Posts de Itamar Freitas
Sem consentimento: a ética na divulgação de informações pessoais em arquivos públicos | Heather MacNeil
Heather MacNeil é uma das referências contemporâneas no campo arquivístico. Professora da Faculdade de Informação na Universidade de Toronto, no Canadá, suas pesquisas abordam temas que vão da confiabilidade dos documentos em ambientes analógicos e digitais a análises que tomam arquivos e instrumentos de pesquisa como artefatos culturais. Mais recentemente, com sua colega Wendy Duff, tem se dedicado ao papel dos arquivos em contextos de busca por justiça social. Foi editora-chefe da revista Archivaria, um dos mais influentes periódicos da área, entre 2014 e 2015. Leia Mais
Por um feminismo afro-latino-americano | Lélia Gonzalez
Estávamos falando do que a gente pode fazer nos próximos dez anos em termos de comunidade negra, e veja as dificuldades que a gente tem. A perspectiva é de que a gente abra alguns caminhos, e a gente tem que ter aí consciência da nossa temporalidade, ou seja, a gente vem e passa no sentido de passar mesmo, e passa também a nossa experiência para quem está chegando. Aí é que me parece que os africanos podem nos ensinar muito (Lélia Gonzalez, Entrevista ao jornal do MNU). Leia Mais
Participación ciudadana y enseñanza de la Historia/Clío – History and History Teaching/2021
Negros de prestígio e poder: ascensão social/estilos de vida e racismo na cidade de Salvador | Ivo de Santana
O livro é resultado da tese de doutorado em Ciências Sociais defendida na Universidade Federal da Bahia, em 2009, com foco nas “trajetórias profissionais de pessoas negras que vivenciaram processos de mobilidade social na administração pública” (p. 35) na capital baiana. A temática não é inédita para Ivo de Santana, já que havia desenvolvido pesquisas nos anos 1990 sobre executivos negros em organizações bancárias, tendo publicado sobre o assunto um artigo na Afro-Ásia, n. 23 (2000). Leia Mais
Los procesos de patrimonialización: museos, monumentos y conmemoraciones como dispositivos de poder y contrapoder/Revista de Historia/2021
La tradición inaugurada en los años 50 por la Escuela de Birmingham, conformada por Richard Hoggart, Stuart Hall, Raymond Williams y E.P. Thompson, propició la institucionalización de los Estudios Culturales o cultural studies bajo la tradición sociocultural. En Francia se desarrolló particularmente la sociología de la cultura, representada centralmente por la obra de Pierre Bourdieu, quien exploró dimensiones como el habitus, el gusto, los medios masivos, entre otras cuestiones. Además, la labor de R. Chartier (cuarta generación de los Annales) y sus investigaciones en torno a los libros y los lectores en la Europa moderna y la de historiadores como Robert Darnton, Peter Burke y Natalie Zemon Davis junto a la larga tradición de estudios culturales abierta por la Escuela de Frankfurt -Adorno, Horkheimer, Benjamin, Marcuse o Habermas- fue convirtiendo a lo cultural en objeto de interés. Fue concebido como textura del lazo entre los integrantes de la sociedad, como la instancia que explica la relación de la sociedad con ciertos valores, como el modo de afirmación e identificación de ciertos colectivos, como el alimento de las utopías, como productor de sentidos sobre pasados y futuros viables, entre otras formas de interpretación. Leia Mais
El mundo en movimiento. El concepto de revolución en Iberoamérica y el Atlántico Norte (siglos XVII-XX) | Fabio Wasserman
Fabio Wasserman presenta esta obra con un párrafo de la Gaceta de Lima de 1793 que evidencia la centralidad que tuvo la Revolución francesa en el área atlántica. Centralidad que los autores/as retoman como inicio de la nueva trayectoria del término revolución, siguiendo el análisis de Reinhart Koselleck. Así, desde 1789 la palabra revolución pasó de su sentido natural y cíclico, a un significado nuevo que designa una ruptura, constituyéndose como uno de los conceptos clave de la modernidad, orientado al futuro y portador de una experiencia inédita de aceleración del tiempo histórico. Leia Mais
Protagonismo negro em São Paulo: historiografia e história | Petrônio Domingues
Neste livro iluminador, Petrônio Domingues nos oferece uma introdução compreensiva às pesquisas recentes sobre a história e a cultura negra em São Paulo, muitas delas realizadas por estudiosos afro-brasileiros. Leia Mais
La democracia como mandato. Radicalismo y peronismo en la transición Argentina (1980-1987) | Adrián Velázquez Ramírez
Adrián Velázquez Ramírez nos presenta en “La democracia como mandato” una inteligente lectura sobre el radicalismo y el peronismo en la transición argentina. El libro se estructura en dos partes que no sólo abarcan el período 1980-1987, sino que lo exceden al afirmar que en esos años se estableció un lenguaje político que aún hoy habitamos. Leia Mais
Gabo, cronista da América: história, memória e literatura | F. P. G. Vieira
Na noite em que recebeu o prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez quebrou os protocolos ao comparecer à cerimônia vestido com um típico liquiliqui. A dessemelhança no traje, no entanto, representava apenas uma parte da oposição simbólica que ele traçaria na ocasião, por meio de seu discurso. Nele, o escritor destacou a existência de um nós – os latino-americanos, dos quais se colocava como porta-voz – e de um outro, os europeus para quem falava. Na relação que estabelecia entre esses dois mundos, a América Latina aparecia como vítima do saqueio, da violência e das tentativas de interpretação com base em esquemas alheios, das quais resultaria sua persistente solidão.
Essas palavras ecoavam, além de um protesto, uma visão que vinha ganhando força desde os anos 1950, fomentada por uma geração de escritores, para os quais a América Latina deveria ser compreendida como uma unidade com um passado, um presente e um destino comuns. À altura da cerimônia de outorga do Nobel, o continente havia passado, no intervalo de poucas décadas, por mais de uma revolução e assistido a uma sucessão de golpes de Estado. Os olhos da Europa observavam atentos essas convulsões e, diante deles, García Márquez se colocava como intérprete e tradutor dos impasses e sonhos latino-americanos. Leia Mais
Sguardi dall’Argentina in transizione. Dalla “Repubblica Impossibile” alle origini del peronismo | Francesco Davide Ragno
Sguardi dall’Argentina in transizione. Dalla “Repubblica impossibile” alle origini del peronismo coordinado por Francesco Davide Ragno está orientado fundamentalmente a un público italiano y no a un lector argentino. Como menciona su coordinador, tiene la ambición de echar nueva luz sobre un momento clave de la historia argentina, el periodo que se extiende entre fines de la década de 1930 hasta los primeros años de la década siguiente. Según Ragno, el libro pretende “analizar recorridos políticos y culturales específicos para tratar de afianzar el conocimiento de una historia rica y, al mismo tiempo, enredada”. Ragno propone ingresar al periodo en cuestión a través de la ventana que ofrece el ámbito político-cultural argentino, analizando, en primer lugar, el problema de la construcción de la argentinidad; en segundo lugar, la cuestión de la modernización política abierta con la promulgación y la aplicación de la ley Sáenz Peña; por último, lo que el autor denomina el “proceso de cambio generacional” causado por las muertes de los principales líderes políticos como Marcelo T. de Alvear y Agustín P. Justo. Ciertamente, no se trata de una tarea sencilla. Leia Mais
Castigar la disidencia. Juicios y condenas en la elite dirigente rioplatense/1806/1808-1820 | Irina Polastrelli
Una voz –para muchos inesperada– emerge nítida al comienzo y al final del libro: es la de Gervasio Antonio Posadas. No se trata del nombre más rutilante de la dirigencia política rioplatense del período revolucionario, pero sí de uno muy significativo. Integró el segundo Triunvirato y fue el primer Director Supremo de las Provincias Unidas del Río de la Plata durante casi un año. Y es una figura clave para el libro porque, antes y después de ocupar estas funciones, Posadas fue juzgado y condenado a diferentes penas por la Junta en 1811 –absuelto al final del mismo año por el Primer Triunvirato– y por el directorio de Rondeau, después de lo cual pasó por más de una veintena de cárceles hasta ser indultado en 1821. Leia Mais
The Things of Others: Ethnographies, Histories/and Other Artefacts | Olívia Maria Gomes da Cunha
O que primeiro chama a atenção do livro The Things of Others são suas mais de 750 páginas. Se for certo aquele ditado que diz que um bom livro deve se sustentar em pé, este possui alicerces sólidos para tal. Fruto de mais de duas décadas de pesquisa, as 65 páginas de bibliografia atestam a vastidão e densidade da empreitada. Talvez estejamos diante da obra de uma vida. Olívia Maria Gomes da Cunha, professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, transita com fluência entre a antropologia e a história e percorreu arquivos no Brasil, em Cuba, na Inglaterra e, sobretudo, nos Estados Unidos, atrás dos acervos, fundos e coleções documentais dos principais antropólogos e sociólogos responsáveis pela configuração, no campo das ciências sociais, dos chamados “estudos afro-americanos”, um processo que a autora vai conceitualizar como “a criação de um artefato de conhecimento” (p. xi). Leia Mais
Memória em Rede. Pelotas, v.13, n.24, 2021.
Editorial
- USOS DO TEMPO, ENTRE PASSADO E PORVIR: UMA INTRODUÇÃO
- Paula Godinho Godinho
Dossiê
- VOCES CEIBES: ORALIDAD, PAISAJE Y MEMORIA EN LA RIBEIRA SACRA (GALICIA, ESPAÑA)
- Xurxo Ayán, Olga Novo, Xosé Gago
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- O LACRE DA MEMÓRIA: O ARQUIVO SENSÍVEL DE AURORA RODRIGUES E A RESISTÊNCIA À DITADURA PORTUGUESA
- Paula Godinho
- OBJETOS, VITRINES E PALAVRAS. DA ESCRITA DE GUSTAVO BARROSO NO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL ÀS POSSIBILIDADES DO DEVIR
- Francisco Régis Lopes Ramos
- CÂNONE ROMÂNTICO BRASILEIRO: EXCLUSÃO DAS LUTAS INDÍGENAS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O PRESENTE
- Suene Honorato
- O CANTO ALENTEJANO: FORMAS DE RESISTÊNCIA E HORIZONTES DE EXPETATIVA
- Dulce Simões
- UMA COMUNIDADE QUE LEMBRA: AS COMEMORAÇÕES DO 85º ANIVERSÁRIO DO 18 DE JANEIRO NA MARINHA GRANDE
- Cristina Nogueira
- LITERATURA COMO RESISTÊNCIA AO GENOCÍDIO COTIDIANO: OS SARAUS REALIZADOS EM FORTALEZA, CEARÁ, 2014-2019
- Atilio Bergamini
- SOBRE MUROS DE XISTO, JAVALIS E ÁRVORES: MODOS POSSÍVEIS DE HABITAR NUMA ALDEIA DO INTERIOR DE PORTUGAL
- Ema Pires, Ricardo S. Campos
- MEMÓRIA DE FUTURO OU DEPOIS DA CURVA DE ESTRADA, O MOVIMENTO ANTIMILITARISTA IBÉRICO ENTRE 1980 E 1999
- João Carlos Louçã
- PARA UNA ANTROPOLOGÍA DE LOS SUEÑOS HUMILDES. ELEMENTOS PARA TRASCENDER EL PRESENTE ETNOGRÁFICO
- Raúl H. Contreras Román
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
Artigos
- O DECANO CLUBE JAGUARENSE EM JAGUARÃO RS: DA FUNDAÇÃO EM 1881 AO FINAL DA ÚLTIMA DÉCADA DO SÉCULO XIX.
- Alan Dutra de Melo
- TÉCNICAS DE CENÁRIOS E O MÉTODO DELPHI: VISÕES DE FUTURO PARA O PRÉDIO QUE ABRIGOU A FÁBRICA SANTA AMÉLIA
- Brenda Rodrigues Coelho Leite, Conceição de Maria Belfort de Carvalho, Kláutenys Dellene Guedes Cutrim
Ensaios
- MEMORICÍDIO DAS POPULAÇÕES NEGRAS NO BRASIL: ATUAÇÃO DAS POLÍTICAS COLONIAIS DO ESQUECIMENTO
- Leandro Aparecido Fonseca Missiatto
Ensaios Visuais
- PORTÕES DE MEMÓRIAS E VISUALIDADES DAS PAISAGENS FÚNEBRES: CEMITÉRIOS DO CAMPO DE PELOTAS (RS)
- Mauro Dillmann, Fernando Ripe, Rubens de Andrade, Lucas de Souza Pedroso
Resenhas
- ARTICULAÇÕES ENTRE DESIGN, CULTURA E MEMÓRIA
- Simone Cavalcante de Almeida
Lenguaje y política. Conceptos claves en el Río de la Plata (1780-1870) | Noemí Goldman
En diálogo con su labor sobre la historia conceptual rioplatense en el marco del proyecto Iberconceptos, que ha resultado central para los estudios comparados del siglo XIX hispanoamericano, el equipo de investigación dirigido por Noemí Goldman ha publicado recientemente Lenguaje y Política. Conceptos claves en el Río de la Plata (1780-1870). Esta compilación profundiza el trabajo que el grupo realizó sobre un conjunto de conceptos centrales en la vida pública del Río de la Plata en ese periodo en Lenguaje y Revolución (también editado por Prometeo en 2008). A través del análisis del uso de esa serie de conceptos y el contexto en que se ubicaban, las dos obras han revisado la tradicional dicotomía tradición/modernidad, evidenciando la apropiación selectiva por los actores de los términos coexistentes de naturaleza diversa. Leia Mais
A adivinhação na antiga Costa dos Escravos | Bernard Maupoil
A tradução de uma obra pioneira de etno-história africana implica também em fazer um trabalho de confronto com a versão original. No presente caso, a segunda edição em português do livro, originalmente publicado em francês, é uma tradução da obra La Géomancie à l´ancienne Côte des Esclaves, do etnólogo francês Bernard Maupoil. A primeira edição foi publicada pelo Instituto de Etnologia de Paris, em 1943. A segunda, muito provavelmente, em 1961. A terceira, segundo informa o tradutor Carlos Eugênio Marcondes de Moura (p. 12), é de 1981, com um posfácio de Claude Rivière. Algumas fontes falam de um total de 24 edições entre 1943 e 1988. O cotejo entre a obra original e sua tradução é uma das metas desta resenha. Cabe destacar o trabalho sério e paciente de tradução feito por Carlos Eugênio Marcondes de Moura, uma das autoridades mais dedicadas ao legado multifacetado da África no Brasil. Leia Mais
Morir en las grandes pestes. Las epidemias de cólera y fiebre amarilla en la Buenos Aires del siglo XIX | Maximiliano Fiquepron
Morir en las grandes pestes de Maximiliano Fiquepron versa sobre las representaciones del cólera y la fiebre amarilla en la sociedad porteña en la segunda mitad del siglo XIX. El libro, que recibió el Primer Premio de la Asociación Argentina de Investigadores en Historia a la mejor tesis de doctorado, 2017, presenta una historia de estas crisis epidémicas en tres dimensiones. La primera refiere a las representaciones colectivas sobre el miedo, la salud, la enfermedad y la muerte que circularon en ese momento. La segunda, a la forma específica en que el Estado nacional y la Municipalidad combatieron estos eventos. Y la tercera, a la relación existente entre estas crisis epidémicas y las prácticas fúnebres de la sociedad porteña del siglo XIX. Leia Mais
Razão Africana: Breve História do Pensamento Africano Contemporâneo | Muryatan Barbosa
No ano de 2021 saudamos a maioridade da Lei 10.639/03 (seus dezoito anos), conquistada através de uma luta histórica do Movimento Negro Brasileiro, pela inclusão dos conteúdos das histórias e culturas das/os afrobrasileiras/os, das/os africanas/os e de África. O livro “Razão Africana: Breve História do Pensamento Africano Contemporâneo” de Muryatan Barbosa, sem dúvida faz parte deste legado. Publicado em 2020 pela Editora Todavia em São Paulo, teve o lançamento feito online por conta do atual momento de orientação para o isolamento social, devido à pandemia da Covid-19. Foram feitas três lives com o autor para o seu lançamento no Youtube nos canais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, da Todavia e no Programa de Pós-Graduação em Economia Política Mundial da UFABC; juntas contabilizam até a escrita desta resenha mais de 1400 visualizações. Leia Mais
Ciudadanos/electores/representantes. Discursos de inclusión y exclusión políticas en Perú y Ecuador (1860-1870) | Marta Fernández Peña
Marta Fernández Peña nos propone un recorrido minucioso sobre la conformación de los sistemas políticos de Perú y Ecuador en la década de 1860 sobre el trasfondo del liberalismo en tanto cultura política. La obra -que deriva de su Tesis Doctoral distinguida por la Asociación de Historia Contemporánea- se integra con originalidad en la agenda investigativa iberoamericana sobre la ciudadanía y la representación así como, en particular, acerca del protagonismo de los ámbitos parlamentarios. En este sentido, la autora focaliza en perspectivas fecundas pero poco transitadas para estos dos países: la historia cultural de la política y las historias comparada y transnacional. Leia Mais
Trashumante – Revista Americana de Historia Social. n.17, enero/junio 2021
Investigación
- El platanal o la nación. Representaciones sociales y prácticas
- “O primeiro bispo deste Estado”. D. Gregório dos Anjos
- La indumentaria masculina en clave social. Córdoba,
- De vecinos sufrientes a ciudadanos peticionantes.
- Los procesos de profesionalización en la policía de la provincia
- Disrupting narratives of isolation: the production and circulation
- De la autonomía a la dependencia. Maíz, mercado y alimentación
- El Movimiento pro-Emancipación de las Mujeres de Chile (MEMCH).
- Entre el ocio y el trabajo. La infancia popular en las calles
- Reseñas
- Zeb Tortorici. Sins Against Nature. Sex and Archives
- Andrea Andújar y Ernesto Bohoslavsky. Eds. Todos
- Isabel Restrepo Jaramillo. Narrativas de la historia
Ensino de Frações: História – Perspectivas atuais / HISTEMAT – Revista de História da Educação Matemática / 2021
HISTEMAT – Revista de História da Educação Matemática. São Paulo, v.7, 2021. Apresentação não disponível [IF].
San Martín. Una biografía política del libertador | Beatriz Bragoni
La biografía como género nunca desapareció, quizás lo que ocurrió fue que los historiadores profesionales lo abandonaron o al menos lo dejaron de lado dentro de sus formas narrativas principales. No obstante, en los últimos años, se observa un nuevo interés de la comunidad académica por este tipo de producción. Inclinación que se ha materializado en la publicación de una gran cantidad libros que ponen a los protagonistas del pasado, más o menos conocidos, en el centro de sus indagaciones, e incluso en el armado de colecciones completas que buscan traer nuevas lecturas e interpretaciones sobre actores claves del devenir histórico. Leia Mais
Perspectivas actuales sobre Historia de la Educación en el Uruguay | History of Education in Latin America | 2021
El dossier que ponemos en sus manos, Perspectivas actuales sobre Historia de la Educación en el Uruguay, organizado en el marco de la Sociedad Uruguaya de Historia de la Educación (SUHE), pone a disposición una serie de artículos diversos sobre la historia de la educación que reúnen alguna de las siguientes características o enfoques y/o relaciones entre ellos:
- Diálogos transnacionales que intentan superar la mirada exclusivamente nacional y muestran los mecanismos de circulación de ideas, personas y/o objetos materiales, así como la actuación de instituciones y la configuración de redes de alcance transnacional. En este sentido, se pone el acento en escalas de análisis que no se reduzcan a Uruguay y que sean sensibles a la comprensión de dinámicas complejas de circulación, apropiación y reapropiación local de lo educativo.
- Giro afectivo y estética escolar. En alguna medida algunos de los artículos abordan el llamado “giro afectivo” en los estudios de historia de la educación y colocan como objetos de estudio las emociones, sentimientos, la estética, la educación del cuerpo y las sensibilidades en la educación.
- Estudios de género, sexualidades o interseccionales. En esta línea, se presentan artículos que en alguna medida abordan la historia de la educación con perspectiva de género, al pensar en la construcción de la diferencia sexual en el ámbito educativo. Por otra parte, abordan con diferentes modulaciones los vínculos entre sexualidad y educación, las masculinidades, feminidades y sexualidades en la educación, y la intersección de distintos marcadores de diferencia (género, nivel socioeconómico, edad, raza/etnia, discapacidad, diversidad sexual, entre otros), entre los aspectos más relevantes.
Exile and nation-state formation in Argentina and Chile/1810-1862 | Edward Blumenthal
El principal objetivo de Edward Blumenthal en su más reciente libro excede el análisis del impacto que tuvo el exilio en la formación de las repúblicas de Argentina y Chile, entre los años de 1810 y 1862. Pues pretende ubicar la problemática del exilio en un contexto más amplio de “transnacionalismo” antes de la propia existencia de las naciones hispanoamericanas. Con ese fin, utiliza un enfoque que sigue los lineamientos historiográficos de la obra Politics of Exile in Latin America de Mario Sznajder y Luis Roniger (2009). Blumenthal entiende al exilio como una válvula de escape que permitió evitar baños de sangre entre los principales contrincantes de las tramas políticas en tiempos de revolución y guerras civiles, cuando los estados-nación empezaban a consolidarse, o estaban en vías de hacerlo. Y si bien pretende extender su reflexión tanto sobre los proscriptos rioplatenses en tierras chilenas como sobre los trasandinos que buscaron refugio en suelo argentino, es evidente que se dedica con mayor detenimiento a los primeros, especialmente en las décadas de 1840/1850. Y ello porque el exilio de rioplatenses en tiempos del rosismo fue comparativamente mayor que el experimentado en otros países. Pero además, porque fue muy dilatado en el tiempo, y porque muchos de sus protagonistas tuvieron un rol gravitante en la política, en las instituciones y en la prensa de los países anfitriones (Uruguay, Chile y Bolivia principalmente), lo que no sucedió –al menos en esa escala- con otros exiliados latinoamericanos en sus respectivos destinos de expatriación. Leia Mais
Variaciones de la república. La política en la Argentina del siglo XIX | Hilda Sabato, Marcela Ternavasio
No dudo en calificar el libro que han coordinado Hilda y Marcela como un libro indispensable. Y lo hago por un doble motivo: es indispensable para sus colegas – a mi personalmente me ha abierto nuevos caminos para seguir pensando e investigando- y también es indispensable para todos aquellos que se internen en el fascinante territorio de la praxis republicana. Y añadiría –lo digo con un énfasis semejante al de las coordinadoras- un territorio durante aquel siglo en el que la Argentina se formó con temperamento republicano. Un siglo en fin -esta es una opinión discutible pero que comparto- de ascenso histórico. Leia Mais
42 International Standing Conference for the History of Education – ISCHE
La 42Conferencia Internacional de Historia de la Educación (ISCHE) tuvo lugar del 11 al 24 del pasado junio bajo la consigna Looking from Above and Below: Rethinking the Social in the History of Education. La misma debió haberse realizado durante el año 2020, en la Escuela de Humanidades, Educación y Ciencias Sociales de la Universidad de Orebro, en Suecia, pero tuvo que ser suspendida por un año debido a la pandemia de Covid-19. Leia Mais
A Sacred Space is Never Empty: a history of soviet atheism | Victoria Smolkin
O anticomunismo, como conjunto de ideias e atividades de oposição e combate àquilo que é entendido como comunismo – no caso, a destruição da propriedade privada, da família, das liberdades políticas, econômicas e da religião -, é tema presente em nossa historiografia. Ricardo Antonio Souza Mendes (2004), Carla Simone Rodeghero (2002) e Rodrigo Patto Sá Motta (2020) possuem estudos sobre esse fenômeno na história do Brasil. No trabalho desses autores é possível encontrar constante associação por parte das forças anticomunistas entre comunismo e ateísmo, sendo a União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS) posta como grande antítese de valores que essas forças defenderiam: a fé e tradição cristã da sociedade brasileira.
Contudo, sobre a relação entre o comunismo da URSS e o ateísmo, a historiografia brasileira carece de pesquisas que elucidem o que teria sido a história do ateísmo soviético. Uma oportunidade para sanar essa lacuna é o livro da historiadora Victoria Smolkin, publicado em 2018 nos EUA, com o título A Sacred Space is Never Empty: a history of soviet atheism (em tradução livre: Um espaço sagrado nunca está vazio: a história do ateísmo soviético). Leia Mais
Al sur de las hogueras. Inquisición y sociedad en Córdoba del Tucumán durante los siglos XVI y XVII | F. Sartori
El Santo Oficio de la Inquisición, con todo su halo de oscurantismo, es, probablemente, una de las expresiones de poder medieval y moderno más célebre en el imaginario social, condición alcanzada a través de oprobiosas memorias de persecuciones, torturas y hogueras. La historia académica tiene, sin embargo, mucho más que decir sobre el Santo Tribunal y el libro de Federico Sartori (2020) es una clara muestra de ello. Tomando como caso de estudio una de las fundaciones meridionales del imperio español en América, Córdoba del Tucumán, su libro abre la perspectiva desde la Inquisición a la sociedad de la época, contemplada entre el último cuarto del siglo XVI y el final de la centuria siguiente.
Dividido en cinco apartados que se desgranan, a su vez, en diferentes capítulos, la obra inicia dando cuenta del tratamiento historiográfico, teórico y metodológico del tema en clave de la propia experiencia del autor. Consecuentemente, el lector se introduce en la búsqueda documental de huellas fragmentadas y recompuestas gracias a un vasto trabajo en archivos seculares y eclesiásticos de Argentina, Perú, Chile, Bolivia y España. Leia Mais
Estudios de Historia de España. Buenos Aires, vol 23, no 1 (2021)
Artículos
- La cittá di Cava (1461-1501). I regesti delle carte senatore
- Massimo Siani
- 1-22
- El asesinato de Prim a través de la prensa española de finales de 1870
- Diego Cameno Mayo
- 23-38
- La emoción como fundamento de la clase: movimiento obrero y socialismo en la Vizcaya finisecular
- Sara Hidalgo García de Orellán
- 39-54
- El religioso español de Dachau: Ignacio Cruchaga
- Juan Pedro Rodríguez Hernández
- 55-76
- Eva Duarte en España: repercusión y propaganda de una visita política (1947-1948)
- Vanessa Tessada Sepúlveda
- 77-95
Circulaciones/ tránsitos y traducciones en la historia de la educación | E. Galak, A. Abramowski, A. Assaneo, I. Frechtel
Circulaciones, tránsitos y traducciones en la historia de la educación es un libro digital fruto del trabajo conjunto entre la editorial de la Universidad Pedagógica Nacional (UNIPE) y la Sociedad Argentina de Investigación y Enseñanza en Historia de la Educación (SAIEHE). Inaugura una colección denominada Nuevos enfoques en historia de la educación, que se propone reunir las producciones de un campo en crecimiento y renovación. En este caso, la obra expresa una perspectiva transnacional desde la que se analizan formas de circulación de personas y de saberes a través de diferentes soportes materiales y en diferentes coyunturas de los siglos XIX y XX. Leia Mais
Religiões e religiosidades: dinâmicas institucionais e práticas devocionais (Brasil e Portugal, séculos XVIII e XIX) | Temporalidades | 2021
Basta lermos o jornal ou assistirmos ao noticiário na TV para percebermos que a temática da religião é recorrente em nosso dia a dia. Quem nunca ouviu a expressão bancada evangélica ou escutou que grupos políticos alteraram seus discursos para não desagradar a determinados segmentos religiosos? Quem, nos últimos 20 anos, não se deparou com o conceito de fundamentalismo ou de guerra santa? Não há como negarmos a influência cultural das religiões ainda hoje. Além disso, percebemos uma constante tensão entre diferentes crenças no Brasil. Basta uma busca rápida no Google para localizarmos diversas informações sobre a violência e a intolerância religiosa. O jornal Correio Brasiliense divulgou, no ano de 2019, que as religiões afro-brasileiras são alvos de 59% dos crimes de intolerância no Distrito Federal [1]. O Relatório sobre intolerância e violência religiosa no Brasil (2011-2015) analisou a crescente violência noticiada na imprensa. Segundo os dados, 53% dos agredidos são de religiões afro-brasileiras [2]. O que explicaria toda essa violência? Por que as religiões afro-brasileiras sãos as que sofrem mais ataques? Não são questões simples de serem respondidas, mas são possíveis de serem analisadas à luz da História das Religiões. Marcelo Massenzio, ao analisar a obra de Angelo Brelich, lembra-nos que os fenômenos que atribuímos ao plano da religião podem ser percebidos em distintas sociedades, mas o conceito religião não. Este é uma construção própria do ocidente cristão (MASSENZIO, 2005, p. 179). Leia Mais
Ceremonias en la tormenta: 200 años de formación y trabajo docente en Argentina | M. Southwell
Desde la inigualable poética del Indio Solari, este libro constituye un enorme aporte, no solo para un campo y comunidad intelectual con la impronta de la historia de la educación, sino, y lo que es más importante, una contribución indispensable en los tiempos que corren, para pensarnos como educadores. Se presenta, así, como una gran invitación que abre la puerta a recorrer los avatares de la formación y el trabajo docente en nuestro país concibiéndolo como una práctica históricamente situada, como rol social, y como condición esencial para construir permanentemente nuestra identidad y proyección a futuro. Para ello, la autora va narrando en el largo plazo la rica historia de luchas que han ido redefiniendo a la docencia en Argentina desde los primeros antecedentes y orígenes del sistema educativo hasta nuestro presente, en diálogo con las transformaciones sociales de cada momento histórico. Leia Mais
Estudios de Historia de España. Buenos Aires, vol. 23, n. 2 2021
Dossier
- Introducción. Poderes politicos y resistencias En la monarquia hispanica (siglos XVI-XVIII)
- Juan Bubello, Osvaldo Víctor Pereyra
- 96-103
- Articulación territorial de los espacios de realengo en el área septentrional cantábrica del reino de castilla en la modernidad
- Osvaldo Víctor Pereyra
- 104-120
- Familias en la encrucijada. Redes sociales, lealtades y resistencias durante la Guerra de Sucesión (País Vasco y Navarra, 1680-1715)
- Rafael Guerrero Elecalde
- 121-139
- Ortodoxia cristiana y apologias esotericas en la España de Carlos V. Anillos, magia astral y magia natural en La silva de varia leccion de Pedro Mexía (1540)
- Juan Bubello
- 140-158
- “Y la llevaría a tierra de portugueses”. Resistencia y permeabilidad de la frontera imperial a través de tres estudios de caso
- Emir Reitano, Jacqueline Sarmiento
- 159-173
- La noción de resistencia cotidiana o ¿una vaga ilusión de autonomía?
- Julián Carrera
- 174-193
Reseñas bibliográficas
- RUTH MARTÍNEZ ALCORLO, Isabel de Castilla y Aragón. Princesa y reina de Portugal (1470-1498), Madrid, Sílex, 2021, 293 páginas, ISBN 978-84-18388-09-5.
- Lucía Belén Gómez
- 194-196
- DIANA ARAUZ MERCADO, Pinceles olvidados. Mujeres artistas (siglos X-XVI), Zacatecas, Universidad Autónoma de Zacatecas, 2020, 421 págs., ISBN 978-607-555-047-3.
- Junko Kume
- 197-198
- JORGE DÍAZ IBÁÑEZ Y JOSÉ MANUEL NIETO SORIA (Coord.), Iglesia, nobleza y poderes urbanos en los reinos cristianos de la Península Ibérica durante la Edad Media, Murcia, Sociedad Española de Estudios Medievales, 2019, 442, ISBN: 978-84-17157-97-5.
- Julieta M. Beccar
- 199-201
Intelectuais e resistências ao autoritarismo na América Latina | Revista Eletrônica da ANPHLAC | 2021
Em junho de 2009, a América Latina foi palco da deposição do presidente de Honduras Manuel Zelaya, fruto de uma decisão do Parlamento apoiada pelo Judiciário de seu país. O episódio foi considerado por muitos como um golpe de Estado pelo fato de Zelaya ter sido retirado sem direito à defesa, numa decisão sumária. Três anos depois, foi a vez do presidente paraguaio, Fernando Lugo, passar por um rápido processo de impeachment, levado a cabo pelo Senado, em um julgamento no qual não pôde se defender. Em 2016, um novo impeachment abalou a democracia no continente: Dilma Rousseff foi destituída do cargo de presidente pelo Parlamento após ser acusada de cometer as chamadas “pedaladas fiscais”. Durante a simbólica votação ocorrida em 17 de abril na Câmara dos Deputados, que abriu o caminho para o impeachment, o então deputado Jair Bolsonaro evocou o torturador Carlos Brilhante Ustra em seu voto pela deposição, com a intenção de exaltar a ditadura da qual Russeff havia sido vítima. Em 2018, o mesmo Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil, alcançando um resultado considerado improvável há poucos anos. Um ano depois, na Bolívia, Evo Morales renunciou ao cargo de presidente, que ocupava há treze anos, diante da violência e convulsão social derivadas da denúncia de fraude eleitoral. Sua sucessora, Jeanini Áñez, assumiu numa sessão legislativa sem quórum e, recentemente, foi presa acusada de tramar um golpe de Estado. Todos esses eventos, ao que pesem suas particularidades, podem ser apontados como exemplos de tensões nas democracias latino-americanas, mostrando que certas conquistas consideradas consolidadas após as transições democráticas das últimas décadas do século XX seguiam frágeis. Leia Mais
História e Gênero na América Latina: problemas, possibilidades e desafios interpretativos (séculos XIX e XX) | Revista Eletrônica da ANPHLAC | 2021
Nos últimos anos, a América Latina foi atravessada por uma nova “onda” feminista que reanimou tanto antigas pautas do movimento como experiências novas. Em 2015, teve início a marcha Ni una a Menos, coordenada pelo coletivo feminista argentino de mesmo nome, trazendo para a cena pública as denúncias sobre as várias faces da violência de gênero, entre elas o feminicídio. Dois anos depois, as feministas convocaram uma greve geral com um programa que visava denunciar a precarização das relações de trabalho, a falta de reconhecimento das tarefas domésticas e do cuidado materno, as longas jornadas de trabalho, o desemprego e o crescente endividamento. Toda essa efervescência foi marcada por iniciativas legislativas e intervenções que ocuparam espaços públicos, constituindo uma experiência massiva e heterogênea que conectou as ruas com a academia e os centros de pesquisa. Tais ações resultaram em uma série de protestos e marchas que se estenderam por cidades do Brasil, Chile, México, Peru e Uruguai. Em 2018, acompanhamos os pañuelos verdes, utilizados pelas ativistas argentinas em uma clara referência às Madres de Mayo, que se tornaram símbolo da luta pelos direitos reprodutivos na América Latina. No Chile, em outubro de 2019, irrompeu uma série de ações organizadas por diferentes movimentos sociais, como estudantes, idosos, trabalhadores, etc., contra as ações do presidente Sebastián Piñera, expondo, ainda, os efeitos do neoliberalismo no país. Adotado durante o regime militar de Augusto Pinochet, o modelo econômico diminuiu a responsabilidade do Estado em assuntos essenciais como saúde, educação, saúde e previdência social. As mulheres foram peças fundamentais nas ações ocorridas no país e, em novembro, organizaram a performance “Un violador en tu camino”, que incluía canção com letra que denuncia a conivência de vários setores da sociedade, sobretudo do Estado, para com a perpetuação da violência sexual contra as mulheres. A performance ecoou em vários países da América Latina, Europa e Ásia e diversas mulheres foram às ruas, com vendas nos olhos, denunciar a violência de gênero em seus países3 . Leia Mais
XXI Jornadas Argentinas de Historia de la Educación Argentina y Latinoamericana
La celebración de las XXI Jornadas Argentinas de Historia de la Educación Argentina y Latinoamericana se realizó en la Ciudad de Buenos Aires entre el miércoles 20 y sábado 23 de octubre de 2021. Las instituciones convocantes fueron la Universidad Pedagógica Nacional y la Sociedad Argentina de Investigación y Enseñanza en Historia de la Educación, siendo su Presidenta Honoraria la Dra. Adriana Puiggrós. El Comité Científico reunió colegas de diversas regiones del país vinculados a las siguientes Universidades: Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires, Universidad Nacional de Córdoba, Universidad Nacional de Entre Ríos, Universidad Nacional de General Sarmiento, Universidad Nacional de Jujuy, Universidad Nacional de la Patagonia Austral, Universidad Nacional de Luján, Universidad Nacional de Río Negro, Universidad Nacional de Rosario, Universidad Nacional de San Luis, Universidad Nacional del Comahue, Universidad Nacional del Nordeste, Universidad Nacional La Plata y Universidad Pedagógica Nacional. Leia Mais
O sertão de Oswaldo Lamartine de Faria: a biografia de uma obra / Gustavo Sobral
Gustavo Sobral e Juliana Bulhões / Foto: Apartamento 708 /
O sertão de Oswaldo Lamartine de Faria: a biografia de uma obra [2], escrito pelo jornalista Gustavo Sobral, é fruto do projeto Natal 420 anos, “enquadrado no Programa Municipal de Incentivos Fiscais a Projetos Culturais e patrocinado pelo Colégio CEI (Centro de Educação Integrada)”, comemorativo ao aniversário de fundação da cidade do Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte (RN), na intenção de “registrar a história da cidade e o trabalho de grandes e significativos pesquisadores, deixando para as gerações futuras o registro de sua memória” [3]. Portanto, a obra se propõe – o subtítulo sugere – a uma história intelectual, motivada por uma oportunidade comemorativa.
Além do ensaio de Gustavo Sobral acerca do “desenvolvimento intelectual” do sertanista, principal conteúdo da publicação, o livro é composto também por um exaustivo levantamento bibliográfico, realizado pelas bibliotecárias da Biblioteca Central Zila Mamede da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (BCZM/UFRN), Tércia Marques e Margareth Menezes, das produções de e sobre Oswaldo Lamartine de Faria e sua obra; sendo encerrado com a justificativa e agradecimentos, onde o jornalista indica as fontes bibliográficas (livros, periódicos e correspondências dispersos em acervos públicos e privados diversos) e orais (parentes e amigos do círculo de sociabilidades do sertanista) a que teve acesso[4].
Gustavo Sobral introduz o ensaio com uma apresentação do autor/objeto. Em suma, um etnógrafo identificado com um discurso regionalista construído por memorialistas que, antes dele, se dedicaram a escrever sobre um espaço distinto: o sertão do Seridó! Seu empreendimento particular teria a função de “preservar a essência sertaneja” dessa espacialidade, comprometida, na segunda metade do século XX, pelos “elementos do progresso” (modernização). O folclorista Luis da Câmara Cascudo teria incentivado Oswaldo Lamartine nesta tarefa “documental e sentimental” devido à sua ligação privilegiada com a terra e com o homem do sertão, por sua descendência direta de uma “linhagem responsável por domesticar e povoar a região, formando assim uma cultura sertaneja”. Além de sua vinculação com o sertão, Oswaldo Lamartine teria ainda as habilidades requeridas devido à sua formação técnico-agrônoma, além do acesso aos canais (pessoais e institucionais) de publicação, em um contexto intelectual interessado pelos “estudos regionais” e “aspectos sociológicos do folclore”[5].
Após a apresentação introdutória da personagem, Gustavo Sobral empreende uma narrativa cronologicamente progressiva no intuito de apresentar agora as produções do sertanista e as experiências que as possibilitaram, intercalando discussões acerca dos aspectos formais (artigos, notas e ensaios), locais (experiências vivenciadas na Fazenda Lagoa Nova, e em centros culturais na cidade do Rio de Janeiro) e estilísticos da obra (o sertão como temática privilegiada, o vocabulário regionalista, o uso de recursos ilustrativos, o olhar bibliófilo sobre o livro), revelando gradativamente os procedimentos metodológicos (etnografia, questionários, certo padrão de organização e apresentação dos conteúdos, a diversificação das fontes, a correspondência com outros estudiosos como espaço de pesquisa), as influências intelectuais (folcloristas, sociólogos e historiadores de renome, além de memorialistas e artesões seridoenses), que conformariam, enfim, os principais atributos dos escritos de Oswaldo Lamartine de Faria. Dessa forma, Gustavo Sobral pretende ter mapeado o ambiente intelectual no qual ganha evidência o trajeto percorrido pelo sertanista potiguar.
O clima de louvação e homenagem prevalece no ambiente comemorativo desfavorecendo uma abordagem crítica acerca da produção historiográfica do sertanista. Portanto, aquela que seria uma das mais importantes funções características do fazer especializado de uma reflexão historiográfica é negligenciada pela abordagem adotada nesta “biografia bibliográfica”. Para o conhecimento histórico, a própria seleção do sertanista entre os nomes que merecem considerações da reflexão historiográfica já é, em si, uma homenagem, um gesto de respeito aos estudos desenvolvidos por Oswaldo Lamartine de Faria. Contudo, isto não elimina o compromisso crítico do historiador com a produção do conhecimento e da memória historiográfica.
Gustavo Sobral chega a apresentar os principais tópicos merecedores de problematização, aqueles propriamente referentes aos procedimentos de pesquisa e escrita do sertanista e aquele referente ao lugar de onde fala Oswaldo Lamartine de Faria, mas estes tópicos não foram devidamente explorados, tal como seriam operados pelo profissional em história. Ou seja, pensar mais profunda e criticamente sobre a vinculação de Oswaldo Lamartine de Faria à oligarquia pecuarista-algodoeira seridoense e a direta relação desta com a tessitura discursiva sobre o sertão do Seridó da qual o sertanista é adepto e reprodutor; refletir sobre as implicações ético-políticas – para a escrita da história – dos posicionamentos do sertanista nos embates de seu tempo (tradição vs. modernização); e analisar o rigor (ou a falta de rigor) teórico-metodológico na produção de conhecimento realizada pelo sertanista, investigando seu uso das fontes, problematizando o sentido explicativo construído para seus objetos, esmiuçando as funções narrativa e retórica dos recursos estilísticos utilizados na construção do seu texto.
Nascido e falecido em Natal/RN, Oswaldo Lamartine de Faria (1919 – 2007) foi um técnico-agrônomo que dedicou em torno de sessenta anos a pesquisar e escrever sobre os sertões, especialmente os sertões do Seridó – mesorregião central do Rio Grande do Norte. Seus escritos receberam o reconhecimento de intelectuais e literatos como Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Câmara Cascudo e Rachel de Queiroz. Além de condecorações da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS) e da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras (ANRL). Trata-se, portanto, de um nome indiscutivelmente consagrado nos ambientes letrados, cuja obra, nos últimos quinze anos, tem recebido cada vez mais atenção da academia, tanto na área de Letras quanto em História.
Fora da academia, contudo, há tempos que o autor se tornou personagem corrente. O pertencimento a um grupo familiar das elites políticas e econômicas no Rio Grande do Norte da Primeira República lhe garante visibilidade pública desde cedo – basta uma rápida busca por seu nome na Hemeroteca Digital Brasileira [6] para o comprovar. Na maturidade, na ocasião de sua consagração literária, recebe a alcunha de “príncipe do sertão”, aludindo à linhagem genealógica dos colonizadores do sertão e ao “posto” de filho de um ex-governador de Estado (RN), deposto em 1930 pelo levante militar tenentista. Seu nome está vinculado a uma tradição historiográfica [7] da memória construída para a região do Seridó desde fins do século XIX, e relacionada àquela oligarquia, dedicada a homenagear “grandes homens” e “famílias tradicionais” responsáveis por dar a ver o Seridó como um espaço de tradições rural e patriarcal.
Apesar da identificação com a região, Oswaldo Lamartine nunca chegou a residir de fato no Seridó, suas vivências no sertão do Seridó se dão principalmente na infância e em visitas breves e esporádicas durante a vida adulta. O sertão que imortalizou em seus livros ganhou vida na biblioteca de seu apartamento, no Rio de Janeiro/RJ, onde residiu durante quarenta anos de sua vida.[8] Não é à toa o tom saudosista predominante em seus escritos, o sertão oswaldiano é de fato um sertão singular, que carrega marcas de experiências muito particulares, um sertão afetivo, escrito como espaço da saudade! Para muitos de seus comentadores, a vida que o escritor levou fora do estado será lida como um longo exílio, como uma consequência do golpe de estado sofrido pelo seu pai em 1930. A noção de exílio será mais um atributo a somar na construção da imagem de “príncipe do sertão”, destronado e forçado ao exílio, saudando “sua terra” à distância.
A monumentalização realizada sobre Oswaldo Lamartine de Faria não será desafiada no ensaio de Gustavo Sobral, mantém-se incólume, até mesmo reforçada. Grosso modo, o jornalista apresenta um pouco mais do mesmo sobre o sertanista e sua obra. Em termos de fontes, cabe chamar atenção à entrevista que o jornalista realiza com seu próprio tio, Theodosio Lamartine Paiva, que, por sua vez, é sobrinho de Oswaldo Lamartine de Faria. Apesar de ser um nome inédito na colônia de narradores que tomam o sertanista como objeto de depoimento, as informações não trazem maiores novidades para a pesquisa histórica. Suas memórias se voltam principalmente ao cotidiano da Fazenda Lagoa Nova, situada na região do Agreste potiguar, ambiente de importância para as experiências (profissional e de campo) de Oswaldo Lamartine de Faria, mas que já eram de conhecimento público. Outra fonte oral, o Pe. João Medeiros Filho, apesar de ser recorrentemente consultado para prestar depoimentos sobre o sertanista, oferece informações sobre personagens, eventos e instituições que podem ampliar o mapeamento do círculo de sociabilidades do escritor. Porém, a grande novidade desta publicação está no levantamento bibliográfico realizado pelas bibliotecárias da BCZM.
De fato, este levantamento se mostra um rico instrumento de pesquisa, ainda mais útil quando se trata de uma obra dispersa e relativamente pouco estudada.
Este breve comentário acerca da publicação do jornalista Gustavo Sobral serve para chamar atenção à necessária leitura crítica da produção do escritor Oswaldo Lamartine de Faria (e da própria personagem que se criou para este). A historiografia dos sertões continua em dívida quanto a um estudo biográfico histórico que tome o sertanista como objeto, ou de uma análise historiográfica que problematize devidamente a escrita da história praticada pelo mesmo, por isso a importância de uma pesquisa histórica profissional. A subjetividade da memória, a ficcionalização da história e a falta de rigor nas produções do sertanista são atributos que, se não problematizados, podem contribuir para a permanência de uma narrativa histórica realizada desde cima, desde a casa-grande do criatório seridoense, uma narrativa que promove certos sujeitos históricos e a invisibilização de conflitos sociais em detrimento de outros sujeitos. Portanto, o sertão posto no papel por Oswaldo Lamartine de Faria, o sertão idílico como imagina ter existido no passado, aquele “sertão de nunca mais”, deve ser cuidadosamente explorado pela perspectiva da história da historiografia, uma ótica que consegue colocar problemáticas próprias da crítica historiográfica, e que não se permita seduzir pela sofisticação narrativa, que ultrapasse a superfície dos ornamentos estilísticos, mas sem ignorá-los, muito pelo contrário, problematizando cada operação realizada pelo pesquisador/escritor.
Notas
2. SOBRAL, Gustavo. O sertão de Oswaldo Lamartine de Faria: a biografia de uma obra. Natal: Caravela Selo Cultural, 2018.
3. Ibid.
4. No sítio oficial do autor é possível ter acesso, em formato PDF, ao livro aqui resenhado, além de diversas outras publicações do autor voltadas para literatura, memória e história. Disponível em: http://www.gustavosobral.com.br/livros.php. Acesso em: 20 out. 2020.
5. SOBRAL, op. cit., p. 11 – 34.
6. BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/. Acesso em: 22 out. 2020.
7. Manoel Gomes de Medeiros Dantas (1867-1924), José Augusto Bezerra de Medeiros (1884-1971) e Juvenal Lamartine de Faria (1874-1956), pai de Oswaldo Lamartine de Faria.
8. No Rio Grande do Norte, o escritor morou na capital, Natal/RN, situada no litoral, e em Riachuelo/RN, situada na região Agreste do estado. Oswaldo Lamartine também residiu em Recife/PE, Fortaleza/CE, Lavras/MG e Barra do Corda/MA.
Eduardo K. de Medeiros – Mestrando / Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Caicó / Rio Grande do Norte / Brasil. E-mail. eduacari@hotmail.com.
SOBRAL, Gustavo. O sertão de Oswaldo Lamartine de Faria: a biografia de uma obra. Natal: Caravela Selo Cultural, 2018. 200 p. Resenha de: MEDEIROS, Eduardo K. de. Um sertão no papel: o sertão literário de Oswaldo Lamartine de Faria. Outros Tempos, São Luís, v.19, n.21, p.357-361, 2021. Acessar publicação original. [IF].
Lo que se aprende con el cuerpo no se olvida más. El deporte como vehículo de reproducción ideológica en la región del Nahuel Huapi/1930-1955 | Mariano Carlos Chiappe
Esta tesis analiza las prácticas deportivas en la región del Nahuel Huapi -principalmente en la ciudad de Bariloche- y sus relaciones con los lineamientos ideológicos de los gobiernos conservadores de la década de 1930 en Argentina y del primer peronismo entre 1943 y 1955. El autor es docente en la carrera de Educación Física en la universidad Nacional del Comahue. Desde el año 2009 forma parte de proyectos de investigación histórica dedicados al estudio de las prácticas corporales en la Norpatagonia. En este marco, la tesis parte del interés por estudiar las corporalidades y sus usos políticos, con una mirada en clave regional, comparada y de género. Leia Mais
Historia de la apropiación de la cultura escrita entre el pueblo qom del nordeste chaqueño (1960-1976) | Victoria Soledad Almiron
La vacancia de la temática indígena ha caracterizado por algún tiempo al campo de la historiografía educativa latinoamericana y argentina. Tal vez, porque supone centrarse en sujetos históricamente excluidos de los relatos históricos oficiales. Tal vez, porque la mirada estuvo cierto tiempo focalizada en la escuela, obviando otros modos de educación y, con ello, a sujetos y culturas como la indígena (Cucuzza, 1996, citado en Artieda y Nicoletti, 2017). Aunque se registran avances importantes en las investigaciones sobre educación y pueblos indígenas, Artieda y Nicoletti (2017) plantean que la temática sigue siendo incipiente en el campo de la historiografía educativa argentina, que aún no logra formar parte de relatos históricos mayores, lo cual requiere de tiempo, equipos que lo promuevan y de investigaciones. La tesis que aquí se reseña contribuye a esta línea de investigación, pues busca comprender las modalidades de apropiación de la cultura escrita de los qom del noroeste chaqueño, en un periodo aún poco estudiado que comprende las décadas del sesenta y del setenta. Leia Mais
História Social dos Sertões / Outros Tempos / 2021
Gayatri Spivak / Foto: Tweetar /
Pode o subalterno falar? Essa foi a questão formulada por Gayatri Spivak em artigo publicado em 19881 . A pergunta da professora e crítica literária indiana vem há décadas inspirando esforços na direção da descolonização da produção do conhecimento. Eivada pelo olhar certeiro da autora, a incômoda indagação conectou-se a inúmeros debates intelectuais das ciências humanas nas últimas décadas, atribuindo amplitude e autoridade ao ponto de vista feminino de uma intelectual egressa de uma ex-colônia inglesa, que colocou na berlinda o pensamento social e a teoria crítica ocidental. Podemos questionar, seguindo a reflexão de Spivak, se é válido auscultar personagens e territorialidades subalternizadas utilizando somente o arcabouço teórico-analítico oriundo de pensadores europeus entronados em instituições historicamente identificadas com diversas formas de colonialismo.
A provocação levantada pela autora ajudou a fortalecer a tendência do deslocamento do olhar acadêmico do centro para as periferias, do Norte para o Sul global, das nações centrais do capitalismo para suas margens. Essa tem sido a contribuição dos estudos pós-coloniais e decoloniais, que vem validando a instrumentalização de uma utensilagem analítica calibrada para entender os silêncios e os silenciamentos dos subalternizados, de olhos fitos nas especificidades de seus espaços de criação e reprodução sociocultural. Tal debate vem igualmente influenciando pesquisas no Brasil, especialmente no campo das humanidades. Mais que inserir os “vencidos” nos estudos acadêmicos, é preciso investigar e produzir outras epistemologias, pensadas a partir das margens. A História Social dos Sertões se insere nesses esforços, posicionando o foco em processos históricos de um Brasil distante dos grandes centros urbanos, jungidos à mesma lógica global que produz riquezas e multiplica desigualdades. Cumpre notar que a temática “sertaneja” vem sendo discutida grandemente em universidades situadas em cidades pequenas e médias, que foram contempladas no processo de interiorização de instituições de ensino superior em tempos de governos democráticos populares.
O sertão, antigo e polissêmico, historicamente observado na arte, na literatura, na música e na imagética nacional como o avesso da modernidade, tem retrucado o olhar na direção de seus intérpretes. A dita réplica pode ser observada, por exemplo, na obra de Sérvulo Roberto, artista plástico amazonense residente em Codó – MA há 30 anos, que forjou uma rica galeria temática, na qual podem ser encontradas as quebradeiras de coco babaçu, cenas de festejos locais, imagens da religiosidade popular, tudo criado em seu ateliê no Bairro São Pedro, em Codó. Destacam-se em seu repertório quadros com narrativas visuais dos mundos do trabalho, como no caso da tela “Bem perto”, produzida em 2019, que serve de capa para o presente dossiê. A obra apresenta um belo panorama em três planos, com uma quebradeira de coco debaixo das folhagens de um babaçual, ladeada por diversos homens, mulheres e crianças negras com cestos de palha na cabeça, que miram conjuntamente uma grande cidade, recoberta por um imenso sol ao fundo. Na cena, o sertão dos cocais observa a urbe, dando a impressão de que as palmeiras e as fileiras de trabalhadores empurram a metrópole, que se resguarda como uma fortaleza de prédios esguios e enfileirados. Os olhares dos personagens, segundo o artista, carregam esperanças de melhoria “bem perto” da cidade, mas a metrópole não se mostra receptiva, disposta em terceiro plano encurralada pelos olhares dos camponeses.
A urbe apresenta-se sitiada pelos camponeses. As possibilidades interpretativas da arte reposicionam o cotidiano da migração sazonal de trabalhadores pobres oriundos da região dos cocais, alvos de grave espoliação, que buscam em centros urbanos e também em grandes propriedades rurais melhores possibilidades de sobrevivência. Sob os olhos de Sérvulo Roberto, o sertão espreita a cidade.
É por esse olhar investigativo dos sertanejos, atentos ao mundo circundante do sertão, que o presente dossiê traz artigos que vão ao encontro da inquietação do artista. Textos produzidos por autores e autoras que manifestam diversas nuances da polissemia dos estudos sobre os sertões, contemplados em suas composições históricas e discursivas. Abre a edição da Revista Outros Tempos a pesquisa de José Reinaldo Miranda de Sousa, intitulada Codó: uma África sertaneja, que reflete acerca das dimensões e contribuições dos africanos na cidade de Codó, experiência que desenha no cenário dessa cidade aspectos identitários de uma África em terras maranhenses.
Logo em seguida, temos a possibilidade de encontrar o sertão dos homens no texto de Jakson dos Santos Ribeiro, intitulado, Performances masculinas em cena: o homem público da Princesa do Sertão à luz da imprensa caxiense, em que o autor problematiza as formas de ser e estar, dando possiblidades para compreender as masculinidades que se encontram e desencontram em discursos que circularam na imprensa da cidade de Caxias – MA durante a Primeira República.
Entre os textos desse dossiê também podem ser observados os sertões do período colonial, em artigo de autoria de Samir Lola Roland, denominado Sesmarias, ocupação e conflitos de terra nos sertões do Maranhão e Piauí colonial (1700-1759), em que o autor reflete acerca das disputas num interior atravessado pelos interesses de fazendeiros que esbulhavam terras indígenas seguindo os caminhos dos rios. A dita espacialidade servia de palco para constituição das experiências dos interesses do Estado e do cotidiano de exploradores adventícios, que buscavam ampliar seus domínios nos sertões do Maranhão e do Piauí.
Ainda na rota dos conflitos, encontramos outras páginas de história retratadas no texto de Anderson Coelho da Rocha, com o título: Nos sertões dos Oitocentos: escravidão, liberdade e criminalidade nos sertões da Província do Ceará (1830-1888). O autor posiciona as tensões no âmbito da sobrevivência e das relações interpessoais entre populações sertanejas, classificadas à época como “gente da pior espécie”, atravessadas pelo viés racista e pelas políticas de combate à vadiagem, que acometiam grandemente populações pobres e não-brancas, livres ou escravizadas.
Populações pobres interioranas também aparecem nas reflexões de Janille Campos Maia, que devassa em sua pesquisa um sertão de muitos conflitos e dificuldades de sobrevivência, piorados pela ocorrência da grande seca de 1877-1879. A autora trata da migração de trabalhadores do interior do Ceará em demanda da capital da província. Em Exilados do sertão: migração cearense na seca de 1877, Janille revisita tema já bastante discutido na historiografia dos sertões, adensando informações sobre o cotidiano de personagens desvalidos durante os horrores da estiagem, com foco nas ações e políticas de socorros públicos na cidade de Fortaleza.
A ambiência de pobreza e rarefeitas políticas de assistência historicamente contribuíram para maximizar a ocorrência de surtos epidêmicos, presentes nas narrativas sertanejas e em suas memórias da morte. Algumas das interpretações desses sertões adoecidos aparecem nos apontamentos realizados por Maria de Fátima Morais Pinho e Jucieldo Ferreira Alexandre, autores do texto Em toda parte só se ouvia falar em morte: a gripe espanhola no Cariri (1918-1919), cujas reflexões discorrem sobre os enfrentamentos do período da grave epidemia de gripe em terras caririenses.
Na sequência do dossiê, esse sertão de muitos sentidos também nos mostra o lugar do futebol, através das reflexões realizadas pelos autores Francisco Demétrius Luciano Caldas, Álvaro Rego Millen Neto e Bruno Otávio de Lacerda Abrahão, com o texto intitulado O futebol no sertão nordestino brasileiro: o torneio BAPE em Juazeiro e Petrolina na década de 1990, em que é possível encontrar um time de futebol protagonizando momentos relevantes para as sociabilidades locais.
Momentos de encontro e descontração apontam possibilidades de investigação para além das narrativas da pobreza que marcam as paisagens sertanejas. Nesse direcionamento, também há espaço para pensar um sertão conectado com tendências globais, que projetava um cenário de crescimento econômico através da indústria. Este é o tema central no texto de Naudiney de Castro Gonçalves, que aborda as facetas de Antonio Linard: um industrial no sertão do Cariri cearense, personagem que introduziu mudanças perceptíveis na economia local a partir da inserção de novas tecnologias, capazes de criar um movimento significativo de transformações socioeconômicas.
No campo das artes, o dossiê é contemplado por um interessante estudo de caso de Jonas Rodrigues de Moraes, intitulado História, memórias, oralidades, cultura e artes na Baixada Maranhense, importante levantamento das manifestações culturais de mestres e grupos populares nas cidades de Pinheiro, São Bento, Santa Helena e Presidente Sarney. A pesquisa fez uso de técnicas etnográficas e da história oral, cujos resultados estimularam gestores públicos locais a pensarem as possibilidades de um mapeamento cultural de seus respectivos municípios.
Por fim, mas não menos importante, este dossiê segue com a entrevista de José Carlos Aragão Silva, cujas experiências docentes servem de bússola para pensarmos as problemáticas enfrentadas por profissionais de História nos sertões maranhenses. Professor do Colegiado de Ciências Humanas / História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus Codó, o entrevistado vem trabalhando na formação de profissionais da educação básica atuantes em áreas rurais e em municípios do interior. Aragão nos convida a refletir sobre as agências desses docentes, que podem servir de farol para pensarmos a formação e a importantíssima atuação de professores fora dos grandes centros.
Como se vê, as páginas deste número da Revista Outros Tempos são compostas por diversas interpretações dos sertões, pluridimensionais e complexas. Por isso, esperamos que a audiência do dossiê possa apreciar e encontrar nos estudos que seguem inspirações e instrumentos para refletir sobre a temática, repleta de narrativas, experiências e sentidos. Boa leitura!
Antonio Alexandre Isidio Cardoso – Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo – USP Professor da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Campus Codó Codó, Maranhão, Brasil. E-mail: alexandre.antonio@ufma.br
JaKson dos Santos Ribeiro – Doutor em História pela Universidade Federal do Pará – UFPA Professor da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, Campus Caxias Caxias, Maranhão, Brasil. E-mail: noskcajzaionnel@gmail.com
Jonas Rodrigues de Moraes – Doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP Professor da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Campus Codó Codó, Maranhão, Brasil. E-mail: jonasacroa@yahoo.com.br
Os organizadores
CARDOSO, Antonio Alexandre Isidio; RIBEIRO, Jakson dos Santos; MORAES, Jonas Rodrigues de. O Sertão à espreita (Apresentação). Outros Tempos, Maranhão, v. 18, n. 31, 2021. Acessar publicação original [DR]
Entre lenguas y mundos. Josep Sabah. Las cartas de un maestro de la Alliance Israélite Universelle desde el Litoral | M. Szurmuk
Entre lenguas y mundos. Josep Sabah. Las cartas de un maestro de la Alliance Israélite Universelle, publicado por la Editorial de la Universidad Nacional de Entre Ríos, forma parte de la colección El país del Sauce dirigida por Sergio Delgado. El objetivo de la colección consiste en compilar escritos de contenido político, cultural y literario que refieran a la vida en el litoral argentino. En este caso la colección nos presenta una serie de cartas, escritas originalmente por el maestro de la Alliance Israélite Universelle, Josep Sabah, entre 1894 y 1922, en las cuales se describe centralmente la experiencia educativa en Colonia Clara, provincia de Entre Ríos, y Moisés Ville, provincia de Santa Fe. Leia Mais
História Questões & Debates. Curitiba, v.69, n.1 2021.
Religião na Grécia e Roma Antigas: Contatos, Encontros e Trocas
- Erica Angliker, Lorena Lopes da Costa
- Religion in Ancient Greece and Rome: Contacts, Encounters and Exchanges
- Erica Angliker, Lorena Lopes da Costa
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DOSSIÊ: RELIGIÕES NA GRÉCIA E ROMA ANTIGAS: CONTATOS, ENCONTROS E TROCAS
- Despótiko: Escavações e restauração de um Santuário de Apolo
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- Myths and cults of ancient Tenea
- Elena Korka, Aspasia Gioka, Antonio Corso, Konstantinos Lagos, Ioannis Christidis, Argyro Pissa
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- Of Human Sacrifice and Barbarity: A Case Study of the Late Archaic Tumulus XVII at Istros
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- The Cult of Poseidon Helikonios
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- Crotona e suas conexões religiosas e políticas com Olímpia nos séculos VI, V e IV a.C.: As evidências das imagens monetárias de águias e raios
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- Enlèvements de statues divines en bord de mer : de l’Artémis Taurique à Héra Reine
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- Héraclès et les Scythes dans la mémoire des Grecs de la mer Noire. Quelques réflexions sur Hdt. IV 8-10
- Lucio Maria Valletta
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- Os deuses no exílio: rituais religiosos e cultos romanos na poesia de Ovídio
- Júlia Batista Castilho de Avellar
- Archiloque et Dionysos autour de l’Égée
- Rafael Guimarães Tavares da Silva, Teodoro Rennó Assunção
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ARTIGOS
- Movimentos de luta pela terra no norte do RS: o acampamento Capão da Cascavel na fazenda de Sarandi (1960/62)
- João Carlos Tedesco, Joel João Carini
- Memórias Coletivas, Traumas Individuais: as memórias dos desastres socioambientais no sul de Santa Catarina (1974-2004)
- Alfredo Ricardo Silva Lopes
- Cidade, natureza e urbanização: proposições para uma história ambiental da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS
- Danielle Heberle Viegas, Eduardo Relly, Cleusa Maria Gomes Graebin
Caliandra | ANPUH-GO | 2021
Caliandra – Revista de História da ANPUH GO (Goiânia, 2021-) foi criada para fortalecer um processo de construção coletiva de conhecimento que já vem se realizando com reconhecida qualidade no estado. O periódico tem a intenção de participar desse esforço e ampliar possibilidades de divulgação científica, numa perspectiva plural e democrática.
Para isso, a revista foi pensada a partir de inúmeras sugestões, através de reuniões com membros da diretoria, coordenações de Grupos de Trabalho (GTs) e consulta aos filiados e filiadas, utilizando-se de formulários virtuais. Neste percurso, fizemos uma primeira consulta para coletar sugestões de nomes para o periódico. Numa segunda etapa, disponibilizamos as sugestões apresentadas e o nome mais votado foi esse que agora intitula a revista.
CALIANDRA, conforme o autor da sugestão, é o nome de uma flor típica do cerrado que representa práticas e vivências plurais. Essa é a intenção desse espaço, para o qual contaremos com um conselho editorial composto por pessoas de diferentes instituições do estado e do país. A equipe editorial estará assim composta: Kênia Érica Gusmão Medeiros e Cristiano Nicolini, como editores chefes; Álvaro Ribeiro Regiani, Ana Carolina Eiras Coelho Soares, Eliane Martins de Freitas, Ricardo Lenard Alves e Thais Alves Marinho, como editores científicos.
A Caliandra – Revista de História da ANPUH GO pretende ser um espaço amplo de discussão acadêmica de temas históricos. Tem como objetivo a publicação de produções originais resultantes de pesquisa científica.
[Periodicidade semestral].Acesso livre.
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Revista de Economia Política e História Econômica. São Paulo, n.45, jan. 2021.
- WTO: Is there a need for Reforms?
- Badar Alam Iqbal
- O Fundo Monetário Internacional de 1944 a 2015: mudanças e permanências
- Maria de Fátima Silva do Carmo Previdelli
- Fernando Roberto de Freitas Almeida
- O MERCOSUL e as trocas comerciais entre os estados-membros no período de 2007 – 2015
- Rodolfo Francisco Soares Nunes
- A teoria do desenvolvimento do capitalismo de Adam Smith e sua influência: diálogos inter e intradisciplinares
- Ricardo Zimbrão Affonso de Paula
- Convenções e Instituições: origens, desenvolvimento e impasses
- Lucas Mikael da Silva dos Santos
- Análises do desastre de Mariana identificadas na literatura técnica e científica
- Thamires Gabriele Macedo Silva
- Suely Maria Rodrigues
- Gilvan Ramalho Guedes
- Carlos Alberto Dias
- Ministério do Meio Ambiente: gestão e justiça socioambiental versus neoliberalismo econômico
- Nicole Stephanie Florentino de Sousa Carvalho
- Maione Rocha de Castro Cardoso
- O Brasil entre duas crises: crescimento econômico, desemprego e rearranjo político, 2010 e 2018
- Apoena Canuto Cosenza
- Igor Grabois
- A economia cafeeira e suas implicações no Brasil
- Caíque Rodrigues de Carvalho Sousa
- Francisco Francirlar Nunes Bezerra
- Francisco Antônio Gonçalves de Carvalho
- Luan Victor Brandão dos Santos
- Stênio Lima Rodrigues
- Dinâmica econômica e o setor habitacional no Brasil nos últimos anos
- Osmar Faustino de Oliveira
- Os dois caminhos de modernização da agricultura na experiência internacional
- Pedro Vilela Caminha
- Racionalização dos serviços postais no primeiro Governo Vargas
- Gabriel Crozetta Mazon
- Alcides Goularti Filho
- A curva fora do ponto: o caso de Manoel Jacques de Araujo Basto. Crédito e Descrédito no Rio de Janeiro em meados do XIX
- Luiz Fernando Saraiva
- RESENHA: SOUZA, Jessé. A Elite do Atraso: da Escravidão à Lava Jato. São Paulo: LeYa Editorial, 2017.
Rumos da História. Santa Maria, v.3, n.11, jan./jul. 2021.
Expediente (p.1)
- Patrimônio, memórias e práticas sociais: a Igreja Matriz de São Pedro do Monte da Muritiba em perspectiva histórica (p.3)
- Crislane dos Santos Fagundes (Graduada UFRB)
- Gnosticismo: do autoconhecimento à heresia (séc. I – III) (p.29)
- Roney Marcos Pavani (Mestre em História/UFES)
- Inimigos da revolução: uma análise do pensamento conservador (1789-1848) (p.49)
- Roney Marcos Pavani (Mestre em História/UFES)
Entre el cielo y el suelo. Las identidades elásticas de las clases medias (Santiago de Chile, 1932-1962) | Claudia Stern
En 1950, la destacada profesora, embajadora y feminista chilena Amanda Labarca escribió un connotado artículo sobre las clases medias en la Revista Atenea, diciendo que se trataba de un sector definido más por el “estar” que por el “ser”1. Parecen caracterizarse, sostenía, “por su actitud de tránsito”, pues “sus miembros están, no son clase media”2. Parafraseando esta idea, el libro de Claudia Stern traza una historia inscrita entre los años 1932 y 1962, perfilando una caracterización sociocultural que, efectivamente, muestra el deslizamiento permanente, la identidad una y otra vez construida y reconstruida de unas clases medias heterogéneas, complejas y, como enfatiza la autora, “elásticas”.
El “ser” y el “estar” es una dicotomía de origen filosófico que bien se aplica al análisis histórico3, pues permite visualizar lo humano en movimiento y distinguir entre lo que permanece y lo que cambia, facilitando el recorrido por entre la fluidez de lo social. Prueba de ello es que en las últimas décadas la historiografía se ha ido desplazando hacia la búsqueda de respuestas menos esencialistas y más localizadas, abriendo espacios a indagaciones poco convencionales; en otras palabras, se ha trasladado desde el ser al estar histórico 4. Leia Mais
El Liceo. Relato, memoria, política | Sol Serrano
En su obra “El liceo. Relato, memoria, política” Sol Serrano elabora un ensayo en el que aborda el tema del liceo chileno entre los años 1930 y 1960, desde la perspectiva de su carácter público y de la conciencia histórica que formó en toda una generación de alumnos que se sintieron protagonistas de la historia de Chile. A partir de la voz de liceos concretos y los actores que lo compusieron, la autora desarrolla el aura con que se ha rodeado su historia. La obra dialoga con los mitos de una época dorada de la educación chilena en el siglo XX: por una parte, rechaza la idea de que el liceo fue un espacio de construcción de igualdad social y, por otra, valida con firmes sustentos históricos que el liceo fue un eje fundamental en la construcción de la nación durante las décadas de 1930- 1960.
La obra se estructura de manera sencilla, con una introducción en la que se recogen los temas y objetivos principales a tratar y dos capítulos en los que se desarrollan los conceptos de relato, memoria e identidad de uno de los actores más relevantes de la historia de la educación chilena. Para la autora, además de centros educacionales, los liceos en Chile constituyeron un espacio sociabilidad; de tradición y a la vez de transformación, donde se gestó un proyecto de sociedad y se construyó la conciencia histórica de la nación. Leia Mais
La Universidad Nacional y Popular de Buenos Aires. La reforma universitaria de la izquierda peronista/1973-1974 | Sergio Friedemann
La obra que presenta Sergio Friedemann es el producto de su investigación doctoral sobre la experiencia de la Universidad Nacional y Popular de Buenos Aires (UNPBA) en el bienio 1973- 1974, pero al mismo tiempo incorpora elementos de sus investigaciones posteriores, basadas en una fuente privilegiada: la correspondencia de Perón en el exilio que el autor pudo consultar en su estancia en la Universidad de Stanford. Es por ello que el resultado es un libro que excede el análisis de la gestión universitaria, para inscribirse en la intersección de los estudios sobre la historia reciente -más específicamente, del peronismo- y la historia de la universidad, y es estructurado por el interrogante acerca de los actores que protagonizaron esta experiencia y sus iniciativas. Así, la hipótesis del autor consiste en que las políticas emprendidas en la UNPBA formaron parte de una reforma universitaria inconclusa, cuyos logros y límites solo pueden comprenderse al identificar rupturas y continuidades con experiencias que se venían gestando en años previos, y, a su vez, abordando la heterogeneidad del peronismo y sus disputas en el período. La reflexión sobre esta heterogeneidad desemboca en la denominación del sector que englobaba a los actores protagónicos de esta experiencia como “izquierda peronista”, que aparece definida como “una zona político intelectual de múltiples manifestaciones” en la que convivían organizaciones políticas y sociales, referentes culturales, publicaciones, y prácticas militantes, que tenían en común “la articulación en su seno de distintas versiones de la tradición marxista y la identidad peronista” (p.45). Los primeros capítulos se leen a partir de la reflexión sobre la conformación de este espacio diverso en el campo intelectual y universitario. Así, mientras existió la incorporación de ideas de izquierda por parte de sectores del movimiento peronista, el libro realiza un aporte novedoso a partir de la reflexión sobre la peronización, el acercamiento al peronismo durante la década del sesenta por parte de sectores medios y universitarios que, entre 1945 y 1955, habían nutrido las filas de la oposición. El hallazgo presentado es que no se trató de un movimiento lineal ni unilateral: a partir del relevamiento epistolar, encuentra que la incorporación de estos sectores constituyó también un proyecto de Perón y sus colaboradores, quienes, además, realizaron análisis contemporáneos sobre el fenómeno. De este modo, se habría constituido como un proceso dialógico que involucraba cambios en sectores medios, pero también un proyecto de la conducción peronista. Sin embargo, no todos los intelectuales que intervendrían en la UNPBA fueron sujetos de este fenómeno. Como ejemplo de ello es presentada la trayectoria de su primer rector, Rodolfo Puiggrós, que puede ser entendida como un antecedente de ese proceso. Una segunda dimensión privilegiada para el análisis de la conformación de este espacio es el tiempo. En el capítulo quinto se analiza el rol de las nuevas generaciones de peronistas, con la aparición en la UNPBA del 73 de debates que se habían originado en el Mayo Francés del 68: los “hijos” reivindicando la novedad y desautorizando a los mayores y sus instituciones. Sin embargo, se propone otro matiz al respecto, mostrando que este fenómeno convivía con la autorización de otras figuras rescatadas de “lo viejo”: “quienes habían luchado contra lo establecido, quienes habían sido marginalizados, excluidos: los militantes de ‘la resistencia’, el peronismo proscripto, los intelectuales sin lugar en las aulas” (p. 126). La indagación sobre vínculos generacionales novedosos se constituye como otro punto fuerte del texto, al repasar las experiencias de padres e hijos involucrados de maneras diversas en esta experiencia. Por otro lado, el autor encuentra que previamente existieron experiencias en las que se comenzaban a delinear políticas y enfoques del mundo universitario que encontrarían continuidad durante la UNPBA: el Consejo Tecnológico, las Cátedras Nacionales, la Asociación Gremial de Abogados, entre otras, son bautizadas como “experiencias configuradoras de institucionalidad” que, posteriormente, enriquecieron la gestión universitaria. Es así que la UNPBA es abordada en “dos tiempos”: como experiencia eminentemente de ruptura con el pasado en materia de gestión, pero cuyos actores protagónicos deben ser abordados a partir de procesos ubicados en “los márgenes” de ese mismo pasado. El motivo por el cual la universidad es otorgada a los sectores de la izquierda peronista dentro de la coalición oficialista aparece, por un lado, impulsado por la capacidad de bloqueo juvenil en este ámbito, pero también como parte de una táctica de atracción para los sectores medios. Es una constante del texto la evasión de las simplificaciones. Por ello, sobre el mote de “universidad montonera”, se insiste en evitar la sinécdoque: si bien esta organización tuvo un lugar relevante, en especial a partir de la inserción de la Juventud Universitaria Peronista, es presentada como una parte – importante- de un todo heterogéneo y más complejo. Son entonces la gestión y la institución de la “nueva universidad” las dimensiones presentadas prioritariamente a partir de la ruptura con el pasado y la idea de refundación. La intervención de la institución, la pérdida de su tradicional nombre, la idea de “inauguración” de una nueva universidad, la transformación del lenguaje administrativo y las modificaciones de todos los planes de estudios son cambios abruptos producidos en pocos meses que se identifican como ejemplos de un “quiebre” con el pasado. De hecho, el autor encuentra que un elemento de ruptura fundamental, como el hincapié en la masividad a través del ingreso irrestricto y la eliminación a los límites de la gratuidad, generó tensiones respecto de su sostenibilidad en el tiempo. En cambio, en el sentido de la formación y las formas de vinculación de la universidad con la sociedad, el texto presenta continuidades claras con las propuestas de las experiencias configuradoras, que en el período previo se habían mantenido en los márgenes. En esa línea se inscriben los proyectos de investigación ligados inextricablemente con la producción; y la monumental escala de las políticas universitarias que apuntaban a la relación con el “exterior” de la misma, sobre la que se afirma que alcanzó niveles que desbordaban la idea misma de “extensión”. Friedemann sostiene que la idea rectora era que la educación superior debía estar orientada a la resolución de problemas nacionales y la satisfacción de necesidades populares, diferenciándose de la idea de “universidad isla” y un cientificismo extremo. Su materialización institucional fue la creación de nuevos institutos y organismos externos que reflejaban esas preocupaciones. El texto vuelve al análisis de la política nacional mediante el relato del proceso de sanción de la “Ley Taiana”, reguladora de la educación superior que recogía algunas de las propuestas de la izquierda peronista, y cuya aprobación por unanimidad en el Senado reflejó los consensos que suscitaba. De hecho, el límite a esta experiencia provino desde el propio peronismo, reflejando una vez más su heterogeneidad. Al igual que en el Poder Ejecutivo Nacional, el cargo de rector vio pasar diversos nombres en el período, pero el libro propone un recorte para la universidad de la izquierda peronista que se inicia con la asunción de Cámpora y Puiggrós en mayo de 1973, y se cierra en septiembre de 1974 con la designación de un peronista de otro tenor: el fascista confeso Alberto Ottalagano, que inicia una etapa calificada en el texto como de “contrarreforma” y “restauración” en la que se desandaron la mayoría de los cambios recientes en la universidad. En este recorrido, el autor deja abiertos posibles temas que, a futuro, merecen ser profundizados, como el rol de actores disidentes en la universidad por fuera del peronismo , y las experiencias particulares de las facultades, cuyas autoridades y disputas políticas son abordadas, pero resta continuar las indagaciones sobre la gestión académica interna de cada una de ellas. En definitiva, el libro recorre acabadamente los senderos que transitó la breve UNPBA, pero al mismo tiempo logra trascenderlos. De ese modo, podemos concluir que la experiencia de esta universidad funciona como un elemento estructurante para un libro que, en verdad, se sumerge en temas más amplios y reclama un lugar en la biblioteca sobre la compleja relación entre el campo intelectual y el movimiento peronista, y respecto de las tensiones y transformaciones en los últimos años de la década de 1960 y los primeros de la de 1970 al interior del peronismo. Leia Mais
Pentecostalismo y misión integral. Teología del Espíritu. Teología de la Vida | Drío López
En esta nueva edición de Pentecostalismo y Misión Integral, el Dr. Darío López presenta como hilo conductor la revisión de un movimiento pentecostal desde un doble enfoque. Primero teológico, fundamentalmente analizando el relato neotestamentario del segundo capítulo de Hechos de los Apóstoles, el cual es referencia fundamental de todas las iglesias evangélicas de este tipo. Segundo desde una visión misiológica inseparable de la escencia de ser cristiano para compartir, en todo tiempo, las Buenas Nuevas.
El autor, de amplia trayectoria académica como profesor en diferentes centros teológicos, es también pastor evangélico en Perú. Ha presidido el Concilio Nacional Evangélico de su país (CONEP), por lo tanto, el conocimiento y propiedad que transmite en esta obra es significativo, así como inestimable el aporte para renovar, tanto la visión como la misión de estos grupos religiosos en toda Latinoamérica y el Caribe, pues comparten amplios elementos comunes. En esta obra se irán transitando desde la ya acostumbrada imagen de pentecostales que “sienten” pero no “piensan” o en otras palabras “solo cultivan emociones y sentimientos, como el amor por la Palabra de Dios, pero tiene poco o escaso interés por el estudio de ella y la reflexión crítica”, hasta presentar a un grupo cristiano que vive intensamente su fe, pensando desde una realidad de pobreza, explotación o marginación social. Creando una teología contextual, desde los márgenes del mundo. Leia Mais
Historia, museos y patrimonio. Discursos, representaciones y prácticas de un campo en construcción, Chile 1830-1930 | Luis Alegría, Stefanie Gänger e Sigal Meirovich
El libro que nos presenta Luis Alegría, Historia, museos y patrimonio, se enmarca dentro de la labor constante de este investigador chileno que, desde el año 2004 en adelante, viene desarrollando un trabajo que tiene como objeto el desplegar una reflexión sobre el campo patrimonial y las instituciones expositivas chilenas, dándole un marco a su reflexión en la línea de los parámetros que se manejan sobre el ámbito de los estudios culturales y el patrimonio simbólico. Junto a él, lo acompañan como coautoras las investigadoras Stefanie Gänger, Sigal Meirovich, Gloria Paz Núñez y Gabriela Polanco.
El libro está estructurado en dos grandes partes, en la primera se desarrollan diversos conceptos de carácter teórico que dan cuenta del enfoque y marco conceptual que tiene este trabajo, en la segunda parte se tratan estudios de casos, en los cuales se aplican las ideas y conceptos que se señalan en la primera parte. Los estudios del patrimonio contienen una diversidad de prácticas, lo que hace pertinente que los autores asuman una metodología y enfoque de los estudios culturales. De esta manera, en el libro se dan cita variadas disciplinas como la museología, antropología, historia, sociología, etc. En el desarrollo del libro se busca dar cuenta de la producción, circulación y recepción de los elementos patrimoniales de la sociedad chilena. En este sentido, la serie de problemas relativos al patrimonio y los museos, es abordada por los autores como expresión de la producción cultural en términos transdisciplinarios. Leia Mais
Rastros en el agua. Exploradores, embarcaciones y materialidades | D. Quiroz
Así como el territorio de la Patagonia Austral se erige fragmentado mayoritariamente por canales y fiordos, la producción de conocimiento respecto a sus formas de habitar también adquiere la forma de un rompecabezas aún muy disperso. Los esfuerzos interpretativos generales con pretensiones de periodizar, dotar de sentido y establecer vasos comunicantes de esta vasta zona son más bien escasos, aunque crecientes en los últimos años.
“Rastros en el Agua. Exploradores, embarcaciones y materialidades” se puede incorporar como parte de esta tarea interpretativa que proyecta el espacio patagónico austral como unidad histórica, geográfica y cultural. En particular, la publicación reúne seis estudios financiados por el programa Bajo la Lupa de la Subdirección de Investigación del Servicio Nacional del Patrimonio Cultural (SNPC), cuyo propósito es investigar las colecciones patrimoniales que resguardan distintas unidades del SNPC y son encargadas a investigadores externos a la institución. Leia Mais
LaborHistórico. Rio de Janeiro, v.7, n. 1, 2021.
Línguas e variedades em contato no âmbito românico
Nota Editorial
Apresentação – volume 7, número 1
- Sarah Bürk, Vicente Álvarez Vives, Virginia Sita Farias
- Artigos – Dossiê Temático
- Migración y contacto de lenguas: nuevas variedades y reestructuración del diasistema
- Klaus Zimmermann
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- El portuñol en la triple frontera amazónica: del déficit al translenguar
- Alessio Chinellato Díaz
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Palabras que trascienden fronteras en dos áreas iberorromances: la raya hispano-lusa y la del catalán peninsular
- José Enrique Gargallo Gil, José Antonio González Salgado
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Vestigios portugueses en el español atlántico: revisión lexicográfica
- Dolores Corbella
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Aspectualidad en el castellano de Cochabamba
- Carina Redel
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Adstrato cultural por comercialización. Acerca de un anglicismo del español de Chile divulgado en las tiendas
- Carsten Sinner, Constanza Gerding Salas
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- El judeo-español en contacto. Préstamos e interferencias como señal de vivacidad
- Rafael David Arnold
- PDF (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Lexias neolatinas: empréstimos nas línguas bantu
- Rosa Maria de Lima Ribeiro, Jacky Maniacky, Alzenir Mendes Martins de Menezes, Michela Araújo Ribeiro
Artigos – Varia
- Narrativas da demência em gêneros judiciários do século XIX
- Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli
- A filologia e os documentos do século XX: cartas e prontuários do Sanatório Pinel
- Antonio Ackel
- Fontes Primárias
- Ata de instalação da Congregação da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Ubirajara Carvalheira Costa
- As roupas e as mulheres no século XVIII: transcrição paleográfica do documento “Ordem régia à Mesa da Inquisição decretando que não fossem castigadas aleatoriamente as mulheres que comparecessem aos autos religiosos sem as vestimentas adequadas”
- Ana Carolina Alves Caetano
- Escritos do século XVIII: uma leitura de carta de comércio de 1798
- Juliana Cristina Vasconcellos Garcia
- “Não há necessidade alguma de comunicação telefônica entre os dois estabelecimentos”: da Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) para o Ministério do Império
- Solange Ribeiro Viegas
- Popularização do Conhecimento
- Memórias de uma Diacronia Particular
- Paulo Osório
La red de los espejos. Una historia del diario Excélsior/1916-1976 | Arno Burkholder
Los análisis históricos sobre la prensa como objeto de estudio han aumentado en los últimos años. La mayor parte se refiere a las actividades de los impresos y su peso específico en el espacio público, entre el período de la Independencia y los inicios del siglo XX. Sin embargo, los trabajos sobre los diarios modernos de distribución masiva aún son escasos, por lo que resulta de interés la obra de Arno Burkholder sobre Excélsior de México, que lo examina en tres ámbitos: como empresa, como periódico y como actor político. Leia Mais
Repensando los vínculos con Asia desde América Latina y Asia | Intus-Legere Historia | 2021
En tiempos marcados por el creciente intercambio económico y exponencial aumento de movimientos migratorios entre América Latina y Asia, se vuelve necesario reflexionar críticamente sobre las formas en que estos intercambios son percibidos, comunicados, y cómo son aproximados en términos teóricos. Este número especial resalta las formas y mecanismos del intercambio político y cultural y la producción de conocimiento y comunicación a través del océano Pacífico desde el siglo diecinueve hasta nuestros días. Esta constituye una propuesta que favorece los acercamientos inter y multi- disciplinarios, y que presten particular atención a los discursos teóricos, como «Orientalismo», y otras aproximaciones para casos y experiencias del presente como del pasado. A partir de una convocatoria abierta, invitamos a investigadores a enviar sus contribuciones regidas por los temas centrales mencionados; luego, el equipo editorial de Intus-Legere Historia seleccionó los artículos que aquí se presentan. En su conjunto, estas contribuciones exhiben las conceptualizaciones de la relación con Asia desde América Latina, explorando como las miradas y relación con Asia son mediados por actores e imaginarios. Como es posible de ver, miradas estereotipadas y esencialistas continúan en la actualidad, a pesar de que es posible encontrar resistencias históricas a esas mismas visiones. Esas «resistencias» configuran miradas alternativas, estableciendo diálogos que problematizan nociones ancladas exclusivamente en discursos de alteridad.
Un primer grupo de artículos incluidos en este número especial abordan la aproximación por medio de los imaginarios y las representaciones en la ficción, incluyendo el cine y la literatura, así como sobre formas de otredad disponibles en la región. Las formas de orientalismo en Chile son estudiadas en un trabajo ambicioso por Pablo Álvarez, quien identifica elementos «orientalistas» en un grupo de intelectuales del siglo XIX y también presentes en algunos artículos del diario La Nación durante la primera mitad del siglo XX. En «Orientalismo chileno entre Periferia y un Orientalismo Invertido», se estudian las imágenes orientalistas sobre la zona de Asia menor y el mundo islámico en Chile. A través de un marco teórico que destaca las aproximaciones al tema en Argentina, Álvarez advierte una mutación histórica de las representaciones orientalistas, lo que demuestra que la visión sobre el «otro» oriental fueron modificándose en el tiempo. El texto de Mauricio Baros Townsend, intitulado «De la alfombra al kimono. El orientalismo en las trasformaciones del concepto de interior en la premodernidad chilena» empalma el origen de la vivienda moderna con la influencia del orientalismo decimonónico; siendo éste, un cruce del que emerge una nueva visión sobre el confort y el lujo en el ámbito del hogar chileno. Baros Townsend presenta un texto que rescata la historia social de algunos objetos mobiliarios, como las alfombras o vestimentas como el kimono para sugerir dos tiempos del orientalismo en la vivienda, primero con influencias árabes y luego japonesas. Concluye que el eclecticismo, la ambigüedad y un nuevo espacio para la mujer son elementos heurísticos para comprender el fenómeno del japonismo en Chile. Leia Mais
Historia Crítica. Bogotá, Núm. 79 (2021)
Artículos de investigación
- Dunia Etura, Virginia Martín Jiménez
- La oposición al franquismo a través de reivindicaciones feministas: el Año Internacional de la Mujer en Televisión Española
- https://doi.org/10.7440/histcrit79.2021.01
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- Laura Prado Acosta
- Artistas plásticos y partidos comunistas: el viaje de David Alfaro Siqueiros a Montevideo y Buenos Aires en 1933 y su impacto en los debates estético-políticos
- https://doi.org/10.7440/histcrit79.2021.02
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- José-Vidal Pelaz López, Itziar Reguero Sanz
- Autonomía, terrorismo e Iglesia en Euskadi. Los obispos vascos ante la política de Leopoldo Calvo-Sotelo (1981-1982)
- https://doi.org/10.7440/histcrit79.2021.03
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- Santiago Alarcón Tobón, Andrés Villegas Vélez
- Procesos y disputas en la formación del espectador: censura moral y cinefilia en Medellín, 1945-1958
- https://doi.org/10.7440/histcrit79.2021.04
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- Vicente Jesús Díaz Burillo
- Juan Pablo II en España: de la movilización católica a la oposición política
- https://doi.org/10.7440/histcrit79.2021.05
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Publicado enero 1, 2021
Intus-Legere Historia. Viña del Mar, v.15, n.1, 2021.
REPENSANDO LOS VÍNCULOS CON ASIA DESDE AMÉRICA LATINA Y ASIA
- Repensando los vínculos con Asia desde América Latina y Asia
- Pedro Iacobelli, Maria Montt
- ORIENTALISMO CHILENO ENTRE PERIFERIA Y UN ORIENTALISMO INVERTIDO
- Pablo Álvarez
- DE LA ALFOMBRA AL KIMONO: EL ORIENTALISMO EN LAS TRANSFORMACIONES DEL CONCEPTO DE INTERIOR EN LA PREMODERNIDAD CHILENA
- Mauricio Baros Townsend
- ‘LO CHINO’ EN EL TEATRO CHILENO DE PRINCIPIOS DEL SIGLO XX: EL CHINO DE ERNESTO MONGE WILHELMS
- Patricia Palma, María Montt
- EL DIAMANTE DEL MAHARAJÁ UNA PELÍCULA CHILENA AMBIENTADA EN…INDIA
- Elisa Silva Herreros
- JAPÓN NO DA DOS OPORTUNIDADES. IDENTIDAD Y (DES) COMUNIDAD. APUNTES PARA UN ACERCAMIENTO A AUGUSTO HIGA OSHIRO
- Berenice Ramos Romero
- CARLOS Y VIVIENNE BARRY: ATRAPADOS EN JAPÓN
- Pedro Iacobelli, Matilde Gálvez
- CHILE EN EL PACÍFICO ASIÁTICO ACCIONAR Y PERSONAL CONSULAR EN LA MANILA ESPAÑOLA (1848-1898)
- Frank Avilés Morgado
- LAZOS ENTRE CHINA Y CUBA: UNA VISIÓN GENERAL DEL PERÍODO 1900-2020
- Arsenio Alemán
- MIGRACIÓN CHINA EN CHILE: UNA RESPUESTA AL CONTEXTO HISTÓRICO Y LA DIFUSIÓN LINGÜÍSTICO – CULTURAL
- Mónica Ahumada Figueroa, Rosa Basaure Cabero
- REPENSAR LA DIPLOMACIA CULTURAL DESDE LA PERSPECTIVA CHINA: GUILLERMO DEL PEDREGAL Y LA IMAGEN DEL LIDERAZGO CHINO SOBRE CHILE (1959-1975)
- Jian Ren
- DESOCIDENTALIZANDO A IMAGEM SOBRE A CHINA: UM OLHAR SOBRE O CONTRA-FLUXO MIDIÁTICO CHINÊS NO BRASIL
- Alana Camoça, Mayara Araújo
ARTÍCULOS DE INVESTIGACIÓN
- POLIBIO Y ALEJANDRO EN LAS HISTORIAS: UNA NUEVA PROPUESTA
- Leslie Lagos-Aburto
- LA IMPORTANCIA DE LOS ANIMALES EN LA CONFIGURACIÓN SENSORIAL CAROLINGIA
- Gerardo Rodríguez
- LAS REINAS IBÉRICAS Y LA DIPLOMACIA BARROCA: UN ESTUDIO COMPARATIVO DE LAS REGENCIAS DE LUÍSA DE GUSMÃO Y MARIANA DE AUSTRIA
- Ezequiel Borgognoni
- SALUD PÚBLICA EN TIEMPOS DE EPIDEMIA: EL CASO DE LA ESCARLATINA EN CHILE, 1832 Y 1842
- Paula Caffarena
- HISTORIA (NO) VELADA DE LOS PENTECOSTALES: LA RELIGIÓN DE LOS POBRES EN EL LIBRO LA SANGRE Y LA ESPERANZA DE NICOMEDES GUZMÁN
- Miguel Ángel Mansilla, Luis Orellana Urtubia, Marcela Tapia Ladino
- FIDELIDAD, INDIVIDUALIDAD Y MONARQUÍA. NOTAS ACERCA DEL RETRATO VIRREINAL DURANTE LA RECONQUISTA A PARTIR DE LA IMAGEN DE VICENTE EGIDIO GARCÍA HUIDOBRO Y MORANDÉ, III MARQUÉS DE CASA REAL
- Mirko Suzarte Škarica
RESEÑAS
- Claudia Stern, Entre el cielo y el suelo. Las identidades elásticas de las clases medias (Santiago de Chile, 1932-1962). Santiago de Chile, RIL Editores, 2021.
- Maricela González Moya
- Serrano, Sol, El Liceo. Relato, memoria, política, Editorial Taurus, 2018, 120 pp.
- Maria Ignacia Iglesias Larraín
- Darío López R., Pentecostalismo y misión integral. Teología del Espíritu. Teología de la Vida. Ediciones Puma, Lima, Perú, ed. 2018, 131 pp.
- Víctor Aranda
- Luis Alegría y Stefanie Gänger, Sigal Meirovich, Gloria Paz Núñez, Gabriela Polanco, Historia, museos y patrimonio. Discursos, representaciones y prácticas de un campo en construcción, Chile 1830-1930, Ediciones del Servicio Nacional del Patrimonio Cultural, 2019
- Emilio Vargas Poblete
- Quiroz (ed.) Rastros en el agua. Exploradores, embarcaciones y materialidades. Ediciones del Servicio Nacional del Patrimonio Cultural, Santiago de Chile, 2019
- Carlos Rojas Sancristoful
Neomedievalismo em Países Sem Medievo: Idade Média na América | Signum – Revista da ABREM | 2021
Nos anos 70 do século XX, o acadêmico e escritor italiano Umberto Eco escreveu uma série de artigos sobre o interesse no que chamamos de idade média, descrevendo o início de um neomedievalismo contemporâneo. Eco associou esse neomedievalismo a uma grande variedade de elementos do mundo atual, desde parques temáticos como a Disneylândia, capazes de simular um mundo neomedieval dos desenhos animados, até um neofeudalismo de arranha-céus que separava novos senhores dos novos servos com acesso apenas aos andares inferiores. O próprio Eco passou aos anais do neomedievalismo quando escreveu um dos mais famosos e conhecidos romances medievais, O Nome da Rosa. A nomenclatura de Eco, ele próprio um acadêmico dedicado à idade média, claramente separava entre o medievalismo, como área de estudo dedicada aos materiais do chamado período histórico medieval, e o neomedievalismo, como uma área de temática pós-medieval a qual abrange uma ampla gama de produções culturais, artísticas e teóricas.
Paralelamente a Eco, no entanto, na mesma década de 70, o pesquisador independente inglês Leslie Workman também fundou dos Estados Unidos um jornal e uma área de estudos que ele chama de “medievalismo”, a qual é baseada, principalmente no século XIX, nas Ilhas Britânicas e no seu grande interesse nos tempos medievais. Com foco no romantismo de língua inglesa e nos elementos como o revival medieval em torneios, nos artesanatos ou no Movimento Oxford, bem como na literatura medieval e em uma vasta arquitetura neogótica, Workman nomeia o campo por intermédio de um termo usado por John Ruskin no século XIX inglês2. Leia Mais
Homenagem a Maria do Amparo Tavares Maleval | Signum – Revista da ABREM | 2021
Homenagem, substantivo feminino que significa demonstração de admiração e respeito ou ato de deferência; tributo. Assim temos que nos sentir ao tornar público um número especial da Revista Signum no qual estão reunidos trabalhos de pesquisadoras e pesquisadores que, de diferentes formas, dialogaram com a professora Maria do Amparo Tavares Maleval. Em seu nome também tem uma palavra que define o que esta professora foi para muitas pessoas: amparo significa apoio, sustentação; pessoa que ajuda. Esse jogo de palavras será julgado lugar-comum por muitas pessoas que não conviveram com ela ou que não têm conhecimento de sua importância, inclusive, para esta revista que agora presta esta justa celebração de sua memória.
Estamos falando de uma mulher, professora, pesquisadora com intensa produtividade, consolidada nacional e internacionalmente, autora de livros como Rastros de Eva no imaginário ibérico (1995) e Fernão Lopes e a retórica medieval (2010). Seu último livro, O teatro medieval e seus congêneres em Santiago de Compostela (séculos XII-XIII) veio a público este ano, quando ela já não estava mais entre nós. Leia Mais
History of Education in Latin America. Natal, v.4, 2021.
ARTIGOS
- O Campo História da Educação a partir da análise da Revista de História e Historiografia da Educação (2017-2020) – UFPR
- Hilma Aparecida Brandão, Daniela Gomes de Almeida , Hélida Cristina Brandão Nunes, Sauloeber Tarsio de Souza e23668 PDF/A
- Ensino mútuo e independência no Brasil
- Wojciech Andrzej Kulesza e25315 PDF/A
- A instalação e organização da Escola Normal de Goiás (1884)
- Tarsio Paula dos Santos, Sandra Elaine Aires de Abreue 25887 PDF/A
- Professores, Mestres e Educadores: a Docência aos Olhos do Jornal O Repórter (Uberlândia-MG: 1950-1970)
- Sauloeber Tarsio de Souza, José Lito Salustriano da Silva e23974 PDF/A
DOSSIÊ
- Presentación: Dossier Perspectivas actuales sobre Historia de la Educación en el Uruguay
- Paola Dogliotti, Fernanda Sosa, Antonio Romano e27266 PDF/A (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Diálogos transnacionais entre Uruguai, América do Sul e Estados Unidos: a preparação de diretores de Educação Física pela Associação Cristã de Moços
- Paola Dogliotti, Giovanna da Silva e25762 PDF/A
- “¿Hay aspectos de la reforma escolar mejicana que convenga hacer nuestros?” Pregunta planteada en una reunión de la Unión Nacional de Magisterio (U.N.M) de Uruguay en 1938
- Pamela Reisin e25688 PDF/A (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Agencias trasnacionales y desarrollismo en dictadura: Análisis del plan MEC-OEA para la enseñanza media básica de Uruguay en 1975
- Leonor Berná e25765 PDF/A (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Juego y Escuela: aportes arqueológicos para pensar el juego y su inscripción en el discurso escolar en Uruguay.
- Gonzalo Pérez Monkas, Alexandre Fernandez Vaz e26149 PDF/A (ESPAÑOL (ESPAÑA))
- Discursos convergentes en la construcción de la infancia sana a través de los manuales escolares
- Silvana Espiga Dorado e24723 PDF/A (ESPAÑOL (ESPAÑA))
PUBLICADO: 01-01-2021
Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá, v.13, n.39, 2021.
- Religião e política no mundo contemporâneo
- DOI: https://doi.org/10.4025/rbhranpuh.v13i39
- Publicado: 2021-01-01
- CHAMADA TEMÁTICA
- Apresentação – Os cristãos e a política no Brasil contemporâneolaicidade em disputa, Estado em colapso, religião em efervescência
- Fábio Py, Emerson Sena da Silveira, Marcos Vinicius Reis Freitas (Autor)
- Pela “família tradicional”campanha de candidatos evangélicos para a ALEP nas eleições de 2018
- Frank Antonio Mezzomo, Lucas Alves da Silva, Cristina Satiê de Oliveira Pátaro (Autor)
- A trajetória de Marcelo Crivellade cantor gospel a prefeito da segunda maior cidade brasileira em 2016
- Dora Deise Stephan Moreira (Autor)
- Os evangélicos e o processo republicano brasileiro
- Saulo Baptista (Autor)
- O campo político e o campo religioso a partir dos jovens ligados a International Fellowship of Evangelical Students na América Latina
- Aldimar Jacinto Duarte, Vinicius Seabra (Autor)
- O Brasil cristão da Frente Parlamentar Evangélicaluta pela hegemonia e revolução passiva
- Ricardo Ramos Shiota, Michelli de Souza Possmozer (Autor)
- As Formas de Adaptabilidade do Neopentecostalismo Brasileiro à Mídia
- Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, William Robson Cazavechia (Autor)
- Engajamento político e Renovação Carismática Católica em Londrina-PR. 2014-2016)
- Fabio Lanza, Luiz Ernesto Guimarães, José Neves Jr, Raíssa Rodrigues (Autor)
- Os efeitos políticos no Brasil dos sete anos iniciais do papa Francisco
- André Ricardo de Souza, Breno Minelli Batista (Autor)
- Entre a articulação e a desproporcionalidaderelações do Governo Bolsonaro com as forças conservadoras católicas e evangélicas
- Marcelo Ayres Camurça, Paulo Victor Zaquieu-Higino (Autor)
- Guerras culturais e a relação entre religião e política no Brasil contemporâneo
- Roberto Dutra, Karine Pessôa (Autor)
- A “governabilidade” petistareflexões sobre Estado, religião e política no Brasil
- Amanda Mendonça (Autor)
- A Religião Global no contexto da pandemia de Covid-19 e as implicações político-religiosas no Brasil
- Anna Carletti, Fábio Nobre (Autor)
- Field Notes from BrazilWe don’t believe in Democracy
- Graham McGeoch (Autor)
Cooperação Internacional: desafios contemporâneos | Monções – Revista de Relações Internacionais | 2021
A cooperação é um fenômeno cada vez mais relevante nas Relações Internacionais. Novos estudos e análises sobre a ocorrência e as diferentes formas e tipos de cooperação têm contribuído para a compreensão de por que os atores estatais e não estatais cooperam, mesmo em um sistema internacional anárquico (AXELROD; KEOHANE, 1985). Uma das respostas a tal indagação se relaciona à capacidade de a cooperação gerar novos ganhos aos parceiros, dificilmente obtidos de maneira unilateral e sem grandes custos. E, também, de a evolução da cooperação (AXELROD, 2010) construir e/ou fortalecer reputações de atores orientados para a celebração de acordos críveis (LEEDS, 1999) e para a produção de benefícios compartilhados, ainda que, em geral, assimétricos.
Em um mundo cada vez mais interdependente, Estados e demais atores interessados não conseguem resolver problemas complexos de maneira isolada. Eles precisam da cooperação como ferramenta para garantir segurança mútua, regulamentar o trânsito crescente de bens, serviços, pessoas e ideias, bem como para desenvolver e compartilhar tecnologias direcionadas à solução de questões complexas que ameaçam a todos, sobretudo no atual contexto de enfrentamento da pandemia da COVID-19 e de mudanças climáticas (JAVED; CHATTU, 2020; ZARTMAN; TOUVAL, 2020; LEE, 2009). Leia Mais
Los virreinatos de Nueva España y del Perú (1680-1740): un balance historiográfico | Bernard Lavallé
Entre la consolidación del reinado de los Austrias y las reformas administrativas de los Borbones, las décadas finales del siglo XVII y la primera mitad del siglo XVIII, correspondientes al ocaso de la dinastía Habsburgo, la Guerra de Sucesión y el reinado de Felipe V, han sido escasamente consideradas por la historiografía moderna para el caso de los reinos de las Indias occidentales y sus dos cortes virreinales: Nueva España y Perú. En la historia imperial española los espacios temporales de constitución administrativa (1492-1570) y reajuste institucional (1760-1810) han sido predilectos en los ámbitos de investigación historiográfica. Esta periodización tradicional ha reducido la visibilidad de los procesos concernientes a la historia de los agentes e instituciones del mundo hispánico moderno durante el primer siglo XVIII (1680-1740).
Los diez trabajos reunidos en esta compilación, dirigida por Bernard Lavallé y publicada por la institución Casa de Velázquez en el año 2019, presentan los esfuerzos emprendidos en las últimas décadas por mejorar la visibilidad de los más recientes aportes, perspectivas y temáticas relativas al periodo central de la historia de la monarquía española. Desde el diálogo continuo entre ámbitos de investigación europeos y latinoamericanos, los avances en materia del conocimiento histórico han permitido problematizar los procesos y reconsiderar la periodización del devenir del Imperio español y sus dominios de ultramar en la época moderna. Los objetivos manifiestos del libro se corresponden con esta renovación historiográfica: proponer un balance de los estudios sobre del primer siglo XVIII y realizar un ejercicio comparativo entre los estudios dedicados a los virreinatos de la Nueva España y del Perú. Leia Mais
Vida y muerte de un convento. Religiosos y sociedad en la Nueva Granada | William Plata Quezada
En el contexto latinoamericano, la religión cristiana ha jugado un papel importante en la configuración de la sociedad; ya que, desde sus instituciones y prácticas religiosas, ha participado en la organización de los itinerarios socio – históricos en que ha estado inmersa. Como fruto de su disertación doctoral, el historiador William Plata Quezada nos ofrece un peculiar estudio sobre la vida y la muerte de un convento dominico llamado Nuestra Señora del Rosario, el cual se sitúo en la ciudad de Santafé (1550 – 1860). El apoyo de las fuentes, el amplio conocimiento bibliográfico existente, una prosa clara, sobria y amena y, bajo la metodología extraída de Hostie Raymond; le permite a Plata hacer una adecuada indagación sobre el nacimiento de este Convento en la segunda mitad del siglo XVI, su inmersión en la sociedad colonial neogranadina, los desafíos de la Independencia y la creación de la Nación colombiana y, posteriormente, su disolución a los años ulteriores en la segunda mitad del siglo decimonónico.
Bajo los presupuestos de la “historia social de la religión”, la idea principal consiste que “la vida interna de una comunidad religiosa no puede entenderse únicamente desde su dinámica interna. La relación que se hace entre el carisma fundador y su puesta en marcha tiene mucho que ver con las maneras y las formas como la comunidad se articula a la sociedad que la circunda y a la manera como llega a afectarla”1. De esta forma, el Convento de Nuestra Señora del Rosario, al estar inmerso en el tejido social neogranadino y, esencialmente, santafereño, se encuentra en un constante devenir cultural, cumpliendo un papel activo de organizar los poderes fácticos y, al mismo tiempo, es afectado por las condiciones y transformaciones históricas que la sociedad le proporciona. Leia Mais
Sermones patrióticos en el comienzo de la República de Colombia, 1819-1820 | Armando Martínez Garnica
Decisiva fue la influencia ejercida por el estamento eclesiástico en Colombia durante las guerras de Independencia. Así entonces, las ceremonias religiosas fueron un componente vital, dado el poder que inspiraba la Iglesia y la amplia ascendencia que tenían los curas en cada población1. Sobre este particular, se refirió el historiador Hermes Tovar Pinzón: “Para una sociedad en la cual el púlpito era el mejor y más eficaz método de comunicación y, la religión el mejor método de control social y espiritual, el Estado no vaciló en emplearla cuando fue necesario”2.
Los actos litúrgicos llevados a cabo durante estos años entrañaban un trasfondo político en el propósito por afianzar las adhesiones. Un ejemplo de ello eran las frecuentes misas de acción de gracias por los triunfos militares y las rogativas. Vale mencionar además la habitual bendición y ayuda divina ofrecida a través de los sermones, por medio de los cuales se pretendía infundir en los habitantes los principios rectores del sistema político imperante y llenarlos de razones sobre los nefastos desatinos e injusticias de los adversarios3. Para ello, los oradores solían retomar pasajes bíblicos como base para sus disertaciones políticas4. Leia Mais
Cultura política y subalternidad en América Latina | James Sanders, Ishita Banerjee, Sarabh Dub, Jorge Conde Calderon, Luis Ervin Prado Arellano, Pamela S. Murray e María Victoria Dotor Robayo
El libro que se reseñará a continuación, hizo parte de un simposio titulado “Cultura Política y Subalternidad en América Latina”, en agosto del 2017 en la Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia, en Tunja, que contó con profesores a nivel nacional e internacional, quienes se han dedicado a estudiar el siglo XIX y la participación política plebeya de distintos ángulos. En él se discutió, como diría una de sus participantes: de analizar y discutir la participación de los sectores populares en el proceso y posterior crecimiento de las naciones latinoamericanas -pero sobre todo la neogranadina-. Expertos de distintas partes, nos enseñan de forma metodológica, conceptual y teórica como pensar lo subalterno en el siglo XIX. El libro, tiene siete capítulos, de los cuales, son las ponencias presentadas por cada uno de los expertos que hicieron parte del simposio: está el capítulo de James Sanders titulado La cultura política de los subalternos y la evolución de la historia intelectual, Ishita Banerjee Subalternidad y género en la cultura política, Saurabh Dube Repensando la modernidad (y la nación), Jorge Conde Calderon Tumultos populares y cultura política plebeya en el Nuevo Reino de Granada, Luis Prado Arellano Indígenas, guerras civiles y participación política. El caso Páez en la provincia de Popayán, 1830-1860, Pamela S. Murray Mujeres y género en la revolución liberal-mosquerista, 1859-1863 y María Dotor Robayo La revolución liberal en Boyacá 1859-1863, nos exponen de forma clara pero contundente, cómo estudiar lo subalterno desde distintos actores históricos en el siglo XIX.
¿Qué fue de los campesinos, indígenas, afrodescendientes, clases bajas, plebeyos o sectores populares de aquel mal llamado, periodo de transición, del siglo XIX? Aun cuando exista hoy día, toda una amalgama de estudios que han analizado a los sectores populares, los de abajo, clases bajas, plebeyos y/o campesinos desde las distintas corrientes historiográficas, todavía en América Latina, suelen ser escasas las respuestas en cuanto al poco protagonismo que se les ha dado a estos sujetos históricos dentro del discurso histórico -al menos en nuestro país-. Esto ocurre en principio como diría Banerjee, gracias a la universalidad –producida en parte por los discursos occidentales europeos sobre la modernidad-, en cómo interiorizamos y reafirmamos a Europa como el sujeto teórico de la disciplina académica de la historia2. En ese sentido, hemos tomado esa universalidad para colocarla como el eje central para producir disertaciones historiográficas, agregándole el enfoque o perspectiva en cómo enunciamos tales narrativas, en las que el discurso hegemónico europeo sirve como punto de partida para explicar todo lo demás. Leia Mais
Lectura y contralectura en la Historia de la Lectura | Alejandro E. Parada
Lectura y contralectura en la Historia de la Lectura es una obra “selectiva y parcial”, como el mismo autor nos la presenta, que resume las inquietudes, de una larga y reconocida trayectoria académica, centradas en la historia de la lectura (HL); una obra pensada no únicamente como referencia encaminada al planteamiento y resolución de casos prácticos de estudio, sino también como problemática de índole existencial de la propia disciplina.
Alejandro Enrique Parada es docente en el Departamento de Bibliotecología y Ciencia de la Información de la Universidad de Buenos Aires, investigador del Instituto de Investigaciones Bibliotecológicas de la Facultad de Filosofía y Letras y secretario de Redacción de la conocida revista de este Instituto, Información, cultura y sociedad, relevante por su larga trayectoria y calidad en el panorama latinoamericano, muchos de cuyos editoriales son del propio Parada. Leia Mais
Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Belém, v.8, n.1, 2021.
EDITORIAL
- EDITORIAL
- Tiago Veloso dos Santos
- ARTIGOS
- SÃMBOLOS DE RIQUEZA E MODERNIDADE: TEATROS NO PARÃ, RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO
- Luis Pedro Dragão Jeronimo
- A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ÃGUA NA PORÇÃO DA REGIÃO DAS ILHAS DE BELÉM COMO ARTIFÃCIO E FOMENTO AO ENSINO DA GEOGRAFIA
- Michel Pacheco Guedes, Shirley Capela Tozi, Andreza Barbosa Trindade
- CAREIRO DA VÃRZEA E IRANDUBA: METROPOLIZAÇÃO SELETIVA NO CONTEXTO DA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS
- Fredson Bernardino Araújo da Silva, Marcos Castro de Lima
- DISPERSÃO URBANA E TRANSPORTE PÚBLICO NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM: UMA ANÃLISE DE CASTANHAL E SANTA IZABEL DO PARÃ
- Gabriel Augusto Nogueira dos Santos, Ricardo José Batista Nogueira
- POLÃTICAS PÚBLICAS DE LAZER EM UMA PERIFERIA AMAZÔNICA: O BAIRRO DA TERRA FIRME (BELÉM/PA)
- Sidney Correa de Souza, Helena Doris de Almeida Barbosa, Vânia Lúcia Quadros Nascimento, Thiliane Regina Barbosa Meguis
- A INFLUÊNCIA DOS POTENTADOS LOCAIS NA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA BRASILEIRA
- VinÃcius Tadeu Vieira Campelo dos Santos Vieira Campelo dos Santos
- POR ACASO SOU NEGRA? NA AMAZÔNIA, EM BELÉM, NO ENCONTRO COM OUTREM
- Tainara Lúcia Pinheiro, CARMEM IZABEL RODRIGUES
- EUROCENTRISMO E A PANDEMIA DE COVID-19 NO CONTINENTE AFRICANO: AFINAL, O QUE SABEMOS?
- Rafael Alves de Freitas
- RISCO HIDROCLIMÃTICO E IMPACTO DAS PRECIPITAÇÕES EM PLANÃCIES URBANAS DE BELÉM-PA.
- José Edilson Cardoso Rodrigues, Luziane Mesquita Luz
- PACOVAL, AN AMAZONIAN MOCAMBO: A TRIP REVISITED
- Hilton Pereira da Silva, Gilberto F. S. Aguiar
DOSSIê
- A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DE IGARAPÉ-MIRI E SEU ATUAL SIGNIFICADO NA REDE URBANA DO BAIXO TOCANTINS
- Ederson Ferreira Lobo, Gracileno Trindade Pimentel
- ESTADO, GRANDES PROJETOS E PLANEJAMENTO REGIONAL NA AMAZÔNIA: a utopia territorial do PDRS – lago de tucuruÃ.
- ANDRÉ LUIS ASSUNÇÃO DE FARIAS, Luiz Felipe Nazaré Vilhena
- TERRITÓRIO E CIDADES NA AMAZÔNIA: UMA LEITURA A PARTIR DAS POLÃTICAS AMBIENTAIS URBANAS
- Adna Alves Abreu, José Queiroz de Miranda Neto
- PRODUTOS POTENCIAIS À INDICAÇÃO GEOGRÃFICA NO ESTADO DO PARÃ: Estudo de caso das feiras da 25 e do Ver o Peso na cidade de Belém / PA
- Stéphanie Oliveira da Silva, Benedito Ely Valente da Cruz
- ATIVIDADES PRODUTIVAS E ESTRATÉGIAS TERRITORIAIS DE SOBREVIVÊNCIA EM COMUNIDADES DE PESCADORES DO RIO PANACUERA (ABAETETUBA – PARà – BRASIL)
- Christian Nunes da Silva, Joana Darc de Sousa Carneiro, Vicka de Nazaré Magalhães Marinho
- GRANDES PROJETOS E A RELAÇÃO COM OS RECURSOS NATURAIS NA FRONTEIRA AMAZÔNICA: OS ACORDOS DE PESCA COMO INSTRUMENTOS MODERADORES EM LIMOEIRO DO AJURU
- Suzi Carolina Moraes Rodrigues, André Cutrim Carvalho, Fernanda Kelly Valente da Silva
Bedeviled: A Shadow History of Demons in Science | Jimena Canales
La sabiduría de los antiguos, del barroco y del gótico fue
extirpada de nuestro repertorio de conocimientos
avanzados. Sin embargo, a medida que los filósofos y los
científicos intentan comprender el mundo reduciéndolo
a sus elementos esenciales, acaban recurriendo a
criaturas, categorías y conceptos imaginarios. La
contradicción es cada vez más difícil de ignorar.2
Jimena Canales (2020, p. 316)
Platón transcribió en diálogos los consejos de sus demonios. Siglos más tarde, Descartes, como Fausto, prefirió el soliloquio, que el diablo adora interrumpir. Laplace vislumbró una inteligencia capaz de ver el pasado y el futuro que el presente esconde. Maxwell imaginó un demiurgo que logra mantener los fluidos fuera de equilibrio térmico tras seleccionar la velocidad de sus moléculas. Desde entonces, de la astronomía a la termodinámica, de la selección natural a la bolsa de valores, del nacimiento de la cibernética a la computadora donde se escribe este texto, los demonios de la ciencia se multiplican.
Por fin la historia y filosofía de la ciencia han puesto plena atención a un tema que se mantenía en un letargo inducido. ¿A qué ritual se consagran los científicos cuando hablan de demonios? Quizá el primer tratado sistemático sobre el tema fue el libro The Demons of Science: What They Can and Cannot Tell Us About Our World de 2016. Allí, Friedel Weinert concluye que los demonios de la ciencia son experimentos mentales provocadores que ponen a prueba la coherencia del conocimiento existente. Aunque las peroratas audaces de estos seres imaginarios pueden llegar a abrir el camino a conclusiones alternativas, difícilmente resultan concluyentes, pueden ser engañosos y no aportan al acervo de conocimientos empíricos.
La aproximación al tema que hace Weinert es directa. Primero aclara (con base en la obra de Irving, 1991) la función de los experimentos mentales, luego introduce los demonios. La colección comienza con el famoso argumento de Arquitas sobre la infinitud del universo en el que llegado a los límites del espacio, el explorador podría estirar su mano.
Aunque los humanos carecen de la posibilidad física de explorar los límites del espacio, el viajero espacial de Arquitas –en tanto demonio– no sufre tales limitaciones. Lo que sigue siendo una mera posibilidad lógica para los humanos sin violar las leyes de la naturaleza –caminar sobre el agua, volar sin ayuda por el aire–, se convierte en una posibilidad física para un demonio. El viajero espacial de Arquitas debe ser un demonio. (Weinert, 2016, p. 55)
Después de mencionar los demonios de Freud, Descartes y Mendel, la discusión toma mayor calado a partir de las audaces aseveraciones de los demonios de Laplace, Maxwell y Nietzsche:
El Demonio de Laplace sostiene que el mundo es determinista, lo que parece privarnos de las flechas del tiempo y del libre albedrío. El Demonio de Maxwell muestra que la Segunda Ley de la Termodinámica es probabilística, en lugar de determinista, lo que parece cuestionar la noción de entropía como medida útil de la anisotropía del tiempo. El Demonio de Nietzsche anuncia que el universo es cíclico, condenándonos a una eterna recurrencia de acontecimientos. Los demonios son como jóvenes exaltados, pero una consideración calmada de sus afirmaciones revela puntos de vista más equilibrados con respecto a las flechas del tiempo y la mente humana. Las provocaciones de los demonios son, sin embargo, ejercicios útiles porque – como toda buena filosofía– nos obligan a detenernos y a reconsiderar nuestros supuestos filosóficos. (Weinert, 2016, p. 229)
Del libro de Weinert puede señalarse su novedad y utilidad, pues suma herramientas críticas a la literatura de los experimentos mentales. Aun así, palidece en comparación con la obra de Canales. No solo las referencias de Canales son más robustas y culturalmente enriquecidas, el tratamiento dado permite al libro escapar del trillado estante de la filosofía de la ciencia y colocarse como un tomo de la historia de la tecnología dedicado a la imaginación, un elogio al Homo imaginor. No quisiera dejar de resaltar la tensión, la palabra “tecnología” ni siquiera aparece en el libro de Weinert.
Si bien es claro que la tecnología desencanta al mundo, no es menos claro, paradójicamente, que la tecnología se desarrolla en términos de encantamiento. Situada entre los demonios de la tecnología y la tecnología de los demonios, Canales sabe que debe aclarar su postura, por ello anticipa la introducción con un prefacio literario y redondea las conclusiones de diez largos capítulos con un epílogo filosófico. Curiosamente, es en las notas donde Canales pule su diatriba contra el momento “¡eureka!” y esas otras caricaturas con las que hemos oscurecido la importancia de la imaginación en el conocimiento:
En la furia por entender la ciencia como una actividad que trasciende las artimañas de la ficción, la seducción de la poesía, las vicisitudes de la política, la imprecisión de los sentimientos y la intolerancia de la religión, la mayoría de los académicos han descuidado el estudio del papel de la imaginación en la ciencia. En los escasos casos en que se toma en consideración, se suele considerar que pertenece al “contexto de descubrimiento”, delimitado a esos oscuros (y en gran medida míticos) momentos de inspiración ocasional, en los que las mentes preparadas obtienen de repente la idea correcta, como de la nada. . . . [Así,] [l]a mayoría de los relatos de los estudios sobre ciencia y tecnología (CTS) siguen pensando en la imaginación como una actividad que precede al trabajo científico y que es más evidente en disciplinas ajenas a la ciencia, como la ciencia ficción y la literatura, desde donde se siente su impacto. Un ejemplo de esta postura lo representa el argumento de que “la innovación tecnológica suele seguir los pasos de la ciencia ficción, rezagando la imaginación de los autores por décadas”. Mi enfoque contrasta con ese planteamiento al estudiar el uso de la imaginación en la ciencia de forma concurrente con ella, no antes o fuera de ella, sino simultáneamente y dentro de ella. (Canales, 2020, pp. 325-326)
Muchos de los demonios del mundo se creían reales y ya han sido desmentidos, todos los demonios de la ciencia fueron imaginarios y, sin embargo, algunos ya han sido construidos. Gracias a este sombrío libro, el lector descubre que la mayoría de los momentos de la ciencia más divulgados tuvieron como punto de partida argumentos donde figuraban demonios. Darwin mismo redactó El origen de las especies pensando en demonios. Por su parte, Asimov (1962, p. 79) creyó que había acuñado el término “Demonio de Darwin” en analogía al demonio de Maxwell. No podía estar más errado. Como Canales muestra en detalle, el término se venía extendiendo con fluidez entre físicos y biólogos por igual, en especial, gracias al trabajo de Pittendrigh sobre “El relojero ciego”, que luego Dawkins retomaría (Canales, 2020, p. 257).
Entre condes, duques y príncipes del infierno, en Ars Goetia, el popular grimorio anónimo del siglo XVII, se clasifican 72 demonios. En Bedeviled se cuentan más de treinta. La lista la encabezan los demonios de Descartes, Laplace, Maxwell y Darwin. Siguen el demonio de la gravedad exorcizado por Einstein según Eddington (p. 106) y Einstein mismo como demonio según Ehrenfest (p. 120). Después llegan los demonios de Marie Curie (que permiten “obtener diferencias debidas a las leyes de radiación descritas estadísticamente, al igual que los demonios de Maxwell nos permiten obtener diferencias debidas a las consecuencias de los principios de Carnot”, p. 115) y el demonio mecánico de Maxwell de Compton (que mide la energía cinética de distintas moléculas, p. 121). Por otra parte, Henry Adams creyó ver al presidente Roosevelt como el demonio de Maxwell de EUA (p. 140). Grete Hermann habló del asistente del demonio de Laplace (p. 148). También están los demonios brownianos, metaestables y cibernéticos de Weiner (“organismos vivos, como el propio ‘Hombre’, pero también eran elementos no vivos, como ‘enzimas’ y otros ‘catalizadores’ químicos” p. 162). Broullin, por su parte, otorgó una linterna al demonio de Maxwell (“El demonio simplemente no ve las partículas, a menos que lo equipemos con una linterna” p. 166). También están el demonio imperfecto de Maxwell de Gabor (p. 169), el demonio cuántico-causal de Rothstein3 (“que puede ver de una manera completamente diferente y ajena a la de los humanos, pero no físicamente imposible”, p. 173) y el demonio de Bohm (“simplemente capaz de ver las variables ocultas del sistema”, p. 176). En el terreno de la computación se encuentran las series de demonios y sub-demonios de Selfridge (“En lugar de que las computadoras sigan unas reglas establecidas de antemano, los programas con demonios probarían diferentes estrategias y opciones y se ajustarían sobre la marcha, en función del éxito o el fracasso en la realización de la tarea”, p. 188); los demonios basados en microchips de Ehrenberg (“Estos dispositivos son análogos a los hipotéticos artilugios que traducen el movimiento ascendente y descendente de una partícula browniana en un movimiento puramente ascendente, que realizan el viejo truco del demonio de permitir que sólo las moléculas rápidas vayan de izquierda a derecha”, p. 199); los demonios de Charniak (“que enseñan a las computadoras a entender las historias”, p. 202); y los demonios y daemonios de UNIX (p. 239). “Bekenstein conjuró una nueva criatura llamada ‘demonio de Wheeler’. Esta criatura podía hacer desaparecer la entropía creada en un proceso termodinámico dejándola caer en un agujero negro” (p. 216). También está el demonio de Feynman (“una serie de máquinas vivas y no vivas que podían producir trabajo a partir de fluctuaciones casi aleatorias”, p. 233). Una variación distinta es el demonio de la elección de Zureck (“versión inteligente y selectiva del demonio de Maxwell”, p. 244). Según Diersh, el demonio de Maxwell existe, somos nosotros (p. 248). Para Schrödinger, la verdadera morada del demonio de Laplace es la biología (p. 250). “Monod concluyó que las ‘fibras polipeptídicas’, portadoras de información genética, ‘desempeñan el papel que Maxwell asignó a sus demonios hace cien años’” (p. 262). No todos los demonios van sueltos, Eigen concibió sus tres demonios encadenados: “El primero, el demonio de Maxwell, explicaba el sentido unidireccional disipativo de la naturaleza. El segundo, el demonio de Loschmidt, mostraba sus aspectos reversibles. El tercero, el demonio de Monod, creó los efectos aparentemente irreversibles que a menudo se atribuyen a los seres vivos” (p. 265). Por su parte, “Morton describió el ‘trabajo del gerente’ como ‘la innovación de la innovación’” (p. 274). Bourdieu escribió que “El sistema escolar actúa como el demonio de Maxwell. Mantiene el orden preexistente, es decir, la diferencia entre alumnos con cantidades desiguales de capital cultural” (p. 275). La lista sigue con el demonio de la suerte de Maurice Kendall, que actúa en el mercado financiero (p. 280). “Según Georgescu-Roegen, la acción básica que sustenta toda la actividad económica es la ‘clasificación’. Por ello, el Homo economicus podría entenderse como un demonio de Maxwell” (p. 282). Por supuesto, no podía faltar el demonio de Searle (mejor conocido como “el cuarto chino”, que busca minar el programa fuerte de IA, p. 218). Por último, Hofstadter invocó dos demonios, el demonio-S y el demonio-H, uno antropomórfico y el otro no, para mostrar las falencias del argumento de Searle (p. 225). Con todo esto, Canales logra –como en su libro anterior (Canales, 2016)– poner en realce a figuras sustanciales del pensamiento científico, que por distintas razones –nada obvias–, quedaron rezagados a un segundo plano en los recuentos usuales.
Si hay elogio en los párrafos anteriores es porque se trata de un libro bien meditado. Aun así, sus lagunas no son pocas ni poco hondas. Desde la mitad del tratado queda claro que no todos los demonios ni sus artífices reciben un tratamiento igualmente sustancioso. Algunas de las ambiciosas páginas del libro se reducen a un mero anecdotario y simplemente terminan por desviarlo de su leitmotiv. El resultado, un catálogo demasiado corto si se pretendía exhaustivo; demasiado largo, si abocado a su premisa. Aun acordando que el tratado no empiece con Arquitas como hace Weinert, o con Agrippa como podría haber sugerido Borges, ¿dónde están los demonios de Arrenhius4 y de Landsberg (1996), por mencionar únicamente a la cosmología?
En el libro de Weinert el lector no encuentra una genealogía de los demonios ni una discusión sobre lo que la presencia de estos seres pre-modernos implica en la modernidad, aspectos finamente trabajados en la obra de Canales. Lamentablemente esta última tampoco escapa a sus deudas. Canales presenta invocaciones y exorcismos, pero no disecciones. Falta una lección de anatomía que deje expuesto el interior de los demonios.
La insistencia en que la incapacidad de conocer simultáneamente la posición y el momento de las partículas en la mecánica cuántica vuelve promesa vacía al demonio de Laplace, ha robado luz a otros análisis no menos importantes. Más interesante resulta advertir que, cada vez que el demonio de Laplace ha sido puesto en la mesa de operaciones, nuevos amasijos epistémicos han sido revelados. “El famoso rompecabezas de la calculadora de Laplace está lleno de confusiones…”, se lee en una exquisita referencia clásica que Canales no incluye,
“Defiende, de hecho, poco más que la proposición de que en cualquier momento de la existencia del mundo, el futuro del mundo ‘será lo que será’. Pero lo que será no puede predecirlo, porque el mundo mismo está en el Tiempo, en perpetuo crecimiento, produciendo nuevas y frescas combinaciones” (Alexander, 1920, p. 328).
Para el filósofo australiano, el tiempo era tan real y vivo que ni dios mismo podría predecir su propio futuro. Alexander tuvo razón al denunciar, tempranamente además, que el demonio confundía determinismo y predictibilidad, que el determinismo era compatible con la impredictibilidad, y la libertad con la predictibilidad.
Por su parte, Cassirer también auscultó detenidamente a este demonio. La referencia sí se encuentra en el libro, pero Canales le dio un uso muy limitado. Cassirer encuentra que “la fórmula de Laplace es tan capaz de una interpretación científica como de una puramente metafísica, y es precisamente este doble carácter el que explica la fuerte influencia que ejerció” (Cassirer, 1954, p. 5). Ya entrado en la disección, Cassirer se pregunta cómo puede el demonio laplaciano ser susceptible de conocer un instante de todo el universo. Si lo hace de manera mediata –midiendo como nosotros humanos lo hacemos–, entonces sus mediciones portan indefectiblemente el error introducido por los aparatos. De manera que solo le resta hacerlo de manera inmediata. Pero una inteligencia así equipada, no necesita pasar por el cálculo para llegar al futuro, ya que puede acceder intuitivamente a cualquier instante de la realidad. La conclusión inevitable es que el demonio combina dos tendencias heterogéneas e incompatibles. Alexander ya había sentenciado de manera similar esta imposibilidad: “Ya sea, pues, que la mente calculadora infinita de la hipótesis es incapaz de predecir, o es supuesto por una petitio principii que puede saber más de lo que realmente sabe, y toda predicción es innecesaria” (Alexander, 1920, p. 329).
Una aporía distinta es la siguiente. No obstante que el demonio sea ciego a la flecha del tiempo, en tanto predictibilidad no se reduce a determinismo, la equiparación entre retrodicciones y predicciones debe ser asegurada y no supuesta. En otras palabras, en una vivisección se encontrará que el demonio de Laplace no es uno sino la fusión de dos seres distintos: un predictor (oráculo) y un retrodictor (dialabio5 ). Cabe señalar que desde siempre la retrodicción ha permanecido a la sombra de la predicción. Difícilmente se la encuentra en índices enciclopédicos y en dado caso es adentro de paréntesis. De cualquier forma, que la predicción a futuro es esencialmente equivalente a una sobre el pasado, no es sino un fuerte presupuesto heredado del demonio de Laplace, que debiera hacerse al menos explícito, si no exorcizar de una vez por todas.
A todas luces el libro está bien escrito y cuenta con una erudición notable, ello no lo libra de ciertos reparos literarios. Por razones de brevedad, considérese una única y pequeña línea de la página 60: “Maxwell’s demon was small, but milquetoast he was not”. El adjetivo no podría ser más provinciano. Hace referencia cerrada a una caricatura estadounidense cuya fama llevó a Webster, su autor, a la portada de la revista Time el 26 de noviembre de 1945. La nota dice que millones de estadounidenses conocen a Caspar Milquetoast tan bien como conocen a Tom Sawyer y mucho mejor que a figuras mundiales como Don Quijote, porque lo conocen casi tan bien como a sus propias debilidades. Entonces, en un vasto mundo agobiado por las referencias de unos pocos, ¿por qué insistir en más de lo mismo? Qué lejos, en todo caso, queda la directriz de Santayana para escribir con propia mente en lingua franca: “to say plausibly in English as many un-English things as possible” (Santayana, 1940/ 2009, p.7).
No son pocas las preguntas que Canales no responde y no son menos las que ni siquiera formula: ¿Dónde están los demonios de la química? ¿Las conjeturas en matemáticas juegan un lugar análogo a los demonios en la física? La literatura sobre el pasaje de Laplace es legión, ¿por qué no hay ni una sola ilustración del demonio? Ni el demonio de Descartes ni el de Laplace nacieron como demonios, fueron bautizados así más tarde, ¿hay casos de criaturas primeramente llamadas demonio que perdieron luego el apelativo? No obstante, Canales debe ser aplaudida por traer al banquete un plato tan fino como difícil de digerir. Contada desde sus demonios, la historia de la ciencia yace definitivamente más cerca del discurso de sus artífices que de sus comentadores.
Notas
2 Todas las traducciones son del autor.
3 Al parecer, Rothstein consideraba que el lenguaje de los demonios era útil porque obligaba a los físicos a alejarse de la jerga y volver a la sustancia: ‘El uso de demonios puede ser una especie de higiene semántica –dijo–, para evitar que los científicos digan tonterías sin darse cuenta’” (p. 179).
4 Así acuñado por Poincaré (1911/2002, p. 101).
5 La mitología está llena de criaturas que vaticinan el futuro. Asombrosamente parece estar vacía de estos otros monstruos que solo miran el pasado, situación por la cual me permito introducirlos: Tras penosas marchas uno puede encontrar un Dialabio, el gran retrodictor, y entonces confiarle un objeto desconocido, algún resto de algo que no es más. El Dialabio tendrá un rapto, no sabremos si intuye, rememora o calcula, pero al final escupirá la historia perdida, haya o no memoria para comprobarlo.
Referencias
ALEXANDER, S. (1920). Space, time and deity: The Gifford lectures at Glasgow, 1916-1918 (Vol. II). London: Macmillan & Company.
ASIMOV, I. (1962). Science: The modern demonology. Magazine of Fantasy and Science Fiction. (January), 73–83.
CANALES, J. (2015). The physicist & the philosopher: Einstein, Bergson, and the debate that changed our understanding of time. Princeton University Press.
CASSIRER, E. (1954). Determinism and indeterminism in modern physics; historical and systematic studies of the problem of causality. Yale University Press.
IRVINE, A. D. (1991). Thought experiments in scientific reasoning. En T. Horowitz & G. Massey (Eds.), Thought experiments in science and philosophy (pp. 149–166). Lanham: Rowman & Littlefield.
POINCARÉ, H. (2002). Le Demon d’Arrhenius. En H. Poincaré, L. Rollet (Ed.), & L. Rougier (comp.) Scientific opportunism – L’Opportunisme scientifique: an anthology (pp. 101– 4). Birkhäuser. (Obra original de 1911)
LANDSBERG. P. T. (1996). Irreversibility and time’s arrow. Dialectica, 50(4), 247–258. https://www.jstor.org/stable/42970694
SANTAYANA, G. (2009). A general confession. En The essential Santayana: Selected writings (pp. 4–22). Indiana University Press. (Obra original de 1940)
WEINERT, F. (2016). The demons of science: What they can and cannot tell us about our world. Springer.
Resenhista
Alan Heiblum Robles – Investigador independiente. E-mail: mulbieh@gmail.com Orcid 0000-0003-1678-9686
Referências desta Resenha
CANALES, Jimena. Bedeviled: A Shadow History of Demons in Science. Princeton University Press, 2020. Resenha de: HEIBLUM ROBLES, Alan. Epistemología e Historia de la Ciencia. Córdoba, v.5, n.2, p.105-111, 2021. Acessar publicação original [DR]
Against Nature | Lorraine Daston
El nuevo libro de Lorraine Daston es un breve ensayo que recapitula ideas previamente desarrolladas en sus dos conferencias Tanner “The Morality of Natural Orders: The Power of Medea” y “Nature’s Customs versus Nature’s Laws” (Daston, 2002), además de los dos libros editados The Moral Authority of Nature (Daston & Vidal, 2004) y Natural Law and Laws of Nature in Early Modern Europe (Stolleis & Daston, 2008). Los lectores asiduos de la filósofa germano-estadounidense encontrarán que Against Nature no tiene la erudición y la densidad conceptual de sus predecesores, pero sí una retórica más ligera y penetrante. La prosa de esta obra es diáfana, habiendo sido escrita tanto en alemán como en inglés por la misma autora, manteniendo un estilo liviano bastante alejado de la pesadez que otrora fue característica del pensamiento producido en Alemania. Pero, curiosamente, este libro se inscribe con gracia dentro de un tema propio de la tradición filosófica germana: la antropología filosófica enmarcada por la obra de Kant. Hay cierta sensación de yuxtaposición a lo largo del libro, semejante al cruce de temporalidades presentes y pasadas en los sueños. Por momentos parece que Daston no se ha movido de la filosofía del siglo XVIII, pero al cambiar de página queda en evidencia que se trata de una pensadora contemporánea en el sentido fuerte del término. Esto, lejos de ser una contradicción que le reste mérito al libro, resulta en una fascinante experiencia de integración poco frecuente en la academia actual. Leia Mais
Coordenadas – Revista de História Local y Regional. Rio Cuarto, v.8, n.2, 2021.
ARTÍCULOS
- La Federación Obrera Local Rosarina en un punto y coma: el año 1907 y el fin de un ciclo
- Carlos Alberto Álvarez
- La configuración de los estudios regionales en los orígenes del Instituto de Historia (Facultad de Humanidades – Universidad Nacional del Nordeste)
- María Núñez Camelino, Jocefina Cargnel
- La construcción de una identidad obrera en la ciudad de Olavarría, Argentina 1940-1970
- Griselda Lemiez
- Conocer para mejorar. La investigación como fundamento de la extensión rural en el Programa Hogar Rural del INTA (1958-1974)
- Joan Gabriel Mecozzi
- Los mazorqueros contra Urquiza. El enfrentamiento entre verticalistas y antiverticalistas en la provincia de Buenos Aires durante 1975. Un análisis a partir de las crisis municipales en Junín y Tres de Febrero
- Juan Iván Ladeuix
- Políticas de memoria y políticas educativas. Una comparativa del caso español con el chileno y el argentino
- Ana de la Asunción Criado
DOSSIER
- Luchas por los Derechos Humanos en perspectiva local / regional. Sentidos, actores, espacios y temporalidades en Santa Fe y Córdoba
- Marianela Scocco, Ana Carol Solis
- El Movimiento Ecuménico por los Derechos Humanos (MEDH). Surgimiento y consolidación de la Regional Rosario a mediados de la década de los ‘80
- Érika Lezcano
- Las luchas por la memoria y la condición social de los represaliados en el Gran Rosario.
- Marianela Scocco
- El tratamiento de la cuestión de los derechos humanos en un marco de impunidad, el caso del diario La Voz del Interior (1995-1996).
- María Paula Puttini
- El surgimiento de Unidos por la Memoria y Ante el Olvido (UMANO). Casilda, provincia de Santa Fe (1995 – 2002).
- Cecilia Casarotto
- Matan a pobres corazones: una aproximación a las experiencias de activismo artístico contra la violencia policial en Rosario
- Agustina Kresic
- Fundación Servicio por los Derechos Humanos María Elba Martínez. Materiales para historiar una vida de abogada en las luchas de Córdoba.
- Janet Páez
- Las búsquedas según los documentos judiciales. Aportes para la historia del movimiento de derechos humanos en Córdoba desde la Sentencia del Megajuicio.
- Ana Carol Solis
RESEÑAS
- Reseña a Mendoza, J. J. (2019). Los archivos. Papeles para la nación. Villa María, Córdoba: Editorial Universitaria de Villa María, 300 pp.
- Luciano Di Salvo
- Reseña a Carrizo, B. (2020), Los radicalismos en la democratización política. Santa Fe, Argentina: UNL Ediciones, 252 pp.
- Javier Rodrigo
- Reseña a Bageneta, J. M. (2020) ¿Apropiadas o impuestas? Economía popular en el agro latinoamericano y el Grupo Cooperativo Quali. La Plata: TeseoPress, 138 pp.
- Graciela Mateo
O Brasil cristão da Frente Parlamentar Evangélica: luta pela hegemonia e revolução passiva | Ricardo Ramos Shiota e Michelli de Souza Possmozer
O Brasil cristão da Frente Parlamentar Evangélica: luta pela hegemonia e revolução passiva | Ricardo Ramos Shiota, Michelli de Souza Possmozer | Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá, v. 13, n.39, 2021.
Revista de Ensino de Geografia. Uberlândia, v.12, n.22, jan./jun. 2021.
Editoria
ARTIGOS
- ENSINO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA NA ALFABETIZAÇÃO E NO LETRAMENTO: CIÊNCIAS HUMANAS E CONSTRUÇÃO CURRICULAR NO INÍCIO DA ESCOLARIZAÇÃO
- Gilvan Charles Cerqueira de Araújo
Tiago Fernandes Rufo
- GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: FORMAÇÃO E DESAFIOS NA PRÁTICA DA DOCÊNCIA
- Rizonete Maria Ramos da Silva
Nelcioney José de Souza Araújo - JOGOS DIGITAIS E O ENSINO DE GEOGRAFIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA NACIONAL
- Antonio Virginio Martins Neto
Carlos José Sabino Nascimento
Rogerio Junior Correia Tavares - PERSPECTIVAS DO RAP NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA: O QUE PENSAM OS DOCENTES?
- Ana Luiza da Silva Indiano
- O ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL: DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SABER GEOGRÁFICO ÀS
IMPLICAÇÕES DA LEI Nº 13.415/2017 E DA BNCC
- Raiany Priscila Paiva Medeiros Nonato
Cícero Nilton Moreira da Silva - ENSINO DE GEOGRAFIA EM TEMPOS DE PANDEMIA: DESAFIOS DO ENSINO REMOTO E DAS TECNOLOGIAS NA PRÁTICA DOCENTE
Joyce Caroline de Souza Souto
Nathalia Rocha Morais - A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL E O ENSINO DE GEOGRAFIA: UM ESTUDO A PARTIR DE MAPAS DA ÁFRICA ELABORADOS POR DOCENTES DOS ANOS INICIAIS DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
Marcos Aurélio Soares da Silva
Adelina de Oliveira Novaes - O PATRIMÔNIO CULTURAL NO ENSINO DE GEOGRAFIA: APORTES PARA UMA VISÃO DECOLONIAL DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
- Tatiana Colasante
Alini Nunes de Oliveira
Fabiane de Oliveira Domingos - LEVANTAMENTO E APLICAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
- Camila Martins
Ricardo Tombesi Macedo
Sidnei Renato Silveira - A GEOGRAFIA NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO: DECOLONIZANDO ESTEREÓTIPOS REPRODUZIDOS PELO LIVRO DIDÁTICO
- Glemilson Moraes Pascoal
- O ESPAÇO GEOGRÁFICO ESCOLAR NA PRÁTICA EDUCATIVA DO ENSINO BÁSICO
- Évelyn Freire da Silva
Janete Regina de Oliveira - IDENTIFICANDO CINCO DESAFIOS DE INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA PARA A PRÓXIMA DÉCADA
- Cristiana Martinha Maia Oliveira da Fonseca Abay
- DE POUSO À REGIÃO METROPOLITANA: POTENCIALIDADES DA PRÁTICA DOCENTE INTERDISCIPLINAR NO ESTUDO DA CIDADE
- Viviane Lousada Cracel
Glaucia Regina Damiani Passos Camargo
Lúcia Helena Caldas - ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA CONSTRUÇÃO DE UM “MAPA AFETIVO” DO MUNICÍPIO NO CONTEXTO DE ENSINO REMOTO DE GEOGRAFIA
- Derik Ribeiro de Paiva
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS
- APRENDIZAGEM GEOGRÁFICA NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM TOUR VIRTUAL EM MUSEUS COMO POSSIBILIDADE NO ENSINO
Malena Silva Nunes - USO DOS APLICATIVOS GPS-STATUS E GOOGLE EARTH EM TRABALHO DE CAMPO DE GEOGRAFIA NA ESCOLA
- Rafael Alves de Freitas
- O ENSINO DA GEOGRAFIA SUPERANDO FRONTEIRAS: A APRENDIZAGEM DO LUGAR ESTANCIADO EM FORMA LÚDICA, LIBERTA E VICISSUTIDINÁRIA
- Sarah Julyana Coelho de Albuquerque
- O TESTAMENTO BIOGEOGRÁFICO DO PAU BRASIL: ATIVIDADE LABORATÓRIO DE ENSINO EM GEOGRAFIA
- Aldeíze Bonifácio da Silva
Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.34, n.72, 2021.
Cultura Visual
janeiro – abril
Editores
Bernardo Borges Buarque de Hollanda, João Marcelo Ehlert Maia e Thais Continentino Blank (professores doutores e pesquisadores do CPDOC/FGV, Rio de Janeiro, Brasil)
Conselho Consultivo
Angela Maria de Castro Gomes (UNIRIO e PPHPBC/FGV, Rio de Janeiro, Brasil) […]
Secretário
Taynã Martins Ribeiro
Editoração Eletrônica/Capa
Zeppelini Publishers
Revisão
Zeppelini Publishers
Pareceristas ad hoc
Isabel Costa Mattos de Castro (UFRJ) […]
Publicado: 26-01-2021
Edição completa
Editorial
Thais Blank | PDF
Artigos
As mil e uma mortes de um estudantefoto-ícones e história fotográfica
Ana Maria Mauad, Mauricio Lissovsky | PDF
Lila Silva Foster | PDF
Leitores e leituras de revistas em quadrinhosuma história visual (anos 1930-1950)
ivan lima gomes | PDF
Lorena Barros Travassos | PDF
Do branco ao negro, da elite ao popularcultura visual, fotografia e futebol no início do século XX
Diana Mendes Machado da Silva | PDF
Mudanças epistemológicas na arquiteturaentre arquivos, exposições e publicações
Eduardo Augusto Costa | PDF
Narcocultura visual e feminismo liberalum estudo de caso
Marina Soler Jorge | PDF
Meu malvado favoritoos memes bolsonaristas de WhatsApp e os acontecimentos políticos no Brasil
Viktor Chagas | PDF
Colaboração Especial
Lia Calabre , Thiago da Silva Tavares | PDF
Entrevistas
“Imagens selvagens”Entrevista com Ana Maria Mauad e Maurício Lissovsky
Thaís Blank, Isabella Poppe | PDF
Ética e Estética do Tempo Presente | Outras Fronteiras | 2021
ÉTICA E ESTÉTICA DO TEMPO PRESENTE Ou da subjetividade como afazer político
[…] a arte é considerada política porque mostra os estigmas da dominação, porque ridiculariza os ícones reinantes ou porque sai de seus lugares próprios para transformar-se em prática social
A política é a atividade que reconfigura os âmbitos sensíveis nos quais se definem objetos comuns. Ela rompe a evidência sensível da ordem “natural” que destina os indivíduos e os grupos ao comando ou à obediência, à vida pública ou à vida privada, votando-os sobretudo a certo tipo de espaço ou tempo, a certa maneira de ser, ver e dizer2. Leia Mais
Outras Fronteiras. Cuiabá, v.9, n.1, 2021.
Dossiê Ética e Estética do Tempo Presente
Dossiê Temático
- ÉTICA E ESTÉTICA DO TEMPO PRESENTE Ou da subjetividade como afazer político
- Thiago COSTA
- AS IMPOSIÇÕES ACERCA DO SER MULHER.
- Yasmin Nobre Silva Cavalcante
- INTERSECCIONALIDADE E ESPAÇO URBANO: FAZER-CIDADE DAS TRABALHADORAS AMBULANTES E SEXUAIS NAS PRÁTICAS DE RUA
- Aleida Fontoura Batistoti, Gabriela Pinto de Moura
- Estética em transe: manifestações artísticas em tempos de pandemia
- Vanessa Lopes, Yara dos Santos Costa Passos
- HISTÓRIA E MÚSICA: UMA REFLEXÃO SOBRE ELIS REGINA COMO VOZ DE RESISTÊNCIA DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR NO BRASIL
- Ivana Veloso de Almeida, Lorena Danielle Santos
- CRONOLOGIA DA DISSOLUÇÃO ARTE E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA NO SÉCULO XX
- Thiago Costa, Ariadne Marinho
- PALAVRA PÚBLICA, ENTRE O DESVIO E A REOBJETUALIZAÇÃO: UMA TRAMA PARA O LETREIRO LUMINOSO NA ARTE CONTEMPORÂNEA
- Rodrigo Maceira
- Observing in Physics and in the Arts
- Sheldon Richmond
Artigos
- ADIVINHAÇÃO, CURA E FEITIÇARIA: DENUNCIAÇÕES SOBRE PRÁTICAS MÁGICAS NA ÚLTIMA VISITAÇÃO DO SANTO OFÍCIO NA AMÉRICA PORTUGUESA (GRÃO-PARÁ, 1763-1769)
- Andreia Suris, Eduardo Cristiano Hass da Silva
- A GUERRA DO PARAGUAI: AS CONDIÇÕES SANITÁRIAS MATAVAM MAIS DO QUE AS ARMAS.
- Alexandre Borella Monteiro
- Entrevistas
- Entrevista com Thiago Torres (Chavoso da USP)
- Jadir José Carneiro Jr, Bruno Miranda Corrente
- Trabalhos de Iniciação Científica (PIBIC e VIC) e Docência (PIBID)
- OS QUADRINHOS ESTÃO NA ESCOLA? A INSERÇÃO DOS QUADRINHOS EM ESCOLAS PÚBLICAS URBANAS NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM/PA
- Douglas Mota Xavier de Lima, Robson dos Santos Oliveira
A formação da biblioteca pessoal: efeitos refeitos | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2021
Falemos da biblioteca. Quis dizer com isso que qualquer leitura é uma leitura comparativa, contato do livro com outros livros. Assim como existe dialogismo e intertextualidade, no sentido que Bakhtin dá ao termo, há dialogismo e intertextualidade da prática da própria leitura. Entretanto, não há nada aqui que seja mensurável. Estamos no campo das hipóteses e do provável. Ler será, portanto, fazer emergir a biblioteca vivida […].1
No cerne das atividades escolares, nas histórias de formação individual e coletiva, científica e profissional ou artística, habita a leitura. Que mais não precise ser mencionado aqui para dizer de sua relevância. Lembremo-nos apenas dos embates atuais entre os jovens estudantes – e os nem tão jovens – sobre o prazer ou o tédio que a atividade pode ocasionar. O território dos estudos sobre a leitura é vasto, muito já se falou, investigou e recomendou sobre a questão. Que, por excelência, interessa à maioria das ciências humanas e ocupa posição central para os trabalhos educacionais. Deixemos aos especialistas o domínio das peculiaridades da leitura. Interessa-nos investigar os efeitos da leitura na vida de cada pessoa. A questão não indica a necessidade de se produzirem instrumentos para medições, pois como afirma Jean-Marie Goulemot, “não há nada aqui que seja mensurável”. Talvez, por isso, o próprio leitor, por meio de suas apropriações, seja a principal referência para que se possa compreender o que resta após o ato da leitura. Esse é o caminho escolhido no Dossiê A formação da biblioteca pessoal: efeitos refeitos, de modo a refletir acerca de uma atividade que se tornou central na construção de saberes sobre si e sobre o mundo, sendo estruturante de atividades e ofícios diversos. Leia Mais
Iglesia, religión e independencias en Hispanoamérica | Historia y Espacio | 2021
Las independencias de las excolonias europeas en América, sobre todo las que pertenecieron a España, es uno de los temas historiográficamente hablando, que más se han trabajado. Los primeros estudios sobre el momento de ruptura del orden colonial dieron pie a las que se han denominado historias nacionales, preocupadas ellas por construir un relato casi oficial sobre cómo nacieron las nuevas repúblicas hispanoamericanas. Desde un principio, los variados relatos que se elaboraron sobre las independencias enfatizaron en diversos aspectos que consideraron relevantes, por ejemplo las ideas políticas que supuestamente influyeron en el constructo ideológico revolucionario; las campañas militares que condujeron a las derrotas de los ejércitos realistas en múltiples campos de batalla, lo que significó el enaltecimiento de los “héroes que nos dieron patria”, como reza una frase muy conocida en la región; el papel que desempeñaron potencias europeas, especialmente Gran Bretaña, en el patrocinio del proceso emancipador; y el papel que tanto la Iglesia católica, como institución, como la religión, jugaron en la independencia como proceso histórico.
Sobre ese aspecto, el del papel que jugaron tanto la Iglesia católica como institución, y la religión católica, hay abundante bibliografía, proveniente de diversas corrientes de pensamiento y escuelas historiográficas. En esa bibliografía observamos que no hay posiciones dominantes o hegemónicas, por el contrario, con el paso del tiempo, son diversas las conclusiones y los resultados que se muestran sobre cómo incidieron la iglesia y la religión católicas en el proceso emancipador. De esta forma, si hablamos de la Iglesia como institución observamos que se dice, por ejemplo, que fue baluarte de la defensa de la monarquía en la crisis que padecía desde la invasión napoleónica a la Península Ibérica en 1808. Y en ese sentido la defendió cuando en sus colonias americanas se despertó el espíritu autonomista y después el independentista. Se afirma también que sectores de esa institución, sobre todo criollos y de baja importancia, apoyaron el gradual desprendimiento de las colonias americanas hasta desembocar en la Independencia llegando, incluso, a emplear mecanismos como catecismos y sermones para justificar lo que, sobre el papel, era una clara ruptura del orden natural. También se indica que, con el paso de los años, y sobre todo después de las derrotas realistas en tierras americanas, los eclesiásticos, incluso peninsulares, que aún permanecían en el continente americano decidieron, por bien de la iglesia y de la religión católicas alinearse no sólo con la Independencia sino también con el sistema republicano. A partir de ese momento, el de dar su aprobación a la Independencia, la iglesia ayudó a los gobiernos de las nacientes repúblicas a buscar que esa aprobación también fuera dada desde el centro del catolicismo, esto es Roma, lo que a la postre comenzó a pasar desde mediados de la década de 1830. La aceptación del Papa de la ruptura del orden colonial, y la formación de nuevas realidades, por ejemplo la republicana, condujeron a la reconfiguración de las relaciones con el pontificado por parte de las repúblicas hispanoamericanas y el imperio brasileño. De esta forma puede verse el ocaso del patronato real y el fracaso, por así llamarlo, del patronato republicano. Leia Mais
SerTão Plural | Revista Historiar | 2021
“(…) como o sertão é grande”.
Guimarães Rosa
A categoria Sertão foi durante certo tempo uma das tendências interpretativas do Brasil – o Sertanismo, que se pretendia capaz de dar conta do que seriam as múltiplas realidades identitárias do país, de forma considerada mais realista, substituindo o lugar do índio pelo do sertanejo, ainda que mantendo basicamente um mesmo discurso de afirmação e busca por uma identidade romântica, costurando imaginação e tradição, especialmente na trama literária. Espaço tenso de debate e afirmação de contrastes – rural, urbano, civilizado, incivilizado, acossado ora pela tradição, ora pela modernidade, o sertão já sofreu o impacto do determinismo, do romantismo, do modernismo, do tradicionalismo. De todo modo, sua pujança excede suas (in)certas fronteiras e abre caminhos para reflexões quase sempre originais, mas também espinhosas. Talvez uma das mais percucientes dessas reflexões tenha sido a de Euclides da Cunha com Os Sertões. Desde então compreendemos que não há sertão, mas sertões. Leia Mais
Estilo Avatar: Nestor Macedo e o populismo no meio afro-brasileiro | Petrônio Domingues
Petrônio Domingues | Foto: Sesc.org |
Uma parte relevante, porém ignorada de nossa história, é recuperada habilmente por Petrônio Domingues em sua mais recente obra. Domingues tem-se destacado como um historiador comprometido em expandir o entendimento do multifacetado papel do negro na construção da sociedade brasileira. Um dos maiores estudiosos da história do ativismo negro político, o autor se posiciona contrário ao discurso convencional que situa o negro brasileiro como relevante agente cultural, mas que não atribui a mesma significância à atuação negra na história política, econômica e social. Domingues, em Estilo Avatar, traz uma essencial contribuição para retificar essa narrativa.
A escolha de pesquisar uma organização até então pouco conhecida, a Ala Negra Progressista, organização fundada e liderada por Nestor Macedo em São Paulo, no ano de 1948, constitui-se em uma das fortalezas do livro. Através deles, Domingues expõe a ignorância que permeia a sociedade brasileira sobre a multiplicidade e complexidade do papel do negro no âmbito político brasileiro. Domingues ressalta que, apesar de serem ativos participantes do processo democrático, Nestor Macedo e a Ala Negra Progressista nunca receberam atenção da literatura especializada e jamais foram objetos de uma pesquisa acadêmica. Tal observação reforça a relevância dos estudos históricos em promover narrativas de inclusão. Enquanto muito da literatura sobre populismo no Brasil tem se concentrado apenas em lideranças brancas, Estilo Avatar reverte o foco e investiga a dimensão das práticas populistas na população afro-brasileira.
Esse trabalho se junta a uma literatura emergente que se dedica a compreender a trajetória histórica do negro na política brasileira. As recentes pesquisas acadêmicas de Edilza Sotero (2015), Tianna Paschel (2018), Gladys Mitchell (2018) e Kwame Dixon (2016) comprovam que a rica, porém ainda pesquisada em estágio incipiente, história afro-brasileira no mundo político é pontuada por uma mobilização determinada, intelectualmente centrada e imbuída de profunda consciência política.
Estilo Avatar vai além da missão de resgatar esse importante e olvidado fragmento da história brasileira. As correções metodológicas e teóricas no campo de Black Studies que visam retificar narrativas históricas que, por longo período, colocaram o negro como sujeito passivo na construção histórica, são habilmente executadas em Estilo Avatar (DAGBOVIE, 2015). A análise de Domingues da sinuosa relação entre Nestor Macedo e um dos expoentes do populismo político brasileiro, o governador paulista Adhemar de Barros, serve de advertência a historiadores para a diferença entre assimetria de poder e completa subjugação. Ao mesmo tempo que o autor não esconde o fato de Adhemar de Barros gozar de reconhecimento e poder político superiores aos de Nestor Macedo, ele salienta que ambos constantemente negociavam e buscavam, através de sua associação, o alcance de seus objetivos particulares.
O primeiro capítulo traça as origens da ANP. A ascendência da organização é contextualizada na atmosfera política vivida em São Paulo nos anos pós-Estado Novo. É nesse ambiente de retomada democrática que Adhemar de Barros se estabelece como liderança política e expoente do populismo no estado de São Paulo. Domingues define o processo de construção do “mito Adhemar Barros” como um projeto político que focava numa interlocução direta com as massas, apoiada por um grupo de profissionais de propaganda e uso massivo da mídia, “recorrendo ao rádio, ao cinema, à música e a imprensa” (p. 55) para conduzir sua campanha eleitoral. Domingues nota que a “Ala Negra Progressista inscrevia em capítulos, artigos e parágrafos dos seus estatutos a preocupação com o negro no mundo da política” (p. 48). Convencionalmente, considera-se que houve um hiato na história do ativismo negro político no período entre o abrupto fim da Frente Negra Brasileira em 1937 e o advento do Movimento Negro Unificado em 1978. O autor parcialmente diverge de tal narrativa e nos mostra, através do caráter político da Ala Negra Progressista, que o negro brasileiro nunca deixou de aspirar a um papel de protagonista na política brasileira. Além da relevância histórica da ANP por ter sido uma organização negra que objetivava a inserção da comunidade afro-brasileira no mundo político, a ANP também desempenhava um relevante papel no fomento da conscientização racial. Tal mobilização se articulava principalmente através de “panfletos, palestras, encontros e reuniões sociais” (p. 50). O livro também singulariza o engajamento de lideranças femininas que, através de uma Diretiva Feminina, conduziram diversas atividades de cunho social. Ademais, nesse capítulo o autor destaca a constante negociação entre a classe política e a operária, ressaltando a assimetria de poder entre as partes sem a plena submissão do grupo subalterno. Domingues demonstra que a elite política, embora fizesse uso da máquina eleitoral para se manter no poder, era também alvo da pressão da classe trabalhadora, estabelecendo assim entre as partes uma “relação de negociação e conflito por uma via de mão dupla” (p. 74).
O capítulo seguinte foca no personagem histórico central da obra de Domingues, Nestor Macedo. Os arquivos do Deops possibilitaram ao autor revelar fragmentos da vida social e ativista de Nestor Macedo e sua organização. A ANP não passou incólume frente ao ostensivo monitoramento do Deops de qualquer movimento social, cultural ou político que pudesse representar potencial ameaça à ordem política. A rigorosa investigação conduzida por Domingues nos apresenta na figura de Macedo um personagem riquíssimo, que acima de tudo, aprendeu a lidar com os meandros da política e sociedade brasileira para lutar por uma posição de protagonismo.
O autor nos revela que Adhemar de Barros e Nestor Macedo eram produtos de similar estirpe política que sorviam das práticas populistas para avançar suas agendas. Enquanto Adhemar de Barros usava dos palanques políticos e da máquina eleitoral para consolidar sua carreira política e permutar favores, Nestor Macedo ficou conhecido como o “Rei dos bailes”, dada sua estratégia de promover atividades festivas no salão de baile da ANP, e assim sedimentar sua influência na comunidade negra.
Em relação ao personagem principal do livro, Domingues em momento algum romantiza a personalidade de Nestor Macedo como articulador político e ambicioso líder negro, assim como nunca a deprecia por suas falhas e dúbias condutas que por vezes tiveram desfecho em uma delegacia. Domingues expõe tanto as virtudes como as defecções desse personagem complexo. O autor salienta que ao mesmo tempo que Macedo “não se importava de colaborar com o Deops e tampouco tinha por isso crise de consciência” (p. 98), ele também via a política como instrumento de justiça racial, e através desse meio reivindicava benefícios para sua comunidade.
O último capítulo examina como a ANP capitalizou dos ares democráticos que alentavam a comunidade negra a demandar a inclusão da questão racial nas agendas das lideranças político-partidárias. Esse capítulo foca em uma das perguntas fundamentais abordadas no livro. Por que Nestor Macedo e a Ala Negra Progressista optaram por apoiar Adhemar de Barros? Domingues argumenta que, apesar de algumas demonstrações de solidariedade à população negra, para Adhemar a questão racial era de secundária importância.
Para Domingues, a razão da aproximação de Adhemar junto aos votantes negros era fundamentalmente “um investimento de engenharia política, de quem não desperdiçava a oportunidade de explorar o potencial eleitoral dos segmentos específicos da população” (p. 164). Domingues atribui grande peso à associação entre Nestor Macedo e Adhemar de Barros à negligência dos atores políticos, tanto da esquerda quando da direita, quanto à questão racial durante as décadas de 1940 e 1950 (ANDREWS, 1991; HANCHARD, 1994). Dessa forma, o populismo ademarista “mesmo que de forma oportunista, instrumental e frívola” (p. 227), destacava-se por incluir a questão racial em sua plataforma política. Com a consolidação democrática das últimas décadas na América Latina, a questão da maior integração política de grupos subalternos começou a receber maior atenção por parte do meio acadêmico. Estudos históricos como Estilo Avatar nos possibilitam traçar a trajetória do laborioso processo que tais minorias enfrentaram para conscientizar lideranças políticas brasileiras sobre a questão racial.
É imperativo que pesquisadores deem a devida atenção à estrutura político-partidária de cada contexto político, a fim de compreender a razão pela qual certos grupos negros empregaram seu apoio político a partidos que atribuíam pouca relevância à questão racial. Se a congruência ideológica não se estabeleceu como agente agregador entre tais associações, elas não se constituem em anomalias políticas, mas sim obedecem o comportamento de grande parte das alianças partidárias no meio político brasileiro, onde grupos políticos ideologicamente díspares se aliam para avançar seus específicos projetos de poder, estabelecendo assim “a política da permuta” (p. 94).
Estilo Avatar é leitura obrigatória para qualquer leitor interessado em expandir seu conhecimento sobre o protagonismo negro no projeto de nação brasileira. O resgate histórico de Nestor Macedo e sua organização corrigem a narrativa prevalente que o populismo no Brasil se restringiu a lideranças brancas como Getúlio Vargas e Adhemar de Barros, que cooptaram e subjugaram a população negra. Estilo Avatar deve servir como um trecho de um caminho longo a ser percorrido pela historiografia das relações raciais no Brasil. Indubitavelmente temos muito a aprender sobre a população afro-brasileira no populismo, e que a obra de Domingues sirva de inspiração para futuras pesquisas acadêmicas.
De igual importância é a correção metodológica apresentada no livro que necessita ser salientada e reiterada para futuras investigações históricas de grupos subalternos. Vindouras pesquisas acadêmicas sobre as experiências da população afro-brasileira têm a missão e a responsabilidade de abdicar de classificar o negro brasileiro como ator anônimo ou secundário, e sim retratá-lo como agente central e ativo da história brasileira.
Referências
ANDREWS, George Reid. Blacks and Whites in São Paulo 1888 – 1988. Madison: The University of Wisconsin Press, 1991. [ Links ]
DAGBOVIE, Pero Gaglo.What is African American History? Malden: Polity Press, 2015. [ Links ]
DIXON, Kwame. Afro-politics and Civil Society in Salvador da Bahia, Brazil. Gainesville: University Press of Florida, 2016. [ Links ]
DOMINGUES, Petrônio. Estilo Avatar: Nestor Macedo e o populismo no meio afro-brasileiro. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2018. [ Links ]
HANCHARD, Michael George.Orpheus and Power: The Movimento Negro of Rio De Janeiro and São Paulo, Brazil, 1945-1988. Princeton: Princeton University Press, 1994. [ Links ]
MITCHELL, Gladys L.The Politics of Blackness: Racial Identity and Political Behavior in Contemporary Brazil. New York: Cambridge University Press, 2018. [ Links ]
PASCHEL, Tianna S. Becoming Black Political Subjects: Movements and Ethno-racial Rights in Colombia and Brazil. Princeton: Princeton University Press, 2018. [ Links ]
SOTERO, Edilza. Representação política negra no Brasil pós Estado Novo. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. [ Links ]
Resenhista
João Batista Nascimento Gregoire – University of Kansas, History Department, 1450 Jaywak Blvd, 66045, Laurence, Kansas, United States. joaogregoire@ku.edu.
Referências desta resenha
DOMINGUES, Petrônio. Estilo Avatar: Nestor Macedo e o populismo no meio afro-brasileiro. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2018. 265p. Resenha de: GREGOIRE, João Batista Nascimento. Ativismo político negro e o populismo em São Paulo. Varia Historia. Belo Horizonte, v.37 n.73, Jan./Apr. 2021. Acessar publicação original [IF].
Roubos e Salteadores na Bahia no tempo da abolição (Recôncavo, década de 1880) | Eliseu Silva
O processo de abolição é uma das áreas de estudo com maior vitalidade nas últimas décadas, notadamente, por investir no diálogo com a historiografia internacional, por incorporar novos procedimentos de análise e por tratar das experiências de escravizados e ex-escravizados.
É a partir desse cenário que o historiador Eliseu Silva circunscreve sua pesquisa. O livro é resultado da dissertação defendida na UFBA em 2016 e, posteriormente publicada pela EDUFBA em 2019. A investigação tratou dos roubos, furtos e de gente identificada como fora da lei, temática bastante visitada nas Ciências Sociais. Com um trabalho da área de História, o autor procurou analisar as complexas dinâmicas sociais em torno dos furtos e dos roubos em um recorte espacial e temporal delimitado. A pesquisa está concentrada no termo de Cachoeira, no Recôncavo baiano, na década de 1880.
Eliseu Silva produziu um trabalho de qualidade pautado nas regras do campo da história acadêmica, acessando farta bibliografia para diferentes frentes de sua investigação, com destaque para o diálogo refinado travado com intelectuais latino- americanos sobre o banditismo. Essa historiografia contribuiu para Silva não reduzir os homens em conflito com a lei em agentes que invalidavam injustiças sociais. As leituras teóricas e conceituais se fizeram presentes, com predominância dos historiadores sociais que dão o tom do debate realizado ao longo da obra que procurou reconstituir redes sociais ao rés do chão. A historiografia baiana, rica e diversa, mobilizada pelo autor, permitiu refletir sobre os diferentes aspectos que marcaram a desigualdade e a exclusão experimentada por gente empobrecida, em parte, oriunda do universo do cativeiro.
O historiador cruzou uma diversidade de fontes como jornais, processos criminais, correspondências policiais, relatórios dos presidentes de província e atas do legislativo. Ao analisar esse variado conjunto documental, apresenta-se ao leitor ações e vínculos estabelecidos por gente considerada criminosa nos influxos do processo de dominação e desmonte das relações escravistas.
Maria Helena Machado (1987) lembra que roubos e furtos podiam ser interpretados como “suplementação da economia independente” e como subversão. O autor, seguindo essa interpretação, indicou ser a maior parte dos delitos arrolados enquadrados no crime contra a propriedade, envolvendo animais, dinheiro e objetos de pequeno valor oriundos de fazendas e casas de comércio. Os objetos surrupiados carregavam simbologias de prestígio e poder próprios do universo branco e senhorial. As ações dos ditos ladrões podem ser lidas, por vezes, como imbuídas do interesse de recompensar danos infligidos e desavenças pessoais. Sendo assim, os delitos não necessariamente ocorriam para conter a fome ou a carência material. De um lado, a pesquisa buscou não dicotomizar as identidades de criminoso e de trabalhador, por outro lado, o autor não quis romantizar as experiências desses indivíduos tomando-as como expressão absoluta da luta contra a opressão e as injustiças sociais. Muitos adentravam no mundo do crime premidos pelas péssimas condições de vida. Já outros, apesar da preferência pelos endinheirados, também roubavam gente pobre e, por isso, não podem ser considerados bandidos sociais segundo a concepção de Hobsbawm (2010). Dessa feita, Silva procurou apresentar as experiências desses homens sob uma perspectiva mais equilibrada, sem superestimar suas ações e, para isso, faz uso do conceito de roubo social. Segundo Eliseu Silva, roubo social consiste na possibilidade dos menos favorecidos economicamente adquirirem recursos materiais distantes de sua realidade. O autor, a partir das análises empíricas, observou como o banditismo à época estava associado ao processo de desmonte das relações escravistas. A repressão aos supostos furtos e roubos tinha também a intenção de criminalizar as iniciativas e os projetos de futuro que ganhavam espaço com as lutas pelo fim do cativeiro.
O livro está dividido em três capítulos bem estruturados que dialogam com diferentes fontes documentais, procedimentos metodológicos e com especialistas nas temáticas abordadas. No primeiro capítulo é caracterizado o Recôncavo baiano na década de 1880, assim como as questões que permearam esse período. Discutiu-se acerca da abolição do cativeiro, da regulamentação do trabalho livre e da implementação de normativas que auxiliaram na coerção e na interferência do cotidiano da população recém-liberta.
No segundo capítulo são narradas as desventuras sucedidas em meio a roubos e furtos ocorridos no termo de Cachoeira. Segundo o autor, algumas dessas ações podem ser interpretadas como respostas a práticas consideradas injustas. Entre os escravizados, parece ter sido difundido o entendimento do direito ao usufruto de bens e recursos pertencentes ao senhor ou ex-senhor, pois as riquezas obtidas eram resultado do suor do seu trabalho, como uma espécie de um acerto de contas. Esse é um ponto importante da análise, tendo em vista que, na década de 1880, estava em derrocada a ideia de que o direito de propriedade incluía a posse de uma pessoa por outra, resultando em conflitos acerca da propriedade do que era produzido nas fazendas. A legitimidade da posse de terras, segundo Mariana Dias Paes (2018), por exemplo, também estava em disputa nesse período e era marcada pelo contexto da escravidão. Os debates em torno do tema da emancipação gradual fizeram com que o registro de terras tivesse a matrícula de escravos como referência. Segundo a autora, a partir de 1880 a legitimação da posse de escravos ou de terras estava centrada nas provas de domínio e, para isso, foram criadas tanto categorias jurídicas como documentos que garantissem sucesso nos litígios judiciais envolvendo tais propriedades. Avançava nas últimas décadas do século XIX o reconhecimento da propriedade de coisas, ao mesmo tempo em que amainava a legitimidade do domínio de pessoas.
Ainda no segundo capítulo, conhecemos quem eram os indiciados nos crimes de arrombamento, furto de animais e roubo, como também se estabelece uma aproximação aos seus hábitos, motivações, redes de sociabilidades e as redes de comércio ilícito. A partir dos dados arrolados, ficamos sabendo que parte significativa dos envolvidos com a ladroagem era formada por indivíduos não-brancos, tendo entre eles cativos. A maior parte dos indiciados era gente livre, os quais gozavam de certa liberdade de locomoção, facilitando as incursões criminosas. Nota-se a presença marcante de homens jovens, solteiros e trabalhadores braçais do universo urbano e rural. Alguns desses indivíduos foram localizados pelo nome, etnia e ofício, como o israelita José Morgan, a crioula Thomazia Maria e o fogueteiro Procópio Barbosa.
Entre os objetos subtraídos destacam-se joias, dinheiro, tecidos, roupas, fumo e animais que eram levados para vender ou para consumir. Os espaços que ofereciam esses produtos em profusão eram as fazendas, lojas de secos e molhados, fábricas de tecido ou fumo, casas de joias, todos esses estabelecimentos pertencentes às elites econômicas e políticas do entorno de Cachoeira. O roubo das posses da elite proprietária era visto como uma afronta à honra e à autoridade dos mais abastados e, por isso, tais delitos eram duramente perseguidos. Já a recepção dos objetos, em grande parte, deu-se entre pequenos comerciantes e mulheres. Segundo o autor, os primeiros se convertiam em receptadores por objetivarem ganhos pelos preços mais baixos dos produtos comercializados e, as últimas, no imaginário da época seriam acusadas com maior facilidade, pois os ladrões não sofreriam represálias.
No terceiro capítulo, somos melhor apresentados aos protagonistas da investigação. Nesse ponto é destacada a trajetória do grupo de salteadores de Basílio Ganhador, suas ações e quais os mecanismos e sujeitos compunham o bando. As mulheres, por exemplo, eram personagens importantes na rede de ajuda e favores, pois apesar de não serem integrantes efetivas da malta, atuavam na troca de notas mais altas de dinheiro no comércio e vendendo produtos roubados. As façanhas do grupo circularam na imprensa e nas correspondências de autoridades policiais, juízes e presidentes de província. O autor relata ainda que, na “companhia” de Basílio Ganhador, eram aceitos cativos fugidos, o que aumentava a repulsa ao bando por parte da classe proprietária.
Os codinomes dos personagens chamam a atenção e mereceriam uma análise mais acurada. Em várias passagens são apresentadas o envolvimento em delitos de indivíduos com as alcunhas de “Pé de rodo”, “Boca de boi”, “José das Preás”, “Joaquim Belas cousas” e “Marinheiro”. A reflexão sobre os codinomes poderia reforçar a discussão realizada quanto às ocupações e habilidades dos sujeitos que recorriam à ladroagem, ora como forma de subsistência, ora como modo de vida. Tal consideração poderia corroborar o argumento inicial de não dicotomizar as experiências desses sujeitos entre os universos do trabalho e do crime.
O livro de Eliseu Silva é uma leitura importante para os pesquisadores com trabalhos voltados à história social da escravidão e do processo de abolição. A discussão realizada na obra tem o potencial de atrair também o público não acadêmico que tenha interesse na história dos grupos minorizados, nas estratégias para impor sua subalternização e nos chamados foras da lei do século XIX.
Referências
DIAS PAES, Mariana Armound. Escravos e terras entre posses e títulos: A construção social do direito de propriedade de propriedade no Brasil (1835-1889). Tese (Doutorado em Direito) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. [ Links ]
HOBSBAWM, Eric. Bandidos. São Paulo: Paz e Terra, 2010. [ Links ]MACHADO, Maria Helena P. T. Crime e escravidão: trabalho, luta e resistência nas lavouras paulistas, 1830-1888. São Paulo: Brasiliense, 1987. [ Links ]
Maria Emilia Vasconcelos dos Santos – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de História, Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, 52171-900, Recife, PE, Brasil. mariaemiliavas@hotmail.com.
SILVA, Eliseu. Roubos e Salteadores na Bahia no tempo da abolição (Recôncavo, década de 1880). Salvador: Editora da UFBA, 2019. 216p. Resenha de: SANTOS, Acessar publicação original [IF].
Varia Historia. Belo Horizonte, v.37 n.73, Jan./Apr. 2021.
Diretório dos Índios: políticas indígenas e indigenistas na América portuguesa | SÆCULUM – Revista de História | 2021
O protagonismo dos povos indígenas no Brasil demorou a entrar na agenda da historiografia acerca da América Portuguesa, especialmente como indivíduos ou coletividades capazes de práticas políticas que poderiam decidir os seus destinos nos processos pós-contatos e diante da legislação indigenista. Incontáveis páginas foram escritas sobre o regime colonial nos trópicos sem que as suas agencias fossem mencionadas e até mesmo prevaleceram negações implícitas e explícitas sobre sua capacidade de ação, em estudos que tratam da política e da administração colonial portuguesa. As razões que procuram justificar operações historiográficas desse gênero têm sido de diferentes ordens. As mais frequentes são a alegação sobre a falta de fontes para inseri-los na historiografia, seu rápido e precoce “desaparecimento” das regiões conquistadas e colonizadas e a crença na desolação e na anomia dos indígenas, supostamente “incapacitados” de protagonismo histórico-social depois que foram conquistados e colonizados. Leia Mais
Política e sociedade no Brasil oitocentista: história e historiografia (II) / Clio – Revista de Pesquisa Histórica / 2021
Rancho na região da serra do Caraça, MG, Spix e Von Martius, 1817-1820 | Imagem: JLLO |
É com satisfação que publicamos a segunda parte do dossiê Política e sociedade no Brasil oitocentista: história e historiografia. Os artigos selecionados tratam das interfaces entre o poder, as culturas políticas e a sociedade, a partir de perspectivas teórico-metodológicas que focalizem as rupturas, as permanências, os antagonismos e as ambivalências historicamente tecidas nas múltiplas formas de relações sociais entre as elites e as camadas populares no Brasil durante o século XIX, nas mais diversas dimensões do poder e seus reflexos na sociedade e na economia. Atualizações e ressignificações do local e do regional diante das injunções produzidas pela dinâmica do global, assim com os processos e as tramas que singularizam as histórias do local e regional, em suas demissões social, econômica e de poder são também contempladas.
O primeiro artigo que abre o Dossiê, de Francivaldo Alves Nunes, intitulado na gigantesca floresta de metais: O Engenho Central São Pedro do Pindaré e os debates sobre a lavoura maranhense no século XIX, nos remete a implantação dos engenhos centrais como solução para o processo de modernização da atividade açucareira em fins do século XIX, tendo como palco a província do Maranhão. Em diálogo com a historiografia, o autor demonstra o quanto o otimismo presente na imprensa e nos relatórios dos presidentes de província em relação a essa inovação produtiva contrastava com as dificuldades e os obstáculos encontrados para sua realização, tais como a falta do concurso do capital externo para atender aos seus vultosos custos, o conflito de interesses entre produtores de cana e o Engenho central e a ausência de inovação na atividade agrícola.
Já o artigo Ofícios mecânicos e a câmara: regulamentação e controle na Vila Real de Sabará (1735-1829), de Ludmila Machado Pereira de Oliveira Torres, analisa a ação de reguladora exercida pela Câmara municipal de Sabará no território sub sua jurisdição e na ausência de corporações com essas funções em Minas Gerais, em fins do período colonial e início do Imperial. Nessa direção, a autora procede à verificação da eficiência deste poder público em regulamentar o trabalho mecânico por meio da realização de exames dos candidatos aos ofícios, proceder às eleições de juízes de ofício, tabelar preços e conceder licenças à categoria. Por outro lado, o texto ainda se detém no universo dos ofícios mecânicos na região, na maior ou menor presença de escravizados no seu meio e na relação desses trabalhadores com a instituição que os fiscalizava e regulava.
No texto de Jeffrey Aislan de Souza Silva, “Nunca pode, um sequer, ser preso pela ativa guarda”: a Guarda Cívica do Recife e as críticas ao policiamento urbano no século XIX (1876-1889), temos a abordagem de um aparato policial criado na capital de Pernambuco com a dupla função de combater a criminalidade e disciplinar a população. Nele é investigada a lei que criou essa força pública em seus diversos aspectos, como também a sua estrutura hierárquica, funções e os requisitos para o ingresso na corporação Além disso, o autor discute a eficácia e comportamento desse aparato de segurança, que mereceu uma avaliação nada lisonjeira dos seus contemporâneos na imprensa.
Com o título Gênero, raça e classe no Oitocentos: os casos da Assembleia do Bello Sexo e do Congresso Feminino, Laura Junqueira de Mello Reis pesquisa dois jornais na Corte, A Marmota na Corte e O Periódico dos Pobres, que possuíam seções especificamente dedicas às mulheres, e que tinham como seus principais colaboradores homens. Ao longo do artigo discutem-se os assuntos e as abordagens constantes nesses impressos do interesse de suas leitoras, como matrimônio, adultério, maternidade e emancipação feminina, entre outros. A perspectiva teórico-metodológica da autora busca realçar a questão de gênero sempre levando em conta a condição racial e de classe das mulheres a que os dois periódicos almejavam cativar e orientar, no caso as mulheres brancas, alfabetizadas e da elite.
O trabalho Arranjos eleitorais no processo de eleições em Minas Gerais na década de 1860, de Michel Saldanha, versa sobre importante temática política que cada vez mais vem merecendo a atenção da historiografia: as eleições. Embora as eleições sejam um assunto sempre referido nos trabalhos sobre a histórica política do Império, só recentemente vimos surgir inúmeras pesquisas que têm como seu objetivo particular o processo e a dinâmica eleitoral em diversos momentos e espaços do Brasil oitocentista. A autora se debruça sobre as eleições em Minas Gerais, na década de 1860, com um intuito de discutir as estratégias informais e formais utilizadas pelos candidatos e partidos para obtenção de sucesso nas urnas. Neste sentido, a difícil feitura da chapa de candidatos, a busca de aproximação dos dirigentes políticos com o seu eleitorado e a qualificação dos votantes estão entre as práticas eleitorais analisadas.
Educação e trabalho: a função “regeneradora” das escolas nas cadeias da Parahyba Norte é o título do artigo Suênya do Nascimento Costa. Nas suas páginas, são abordadas as práticas pedagógicas no Brasil do século XIX direcionadas à população carcerária, em sua maioria constituída de pessoas de origem humilde, no intuito não só de discipliná-las, mas também instruí-las sobre os valores dominantes que deveriam reabilitar os indivíduos criminosos para o convívio social, especialmente através do trabalho, em conformidade as ideias em voga no século XIX.
O artigo de Paulo de Oliveira Nascimento, intitulado Até onde mandam os delegados: limites e possibilidades do poder dos presidentes de província no Grão-Pará e Amazonas (1849 – 1856), versa sobre o executivo provincial cujos titulares, na qualidade de representantes do governo central, buscavam impor a orientação dos gabinetes às diversas partes do Império nem sempre com sucesso. No território do Amazonas o autor explora as dificuldades enfrentadas pelos presidentes para administrar um conflito antigo em particular, o que envolvia o religioso e diretor da Missão de Andiras e as autoridades locais pelo controle dos indígenas.
O estudo sobre a instância de poder provincial é também o assunto do artigo Instituições entre disputas de poder e a remoção dos párocos em Minas Gerais, de Júlia Lopes Viana lazzarine, que aborda a interferência dos presidentes de província no Padroado Régio, tida como supostamente prevista no Ato Adicional. Como aconteceu frequentemente por todo o país à época da Regência, a extrapolação das atribuições de poder na esfera províncias, prevista naquela lei descentralizadora, terminou por conflitar diversas instâncias político-administrativas. Em Minas Gerais não foi diferente. No caso discutido, ocorreu o embate, de um lado, entre o governo provincial e a Igreja; e de outro, entre a Assembleia Provincial e a Câmara dos deputados.
O artigo de Rafhaela Ferreira Gonçalves, Contornos políticos em torno dos processos cíveis de liberdade na zona da mata pernambucana: a denúncia de Florinda Maria e o caso dos pardos Antônio Gonçalves e Bellarmino José (1860-1870), discuti como base documental os processos cíveis, que constam na atualidade como fontes valiosas para a compreensão da luta dos escravizados pela liberdade. Por meio da análise de um deles, a autora consegue muito bem desvendar as estratégias encontradas pelos escravizados para se valerem do sistema normativo dominante a seu favor nos tribunais. A ação de liberdade escolhida pela autora para apreciação não poderia ser melhor. Trata-se do caso de uma liberta que engravidou de seu antigo senhor e depois viu seus filhos, nascidos do ventre livre, serem vendidos pelo pai como se fossem cativos.
Manoel Nunes Cavalcanti Junior, em A Revolta dos Matutos: entre o medo da escravização e a ameaça dos “republiqueiros” (Pernambuco-1838), investiga uma revolta da população livre e pobre do interior, na região da Zona da Mata e Agreste, que teve como estopim um decreto do governo interpretado pelos populares como uma medida visando escravizá-los. Na sua abordagem o autor investiga o levante em dupla perspectiva. Primeiro, no contexto do conflito intra-elite no período regencial , quando a boataria sobre o cativeiro da população foi atribuída pelas autoridades aos inimigos do governo, os chamados Exaltados, os quais procuraram aliciar para o seu lado os habitantes do interior tidos à época como “ignorantes” e de fácil sedução. Segundo, procurando compreender a revolta a partir das motivações próprias da gente livre e pobre do campo, que era a que mais penava com o recrutamento militar e tinha razões de sobra para desconfiar de tudo que vinha das elites e do Estado.
O trabalho O julgamento do patacho Nova Granada: embates diplomáticos entre Brasil e Inglaterra no auge do tráfico atlântico de escravizados nos anos de 1840, de Aline Emanuelle De Biase Albuquerque, nos remete à questão da repressão ao comércio negreiro e dos envolvidos nesse negócio ilícito, arriscado e lucrativo. Por meio de um processo crime que durou anos e que não condenou ninguém, a autora desvenda o conluio entre o governo brasileiro e os traficantes, os desacordos entre as autoridades britânicas e brasileiras no caso, assim como quem eram os integrantes dessa atividade mercantil proibida desde 1831. Na sua apreciação, aspectos interessantes da logística e da organização do tráfico são também revelados, como o tipo de equipamento encontrado nas naus que seguiam para África ou de lá retornavam, e que era considerado prova da atividade negreira, independe da presença de cativos na embarcação.
A imprensa no período de emancipação do Brasil de Portugal, no momento de definição dos rumos da nação que se pretendia construir, consta como temática do artigo O Reverbero Constitucional Fluminense e as interpretações do tempo no contexto da Independência (1821-1822), de João Carlos Escosteguy Filho. Nesse sentido, o autor expõe e problematiza a compreensão do tempo e da trajetória histórica do Brasil e das Américas presentes nas páginas da folha em tela, cujos propósitos eram o de influenciar o debate público e os rumos políticos do país.
Amanda Chiamenti Both, em seu trabalho Imediatos auxiliares da administração: o papel da secretaria de governo na administração da província do Rio Grande do Sul, estuda a secretaria de governo provincial, de grande importância para as presidências, mas ainda pouco explorada pela historiografia. Em meio à substituição frequente de presidentes, o artigo demonstra a relativa permanência dos indivíduos indicados para o posto de secretário da presidência no Rio Grande do Sul, além de explorar quem eram seus titulares, como se dava sua escolha e quais as suas atribuições. Suas conclusões apontam para a posição estratégica desse funcionário para o desejado entrosamento entre os presidentes e a sociedade local.
O texto de Ivan Soares dos Santos encerra o dossiê, intitulado Uma trama de fios discretos: alianças interprovinciais das sociedades públicas de Pernambuco (1831-1832). Ele retoma os estudos de duas importantes associações federais por um viés diferenciado daquele geralmente presente na historiografia sobre o período regencial. Neste sentido, o autor procura explorar e realçar as estratégias políticas construídas pelos liberais federalistas de Pernambuco para além das fronteiras da sua província, no intuito de fortalecê-los como grupo em luta pelo o poder.
Em vista dessas considerações, convidamos todos os interessados na produção histórica recente, inédita e de qualidade à leitura deste dossiê dedicado ao Brasil oitocentista.
Cristiano Luis Cristillino
Suzana Cavani Rosas
Maria Sarita Cristina Mota
CRISTILINO, Cristiano Luís; ROSAS, Suzana Cavani; MOTA, Maria Sarita Cristina. Apresentação. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica. Recife, v.39, p.1-6, jan./jun. 2021. Acessar publicação original [IF].
Improntas de la Historia y la Comunicación. Buenos Aires, n.9, 2021.
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O ensino do léxico na Educação Básica | Leia Escola | 2021
É com grande entusiasmo que apresentamos aos leitores este dossiê, intitulado “O ensino do léxico na Educação Básica”. O entusiasmo provém da convicção de que este material, de fato, pode contribuir para fomentar o interesse pelos estudos sobre o ensino do léxico, que tem sido, de certa maneira, negligenciado pelas pesquisas linguísticas. Diferentemente do que se observa em muitos estudos e em consonância com a pesquisa linguística contemporânea, neste material o léxico não é investigado de maneira dissociada da gramática. Os estudos aqui apresentados têm em comum a percepção de que léxico e gramática são como duas faces de uma mesma realidade e atuam de forma colaborativa para criar e desenvolver o que chamamos de competência lexicogramatical dos estudantes.
Considerar léxico e gramática como componentes integrados não impede, contudo, que, por razões metodológicas ou didáticas, um ou outro desses componentes seja tomado como objeto de estudo. Neste dossiê, é o léxico que emerge como objeto de investigação, ou, mais precisamente, o ensino do léxico. Esse ensino, que é recomendado pelas diretrizes oficiais no Brasil, faz parte dos objetivos almejados para a disciplina de língua portuguesa como língua materna e como língua estrangeira ou segunda. Leia Mais
Acervos: (re) leituras possíveis | Anais do Museu Histórico Nacional | 2021
Em 2022, o MHN completa seu primeiro centenário e o Brasil os 200 anos de sua independência de Portugal, dando curso a um projeto de nação iniciado nas primeiras décadas do século XIX e que segue ainda hoje.
O MHN insere-se nesse projeto, já que há 100 anos comemorava-se o primeiro centenário da Independência, e a criação de um museu de história no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, fazia parte dessas comemorações. A criação dos Anais do Museu Histórico Nacional estava prevista como uma das funções do MHN desde sua fundação, embora o primeiro exemplar dos AMHN seja de 1940. Leia Mais
Mulheres e Poder: um manifesto | Mary Beard
É notório que durante muito tempo de nossa história as mulheres não possuíram uma voz pública. Mantidas no âmbito doméstico, privado, em silêncio, por muito tempo nos indagamos se teriam mesmo as mulheres uma história. No entanto, a ampliação do campo da História das Mulheres nos faz constatar que elas sempre estiveram presentes na História: basta olhar com cuidado para as entrelinhas. Surgindo na década de 1960 e ganhando notoriedade ao longo dos trinta anos seguintes, compreendemos a História das Mulheres como um campo de estudo atualmente consolidado.
Já inserida no atual contexto de consolidação e discussões historiográficas, filosóficas e também presente no âmbito das ciências sociais, Mary Beard publica, em 2018, o livro “Mulheres e Poder: um manifesto”, uma adaptação de duas palestras ministradas por ela nos anos de 2014 e 2017. Beard é uma autora inglesa com formação em artes e filosofia voltada para o período clássico. Sob essa ótica, utilizando dos exemplos das Antiguidades grega e romana, a autora tem por principal objetivo demonstrar em que medida os mecanismos de silenciamento e cerceamento feminino permanecem incorporados na sociedade ocidental dos dias atuais. Leia Mais
O mundo se despedaça | Chinua Achebe
Esta resenha tem como objetivo analisar o impacto do colonialismo a partir da obra ficcional O mundo se despedaça (1958), do escritor nigeriano Chinua Achebe, entendendo a importância do culto à ancestralidade para o povo ibo, por meio da análise dos personagens principais da obra: Okonkwo, Nwoye e Ezeudu. Num instigante romance nigeriano, escrito dois anos antes da independência do país de origem do autor, Achebe não só constrói uma história para os atores em questão, como utiliza-os para fazer-nos entender sobre o período de colonização do continente africano. Desse modo, torna-se possível analisar questões coloniais e pós-coloniais a partir da identidade em torno desse povo e os impactos do colonialismo.
É valido esclarecer, entretanto, que tal escolha – tema e obra – não se pauta numa arbitrariedade, e sim num constante incômodo suscitado pela leitura do texto, acentuado pela relevância de uma temática tão cara para a modernidade: a de entender o(s) impacto(s) da colonização nas mais diversas regiões e o quanto as tradições religiosas dos colonizados foram atingidas pela violência colonial. Leia Mais
Ritos y ceremonias andinas en torno a la vida y la muerte en el noroeste Argentino | Amalia Vargas
El libro está conformado por nueve capítulos donde Amalia Vargas nos presenta el sentido que adquiere la muerte en el mundo andino y los distintos rituales que se desarrollan en la actualidad en torno a esta, efectuando una aproximación que incluye sus dimensiones religiosas, sociales, económicas, simbólicas y estéticas. Debemos destacar que esta obra es el resultado de las investigaciones realizadas para su tesis de Maestría en Cultura y Sociedad (CAEA-UNA-CONICET) que a su vez puede considerarse como una síntesis de investigaciones previas sobre esta temática. Leia Mais
Fronteiras Étnicas e Conflitos Sociais no Rio Madeira / Canoa do Tempo / 2021
Rio Madeira | Foto: Santo Antônio Energia |
Os artigos que compõem o presente dossiê articulam-se a partir de duas dimensões: o eixo dos encontros e confrontos entre grupos étnicos distintos em um contexto de avanço do extrativismo da borracha no sentido dos altos rios; a dimensão conflitiva, marcada por estratégias de resistências e formas de agenciamento que permeavam a vida dos múltiplos agentes envolvidos.
São investigações sobre a história social na região do rio Madeira, área situada ao Sul do Estado do Amazonas, que abarcam um período que vai de meados do século XIX a meados do século XX. Todos os textos vinculam-se a ideia de construção de uma fronteira étnica1 reveladora das complexas teias de alianças e das múltiplas relações de conflito que atravessaram as histórias dos grupos sociais envolvidos. Destaca-se ainda o fato de que as mais recentes pesquisas no campo da história e das ciências sociais na Amazônia têm adotado como eixo articulador de temas e problemas de investigação os rios2 que compõem a bacia hidrográfica da região. Aparentemente, não há distinção entre as novas pesquisas e o clássico trabalho de Leandro Tocantins. Entretanto, hoje os rios emergem como uma unidade política de reflexão e mobilização, marcada por situações sociais que redefinem as modalidades de percepção, pois estão relacionadas a uma tomada de consciência ambiental.3
Embora esteja ligado a um dado natural, o que está em jogo na atualidade é a compreensão sócio-histórica das transformações pelas quais os povos que vivem nesses rios vêm passando, certamente como resultado de suas próprias ações, bem como a busca do entendimento das estratégias de dominação desenvolvidas pelos aparelhos burocráticos de poder ligados a contextos mais amplos. Trata-se de se estabelecer relações entre contextos locais e as dinâmicas mais ampliadas do capitalismo global, evitando-se, portanto, abordagens de caráter regional, desvinculadas dos elementos transnacionais que ligam a história da Amazônia ao sistema mundo.
Essa é abordagem proposta por Antônio Alexandre Isídio Cardoso ao problematizar as relações que se estabelecem na fronteira étnica formada por povos indígenas, operários e engenheiros de diversas origens étnicas e sociais no contexto de construção da rodovia Madeira-Mamoré. Recuperando os relatos de Ernesto Matoso Maia Forte, secretário da Comissão Morsing, Cardoso situa os diversos momentos em que os encontros de alteridade entre Mundurucu, Mura, Acanga-Piranga e os adventícios exploradores do rio, se deram. Tensões, conflitos e também múltiplas possibilidades de agência permeavam as relações sociais entre esses múltiplos agentes.
Essa vertente analítica também foi explorada pelo texto de Jorge Oliveira Campos ao investigar o avanço da frente de expansão de comerciantes e seringalistas sobre os territórios étnicos dos índios Parintintin desde meados do século XIX. A sanha capitalista de acesso aos recursos naturais que estão dentro dos caminhos da guerra dos Kawaiba, transforma esses povos indígenas e alvos privilegiados de ataques e correrias. A estratégia Parintintin de fazer a guerra mantem-se intacta por toda segunda metade do Oitocentos e adentra os anos iniciais do século XX.
Conforme demonstrado por Jordeanes Araújo, os Parintintin passaram a adotar uma nova estratégia etnopolítica a partir dos movimentos de aproximação e “pacificação” entabuladas pelo Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais” (SPILTN), tendo como principal mediador o mais conhecido e respeitado indigenista atuando no Brasil à época, Curt Nimuendajú. A parir de 1921, pequenos grupos foram se aproximando dos barracões de Manoel de Souza Lobo, um dos mais destacados seringalistas da região do médio e alto Madeira, e estabelecendo relações de trabalho e sociabilidades com os moradores do seringal Três Casas.
Vanice Siqueira, Alik Nascimento e Letícia Pereira abordam as dinâmicas históricas e territoriais dos índios Mura na região do médio e baixo Madeira. Remontando aos conflitos do século XVIII, as autoras(es) recuperam a forma como para os índios Mura a fronteira étnica foi sendo redefinida. Das guerras contra a dominação europeia na região do interflúvio, passando pela debatida redução dos Mura e o processo de “pacificação” até o retorno dos conflitos já contra as forças imperiais no período da cabanagem, os Mura foram historicamente definindo espaços de resistências e formas de apropriação das relações étnicas.
O processo de esbulho e intrusão dos territórios étnicos no rio Madeira segue no século XX, gerando tensões e conflitos nas áreas de coleta de castanha. Dário Duarte e Davi Leal recuperam essa dimensão para o rio Anitinga, município de Manicoré, a partir da reveladora trajetória de Carolina Rosalina de Oliveira, índia Mundurucu, que liderou uma revolta contra Hélio Rego e Raimundo Avelino, dois comerciantes locais que intentaram intrusar as terras da comunidade. A disputar ganhou as páginas dos grandes jornais do Estado, gerou uma interessante documentação no SPI e chegou ao conhecimento do presidente Juscelino Kubitscheck quando da sua passagem por Manaus em 1956.
Os textos confluem, portanto, para desvelar aspectos muitas vezes insuspeitos do processo de construção política das relações de alteridade, em um contexto histórico fortemente impactado por forças econômicas exógenas que haviam se vinculados às correntes mercantis e que passaram a adentrar a região do rio Madeira em meados do Oitocentos.
Referências
ALBUQUERQUE, Gerson Rodrigues de. Seringueiros, Caçadores e Agricultores: trabalhadores do rio Muru (1970-1990). São Paulo: PUC-Dissertação de Mestrado, 1995.
BARAÚNA, Gláucia Maria Quintino. As políticas governamentais que afetam as “comunidades ribeirinhas” no municipio de Humaitá- Am, rio Madeira. In: ALMEIDA, Alfredo W. B. de. Conflitos Sociais no Complexo Madeira. Manaus: UEA edições, 2009.
BARTH, Fredrik. Os grupos étnicos e suas fronteiras. In: O Guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: ContraCapa, 2000.
DAVIDSON, David M. “Rivers and Empires: The Madeira Route and the Incorporation of the Brazilian Far West, 1737-1808, Ph.D. diss, Yale Univ. 1979;
MENEZES, Elieyd. Conflitos socioambientais e transformações sociais em Novo Airão. In: ALMEIDA, Alfredo W. B. de. (Org). Mobilizações Étnicas e Transformações Sociais no Rio Negro. Manaus, UEA edições, 2010.
TOCANTINS, Leandro. O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1973.
Davi Avelino Leal
LEAL, Davi Avelino Apresentação. Canoa do Tempo. Manaus, v.13, n.1, p.3-6, jan./abr. 2021. Acessar publicação original [IF]. Acessar publicação original [IF].
Territórios & Fronteiras. Cuiabá, v.14, n.1 , 2021.
Dossiê: “A virada de gênero na historiografia brasileira: pesquisas, temáticas, debates”
DOI: http://dx.doi.org/10.22228/rt-f.v14i1
Dossiê Temático
- Apresentação de Dossiê: A virada de gênero na historiografia brasileira: pesquisas, temáticas e debates
- Joana Maria Pedro, Paulo Roberto Souto Maior Júnior
- “Minha comadre. Quero que minha afilhada se chame Luciana”: a trajetória da professora Luciana de Abreu e a luta pela emancipação feminina por meio da educação
- Paulo Roberto Staudt Moreira, Maira Inês Vendrame
- Trabalho doméstico não remunerado e historiografia brasileira: inquietações sobre ausências e invisibilidades
- Soraia Carolina de Mello, Glaucia Cristina Candian Fraccaro
- SUBJETIVIDADES DE GÊNERO SOB O FOCO DA CENSURA NA OBRA LITERÁRIA DE ADELAIDE CARRARO (1963-1992)
- Adriana Fraga Vieira, Janine Gomes da Silva
- “Entre os homossexuais vigora uma discriminação: a discriminação da idade” As formas de dizer a velhice no Lampião da Esquina (1978-1981)
- Fábio Ronaldo da Silva
- Gênero e jornalismo: elas ocuparam as redações de Cuiabá-MT
- Laís Dias Souza da Costa
- Assumir? Por quê? O dispositivo de confissão das homossexualidades no Brasil nas páginas do jornal Lampião da Esquina (1978-1981)
- Paulo Roberto Souto Maior Júnior
- A emergência da primeira geração de travestis no Brasil, na década de 1960
- Marina Duarte, Fábio Henrique Lopes
Artigos
- A culpabilização de mães de autistas ao longo das décadas de 1940 a 1960
- Bruna Alves Lopes
- Um repertório político internacional: a imprensa portuguesa como frente de luta pela redemocratização do Brasil (1974-1978)
- Reinaldo Lindolfo Lohn
- A transnacionalização do integrismo tefepista e a atuação dos membros de Fiducia no Chile (1967-1973)
- Gizele Zanotto, Fabián Bustamante Olguín
- ENTIDADES DE CLASSE E REFORMA AGRÁRIA: A EDUCAÇÃO RURAL COMO ESTRATÉGIA DE REPRODUÇÃO SOCIAL DOS GRUPOS DOMINANTES AGRÁRIOS (1950-1960)
- Wallace Lucas Magalhães
- Dinâmicas territoriais e cultura da inovação: questões para pesquisa em políticas públicas para o desenvolvimento territorial
- Marcio Carneiro dos Reis
- PDF PDF
- Os homens, os limites e a natureza: famílias e conflitos agrários (Bragança-PA, 1870-1890)
- Ipojucan Dias Campos
Epidemias y endemias en la Argentina Moderna. Diálogos entre pasado y presente | Marcela Vignoli
El libro se organiza a partir de una serie de entrevistas – que devienen diálogos – sostenidos entre la autora Marcela Vignoli y diversos expertxs e investigadorxs en Ciencias Sociales en un ciclo de “Charlas en cuarentena” impulsado por la Cátedra de Metodologías de la Investigación Histórica en la carrera de Arqueología de la Facultad de Ciencias Naturales e Instituto Miguel Lillo, de la Universidad Nacional de Tucumán (UNT). El ciclo estuvo compuesto por ocho entrevistas realizadas a referentes del campo de la historia social, de la salud, la enfermedad y la ciencia. Ellxs son: Patricia Palma, Diego Armus, Carlos Dimas, Eric Carter, Adrián Carbonetti, Daniela Testa, Juan Pablo Zabala y Adriana Álvarez. Tales conversaciones tuvieron lugar en la red social Instagram en formato “vivo”, luego fueron difundidas en otras plataformas virtuales como YouTube, adquirieron formato radiofónico al replicarse en Radio Universidad y también se convirtieron en podcast de Spotify. Finalmente, fueron transcriptas para la compilación del libro. Cabe resaltar que la difusión en diferentes formatos, acercó estos diálogos entre especialistas a un amplio público de recepción, abriendo el ámbito académico a la sociedad en general, y a los hogares en particular, significando así una experiencia innovadora en materia de construcción, difusión y comunicación de conocimiento científico. El libro es el resultado de un esfuerzo sumamente logrado que amablemente abre nuevos interrogantes, entre el pasado y el presente y pone sobre la mesa otras formas posibles de construir y transmitir conocimientos científicos. Leia Mais
Slavery in the Age of Memory: Engaging the Past | Ana Lucia Araujo
Na última década, a abordagem da historiadora Ana Lucia Araujo sobre a escravidão atlântica e seu legado de memória no mundo contemporâneo consolidou-se como uma das mais originais e abrangentes. Slavery in the Age of Memory, seu mais recente livro, vem na esteira dessa trajetória, original em sua ênfase no problema das representações do passado escravista ao longo do tempo e especialmente abrangente na perspectiva transnacional e comparativa. Como todo bom livro, pode ser lido sem qualquer informação prévia, mas conhecer a trajetória e a produção anterior da autora permite ao leitor um diálogo mais rico e denso com os novos aportes trazidos por esta obra. Leia Mais
Recorde. Rio de Janeiro, v.14, n.1, 2021.
Artigos
- FUTEBOL-NEGÓCIO E ATIVISMOS TORCEDORES: NOTAS PARA UM ESTUDO DA POLÍTICA EM CLUBES DA EUROPA E AMÉRICA DO SUL
- Irlan Simões
- OS NOVOS SENTIDOS DA “AMARELINHA”: RELAÇÕES DISCURSIVAS ENTRE POLÍTICO E ESPORTIVO NA CAMISA DA SELEÇÃO BRASILEIRA NA COPA 2018
- Ramon do Nascimento Oliveira, Washington Silva de Farias
- ESPORTE & REVOLUÇÃO CUBANA: ENSAIO SOBRE O FENÔMENO ESPORTIVO E A CONSTRUÇÃO DO SOCIALISMO EM CUBA (1959-1990)
- Renato Beschizza Valentin
- CAMPEONATO MUNDIAL DE 1978: O FUTEBOL USADO A FAVOR DO GOVERNO DE FACTO
- Clara Maduell Gómez
- FUTEBOL E INTEGRAÇÃO NACIONAL UM ESTUDO DA CONSTRUÇÃO DE REPRESENTAÇÕES SOBRE A NAÇÃO BRASILEIRA DURANTE O GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
- Diano Albernaz Massarani
- ANDARAHY ATHLETICO CLUB: TRAJETÓRIA DE UM ESPAÇO ESPORTIVO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (1913-1949)
- João Paulo Maciel de Azevedo
- BOTAFOGO, CAJU, PAQUETÁ: A BAÍA DE GUANABARA EM FESTA – O REMO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO (1866-1895)
- Victor Andrade de Melo
Resenhas
- “MISTER RIO: A BATALHA DOS 80”: UM FILME SOBRE O COTIDIANO DO FISICULTURISMO CARIOCA
- Carlos Henrique Ribeiro
- O ESCÂNDALO DE ABUSO SEXUAL NA EQUIPE DE GINÁSTICA NORTE-AMERICANA: RESENHA DO DOCUMENTÁRIO “ATLETA A”
- Pauline Iglesias Vargas, Luiz Canedo Junior, Maria Eloisa de Oliveira, André Mendes Capraro
- PD
Escuela de Historia. Salta, v.20, n.1, 2021.
Dossier: Narrativas no eurocéntricas y su influencia en la enseñanza, investigación y producción histórica actual en los tiempos modernos y contemporáneos
Presentación
- Presentación
- Sergio Galiana
Artículos
- África como entidad en devenir: espectros coloniales y contra-voluntades
- Davide Rizzardi
- Historia de las Relaciones Internacionales en clave descolonial y feminista
- Yetzi Villarroel Peña
- ¿Cómo leer? Análisis orientado hacia la utilización de elementos literarios en la investigación histórica
- Maximiliano Vadell Cosín
- La india precolonial desde una perspectiva historiográfica 1757-1858
- Mariñelarena Magalí Ludmila
Escuela de Historia. Salta, v.20, n.1, 2021.
Dossier: Narrativas no eurocéntricas y su influencia en la enseñanza, investigación y producción histórica actual en los tiempos modernos y contemporáneos
Presentación
- Presentación
- Sergio Galiana
Artículos
- África como entidad en devenir: espectros coloniales y contra-voluntades
- Davide Rizzardi
- Historia de las Relaciones Internacionales en clave descolonial y feminista
- Yetzi Villarroel Peña
- ¿Cómo leer? Análisis orientado hacia la utilización de elementos literarios en la investigación histórica
- Maximiliano Vadell Cosín
- La india precolonial desde una perspectiva historiográfica 1757-1858
- Mariñelarena Magalí Ludmila
A Elite do Atraso: da Escravidão à Lava Jato | Jessé Souza
Jessé José Freire de Souza, formado em Direito pela Universidade de Brasília (1981), concluiu o mestrado em Sociologia pela mesma instituição em 1986. Em 1991, doutorou-se em Sociologia pela Karl Ruprecht Universität Heidelberg(Alemanha), país onde obteve livre docência nesta mesma disciplina Universität Flensburg em 2006. Também fez pós-doutorado em Filosofia e Psicanálise na New School for Social Research, Nova Iorque, (1994/1995). A partir de 2009, Souza fomentou pesquisa sociológica em todo o país para corroborar a tese de que havia surgido uma “nova classe média” no Brasil. O levantamento feito por ele indicou a configuração de nova nomenclatura, a saber, “ralé”, “batalhadores”, “classe média e “elite”, sendo os dois últimos atores de exploração aos dois iniciais, ou seja, detentores de privilégios históricos. Nesse contexto, Jessé Souza escreveu a obra “A Elite do Atraso: Da Escravidão à Lava Jato”, em 2017 com o intuito de resgatar os precedentes históricos da sociedade brasileira afim de entender a situação atual do país. O autor lançou o livro pra averiguar a trajetória política, econômica e social do Brasil a partir da análise de suas classes sociais. O trabalho de Souza se compromete a tecer críticas ao modelo atual de classes no Brasil, destruindo o paradigma entre “Patrimonialismo” e “Culturalismo racista” que estão enraizadas na sociedade brasileira. Leia Mais
Teoría de las políticas públicas en y desde América Latina/Revista Pilquen. Sección Ciencias Sociales/2021
Palabras preliminares
Las polìticas pùblicas son un campo del conocimiento dentro de las ciencias sociales que se constituyò en la segunda posguerra en los paìses centrales (Fontaine, 2015; Merino, 2018; Pèrez Sànchez, 2005). El establecimiento de “momentos fundacionales” dentro de la historia de las disciplinas es una hipòtesis a la que recurre la limitada inteligencia humana para asirnos de la rapsodia de obras, estilos, autores y momentos en que transcurre algo tan infinito como la producciòn de conocimiento humano en torno a lo que llamamos “acciòn pùblica”, “polìticas pùblicas” o “quehacer gubernamental”. Asì, la narrativa canònica màs aceptada dentro de la comunidad politològica y del propio espacio de las polìticas pùblicas pone el hito inaugural de campo, con el deliberado proyecto intelectual de Harold Lasswell de 1951 que llamò este espacio las policy sciences en su manifiesto “La orientaciòn hacia las polìticas pùblicas” (Lasswell, 1951). El poder nominativo del verbo lasswelliano ha tenido importantes consecuencias para la delimitaciòn, desarrollo y reconstrucciòn del campo tanto en los paìses centrales como en nuestra regiòn. Podemos decir que “el enfoque de polìticas pùblicas exigìa y sigue hacièndolo- que la acciòn del Estado ya no estuviera determinada (tanto) por la imposiciòn autoritaria del orden establecido, cuanto por la selecciòn tècnicamente atinada de un entorno democràtico, pluralista y abierto. Desde ese enfoque, gobernar equivaldrìa a seleccionar los objetivos de la acciòn del Estado y a organizar sus medios para atajar las causas de aquellos problemas” (Merino, 2018, p. 251). Asì, la racionalidad tècnica basada en evidencia cientìfica se entrelazarà con la legitimidad democràtica, amalgamando esta linealidad entre saber experto con el campo de las polìticas pùblicas. Leia Mais
A virada de gênero na historiografia brasileira: pesquisas, temáticas e debates | Revista Territórios & Fronteiras | 2021
Trinta e um anos se passaram desde a tradução, no Brasil, de Gênero: uma categoria útil de análise histórica, artigo da historiadora americana Joan Scott e obra decisiva para os estudos sobre gênero e sexualidades na historiografia brasileira. De lá para cá, graças também a abertura de mais programas de pós-graduação em História e nascimento de revistas acadêmicas da área de História, a categoria gênero germinou, fincou raízes e formou campos decisivos que têm nos ajudado a esclarecer questões sensíveis do passado e apontar para a construção de mundos possíveis.
Em 2011, no artigo Relações de gênero como categoria transversal na historiografia contemporânea, Joana Maria Pedro refletia sobre esses efeitos sinalizando como eles enriqueceram a historiografia. De fato, se considerarmos, por exemplo, os Simpósios temáticos dos dois últimos encontros da ANPUH veremos o destaque para estudos que tematizam as relações de gênero, inclusive nas duas últimas edições tivemos simpósios sobre História LGBTQIA+. Leia Mais
Territórios & Fronteiras. Cuiabá, v.14, n.2, 2021.
“Historiografia e Ensino de História”
DOI: http://dx.doi.org/10.22228/rt-f.v14i2
Dossiê Temático
- Desvelando Relações entre Historiografia e Ensino De História
- Isabel Barca, Maria Auxiliadora Schmidt, Estevão de Rezende Martins
- UNIVERSAL HISTORY BEYOND ETHNOCENTRISM – PROBLEMS AND CHANCES
- Jörn Rüsen
- ‘Because they measure success differently’: building students’ understandings of how historical accounts are made – possibility and potential
- Arthur Chapman
- Desafios para ensinar a pensar historicamente
- Isabel Barca
- Historical consciousness and identity formation: mutual dependency
- Estevao Chaves de Rezende Martins
- Para conhecer a Educação Histórica: um inventário da Teoria e Filosofia da História – um olhar e diferentes perspectivas
- Thiago Augusto Divardim de Oliveira
- Historiografia do Ensino de História no Brasil: questões de investigação na pesquisa em Ensino de História
- Marlene Rosa Cainelli
- O conceito de emancipação durante a mudança paradigmática da didática da história alemã
- Rafael Saddi
- A RECEPÇÃO DO CONCEITO DE CONSCIÊNCIA HISTÓRICA EM TESES E DISSERTAÇÕES: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA
- Geyso Dongley Germinari
- DIDÁTICA RECONSTRUTIVISTA DA HISTÓRIA E A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA DIALÓGICA
- Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt
Artigos
- Formación de docentes para trabajar pedagogías propias desde una perspectiva intercultural. Material didáctico
- Laura Lima Muñiz, Graciela Herrera Labra
- Biografias e educação histórica: biografias como narrativas formadoras na revista O Tico-Tico durante a Primeira República
- Roberta Ferreira Gonçalves
- MEU MUNDO PERDIDO, MEU MUNDO ENCONTRADO: MEMÓRIAS DE CAROLINA (MA), A CIDADE DAS MANGUEIRAS SECULARES
- Maria de Fátima OLIVEIRA
- A ESCOLA DE BEM MORRER: O MANUAL DA BOA MORTE DO JESUÍTA ITALIANO ANTÔNIO MARIA BONUCCI (1701)
- Aguiomar Rodrigues Bruno
- A (IN) JUSTIÇA COLONIAL NA CIDADE DE CORUMBÁ NO INÍCIO DO SÉCULO XX
- Vivian da Veiga Silva, Losandro Antonio Tedeschi
- O Discurso Do Centro Cultural Banco Do Brasil Brasília Entre Dois Contextos Sociais: Cultura Enquanto Arte E Hospitalidade Na Perspectiva Da Acolhida
- Adelaide Cristina Nascimento de Oliveira, Eloísa Pereira Barroso
- “Nós somos o Crime na Fronteira” As Bocas Familiares e o PCC “correndo junto” em corumbá-ms
- Giovanni França Oliveira, Gustavo Villela Lima da Costa
Fascismos (?): análises do integralismo lusitano e da ação integralista brasileira (1914-1937) | Felipe Cazetta
Fascismos… | Detalhe de capa |
En la amplíssima literatura dedicada al anàlisis del fascismo, no faltan los trabajos comparativos. A título de ejemplo pueden citarse a Linz, Poulantzas, Nolte. Payne, Levy, Felice y se puede recordar que uno de los primeros congresos, después de la revolución de los claveles, que reunieron a los historiadores portugueses en 1986 [2], recibió las contribuciones de sus colegas (Woolf, Payne, Tusell, Paxton, Gentile, Fischer.Galati. Kühnl….) de otros países que precisamente se habían dedicado a esta labor comparativa. Pero, salvo alguna excepción [3] no abundan las investigaciones que contrastan la evolución del ideario fascista entre Europa y América Latina, y aún menos, estrictamente entre Brasil y Portugal. Por lo tanto, esta ausencia que ahora queda cubierta, sería una primera razón para poner de relieve el valor de la obra de Felipe Acevedo Cazetta
Una segunda razón para resaltar este trabajo es que el realizar esta comparación, permite iluminar con mayor intensidad determinados aspectos, que si solo se hiciera un examen nacional no saldrían a la luz. Una tercera razón es la coherencia y el rigor de este libro que es el resultado adaptado de una tesis presentada en el año 2016
El autor de este libro acierta con su título “Fascismos”, por cuanto como más se profundiza en el análisis del fascismo más se descubre que, sobre un fondo comùn, aparece su carácter heteróclito. Así cada vez está más claro que hubo variadas expresiones fascistas influenciadas por las evoluciones económicas, sociales, políticas y culturales de cada estado, que aun dentro de un mismo país, estas expresiones tenían connotaciones diversas y que fueron adaptando su discurso en las diferentes fases que vivieron. Este es el caso del integralismo lusitano y de su correspondiente brasileño. No solo hubo organizaciones diversas sino dentro de ellas, discursos relativamente heterogéneos, que de todos modos alimentaban un tronco común. Descubrir este tronco común y al mismo tiempo ser sensible a las diferencias no es tarea fácil. Esto es lo que hace esta publicación
Esta característica se pone de manifiesto en este libro por cuanto su principal óptica es la de hacer un análisis teórico doctrinario de los fascismos brasileño y portugués y ver cuales son sus principales similitudes y diferencias y sus mutuas influencias. Para concretar este objetivo, el autor recorre a explicar sintéticamente las biografías de los principales líderes, a estudiar detalladamente sus discursos y publicaciones y a rastrear las referencias que se hacían mutuamente, en sus periódicos y revistas, donde destacan Naçao Portuguesa y América Brasileira
Viajes, contactos, noticias, artículos compartidos y alabanzas mutuas prueban que el Integralismo Lusitano y el Nacional Sindicalismo de este país no estaban tan lejos de la Acçao Integralista Brasileira y aun de la Acçao Imperial Patrianovista Brasileira. Durante un cierto tiempo bebían unos de otros y encontraban una común inspiración en Maurras y el corporativismo que la Iglesia católica preconizaba desde la encíclica Rerum Novarum y que la Qudragesimo Anno de Pio XII reafirmó en 1931. También admiraban los avances de Mussolini en Italia. En cambio, no deja de ser sorprendente que casi no se encuentren referencias a los autores y líderes fascistas españoles o al rumano Manoilescu que fue uno de los divulgadores del corporativismo más conocido en Europa en los años treinta. Parece evidente que la lusofonia y un pasado comùn entre Brasil y Portugal debió jugar un positivo y contradictorio papel entre aquellos movimientos
Contradictorio, porque la afirmación nacionalista y su fijación por reconstruir la historia, propias de estas posiciones, les llevaban a ensalzar la época imperial de Portugal y su dominio sobre Brasil. De ahí que como Cazetta ilustra, algunos líderes brasileiros oscilasen entre la lusofilia y la lusofobia. Pudo más la primera y por lo que parece las relaciones fueron estrechas y positivas. Queda por ahora sin responder la pregunta de hasta que punto estas relaciones fueron favorecidas por los emigrantes portugueses en Brasil y por la propaganda que el Estado Novo hacía en este país [4]. De todos modos, ¿que tenían en común los integralismos brasileño y portugués y sus líderes? En primer lugar, según Cazetta, comparten un pasado literario y hasta cierto punto elitista. Hubiera sido interesante profundizar en el primero ya que el modernismo [5] artístico y literario fue predominante en aquella época y hubiera podido dar algunas claves para entender mejor los origenes culturales de aquellos líderes y de sus expresiones fascistas. No deja de ser curioso que algunos de ellos compartan estudios jurìdicos en las facultades de derecho de Coïmbra y de Recife y Sao Paulo y que allí se forme una identidad de grupo. En el caso portuguès no deja de ser sorprendente que autores tan diferentes como Herculano, Garrett y Antero de Quental sean los referentes anteriores del naciente integralismo
En segundo lugar, ambos movimientos comparten su crítica al liberalismo y a los regímenes parlamentarios a los que adjudican todos los males históricos y reaccionan contra el comunismo. Dios. Patria y Familia podría ser el lema que les une en una concepción tradicionalista que tratan de justificar con una visión histórica peculiar que ellos reconstruyen a su manera. Esta visión les lleva hasta la época medieval en la que florecían organicismo y corporativismo, que constituyen sus fundamentos organizativos para la sociedad que se proponen construir. Un estado fuerte, con ansias expansionistas y centralizado políticamente, pero que otorga poderes administrativos a los municipios les parece ser la mejor fórmula de gobierno. Monárquicos convencidos en su origen, algunos aceptan un cierto republicanismo que no caiga en los defectos de las denunciadas constituciones de 1891 en Brasil y del régimen republicano portugués de 1910
La descripción de estas características es una parte muy substantiva de este libro, que a veces se hace repetitiva como cuando se alarga la presentación del ideario Maurrasiano. Era casi inevitable, ya que, a pesar de pequeñas matizaciones ligadas a itinerarios personales, las expresiones doctrinarias de estas dos corrientes fascistas se parecen y no brillan por su originalidad. Quizás, hubiera sido útil dedicar más espacio a explicar su articulación con el contexto cronológico y politico de cada país. Esto hubiera facilitado la tarea de los potenciales lectores de los dos países. Los brasileños no conocen muy bien la evolución política de Portugal de después de la primera guerra mundial y al revés, no muchos portugueses saben las vicisitudes de la vida política brasileña
Igualmente, si se hubiesen caracterizado mejor a las organizaciones (fuerza, afiliados, modos de organización interna, actividades externas, …) se habría podido pasar a otros niveles de interpretación [6]. Pero esto se escapa a los objetivos del trabajo. El cual hace avanzar en el conocimiento de dos movimientos protofacistas en sus inicios y más declaradamente fascistas en sus respectivas maduraciones, en dos países, tan lejanos y cercanos, como Brasil Y Portugal
Igualmente contribuye a comprender mejor sus relaciones y mutuas influencias, Abre así un estimulante campo, relativamente inexplorado, que hay que esperar sea cultivado por otros investigadores. En cualquier caso, permite sugerir que las expresiones fascistas en Brasil, como en el caso de Mejico [7], no fueron meras copias o mimetismos de lo que sucedía en Europa
Tuvieron sus rasgos específicos. En este sentido, con esta publicación, se da un paso adelante con respecto a las consideraciones que formulaba Helgio Trindade [8] hace casi cuarenta años atrás
Por fin, para finalizar esta nota de lectura hay que constatar como lo hace Felipe Cazetta que en los últimos tiempos los movimientos y las posiciones de extrema derecha han aumentado no solo en su presencia en gobiernos y administraciones en todo el mundo sino también en las practicas cotidianas de muchos ciudadanos y compartir con el, su preocupación por este crecimiento. Conocer mejor sus origenes y despliegues ideológicos se convierte así en una manera de empezar a combatirlo. Es lo que hace este libro que ahora se recomienda
Notas
2. AA.VV. (1987) O estado Novo. Das origens ao fim da dictadura. 1926-1959. Lisboa Ed. Fragmentos. II Vol
3. Larsen, S.U. (Ed.) (2001). Fascism outside europe. N.Y. Columbia University Press7
4. Paulo.E. (2000 ) Aquí tambem é Portugal: a colónia portuguesa no Brasil e o Salazarismo. Coimbra, Quarteto
5. Griffin,R. (2003) Modernism anf fascism. The sense of a beguining under Mussolini and Hitler. N.Y. Palgrave Mac-Millan.
6. Para una interpretación comparativa de las politicas sociales de los fascismos en Portugal, Itàlia, España y Alemania ver Estivill. J. (2020) Europa nas trevas. As politicas sociais nos fascismos. Lisboa Universidad Nova de Lisboa
7. Meyer, J. (1977) Le sinarquisme: Un mouvement fasciste Mexicain. Paris. Ed. Hachette
8. Trindade, H.(1982) El tema del fascismo en America Latina, Revista de Estudios Politicos n. 50
Jordi Estivill – Universidade de Barcelona – Espanha. E-mail: jordi_estivill@hotmail.com
CAZETTA, Felipe. Fascismos (?): análises do integralismo lusitano e da ação integralista brasileira (1914-1937). Jundiaí: Paco editorial, 2019. Resenha de: ESTEVILL, Jordi. Caminhos da História. Montes Claros, v.26, n.1, p.241-244, jan./jun. 2021. Acessar publicação original [IF]
Lutas pela memória em África | Cláudio Alves Furtado, Lívio Sansone
Durante o ano de 2015, eclodiu na Cidade do Cabo, na África do Sul, uma onda de protestos estudantis que procurou denunciar os resquícios de colonialismo que percorriam o currículo da Universidade da Cidade do Cabo e, o que ganhou mais visibilidade, atacou diretamente a estátua de Cecil Rhodes situada nas dependências da instituição.1 O personagem, que esteve inegavelmente envolvido na colonização de diversas regiões da África e foi autor de várias declarações acerca do direito inglês ao governo e exploração de povos e territórios africanos, era representado nesse monumento de maneira imponente. A estátua lá estava porque Rhodes fora um dos financiadores da universidade, em tempos outros, com uma fortuna, muitos disseram, obtida graças à espoliação colonial. Leia Mais