Teorias da História em Leopold von Ranke | Itamar Freitas
Textos de Ranke estão presentes em qualquer coletânea de Teoria da História que explore o século XIX, mas não somente porque os nossos teóricos do período 1870-1940, a exemplo de Karl Lamprecht e Ernst Bernheim, requisitaram-no, respectivamente, como concorrente e como autoridade fundadora de Teoria. Justificativas brasileiras recentes que elegeram, por exemplo, “O conceito de História universal” (1831) como peça representativa de Teoria da História enfatizam a sua notoriedade de “maior historiador do século XIX” (BENTIVOGLIO, 2010, p.137) ou consideram tal adjetivação como empecilho à compreensão do seu “legado e importância efetivos” (DA MATTA, 2010, p.189). O texto é escolhido também por comportar testemunhos sobre a “meta da história” e as “qualidades do historiador” (BENTIVOGLIO, 2010, p.139-140) ou sobre a transição do seu pensamento entre a indistinção história-processo / história-disciplina, típica da primeira metade do século XVIII, e a significação de história-disciplina, consolidada no termo Geschichte, no século XIX. “O conceito de história universal”, por fim, é traduzido e comentado para negar a adjetivação de “historiador positivista” (BENTIVOGLIO, 2010, p.137) ou a consideração do trabalho de Ranke como “arquétipo” a “perpetuar ou a questionar” (DA MATTA, 2010, p.189).
Nas coletâneas dedicadas especificamente ao trabalho de Ranke, as justificativas são repetidas em maior detalhe. Seus editores oferecem uma visão de conjunto do trabalho do historiador, enfatizando as “concepções”, os seus “princípios” e “métodos de trabalho” (RANKE, 1979, p.7). Outros comentadores se esmeram na correção da “imagem de Ranke” como um historiador “hostil à teoria”, explorando o seu papel de “adaptador do método crítico aos estudos históricos” e a prevalência da sua concepção de Estado na historiografia alemã da primeira metade do século XX (IGGERS, 2011, posição [540]).
Nas duas situações acima descritas (exposição de texto isolado ou conjunto de textos autorais), os comentadores esboçam sínteses que são contraditadas pelos documentos que eles mesmos transcrevem, demonstrando que as tentativas de didatização ou o esforço taxonômico dos editores e críticos de Ranke, em geral, obscurece a diversidade de concepções de História em sua condição de processo e também de ciência. É o que podemos perceber quando comparamos algumas descrições de concepção de História nos textos de Ranke e as concepções apresentadas por seus comentadores no que diz respeito, por exemplo, às ideias de método e de objeto (quadro 1).
E isso acontece porque as demandas diferenciadas, durante longeva carreira, originaram diferentes modos de teorizar e, consequentemente, diferentes resultados em termos de proposição, sobretudo de “método”, elemento acerca do qual é bastante lembrado como contribuidor destacado. Entre 1824, marco do conhecido prefácio à História dos povos latinos e germânicos, e 1880, ano da última versão em vida de sua História Universal, Ranke consumiu grande parte da sua vida acadêmica na definição de coisas designadas como “História da Humanidade” e “História universal”. Mesmo quando escrevia (sobre) e definia “povos latinos”, “povos germânicos”, “grandes potências”, “Europa”, “épocas”, “os grandes acontecimentos” que marcaram as relações exteriores de diferentes Estados, “Inglaterra” e “França”, exemplos destacados de extrapolação da experiência de Estado e povo para além das particularidades nacionais, era a coisa História Universal que Ranke estava a inventar.
Ocorre que tais iniciativas de teorização – a apresentação de um conjunto de proposições relativas aos fins da “ciência da História Universal” ou simplesmente da “ciência Histórica”, a definição da coisa “História Universal” e o estabelecimento de methodus para a descoberta dos secretos caminhos para a sua realização – nem sempre foram condicionadas pelos mesmos atos, materiais ou situações. Seguindo a ordem cronológica dos seus escritos mais traduzidos, percebemos que os antagonismos expressos nas sentenças definidoras de História revelam diferentes personagens e motivações. Em 1824, vamos encontrá-lo fazendo oposição à história Magistra Vitae e às ideias “cristandade geral”, “unidade da Europa” e “cristandade latina” (p.38). Este antagonismo é o gerador da famosa assertiva do prólogo à História dos povos latinos e germânicos: “apenas contar o que efetivamente aconteceu”. Em 1831, a oposição se dá em relação à Filosofia especulativa de Hegel e à compreensão unilateral da Ciência da História como Arte (p.203), disposta na Ideia de História Universal. No ano 1833, a queixa se dirige aos Iluministas (p.69) que caracterizaram a época moderna como como o tempo da desintegração das instituições medievais e da instauração das instituições democráticas e das liberdades (p.95-96). Esse esforço politicamente conservador e revisionista da historiografia do seu tempo está exposto em um artigo: “As grandes potências”. Em 1836, como anuncia o título da conferência – “Sobre as relações e distinções entre História e Política” –, a oposição de Ranke se dirige aos que confundem a natureza da [Ciência Política] e a natureza da Ciência Histórica. Mas em 1852, os reparos apresentados em prefácio são endereçados aos escritores contemporâneos que narram o período XVI/XVII da França (Guerras civis e monarquia na França no século XVI e XVII: Uma história da França, sobretudo durante esse período), focando partes da História nacional ou a vida de personagens privados.
Quadro 1 – Fins e métodos na teorização de Leopold von Ranke sobre História
Ano / Proposições de fins | Proposições de methodus |
1824 / Demonstrar que as nações latinas e germânicas formam uma unidade (37) | “Caminhos” – empregar memórias, diários…, memoriais de embaixadores e relatos diretos de testemunhos presenciais e indicar literatura secundária em rodapé; “Método” – criticar narrativas; “Forma”/ “Leis” – expor rigorosamente os fatos, a unidade e da trajetória dos acontecimentos [e em] “ideais”, centrando-se “nos fatos, em sua compreensibilidade, unidade e plenitude” (38-39) |
1831 / “Promover a síntese das forças espirituais atuantes na poesia e na Filosofia. Ater-se à realidade, ao passado, ao finito e ao particular (que incorpora Deus) (205-206) | “Princípio” – dedicar-se ao estudo do concreto (além do abstrato nele contido); “Exigências para a pesquisa histórica” – manifestar amor à verdade, investigar a partir de documentos, interessar-se pelo universal (ciência, política, arte etc.), fundamentar-se [idealmente] no nexo causal, ser apartidário e compreender a totalidade (208-213) |
1833 / “Repassar” os resultados” de um período de 150 anos e orientar a ação em termos de Ciência Histórica [e da Ciência Política] no século XIX (69) | [Tarefa do historiador] – Demonstrar que a HU é guiada por “energias morais” (religião e o direito); escrever a história da própria nacionalidade, frente à ameaça de imposição de outra nacionalidade (promover a “harmonia” universal mediante a “independência” nacional) (97) |
1836 / Estabelecer os limites entre as ciências da Política e da História, convergências, divergências e diferenças entre as mesmas.
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“Objetivo/Tarefa” – reunir fatos, organizá-los, compreendê-los criticamente; observar causas, premissas, resultados e efeitos dos eventos, distinguindo intensões e erros; esboçar uma imagem da natureza (investigando as “metas” e “leis eternas”), apresentar sucessão nítida e precisa dos eventos (em sua cor e forma); “Tarefa” – extrair dos eventos a natureza do Estado e dar a compreendê-los; “Objetivo” da HU – fornecer compreensão dos séculos e monarquias |
1852 / Narrar a História da França, considerando-a por sua importância para a História nacional e a História Universal (relativas ao Estado e a Igreja). | [Tarefa] – examinar a “verdade dos fatos” mediante documentação original (correspondência, atos e legislação) que determinam a “convicção histórica” do pesquisador; apresentar uma “visão da natureza objetiva dos grandes fatos, baseando-se em relatos originais”, em oposição aos antigos e modernos mestres da narrativa. |
1854 / Demarcar ponto de partida e conceitos fundamentais (progresso e ideias diretoras) da História Universal e caracterizar a ideia de “época” | [Procedimentos] do historiador – “fixar-se no modo de viver e de pensar dos homens de um determinado período”; observar “a diferença entre as distintas épocas para compreender a necessidade interior de sua conexão e sucessão” (59); “Missão do historiador” – desvendar as grandes tendências dos séculos e desenvolver a grande História da humanidade” (60) |
1859 / Narrar a história da Inglaterra nos séculos XVI e XVII, considerando sua “influência no desenvolvimento da humanidade” | [Trabalho] – investigar fontes originais, compreender evento como um todo político e religioso, visualizar esse todo na História Universal; empregar fontes originais, comparar fontes e representações independentes com as fontes nativas; Dever – comunicar “nova visão do conhecido ou informações adicionais aos fatos”. |
1860s / Caracterizar as investigações do universal (humanidade) e do particular (local, país, pessoa, evento, instituição ou época). | [Dever do historiador] – investigar as “forças efetivas que estão por trás dos acontecimentos e perceber a sua conexão geral”;
“Requisitos da pesquisa” – criticar fontes, conceber objetivamente, elaborar ampla síntese; relacionar visões geral e particular |
1880 / Definir “História Universal” e tornar científico o tratamento dos eventos da História Universal | Tarefa – “reconhecer a conexão entre as coisas, traçar a sequência dos grandes eventos que ligam todas as nações e controlam seus destinos”; “investigar e compreender” a vida da humanidade e as “peculiaridades das mais proeminentes nações”; Princípios – “investigação crítica” e “síntese inteligente”. |
Fonte: Produzido pelo autor, a partir de Ranke, 1979, 2010, 2011.
Em 1854, na conferência “As épocas na história”, Hegel e (agora) os hegelianos são os personagens criticados (p.57). Ranke deixa nítida a sua oposição ao desenvolvimento lógico-dialético da ideia, configurado em progresso que, para ele, era somente aplicável ao mundo natural/material (p.61-62). Em 1859, Ranke volta a escrever história nacional. Desta vez, sobre a Inglaterra. A oposição, contudo, diferentemente daquela anunciada em relação aos [historiadores franceses], se dirige aos ingleses que privilegiam o estilo (harmonia e simpatia) em detrimento do emprego de fontes originais ou que escrevem “por ódio ou amizade”, para a “defesa ou o ataque” (História da Inglaterra, sobretudo do século XVII). Na década de 1860, em manuscrito, Ranke novamente volta à carga contra Hegel, criticando a ideia de unidade (necessária) preconizada por um “sistema filosófico” como fundamento para a unidade da história (processo). História é simultaneamente liberdade (humana) e necessidade (força [direito e religião ou Estados e reinos?]). E em 1880, por fim, no prefácio da História Universal, Ranke se opõe aos que limitam a ideia de História Universal à experiência dos “quatro grandes impérios do mundo” ou de uma simples coleção de histórias nacionais.
Em virtude das coisas às quais se empenha em inventar, como também das demandas de ocasião e dos constrangimentos materiais aos quais seus textos são submetidos, Ranke apresenta diferentes proposições que são transcritas nas coletâneas de Teoria como exemplares das suas concepções de História e, sobretudo, de uma suposta ideia de método, decisiva para o caráter científico da matéria. Assim, quando o seu discurso visa (em oposição a Hegel) demarcar o objeto e os conceitos fundamentais da escrita para a História Universal, o caminho prescrito é traduzido como “missão do historiador” e consiste em observar e distinguir épocas. Quando visa distinguir Ciência Histórica de Ciência Política, a “tarefa” da História “segue o exemplo das ciências naturais”: esboçar uma imagem da natureza, estruturada em “metas” e “leis” que governariam o mundo. Quando visa designar uma escrita da história inglesa ao modo científico (em oposição às unilaterais história-Arte e história político-partidária) as proposições significadoras da palavra “história” reúnem deveres apontados por ocasião da oposição a Hegel e à escrita politicamente engajada. Nesse caso, os requisitos da “pesquisa” seriam a “crítica” e a “síntese” e/ou a “exatidão na pesquisa” e a universalidade da “visão”. Quando visa, por fim, designar “História Universal (em oposição à unilateral história-Arte e à história especulativa de Hegel), as proposições que justificam/realizam a Ciência Histórica ganham a forma de “princípio” (o concreto, além do abstrato), desdobrados em “exigências para a pesquisa histórica”: os já citados “investigação documental” e “interesse universal”, acrescidos do “amor à verdade”.
Conclusões
Lembrando os argumentos apresentados até aqui, reafirmamos uma outra possibilidade formular introduções à Teoria da História, ampliando ao máximo a definição dessa expressão, focada em termos ideais típicos de objeto e método ou propósitos e caminhos. Com ela, podemos asseverar que os autores não escreveram Teorias exclusivamente para especular sobre o curso e o fim da humanidade ou, ainda, transformar, defender ou legitimar finalidades, objetos, questões e métodos de investigação e de escrita da História como ciência. Ao menos no período comentado por Megil, historiadores se engajaram na representação de processos em níveis local, nacional e mundial na representação de trajetórias de vidas e na descrição e caracterização de épocas, artefatos e níveis de experiência humana e acontecimentos, a exemplo da Revolução Francesa, das lutas por independência nacional e do movimento transnacional provocado pelas Revoluções de 1848. Essas diferentes situações comunicativas resultam no emprego de diferentes elementos de teoria e, ainda, de distintos significados empregados para esses elementos.
Com as referências aos textos de Ranke, por fim, quisemos demonstrar essas variações, determinadas por particulares situações comunicativas e injunções materiais que envolveram a produção e a publicação dos seus textos. Nada impede, contudo que coletemos e façamos sínteses de proposições extraídas de diferentes situações. Nesse caso, o que se impõe para nós é o dever de indicá-las, situando-as na obra de Ranke. Esse procedimento pode evitar que apontemos indevidas contradições ou incompletudes nas formulações teóricas de Ranke e, o que é mais grave: que infiramos (em comparações e classificações) a partir de apenas um desses textos que Ranke, por exemplo, teria continuado a Teoria da História Iluminista, teria originado a Teoria da História Historicista, a Teoria Positivista da História ou, ainda, que determinado teórico deva ser classificado como tal pelo fato de fundamentar sua teoria em determinada passagem de um desses textos de Ranke, sem que tenhamos definido a priori os significados das nossas ideias de iluminismo, historicismo e de positivismo.
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