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Memória e Historiografia

Imagem fictícia produzida com o seguinte comando: “imagine cena de lembrança de ex-escravizado que vai para guerra entre nações por interesse dos seus antigos senhores e não sabe se voltará a ver os familiares e amigos” | Imagem: IA/IF/Midjourney.

Na aula anterior, exploramos quatro significados genéricos e usuais de “memória”. Hoje, vamos perceber que esses significados são empregados em doses desiguais no trabalho dos especialistas que nos interessam diretamente.

Lembrando a primeira aula, constatamos que, em textos brasileiros e transnacionais, são os dois últimos tipos que mais têm interessado ao historiador: a própria substância armazenada e/ou recuperada; e o suporte da informação que estimula o seu armazenamento (ou remedia o esquecimento).

Assim, vamos apresentar novas definições e tipologias para a categoria memória, partindo de textos e autores convencionalmente citados quando a abordagem da pesquisa é anunciada como “de história”: A história, a memória e o esquecimento – Paul Ricoeur; A Arqueologia do saber – Michel Foucault; História oral como arte da escuta – Alessandro Portelli; A memória coletiva – Maurice Halbwachs; “Memória, esquecimento, silêncio – Michel Pollak; Os lugares da memória – Pierre Nora; e Memória, História e Historiografia – Fernando Catroga.

Não se trata de inventário analítico sobre a matéria. É importante repetir que são escolhas por convenção. A convenção (e não apenas a exaustividade e a originalidade dos textos) preside os usos das categorias em ambientes de pós-graduação. Assim, daremos como cumprida a meta da aula se, ao final vocês se sentirem minimamente seguros para relacionar as demandas de seus projetos no que diz respeito ao uso da categoria “memória” e para selecionar uma definição, uma tipologia ou um valor e aprofundar o seu entendimento por meio das leituras dos textos originais.

E a tarefa estará cumprida, principalmente, porque consideramos bastante limitados os usos da “memória” na dominante bibliografia a respeito. Nos últimos cinco anos, livros, capítulos de livros acadêmicos[i], memória e história são dominantemente categorias complementares, empregadas na análise de acontecimentos. Ela aparece como substância de acontecimentos (“a memória da Segunda Guerra Mundial, do Holocausto, do 11 de Setembro), da experiência de pessoas (mulheres, soldados), povos (romanos), instituições (Serviço Militar, Missões Jesuíticas) e, raramente, como categoria analítica para domínios acadêmicos: “memória e história” no trabalho com a História Oral e a História Pública.

Memória como universal antropológico

A memória como universal antropológico é admitida, sobretudo por P. Riccoeur e F. Catroga e criticada por M. Foucault. Para Riccoeur, memória é uma capacidade. Uma capacidade de conhecer e uma capacidade de agir. Uma capacidade de conhecer, de tornar real, de presentificar e de re-apresentar o acontecido.

Na dimensão cognitiva, é necessário separar a habilidade de conhecer da habilidade de reconhecer. A primeira ganha a forma de “memorizar” e é traduzível pelas habilidades de reter ou aprender “saberes”, “destrezas” e “fazeres”. A segunda ganha a forma de “rememorar” e traduzível nas habilidades de perceber, conhecer e experimentar (sentir). (Riccoeur, 2004, p.83).

Anda nesta dimensão, vale lembrar que Riccoeur fala em “fidelidade” e “verdade”, enquanto Catroga acentua a mistura entre realidade e ficção como características da substância da memória.

A ideia de memória como capacidade humana está nos demais textos. Mas é nesses dois últimos que ela ganha ênfase, categorização e tipologia. As definições, contudo, dão origem a tipificações distintas.

Para Riccoeur, a memória-ação pode ser tipificada por seus usos: (1) memória impedida, (2) memória obrigada e (3) memória manipulada. Para Catroga, é a memória-ação que merece tipificação: (1) proto-memória ou memória social, (2) memória propriamente dita ou memória individual e (3) metamemória ou memórias coletiva e histórica.

Foucault (2008, p.3-6) também tipifica a memória em suas dimensões cognitiva e ética (ação), mas procede de modo cético. Ele denuncia a metafísica da linearidade da história humana, e nega a existência de um coletivo humano contínuo no tempo e o protagonismo unívoco desses humanos como motores da experiência. Consequentemente, não corrobora da ideia de que a individualidade humana fosse identificada (recuperada) nos restos de suposta realidade histórica (fontes históricas) (Foucault, 2008, p.8).

Memória como substância de si, dos outros e dos próximos[ii]

Com exceção de Foucault (limitada a leitura ao trabalho citado), como vemos, todos os autores aqui citados abordam a memória como “substância”, ou seja, em genérica condição de estímulos processados (retidos e/ou recuperados) mentalmente – sons, imagens, cheiros.

Lendo os seus textos, as questões que se nos apresentam de imediato: Qual o ponto de partida da memória? Quando e por que uma memória é deflagrada? Qual a natureza substancial dessa memória?

Uma primeira linha de respostas afirma que a memória é substância virtualmente perene, dada a necessidade de orientar a vida no tempo, inclusive a constituição de identidades individual e coletiva. Ela está presente no pensamento (fenomenológico) de Riccoeur, (sociológico) de Nora, (marxista) de A. Portelli e (freudiano) de M. Pollak.

Em Riccoeur (2004, p.22), contudo, memória é genericamente a consciência “da realidade anterior”. Em Pollak (1989, p.4-5) e e em Portelli (2016, p.48), por outro lado, os elementos constituintes dessa realidade anterior são limitados aos pensamentos e ações conflituosas. No primeiro, o conflito se instaura entre memórias da sociedade civil vs. sociedade política e de grupos minoritários vs. sociedade englobante. No segundo o conflito remete a um ideal democrático (migrar, guerrear, organizar-se em partido político) vs. pensamentos e ações harmonizadores repetidos ad eterno, em torno de um ideal conservador e até reacionário (celebrar o mito fundador de uma nação).

Essa substância se expande na abordagem de Nora. Ali, a deflagração da memória é elevada à máxima potência em tempos de aceleração, ou seja, quando a “desritualização” do mundo é a tônica. Em uma “colectividad fundamentalmente entrenada en su transformación y renovación”, continua o autor, “valorizando por naturaliza lo nuevo frente a lo antiguo, lo joven frente a lo viejo, el futuro frente al pasado”, lugares como “museos, archivos, cementerios y coleciones, fiestas, aniversários, tratados, actas, monumentos, santuários, asociaciones, son los cerros testigo de outra época, de las ilusiones de eternidade.” (Nora, 2008, p.24-25).

A genérica condição de estímulos processados mentalmente – sons, imagens, cheiros – que está disseminada nesses autores nos leva à questão do protagonismo desse processamento. Segundo Halbawchs, todo estímulo processado ganha existência na interação entre um indivíduo e o grupo do qual ele faz parte e mantém relações afetivas. Ele afirma que “nossa memória” se auxilia “com a dos outros”. Mas é necessário que ela “não tenha cessado de concordar com suas memórias e que haja bastante pontos de contato entre uma e as outras para que a lembrança que nos recordam possa ser reconstruída sobre um fundamento comum” (Riccoeur, 2004, p.33). Reforça-se, desse modo, a ideia de que toda memória individual é necessariamente uma “memória coletiva”. Esse pensamento é partilhado por Pollak (1989, p.4), evidentemente circunscrito ao caráter individual e de grupos “excluídos”, “marginalizados” e “minorias.

Riccoeur insere um terceiro elemento nesse protagonismo: as pessoas próximas. Assim, além de uma memória de si (individual/positivista – teorizada por Agostinho e Locke) e de uma memória dos outros (coletiva/sociológica – teorizada por Durkheim e Halbawchs), haveria uma memória dos próximos: “La proximidade sería así la réplica de la amistad, de esa philia, celebrada por los antiguos, a mitad de caminho entre el individuo solitário y el ciudadano definido por su contribución a la politeia, a la vida y a ala acción de la polis.” (Riccoeur, 2004, p.171).

Portelli, como vimos acima, trabalha com grupos ideológicos (“sobreviventes da Shoah, de partigianos, de antifascistas exilados) (p.69) , mas não dispensa o duo indivíduo e coletividade.

Memória como valor

A que e a quem serve a memória? Para J. Le Goff, “a memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades.” Nessa condição, a memória (retenção, lembrança e esquecimento) “é também m instrumento e um objeto de poder”. (Le Goff, 2014, p.45).

O anúncio genérico de Le Goff ganha cores nítidas em Portelli e Pollak. Portelli afirma que a retenção e a recuperação da anterioridade servem como “tranquilizante” e como “perturbação” (2016, p.48). Haveria, assim, uma memória positiva e uma memória negativa em relação à sociedade de corte democrático.

Em Pollak (1989, p.4), a memória serve para “manter a coesão interna e defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em comum, em que se inclui o território (no caso de Estados)”. A memória, continua Pollak, fornece um “quadro de referências e de pontos de referências”. Nesse sentido, trata-se de uma “memória enquadrada” (H. Rousso), “termo mais específico do que memória coletiva.”

Para Portelli, tomando a comemoração ao (re)nascimento da pátria italiana como exemplo, perturbadora seria a memória a gerada entre famílias e indivíduos que sofreram “a ruptura traumática e a violação de uma ordem anterior”. (Portelli, 2016, p.50). De modo contrário, tranquilizadora seria a memória gerada pelo Estado/governo, imposta aos concidadãos.

No exemplo de Portelli, há clara atribuição de valor à memória como instrumento de orientação para a vida prática. Mas ela é também valorada como insumo para a ciência da História. A categorização de memória, que provoca a “perturbação”, é uma denúncia e, simultaneamente, um memento à historiografia acadêmica. A invenção e manutenção de políticas públicas que resultaram na “Casa da Memória e da História de Roma”, na Itália, são exemplos de como a memória das vítimas (individuais) deveria ser “pesquisada, coligida e analisada como fonte histórica e como assunto de uma investigação histórica crítica, compartilhada como um capital cultural público.” (Portelli, 2006, p.64). Adiante, o autor complementa: “O objetivo é criar uma ‘massa crítica’ que impossibilitará historiadores e pesquisadores de continuarem ignorando a história oral como fonte.” (Porteli, 2006, p.68).

No caso de Pollak (1989, p.9-10) essa relação se inverte. Para construir memórias de subalternos ou de silenciados (diante das memórias oficiais), é o “enquadramento da memória” que depende dos procedimentos e fontes fornecidos pela ciência histórica em aparente contradição política.

Também no texto de Riccoeur, as referências à positividade da memória em relação à epistemologia histórica e à ação na vida prática são patentes. No plano pragmático, a positivação da memória emerge quando as práticas (conflitivas) de memória (impedir, manipular etc.) são dirigidas à finalidade do reconhecimento e do perdão. Ainda que perdoar não signifique esquecer, não há prática política institucional moderna sem o expediente da anistia.

No plano epistemológico, Riccoeur entende a memória é parte constituinte da operação historiográfica. A memória constitui a fase testemunhal e arquivística da produção do conhecimento histórico. Não somente ela testemunha o acontecido (fidelidade), mas também transforma a historiografia acadêmica em armas contra os que negam as atrocidades de humanos contra humanos.

É certo, segundo Riccoeur, que a memória é insuperável em seu vínculo com o acontecido (fidelidade). Porém, a historiografia (que já faz uso da memória em sua primeira etapa constitutiva) tem o poder de corrigir e de estender a memória para além do ciclo vital de um indivíduo. Nesse processo (observada por Le Goff), a tarefa de democratizar a “memória social” seria “um dos imperativos prioritários” da “objetividade científica” da ciência histórica. (Le Goff, 2014, p.446).

Catroga comunga de várias declarações de Riccoeur como vimos nos tópicos antecedentes. Em termos epistemológicos, ele radicaliza a relação memória/historiografia. Ele reitera a ideia de que a memória serve à historiografia no que diz respeito à operação cognitiva controlada (científica). A historiografia, porém, não apenas atua como corretora e prolongadora da memória. O fato de reproduzir o acontecido sistematicamente, em artefatos como livros didáticos, faz da própria historiografia uma nova memória, razão pela qual devem os historiadores repensarem a suposta superioridade.

Nora radicaliza esta relação por outro ângulo. Vimos acima que os lugares de memória são uma metáfora para a ideia de que a tradição de memória se extinguiu, dada a aceleração do tempo, transformando qualquer coisa em memória e obrigando determinados grupos a reter e a recuperar memórias.

Lugares de memória, contudo, são também traduzíveis como o novo estado de coisas da historiografia acadêmica em meio ao processo de aceleração temporal. A volta da historiografia acadêmica sobre si mesma – exemplificada com a emergência da história da historiografia como gênero textual, domínio de pesquisa e disciplina formativa – é sintoma de que também a escrita da história foi também transformada em um lugar de memória (ou seja, de que as fronteiras entre historiografia e a memória estão em processo de diluição).

Conclusões

Nesta aula, comunicamos que historiadores, filósofos e sociólogos que orientam trabalhos sobre as relações memória/passado e memória/historiografia também definem memória, predominantemente, partindo de atribuições acerca da sua matéria e da sua função.

Os intelectuais citados, Riccoeur, Halbawch, Nora, Le Goff, Catroga, Pollak e Portelli compartilham da ideia de memória como universal antropológico (cognição e ação), tipificado em dois ou três âmbitos de ação.

Eles também refletem sobre o agenciamento da memória e o seu posicionamento frente à historiografia. Os agenciamentos clássicos são o Eu e o coletivo, com diferentes tipos de interação.

Refletem, por fim, sobre o valor da memória em suas funções psicológicas e ideológicas (identidade pessoal e de grupo, apoiadora e crítica do autoritarismo) e o seu status epistemológicos (insumo, parte e todo da historiografia).

Esperamos que vocês tenham compreendido que as questões transversais aos textos foram selecionadas a partir do contexto desta aula e desta turma. Nossa ideia foi demonstrar alguns debates que atravessarão a literatura básica utilizada nos seus projetos de dissertação.

Outras questões surgirão, acompanhadas de outras definições fundadas e distintas funções e tipologias. Mas esse movimento só ganha sentido se vocês fizerem as leituras dos originais, partindo, agora, de problemas concretos enfrentados nas suas pesquisas.

Muito obrigado!

Referências

CATROGA, Fernando. Memória, História e Historiografia. Lisboa: Quarteto, 2001.

FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. 7ed. Forense Universitária, 2008. [1968]

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. [1968]

LE GOFF, Jacques. História e Memória. 7ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2014.

NORA, Pierre. Les lieux de la mémoire. Montevideo: Trilce, 2008. [1984]

POLLAK, Michel. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v.2, p.3-15, 1989.

PORTELLI, Alessandro. História oral como arte da escuta. São Paulo: Letra e Voz, 2016. [2016]

RICCOEUR, Paul. La memoria, la historia, el olvido. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica de Argentina, 2004. [2000]

Notas

[i] Esta afirmação é feita a partir de dois indicadores transnacionais: os títulos de artigos de revista brasileiras de história que empregam o vocábulo, nos últimos cinco anos, e os títulos de capítulos, seções e livros da conhecida série de manuais acadêmicos em língua inglesa. Nessa segunda, a série Oxford Handbook, a memória é categoria explorada em aproximadamente uma centena de livros, já inclusos o The Oxford Handbook of the Neurobiology of Learning and Memory e o The Oxford Handbook of Memory. A memória é categoria explorada em manuais referentes a domínios artísticos (música, cinema, dança), domínios literários (literatura canadense e bizantina, poesia inglesa e irlandesa) domínios científicos (Neurolinguística, Neurobiologia, Arqueologia, Política, Filosofia, Sociologia, Medicina e História – História Oral e História Pública), fenômenos sociológicos (migrações, crimes, religiosidades), fenômenos históricos (Fascismo, Reforma Protestante, Pós-guerra europeu) e experiências individuais (Montaigne, Milton, Dante, Quintiliano, Orígenes e, ainda, os Incas, os Profetas, os Jesuítas). Oxford Academic. Consultado em 13 nov. 2022.

[ii] Substâncias e suportes – A memória-coisa ganhou relevo na segunda metade do século XX nos textos dos historiadores por motivações endógenas e exóginas ao trabalho profissional. São conhecidas as reabilitações da memória incrustada no depoimento oral, demandada pela suspeição da pretensa objetividade histórica positivada pelo relato escrito e pelos restos tridimensionais do passado.

São também conhecidas a valorização do depoimento oral como estratégia para o conhecimento de grupos que, mesmo inclusos em sociedades de escrita, têm parte da sua experiência obnubilada por orientação ideológica e por não produzirem fontes escritas ou artefactuais. São os casos dos ex-escravizados, dos trabalhadores rurais e dos povos originários.

São ainda mais conhecidas a remissões à memória maculada, negada e ressurgida em passados recentes, relativas à experiência das vítimas do Holocausto, das ditaduras militares, do genocídio, etnocídio e feminicídio em vários continentes.

Essa valorização da substância do passado realizado em forma de depoimento oral, diário, correspondência e até sonho e confissão de traumas por exemplo, emerge simultaneamente ao debate sobre os marcadores identitários de grupos e de demarcadores epistemológicos de uma História-Ciência.

Embora haja cursos de autobiografia e memória nas universidades, desconhecemos respaldo semelhante ao da ciência da História, auferido diante do Estado e de segmentos da Sociedade Civil, como a tradicional imprensa e as diferentes associações disciplinares que reúnem pesquisadores com formação superior.

Grande parte desse prestígio do trabalho do historiador frente ao trabalho do memorialista é formatado nas próprias corporações de Historiadores e, principalmente, nos currículos prescritos e praticados na Universidade. É assim que, em cursos de licenciatura, somos treinados a diferenciar Historiografia de Memória, atribuindo à segunda o estatuto de fonte (artefato) informacional para a construção da primeira.

A realidade, porém, insiste em contradizer a teoria construída pelos historiadores. Eles mesmos, contudo, são os primeiros a reconhecer as fissuras das hierarquizações que criaram para pôr a História no concerto das ciências.

Assim, da tese de que Historiografia (acadêmica) difere em qualidade das narrativas da Memória (do senso comum), migramos para as teses de que as posições hierárquicas são intercambiáveis e até inexistentes, ou seja, migramos para as teses de que a narrativa-história é, em si mesma, uma narrativa-memória, de que a narrativa-memória é em si mesma, uma narrativa-histórica, em termos de produção e de recepção e, até, à tese de que não há distinção entre narrativa-história e narrativa-memória.

Os autores listados acima se posicionam a respeito desta e de outras questões de maior relevância política e social. Para efeito de exposição didática, podemos dizer que todos especulam sobre “o ser da memória”. Assim, a questão “O que a memória é? (como convencionou-se em tarefas de definição acadêmica) é respondida sob proposições provenientes de dimensões interrelacionáveis; universais antropológicos (memória é conhecimento, memória é ação e memória é valor); classificações (existe a memória do tipo “A”, existe a memória do tipo “B” e assim por diante); e valores/funções (a memória é positiva para ou a memória negativa para). Examinemos os três enfoques separadamente.


Para citar este texto

FREITAS, Itamar. Memória e Historiografia. Resenha Crítica. Aracaju/Crato, 25 abr. 2023. Disponível em <https://www.resenhacritica.com.br/a-cursos/memoria-e-historiografia/>.

Itamar Freitas

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Itamar Freitas

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