Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.34, n.74, set./dez. 2021.
História Oral
setembro – dezembro
Editores
Bernardo Borges Buarque de Hollanda, João Marcelo Ehlert Maia e Thais Continentino Blank (professores doutores e pesquisadores do CPDOC/FGV, Rio de Janeiro, Brasil)
Conselho Consultivo
Angela Maria de Castro Gomes (UNIRIO e PPHPBC/FGV, Rio de Janeiro, Brasil) […]
Secretário
Taynã Martins Ribeiro
Editoração Eletrônica/Capa
Zeppelini Publishers
Revisão
Zeppelini Publishers
Pareceristas ad hoc
Adrianna Setemy (UNIVERSO) […]
Publicado: 2021-09-27
Editorial
- · História oraldimensões públicas no tempo presente
- Juniele Rabêlo de Almeida, Vivian Luiz Fonseca
Artigos
- · Uma história oral em três temposRelações, construções narrativas, usos práticos da memória
- Ricardo Santhiago, Daphne Patai
- · Pode a história oral ajudar a adiar o fim do mundo?Covid 19: tempo, testemunho e história
- Rodrigo de Azevedo Weimer, Carla Simone Rodeghero
- · ComblinHistoriografia, história oral e memória
- Antônio Montenegro
- · Contam que houve uma porção de enforcados. E as caveiras espetadas nos postesliteratura e oralidade na Revolta dos escravos de Carrancas (1833)
- Marcos Ferreira de Andrade
- · As vozes da memória empresariala experiência do Grupo Globo
- Silvia Fiuza, Ana Paula Goulart Ribeiro
- · Relações de gênero na guerrilhaa configuração dos espaços de luta
- Eloísa Pereira Barroso
- · História Oral e Patrimônio CulturalProjeto Memória Oral do Iphan entre práticas e desafios
- Flávia Klausing Gervásio, Hilario Figueiredo Pereira Filho, Joseane Paiva Macedo Brandão
Colaboração Especial
- · Trajetória acadêmica, tempo presente e história oralconversas com a historiadora Ismênia de Lima Martins
- Ismênia de Lima Martins, Ana Maria Mauad, Hebe Mattos, Juniele Rabêlo de Almeida
Entrevistas
- · Interview with Julie I. May
- Valéria Barbosa de Magalhães
- PDF (English)
- · Historian’s self writinginterview with C. Delacroix, F. Dosse and P. Garcia
- Daiane Machado, Raphael Guilherme de Carvalho
- PDF (English)
PolHis. Buenos Aires, n.26, 13, 2021.
Editorial
Dossiers Temáticos
- Juntos pero separados. Estado y organizaciones sociales en la provincia de Buenos Aires (fines del siglo XIX-primera mitad del XX)Introducción
- Mabel Cernadas de Bulnes, María de las Nieves Agesta
- html
- Bibliotecas populares a debateEstado y bibliotecas en la provincia de Buenos Aires (1874-1880)
- María de las Nieves Agesta
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- Las prácticas económicas del poder local: vinculaciones entre empresarios y municipio (Bahía Blanca, 1886-1914)
- Florencia Costantini
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- Mujeres y asistencia en Bahía Blanca: la perspectiva estatal (1918-1920)
- Lucia Bracamonte
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- De la política a lo político: vecinos y ciudadanos en la esfera pública bahiense durante los años treinta
- Mabel Cernadas de Bulnes
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- Crecer en dos patriasLas colonias de verano para niños ítalo-argentinos del Fascio “Giulio Giordani” de Bahía Blanca (1934-1936)
- Bruno Cimatti
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- Los lugares de la músicaPrácticas, agentes y redes en los conservatorios privados de Bahía Blanca a mediados del siglo XX
- María Noelia Caubet
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Dossier Temático
- Las elecciones 2019 en Argentina en clave subnacionalIntroducción
- Victoria Ortiz de Rozas
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- Alternancia y transformaciones en la dinámica política santafecinaLas elecciones del año 2019
- Hugo Ramos, Mariano Vaschetto
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- La consolidación de la victoria radical en una provincia peronista (Jujuy, 2019)
- Penelope Vaca Avila
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- Elecciones 2019 en Santiago del Estero: Triunfo del Frente de Todos y predominio del oficialismo provincial
- Hernan Campos
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- Río Negro y la construcción histórica de un nuevo partido provincial en consolidación desde 2019En memoria de Lucía Gadano
- Francisco Camino Vela
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Artículos
- “Para un maestro no debe haber nada mejor que otro maestro”El discurso de la revista sindical didáctica de la Unión de Docentes Argentinos
- Jorge Levoratti
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- “¡Abajo el tirano Urquiza!”. Propaganda e identidades políticas en la revolución jordanista de 1870.
- Mariana Pérez
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- La producción de lo político en el peronismo interior.“Pro-nazis” y “turcos coimeros” en el primer peronismo santiagueño
- Jose Vicente Vezzosi
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Comentarios sobre novedades bibliográficas
- Comentario sobre libros relacionadosHistoria de la deuda externa, Endeudar y Fugar y Salir del Fondo
- Ignacio Rossi
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- Reseñas Breves
- Dahyana Nahir López, Juan Cruz Giménez, Carlos Sebastian Ciccone, Ariel Eiris, Yanina Rolón, Nahuel Agustín Domínguez, Ezequiel Patricio Murmis
- LÓPEZhtml
- GIMÉNEZhtml
- CICCONEhtml
- EIRIShtml
- ROLÓNhtml
- DOMÍNGUEZhtml
- MURMIShtml
- Resúmenes de Tesis
- María Josefina Irurzun, Marina Inés Spinetta, Diego Cives , María Victoria López, Cecilia Bari, Fernanda Tocho, Natalia Alarcón, Sebastian Cortesi, Florencia Mangold
- IRURZUNhtml
- SPINETTAhtml
- CIVEShtml
- LÓPEZhtml
- BARIhtml
- TOCHOhtml
- ALARCÓNhtml
- CORTESIhtml
- MANGOLDhtml
Publicado: 2021-09-26
Bakhtiniana. São Paulo. v.16, n.3, 2021.
Editorial
- Uma revista de estudos do discurso
- Beth Brait, Maria Helena Cruz Pistori, Bruna Lopes-Dugnani, Paulo Rogério Stella, Carlos Gontijo Rosa
- PDF (English)
- Artigos
- Maria Emilia Amarante Torres Lima: um resgate da memória da Análise do Discurso no Brasil
- Mailson Fernandes Cabral de Souza
- PDF (English)
- Piada pra morrer de rir: um estudo sobre o discurso carnavalesco no Filme Coringa, de Todd Phillips
- Mohammadreza Hassanzadeh Javanian, Farzan Rahmani
- PDF (English)
- As barbas de um Bluesman: um signo de resistência negra no rap baiano
- Camilla Ramos dos Santos, Marlúcia Mendes da Rocha, Isaias Francisco de Carvalho
- PDF (English)
- O gênero discursivo e a disputa pelas formas de (re)construção das práticas sociais
- Vanessa Arlésia de Souza Ferretti
- PDF (English)
- Brasileiros na Europa: três narrativas de sucesso à luz da Análise do Discurso Francesa
- Glaucia Muniz Proença Lara
- PDF (English)
- A diatribe na construção de sentidos da Carta de Paulo aos Romanos
- Ilderlândio Assis de Andrade Nascimento
- PDF (English)
- Evolução do estilo: espaço e movimento nos poemas líricos de Longfellow
- Vadim Andreev
- PDF (English)
Resenhas
- ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019. 264 p. ISBN 978-85-98349-75-6.
- Juliana Harumi Chinatti Yamanaka
- PDF (English)
Entrevista
- Bakhtin, discurso teatral e educação estética: uma entrevista com Dick McCaw
- Jean Carlos Gonçalves
- PDF (English)
Publicado: 2021-09-22
Racismo estrutural | S. Almeida
Poder e ideologia têm sido objeto de interesse da ciência da linguagem há mais de 90 anos, mas é especialmente (embora não exclusivamente) neste século que teorias passam a questionar o modelo de homem universal de modo a incluir a perspectiva racial como fundamentação teórica em seus trabalhos.
Desde então, o diálogo entre os estudos discursivos e uma teoria social que ofereça elementos para a compreensão da articulação entre recursos de poder e recursos linguísticos tem se tornado inadiável para aqueles que queiram viabilizar a crítica e a transformação social no Brasil. Nesse contexto, a questão racial emerge como tópico central para analistas que lidem com as relações sociais em um país na periferia do sistema capitalista. Leia Mais
Archivos de historia del movimiento obrero y la izquierda. Buenos Aires, v.10, n.19, septiembre 2021 / febrero 2022.
- Hernán Camarero
- PDFHTML
- En memoria de Silvana Staltari
- PDFHTML
Dossier: Izquierdas, feminismos y movimiento de mujeres del Cono Sur
- “Contigo aprendí…” Notas para una agenda de investigación sobre izquierdas y feminismos en el pasado reciente
- Natalia Casola, Cristina Viano
- PDFHTML
- Primavera, invierno, primavera. Los ciclos de luchas feministas y la izquierda uruguaya
- Ana Laura de Giorgi
- PDFHTML
- Las bolcheviques. Izquierda partidaria y movimiento de mujeres en la Argentina reciente
- Natalia Casola
- PDFHTML
- Izquierda popular y feminismo en un cruce de caminos: el Espacio de Mujeres del Frente Popular Darío Santillán
- Cristina Viano
- PDFHTML
- Sobrevivir, resistir y luchar. Las comunistas durante la década de los 80 en Chile
- Javiera Robles Recabarren
- PDFHTML
Artículos libres
- Filosofía, historia y marxismo. Aportes desde el debate Sartre-Merleau-Ponty
- Maximiliano Basilio Cladakis
- PDFHTML
- Tramas: “Cooperativismo e izquierdas en la primera mitad del siglo XX”
- El Partido Socialista y El Hogar Obrero. Un análisis de las primeras experiencias cooperativas en el cambio de siglo
- María Natalia Rabasa
- PDFHTML
- Entre la reproducción del capitalismo y la preparación de la revolución: el anarcosindicalismo catalán ante el cooperativismo (1900-1939)
- Jason Garner, José Benclowicz
- PDFHTML
Ensayos e intervenciones
Reseñas
- Alberto Flores Galindo. Utopía, historia y revolución (2020)
- Hernán Camarero
- PDFHTML
- En vísperas del diluvio: el gremialismo socialista ante la irrupción del peronismo (2019)
- Santiago Regolo
- PDFHTML
- La desmesura revolucionaria. Cultura y política en los orígenes del APRA (2019)
- Leandro Sessa
- PDFHTML
- Althusser y Sacristán. Itinerarios de dos comunistas críticos (2020)
- Ignacio Nicolás Cognigni
- PDFHTML
Publicado: 2021-09-21
Avaliação final – HH
Descrição - Nesta última atividade, ampliamos o cumprimento da última prescrição da ementa, produzindo uma análise historiográfica e avaliando, colaborativa e coletivamente todas as resenhas da turma.
É importante reiterar que os critérios de avaliação foram comunicados no início deste curso e que o trabalho de produção textual e de avaliação dos textos dos colegas são parte da avaliação final, ou seja, é tão importante produzir como avaliar as resenhas.
A nota de cada aluno será a nota de cada trio produtor e avaliador de resenha. A nota de cada trio corresponderá à média das notas atribuídas pelos demais trios da turma à respectiva resenha.
Data | hora | modalidade
Produzir e postar a resenha entre segunda-feira (27/09/2021) e sexta-feira (15/10/2021) | Assíncrona - 8h.
Avaliar as resenhas dos colegas entre o sábado (16/10/2021) e o domingo (17/10/2021) | Assíncrona - 2h.
Objetivo - Ler obra de história (livre escolha), produzir resenha em trios e publicá-la em formulário.
Princípio de aprendizagem - Compor e decompor textos autorais reforça as habilidades abstratas de análise e de síntese e desenvolve a habilidade de metacognição (saber como melhor se faz melhor alguma coisa mediante autoavaliação).
Recursos
FORMULÁRIO DE PUBLICAÇÃO DE RESENHAS
FORMULÁRIOS PARA A AVALIAÇÃO DAS RESENHAS
Avalie aqui a resenha de Francisco Jorge
Avalie aqui a resenha de Francisco Oliveira, Marcondes Fernandes e Veronica Bandeira
Avalie aqui a resenha de Cícera Fernandes, Marilhia Paula e Erica Fernandes
Avalie aqui a resenha de Daniela Alencar e Nívia da Silva
Avalie aqui a resenha de Daniel Santos, Francisco Silva e Bartolomeu Batista Neto
Avalie aqui a resenha de Beatriz Cirilo e Marcos de Souza
Avalie aqui a resenha de Cícelro Silva, Francisca Santos e Talita de Lira
Avalie aqui a resenha de Aline Leite e Silva e Karamirele Belém
Avalie aqui a resenha de Laís da Paz e Carlos Amador
Avalie aqui a resenha de Amanda Santana e Tatiana da Silva
Avalie aqui a resenha de Tandes Rodrigues, Vanessa da Silva e Maiara Silva
ATIVIDADES DISCENTES
Ação 1 - Ler e resenhar em trio uma obra de livre escolha, produzida nos últimos três anos, empregando os critérios disponibilizados na unidade IV deste curso.
Ação 2 - Postar a resenha no formulário reservado à esta tarefa.
Concentrar-se nos objetos de leitura | Itamar Freitas e Margarida Oliveira
Maria Margarida Dias de Oliveira | Foto: Portal UFRN
Tratemos, agora, do mundo de sujeitos concretos, que é o mundo de Margarida e de Itamar e, também, o mundo de vocês que nos acompanham neste livro. Somos responsáveis pela editoria de uma revista intitulada Crítica Historiográfica que tem por meta mais ampla o fortalecimento dos domínios nos quais atuamos – a Ciência da História, em geral, e o Ensino de História, em particular. Nossa ação se dá por meio do exercício corriqueiro e obrigatório de ler, avaliar e comunicar o que escrevemos e de ler, avaliar e comunicar o que os nossos colegas – os membros de domínios designados “História” e “Ensino de História” – escrevem.
Acreditamos ser necessário reiterar um modelo de produção conhecimento construído em largos traços ao longo dos últimos 150 anos. Acreditamos que – do modo mais geral possível – construir conhecimento histórico requer motivação social (alguma espécie de interação com o mundo não acadêmico) e o desenvolvimento das operações de pesquisar e comunicar o resultado da problematização de determinado aspecto da realidade que nos incomoda, empregando valores, princípios e habilidades que nos constituíram intelectualmente nos cursos de graduação em História.
As operações macro, cuja utilidade e cientificidade têm sido eventualmente depreciadas por atitudes novidadeiras e pouco refletidas, autodeclaradas como anti-moderna ou pós-moderna, são: interrogar, coletar fontes, interpretar fontes, extrair fatos, princípios, tendências e/ou generalizações e comunicar essas aquisições mediante um texto claro e acessível aos não historiadores.
A execução de tais operações constitui as normas de validação e, com elas, garantimos, em grupo e para a sociedade, a legitimidade do conhecimento que produzimos.
Por essa razão, os objetos que buscamos na leitura de um livro-tese, de um livro-coletânea, um dossiê de artigos ou uma coleção temática com vista à construção de uma resenha, são as coisas que sustentam a legitimidade interna/externa do que produzimos. Elas são, é preciso dizer, o nosso caráter de verdade.
Assim, a resenha que elaboramos nesse contexto tem uma função básica: ela deve atribuir valor à natureza, aos usos e à contribuição que tais elementos oferecem à ao fortalecimento do nosso caráter de verdade e da legitimidade da nossa fala como problematizadores das experiências humanas no tempo.
No jargão acadêmico, esses elementos são os problemas, os métodos, as fontes, a narrativa etc. Mas há um modo mais simples de demonstrar o caráter basilar dessas coisas. Esse modo consiste em discriminar quatro objetos sobre os quais devemos concentrar a nossa atenção durante a leitura de um livro com o objetivo de resenhá-lo:
- O que diz o autor? (Quais objetos, questões, teses ele acredita transmitir?)
- Quem é o autor? (Quais dados biobibliográficos depõem sobre o lugar de onde fala?)
- Em que contexto a coisa é dita (Que espaço, tempo e causa e meios caracterizam, modelam ou determinam a coisa dita?)
- Quais as consequências das coisas ditas? (Que valor tem a coisa dita para...? Que valores, ações, processos as coisas ditas podem desencadear em...?)
Estas são as perguntas centenárias que fazemos às fontes do nosso conhecimento. Não são questões criadas por historiadores. São resultantes de séculos de interações entre estudiosos da Bíblia, das Leis e dos artefatos (sobretudo aqueles colhidos de povos antigos), por exemplo.
Não são questões formuladas originalmente no século XIX, apenas por historiadores formados em cursos superiores, mas são as questões que melhor descrevem a atitude historiadora profissional.
Não é à toa que alguns clássicos generalistas de como ler livros se apropriam desses tipos de questão, induzindo o noviço leitor a concluir que os teóricos da literatura de ficção e os professores de Língua Portuguesa, por exemplo, possuem as mais importantes técnicas de ler qualquer tipo de livro: qual o objeto eleito pelo autor? Como seleciona e dispõe os objetos de leitura em um texto? É competente sobre os objetos os quais examina e expõe? Que critérios de verdade emprega ao ler uma biografia, uma autobiografia ou uma história do Tempo Presente? Preserva a verossimilhança dos fatos? (Van Doren; Adler, 2011, p.236-246).
O fato é que esses especialistas em leitura, leitura técnica, leitura acadêmica, leitura instrumental etc. empregam (inconscientemente, talvez) os clássicos discursos sobre os três tipos de hermenêutica que anunciamos acima.
Estas perguntas, repetimos, são centenárias e, hoje, ainda mais necessárias. Questionar sobre a matéria tratada na obra, as credenciais da autoria, os contextos de produção e o valor das coisas ditas são operações aplicáveis à leitura de todas as fontes de informação que alimentam o poder de verdade dos nossos escritos e o livro-tese, o livro-coletânea, o dossiê de artigo e a coleção de livros produzidos por um mesmo editor e, dentro de uma mesma finalidade. Essas perguntas, por fim, são as fontes de informação de um discurso histórico que se quer verdadeiro. Para dar respostas a esses questionamentos, contudo, temos que praticar a tomada de notas sobre os objetos lidos.
Referências deste texto
FREITAS, Itamar; OLIVEIRA, Maria Margarida Dias de. Concentrar-se nos objetos de leitura. In: Resenhando para historiadores. Aracaju: Criação, 2021. No prelo.
As operações macro, cuja utilidade e cientificidade têm sido eventualmente depreciadas por atitudes novidadeiras e pouco refletidas, autodeclaradas como anti-moderna ou pós-moderna, são: interrogar, coletar fontes, interpretar fontes, extrair fatos, princípios, tendências e/ou generalizações e comunicar essas aquisições mediante um texto claro e acessível aos não historiadores.
A execução de tais operações constitui as normas de validação e, com elas, garantimos, em grupo e para a sociedade, a legitimidade do conhecimento que produzimos.
Por essa razão, os objetos que buscamos na leitura de um livro-tese, de um livro-coletânea, um dossiê de artigos ou uma coleção temática com vista à construção de uma resenha, são as coisas que sustentam a legitimidade interna/externa do que produzimos. Elas são, é preciso dizer, o nosso caráter de verdade.
Assim, a resenha que elaboramos nesse contexto tem uma função básica: ela deve atribuir valor à natureza, aos usos e à contribuição que tais elementos oferecem à ao fortalecimento do nosso caráter de verdade e da legitimidade da nossa fala como problematizadores das experiências humanas no tempo.
No jargão acadêmico, esses elementos são os problemas, os métodos, as fontes, a narrativa etc. Mas há um modo mais simples de demonstrar o caráter basilar dessas coisas. Esse modo consiste em discriminar quatro objetos sobre os quais devemos concentrar a nossa atenção durante a leitura de um livro com o objetivo de resenhá-lo:
- O que diz o autor? (Quais objetos, questões, teses ele acredita transmitir?)
- Quem é o autor? (Quais dados biobibliográficos depõem sobre o lugar de onde fala?)
- Em que contexto a coisa é dita (Que espaço, tempo e causa e meios caracterizam, modelam ou determinam a coisa dita?)
- Quais as consequências das coisas ditas? (Que valor tem a coisa dita para...? Que valores, ações, processos as coisas ditas podem desencadear em...?)
Estas são as perguntas centenárias que fazemos às fontes do nosso conhecimento. Não são questões criadas por historiadores. São resultantes de séculos de interações entre estudiosos da Bíblia, das Leis e dos artefatos (sobretudo aqueles colhidos de povos antigos), por exemplo.
Não são questões formuladas originalmente no século XIX, apenas por historiadores formados em cursos superiores, mas são as questões que melhor descrevem a atitude historiadora profissional.
Não é à toa que alguns clássicos generalistas de como ler livros se apropriam desses tipos de questão, induzindo o noviço leitor a concluir que os teóricos da literatura de ficção e os professores de Língua Portuguesa, por exemplo, possuem as mais importantes técnicas de ler qualquer tipo de livro: qual o objeto eleito pelo autor? Como seleciona e dispõe os objetos de leitura em um texto? É competente sobre os objetos os quais examina e expõe? Que critérios de verdade emprega ao ler uma biografia, uma autobiografia ou uma história do Tempo Presente? Preserva a verossimilhança dos fatos? (Van Doren; Adler, 2011, p.236-246).
O fato é que esses especialistas em leitura, leitura técnica, leitura acadêmica, leitura instrumental etc. empregam (inconscientemente, talvez) os clássicos discursos sobre os três tipos de hermenêutica que anunciamos acima.
Estas perguntas, repetimos, são centenárias e, hoje, ainda mais necessárias. Questionar sobre a matéria tratada na obra, as credenciais da autoria, os contextos de produção e o valor das coisas ditas são operações aplicáveis à leitura de todas as fontes de informação que alimentam o poder de verdade dos nossos escritos e o livro-tese, o livro-coletânea, o dossiê de artigo e a coleção de livros produzidos por um mesmo editor e, dentro de uma mesma finalidade. Essas perguntas, por fim, são as fontes de informação de um discurso histórico que se quer verdadeiro. Para dar respostas a esses questionamentos, contudo, temos que praticar a tomada de notas sobre os objetos lidos.
Referências deste texto
FREITAS, Itamar; OLIVEIRA, Maria Margarida Dias de. Concentrar-se nos objetos de leitura. In: Resenhando para historiadores. Aracaju: Criação, 2021. No prelo.