está en todas partes porque es multidimensional lo cual, en todo caso, no quiere decir que lo abarque todo, que lo englobe todo. Lo que el poder “tiene de permanente, de repetitivo, de inerte, de autorreproductor, no es más que el efecto de conjunto que se dibuja a partir de todas esas movilidades, el encadenamiento que se apoya en cada una de ellas y trata de fijarlas” (Foucault, 2013: 89). En ese sentido, el poder se configura mucho más como una estrategia que como una institución o una estructura; más bien, nos dice Foucault (2013: 90), se trata de “relaciones de fuerza múltiples que se forman y actúan en los aparatos de producción, las familias, los grupos restringidos y las instituciones, sirven de soporte a amplios efectos de escisión que recorren el conjunto del cuerpo social”. En esta concepción del poder lo relevante son las diversas relaciones que este adopta y que son posibles de identificar dentro de una sociedad dada y, por lo tanto, analizar sus especificidades y jerarquías permite captar los modos en que el poder circula y se expresa. En consecuencia, la hegemonía de lo visible que es posible determinar dentro de la episteme de la modernidad se constituye, a nuestro modo de ver, como un espacio privilegiado para captar la especificidad de las relaciones de poder.

Así, una de las aristas que buscamos problematizar con este dosier es la de la preponderancia de las imágenes en tanto dispositivos de enunciación dominante. De este modo, la hegemonía de lo visual, en tanto campo epistémico de la modernidad, implica entender aquellas relaciones de poder que se encuentran mediadas, representadas o inscritas en la producción de imágenes, las cuales van conformando un entramado o régimen de visibilidad en el que es posible advertir “que cada formación histórica ve y hace ver todo lo que puede, en función de sus condiciones de visibilidad, al igual que dice todo lo que puede, en función de sus condiciones de enunciado” (Deleuze; 1987: 87). Analizar y reflexionar acerca de estos estratos de visibilidad conlleva pensar la relación entre imagen y poder como un territorio dotado de una multiplicidad de tiempos sociales, culturales y políticos que establecen una historicidad a través de la cual es posible entender el estatuto visibilidad (o invisibilidad) del poder, en tanto discurso, representación y práctica.

  1. Estratos y regímenes de visibilidad

Hay una segunda cuestión teórica que nos parece necesario consignar y que tiene directa relación con el modo en que la visión y lo visible, la mirada y lo perceptible, se han estabelecido como elementos estéticos y políticos en el capitalismo. Fredric Jameson (2002) plantea que la historia de la modernidad encuentra en el campo de la teoría de la visión y lo visible un espacio propicio para pensar la episteme de la modernidad y que ella muestra, a lo menos, tres grandes etapas o momentos de visibilidad: un momento en el que predomina una mirada colonial, un momento en el que prevalece el ojo-burocrático y, finalmente, un momento en el que sobresale una visualidad de corte posmoderno (Silva-Escobar, 2019). Cada una de estas etapas puede ser comprendida como estratos de visibilidad que se constituyen –según Gilles Deleuze– como “capas sedimentarias hechas de cosas y de palabras, de ver y de hablar, de visible y de decible, de superficies de visibilidad y de campos de legibilidad, de contenidos y de expresiones” (1987: 75). En tal sentido, los estratos de visibilidad son formaciones históricas, positividades que se materializan en forma de discursos (hablados, visuales, escritos) y visibilidades (enunciadas, indexadas, significativas) que le son propias a un momento histórico, y se encuentran profundamente ligadas al carácter sociopolítico y cultural que permite su aparición. Al respecto, Deleuze señala:

“Una ‘época’ no preexiste a los enunciados que la expresan, ni a las visibilidades que la ocupan. Esos son los dos aspectos esenciales: por un lado, cada estrato, cada formación histórica implica una distribución de lo visible y de lo enunciable que se produce en ella; por otro, de un estrato a otro existe variación de la distribución, puesto que la visibilidad cambia de modo y los enunciados cambian de régimen” (1987: 76).

Veamos brevemente cómo se produce esta distribución de lo visible y lo enunciable en el estrato de visibilidad colonial. Las conceptualizaciones vertidas de la mirada colonial/ decolonial le debe mucho a la problematización filosófica desarrollada por Jean Paul Sartre (1993), quien en su libro El ser y la nada, publicado por primera vez en 1943, introduce la problemática de la mirada como un problema filosófico relativo a la objetivación del otro en objeto sensible, y postula así un quiebre “radical entre la vista y la conciencia, que planteaba un desafío directo a la ecuación del ‘Yo’ y del ‘ojo’ establecida por la tradición ocularcéntrica” (Jay, 2007: 216).1 La mirada sartreana nos proporciona un conjunto de reflexiones de orden fenomenológico que nos permite comprender el modo en que la problemática de la mirada se configura como dispositivo para cosificar al sujeto como objeto visible. Jameson argumenta que la conceptualización sartreana puso en el centro del debate filosófico europeo la idea de que “la mirada es lo que postula mi relación inmediata con los otros; pero lo hace mediante una inesperada inversión en la que pasa a ser primaria la experiencia de ser mirado, y mi propia mirada se convierte en una reacción secundaria” (2002: 142). La mirada, cuando actúa para objetivar, cosificar y colonizar al otro requiere ser inscrita dentro de ese proceso que dice relación con “ese fenómeno protopolítico llamado dominación” (Jameson, 2002: 142). Por otro lado, la problemática de la dominación conlleva procesos de resistencia y, por ende, el ojo colonial también abre paso a la emergencia de variadas corrientes políticas y estéticas que apuntan a “una nueva política de la descolonización (…), por ejemplo, en Franz Fanon; un nuevo feminismo en Simon de Beauvoir, y, en una especie de inversión reactiva, una nueva estética del cuerpo y su carne visible o pictórica en Merleau-Ponty” (Jameson, 2002: 142). De este modo, si el fenómeno de la mirada se constituye como un dispositivo para cosificar y dominar, al mismo tiempo ese proceso de colonización es resistido desde luchas descolonizadoras, pero siempre dentro de un contexto de asimetría entre el mirar dominante (o colonizador) y la mirada contrahegemónica (o descolonizadora).

A esta etapa colonialista le sigue lo que podríamos denominar estrato de visibilidad ojo-burocrático, en el cual “lo visible se convierte en la mirada burocrática, que busca por doquier la mensurabilidad del Otro y su mundo, de aquí en más reificados” (Jameson, 2002: 144). Michel Foucault (2010) ha sido uno de los filósofos que más certeramente ha logrado conceptualizar este proceso de burocratización de la mirada, y lo hizo a través de su reconocido libro Vigilar y castigar, en donde muestra cómo el ver y el poder establecen una relación simbiótica, que se estructura a partir de la institucionalidad del poder disciplinario.2 Desde esta perspectiva, la burocratización de la mirada tiene un sustento práctico en los distintos dispositivos de disciplinamiento –el más conocido sería el panóptico, cuyo modelo arquitectónico asegura que un vigilante pueda ver sin ser visto– que actúan no solo para reprimir y someter sino también para producir cuerpos útiles y dóciles o, mejor dicho, útiles en la medida de su docilidad (Foucault, 2010, Castro, 2018). La burocratización de la mirada se configura como un dispositivo de disciplinamiento que contribuye en el proceso mediante el cual se busca someter o dominar al individuo a través de la subjetivación; es decir, según el diagnóstico de Foucault, lo novedoso de los dispositivos disciplinarios es que se configuran como un poder centrado en controlar al individuo a través de un conjunto de técnicas, tendientes todas ellas, a intervenir, conducir, manipular el cuerpo del sujeto y, para ello, se conforma todo un entramado institucional que “trata de regir [sobre] la multiplicidad de los hombres [y de las mujeres] en la medida en que esa multiplicidad puede y debe resolverse en cuerpos individuales que hay que vigilar, adiestrar, utilizar y, eventualmente, castigar” (Foucault, 2000: 220). De algún modo, las técnicas disciplinarias buscan gobernar la singularidad de los sujetos y, con ello, se origina un conjunto de “efectos individualizadores, [que] manipula el cuerpo como foco de fuerzas que hay que hacer útiles y dóciles a la vez” (Foucault, 2000: 225). En consecuencia, el poder disciplinario le debe mucho a la posibilidad de institucionalizar la mirada como dispositivo de disciplinamiento, sujeción y subjetivación.3

La tercera etapa que describe Jameson es la posmoderna, la cual define como el momento en el cual “los verdaderos portadores de la función epistemológica son la tecnología y los medios, (…) [que posibilitan] una afirmación celebratoria de cierta visión macluhanista de la cultura mágicamente trasformada por las computadoras y el ciberespacio” (2002: 149). En este estrato de visibilidad se advierte una transformación en la producción cultural en donde la tecnología, principalmente aquella dedicada a la producción de imágenes hechas por tecnologías digitales, comienza a colonizar el espacio social hasta el punto de hacer de las imágenes no solo el lugar de la representación de una co-presencia, sino también el lugar en donde se articulan las relaciones sociales entre personas mediatizadas por imágenes. El estrato de visibilidad posmoderno encuentra en el pensamiento de Guy Debord (2007), principalmente en su libro La sociedad del espectáculo, un primer acercamiento teórico al predominio tecnológico de la producción de imágenes, en donde se anuncia que estas se constituyen como la forma final de la reificación de la mercancía. Un segundo acercamiento teórico al problema de la imagen, el ver y la mirada, lo encontramos en el libro el Ojo absoluto de Gerard Wajman (2011), quien despliega un análisis en el que sitúa el ver como un poder en el que la ideología de la transparencia se configura como un nuevo orden social. Desde las cámaras de videovigilancia hasta los diversos sistemas de captación de imágenes en medicina, pasando por los innumerables satélites que orbitan el planeta, así como incontables dispositivos de control, son ejemplos del modo en que el mundo se ha impuesto como el lugar de lo visible; un mundo dominado por las tecnologías de lo visible que hacen del escrutinio de la mirada una nueva forma de socialización. En esta fase se establece una política de la mirada que instituye formas de visibilidad, a partir de la circulación e implementación de una serie de dispositivos de tecnologías de visión (cámaras, celulares, dron, satélites, etc.), que se materializan en un conjunto de dispositivos socioculturales (selfies, exacerbación del yo, apatía social, indiferencia política, etc.), que van autorizando y legitimando una sociedad y una cultura de la mirada. Esto trae como resultado la naturalización de la transparencia como mecanismo de socialización y reconocimiento que se ejerce bajo la violencia simbólica, es decir, se despliega como un tipo de violencia respecto de la cual, observa Pierre Bourdieu:

“Una de las consecuencias de la violencia simbólica consiste en la transfiguración de las relaciones de dominación y de sumisión en relaciones afectivas, en la transformación del poder en carisma o en el encanto adecuado para suscitar una fascinación afectiva. […] La violencia simbólica es esa violencia que arranca sumisiones que ni siquiera se perciben como tales apoyándose en unas ‘expectativas colectivas’, en unas creencias socialmente inculcadas” (2002: 172-173).

En tal sentido, la transparencia puede ser vista como un tipo de imposición coercitiva que funciona de manera internalizada o naturalizada, puesto que “la coacción de la transparencia nivela al hombre [y a la mujer] […] hasta convertirlos en un elemento funcional de un sistema. Ahí está la violencia de la transparencia” (Han, 2013, p.14). Ahí está también una de las caras que adopta el poder en el capitalismo avanzado, pues al someter al individuo a un proceso de internalización de la exhibición del yo como mecanismo de reconocimiento social, trae como consecuencia “que nuestra libertad no se restringe únicamente al hecho de ser vigilados, sino que, siendo vigilados, nuestros hechos y gestos son puestos en escena por la mirada, controlados en su producción misma” (Wajman, 2011: 192). Esto último trae aparejado la instalación de un tipo de poder –sea este político, cultural, simbólico, económico, geográfico– que “agrega una nueva modalidad a las potencias de la mirada: la de la ciudad que se mira a sí misma, que se vigila. Lo cual perfila esta nueva configuración según la cual el peligro no está afuera, sino adentro” (Wajman, 2011: 165). Por consiguiente, en la fase pós-moderna la imagen como mercancía, la transparencia como dispositivo de socialización, la mirada como mecanismo de control, van hilvanando una sociedad fundada sobre una suerte de “alquimia simbólica […] [que] produce, en beneficio de quien lleva a cabo los actos de eufemización, de transfiguración, de conformación, un capital de reconocimiento que le permite consecuencias simbólicas” (Bourdieu, 2002: 172). Es decir, capital simbólico acumulado como propiedad.4

Si nos ha parecido necesario traer a colación y caracterizar estos tres estratos de visibilidad, es porque ellos permiten inscribir el dominio de la mirada y lo visible dentro de un régimen de historicidad, a partir del cual intentar una eventual interpretación acerca de las relaciones que las imágenes establecen con el poder y el poder con las imágenes. Es decir, estos tres estratos de visibilidad se establecen como un entramado que nos permiten pensar las condiciones de posibilidad histórica, antropológica y política de las imágenes como poder (lo visible y lo enunciable se distribuye por el campo social) y el poder de las imágenes (el poder mediado por las imágenes, las imágenes significando el poder como relaciones de fuerza). En tal sentido, podemos pensar la relación entre imagen y poder como un campo de formas (estéticas, visuales, retóricas) y de fuerzas (políticas, discursivas, sociales, culturales), que positivan visualidades que no solo muestran, crean o representan una determinada realidad, sino también producen o contribuyen a conformar social, política o culturalmente aquellas realidades representadas o creadas visualmente (Didi-Huberman, 2015). Dicho de otra manera, la relación entre imagen y poder se estable como un campo de formas y de fuerzas que se materializa a través de “la incesante dialéctica de una descomposición fecunda y de una producción que jamás encuentra reposo ni resultado fijo, justamente porque su fuerza reside en la apertura inquieta, en la capacidad de insurrección perpetua y de autodescomposición de la forma” (Didi-Huberman, 2015: 284-285). Así, la dialéctica que se establece entre forma y fuerza, entre composición y descomposición, entre producción y consumo, entre estética y política, entre imagen y poder “conservan su fuerza activa solo si se las considera como fragmentos que se disuelven al tiempo que actúan. (…) Las imágenes poseen un sentido solo si se las considera como focos de energía y de intersecciones de experiencias decisivas” (Carl Einstein citado en Didi-Huberman, 2015: 285).

  1. Acerca de los artículos de este dossier

Los artículos que componen este dossier muestran una diversidad de problemáticas y temáticas que son posibles de analizar respecto de la relación entre imagen y poder. También evidencian la complejidad y el desafío que implica pensar la relación entre imagen y poder en términos teóricos y metodológicos. El conjunto de los textos aquí reunidos da cuenta de análisis y reflexiones que muestran una mirada interdisciplinar, en la que es posible observar las intersecciones entre la historicidad de las imágenes y las problemáticas políticas, culturales, sociales y estéticas que se desprenden del poder, en tanto relación de fuerzas. Los artículos han sido organizados en cuatro ejes que permiten estructurar el dossier a partir de sus vínculos temáticos, temporales o disciplinares en los que es posible observar perspectivas de análisis que buscan establecer relaciones que aportan nuevas miradas acerca de la relación entre imagen y poder.

El primer eje aborda la problemática de la historicidad de las imágenes, la religiosidad y el poder a partir de tres tipos de representación visual: arquitectura, pintura y fotografía. El artículo que abre este eje es “Cuando las cruces hablan. Análisis de los rastros de ritualidad popular sobre la pared desde una óptica antropológica”, de Pedro Javier Cruz Sánchez. En este trabajo se analizan tres escenarios de arquitectura religiosa en la comunidad de Castilla y León en España, presentándonos un relevante estudio acerca de las cruces y la ritualidad popular. A través del concepto de escrituras expuestas, Cruz Sánchez interrelaciona varios campos de estudio, como son la historia social de la cultura escrita, la antropología de las imágenes y la etnografía como mecanismo para la recolección de datos. A partir de una mirada antropológica de las escrituras expuestas, este trabajo nos ofrece una interpretación acerca de la intencionalidad cultural y política de dichas manifestaciones. El segundo artículo de este primer eje es el de Catherine Burdick, “La colección artística del obispo de Santiago de Chile, Luis Francisco Romero, 1707”. En este texto, Burdick desarrolla un acabado estudio de historiografía del arte, a través del cual analiza documentos y obras pictóricas que pertenecieron a la colección del obispo Luis Francisco Romero, ofreciendo no solo la identificación de los contenidos inscritos en las obras, sino también una interpretación acerca del rol diferenciador de estatus social que jugó dicha colección. Este eje se cierra con el artículo “El sonido del silencio: fotografías de Doroteo Giannecchini y Vicenzo Mascio en Turín”, escrito por Josefina Matas, Valeria Paz Moscoso y Mónica Navia. En este texto, las autoras desarrollan un estudio acerca de algunas de las fotografías de Vincenzo Mascio que acompañaron el proyecto de divulgación en Turín de las misiones franciscanas en el Chaco boliviano. Desde una hermenéutica de la imagen se busca explorar las diversas significaciones que pueden adoptar las fotografías como dispositivos de poder cultural. A partir del uso de fuentes primarias, este artículo nos sumerge en los rasgos significativos de las acciones evangelizadoras que emprendieron los franciscanos, así como el rol que desempeñaron los nativos en ese proceso evangelizador y, por último, se problematiza acerca de la mirada externa (fotográfica) que se tejió durante dicho proceso.

El segundo eje aborda la problemática de la imagen, lo político y la representación de la diferencia. El artículo “Arturo Alessandri Palma y la teatralidad de lo político durante su segundo gobierno: La estatua de Manuel Bulnes y el Barrio Cívico (Santiago de Chile, 1937)” de Guillermo Elgueda Labra, analiza en términos históricos-políticos la inauguración de la estatua ecuestre de Manuel Bulnes, que se llevó a cabo durante el segundo gobierno de Arturo Alessandri Palma. A partir de un análisis discursivo y sociopolítico, se argumenta que la ceremonia de instalación de la estatua de Bulnes en el Barrio Cívico de Santiago, tuvo el propósito de legitimar e instalar en el espacio público un imaginario político de orden liberal. El otro artículo que completa este segundo eje es el trabajo de Rodrigo Ruz y Michel Meza, “Fotorreportajes de los semanarios ilustrados Sucesos y Zig-Zag. Representación de la diferencia peruana, boliviana y chilena en la postguerra del Pacífico”. En este texto, los autores reflexionan acerca de la representación de la alteridad peruana, boliviana y chilena en los semanarios Sucesos y Zig-Zag, a principios del siglo XX. El hito relevante que hay detrás de estas construcciones identitarias es la postguerra del Pacífico y sus consecuencias en la conformación de las identidades nacionales en esos tres países. A partir de conceptos como modernidad y progreso, que se inscriben en los fotorreportajes, los autores nos revelan las ideas asociadas a la alteridad en las mencionadas naciones, examinando cómo se establecen relatos y discursos virtuosos respecto a Chile y la chilenidad mientras que, para el caso peruano y boliviano, se hace circular una trama discursiva negativa respecto de la cultura, la sociedad y el pasado de ambas naciones.

El tercer eje aborda la problemática de los medios de comunicación y las redes sociales como dispositivos de poder estético-político, cultural y social. El artículo de Orietta Marquina y Valeri Hernani, “Jóvenes e Instagram: narrativas políticas más allá de la transgresión en el Perú” nos propone una lectura crítica acerca de la utilización de Instagram como herramienta de comunicación estético-política de los jóvenes en la actualidad. Desde un análisis cualitativo, el texto realiza una interpretación crítica de las imágenes y los textos del perfil de Instagram de Rupachay, uno de los tantos jóvenes que han participado en las movilizaciones sociales del último tiempo, en Perú. Estos análisis buscan explicitar aquellas narrativas políticas que subyacen a los conflictos sociales y, de esta manera, entender la forma que adopta la participación política de las y los jóvenes peruanos. El otro texto que compone este eje es el de Juan Pablo Silva-Escobar, “Imagen, poder simbólico y vida cotidiana: Los noticiarios de televisión y la construcción mediática de la realidad social”. Este ensayo propone un acercamiento conceptual acerca de la relevancia que tienen los noticiarios de televisión en la construcción de ideologías e imaginarios y las implicancias sociales en la construcción de la realidad social. A partir de la relación que se establece entre imágenes, poder simbólico y vida cotidiana, el autor problematiza la legitimidad social de los noticiarios de televisión para distribuir informaciones acerca de los acontecimientos del día a día y las implicancias ideológicas que ello conlleva.

El cuarto eje aborda la problemática de la imagen y el poder en la producción simbólica del cine, el teatro y la literatura. El artículo de Heber Leal “La insumisión en las narrativas de Pedro Juan Gutiérrez y Fernando Vallejos”, analiza el contenido político y transgresivo que es posible detectar en las narrativas de estos dos autores. Desde una perspectiva interdisciplinaria que hace uso de conceptos que provienen del campo de los estudios literarios y nociones teóricas que provienen de la filosofía, el texto va tejiendo un análisis crítico respecto de los mecanismos y trasfondos de poder y trasgresión que se inscriben en las ficciones analizadas, dando cuenta de una singularidad nómade que subyace a las narrativas escogidas. El segundo texto de este eje es el trabajo de José Aguirre Pombo, “Arrebato. La revancha de las imágenes”. En este ensayo, se analiza la película Arrebato, de Iván Zulueta del año 1979, la cual es interpretada en dos dimensiones: por una parte, se nos ofrece un análisis detallado acerca del contexto sociocultural en el cual se inscribe la película de Zulueta y se pone en relación los cambios estéticos y políticos que tuvieron lugar durante la transición española y, por outro lado, se nos ofrece una reflexión acerca del modo en que esos cambios estético-políticos se inscriben en la representación del cuerpo dentro del filme, en tanto alegorías de esos cambios. De este modo, para Aguirre Pombo, a la transición política española se le superpone una transición estética que daría cuenta de un giro icónico que la película Arrebato estaría evidenciando. El tercer trabajo que compone este cuarto eje, es el artículo “Una rearticulación de las imágenes que representan el poder de las distinciones de género dominantes a través del teatro feminista chileno”, de Alejandra Morales. En este texto, se analiza una serie de obras de teatro chilenas que en el último tiempo han buscado reconstruir y tensionar la noción de lo femenino a través de una propuesta visual que tiene como finalidad activar un punto de vista crítico respecto de ciertos signos utilizados por la cultura patriarcal para perpetuar la dominación masculina. Para Morales, las imágenes que giran en torno a las problemáticas de género se constituyen como un poderoso medio de control social que el teatro feminista ha logrado repensar, a través de puestas en escena que vienen a mostrar la forma en que el género ha sido definido y como esas definiciones configuran la subjetividad femenina y evidencian el carácter ideológico que subyacen a esas representaciones.

Por último, queremos agradecer a Germán Morong, director de Autoctonía. Revista de Ciencias Sociales e Historia, y a Nelson Castro, su editor general, por abrirnos las puertas de la revista para abordar esta problemática compleja y facilitar, en todo momento, el intrincado camino de las publicaciones académicas. También queremos agradecer a los/as evaluadores/as, quienes a través de sus comentarios y sugerencias contribuyeron a mejorar cada uno de los artículos aquí reunidos. Esperamos, con el dossier Imagen y Poder: representaciones, discursos y política en Iberoamérica, contribuir a la discusión y reflexión acerca de esta problemática y que los textos aquí reunidos resulten estimulantes para los/as lectores/as y motiven nuevas preguntas y reflexiones sobre este tema que nos ocupa.

Notas

1 Como ha observado Martín Jay, si “para Sartre, (…) las imágenes pueden basarse en una analogía con los objetos de percepción, ellas mismas son irreales. De hecho, la imaginación es precisamente la función activa de la conciencia que trasciende o anonada la realidad del mundo percibido. En cuanto tal, sirve como modelo de la negación y de la carencia que Sartre pronto identificará con el ‘para-sí’ en El ser y la nada. Lo que resulta esencial para entender su argumento general es que Sartre distinguía imágenes y percepción, visual o de otro tipo, y en su lugar las identificaba con la intencionalidad de la acción. Como resultado, Sartre estaba en condiciones de describir la conciencia menos en términos de transparencia visual que en los de acción puramente anonadante. Aunque las imágenes no perceptivas no nos dicen nada sobre el mundo externo, su propia ‘nada’ o invisibilidad sugiere un vínculo crucial con la libertad humana, tal como Sartre la interpretaba” (2007: 215-216).

2 Acerca de esta relación simbiótica y dialéctica entre el ver y el poder, Michel Foucault sostiene que: “Tradicionalmente el poder es lo que se ve, lo que se muestra, lo que se manifiesta, y, de manera paradójica, encuentra el principio de su fuerza en el movimiento por el cual la despliega. (…) En cuanto al poder disciplinario, se ejerce haciéndose invisible; en cambio, impone a aquellos a quienes somete un principio de visibilidad obligatorio. En la disciplina, son los sometidos los que tienen que ser vistos. Su iluminación garantiza el dominio del poder que se ejerce sobre ellos. El hecho de ser visto sin cesar, de poder ser visto constantemente, es lo que mantiene en su sometimiento al individuo disciplinario” (2010: 218).

3 De acuerdo con Christoph Menke (2011: 280), “la subjetivación como sometimiento, el sometimiento como subjetivación, significa (…) impregnar en los individuos un concepto de subjetividad que es definido por una facultad de eficiente autocontrol –una facultad de autocontrol que a su vez sirve de eficiente control externo. La dominación sobre los sujetos se realiza en dispositivo de poder disciplinario por medio de la libertad de los sujetos”.

4 Pierre Bourdieu plantea que: “El capital simbólico es una propiedad cualquiera, fuerza física, riqueza, valor guerrero, que, percibida por unos agentes sociales dotados de las categorías de percepción y de valoración que permiten percibirla, conocerla y reconocerla, se vuelve simbólicamente eficiente, como una verdadera fuerza mágica: una propiedad que, porque responde a unas ‘expectativas colectivas’, socialmente constituidas, a unas creencias, ejerce una especie de acción a distancia, sin contacto físico. Se imparte una orden y ésta es obedecida: se trata de un acto casi mágico. Pero sólo es una excepción aparente a la ley de la conservación de la energía social. Para que el acto simbólico ejerza, sin gasto de energía visible, esta especie de eficacia mágica, es necesario que una labor previa, a menudo invisible, y en cualquier caso olvidada, reprimida, haya producido, entre quienes están sometidos al acto de imposición, de conminación, las disposiciones necesarias para que sientan que tienen que obedecer sin siquiera plantearse la cuestión de la obediencia” (2002: 172-173).

Referencias

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Organizador

Juan Pablo Silva-Escobar – Centro de Investigación en Artes y Humanidades (CIAH). Escuela de Animación Digital. Facultad de Ciencias Sociales y Artes, Universidad Mayor, Chile. https://orcid.org/0000-0001-5088-4332


Referências desta apresentação

SILVA-ESCOBAR, Juan Pablo. [Imagen y Poder: representaciones, discursos y política en Iberoamérica]. Autoctonía. Revista de Ciencias Sociales e Historia, v.7, n.1, p. 1-23, ene./jun. 2023. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Autoctonía. Santiago, v.7, n.1, ene./jun., 2023.

Autoctonia Historia Crítica

Editorial

Imagen y Poder: representaciones, discursos y política en Ibero-América

Artículos

Reseñas

Publicado: 2023-01-31

Trashumante. Revista Americana de História Social. [Cidade do México], n.21, 2023.

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