História da Loucura |  Revista Mosaico | 2021

O NOSSO CHAMADO

O nosso conhecimento da linguagem, sobretudo quanto ao modo como Wittgenstein (1979) a estudou desde Investigações filosóficas, responde por regras de usos das palavras que vão bem além da semântica. Dessa maneira a comunicação se apresenta como um jogo em uma dada comunidade linguística e constrói, inconscientemente da parte dos sujeitos falantes, sua gramática ou as regras de usos das palavras e dos sinais comunicativos. As regras, entretanto, não são fixas, estão em processo contínuo de alteração e ataques sem que nenhum sujeito determinado tome essa decisão (CARVALHO, 2006).

Ora, a expressão ‘História da loucura’, que nomeia o presente Dossiê da Revista Mosaico, é recente e tem regras de uso ainda em processo de invenção. A própria construção do Dossiê foi um laboratório dessa construção. Razão pela qual esta apresentação requer cuidados teóricos especiais. O primeiro desses cuidados é a retomada do texto de Chamada do Dossiê. Leia Mais

Cidades, História e Territórios | Revista Mosaico | 2021

O Dossiê Cidades, História e Territórios reúne pesquisas que versam sobre os temas pertinentes à ocupação territorial e como as relações entre os patrimônios materiais e imateriais expressam memórias, patrimônios culturais edificados e imateriais e os modos de apropriação e ocupação de territórios. Os artigos foram organizados a partir de três eixos principais, elencando abordagens transversais que permeiam as características sociais e culturais desses espaços e seus territórios, retratando sujeitos e representações sociais presentes ao longo da história.

Desse modo a composição do dossiê temático abrange nove artigos, que foram sistematizados a partir da compreensão das ações e transformações humanas que, em um determinado espaço, definem relações de poder, seja por disputas ou domínios territoriais, os quais, por sua vez, permitem elucidar também permanências que se expressam por um espaço social. Outros domínios das relações entre homem e espaço estão presentes nos artigos que envolvem espacialidades que abarcam, por vezes, práticas discursivas para delimitação de espaços e suas expressões culturais, relevando identidades, memórias e artefatos que, em conjunto, articulam. Leia Mais

Investigación y buenas prácticas en educación patrimonial entre la escuela y el museo. Territorio, emociones y ciudadanía | José María Cuenca López, Jesús Estepa Giménez, Myriam J. Martín Cáceres

Como resultado de las investigaciones llevadas a cabo durante cinco años (2016- 2020) en el Proyecto I+D+i Epitec (Educación patrimonial para la inteligencia territorial y emocional de la ciudadanía. Análisis de buenas prácticas, diseño e intervención en la enseñanza obligatoria), financiado por el Ministerio de Ciencia e Innovación y los Fondos FEDER, nace este libro de 28 capítulos cuya pretensión es analizar las interrelaciones que confluyen entre los ámbitos de educación formal (escuela) y no formal (museo) en el marco de la educación patrimonial; y contribuir a un mayor entendimiento de las conexiones reales entre ambos contextos cuando el patrimonio se inserta en el proceso de enseñanza y aprendizaje, cobrando especial relevancia aspectos como la inteligencia territorial, las competencias emocionales y la educación ciudadana en las propuestas didácticas desarrolladas. El libro se encuentra organizado en cuatro bloques diferenciados y perfectamente estructurados, con la aportación en forma de capítulos de 45 autores de prestigio que han participado activamente en el desarrollo del proyecto. Esta ordenación por bloques nos ofrece una visión más clara y certera para comprender los entresijos que lleva consigo la planificación, propuesta y consecución de un proyecto ambicioso, de enorme relevancia para la educación y de tal magnitud, no obstante estamos hablando de una iniciativa coordinada entre numerosos participantes y colaboradores nacionales e internacionales (España, Portugal, Italia, Chile y Estados Unidos). Leia Mais

¡Valencianos en guerra! 1808-1814. Unidades didácticas | Juan Ramón Moreno-Vera

El pasado 9 de junio de 2021 se inauguraba en el Archivo Histórico Provincial de Alicante (AHPA) la exposición ¡Valencianos en guerra! 1808-1814 dedicada a recuperar y divulgar los testimonios de memoria de la Guerra de la Independencia española en el territorio de la actual Comunidad Valenciana. Leia Mais

Memoria histórica y enseñanza de la Historia | Isidora Sáez-Rosenkranz, Joaquín Prats Cuevas

Isidora Sáez-Rosenkranz y Joaquín Prats Cuevas, miembros del grupo de investigación DHiGeCs (Didáctica de la Historia, la Geografía y las Ciencias Sociales) de la Universitat de Barcelona están a cargo de la edición de Memoria histórica y Enseñanza de la Historia. Esta obra publicada por la editorial Trea, reúne a catorce expertos de diferentes áreas de la didáctica de la historia, del patrimonio y de la comunicación, que dialogan sobre la memoria y su abordaje en el aula, desde un mismo enfoque y una determinada perspectiva. Junto a este grupo de expertos. Leia Mais

Augmented Reality in Tourism/Museums and Heritage: A New Technology to Inform and Entertain | Vladimir Geroimenko

El uso de la realidad aumentada (RA), ¿realmente fomenta el aprendizaje en entornos patrimoniales? ¿Qué rol deberá desempeñar el docente ante el progresivo avance de estas tecnologías? ¿En qué medida ha determinado la situación sanitaria provocada por la covid-19 su implantación en los museos? A estas y otras preguntas tratan de dar respuesta los cincuenta autores que han participado en la redacción de Augmented Reality in Tourism, Museums and Heritage: A New Technology to Inform and Entertain (“Realidad aumentada en turismo, museos y patrimonio: Una nueva tecnología para informar y entretener”), monográfico de investigación editado por Vladimir Geroimenko y publicado en lengua inglesa. Este texto se presenta así como el sucesor de una serie compuesta por otros cinco volúmenes de la misma editorial, Springer, en la que desde 2014 se ha teorizado sobre las implicaciones del uso de la Realidad aumentada (RA) en los ámbitos del arte (I y II), los juegos (I y II) y la educación. Leia Mais

Experiencias didácticas para la innovación en el aprendizaje histórico escolar | Gabriela Vásquez Leyton, Paula Soto Lillo, Cinthia Peña Hurtado, Óscar Valenzuela Flores

Este libro se presenta como un compendio de propuestas, un manual práctico de investigación-acción en el que distintos profesores en formación desarrollan propuestas didácticas innovadoras para el aula de historia en centros educativos de la región de Valparaíso en Chile. A nivel general, se trata de una obra cuyo objetivo principal es el desarrollo de estrategias, prácticas y recursos de innovación docente así como su análisis y evaluación en la práctica en aras de un aprendizaje más significativo de la historia. En definitiva, como señala la propia obra, “enseñar menos y aprender más” historia debe ser el objetivo de todos nuestros procesos de enseñanzaaprendizaje de la disciplina, especialmente, a través de un aprendizaje competencial. Una educación histórica que pone, en esta obra, el foco principal en el desarrollo del pensamiento histórico que dote al alumnado de instrumentos de analisis, comprension o interpretación que le permitan abordar el estudio de la historia de forma autónoma y construir su propia representación del pasado, al mismo tiempo que adquirir un rol activo en el aula y en su propio aprendizaje. Leia Mais

Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599): Regime Escolar e Plano de Estudos

“Tem valor a publicação de um texto educativo do século XVI quando, em pleno século XXI nos encontramos com diversos aportes pedagógicos mais variados e entrelaçados com as ciências humanas”? Esta é a pergunta que Luiz Fernando Klein faz ao prefaciar a obra Ratio Studiorum da Companhia de Jesus: Regime Escolar e Planos de Estudos, publicada recentemente em Portugal, pela professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Margarida Miranda. A esta questão, o próprio Klein responde que o lugar da Ratio Studiorum é insubstituível na história da pedagogia, pois foi a primeira sistematização de estudos que se fez no mundo moderno e possui lugar assegurado nos currículos dos cursos de formação em educação na maioria das instituições educativas de nível superior.

A única publicação da Ratio Studiorum em língua portuguesa era a do padre Leonel Franca, em 1952, por meio da Editora Agir, no Rio de Janeiro, sob o título de O método pedagógico dos jesuítas, porém, há muito tempo esgotada. Depois dessa publicação, somente em 2019 a Editora Kírion fez uma nova republicação dessa mesma tradução. De modo que, a publicação realizada pela professora Margarida, em 2018, veio atender a uma necessidade da comunidade acadêmica de língua portuguesa. Leia Mais

Antíteses. Londrina, v.14, n.27, jan./jun. 2021.

Expediente

  • Expediente da edição Vol. 14, n. 27, Jan-Jun / 2021 Semestral
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Artigos

Sociedades cientificas

Primeiros Passos

Resenhas

Catástrofes, crises e respostas políticas e sociais | Antíteses | 2021

Ao longo dos séculos, as sociedades humanas buscaram entender e explicar as manifestações violentas da natureza que se abatiam sobre elas sob as mais diversas formas (secas, chuvas intensas e tempestades, inundações, sismos, erupções, pragas, epidemias). Durante muito tempo, também, as explicações fornecidas estiveram integradas em cosmologias ou narrativas que correspondiam a tipos de crenças mágicas ou religiosas que, ao mesmo tempo que davam um sentido ao cosmos e procuravam aliviar a ansiedade das sociedades antigas face à sua vulnerabilidade, legitimavam uma determinada ordem política e social.

No Ocidente europeu, foi sobretudo a partir do período renascentista que se assistiu ao emergir de novos discursos acerca da origem dos fenómenos naturais, ainda que a narrativa dominante permanecesse associada a visões religiosas ou mágicas — para não dizer supersticiosas: basta pensar na multiplicação de interpretações negativas, associadas ao Diabo, dos flagelos naturais e no número de processos por feitiçaria (HILDESHEIMER, 1990; MANDROU, 1968) — do mundo e também ao aumento de registos relativos à ocorrência desses mesmos fenómenos. A este respeito, importa saber se o crescimento verificado em relação aos registos correspondeu a uma efectiva maior frequência dos mesmos — pensemos, por exemplo, nos efeitos da Pequena Idade do Gelo, que alguns textos deste dossiê focarão —, a uma maior curiosidade pré-científica ou a um eventual uso político desse tipo de manifestações. Em suma, trata-se de uma questão heurística de crítica das fontes e da sua colocação em contexto, sendo certo que a sua distribuição é bastante assimétrica. Leia Mais

Mosaico. Goiânia, v.14, n.1, 2021.

CIDADES, HISTÓRIA E TERRITÓRIOS

Editorial

Artigos de Dossiê / Dossier

Artigos Livres / Articles

Resenhas / Reviews

Oposición de Izquierda y los albores del trotskismo en América Latina | Archivos de Historia del Movimiento Obrero y la Izquierda | 2020

La aparición de este dossier se produce a ochenta años del asesinato de León Trotsky, uno de los referentes centrales en la historia de la política y de la teoría marxista del siglo XX. La relevancia de esta figura histórica adquiere sentido por múltiples elementos, los cuales han sido destacados con motivo de este aniversario. Por un lado, por su papel, junto a Lenin, tanto en el proceso revolucionario en Rusia, que tuvo su hecho cúlmine en la insurrección de octubre de 1917, como en la fundación de la Internacional Comunista en 1919. Años más tarde, tras el ascenso de Stalin al poder, su protagonismo se ubicó en el enfrentamiento a la burocratización del régimen soviético, en función de lo cual impulsó la Oposición de Izquierda. Asimismo, pueden señalarse sus aportes al pensamiento socialista, vinculados al análisis de lo político (en sus múltiples temporalidades y dimensiones), en especial a la exploración de las tácticas y las estrategias revolucionarias, y que también se extendieron al ensayo histórico, económico, filosófico y hasta la crítica literaria.

Tras algunos años de debates e intercambios entre diversos cuadros y dirigentes opositores al estalinismo, en septiembre de 1938 se creó en Francia la Cuarta Internacional, bajo la inspiración de Trotsky, quien no pudo asistir a dicho encuentro dada su condición de exiliado en México. El homicidio del propio revolucionario ruso, tan solo dos años después del lanzamiento de aquella organización, en el difícil contexto del auge del fascismo, el estalinismo, la Segunda Guerra Mundial y, luego, de un mundo rearticulado tras el fin de la gran conflagración, privó a la Cuarta Internacional de su dirigente más experimentado. Tras ello, afloraron disidencias entre diversos grupos y se entorpeció la consolidación y el desarrollo de esta corriente política en el mundo, la cual, no obstante, mantuvo un hilo de continuidad histórica, fue ganando personalidad y cobró ciertos niveles de incidencia en varios países. Leia Mais

Ensayos y debates sobre historia intelectual y marxismo | Archivos de Historia del Movimiento Obrero y la Izquierda | 2021

Historia intelectual y marxismo son dos perspectivas teóricas y procedimientos de análisis cuyos vínculos y entrelazamientos –si es que efectivamente puede sostenerse que los mismos existen, por supuesto– resultan en más de un sentido problemáticos. Una de las principales razones de este desencuentro fundamental es que la primera es una división temática de la historiografía que, hacia fines de la década de 1960 y comienzos de la de 1980, emerge en el norte global –con especial epicentro en la academia norteamericana– no sólo como reacción a la Kulturgeschichte y una más antigua historia de ideas sino también como consecuencia de la propia crisis (y crítica) del marxismo. Para los marxistas más presuntamente fieles, por su parte, hacer este tipo de historia siempre ha constituido una suerte de herejía, pues, a su entender, habría sido el mismo Marx quien la tachó de idealista y en consecuencia se opuso a ella. Uno de los pocos seguidores del gigante de Tréveris que osó inscribir (parte de) su trabajo en el área de estudio en cuestión fue Perry Anderson (Campos de batalla, de 1992), quien, a principios de los años 90 del siglo pasado, además de referirse al mismo como “un campo de batalla de enfoques que rivalizan entre sí”, trazó los contornos generales del que quizás fuera el primer programa marxista propiamente dicho de historia intelectual en sentido amplio.

Por entonces, esta tematización abierta y conflictiva de la especialidad proporcionada por el autor de Consideraciones sobre el marxismo occidental campeaba también entre historiadores intelectuales del mainstream académico. Fue así que, en 1993, un estudioso del marxismo y la teoría crítica francfortiana como Martin Jay (Campos de fuerza: entre la historia intelectual y la crítica cultural) podía señalar que la historia intelectual era “un campo de fuerza de diferentes impulsos” en el que confluyen, se arremolinan e incluso hibridan segmentos completos de las humanidades y las ciencias sociales –a saber, la filosofía, la filología, la crítica literaria hermenéutica, la antropología cultural, corrientes historiográficas diversas, varias ramas de la sociología, etcétera–. Un poco más recientemente, Anthony Grafton –integrante del comité editorial del prestigioso Journal of the History of Ideas–, en el artículo “La historia de las ideas: preceptos y prácticas, 1950-2000 y más allá”, publicado en Prismas en 2007, fue incluso más lejos y sugirió que la misma es no tanto “una subdivisión borrosa de la historia” como “una zona sísmica intelectual donde las placas tectónicas disciplinares” convergen y se entrechocan, “produciendo ruidos de todo tipo”. Leia Mais

Izquierdas, feminismos y movimiento de mujeres del Cono Sur | Archivos de Historia del Movimiento Obrero y la Izquierda | 2021

Resulta imposible comenzar a presentar este dossier sin hacer referencia al contexto de producción en el cual se enmarca y sus efectos sobre las relaciones de género. A escala mundial y como nunca antes en la historia del capitalismo, la pandemia de covid-19 ha puesto de relieve el rol sistémico del trabajo de cuidado sostenido mayoritariamente por mujeres. Y no nos referimos solamente al intensificado trabajo dentro de las casas y el agotamiento que conlleva la feroz reconversión productiva al teletrabajo, presentado en forma edulcorada como “trabajo en pantuflas”, sino también al trabajo en los comedores sociales y en los barrios donde el hambre y la desocupación golpea con fuerza y donde son las mujeres las que continúan poniendo el cuerpo (redobladamente), como las cientos de Ramonas Medina.1 Justamente cuando la marea verde parece extenderse por América Latina, cuando el feminismo se ha transformado en un movimiento social de masas internacional, el tándem capitalismo/pandemia configura el escenario para un nuevo agigantamiento de las brechas de género y las desigualdades de clase históricamente constituidas.

Interpeladas y a la vez atravesadas por el contexto de características distópicas y la incertidumbre por el futuro, buscamos recuperar en la historia del pasado reciente conosureño experiencias que contribuyan a pensar el presente. Este dossier, entonces, es resultado de la convicción de que el encuentro entre marxismo y feminismo constituye un marco inescindible para la transformación social en clave emancipatoria. Leia Mais

Estrategias de la clase obrera en los orígenes del peronismo | Nicolás Carrera

Estrategias de la clase obrera en los orígenes del peronismo, último libro de Nicolás Iñigo Carrera, es el séptimo volumen de la colección “La Argentina peronista: política, sindicalismo, cultura” dirigida por Gustavo Contreras. La colección condensa el triple objetivo de congeniar el trabajo de especialistas académicos, proporcionar los avances historiográficos sobre uno de los nudos problemáticos centrales del siglo XX argentino y armonizar un relato orientado, también, al público no especialista, sin por ello perder la densidad analítica.

La obra consuma una trilogía iniciada por Iñigo Carrera con La estrategia de la clase obrera, 1936, publicada en el año 2000, y La otra estrategia. La voluntad revolucionaria (1930-1935), editada en 2016, que, de conjunto, sintetizan décadas de investigación de uno de los más importantes especialistas en el estudio de la clase obrera argentina. Estructurado en nueve capítulos cortos y de lectura ágil, el libro concentra su análisis en los años que van de 1943 a 1946 aunque la dinámica explicativa hunde sus raíces y tiende lazos hacia el período que se abre a partir del golpe de Estado de 1930, repasando múltiples aristas y hechos como huelgas generales, enfrentamientos callejeros, participación electoral, panorama gremial, la construcción del enemigo de clase, entre otros. Leia Mais

Mujeres que trabajan. Labores femeninas/ Estado y sindicatos (Buenos Aires/ 1910-1960) | Graciela Queirolo

“Las mujeres siempre trabajamos”: con esa afirmación-fuerza Graciela Queirolo presenta el tomo 6 de la colección “La Argentina Peronista” que dirige Gustavo Contreras. La autora propone vislumbrar un abanico de espacios remunerados (sin desatender los no remunerados) que ocuparon las mujeres en la ciudad de Buenos Aires entre 1910 y 1960. Demuestra que las trabajadoras fueron parte constitutiva del proceso de modernización capitalista que se intensificó durante los dos primeros gobiernos de Perón.

La afirmación inicial contiene varias hipótesis. Por un lado, propone una mirada crítica a las investigaciones que desatendieron la presencia femenina en ámbitos remunerados durante la primera mitad del siglo XX. Así como aquellas que concibieron la etapa de modernización capitalista como un momento en el que las mujeres retornaron al hogar (p. 54). Por otra parte, aunque la propuesta del libro se concentra en las trabajadoras asalariadas, logra hilvanar la trama social que constituye la doble jornada laboral para el género femenino: aquella que conjuga las tareas reproductivas, no pagas y naturalizadas, con la expansión del trabajo femenino asalariado. Este fenómeno de feminización del mercado de trabajo se presentaba como un atentado a la “moral” constituida. La formulación “mujeres que trabajan” nominaba ese problema social. Pero también contenía la negación de las tareas de cuidado como “trabajo”. Frente a ello la autora reafirma que “las mujeres siempre trabajamos” y reconoce aquellas labores remuneradas y no remuneradas como elementos constitutivos del sistema capitalista. Leia Mais

Guillermo Facio Hebequer. Entre el campo artístico y la cultura de izquierdas | Magalí Andrea Devés

Doctora en Historia por la Universidad de Buenos Aires y magíster en Historia del Arte Argentino y Latinoamericano por la Universidad Nacional de San Martín, Magalí Devés se especializa en el estudio sistemático de cuestiones relacionales entre política y cultura a partir de las trayectorias y los compromisos asumidos por artistas e intelectuales de la Argentina durante el período de entreguerras. Producto de la reelaboración del trabajo de largo aliento realizado en el marco de su tesis doctoral, Guillermo Facio Hebequer. Entre el campo artístico y la cultura de izquierdas constituye la puesta en práctica más acabada a la fecha de un enfoque metodológico que resulta disruptivo con la historiografía predominante referida a problemas de historia cultural e historia intelectual. Atraviesa el libro de Devés un diálogo permanente entre arte y política, y al hacerlo busca extraer conclusiones profundas de alcance social. Se trata de una propuesta teórico-metodológica que trasciende los confines de la biografía. En efecto, la obra aquí reseñada no se reduce a una reconstrucción crítica de la relación del artista con las diversas posturas de izquierda que proliferaron en el país en el lapso mediado entre la Revolución rusa y su temprana muerte, ocurrida en 1935 durante los albores de la conformación de una cultura antifascista autóctona. Antes bien, el itinerario de Facio Hebequer es un disparador que permite volver a analizar y complejizar la historia de la cultura de las izquierdas argentinas en el período abordado.

La exposición de los argumentos está organizada en cinco capítulos de afable lectura, accesible para el público general no necesariamente especializado. El libro se acompaña de un prólogo a cargo de Andrés Bisso, uno de los mayores conocedores de la historia del antifascismo en la Argentina, en donde se establece una interesante relación comparativa en torno de la cuestión del “arte proletario” entre Facio Hebequer y el dibujante satírico germano George Grosz. Aspectos específicos del carácter dinámico y poliédrico que definió la figura de Facio Hebequer son abordados de manera puntual en cada uno de los capítulos. Su vida profesional estuvo signada por una búsqueda permanente: devenir artista comprometido para contribuir al desarrollo de las condiciones que hicieran posible la revolución social en Argentina. Leia Mais

Mar del Plata/ un sueño de los argentinos | Elisa Pastoriza e Juan Carlos Torre

Mar del Plata… es una hermosa pieza literaria a la vez que un sólido ensayo histórico, con un riguroso trabajo de archivo. Los seis capítulos que lo componen están atravesados por la hipótesis de que un impulso igualitario, basado en la creencia de que ninguna persona es por nacimiento inferior a otra, dio sostén a una experiencia fuera de lo común en el mundo: un balneario para todos los sectores sociales. Los autores analizan a la Perla del Atlántico “desde los orígenes, a comienzo del siglo […] hasta fines de la década de 1960” (p. 11), planteando un paralelo entre el desarrollo de la ciudad balnearia y las transformaciones de la sociedad argentina, en donde la ampliación del bienestar social durante el siglo XX hizo accesible a una porción creciente de la población unas vacaciones junto al mar.

El primer capítulo presenta a dos protagonistas de la fundación de la ciudad costera: Patricio Peralta Ramos, de familia colonial tradicional, y Pedro Luro, inmigrante vasco francés que arribó al país en 1837 sin más que su persona y en menos de dos décadas ya era un próspero empresario. El frustrado proyecto productivo y el viraje hacia el turismo empalmó con una clase dominante argentina que refinaba su comportamiento mirando a Europa y se hacía eco de las playas del viejo continente. En el segundo capítulo vemos los esfuerzos de Santiago Luro, hijo de Pedro, por insertar el naciente centro de recreación estival en el calendario de la elite. Dardo Rocha primero y Carlos Pellegrini después fueron fundamentales para que Mar del Plata se terminara imponiendo como el sitio de veraneo. El Bristol Hotel cumplía un papel pedagógico en la sociabilidad de la clase dominante, mientras en la ciudad avanzaban las tareas de urbanización pendientes, como el agua corriente, y la Rambla Bristol y el Club Mar del Plata desplazaban a los pescadores de la playa, desalojados por la policía de sus viviendas costeras. Leia Mais

El Partido Socialista (re)configurado: escalas y desafíos historiográficos para su estudio desde el “interior” | Silvana Ferreyra e Federico Martocci

El volumen expresa un recorrido historiográfico que comenzó a gestarse con la primera publicación que sistematizó, con una mirada global, la historia del Partido Socialista en Argentina. Nos referimos a El partido socialista en Argentina: nudos históricos y perspectivas historiográficas (2005), compilado por Hernán Camarero y Carlos Miguel Herrera, quienes también escriben el prólogo del volumen reseñado aquí. Diez años después, en 2014, como relatan los autores, la creación de la Red de Estudios sobre el Socialismo Argentino (RESA), expresaba la fecundidad de la línea de investigación abierta. Motivados por la relevancia que adquirió la pregunta por el socialismo en el interior del país, Silvana Ferreyra y Federico Martocci proponen, en su Introducción, redimensionar la historia partidaria en los términos de Gribaudi, es decir, ubicando el enfoque en una configuración de prácticas proyectadas sobre diferentes escalas. En la reflexión historiográfica de los autores el problema adquiere el rol de aglutinar la agenda de investigación, transformando la reducción escalar en una estrategia analítica que excede la noción de historia nacional compuesta por un mosaico de casos diferentes. En este sentido, y más allá del objeto de estudio que se trata en el volumen, los interrogantes que se formulan en relación a la representatividad de los recortes territoriales son un valioso aporte para la historia política en general.

La organización del volumen, en este marco, replica las ideas desarrolladas hasta aquí. Las secciones que lo articulan responden a problemas generales, mientras que cada autor despliega una estrategia particular en relación a dicha agenda. La primera, “La mirada capitalocéntrica: el debate desde la proyección territorial”, trabaja sobre las tendencias de crecimiento a largo plazo, signada por una crítica al considerado clásico capitalocentrismo de los estudios sobre el socialismo. Mientras que para Ricardo Martínez Mazzola la clave está en mostrar la construcción de una estructura partidaria nacional, Silvana Ferreyra propone colocar en un lugar secundario las preocupaciones por la representatividad del espacio a recortar y centrarse en el problema a indagar, mientras que Fernando Suárez apunta a demostrar la consolidación de una rama extracapitalina. Leia Mais

En vísperas del diluvio: el gremialismo socialista ante la irrupción del peronismo | Carlos Miguel Herrera

Las preguntas sobre los orígenes del peronismo siempre trajeron a cuestas un sinnúmero de definiciones y debates en torno a los cambios que presentó la escena nacional tras su aparición. Como fenómeno multidimensional, su abordaje se ha convertido, con el correr de los años, en tierra fértil para el desarrollo de nuevas investigaciones que intentan desentrañar las particularidades de este movimiento político y social.

Conforme a este campo, En vísperas del diluvio retoma la experiencia del gremialismo socialista, el Partido Socialista (PS) y sus históricos dirigentes, en los albores del peronismo. Y al hacerlo, pone sobre la mesa las tensiones que fue experimentando el movimiento obrero ante la aparición de una figura como la de Perón que obligó a revisar estrategias, acciones e identidades. Diversos estudios, desde los clásicos de Torre, Di Tella o Del Campo hasta trabajos más recientes, han dejado latentes preguntas referidas a la importancia del socialismo dentro del sindicalismo y el gremialismo en el marco de la irrupción del fenómeno peronista. Esos puntos suspensivos y las incógnitas que quedaron irresueltas en esos trabajos precursores comienzan a ser saldados por Herrera. Leia Mais

La desmesura revolucionaria. Cultura y política en los orígenes del APRA | Martín Bergel

El libro de Martín Bergel La desmesura revolucionaria es un hito fundamental en la historiografía sobre el APRA y un aporte ineludible para la historia latinoamericana del período de entreguerras.

La obra, conformada por once ensayos, redescubre el movimiento político asociado al liderazgo de Víctor Raúl Haya de la Torre a partir de algunos desplazamientos respecto de abordajes anteriores sobre el tema. Las preocupaciones que lo recorren no buscan saldar discusiones sobre la “verdadera expresión del APRA”, o dictaminar sobre sus contribuciones a la política peruana, tal el registro predominante en numerosas obras previas, sino indagar en experiencias vinculadas con la construcción de una cultura política. El libro de Bergel aporta nuevas preguntas, hipótesis, fuentes, protagonistas y escenarios para indagar en las características singulares del aprismo. La originalidad del enfoque radica en las posibilidades que ofrece para revisitar la historia latinoamericana del período de entreguerras a través de los aportes de la historia intelectual y de la cultura impresa. Leia Mais

Althusser y Sacristán. Itinerarios de dos comunistas críticos | Juan Dal Maso e Ariel Petruccelli

Althusser y Sacristán. Itinerario de dos comunistas críticos es un estudio profundo que constituye una recuperación justa y a la vez crítica de la obra de ambos intelectuales. Justa porque recupera la obra de un filósofo muy poco conocido como Manuel Sacristán, que ha tenido una elaboración muy lúcida y original en torno a problemas de interés y debate contemporáneo. También porque presenta una lectura alternativa a las canónicas sobre Althusser, que repara en su propia visión autocrítica de madurez y que no cae en el reduccionismo de limitar su pensamiento a la etapa “estructuralista”, o la visión que de él presenta E.P. Thompson en Miseria de la teoría. Por otro lado, es una recuperación crítica porque intenta leer las producciones de ambos autores en sus propios términos, encontrando sus nudos y contradicciones, las posibles soluciones que le quisieron dar a los problemas políticos de su tiempo y las lagunas que inherentemente todo pensamiento tiene. Desde esta perspectiva, la obra es tanto una muy buena introducción general al pensamiento de ambos autores como un aporte a la historia intelectual de los marxismos de la posguerra.

La obra está divida en tres apartados generales. El primero, “Las batallas de Althusser” y el segundo “El realismo revolucionario de Manuel Sacristán”, están dedicados a las trayectorias de ambos filósofos, sus obras e intervenciones políticas. Por último, “Teoría y praxis en dos filósofos marxistas de la segunda posguerra” aborda comparativamente algunos aspectos específicos de sus producciones intelectuales: la noción de ciencia en el marxismo, sus lecturas de Antonio Gramsci y las bases desde las cuales propusieron repensar el marxismo y la política de los PC en Europa. Leia Mais

Historia de las Prisiones. San Miguel de Tucumán, n.12, enero/junio, 2021.

I. Historiografía de las Instituciones de reclusión.

II. Recensiones Bibliográficas

Claves – Revista de Historia. Montevideu, v.7, n.12, 2021.

Cultura e imágenes en los siglos XIX y XX latinoamericanos

Imagen de portada:

[Detalle de:] Conmemoración de la Declaratoria de la Independencia. Plaza Independencia. [25 de agosto de 1894; Intendencia Municipal de Montevideo- (Catálogo Centro de Fotografía de Montevideo); S/d. de autor; Código de referencia: 0063FMHB; Soporte: Vidrio; Técnica Fotográfica: Gelatina y plata; (en Dominio Público)]

Tema Central

Temática Libre

Foros y Eventos

Bibliográficas

Participantes en la edición

Rumos da História. Vitória, v.2, n.11, jan./jul. 2021.

Editorial (p.1)

Expediente (p.4)

Rumos da História. Vitória, v.1, n.11, jan./jul. 2021.

Expediente (p.1)

Uberização: a nova onda do trabalho precarizado / Tom Slee

SLEE T Uberizacao 2 Uberização
Tom Slee / Foto: Sally Montana – Divulgação /

Sobre a obra

O fenômeno da economia do compartilhamento − que se populariza pela propaganda de um negócio em escala local, que conecta proprietários de dados recursos com pessoas em necessidade desses bens − é retratado na obra de SLEE (2017). Através de intensa pesquisa em fontes jornalísticas e utilização de bancos de dados públicos, o autor analisa a atuação de empresas no setor de economia do compartilhamento e desmistifica a propaganda que levou essas corporações a assumirem proporções gigantescas. Ocupando uma significativa proporção no mercado de Wall Street, corporações, como Rappi, Ifood, Lyft, TaskRabbit, WeWork e Airbnb, promoveram lobby nos setores financeiro, jurídico e imobiliário visando à garantia da flexibilização do vínculo trabalhista adotado por essas empresas.

O estudo minucioso de Slee (2017) pode ser tomado como referência para além dos casos descritos pelo autor. Assim, seria possível o extravasamento dessa análise fazendo paralelos com iniciativas atuais de flexibilização dos vínculos trabalhistas em setores nos quais esse impacto ainda é mais tímido, como, por exemplo, no setor educacional. Além do exemplo da massificação de cursos online no Ensino Superior (SLEE, 2017, p 52), nos últimos anos, a categoria do magistério assistiu à implementação de flexibilização do trabalho docente no setor público através da criação do vínculo empregatício de professor eventual. Esse tipo de vínculo não oferece ao trabalhador uma renda fixa, sua remuneração é calculada mediante à demanda por seu trabalho. Dessa forma, o professor eventual trabalha substituindo faltas ou licenças de professores efetivos, recebendo por aulas lecionadas (VENCO, 2018, p 9). Um vínculo empregatício com características que se enquadram no fenômeno de economia do compartilhamento (SLEE, 2017, p14-16) ou uberização do trabalho (FONTES, 2017, p 54). Ainda no campo educacional, as projeções para os próximos anos se relacionam com o desafio da garantia de direitos trabalhistas do magistério a longo prazo. Após a pandemia provocada pela Covid-19, expandiu-se a compra do uso de plataformas para veiculação de atividades pedagógicas por acesso remoto. Essa conjuntura fomenta incertezas sobre a continuidade dos programas de oferecimento de atividades pedagógicas não presenciais fora do período da pandemia. Aponta-se que em uma eventual decisão de continuidade dessas políticas de acesso remoto, estas seriam beneficiadas pela estrutura utilizada no período da Covid-19. Além disso, há receio sobre o investimento no vínculo de trabalho docente por tutoria remota em detrimento da promoção de editais de concurso público para sanar o déficit de professores nas redes públicas de ensino. Dessa maneira, o estudo de caso das corporações da economia do compartilhamento de Slee (2017) permite a extrapolação dessa análise a outras iniciativas que adotam esse mesmo modelo de flexibilização dos vínculos trabalhistas. Nesse sentido, a obra apresenta relevância para o campo das humanidades por sua análise de um fenômeno atual e em corrente expansão. O livro divide-se em nove capítulos que serão descritos a seguir.

Nas notas de edição, por Tadeu Breda e João Peres, e no prefácio à edição brasileira, de Ricardo Abramovay, fica explícito, que no original, Tom Slee (2017) não se utiliza do termo “uberização”. Esse emprego poderia restringir o fenômeno da economia do compartilhamento a apenas essa corporação. O autor utiliza os termos economia do compartilhamento (sharing economy), economia dos bicos (gig economy), consumo colaborativo (collaborative consumption), economia em rede (mesh economy), economia sob demanda (on-demand economy) e plataformas igual para igual (peer-to-peer plataforms) para definir a atuação dessa modalidade de negócios. Dessa maneira, o título original em inglês, What’s yours is mine: against the sharing economy (O que é seu é meu: contra a economia do compartilhamento), não foi traduzido de maneira literal para o português. Essa foi uma opção assumida pelos tradutores por compreenderem que a discussão sobre economia do compartilhamento no Brasil se intensifica a partir da popularização da Uber nas principais capitais nacionais.

O primeiro capítulo da obra de Slee (2017), intitulado “A economia do compartilhamento”, introduz a temática e apresenta o discurso sedutor de propaganda desse setor. A economia do compartilhamento se autodefine como plataformas de conexão de pequenos grupos de compartilhamento com foco comunitário. Contudo, as pequenas empresas que se enquadrariam nesse perfil ou foram compradas ou serviram de transferência de clientes para grandes empresas. Já as grandes corporações desoneram-se de sua responsabilidade com os trabalhadores que empregam, conclamando-se como intermediadores entre aqueles que prestam o serviço e aqueles que o demandam. Ainda no primeiro capítulo, são apresentadas a sequência e a segmentação da obra, a justificativa para sua elaboração e a defesa sobre o perigo da desregulação trabalhista trajada sob o discurso da sustentabilidade e empreendedorismo individual.

O segundo capítulo, intitulado “O cenário da economia do compartilhamento”, apresenta alguns mecanismos que as corporações utilizaram para manterem seus interesses. A organização Peers teve protagonismo na representação das corporações da economia do compartilhamento. Em específico, sobre a promoção de lobby nos setores legislativos e no movimento pela desregulação. A Peers atuou nas disputas judiciais entre a Airbnb contra ações mobilizadas pelo ramo da hotelaria de distintas cidades, assim como atuou na flexibilização de regras para o setor de transporte no estado da Califórnia, o que beneficiou a Uber. Tom Slee afirma que os três setores mais expressivos na economia do compartilhamento seriam o setor de hospedagem (43%), transporte (28%) e educação (17%) (SLEE, 2017, p 55). Em relação ao setor educacional, mostra-se plausível a hipótese de que seu percentual pode ser maximizado a partir da oferta de atividades pedagógicas não presenciais em virtude da pandemia pela Covid- 19. Período no qual houve grande expansão da venda de plataformas para vinculação de aulas online.

O terceiro capítulo, intitulado “Airbnb, um lugar para ficar”, dedica-se à descrição da origem do Airbnb até seu crescimento exponencial, alterando a mobilidade nos centros urbanos de cidades turísticas como Paris. Entre 2013 e 2015, o Airbnb em Nova York contava com 40% de seus anunciadores sendo proprietários de mais de um imóvel. Os anúncios desses proprietários representavam 43% das reservas efetivadas pela plataforma. Fato que invalida o discurso da empresa de representar pessoas comuns, compartilhando acomodações em seus apartamentos com turistas que buscam reservas temporárias. Da mesma maneira, a narrativa Airbnb contra o monopólio de grandes hotéis torna-se retórica vazia diante do investimento de grandes empresas hoteleiras no setor da economia do compartilhamento (SLEE, 2017, p 83). Se há algum prejuízo no setor de hospedagens, este tem sido acumulado por pequenos hotéis independentes com o maior gasto com taxas e regulações. O que torna desigual a competição entre essas acomodações com aquelas que não arcam com os custos da regulação (SLEE, 2017, p 84).

O capítulo 4, intitulado “De rolê com a Uber”, é dedicado à atuação do setor de transporte na economia do compartilhamento. O autor aponta que o manual de redação da agência de notícias Associated Press afirma que o termo economia do compartilhamento não deveria ser usado para descrever as ações da Uber, designando o serviço prestado pela empresa como “serviço de viagem chamada” (SLEE, 2017, p 102). Como a Uber se beneficiou da atuação da Peers e como a relação que a empresa estabelece com seus motoristas enquadra-se nos moldes da desregulação, Slee localiza a empresa no setor da economia do compartilhamento, ao lado da Zip car e Lift. A Uber, ainda que não tenha se associado diretamente aos lobistas da Peers, beneficiou-se de uma campanha promovida por essa associação na Califórnia. Este estado criou, em 2013, uma regulação específica para o setor de Empresas de Rede de Transporte. Esse segmento conta com motoristas sem registro na prefeitura, que não precisam submeter seus veículos ao mesmo tipo de inspeção pelo qual passam as empresas de táxi, por exemplo. Para além da atuação da Uber lucrando mediante a não garantia de direitos trabalhistas e da dispensa de gastos com regulação, a empresa também se mostrou falha na seleção de seus motoristas a partir de critérios de idoneidade que garantam a segurança dos passageiros (SLEE, 2017, p 132).

No capítulo 5, intitulado “Vizinhos ajudando vizinhos”, o autor se dedica a analisar as plataformas que oferecem serviços domésticos de limpeza, trabalhos de manutenção e entregas de supermercado, como a Taskrabbit, Instacart, homejoy e handy. Apesar de serem menos conhecidas no Brasil, são empresas comumente acessadas nos Estados Unidos. A receita é bem parecida com a dos outros setores da economia do compartilhamento: uma plataforma se populariza com o slogan de conectar pessoas que precisam de um serviço e aquelas dispostas a oferecê-lo. Contanto que aqueles que oferecem o serviço aceitem que o deslocamento, que as ferramentas e que os recursos para realização do trabalho sejam custeadas pelo próprio trabalhador. Enquanto, por exemplo, a plataforma homejoy que oferece o serviço, recebeu 40 milhões de fundos de investimento da google (SLEE, 2017, p 166-167).

O capítulo 6, intitulado “Estranhos confiando em estranhos, dedica-se ao trato dos sistemas de avaliação das plataformas como um mecanismo que aferiria confiabilidade. Slee (2017) aponta que o sistema de avaliação pode refletir como o usuário avalia a eficiência do serviço prestado, como o conforto ou presença de lençóis limpos em uma diária de hospedagem.

Contudo, a maioria dos hóspedes não conseguiria avaliar se a acomodação respeita as prescrições de prevenção e combate a incêndio ou se os alimentos a serem consumidos foram manipulados com higiene (SLEE, 2017, p 181-182). Ou seja, o sistema de avaliação dos aplicativos não consegue cobrir questões referentes à regulação do serviço prestado. O sentido de avaliação das plataformas baseia-se em um sistema de reputação sem critérios prévios que orientem a avaliação. Portanto, de maneira subjetiva e informal, em uma sociedade fortemente estruturada pela estratificação social, misoginia e racismo. Como não considerar que esses elementos incidam sobre essas avaliações? Para além disso, Slee aponta para uma tendência no sistema de avaliações, evidenciando a relação frágil entre qualidade do serviço e as notas recebidas (SLEE, 2017, p 189-190).

O capítulo 7, intitulado “Uma breve história da abertura, assim como o capítulo 8, traça um panorama do ambiente digital do qual emergiu a economia do compartilhamento. Slee afirma que a política de dados abertos em vez de produzir mais equidade, substituiu um conjunto de instituições poderosas por outro (SLEE, 2017, p 207). A abertura não poderia ser considerada uma alternativa ao mercado comercial ao passo que convive com este. Por exemplo, o Youtube, ao mesmo tempo que compartilha conteúdo gratuito, também, gera lucro a uma grande empresa (SLEE, 2017, p 210). Assim, o autor aponta que a abertura apresenta uma tendência a criar “mercados menos competitivos e negócios mais poderosos” (SLEE, 2017, p 211).

O capítulo 8, intitulado “Escancarado, analisa a combinação entre lucro e a evocação de um caráter mais pessoal advindo da noção de compartilhamento, manifesto através da internet. O livro encerra-se com a conclusão de Slee (2017), já anunciada no título do capítulo 9 “O que é seu é meu. O autor afirma que os valores não comerciais na economia do compartilhamento foram deixados de lado em prol da expansão do livre mercado. A evocação de um modelo mais humano para o universo corporativo resultou em uma forma mais agressiva do capitalismo, com desregulação das garantias trabalhistas e uma nova onda de trabalho precarizado (SLEE, 2017, p 297).

Síntese

A obra de Slee (2017) brinda a literatura do campo das humanidades ao apresentar um texto que sumariza a gênese e a atuação das corporações da economia do compartilhamento, fenômeno recente e em crescente expansão. O estudo de caso das corporações retratadas permite a extrapolação dessa análise a outras iniciativas que adotam flexibilização dos vínculos trabalhistas em setores em que esse impacto ainda é mais tímido. Como, por exemplo, no setor educacional. Aqui, infere-se que esse setor pode apresentar significativa expansão dentro da economia do compartilhamento a partir da compra em larga escala de pacotes de vinculação de aulas remotas em plataformas online, em virtude da suspensão de atividades pedagógicas presenciais como uma das medidas de contenção do espalhamento da Covid-19, durante o ano letivo de 2020.

Referências

FONTES, Virgínia. Capitalismo em tempos de uberização: do emprego ao trabalho. Marx e o Marxismo, v. 5, n. 8, jan./jun. 2017. Disponível em: http://www.niepmarx.blog.br/revistadoniep/index.php/MM/article/view/220/177. Acesso em: 09/07/2020.

SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. Tradução de João Peres. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

VENCO, Selma. Situação de quasi-uberização dos docentes paulistas? Revista da ABET,v. 17, n. 1, janeiro a junho de 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/abet/article/view/41167. Acesso em: 09/07/2020.

Regina Lucia Fernandes Albuquerque – Doutoranda no Programa de Pós graduação em Educação, Conhecimento e Inclusão Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre pelo Programa de Pós graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro na modalidade técnica de Formação de Professores. Atua com pesquisa em Sociologia da Educação.


SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Editora Elefante, 2017. Tradução de João Peres. Resenha de: ALBUQUERQUE, Regina Lucia Fernandes. Cantareira, [Niterói], v.34, p.678-683, jan./jun. 2021. Acessar publicação original [IF].

 

Campo a História. Caruaru, v. 6, n.1, 2021

 

Lugares da História no século XXI | Revista Latino-Americana de História | 2020

O trabalho historiográfico necessita de teoria e método, mas não se faz apenas um ofício. É necessário a/o historiador/a atribuir sentido ao que pesquisa. Através do engajamento, teoria e prática se encontram, ultrapassando os limites da universidade e, até mesmo, criando uma ponte entre essa e a comunidade.

A História precisa abarcar a todos, sem excluir suas particularidades. Necessita contemplar vários aspectos, incluindo diferentes ângulos, sendo crítica em seus olhares. O fazer histórico deve estar aliado à educação e, atualmente, à tecnologia, se fazendo conhecer entre os especialistas e o grande público. Leia Mais

Revista Latino-Americana de História. São Leopoldo, v.9, n.24, 2020.

Lugares da História no século XXI

Expediente

Editorial/Apresentação

Dossiê

Artigos

Resenhas Críticas

Publicado: 2020-12-31

Revista Nordestina de História do Brasil. Cachoeira, v.3, n.5, 2020.

Capa: Lucas Teixeira, Designer gráfico, Rio de Janeiro, Brasil.

Revisão da capa: Editora Motres, Salvador, Brasil.

Editorial

Entrevista

Publicado: 2020-12-31

Hipátia. São Paulo, v.5, n.2, 2020.

 

Infância e educabilidades | Revista Nordestina de História do Brasil | 2020

A proposta de organizar o dossiê temático Infância e Educabilidades na Revista Nordestina de História do Brasil (RNHB) incide no interesse em divulgar este campo historiográfico e a sua produção na Bahia. Parte do interesse conjunto das organizadoras em apresentar as possibilidades de articulações e relações entre o campo de pesquisa histórica sobre a Infância com aquelas referentes às diversas formas de sua Educabilidade – na Escolarização ou Educabilidade Formal; nas Educabilidades Informais; e nas Educabilidades Não-Formais, na perspectiva daquelas que ocorrem em diversas relações socio-históricas. O âmbito espacial é o Brasil, contemplando qualquer período de sua história.

Por infância compreendemos como uma classe especial de pessoas qualitativamente e hierarquicamente diferentes dos adultos, cujos critérios para definir esta fase da vida humana são social e historicamente condicionados.

E como afirma Neil Postman:

Não devemos confundir, de início, fatos sociais com ideias sociais. A ideia de infância é uma das grandes invenções da Renascença (…) a infância, como estrutura social e como condição psicológica, surgiu por volta do século XVI e chegou refinada e fortalecida aos nossos dias.[1]

Dessa forma, alguns autores, como Postman, defendem que a ideia de infância surgiu associada diretamente ao desenvolvimento da prensa gráfica, que possibilitou a impressão de livros, e, consequentemente, o acesso democrático à leitura, alfabetização socializada. Surgindo, portanto, o fenômeno da escolarização que tinha como alvo a criança.

Outro historiador de grande destaque e um dos pioneiros em história da infância é Philippe Ariès, em seu livro História Social da Criança e da família [2]. Este autor, embora não discorde da importância da escolarização na construção da infância, enfatiza as mudanças nas relações familiares resultantes da economia capitalista e do surgimento de uma classe burguesa para explicar a origem da ideia de infância e as subsequentes práticas voltadas para promover a socialização deste grupo de forma diferenciada dos adultos. Ariès dialogou diretamente com a segunda geração da Escola dos Annales, dedicando-se à produção de uma história da infância através de uma história das mentalidades. É inegável a influência deste autor na história da família e da infância no Brasil, que, no início, recorre principalmente aos estudos demográficos para estudar estes campos historiográficos. Uma das pioneiras a estudar a história da infância foi a historiadora Maria Luiza Marcílio. Esta, a partir de pesquisas desenvolvidas no Centro de Estudos Demográficos e Históricos na América Latina (CEDHAL), publicou, em 1988, o livro História Social da Criança Abandonada. A autora demonstrou o universo da criança abandonada e sem família desde o período colonial até as primeiras décadas do século XX [3].

No final década de 1990, a história da infância no Brasil aproximou-se da história social da cultura, enfatizando os aspectos sociais, de gênero e de raça que definem e redefinem a infância, nos mais diferentes períodos históricos. Da mesma forma, a história da educação ampliou seu escopo para as questões de escolarizações e educabilidades. Incorporou também as proposições da História Cultural e da História Social. Acompanhando estas novas tendências da história da infância e da história da educação/escolarização/educabilidades, o nosso dossiê objetivou aglutinar pesquisas diferenciadas sobre estas interfaces historiográficas. Uma das propostas no dossiê temático foi a de que os artigos apresentassem pesquisas empíricas feitas para a Bahia/Brasil, espaço histórico-geográfico e sociopolítico da norma editorial da RNHB, nas suas múltiplas temporalidades, assim como, com usos de fontes históricas dos mais variados espectros.

Quanto aos recortes e problematizações, o interesse foi que estes enfoquem nas subtemáticas referentes às intersecções dos amplos campos temáticos entre Infância e Educabilidades, tais como os projetos institucionais de asilamento e proteção à infância; as infâncias, suas educabilidades e as relações de classe, gênero e raça; as propostas de instituições escolares para a infância; a infância presente nos impressos pedagógicos, livros e materiais didáticos para a educabilidade da infância: a infância nas reformas educacionais; as territorialidades e cartografias da infância e das suas educabilidades; categorizações e classificações de infância nas escolarizações e medicalizações, articuladas ou não: usos da mão de obra infantil articuladas à escravidão, liberdades, à formação de ofício e profissionalização nas suas articulações com educabilidades; resistências e táticas de sujeitos anônimos e subalternos em diversos espaços e formas de educabilidade e experiências de ou com a infância; infâncias e trabalho, bem como a idealização da infância e do amor materno e seu oposto, a negação da maternidade.

Assim, os artigos do dossiê Infância e Educabilidades apresentam algumas das atuais investigações sobre estas temáticas, no esforço de ampliar e divulgar o campo. São sete artigos, que, temporalmente, referem-se três à primeira República; um ao período do Segundo Império e sua sociedade escravista; um às lembranças e memórias deste período imperial e dois ao período mais recente do Brasil. Recobrem à Bahia, enquanto espaço geográfico e administrativo, ao enfocarem sujeitos da capital – Salvador –, dos “sertões” de Feira de Santana, Juazeiro, Caetité – do recôncavo –, São Gonçalo dos Campos, e do baixo Sul-Marau e Camamu.

São trabalhos realizados por pesquisadores (as) no âmbito de cursos de pós-graduação e graduação, assim como na pesquisa continuada de caráter profissional do (a) historiador (a). A ordem de apresentação escolhida pelas organizadoras foi a do recorte de ordem alfabética dos autores (as).

Andréa Barbosa e Camila Mota em Nem presa, nem morta: direitos reprodutivos no Brasil e o movimento feminista abordam o debate sobre a negação do mito do amor materno mediante a análise do aborto no Brasil e a associação entre a maternidade e a maternagem como atributo exclusivo da reprodução e do “destino biológico” dos corpos femininos. Para tanto, recorrem ao argumento de que a imposição da culpa e do pecado às mulheres que praticam o aborto é decorrente de uma mentalidade que impõe unicamente à mulher os cuidados e a socialização da criança. A naturalização da maternagem, ou seja, os cuidados e a educação de uma criança são atribuídos a uma suposta natureza feminina. Dessa forma, para investigar este processo de criminalização da negação da maternidade através do aborto, as autoras analisam a legislação penal brasileira que criminaliza esta prática, especificamente o Capítulo I do Código Penal de 1940 e a historicidade deste código. Da mesma forma, investigam o perfil das mulheres que abortam no Brasil mediante a análise da Pesquisa Nacional do Aborto (PNA), realizada no ano de 2016, assim como a posição das teorias feministas acerca da reprodução. Por fim, as autoras concluem que transpor as desigualdades de classe e gênero e alcançar a equidade dentro da sociedade de classes é preciso para dar às mulheres o direito de escolher ou não ser mãe.

Em espaço interiorano, a cidade de Juazeiro, na Bahia, o artigo O Aprendizado Agrícola de Juazeiro e o ensino para pobres e negros (Bahia, 1909-1930) de Daiane Silva Oliveira e Maurício de Oliveira da Silva trata da experiência de educabilidade da criança rural, sertaneja, no Aprendizado Agrícola instalado nesta cidade, em 1910. Apresenta pesquisa empírica sobre esta instituição entre 1919-1930, e problematiza a sua criação como parte dos desdobramentos dos projetos civilizatórios republicanos e suas elites agrárias. Os autores destacam que estes aprendizados foram instalados em outros estados do país, de acordo com um critério de “tradição agrícola”. A escrita apresentada priorizou destacar nos aprendizes desta instituição – meninos e meninas – a evidência da presença de crianças pobres e negras a partir de um conjunto de fotografias de 1920, com a metodologia de heteroatribuição da classificação racial, conforme Maria Lúcia Muller [4]. Além desse registro fotográfico, foram utilizados documentos oficiais como as mensagens de Presidentes da República, Relatórios, mensagens e diversos Comunicados oriundos do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (MAIC) do Brasil.

Ione Sousa e Bruna Santana da Silva trazem a primeira referência ao século XIX, ao Segundo Império e à sociedade escravista brasileira com Ingênuos (as) e seus serviços: estratégias de usos e modos de fuga (Bahia, 1874-1900). As autoras apresentam algumas experiências nos usos da mão de obra de ingênuos na Bahia, temática já percorrida pelas mesmas, pelo uso de dispositivos legais como a Tutoria e a Assoldada para a circunscrição do trabalho do (a) “ingênuo (a)” – o (a) filho (a) da mulher escrava nascido (a) livre por força da Lei 2040, de 28 de setembro de 1871, conhecida como Lei do Ventre Livre. São educabilidades no trabalho do labor na lavoura, no qual mães-cativas e sua parentela deveriam preparar futuros trabalhadores (as) na mesma sujeição. Mas nem sempre esta estratégia deu certo pelas ações contrárias de mães, parentes e dos próprios (as) ingênuos (as). Lançando mão de uma rica documentação que registra as relações entre as crianças ingênuas, suas mães, proprietários e ex-proprietários escravistas, tutores, assoldadores, Curadores de Órfãos, Juízes de Órfãos, destacam sujeitos que protagonizaram experiências contundentes nas lutas pela liberdade no cativeiro que existiu no Brasil.

Jacson Lopes Caldas n’A infância negra e o aprendizado de saberes populares femininos: memórias da ceramista Crispina dos Santos e da artesã Marilene Brito em Feira de Santana – BA traz narrativas sobre a educabilidade do saber-fazer de práticas de artesanato familiar feminino e popular via as memórias da ceramista Crispina dos Santos e da artesã Marilene Brito. São saberes transmitidos por gerações de mulheres negras – em lugares de memória – destas sujeitas na cidade de Feira de Santana, que se entrelaçam, da infância à vida adulta, em aprendizados transmitidos no cotidiano de mães/avós/tias como táticas que possibilitaram o trabalho no comércio do artesanato popular como meio de sobrevivência durante a fase adulta.

Maria Cristina Machado de Carvalho em Tradições orais: memórias transgeracionais do trabalho de crianças escravizadas – São Gonçalo dos Campos (Bahia, 1880-1950) também trata dos aprendizados familiares no trabalho cotidiano, quanto às tensas experiências do trabalho da criança escrava. Enfoca as memórias familiares transgeracionais nas narrativas sobre experiências/conhecimentos/testemunhos relacionados à vida dos antepassados, transmitidos por meio das narrativas orais através das gerações no período de 1880 a 1950, em São Gonçalo dos Campos, local de intensa produção fumageira e de subsistência.

Ainda sobre o interior da Bahia, alto Sertão de Caetité e circunvizinhanças, Miléia Almeida em “O fructo de amores ilícitos”: Infanticídios na contramão do mito do amor materno (Alto Sertão da Bahia, 1890-1940) focaliza experiências de mulheres sertanejas pobres quanto à gravidez, aborto e infanticídio. Problematiza representações sobre a infância expressas em processos judiciais, artigos da imprensa, assim como ressaltadas nas práticas femininas costumeiras que estes registros permitem evidenciar. Considera que a concepção de infância “historicamente construída nas sociedades ocidentais”, assim como “o mito da maternidade inata”, serviram de base para a condenação de mulheres que vivenciavam outros valores socioculturais. Sob uma perspectiva da análise de gênero, o texto busca colocar as mulheres como sujeitos e provocar o debate de um “tabu histórico”.

O último texto deste dossiê, de Verônica de Jesus Brandão, O jardim de infância nas teses apresentadas pelos professores primários da educação pública do município de Salvador nas Conferências Pedagógicas (1913-1915) nos faz retornar à Salvador e à primeira República ao explorar a criação dos Jardins de Infância como espaços de educabilidade. Problematiza que embora esta forma de educabilidade não estivesse oficialmente elencada nos temas das referidas Conferências Pedagógicas, a importância das mesmas nos projetos de educadores a colocou em pauta, numa variedade de temas: currículo, espaços e reflexões dos docentes sobre o Jardim de Infância.

Assim, terminamos esta primeira tentativa de sistematização do campo, óbvio que com lacunas e omissões. Agradecemos à RNHB a iniciativa de submissão de propostas e o acolhimento da nossa.

Notas

1. POSTMAN, Neil. O desaparecimento da Infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999. p. 12.

2. ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.

3. MARCÍLIO, Maria Luiza. História Social da Criança Abandonada. São Paulo: HUCITEC, 1988.

4. MULLER, Maria Lúcia Rodrigues. Professoras Negras na Primeira República. Cadernos PENESB, Niterói, v. 1, n. 1, p. 21-68, 1999.

Andréa da Rocha Rodrigues Pereira Barbosa –  Doutora em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) Feira de Santana, BA, Brasil. E-mail: andrearocha66@hotmail.com  Orcid: http://orcid.org/0000-0001-8376-1945

Ione Celeste Sousa –  Doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Professora da UEFS Feira de Santana, BA, Brasil. E-mail: ionecjs@gmail.com  Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9721-750X


BARBOSA, Andréa da Rocha Rodrigues Pereira; SOUSA, Ione Celeste. Apresentação. Revista Nordestina de História do Brasil. Cachoeira, v.3, n.5, p.6-11, jul./dez. 2020. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

 

 

Ciencia Nueva – Revista en historia y política. Pereira, v.4, n.2, 2020.

Julio – Diciembre

Presentación

Estudios Históricos

Ciencias Políticas

Dossier

Reseñas

Publicado: 2020-12-31

Ars. São Paulo, v.18, n.40, 2020.

EDITORIAL

  • Editorial
  • Dária Jaremtchuk, Liliane Benetti, Sônia Salzstein
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ENSAIOS VISUAIS

ARTIGOS

PUBLICADO: 2020-12-31

Revista de História da Arte e da Cultura | Campinas, v.1, n.2, jul./dez., 2020


Revista de História da Arte e da Cultura. Campinas, v.1, n.2, jul./dez., 2020

Capa: Théodore Chassériau, Sapho,1849. Óleo sobre madeira, 27 x 21 cm. Musée d’Orsay, Paris.

PUBLICADO: 2020-12-30

ARTIGOS

Revista M. Rio de Janeiro, v.5, n.10, 2020.

Dossiê, n.10: Dispositivos estatais e construção social de mortos

Editorial

Dossiê

Artigo Livre

Em campo

Resenha

Publicado: 2020-12-30

Khronos. São Paulo, n.10, 2020.

Dossiê “Artes, História das ciências e técnicas: interações”

EXPEDIENTE

  • ·                  Expediente
  • Equipe editorial
  • PDF
  • Equipe editorial
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  • Equipe editorial
  • PDF

EDITORIAL

  • ·                  Editorial
  • Gildo Magalhães
  • PDF

DOSSIÊ “ARTES, HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS E TÉCNICAS: INTERAÇÕES”

TRADUÇÃO

NECROLÓGIO

PUBLICADO: 2020-12-30

Revista de Historia. Neuquén, n.21, 2020.

Datos Editoriales

Artículos

Dossier

Publicado: 2020-12-30

Monções – Revista de Relações Internacionais. Dourados, v.9, n.18, 2020.

Amazônia: Palco de Lutas e Reflexões

EXPEDIENTE

APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ

ENTREVISTA

ARTIGOS DOSSIÊ – AMAZÔNIA, PALCO DE LUTAS E REFLEXÕES

ARTIGOS – SEÇÃO MISCELÂNEA

PUBLICADO: 30/12/2020

Asclepio – Revista de Historia de la Medicina y de la Ciencia. Madrid, v.72, n.2, 2020.

Estudios

Reseñas

PUBLICADO: 2020-12-30

Contextos – Estudios de Humanidades y Ciencias Sociales. Santiago, n.47, 2020.

Presentación

Artículos

Notas

Reseñas

Colaboraciones

Publicado: 2020-12-30

História da Arte e da Cultura. Campinas, v.1, n.2, jul./dez. 2020.

Capa: Théodore Chassériau, Sapho,1849. Óleo sobre madeira, 27 x 21 cm. Musée d’Orsay, Paris.

ARTIGOS

PARECERISTAS

DOCUMENTOS

PUBLICADO: 2020-12-30

Afro-Ásia. Salvador, n.62, 2020.

Editores: Fábio Baqueiro Figueiredo, Iacy Maia Mata e Jamile Borges da Silva.

Editor de resenhas: João José Reis.

Editora assistente: Regina Mattos.

Capa: Zeo Antonelli sobre fotografia de Arlete Soares.

Artigos

Resenhas

Publicado: 2020-12-30

Língu@ Nostr@. Vitória da Conquista, v.7, n.2, 2020.

Ensino de Língua Portuguesa, leitura e produção de texto na educação básica

Apresentação

Artigos – Dossiê

Publicado: 2020-12-30

Intelligere. São Paulo, n.10, 2020.

Dossiê Amado Luiz Cervo

APRESENTAÇÃO E SUMÁRIO

DOSSIÊ

EXPEDIENTE

PUBLICADO: 2020-12-29

Cadernos do Tempo Presente. São Cristóvão, v.11 n.02, 2020.

Jul – Dez 2020: Revista Cadernos do Tempo Presente

Artigos

Resenhas

Publicado: 2020-12-29

Cadernos de Pesquisa do CDHIS. Uberlândia, v.33, n.2, 2020.

A imagem “Perspectivas” é de Érika de Freitas Arvelos. Agradecemos a Érika por gentilmente ceder os direitos dessa imagem que ilustra a capa dessa edição da Revista Cadernos de Pesquisa do CDHIS.

Mário Costa de Paiva Guimarães Júnior

Editorial

Apresentação

Arquivo, Documento e Memória

Artigos

Notas de Pesquisa

Relato de Experiência

Publicado: 28-12-2020

Boletim Historiar. São Cristóvão, v.7, n.03 (2020): Set./Dez. 2020

Artigos

Publicado: 2020-12-28

Pilquen. Buenos Aires, v.23, n.4, 2020.

Revista Pilquen. Sección Ciencias Sociales

  • Período octubre- diciembre
  • Publicado 20/12/2020

ARTÍCULOS

NOTAS

RESEÑAS

PUBLICADO: 2020-12-28

Clío & Asociados. La Plata, n.31, jul./dic. 2020

Prólogo

Dossier: Conquista y conflicto en América: materiales para su enseñanza

Artículos

Reseñas

Publicado: 2020-12-28

Revista de Arqueologia. Pelotas, v.33, n.3, 2020.

Gestão de Acervos Arqueológicos

Editorial

  • Fernanda Codevilla Soares, Luis Cláudio Pereira Symanski, Rafael Guedes Milheira
  •  PDF

Apresentação

Especial

Publicado: 2020-12-28

Escuela de Historia Virtual. Córdoba, n. 18 (2020)

Presentación

Dossier: Historia de la Cultura Material: Objetos, Agencias, Procesos

Artículos

Resúmenes de Tesis de Grado y Posgrado

Reseñas

DOI: https://doi.org/10.31049/1853.7049.v.n18

Publicado: 2020-12-27

Cuadernos de Historia – Serie Economía y Sociedad. Córdoba, n.25, 2020.

ARTÍCULOS

PUBLICADO: 2020-12-27

ArtCultura – Revista de História Cultura e Arte. Uberlândia, v.22, n.41, 2020.

Apresentação

Além-Brasil

Dossiê: História & visualidades

Artigos

Resenhas

Publicado: 2020-12-26

Teoria da História. Goiânia, v.23 n. 2, 2020.

História e Psicanálise

ARTIGOS DE DOSSIÊ

ARTIGOS LIVRES

TRADUÇÃO

ENTREVISTA

RESENHA

PUBLICADO: 24-12-2020

Cadernos de História. Belo Horizonte, v.21, n.35, 2020.

Temática Livre

Expediente

Apresentação

Temática Livre – Artigos

Resenhas

Publicado: 23-12-2020

Fênix. Uberlândia, v.17, n.2, 2020.

Dossiê: Os Destinos das Democracias nas Imagens

Editorial

Dossiê

Artigos

Resenhas

Publicado: 2020-12-23

 

Anales de Historia Antigua Medival y Moderna. Buenos Aires, v. 54, n.2, 2020.

Artículos

Publicado: 2020-12-23

 

Sobre o autoritarismo brasileiro | Lilia Moritz Schwarcz

Um país historicamente caracterizado por uma cidadania incompleta e falha, marcado por políticas de mandonismo, patrimonialismo, várias formas de racismo, sexismo, discriminação e violência. Uma nação que, apesar de vivenciar o maior período de vigência do estado de direito democrático desde 1988, não conseguiu constituir uma cultura democrática efetiva e nem uma república plena, combater de fato suas desigualdades e a concentração de renda, a discriminação contra negros e indígenas, e eliminar as práticas de violência de gênero. Resultantes de contradições estruturais e históricas, esses problemas continuam basicamente inalterados e tendem a reaparecer – à semelhança de um fantasma para nos assombrar – em momentos de crise política, econômica e social, de polarização política e da ascensão de governantes autoritários eleitos com base no uso das mídias sociais.

É o Brasil do início do século XXI – seus males, problemas e raízes históricas – e o incontestável ressurgimento do conservadorismo e do autoritarismo com a eleição de Jair Messias Bolsonaro que a historiadora Lilia M. Schwartz discute em seu livro Sobre o Autoritarismo Brasileiro, em diálogo com as reflexões de seu livro anterior Brasil: Uma Biografia2 – escrito em conjunto com a historiadora Heloísa M. Starling – e inspirado nas reflexões sobre o Brasil contemporâneo em sua coluna quinzenal no Jornal Nexo. Leia Mais

1968 – 50 anos depois: Culturas – artes – políticas: utopias e distopias do mundo contemporâneo | Alcides Freire Ramos e Rosangela Patriota

Em história, é abstrata toda “doutrina” que recalca sua relação com a sociedade. Ela nega aquilo em função de que se elabora. Sofre, então, os efeitos de distorção devidos à eliminação daquilo que a situa de fato, sem que ela o diga ou o saiba: o poder que tem sua lógica; o lugar que sustenta e “mantém” uma disciplina no seu desdobramento em obras sucessivas, etc. O discurso “científico” que não fala de sua relação com o corpo social é, precisamente, o objeto da história. Não se poderia tratar dela sem questionar o próprio discurso historiográfico. Michel de Certeau

Po di Sangui 1, filme de Flora Gomes, discute questões amplas sobre a produção do conhecimento racionalista e a magia espiritual de Guiné-Bissau. Na aldeia Amanha Lundju, sempre que uma criança nasce, os demais adultos plantam uma árvore para simbolizar o seu crescimento espiritual. A árvore cumpre a função de duplo, de extensão corpórea e existencial, que em muitos casos opera na posição de escuta dos sofrimentos do sujeito, gerando um efeito terapêutico que dilui a agonia interna. A dramatização é desfeita pela fala, dissemelhante, por exemplo, ao drama vivido por Willy Loman, no filme Death of a Salesman 2, de Volker Schlöndorff, que sofre internamente sem a presença de um outro que o pudesse escutar para a elaboração dos seus sofrimentos, ponto dramático que o leva ao trágico falecimento/suicídio. Leia Mais

Foucault e a teoria queer: seguido de Ágape e êxtase: orientações pós-seculares | Tamsin Spargo

[…] tanto investimento na crença de que a sexualidade é natural não significa que ela seja.

Spargo, 2017, p. 15.

Nos últimos anos, os estudos queer no Brasil ganharam destaque para além do que se costumava ver diante dos estudos da área de Educação, Psicologia e das Ciências Sociais. Ganhou força na História, desenvolvendo-se em seus processos autocríticos, de forma a jogar luz em recortes que atravessam gênero, raça, sexualidade e classe social. A construção do campo dos estudos das relações de gênero tomou novas cores e sabores com as percepções das teorias de gênero, as quais se convencionaram chamar de queer, adentrando áreas do conhecimento ainda conservadoras. Leia Mais

História & Teoria Queer | Miguel Rodrigues Sousa Neto

História & Teoria Queer, publicado em 2018 pela editora Devires, é uma das primeiras obras publicadas no Brasil que busca apresentar a potencialidade, os usos e as apropriações da Teoria Queer (PÉREZ NAVARRO, 2019) pelo saber histórico. Com prefácio da socióloga Berenice Bento1 e posfácio de Alessandra Ramos2, a coletânea soma 13 capítulos, divididos em duas partes.

Na primeira, intitulada “Teoria queer e historiografia: contribuições ao debate”, focaliza-se os jogos de (in)visibilidade de temas como as homossexualidades, as transgeneridades e a relação da alteridade na escrita da história. Genealogicamente, a Teoria Queer chegou ao âmbito acadêmico brasileiro no início dos anos 2000 por caminhos diversos como a Educação (LOURO, 2001), a Linguística (LUGARINHO, 2001) e as Ciências Sociais (BENTO, 2006). Todavia, ainda tem uma presença tímida no campo historiográfico (SOUZA e BENETTI, 2012; REA e AMANCIO, 2018). Leia Mais

Cadernos de História. Belo Horizonte, v.21, n.34, 2020.

Travessias: Recantos, Contos e Cantos de Nossa Gente

Expediente

Editorial

Dossiê – Travessias

Publicado: 23-12-2020

Os destinos das democracias nas imagens | Fênix – Revista de História e Estudos Culturais | 2020

Com recuos e progressos, reconhecemos que a história da democracia é a história da inclusão de mais sujeitos, daí que o ideal seja a realização da universalidade concreta dos projetos de emancipação.

DUNKER, 2020, p. 117.

As democracias, em âmbito global, têm sido achacadas neste início do século XXI, especialmente nesta década que agora se encerra. Não que ela não tenha passado por crises anteriores. Uma questão que se coloque, talvez, é a que, tendo sido brutalmente alvejada anteriormente, nós, como coletividade, tivéssemos aprendido alguma lição e nos tornamos capazes de afastar outros ataques a ela. Esse foi um pensamento enganoso, caso tenha de fato existido. Não há que se falar em democracia ideal, mas em democracias possíveis, seus limites e os modos de ampliação de sua efetividade. Christian Dunker, no ensaio “Psicologia das massas digitais e análise do sujeito democrático”, citado acima e presente na obra Democracia em risco?, publicada pela Companhia das Letras em 2019, indica seu ponto ideal, expressado na inclusão e na emancipação.

Mas, as democracias contemporâneas têm estado, por vezes, “em vertigem”. Se tomarmos o modelo iluminista de democracia e tentarmos aplicá-lo na análise das atuais experiências é possível que haja larga inadequação. Qual será a elasticidade do conceito? É provável que seja aquela dada pela materialidade da experiência histórica da democracia ou pela capacidade de imaginá-la, o que nos leva ao seu aspecto inclusivo. Por isso, o presente dossiê trata das democracias, ou seja, das experiências sociais experimentadas, materializadas, utópicas e distópicas, de organização social e dos modos de convivência coletiva na contemporaneidade. A produção imagética e a leitura de imagens neste mesmo momento histórico têm sido estruturantes das sociedades, considerando sua existência nacional, fronteiriça, diaspórica e global. As imagens também têm sido utilizadas para forjar as democracias, em medida parecida de seu uso para ataca-las. O dito “uma imagem vale mais que mil palavras” tem sido apropriado em sua literalidade para usos políticos e representacionais, dotando-as de um valor, por vezes, excessivo, e, em outras, minando seu possível valor. As imagens participam, assim, das disputas da democracia, em cada experiência dela sobre a qual pudermos nos debruçar e observar. Leia Mais

Faces de Clio. Juiz de Fora, v.6, n.12, 2020.

 

Poesia completa | Maya Angelou

A produção poética de Maya Angelou, recém-lançada pela editora Alto astral, constitui-se por mais de cem poemas onde a poetisa nos contempla com uma forma elevada da voz de uma das mulheres mais influentes da cultura e da literatura afro-americana. O que se designa como a voz e a vida de Maya Angelou alcança rapidamente o elo que torna algumas das vivências das mulheres negras estadunidenses um coro em uníssono. Tratarei aqui, nesta resenha, de alguns dos pontos em comum que podemos visualizar através da leitura de teóricas feministas negras como, por exemplo, Bell Hooks e Patricia Hill Collins.

É necessário ressaltar que muitos dos poemas que utilizarei aqui serão recortados visto que a poetisa apresenta uma característica preponderante relacionada ao desenvolvimento de poemas longos. Entretanto, essa característica não denota que a autora faça uso de uma linguagem tida como hermética, pelo contrário, sua poesia de versos livres almeja ser compreendida em sua própria naturalidade, a qual está intrinsecamente relacionada ao perceber-se e sentir-se negra em um país como os Estados Unidos. Nesse sentido, o poema Estados Unidos da América apresenta trechos como: “O ouro de sua promessa nunca foi extraído/O limite de sua justiça não está bem definido/Suas colheitas abundantes a fruta e o grão/Não alimentaram os famintos nem aliviaram sua dor profunda/Suas promessas orgulhosas são folhas ao vento/Sua orientação segregacionista é amiga da morte de negros/Descubra este país os séculos mortos choram (ANGELOU, 2020, p. 99)”. Leia Mais

Literatura e interartes, desdobramentos estéticos e culturais: entrelaçamentos e reverberações da memória, da história, da sociedade e as identidades |  Literatura, História e Memória | 2020

As poéticas interartes oferecem profícuo terreno para evidenciar o encontro entre as diversas linguagens e expressões a partir de uma abordagem atenta aos diálogos até mesmo por meio dos possíveis conflitos oriundos dos entrelaçamentos que perpassam as fronteiras entre as expressões artísticas. Ainda assim, essas aproximações atrelam-se a questões universais que elevam a arte a potencialidades que se referem ao seu caráter, tanto criador quanto resistente às forças que se levantam contra os discursos conciliadores diante dos encontros paradoxais da própria existência.

Foram muitos os teóricos que se debruçaram sobre o dialogismo entre as manifestações artísticas que parecem sempre dispostas a propor métodos de ultrapassar as próprias fronteiras de expressão. Para citar alguns casos emblemáticos, podem ser retomadas, por exemplo, as contribuições de Paulo Emilio Salles Gomes. Entre suas incursões pelas veredas cinematográficas, sempre em consonância com a Literatura, erigiram-se muitas pontes a conduzir e corporificar caminhos de análise e leitura. Em Decio de Almeida Prado e Anatol Roselfeld, no Teatro, é possível perceber os olhares atentos para a formação de uma crítica realizada no país em diálogo com tendências originais de diversas culturas. Já Antonio Candido traz à tona as relações entre a Literatura, a História e a Sociologia, elevando os gêneros literários a suas possibilidades comparativas às demais expressões artísticas como manifestações da sociedade na dialética que permeia o local e o universal. Leia Mais

Revista de Literatura, História e Memória. Cascavel, v.16, n.28, 2020.

PÁGINAS INICIAIS

APRESENTAÇÃO

  • APRESENTAÇÃO
  • Camila Paula Camilloti, Cleiser Schenatto Langaro, Meire Oliveira Silva

DOSSIÊ LITERATURA E INTERARTES, DESDOBRAMENTOS ESTÉTICOS E CULTURAIS

PESQUISA EM LETRAS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO E LITERATURA, ENSINO E CULTURA

PUBLICADO: 22-12-2020

Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas. Londrina, v. 21, n.4, 2020.

Artigos

Publicado: 2020-12-22

Historiar. Sobral. v.12, n.23, 2020.

Sujeitos, espaços e tempos históricos. Edição Especial: egressos do curso de História

Apresentação

Artigos – Tema Livre

Publicado: 2020-12-22

Cadernos de História. Belo Horizonte, v. 20, n.33, 2019.

Temática Livre

Expediente

Expediente

Editorial

Temática Livre – Artigos

Publicado: 22-12-2020

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.9, n.2, 2020 / v.9, n.1, 2020.

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.9, n.2, 2020.

jul-dez: A América Latina frente a pandemia do Covid-19

Boletim do Tempo Presente. Recife, v.9, n.1, 2020.

Jan-Jun

Imaginações rebeldes: disputas e derivações da artepensamento feminista | Cadernos Pagu | 2020

À ideia de incerteza viva (Volz, 2016) deriva a potência do risco e da instabilidade acerca de normatizações de corpos e subjetividades. Podemos assumir isso como o circuito em que trafegam imaginações artísticas rebeldes, em que os corpos e suas performances dissidentes, desarticulados das convenções e padrões hegemônicos, travam um embate para resistir, existir, permanecer e se (re)inventar nos variados sistemas e expressões artísticas.

Diante disso, que relações produtivas podemos estabelecer entre os pares gênero/sexualidade e arte e vice-versa, ou de que forma gênero e sexualidade, como tecnologias subjetivas, imbricam em formas artísticas e essas mesmas formas artísticas nos ajudam a repensar as relações de gênero e suas interseccionalidades? Gênero, como categoria relacional, interage com outros determinantes étnico-raciais, de classe, localização e geração, o que tornam as estruturas e conjunturas nas quais interatuam essas articulações ainda mais complexas. Ao mesmo tempo, esses “atravessamentos” se dão tempo-espacialmente, constituindo processos histórico-sociais-políticos que definem as questões artísticas em tela. Leia Mais

Trilhas da História. Três Lagoas, v.10, n.19, 2020.

Relações étnicas – Racismo, Educação e Sociedade

Apresentação

Dossiê

Artigos livres

Ensaios de Graduação

Resenhas

Fontes

Publicado: 2020-12-21

 

Diálogos. Maringá, v.24, n.3, 2020.

A Guerra da Tríplice Aliança, 150 anos depois

Editorial

Dossiê

Artigos

Publicado: 2020-12-21

CLIO History and History Teaching. Zaragoza, n.46, 2020.

Enseñar el Holocausto

Monográfico coordinado por Miguel Ángel Pallarés y María Sebastián (Universidad de Zaragoza)

MISCELÁNEA

Reseñas

Publicado: 21-12-2020

Resenhando. Alfenas, v.1, n.2, 2020.

TEORIA E CRÍTICA LITERÁRIA

LITERATURAS

LINGUÍSTICA

PUBLICADO: 21-12-2020

Oficina do Historiador. Porto Alegre, v.13, n.2, 2020.

APRESENTAÇÃO

DOSSIÊ

ARTIGOS

ENTREVISTA

RESENHAS

Publicado: 2020-12-21

Filosofia e História da Biologia. São Paulo, v.15, n.1, 2020.

Editorial

  • O décimo quinto volume de Filosofia e História da Biologia foi editado por Lilian Al-Chueyr Pereira e Martins, Maria Elice Brzezinski Prestes. | Editorial
  • Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, Maria Elice de Brzezinski Prestes |  PDF

Artigos

Historiador. Porto Alegre, n.13, 2020.

Teorias da história e história geral

Editor Chefe

Editorial

Equipe Editorial

Apresentação

Artigos

Resenhas

Publicado: 2020-12-20

Decentering History: Local Stories and Cultural Crossings in a Global World | Natalie Zemon Davies

O presente trabalho é uma resenha sobre o ensaio intitulado Decentering History: Local Stories and Cultural Crossings in a Global World2, de autoria de Natalie Zemon Davis, e que foi primeiramente apresentado, no ano de 2010, durante o Ludwig Holberg Prize Sumposium, em Bergen, na Noruega.

Natalie Zemon Davis é uma historiadora estadunidense e canadense, nascida na cidade de Detroit, no estado de Michigan, Estados Unidos. Após ter realizado a sua graduação no Smith College e o seu mestrado no Radcliffe College, no ano de 1959 ela conclui seu doutoramento na Universidade de Michigan. Foi professora em diferentes universidades como a Universidade de Princeton, a Universidade Brown, a Universidade da Califórnia e a Universidade de Toronto. Suas pesquisas, enquanto historiadora, incluem trabalhos importantes como Trickster Travels3, The Gift in Sixteenth-Century France4, The Return of Martin Guerre5 e Women on the Margins: Three Seventeenth-Century Lives6. Davis recebeu diversos prêmios e reconhecimentos como o grau honorário da Universidade de St. Andrews e a National Humanities Medal. Ambas as condecorações lhe foram entregues no ano de 2013. Leia Mais

Transversal: International Journal for the Historiography of Science. Belo Horizonte, n.9, 2020.

History and Historiography of Science

From the Editors

Articles

Book Reviews

Obituary

Published: 2020-12-19

História Cultural do humor | Faces da História | 2020

O riso e o humor sempre fizeram parte da cultura humana. Apesar disso, foi só a partir da segunda metade do século XX que as narrativas humorísticas passaram a ser legítimo objeto de estudo para a historiografia, a partir do advento da história cultural do humor. Mesmo que, metodologicamente, o estudo da comicidade seja ainda campo de difícil aproximação para o historiador devido à fragmentação dos objetos, é sempre válido apostar em uma leitura atenta das fontes, dialogando livremente com perspectivas epistemológicas.

Daí porque é possível afirmar que o estudo do humor tem se mostrado cada vez mais pujante e merecedor de abordagens originais nas mais diversas áreas do conhecimento. Leia Mais

Faces da História. Assis, v.7, n.2, 2020.

História Cultural do Humor

Equipe Editorial

Apresentação

Artigos para Dossiê

Artigos Livres

Notas de Pesquisa

Resenha

Entrevista

Publicado: 2020-12-18

Historia y Espacio. Cali, v.16, n.55, 2020.

TEMA LIBRE

  • Tema libre
  • Historia y Espacio. Cali, v.16, n.55, 2020

Artículos

Reseñas

Publicado: 2020-12-18

Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade. Campinas, v.25, n.35, 2020.

Filosofia Africana: ancestralidade e encantamento como inspirações formativas para o ensino das africanidades | Adilbênia Freire Machado

Dentre as ações afirmativas, a filosofia africana começa a ocupar um espaço importante no âmbito das discussões acadêmicas, em sinal de inquietação com os efeitos nocivos da pedagogia eurocentrada vigentes até a atualidade. Daí a expectativa diante de pesquisas realizadas em busca de respostas a determinadas questões. Então, qual o lugar da filosofia africana nesta diáspora científica? O que esperar dessa ciência em termos de reparação cognitiva? Em que medida pode gerar benefícios ao ensino? Qual o engajamento político-pedagógico de gestores em ações inclusivas? Estaria o sistema educacional brasileiro atualizado a partir dos cursos de formação de professores?

Reflexões sobre essas e outras questões estão no livro Filosofia Africana: ancestralidade e encantamento como inspirações formativas para o ensino das africanidades, de Adilbênia Freire Machado, resultado da pesquisa desenvolvida no curso de mestrado em Educação pela Universidade Federal da Bahia. A abordagem etnográfica foi elaborada a partir da vivência no componente curricular optativo História e Cultura Africana e Afro-Brasileira do curso de Pedagogia (EDCB79). Sem dúvida, um volume para leitura crítica nos debates, nas rodas de conversa e nos estudos etnológicos sobre relações étnico-raciais que tratam das ações afirmativas. Leia Mais

Escritas do Tempo. [Marabá], v. 2, n.6, 2020.

Dossiê – História: ensino, livro didático e formação de professores

Editorial

  • Editorial
  • Karla Leandro Rascke, Geovanni Gomes Cabral, Erinaldo Vicente Cavalcanti, Marcus Vinicius Reis
  • PDF

Apresentação de Dossiê Temático

Artigos

Resenhas

Expediente

Publicado: 2020-12-18

Fronteiras – Revista de História. Durados, v.22, n.40, 2020.

Fronteiras: Revista de História

EXPEDIENTE

ARTIGOS LIVRES

NOTAS

PUBLICADO: 18/12/2020

Como será o passado? História, historiadores e a Comissão Nacional da Verdade

A obra Como será o passado? História, historiadores e a Comissão Nacional da Verdade é o resultado de um projeto de pesquisa da autora, Caroline Silveira Bauer, “Um estudo sobre os usos políticos do passado através dos debates em torno da Comissão Nacional da Verdade (Brasil, 2008-2014)”, sendo este apenas um dos muitos projetos envolvendo a ditadura civil-militar, os direitos humanos e a Comissão Nacional da Verdade nos quais a autora se envolveu. Antes da publicação deste livro, Bauer havia analisado comparativamente políticas de memória no Brasil e na Argentina, e mais recentemente integra um projeto de pesquisa sobre os usos políticos do passado. Além disso, entre 2011 e 2013 foi consultora na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Portanto, dado o domínio da autora sobre o tema e sua familiaridade com tantas questões que o tangenciam, não é de surpreender que se trate de uma leitura tão interessante e instigante.

Segundo afirmado pela historiadora na introdução do livro, seu objetivo era o de “fomentar o debate sobre fazeres e práticas dos historiadores comprometidos com uma escrita da história que fundamenta suas análises no pensaras possibilidades de intervenção no mundo”1 , que considero ser seguro afirmar, a obra cumpre com maestria, trazendo à luz questionamentos sobre o papel de organizações como a CNV no estudo de história, bem como o papel de historiadores e historiadoras no que diz respeito à estes órgãos. A autora admite, contudo, que o livro pode ser considerado “inoportuno, insistente ou rancoroso”2 por quem critica o anacronismo da Comissão da Verdade, que deveria ter existido em outro momento, mas é justamente este um dos pontos da obra: compreender se esta comissão foi capaz de apaziguar os ânimos no que diz respeito a memória da ditadura civil-militar. Leia Mais

Peronismo: como explicar lo inexplicable | Santiago Farrell

Nesse livro, mais do que teorizações acadêmicas, a ideia é pensar, a partir de memórias e histórias, um fenômeno localizado e complexo: o peronismo. Já na introdução da coletânea, o organizador afirma que “o peronismo é fácil de entender, mas impossível de se explicar”. “Les he preguntado sobre el peronismo a varios argentinos a los que conosco y ningun me respondió lo mismo”, diz o organizador, continuando, “aunque todos tenían una opinión formada, a veces parecía que hablaban de cosas diferentes” (SANTIAGO, 2016, p. 11). E é nesse sentido que o livro se constrói, juntando interpretações e “variações” de Peronismo, inclusive em relação aos pontos de partida. O norte-americano Joe Horowitz, estudioso da história argentina, é o autor do primeiro capítulo, “Un fenómeno cultural más que una ideologia”. Para ele o fenômeno cultural se sobrepõe, até porque o Peronismo, mesmo que alguns digam o contrário, nunca teve uma cara muito definida em termos ideológicos. Isso mesmo enquanto Juan Perón, o fundador esteve no poder na Argentina: sua postura e suas ações sempre foram muito mais pragmáticas, inclusive nos momentos em que ele teve que negociar ou angariar aliados para suas “causas”. Leia Mais

Fronteiras – Revista Catarinense de História. Florianópolis, n.36, 2020.

Dossiê Direitos Humanos, Sensibilidades e Resistências

jul./dez. 2020

Editorial

Apresentação

  • Apresentação
  • Ismael Gonçalves Alves, João Henrique Zanelatto, Michele Gonçalves Cardoso, Samira Peruchi Moretto
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Dossiês

Entrevistas

Relatos

Resenhas

Publicado: 18-12-2020

Une histoire sociale de l’industrie en France 1830-1930 / Pierre Judet

JUDED Pierre Uberização
Audrey Milltet e Pierre Judet / Foto: Académie François Bourdon /

JUDET P Une histoire sociale de lindustrie en France UberizaçãoPierre Judet, maître de conférences émérite d’histoire contemporaine à l’Université Grenoble-Alpes, explore, dans cet ouvrage de synthèse, l’histoire sociale des mondes ouvriers des années 1830 aux années 1930 en France. Cet ouvrage s’inscrit, comme il est indiqué dès l’avant-propos, dans le cadre de la nouvelle question d’histoire contemporaine au programme du CAPES, du CAFEP et des agrégations externes intitulée « Le travail en Europe occidentale des années 1830 aux années 1930 » et est une version remaniée d’un cours que Pierre Judet professé à l’université de Grenoble. Cet ouvrage fait le tour de la question ouvrière en mobilisant une historiographie vaste et mise à jour et en traitant d’un très grand nombre de thèmes concernant cette question. Il parvient à remettre en perspective les mondes ouvriers français dans le contexte européen et multiplie les comparaisons avec les autres pays d’Europe occidentale.

Pierre Judet est un spécialiste du monde ouvrier et de l’industrie, en particulier en France ; il a travaillé sur les systèmes productifs industriels locaux (notamment montagnards), objets qu’il mobilise de nombreuses fois comme exemples dans son ouvrage. Sa thèse, publiée dans la même collection en 2004, pourrait également s’avérer très utile aux étudiants des concours car riche en exemples locaux et au cœur des bornes chronologiques du programme (Horlogeries et horlogers du Faucigny (1849-1934). Les métamorphoses d’une identité sociale et politique, PUG, La pierre et l’écrit, 2004).

Même si cet ouvrage est avant tout centré sur la France, il reste très utile aux préparationnaires des concours qui pourront y trouver des connaissances, des chiffres, une vaste bibliographie bien organisée mais surtout des exemples pertinents et intéressants. Quant aux enseignants d’histoire-géographie, ils pourront le mobiliser aussi bien au collège et au lycée qu’en classes préparatoires ou à l’université, notamment grâce aux nombreuses statistiques et aux documents proposés. En quatrième, il offre ainsi une bonne lecture pour les collègues abordant le thème 2 du programme : « L’Europe et le monde au XIXe siècle » et notamment le premier chapitre : « l’Europe et la Révolution industrielle » puisque Pierre Judet revient largement sur l’historiographie autour de cette notion de « révolution industrielle ». Les collègues enseignant en classe de 1re professionnelle pourront aussi utiliser l’ouvrage dans le cadre du premier thème sur les « hommes et femmes au travail du début du XIXe au début du XXe siècle ». Ils trouveront des exemples détaillés et originaux intéressants pour les lycéens : le compagnonnage, le corps et la santé des ouvriers, les crises sanitaires notamment la crise du choléra de 1832… Ensuite, les collègues enseignant en première générale ou technologique pourraient se servir de l’ouvrage pour le chapitre sur l’industrialisation et l’accélération des transformations économiques et sociales en France, l’ouvrage traitant de l’ensemble des problématiques au cœur du programme de première (transformation des modes de production, importance du monde rural, la question sociale…). Encore une fois, des études de documents intéressantes et originales pourraient être prises dans cet ouvrage : le tableau du nombre des indigents à Lille de 1825 à 1833 (p.130) et le texte qui suit extrait des mémoires de Martin Nadaud (p. 131) pourraient ainsi être étudiés par des élèves de première. Enfin, les collègues du supérieur y trouveront une synthèse mise à jour historiographiquement par un des spécialistes français de la question, ainsi qu’une riche bibliographie et des exemples pertinents à étudier avec leurs étudiants.

Classiquement, cet ouvrage suit une progression chronologique. Il est découpé en deux grandes périodes : des années 1830 aux années 1870, Pierre Judet traite « des classes dangereuses à la classe ouvrière » puis des années 1880 aux années 1930 « l’industrie et ses mains d’œuvre industrielles ». A l’intérieur de ces parties, les chapitres thématiques (et parfois chronologiques) permettent une vision d’ensemble de la question. Avant ces deux parties, une introduction revient sur le sujet, ses acteurs, son historiographie et les principales problématiques au cœur de la question.

Tout d’abord, la première partie est consacrée au passage des classes dangereuses à la classe ouvrière des années 1830 aux années 1930. Le premier chapitre revient sur la notion de « révolution industrielle », son historiographie et les avancées récentes sur la question, puis petit à petit sur la manière dont la France a vécu et a adapté cette révolution industrielle. Plus original, le deuxième chapitre part de l’épidémie de choléra de 1832 et est profondément un chapitre d’histoire sociale, il est l’un des chapitres les plus intéressants du livre aussi bien pour les préparationnaires que pour les enseignants qui peuvent en faire une étude de cas pour comprendre les enjeux sociaux de la révolution industrielle au début de la période. Le troisième chapitre, s’il semble très statistique, revient aussi sur le quotidien des ouvriers : leurs métiers, la pluriactivité, les lieux du travail. Enfin, le dernier chapitre de cette première partie revient sur le passage du paupérisme à la question sociale durant la période en insistant sur le rôle des acteurs : les ouvriers, les patrons, l’Etat. Cette première partie est riche en documents statistiques précieux pour les préparationnaires (notamment des statistiques comparatives avec le reste de l’Europe occidentale). Elle revient sur des points classiques mais mis à jour historiographiquement (par exemple sur les ouvrières, la place et la vie dans les usines…) mais aussi plus originaux : l’hygiénisme en France, la vision des élites de la pluriactivité, des exemples de systèmes productifs locaux au début du XIXe siècle, le compagnonnage.

La seconde partie est consacrée à l’industrie et à ses mains-d’œuvre des années 1880 aux années 1930 ; cette partie est largement plus chronologique. La partie commence par une réflexion très présente dans l’historiographie sur le « triomphe de l’usine ». En revenant classiquement sur cette question, l’auteur aborde des exemples intéressants, sur les banlieues industrielles avec Saint-Denis ou, de manière plus originale, sur la houille blanche dans les Alpes tout en présentant de nombreux acteurs du monde ouvrier (le vagabond…). Les réflexions portées sur l’immigration et les étrangers dans le monde ouvrier sont particulièrement intéressantes et entourées de documents statistiques précieux pour le préparationnaire. Le chapitre suivant s’interroge sur « l’affirmation de la classe ouvrière et la construction du champ social » en abordant des points classiques (les grèves, le syndicalisme, le tournant social de la Troisième République). Ce chapitre synthétique serait intéressant pour les collègues de première travaillant sur le thème 3 du programme sur la Troisième République avant 1914. Ensuite, le septième chapitre sur « la guerre et les mains-d’œuvre industrielles » est particulièrement pertinent, aussi bien pour les préparationnaires que les collègues de troisième ou de première (générale ou professionnelle). Cette synthèse sur la définition, le rôle et les caractéristiques de la main-d’œuvre durant la Grande Guerre est complète et permet, une nouvelle fois encore, des perspectives stimulantes avec les élèves. La fin du chapitre est consacrée à la Réforme et la protection sociale (notamment sur les grèves durant la guerre). L’avant-dernier chapitre sur les années 1920 « des mondes ouvriers en mutation » et le dernier chapitre sur « crises, espoir et déception » sont plus chronologiques et synthétiques, mais permettent une compréhension rapide des mondes ouvriers lors de ces deux décennies clés.

Pour conclure, cet ouvrage particulièrement fluide, bien écrit, organisé et problématisé, constitue un bon complément pour les préparationnaires de la question « le travail en Europe occidentale des années 1830 aux années 1930 », il permet de compléter les cours et les manuels avec des exemples classiques mais aussi originaux, tout en mettant à jour les données statistiques. Les préparationnaires regretteront, mais ce n’était pas l’objectif du livre, la concentration uniquement sur l’exemple français. Pour les enseignants, cet ouvrage est synthétique et bien mis à jour, s’il n’est pas révolutionnaire dans son contenu, il permet au professeur d’avoir accès à un grand nombre d’informations sur le sujet. Enfin, on peut féliciter la qualité matérielle de l’ouvrage qui rend la lecture encore plus fluide, mais qui explique son prix relativement élevé (39 euros).

Louis Andouche – Professeur d’histoire-géographie au Lycée Sainte-Marie de Beaucamps-Ligny.


JUDET, Pierre. Une histoire sociale de l’industrie en France. Du Choléra à la Grande crise (Années 1830-1930). PUG, 2020.Resenha de: ANDOUCHE, Louis. Association des Professeurs d’Histoire et de Géographie (APHG). 18 déc. 2020. Consultar publicação original

Abatirá | Eunápolis, v.1, n.1, 2020 / v. 1, n.2, 2020.


Abatirá. Eunápolis, v.1, n.2, 2020

Educação Escolar Indígena no Século XXI: Desafios, especificidades e perspectivas

Publicado: 2020-12-16

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Entrevista

Resenha


Abatirá, Eunápolis, v.1, n. 1, 2020.

Ensino de História da África: Possibilidades e estratégias

ISSN 2675-6781

Publicado: 2020-08-04

Expediente

Conferência

Dossiê

Artigos

Ensaios

Traduções

Entrevista

Resenha

História da Historiografia. Ouro Preto, v.13, n.34, 2020.

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Artigo

Diretrizes para autores

Pareceristas

Publicado: 2020-12-16

Educação Escolar Indígena | Abatirá | 2020

A Revista Abatirá encerra o ano de 2020 brindando a comunidade e seus leitores com o generoso dossiê, intitulado “Educação escolar indígena no século XXI”: desafios, especificidades e perspectivas”. Trata-se de um número organizado por especialistas na temática educação indígena, contendo artigos que abordam as histórias, os desafios e os avanços de um tema tão caro e necessário, o qual precisa ganhar visibilidade nos espaços universitários, escolares e populares, especialmente nesse momento em que atravessamos uma conjuntura difícil, caracterizada pela crise generalizada e pelo avanço do autoritarismo e da política antiindigena orquestrada pelo Estado brasileiro.

No percurso de contato dos colonizadores portugueses e do Estado brasileiro com os povos originários, identificamos ações detratoras que promoveram e promovem o etnocídio, o epistemicídio e o desaparecimento de saberes, línguas e cosmologias. Políticas de Estado que prometiam salvar almas e que se diziam promotoras da civilização e da cidadania, por trás da ideia de progresso, vilipendiaram os povos originários com opressão e violência sistemáticas. Leia Mais

Lésbicas e Professoras. O Gênero na Docência | Patrícia Daniela Maciel

Um livro traz reflexão e novas compreensões sobre uma temática. Diante da necessidade de dar voz e visibilidade para a questão da lesbianidade na escola, Patricia Maciel escreveu o livro intitulado como “Lésbicas e Professoras. O Gênero na Docência” por ora resenhado.

A 1ª edição foi lançada em Curitiba, no ano de 2017 pela editora Appris. Suas 197 páginas destacam as questões que fogem a norma com o intuito de compreender as relações dos sistemas discursivos hegemônicos dentro da escola. O interesse da autora é romper com sistemas de controle e de assujeitamento dos corpos diante das questões que envolvem a sexualidade, assim, têm como ponto de análise as falas do ser docente lésbico e como rompem com o discurso heteronormativo em sua vida pessoal e profissional, e como confrontam e avaliam essas experiências em torno dos padrões de gênero ao longo da sua carreira profissional.

A forma de subjetivação e de enfrentamento dos padrões patriarcais na atuação profissional das lésbicas é o foco central do livro. Nesse aspecto, os cinco capítulos discorrem sobre atitudes de resistência contra os processos de subordinação heteronormativos e para embasamento, é utilizado Tereza de Lauretis, Judith Butler, Monique Wittig e Margareth Rago visando refletir sobre a representação social do corpo feminino lésbico no ambiente escolar e sua multiplicidade de atuação contra a heteronormatividade.

Para delimitar o objeto da pesquisa, a autora realizou a busca por docentes que se encaixavam no perfil da temática via email por um período de duas semanas. Nove docentes demonstram interesse em participar, contudo, a investigação ocorreu somente com sete que aceitaram realizar as entrevistas. Assim, o ponto inicial do livro visa a autocompreensão subjetiva das docentes lésbicas em torno da relação da escola e gênero. Para isso, destaca a multiplicidade de definições acerca da diversidade e o autorreconhecimento da sexualidade que foi encontrado, entendendo que, ser docente e lésbica não homogeneíza a visão das entrevistadas. Ao conceituar os resultados concomitante as ideias de Jorge Larossa, a autora do texto ora resenhado, discorre que a prática de conhecimento é uma condição de ascese para a experiência de existência.

Como resultado, é destacado três grupos de análise: O primeiro, as docentes podiam falar de si como lésbicas nas escolas. O segundo tem como foco a evidencia das lutas e os enfrentamentos contra os processos de condutas patriarcais no ambiente escolar e a valorização de suas experiências como lésbicas. Por fim, o último grupo de análise destaca como docentes reconstroem a feminilidade fora do padrão heteronormativo no ambiente escolar.

Para reconhecer a heterogeneidade das entrevistadas, a pesquisadora destaca no primeiro capítulo o perfil de cada através da autodescrição. O segundo capítulo descreve o efeito dos discursos de gênero na construção docente. Vale ressaltar que a autora ao se basear nos estudos de Michel Foucault, Judith Butler, Tereza de Lauretis, Linda Nickolson, Paul Beatriz Preciado e Guacira Lopes Louro, os conceitos de sexo/gênero utilizados ultrapassam os conceitos binários e tem como ideia central o dispositivo da sexualidade para descrever os discursos, enfatizando assim, as singularidades dos relatos e experiências sobre gênero de cada docente lésbica.

Tendo como referência as ideias de Foucault, o livro destaca o entendimento sobre o sexo como um poder que ganha legitimidade pela linguagem e práticas e leva o indivíduo a pensar de acordo com determinados domínios do saber. Entender o sexo/gênero como uma tecnologia discursiva que controla o campo das significações sociais e que produzem no sujeito algumas significações é destacado no decorrer da obra a ideia que, a partir das tecnologias dos discursos, se forma uma ideia do “eu” que se conhece e se controla através da sexualidade.

Cabe salientar que a autora respaldada em Louro (2008), descreve a forma que as professoras falam de si mesmas como uma forma de atravessar limites e fazer seu próprio obstáculo para penetrá-los, superá-los e transpô-los e assim, pensar fora da lógica imposta e viverem a sexualidade. Nesse aspecto, incita uma reflexão sobre a instabilidade profissional e pessoal causada pela escola por utilizar a heterossexualidade compulsória como normalizador das condutas sociais do ambiente escolar que reprime as professoras lésbicas para exercerem sua profissão.

Outra singularidade observada é sobre o significado que a escola atribui ao gênero e a forma que influi na relação das professoras com seus alunos. O tom e o sentido que as entrevistadas dão às suas trajetórias como professoras interferem no seu reconhecimento como lésbica. Mesmo que as entrevistadas não falem de forma explicita na escola sobre sua sexualidade elas garantem através do enfrentamento das normas sexistas, a defesa dos alunos gays e das alunas lésbicas, mas isto não garante que a escola fale de forma aberta sobre gênero.

Através dos relatos das professoras é notório que a hegemonia patriarcal no ambiente escolar ainda vigora de forma impositiva e normalizadora. Fugir à regra hegemônica é resistência, desafiar as regras de controle dos corpos é dar voz aos sujeitos em formação que são inferiorizados e marginalizados pelas estruturas sexistas dominantes tão enraizadas e que podem acarretar em danos irreversíveis na vida dos estudantes LGBTQIA+.

Nesse sentido, o cap. 3 descreve sobre os efeitos das experiências de si e do ser docente dentro da perspectiva da multiplicidade do discurso de gênero que dá forma ao sujeito. É destacado que as professoras pesquisadas ressignificam a docência e produzem uma ética de si para ser usada no campo educativo, assim, a forma que conduzem suas experiências como mulheres e a forma que vivem a sua sexualidade são vista como um ascese, uma episteme para pensar a partir da singularização e no modo como elas se relacionam com o mundo e com os seus alunos. Através dessas experiências elas tentaram introduzir novos espaços e novos modos de mudanças na cultura e na sociedade.

O penúltimo capítulo descreve sobre a produção dos femininos na escola mediante os discursos performativos e como as entrevistadas se auto afirmam individualmente como mulheres, professoras e lésbicas. A reflexão baseia-se nas relações de poder em torno dos discursos entre o ideal de mulher e os discursos flexibilizadores das suas escolhas.

Ao descrever como são produzidos os femininos e corrobar com os estudos de Hall (2000), o livro mostra que as identidades não são iguais, nem mesmo em meio a uma cultura histórica do povo. Assim, ao mostrar como se produz os femininos nas falas das professoras, a autora destacou os processos políticos universais que visam construir os discursos com o intuito de criar as desigualdades. Dessa forma, é observado nas entrevistas como funcionam os discursos de gênero e como estes constroem a si por meio da diferença. As falas das docentes demonstram que muitas vezes as estruturas de poder não dão às professoras lésbicas um essencialismo identitário aceitável, pois estas estruturas estão sempre em alerta em relação ao gênero da mulher e o que é visto como aceitável em relação à prática da feminilidade no mundo heteronormativo, mas mesmo diante de tantos obstáculos, elas assumiram uma forma de desconstruir os discursos binários baseados na lesbianidade.

Cabe salientar que apesar das professoras problematizarem sobre gênero na escola a partir das suas experiências como seres engendrados, algumas apresentaram receio e insegurança no tratamento dos alunos na escola. Um exemplo é o discurso da professora Ana que relata a mudança no seu jeito de tratar os alunos da educação infantil dos alunos dos anos iniciais e fundamental por receio de ser mal interpretada, ou seja, ela deixa que o padrão heteronormativo influencie na sua relação interpessoal onde a homossexualidade não é aceita, pois a escola nega tais relações como um de seus rígidos referentes culturais. “Em relação a isso, posso afirmar que: 1) os alunos têm dificuldades para significar as estéticas, os comportamentos e as posturas das professoras pesquisadas; 2) a escola não lhes proporciona condições para que eles possam pensar em outros tipos de feminilidades” (p. 178).

No último capítulo a autora termina suas considerações sobre a pesquisa destacando o redimensionamento da sua experiência como pesquisadora que as narrativas das docentes lhe oportunizaram. Ao relembrar como as professoras são envoltas diariamente por relações de poder através do dispositivo de gênero e como elas precisam interpretar, negar, afirmar e transformar esses discursos em sua vida para continuar sua vida pessoal por serem corpos sociais, é o ponto de destaque do livro e que norteia toda a reflexão do livro.

Ao realizar a leitura, percebi que caminhar para um processo de normalização do gênero nas escolas é uma busca que ainda necessita de longos caminhos, principalmente nas escolas públicas onde os sujeitos são invisibilizados e envoltos por questões políticas e de controle tradicional dos corpos. Mas a potência dos discursos das professoras tem dado voz para a desconstrução dos padrões sexistas que envolve o ambiente de atuação profissional.

Através da utilização de seus corpos como impulso para subverter a ordem binária instituída no ambiente escolar, as docentes lésbicas veem em seu trabalho uma forma de reestruturar as percepções sociais, mesmo sendo muitas vezes oprimidas pela heteronormatividade. Desta forma é notória a emergência no apoio e multiplicação das lutas contra determinismos falocêntricos para um maior reconhecimento dos sujeitos LGBTQIA+, bem como a necessidade de pesquisas que envolvam a temática da lesbianidade no ambiente escolar, pois desta forma, conseguiremos voz e um novo olhar para debates sobre gênero e sexualidade que ainda é invisibilizados e vista como um tabu científico no meio social, mas principalmente, nas escolas.

Mayana Morbeck Coelho –  Pedagoga. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade – PPFREC/UESB/Jequié. https://orcid.org/0000-0003-2720-5930 Email: mmorbeckcoelho@gmail.com. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)


MACIEL, Patricia Daniela. Lésbicas e Professoras. O Gênero na Docência. Ed. Appris. 2018, p. 197. Resenha de: COELHO, Mayana Morbeck. Subvertendo padrões de gênero na docência. Abatirá. Eunápolis, v.1, n.2, p.150-154, jul./dez., 2020. Acessar publicação original [IF]

Revista Eletrônica da ANPHLAC. São Paulo, v.20, n.29, 2020.

Usos do passado recente na América Latina

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Dossiê

Artigos

Resenhas

Publicado: 2020-12-16

Pilquen. Buenos Aires, v.23, n.5, 2020.

Dossier Políticas públicas y procesos de enseñanza desde una mirada federal

Este número especial de la Revista Pilquen Sección Ciencias Sociales de la UNCo, que presenta un dossier sobre Administración Pública, responde a la convocatoria realizada oportunamente por la Red Universitaria de Carreras de Administración y Política Pública (RUCAPP)

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PUBLICADO: 2020-12-15